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Aprendizagem e Desenvolvimento Motor

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CURSO: Educação Física 
DISCIPLINA: Aprendizagem e Desenvolvimento Motor 
PROFESSORA: Verônica Ferreira 
MATERIAL PARA AULA NÃO-PRESENCIAL 
 
MODELOS TEÓRICOS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO 
 
No século passado, vários teóricos do 
desenvolvimento estudaram de perto o fenômeno do 
desenvolvimento humano. Sigmund Freud (1856-1939), 
Erik Erikson (1902-1994), Arnold Gesell (1880-1947), 
Robert Havighurst (1900-1991) e Jean Piaget (1896-
1980), entre outros, deram contribuições valiosas ao 
conhecimento do desenvolvimento humano. Cada um 
deles estruturou modelos teóricos que descrevem o 
processo do desenvolvimento e consistem na base dc 
grande parte do trabalho atual. 
Há vários modelos de desenvolvimento humano; 
cada um deles reflete os conhecimentos, os interesses e 
as orientações do seu criador. Não há teoria completa 
nem totalmente precisa na descrição e explicação do 
desenvolvimento humano, e, por isso a todas falta algum 
ponto. 
 
 
A teoria psicanalítica do comportamento 
humano, elaborada pelo psiquiatra austríaco Sigmund 
Freud (1927), pode ser vista, em parte, como um dos 
primeiros modelos do desenvolvimento humano, 
embora o seu trabalho estivesse centrado na 
personalidade e no funcionamento anormal. Os famosos 
estágios psicossexuais do desenvolvimento, 
determinados por Freud, refletem várias zonas do corpo 
com as quais o indivíduo busca satisfazer o id (fonte 
inconsciente de motivos, desejos, paixões e busca de 
prazer) em determinados períodos etários gerais. O ego 
faz a mediação entre o comportamento dc busca do 
prazer do id e o superego (senso comum, razão e 
consciência). Os estágios oral, anal, fálico, latente e 
genital do desenvolvimento da personalidade, 
estabelecidos por Freud, representam os termos 
aplicados às zonas de busca de prazer do corpo, que 
atuam em diferentes períodos etários. Cada estágio 
baseia-se fortemente em sensações físicas e na atividade 
motora. 
A teoria psicanalítica de Freud tem sido criticada 
pela dificuldade de objetivar, quantificar e validar 
cientificamente os próprios conceitos. Entretanto, ela 
estimulou consideráveis pesquisas e estudos e serviu de 
base para os notáveis trabalhos do seu aluno alemão Erik 
Erikson (1963). 
Erik Erikson (1963,1980) focou a influência da 
sociedade, e não do sexo, sobre o desenvolvimento. A 
sua teoria psicossocial descreve oito estágios no ciclo da 
vida humana e coloca-os em uma linha contínua, 
enfatizando fatores do ambiente, e não a 
hereditariedade, como facilitadores da mudança. Na 
visão de Erikson a respeito do desenvolvimento humano, 
fatores da formação da experiência do indivíduo têm um 
papel primário no desenvolvimento. A sua visão sobre a 
importância do desenvolvimento motor está mais 
implícita do que explícita, mas ele aponta de forma clara 
a importância de experiências de movimento orientadas 
para o sucesso como meio de reconciliar as crises do 
desenvolvimento enfrentadas pelo indivíduo. 
A teoria da maturação do desenvolvimento e do 
crescimento, elaborada por Arnold Gesell (1928, 1954), 
enfatiza a maturação do sistema nervoso como principal 
condutor dos aspectos físicos e motores do 
comportamento humano. Gesell documentou e 
descreveu períodos etários gerais para a aquisição de 
uma ampla variedade de capacidades de movimento 
rudimentar pelo bebê; ele via essas tarefas baseadas na 
maturação como indicadores importantes do 
crescimento social e emocional. O autor também 
descreveu várias idades em que as crianças se encontram 
em períodos "nodais" ou então "fora de foco" cm relação 
ao seu ambiente. O estágio nodal é um período de 
maturação, durante o qual a criança exibe elevado grau 
de domínio em situações no ambiente imediato, 
apresenta equilíbrio de comportamento e geralmente é 
agradável. Estar fora de foco é o contrário: a criança exibe 
um baixo grau de domínio em situações no ambiente 
imediato, apresenta desequilíbrio ou problemas de 
comportamento e geralmente é desagradável. Hoje, a 
teoria da maturação não é amplamente aceita, mas 
desempenhou papel importante na evolução do 
desenvolvimento da criança como área de estudo. 
Um quarto modelo, de Robert Havighurst (1972), 
vê o desenvolvimento como um jogo entre as forças 
biológicas, sociais e culturais, no qual os indivíduos 
continuamente incrementam as próprias capacidades de 
funcionamento efetivo em sociedade. A teoria do 
ambiente de Havighurst vê o desenvolvimento como 
uma série de tarefas que precisam ser alcançadas cm 
determinado espaço de tempo, a fim de garantir a 
adequada progressão desenvolvimental do indivíduo. De 
acordo com o modelo desse autor, há momentos 
próprios ao ensino, quando o corpo está pronto e a 
sociedade exige a realização completa da tarefa com 
êxito. Assim como nos outros modelos discutidos, as 
tarefas descritas por Havighurst baseiam-se fortemente 
no movimento, no jogo e na atividade física para se 
desenvolver, de modo especial em bebês e durante a 
infância. 
A quinta teoria do desenvolvimento, ainda 
popular entre os educadores, é a do psicólogo suíço Jean 
Piaget (1969). A teoria do desenvolvimento cognitivo de 
Piaget enfatiza principalmente a aquisição dos processos 
cognitivos de pensamento. Ele entendeu o 
desenvolvimento das estruturas cognitivas a partir da 
observação cuidadosa de bebês e crianças. A genialidade 
do trabalho de Piaget está na sua singular habilidade de 
capturar pistas sutis no comportamento infantil, capazes 
de dar indicações do seu funcionamento cognitivo. O 
autor via esses indicadores sutis como marcos na 
hierarquia do desenvolvimento cognitivo. A principal 
falha do seu trabalho está em que ele subestimou 
grosseiramente a taxa de aquisição de várias estruturas 
cognitivas, embora a seqüência de sua aquisição seja 
amplamente aceita como válida pelos pesquisadores do 
desenvolvimento. O movimento é enfatizado como o 
agente primário na aquisição de estruturas cognitivas 
crescentes, em particular em bebês e nos anos pré-
escolares. Piaget usou a idade cronológica apenas como 
um indicador geral do funcionamento cognitivo e 
baseou-se, em vez disso, em comportamentos 
observados. Esses comportamentos serviram como 
indicadores primários da complexidade sempre 
crescente da criança no desenvolvimento cognitivo. 
Piaget identificou essas fases como sensório-motora (do 
nascimento aos 2 anos), pré-operacional (dos 2 aos 7 
anos), de operações concretas (dos 7 aos 11 anos) e de 
operações formais (dos 12 anos em diante). Ele não se 
ocupou diretamente do desenvolvimento além dos 15 
anos, pois acreditava que as capacidades intelectuais 
altamente sofisticadas eram desenvolvidas mais ou 
menos nessa época. 
Todos os teóricos consideram o desenvolvi- 
mento humano a partir de pontos de vista um tanto 
diferentes, mas ao observá-los mais de perto 
encontramos similaridades notáveis. Cada um deles 
enfatiza o movimento e o jogo como facilitadores 
importantes do incremento do funcionamento. Além 
disso, todos tendem mais à descrição do que à 
explicação. Em outras palavras, eles nos dizem "o que" 
acontece no processo típico de desenvolvimento e 
não"por que" isso acontece. 
 
 
FONTE: Compreendendo o Desenvolvimento Motor. 
David Gallahue, 2013. Adaptado.

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