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0 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA ‘’JÚLIO DE MESQUITA FILHO’’ FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS FABIO CÉSAR BARBOSA O PLANO DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL E A PROPOSTA DE SUSTENTABILIDADE DA UNESP: UMA ANÁLISE DAS REFORMAS ADMINISTRATIVAS DA UNIVERSIDADE FRANCA 2020 1 FABIO CÉSAR BARBOSA O PLANO DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL E A PROPOSTA DE SUSTENTABILIDADE DA UNESP: UMA ANÁLISE DAS REFORMAS ADMINISTRATIVAS DA UNIVERSIDADE Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, como pré-requisito para a obtenção do título de Bacharel em Direito. Orientador: Prof. Dr. José Carlos de Oliveira FRANCA 2020 2 3 EPÍGRAFE ‘’Tal como os muçulmanos em suas mesquitas, deixarei minhas sandálias ideológicas do lado de fora de casa.’’ (Roberto Campos) “Uma vez criada a entidade burocrática, ela, como a matéria de Lavoisier, jamais se destrói, apenas se transforma.” (Roberto Campos) 4 FABIO CÉSAR BARBOSA O PLANO DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL E A PROPOSTA DE SUSTENTABILIDADE DA UNESP: UMA ANÁLISE DAS REFORMAS ADMINISTRATIVAS DA UNIVERSIDADE Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, como pré-requisito para obtenção do Título de Bacharel em Direito. BANCA EXAMINADORA Presidente: _________________________________________________________________ Prof. Dr. José Carlos de Oliveira 1º Examinador: _____________________________________________________________ 2º Examinador: _____________________________________________________________ Franca, ______ de ____________________ de 2020. 5 BARBOSA, Fabio César. O Plano de Desenvolvimento Institucional e a Proposta de Sustentabilidade da UNESP: uma análise das reformas administrativas da Universidade. 2020. 77 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Direito) – Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Franca, 2020. RESUMO Atualmente reformas de gestão se tornaram recorrentes em todo o globo e no Brasil, via de regra na busca por maior eficiência nas atividades administrativas e na gestão de custos. Nesse bojo, as reformas visadas pela UNESP, à semelhança das tendências nacionais e globais, refletem os paradigmas administrativos do New Public Menagement. Faz-se então necessário qualificar e analisar as reformas visadas pela UNESP para identificar se suas promessas são realistas, de forma contextualizada na história e nos conceitos gerenciais conexos. Nesse domínio urge analisar simultaneamente os ganhos ou prejuízos ao Princípio da Eficiência advindos das reformas, sob o viés da Análise Econômica do Direito Palavras-chave: Gestão; UNESP; Análise Econômica do Direito. 6 SUMÁRIO I. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 8 1.1 OBJETO E APRESENTAÇÃO .......................................................................................................... 8 1.2 OBJETIVOS ..................................................................................................................................... 9 1.3 JUSTIFICATIVAS .............................................................................................................................. 10 1.4 METODOLOGIA E REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................... 11 1.5 MATERIAIS .......................................................................................................................................... 11 II. CONTEXTUALIZAÇÃO DAS REFORMAS ............................................................ 12 2.1 POR QUE SE FAZ NECESSÁRIA UMA CONTEXTUALIZAÇÃO AMPLA DAS REFORMAS? .............................................................................................................................................. 12 2.2 O QUE É ISOMORFISMO INSTITUCIONAL? ......................................................................... 13 2.2.1 O INTITUCIONALISMO ORGANIZACIONAL .................................................................... 13 2.2.2 O ISOMORFISMO INSTITUCIONAL ...................................................................................... 15 2.2.3 MECANISMOS DE ISOMORFIZAÇÃO INSTITUCIONAL .............................................. 16 2.2.4 HIPÓTESES DE ISOMORFIZAÇÃO ........................................................................................ 20 2.3 BREVE HISTÓRIA DO ESTADO BRASILEIRO: BUSCA POR ELEMENTOS ORGANIZACIONAIS RELEVANTES ................................................................................................ 22 2.3.1 A ADMINISTRAÇÃO PATRIMONIALISTA .......................................................................... 22 2.3.2 A ADMINISTRAÇÃO BUROCRÁTICA ................................................................................... 25 2.3.3 A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA GERENCIAL ..................................................................... 26 2.4 O ESTADO NEO-WEBERIANO BRASILEIRO E O NEW PUBLIC MENAGEMENT ... 29 2.5 RESULTADOS ..................................................................................................................................... 33 III. RELATÓRIO DOCUMENTAL DAS REFORMAS E ANÁLISE QUALITATIVA 34 3.1 RELATÓRIO ANALÍTICO DO DOCUMENTO ‘PLANO DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL 2019-2028’ ................................................................................................................ 34 3.2 RELATÓRIO ANALÍTICO DO DOCUMENTO ‘PROPOSTA DE SUSTENTABILIDADE PARA A UNESP - PARTE II: REFORMA ADMINISTRATIVA’ .. 35 3.2.1 O STATUS QUO PRÉ-REFORMA: OS SEDIMENTOS CONCRETOS E JURÍDICO- ADMINISTRATIVOS DAS ESTRUTURAS PREEXISTENTES .................................................. 35 3.2.2 A REFORMA ADMINISTRATIVA ............................................................................................ 39 3.2.2.1 REFORMA ADMINISTRATIVA DA REITORIA ............................................................... 40 3.2.2.2 REFORMA ADMINISTRATIVA DAS UNIDADES UNIVERSITÁRIAS .................... 44 3.2.2.3 A REFORMA ADMINISTRATIVA DA CRIAÇÃO DE CENTRO DE SERVIÇOS COMPARTILHADOS (CSC) NA UNESP ........................................................................................... 49 3.2.2.4 IMPLEMENTAÇÃO E ADEQUAÇÃO .................................................................................. 55 3.3 ESTUDO DE CASO E ANÁLISE QUALITATIVA E SOCIOLÓGICA ............................... 56 7 IV. CONCLUSÃO ................................................................................................................ 62 4.1 FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA DA CONCLUSÃO: OS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA .............................................................................................................. 62 4.2 FUNDAMENTAÇÃO CIENTÍFICA DA CONCLUSÃO: ANÁLISE ECONÔMICA DO DIREITO ...................................................................................................................................................... 69 4.3 CONCLUSÃO ....................................................................................................................................... 71 8 I. INTRODUÇÃO 1.1 OBJETOE APRESENTAÇÃO A presente Tese de Conclusão de Curso se propõe a analisar as reformas administrativas cogitadas na Proposta de Sustentabilidade para a UNESP (GABINETE DO REITOR, 2018, passim) e endossadas no Plano de Desenvolvimento Institucional 2019-2028 (CPDI, 2019, passim), constituindo seu objeto sobre o qual recairá o problema. Exclui-se portanto a Reforma Acadêmica, onde se insere a Reforma dos Departamentos. Preliminarmente no Capítulo 2, para profundo conhecimento e definição do objeto nos primeiros objetivos, encontramos o viés de gestão para futuramente identificar as reformas. Em síntese, podemos caracterizar já que estas reformas entram no amplo bojo do New Public Management (PAUSITS; ZHENG; ABEBE, 2013, p. 2) e que o tipo de processo de mudança gerencial e estrutural é o Means-End Model do subtipo Strategic Planning (RUSAW in: LIOU (ed.), 2001, p. 523), uma vez que a atuação da PROPEG e os documentos oficiais estabelecem a busca por resultados típicos do primeiro (CPDI, 2019, p. 20) e institucionalizam o método do segundo através da terminologia (CPDI, 2019, p. 13 e 18). Assim, com este primeiro aprofundamento no objeto podemos reconhecer criticamente as suas tendências bem como os parâmetros de gestão de maior afinidade (SLOMSKI et al, 2010, p. 938). Mais ainda, no Capítulo 2 foi feito um segundo aprofundamento do objeto: o conhecimento de um breve histórico institucional e nacional para podermos discernir no Capítulo 3 camadas de fontes, adaptações e reproduções de forma contextualiza e à luz do referencial teórico do isomorfismo institucional, que como parte do Neo-Intitucionalismo Sociológico a inclusão de informações históricas e conceituais é muito relevante (DIMAGGIO; POWELL,2015, passim). Justifica-o também que a identificação com tendências do campo organizacional deve ser afunilada à luz fenômeno do isomorfismo institucional, que acusa o fato das estruturas de gestão intercambiantes serem comumente compostas por excertos de diversas origens, revelando-se multifacetadas, complexas e adaptadas (POLLITT, 2003, p. 7- 8). Já no Capítulo 3, é exposto um relatório sintético do Plano de Desenvolvimento Institucional 2019-2028’ e da ‘Proposta De Sustentabilidade Para a Unesp - Parte II: Reforma Administrativa’ e subsequentemente é feita uma análise qualitativa que combinou os métodos de análise documental e estudo de caso com o já referido amparo sociológico, aproveitando todas as informações expostas antes no Capítulo 2 e no Capítulo 3. Em contrapartida, a metodologia de análise será detalhada abaixo no devido subtópico. 9 Por fim, no Capítulo 4 é feita uma análise conclusiva à luz dos Princípios da Administração Pública sob a Análise Econômica do Direito aplicando o conceito eficiência alocativa no sentido de Pareto (STRINGARI, 2015, p 101), para a qual foi frutífera a análise qualitativa do Capítulo 3. Em síntese o presente projeto se propõe a identificar as reformas, no sentido de reconhecer sua identidade conceitual, prática e ‘histórica’ e, como corolário dessa identificação múltipla, qualificar os principais aspectos e limitações da reforma através de um estudo de caso sociológico para, em seguida, valorar qual o mérito jurídico-econômico das reformas intencionadas em relação ao Princípio da Eficiência (MELLO, 1999, p. 92) no bojo da AED, assim finalizaremos alinhando com uma compreensão jurídica sobreposta a uma compreensão qualitativa das reformas. Por fim, a Tese de Conclusão de Curso tenta resolver o eixo problemático que se trama no objeto e que, de forma mais abstrata, consiste em: ‘’como o redirecionamento administrativo da UNESP pode ser avaliado à luz de padrões compatíveis de gestão pública e como pode ser valorado juridicamente?’’. 1.2 OBJETIVOS Em máxima síntese, é objetivado compreender as reformas do Plano de Desenvolvimento Institucional 2019-2028 (algumas das quais sobrevieram das Propostas de Sustentabilidade) valorando qualitativamente o mérito das reformas para, por fim, podermos dá-las em análise aos Princípios da Administração Pública Brasileira em viés da AED. Desse modo os objetivos específicos consistem em: 1. Reconhecer a identidade conceitual, histórica e sociológica das reformas administrativas cogitadas na Proposta de Sustentabilidade para a UNESP e encaminhadas no Plano de Desenvolvimento Institucional 2019-2028; 1.1 Conhecer um breve histórico institucional e nacional para discernir fontes, adaptações, reproduções, paralelos institucionais e meras tendências discursivas quanto às reformas em questão; 1.2 Compreender a esquemática administrativa do objeto; 2. Efetuar uma análise qualitativa das reformas através de metodologias que valorizem os referenciais teóricos presentes, a realidade histórica e os paradigmas conceituais das reformas; 10 2.1 Qualificar as reformas criticamente em relação às limitações institucionais; 2.2 Compreender a esquemática administrativa do objeto; 3. Valorar o mérito das reformas pela Análise Econômica do Direito em relação ao Princípio da Eficiência. 1.3 JUSTIFICATIVAS Reformas ancoradas na Nova Gestão Pública ascenderam mundialmente nos últimos 20 anos provocando reformas administrativas em diversos países (POLLITT e BOUCKAERT apud SANO; ABRUCIO, 2008, p. 65), visando melhorar a eficiência procedimental e processual (CLAD apud SANO; ABRUCIO, 2008 , p. 65). Estas passaram a atingir não só o Estado Brasileiro como um todo, mas também as autarquias paulistas (MACHADO, 2002, p. 11, 45 e 155) Neste ensejo, a UNESP reconheceu em sua Proposta de Sustentabilidade a necessidade de reformas administrativas para ascender à sustentabilidade orçamentária e financeira e combater em sua estrutura organizacional assimetrias, redundâncias e ineficiências administrativas, propondo e absorvendo planos resolutivos nesse sentido (GABINETE DO REITOR, 2018, p. 51-54; 59-64). Isto se reflete no Plano de Desenvolvimento Institucional 2019-2028 e alinha a instituição com as finalidades do programa GesPública instituído pelo Decreto nº 5.378, de 23 de Fevereiro de 2005 que visa: [...] II - promover a governança, aumentando a capacidade de formulação, implementação e avaliação das políticas públicas; III - promover a eficiência, por meio de melhor aproveitamento dos recursos, relativamente aos resultados da ação pública [..] (BRASIL, 2005, p. 1). Desse modo, torna-se pertinente e necessário avaliar, comparar e valorar as reformas em curso mediante análises profundas uma vez que podemos encontrar uma realidade distinta da intencionada pela instituição. À título de exemplo, nas Instituições de Ensino Superior – IES o impacto orçamentário positivo quando da adoção total do Business Process Management – BPM é um caso à parte visto que este é comumente implementado aos poucos e assim, quando ainda em parte, sem o mesmo impacto (GARCIA, 2015, p. 74-75). Por fim, em respeito às demandas concretas alegadas pela própria universidade, ao amplo quadro mundial de reformas administrativas e à necessidade de avaliar a eficácia das medidas em implementação, é mais que oportuno responder ao eixo problemático orientador dos objetivos, que consiste na seguinte questão: ‘’como o redirecionamento administrativo da 11 UNESP pode ser avaliado à luz de padrões compatíveis de gestão pública da educação superior e como pode ser valorado juridicamente?’’. 1.4 METODOLOGIA E REFERENCIAL TEÓRICO A pesquisa consiste no método indutivo para identificar as reformas de modo contextualizado (LAKATOS; MARCONI, 2007, p. 71) integrando conceitos de gestão (LEITE, 2016, passim) e diversos dados históricos e atuais numa análise qualitativa sociológica, que por sua vez se fundamenta em metodologias específicas de análise qualitativa organizacional, a saber: análise documental (LEE in: SIMON;CASSEL (Ed.), 2012, p. 389-406) e o estudo de caso (HARTLEYin: SIMON;CASSEL (Ed.), 2012, p. 323) sob viés sociológico (HARTLEY in: SIMON;CASSEL (Ed.), 2012, p. 323-332) especificamente do referencial do Neo- Institucionalismo Sociológico (DIMAGGIO; POWELL,2015, passim). Na conclusão, com base nos resultados adquiridos da análise qualitativa organizacional à luz do referencial da Análise Econômica do Direito (STRINGARI, 2015, passim) novamente nos respaldaremos no método indutivo para dar o veredito final (LAKATOS; MARCONI, 2007, p. 71). 1.5 MATERIAIS Os materiais utilizados foram: documentos oficiais da UNESP, livros acadêmicos, artigos, periódicos, teses e dissertações que disponham cientificamente embasamentos empíricos, teóricos e técnicos. Esta pesquisa procedeu com criterioso levantamento bibliográfico, leituras, fichamentos e elucidações com o orientador. 12 II. CONTEXTUALIZAÇÃO DAS REFORMAS 2.1 POR QUE SE FAZ NECESSÁRIA UMA CONTEXTUALIZAÇÃO AMPLA DAS REFORMAS? Antes de adentrar propriamente no terreno da Reforma Administrativa da UNESP se faz preciso compreendê-la dentro do Estado Brasileiro como um todo, pois uma vez cientes do fenômeno do isomorfismo institucional (POLLITT, 2003, p. 7-8) é notável que a singularidade e as especificidades in concreto somente poderão ser seguramente compreendidas evitando as distorções que podem ocorrer quando as lentes da generalidade conceitual traduzem e filtram a particularidade institucional ao invés do inverso. Desse modo, é a particularidade concreta e a excepcionalidade advindas do histórico da formação do Estado Brasileiro e do Ensino Superior Brasileiro e da própria UNESP que devem traduzir e filtrar a generalidade conceitual para fins de análise, isto é, uma compreensão apta para fins de análise ocorre quando os conceitos são filtrados pelos diversos sedimentos históricos coexistentes até serem dimensionados nas especificidades in concreto e compreendidos no grau de homogeneidade e heterogeneidade em relação às instituições mais fortes. Nesse sentido, para PACHECO (apud CORREA DE SOUZA; FRANCISCO; SOUZA; 2016, p. 2-3): o isomorfismo institucional permite que a organização tenha a capacidade de analisar os fenômenos externos que a impactam, permitindo que elas tenham ciência de suas semelhanças, mas também se orientem a partir de suas particularidades. Nesse sentido, o isomorfismo surge como sendo um elemento que auxilia no desenvolvimento do comportamento organizacional que é fundamentado em um plano estratégico. Isso contribui para a formação das ações que possam posicionar melhor um determinado modelo organizacional, constituindo suas estratégias competitivas. Assim, como manifestação sutil da homogeneidade na diversidade, o fenômeno do isomorfismo institucional também servirá para apontar pontos passíveis de distanciamento dos relatos e/ou propostas dos documentos da UNESP para a realidade concreta da instituição, uma vez que acusa distorções em ‘relatos’ ante à realidade singularíssima das ‘práticas em si’ e da cultura institucional, devido ao fato das instituições serem comumente compostas por excertos de diversas origens, revelando-se multifacetadas (POLLITT, 2003, p. 7-8). 13 2.2 O QUE É ISOMORFISMO INSTITUCIONAL? 2.2.1 O INTITUCIONALISMO ORGANIZACIONAL Grande parte da teoria organizacional moderna pressupõe um mundo das organizações diferenciado e diverso, todavia há uma homogeneização surpreendente de formas e práticas ao passo em que os campos organizacionais amadurecem. Isso ocorre pois, num primeiro momento, as atividades de um grupo diverso de organizações emergem e estruturam o respectivo campo organizacional para que, num segundo momento, ocorra certo grau de homogeneização das organizações predecessoras e das ingressantes uma vez que o campo organizacional esteja cristalizado (DIMAGGIO; POWELL; 2005, p. 75-76) Dentro do amplo bojo do institucionalismo organizacional, a vertente sociológica (Neoinstitucionalismo Sociológico) estuda as instituições tanto no aspecto estrutural como no comportamental, isto é, por um lado estuda a influência mútua entre organizações e campos organizacionais balizadas por estruturas normativas e culturais mais amplas, onde, por outro lado, se consideram aspectos simbólicos, socioculturais e estruturas cognitivas (SCOTT, 2001 apud BARATTER; CORAIOLA; TAKAHASHI; 2017, p. 2). Por campo organizacional entendemos aquelas organizações que, em conjunto, constituem uma área reconhecida da vida institucional, como as Universidades. O valor dessa unidade de análise está no fato de que ela direciona nossa atenção não somente para as instituições concorrentes ou para redes interorganizações que interagem de fato mas para a totalidade de atores relevantes. Todavia os campos existem somente na medida em que puderem ser definidos institucionalmente (DIMAGGIO; POWELL; 2005, p. 76). Nesse espectro as instituições são práticas que possuem a maior extensão espaço- temporal dentro das totalidades sociais (GIDDENS, 2009 apud BARATTER; CORAIOLA; TAKAHASHI; 2017, p. 3) de modo que a institucionalização é um processo de difusão e formalização das instituições, até serem percebidas como realidade objetiva ou organizações (VAN DE VEN; HARGRAVE, 2006 apud BARATTER; CORAIOLA; TAKAHASHI; 2017, p. 3). O processo de definição ou “estruturação” institucional consiste em quatro elementos: o aumento da amplitude de interação entre as organizações do mesmo campo; o surgimento de esquemas de hegemonia e padrões claros de coalizão interorganizacional; o aumento da carga informacional dentro do mesmo campo; e a conscientização de envolvimento em um negócio comum entre os atores sociais das organizações do mesmo campo. É oportuno apontar que novas práticas podem valorar além das necessidades técnicas, de sorte que sua adoção certas 14 vezes proporciona legitimidade em vez de melhorar o desempenho (DIMAGGIO, 1982; MEYER; ROWAN, 1977; SELZNICK, 1957 apud DIMAGGIO; POWELL; 2005, p. 76). Por conseguinte, as instituições compõem sua sistematicidade em três pilares, a saber o pilar regulativo, normativo e cultural-cognitivo e cada um é associado a diferentes bases de ordem, motivos para conformidade, lógica de ação e fonte de legitimidade (SCOTT, 2003 apud BARATTER; CORAIOLA; TAKAHASHI; 2017, p. 3). O pilar regulativo é a capacidade de estabelecer regras e mecanismos de controle para cultivar a crença dos atores sociais na legitimidade institucional, o pilar normativo é o crivo de prescrições e avaliações para formatação dos atores sociais inseridos em um campo organizacional e o pilar cultural-cognitivo são concepções compartilhadas que constituem uma estrutura geratriz de significados de objetos e atividades (BARATTER; CORAIOLA; TAKAHASHI; 2017, p. 3). Diferente dos demais neste pilar leva-se em conta não só as condições objetivas, mas a interpretação subjetiva para entender e explicar a ação social pois ‘’se aceita que os esquemas interpretativos são moldados por meio de estruturas culturais externas, ou seja, a própria atribuição de significado é construída socialmente’’(BARATTER; CORAIOLA; TAKAHASHI; 2017, p. 4). Na medida em que o substrato teórico aceita a capacidade de agência dos atores sociais, as organizações podem ser vistas como agentes que respondem diferentemente às pressões ambientais, de modo que o grau de resistência e mudança nas respostas estratégicas acompanha o grau de institucionalização, o contexto de limitações externas, o nível de poder dado à organização e os seus interesses (OLIVER, 1991 apud BARATTER; CORAIOLA; TAKAHASHI; 2017, p. 5). OLIVER (idem, p. 6) propõe uma tipologia de cinco tipos de respostas estratégicas, a saber: A aquiescência (conformidade) está relacionada ao hábito, a imitação e a concordância, isto é, respectivamente à adesão inconsciente a regras ou valores dados como certos, ao isomorfismo mimético (vertópico 2.2.2) e a incorporação consciente e obediente de valores, normas e procedimentos institucionais; O compromisso é uma forma de resistência passiva, leve e/ou inicial às pressões institucionais, considerando táticas de balanceamento, pacificação e barganha, isto é, respectivamente equilibrar entre os diferentes públicos e instituições envolvidos, apresentar pouca resistência explícita enquanto minimiza a incorporação fática e o esforço ativo das organizações para conseguir algumas concessões dos constituintes externos em suas demandas ou expectativas; 15 A esquivança é uma forma de resistência ativa de não buscar a conformidade através ocultação da desconformidade ou pelo escape das pressões institucionais, regras e expectativas, geralmente sob uma fachada de aquiescência. A ocultação consiste em limitar os aspectos inspecionados externamente insulando as atividades técnicas do contato externo. Já o escape é retirar-se do ambiente onde se circunstancia as pressões institucionais ou alterar seus objetivos, atividades e domínios para não ser objeto das mesmas pressões; O desafio é a forma mais ativa de resistência e ocorre quando a organização é forte o bastante para desafiar as pressões através de despistar ou atacar o influxo de regras, expectativas e valores institucionais. O despiste ocorre quando a racionalidade influente não é a mais adequada ou conflitam fortemente com seus valores institucionais. Já o ataque ocorre quando os valores e expectativas institucionais não atendem aos interesses de todas as organizações e privilegiam algumas; A manipulação é caracterizada pelas tentativas de cooperar, influenciar ou controlar as pressões institucionais, isto é, respectivamente: neutralizar a oposição institucional e a busca de legitimidade; direcionar valores, definições, crenças e critérios de práticas; e, por último, buscar domínio sobre os constituintes externos que influenciam nas pressões ambientais. Destarte, é perceptível que o institucionalismo organizacional considera processos estratégicos que podem homogeneizar práticas e estruturas organizacionais heterogêneas. Por um lado, graduando a conformidade organizacional às pressões institucionais por meio de difusão multifacetada de práticas, da socialização, do isomorfismo, da indução de modelos e regras e que são considerados processos top-down (SCOTT, 2008 apud BARATTER; CORAIOLA; TAKAHASHI; 2017, p. 6), por outro lado a conformidade dos atores sociais às pressões institucionais não determinam totalmente a sua capacidade de agir. Nesse sentido, práticas e padrões comportamentais não são institucionalizados de modo padrão e generalizado, estando sujeitos a variações singulares a depender do tempo de institucionalização e de sua legitimidade para os atores sociais (DIMAGGIO, 1988; TOLBERT; ZUCKER, 1983 apud BARATTER; CORAIOLA; TAKAHASHI, 2017, p. 6). 2.2.2 O ISOMORFISMO INSTITUCIONAL O conceito que melhor capta o processo de homogeneização é o de “isomorfismo”. Na descrição de HAWLEY (1968 apud DIMAGGIO; POWELL; 2005, p. 76) ‘’o isomorfismo é 16 um processo em que uma unidade em uma população é pressionada a se assemelhar a outras unidades que enfrentam o mesmo conjunto de condições ambientais’’, isso significa que as organizações se adaptam em função do ambiente, que a população de organizações é função da sustentabilidade do ambiente e a diversidade de configurações organizacionais é isomórfica à diversidade ambiental (DIMAGGIO; POWELL; 2005, p. 76). Nesse prisma, defendemos que existem dois tipos de isomorfismo: o competitivo e o institucional (MEYER, 1979; FENNELL, 1980, apud DIMAGGIO; POWELL; 2005, p. 77). No diapasão do Isomorfismo Competitivo, HANNAN E FREEMAN (1977 apud DIMAGGIO; POWELL; 2005, p. 77) demonstraram que o isomorfismo pode acontecer porque as práticas inferiores são extintas numa população de organizações ou porque os tomadores de decisões das organizações comportam-se de acordo com as respostas mais adequadas aprendidas. Por outro lado, nas palavras de DIMAGGIO e POWELL (2005, p. 81) ‘’as pressões por eficiência competitiva também são mitigadas em diversos campos organizacionais porque o número de organizações é limitado e porque existem fortes barreiras fiscais e legais para a entrada e a saída’’. Por isso, esse subtipo competitivo é mais adequado aos ambientes de livre concorrência, mas não apresenta o quadro mais detalhado das organizações sendo que também competem por recursos, clientes, poder político, legitimação institucional, adequação social e adequação econômica (idem, p. 77). Por esse motivo, essa visão deve ser complementada pelo Isomorfismo Institucional de KANTER (1972, apud DIMAGGIO; POWELL; 2005, p. 77) que considera as forças (principalmente outras organizações) que pressionam as comunidades adaptando-as. Assim, o conceito de isomorfismo institucional constitui uma ferramenta útil para se compreender a rede de influências que permeiam parte considerável da vida organizacional moderna (DIMAGGIO; POWELL; 2005, p. 77). Por fim, ressaltamos que o isomorfismo é tão frequente que JOHN MEYER (1981, apud DIMAGGIO; POWELL; 2005, p. 79) afirma que é fácil prever a gestão de uma nova nação emergente já que “nações periféricas são muito mais isomórficas – com relação às formas administrativas e padrões econômicos – do que qualquer teoria do sistema mundial de divisão econômica do trabalho poderia nos levar a crer’’. 2.2.3 MECANISMOS DE ISOMORFIZAÇÃO INSTITUCIONAL Existem três mecanismos de mudança isomórfica: 1) isomorfismo coercitivo, que deriva de influências políticas e do problema da legitimidade; 2) isomorfismo mimético, que resulta de respostas padronizadas à incerteza; e 3) isomorfismo normativo, associado à profissionalização. 17 Embora os tipos possam se misturar âmbito empírico até tornarem-se indistintos, ainda importa tal tipologia analítica uma vez que há um tendência geral de condições causais distintas e efeitos distintos (DIMAGGIO; POWELL; 2005, p. 77). Nessa baliza, regredindo à esteira dos conceitos amplos do institucionalismo organizacional, podemos radicar tais mecanismos nos ‘pilares organizacionais de Oliver’ (vide 2.2.1): o pilar regulativo está relacionado ao mecanismo coercitivo, o pilar normativo está relacionado ao mecanismo normativo e o pilar cultural-cognitivo ao mecanismo mimético (BARATTER; CORAIOLA; TAKAHASHI, 2017, p. 4). O isomorfismo coercitivo se deve à pressões formais e informais advindas das organizações mais fortes das quais a organização mais fraca depende bem como expectativas culturais da sociedade que ambienta o campo organizacional. Assim, por vezes é uma resposta direta a ordens governamentais e estatais, como por exemplo as ações afirmativas das Universidades; entretanto, a imposição pode ser indireta e implícita turvando o isomorfismo coercitivo por modos suteis de imposição (DIMAGGIO; POWELL; 2005, p. 77-78). Segundo RITTI e GOLDNER (1979 apud DIMAGGIO; POWELL; 2005, p. 77) isso ocorre em virtude de um ambiente legal comum afetar diversos aspectos comportamentais e estruturais das organizações bem em razão das pessoas envolvidas na defesa de suas funções poderem alterar as relações de poder no âmbito intraorganizacional, num pleito de longo prazo e que pode refletir expectativas culturais da sociedade que ambienta a organização. Quanto ao substrato político do ambiente jurídico, social e econômico PFEFFER e SALANCIK (1978, apud DIMAGGIO; POWELL; 2005, p. 77-78) observaram que as organizações procuram se apoiar no poder do Estado ou do sistema social para galgar a satisfação de necessidades e minimizar dificuldades quando em face de interdependências não administráveis ou fora de controle, pois quando os ambientes são politicamente construídos eles possuem duas características peculiares: os tomadores de decisões políticas comumentenão experimentam diretamente os efeitos das próprias decisões e essas são menos adaptáveis e flexíveis para cada unidade por serem aplicadas de forma genérica a todas as classes de organizações. Colabora o demonstrado por MEYER E ROWAN (1977 apud DIMAGGIO; POWELL; 2005, p. 78) que: à medida que Estados e outras grandes organizações racionalizadas expandem seus domínios a outras arenas da vida social, as estruturas organizacionais refletem cada vez mais regras institucionalizadas e legitimadas pelo Estado e dentro do Estado. [...] Como resultado, as organizações se tornam cada vez mais homogêneas dentro de determinados domínios e cada vez mais organizadas em torno de rituais em conformidade com a instituições maiores. Ao mesmo tempo, as organizações estão 18 cada vez menos determinadas estruturalmente pelas restrições impostas por atividades técnicas e cada vez menos integradas por controles de resultados. Sob tais circunstâncias, as organizações utilizam controles ritualizados de referenciais e da solidariedade de grupo. Por sua vez, o isomorfismo mimético deriva não da autoridade coercitiva mas de um ambiente de incertezas que encorajam a imitação, isto é, encorajam a tomar outras organizações como modelo, o que é vantajoso e econômico quanto as ações humanas na medida em que reaproveita parte do esforço feito por outras organizações tidas como mais legítimas ou bem- sucedidas. Esse ambiente de incertezas existe quando há insuficiente compreensão das tecnologias de gestão, quando há causas ambíguas e soluções pouco nítidas ou quando há ambiguidade nas metas (MARCH; OLSEN, 1976 apud DIMAGGIO; POWELL; 2005, p. 78). De maneira geral o nível de incerteza também reflete proporcional e diretamente a densidade de cidadãos-clientes servidos e empregados da organização, resultando em maior pressão para utilizar métodos, programas e serviços das organizações mais fortes dentre as quais há modesta variação a ser selecionada. Subsequentemente, alguns arranjos estruturais se tornam onipresentes pela razão mais forte da ubiquidade das incertezas e dos processos miméticos do que pela razão da evidência do aumento da eficiência (DIMAGGIO; POWELL; 2005, p. 79). Além do mais, os ingressantes, que poderiam servir como fontes de inovação e variação, preferem imitar as padrões quando ingressos num campo de muita incerteza (DIMAGGIO; POWELL; 2005, p. 84). É notório que a difusão dos modelos ocorre involuntariamente por meio da rotatividade de funcionários ou explicitamente pelas próprias organizações (principalmente através de firmas de consultoria, sindicatos, associações de organizações, entre outras), de modo que até mesmo as inovações podem ser referentes às organizações-modelo (DIMAGGIO; POWELL; 2005, p. 78). Ademais, pode-se esclarecer o exposto à luz do que assevera ALCHIAN (1950 apud DIMAGGIO; POWELL; 2005, p. 78-79): Enquanto certamente há aqueles que inovam conscientemente, há aqueles que, em suas tentativas imperfeitas de imitar os outros, inovam inconscientemente por meio da aquisição involuntária de atributos únicos inesperados ou não procurados, os quais, sob as circunstâncias correntes, se provam parcialmente responsáveis pelo sucesso. Outros, por sua vez, procurarão copiar as singularidades, e o processo de inovação- imitação prossegue. Por último temos o isomorfismo normativo e deriva principalmente da profissionalização, isto é, do esforço de uma categoria profissional para controlar a ‘produção dos produtores’ definindo métodos e condições de trabalho e, como também estão comprometidos indiretamente com clientes, chefes e reguladores de outras categorias, o alvo 19 raramente é atingido com perfeição (LARSON, 1977 apud DIMAGGIO; POWELL; 2005, p. 79). Acresce que o poder profissional é algo tanto designado pelo Estado quanto criado pelas atividades das categorias profissionais, que estão sujeitas às mesmas pressões coercitivas e miméticas a que estão as organizações e, por sua vez, criam pressões normativas posto que seus futuros estão vinculados ao futuro das organizações que os empregam (DIMAGGIO; POWELL; 2005, p. 80). Nessa esteira saltam aos olhos três aspectos da profissionalização como fontes importantes de isomorfismo: primeiro, a base cognitiva formatada por especialistas universitários na qual se apoia e legitima a educação formal; segundo, a expansão de redes profissionais que trespassam as organizações e nelas semeiam novos modelos e paradigmas institucionais; e terceiro, a seleção de pessoal que privilegia candidatos oriundos de certas instituições de ensino, empresas e cargos não somente com a contratação mas com benefícios concorrentes. Desse modo, as associações profissionais e as Universidades são os principais exemplos de centros irradiadores e promulgadores de normas organizacionais (idem, p. 80 e 82). Não é sem razão que a profissionalização da gestão tem correlação com a estruturação dos campos organizacionais, pois: a troca de informação entre os profissionais contribui para uma hierarquia de status comumente reconhecida, de centro e periferia, que se torna uma matriz dos fluxos de informação e movimentos de pessoal entre as organizações. Essa ordenação de status ocorre tanto por meio de canais formais quanto informais. Na medida em que gerentes e funcionários-chave são escolhidos nas mesmas universidades e selecionados a partir de um grupo comum de atributos, eles tenderão a enxergar os problemas da mesma maneira, a considerar como normativamente sancionados e legitimados os mesmos procedimentos, estruturas e políticas, e tomarão decisões de maneira similar (DIMAGGIO; POWELL; 2005, p. 80). De modo geral, sobre o isomorfismo institucional como um todo, é normal que todos os três tipos de processos de mudança isomórfica aconteçam na ausência da evidência de que eles reforçam a eficiência organizacional interna e, quando as mudanças reforçam a eficiência de fato, as razões atribuídas refletem a legitimidade das práticas e não necessariamente o inverso pois nada assegura que as organizações se tornarão mais eficientes do que aquelas que não agem dessa maneira (DIMAGGIO; POWELL; 2005, p. 81). Por fim, é importante salientar que as organizações em um certo campo organizacional podem ser muito heterogêneas em alguns pontos e, ao mesmo tempo, muito homogêneas em outros devido a um processo assimétrico de isomorfização (DIMAGGIO; POWELL; 2005, p. 84). 20 2.2.4 HIPÓTESES DE ISOMORFIZAÇÃO A partir do exposto segue a possibilidade de prever empiricamente a homogeneização dos campos organizacionais e das organizações em termos de estrutura, processos e comportamento. É importante ressalvar que existe uma variabilidade na medida e na taxa em que as organizações em certo campo isomorfizam, à depender da capacidade de resistência, podendo cada qual responder rapidamente ou morosamente às pressões (DIMAGGIO; POWELL; 2005, p. 82). As hipóteses discutidas abaixo não pretendem exaurir todo o universo de preditores de mudanças isomórficas, mas elencar os principais de acordo com características das organizações fazendo-se um corte transversal ou longitudinal; assim, as hipóteses são embasadas no que já postulamos com relação ao tamanho, à tecnologia e à centralização de recursos externos. Por conseguinte, no nível organizacional temos as seguintes hipóteses nas palavras de DIMAGGIO e POWELL (2005, p. 82-83): Hipótese A-1: Quanto maior o grau de dependência de uma organização em relação a outra, mais similar ela se tornará a essa organização em termos de estrutura, ambiente e foco comportamental.[...] Hipótese A-2: Quanto mais centralizado o fornecimento de recursos para a organização A, maior é a possibilidade de a organização A se transformar isomorficamente para se assemelhar às organizações de cujos recursos depende.[...] Hipótese A-3: Quanto mais incerto o relacionamentoentre meios e fins, maior a probabilidade de a organização moldar-se em outras organizações que considera bem- sucedidas.[...] Hipótese A-4: Quanto mais ambíguas as metas de uma organização, maior o grau em que esta se moldará a outras organizações que considera bem-sucedidas.[...] Hipótese A-5: Quanto maior a confiança em credenciais acadêmicas para a escolha de pessoal gerencial e funcional, maior o grau em que a organização se tornará mais semelhante a outras em seu campo.[...] Hipótese A-6: Quanto maior a participação de gestores organizacionais em associações de comércio e profissionais, maior a probabilidade de a organização ser, ou se tornar, semelhante a outras organizações em seu campo. Na ‘Hipótese A-1’ vemos mecanismos coercitivos que são construídos em relacionamentos de intercâmbio; e na ‘Hipótese A-2’ vemos mecanismos coercitivos que, conforme aponta THOMPSON (1967, apud DIMAGGIO; POWELL; 2005, p. 82), sujeitam mais as organizações que tem uma dependência concentrada, circunstancialmente ou não, em certas fontes de recursos, pessoas e legitimidade do que aquelas que possuem fontes difusas. Na ‘Hipótese A-3’ vemos mecanismos miméticos bem como na ‘Hipótese A-4’, que se refere também às organizações que são altamente dependentes das aparências para se legitimarem ou cuja discussão em relação às metas é reprimido em função da pragmática 21 harmonia ou também as que compreendem fracamente as tecnologias-chave de mudança (DIMAGGIO; POWELL; 2005, p. 82). E por fim na ‘Hipótese A-5’ e ‘Hipótese A-6’ vemos mecanismos normativos, que refletem o fato de que os candidatos já passaram por um processo de socialização nas Universidades, onde interiorizaram regras dominantes (DIMAGGIO; POWELL; 2005, p. 83). Em contrapartida, no nível do campo organizacional temos as seguintes hipóteses nas palavras de DIMAGGIO e POWELL (2005, p. 83-84): Hipótese B-1: Quanto mais um campo organizacional depende de uma única fonte (ou muitas fontes, mas similares) de fornecimento de recursos vitais, maior o nível de isomorfismo. [...] Hipótese B-2: Quanto mais as organizações em um campo interagem com as agências governamentais, maior o grau de isomorfismo no campo como um todo. [...] Hipótese B-3: Quanto menor o número de alternativas visíveis de modelos organizacionais em um campo, maior a taxa de isomorfismo nesse campo. [...] Hipótese B-4: Quanto mais incertas são as tecnologias ou ambíguas as metas de um campo, maior a taxa de mudança isomórfica.[...] Hipótese B-5: Quanto maior o grau de profissionalização de um campo, maior a quantidade de mudanças isomórficas institucionais.[...] Hipótese B-6: Quanto maior o grau de estruturação de um campo, maior o grau de isomorfismo. Na ‘Hipótese B-1’ e na ‘Hipótese B-2’ vemos mecanismos coercitivos, mas nesta cumula-se com a pressão dos atores estatais e governamentais para a adoção regras institucionais e racionalidade formal (DIMAGGIO; POWELL; 2005, p. 83). Na ‘Hipótese B-3’ vemos mecanismos miméticos mas é importante complementar que em cada campo organizacional há um limiar que, se ultrapassado, a adoção isomórfica acontecerá em uma velocidade progressivamente maior (GRANOVETTER, 1978; BOORMAN; LEVITT, 1979 apud DIMAGGIO; POWELL; 2005, p. 84). Já na ‘Hipótese B-4’ também vemos mecanismos miméticos e é fortemente análoga à hipótese A-4, mas pode interagir tanto com a centralização de recursos (vide A-1, A-2, B-1 e B-2) como com a profissionalização e a estruturação (vide A-5, A-6, B-5 e B-6) (DIMAGGIO; POWELL; 2005, p. 84). Na ‘Hipótese B-5’ vemos o mecanismo normativo onde a profissionalização é relativa a universalidade das referências requisitadas, pela solidez formativa e pela força das associações e conselhos profissionais. Na ‘Hipótese B-6’ também vemos o mecanismo normativo, mas no caso a dicotomia entre centros e periferias gera um nível maior de interação interorganizacional e subsequentemente uma difusão mais intensa da homogeneidade (idem, p. 84). Por fim, terminada essa exposição, é importante lembrar que a isomorfização pode ser assimétrica ou pontual, que as reformas explícitas são oportunidades de intensa 22 homogeneização e que é um processo multifatorial e de difícil distinção dos mecanismos no plano empírico. 2.3 BREVE HISTÓRIA DO ESTADO BRASILEIRO: BUSCA POR ELEMENTOS ORGANIZACIONAIS RELEVANTES Hodiernamente existem três modalidades principais na Administração Pública Brasileira: patrimonialismo, burocracia e gerencialismo (LUSTOSA DA COSTA, 2008 apud PUPPIM DE OLIVEIRA, 2017, p. 9). A história da administração pública e do Estado brasileiro pode ser resumida em várias etapas com base em LUSTOSA DA COSTA (2016 apud PUPPIM DE OLIVEIRA, 2017, passim) e a descrição das características da Administração Pública de cada etapa com base também em BRESSER PEREIRA (1996, passim; 2001, passim), como veremos a seguir. 2.3.1 A ADMINISTRAÇÃO PATRIMONIALISTA Nessa linha, a Administração Pública Brasileira teve início com as organizações desenvolvidas pelos colonizadores portugueses para administrar a exploração da colônia, entretanto em 1808, fugindo da ameaça napoleônica na Europa, a família real portuguesa mudou-se para o Rio de Janeiro e trouxe grande parte de suas cortes e da administração pública de Lisboa para o Brasil (cerca de 15.000 no total), o que provocou uma mudança radical na construção da Administração Pública Brasileira uma vez que o Brasil passou de colônia para ser o centro do Reino de Portugal e tornou-se essencialmente patrimonialista. Assim, a burocracia e os processos do Estado e da Administração Pública Portuguesa lançaram raízes e passaram a desdobrar características próprias após o regresso do rei D. João VI a Portugal em 1821 e a independência do Brasil em 1822 (PUPPIM DE OLIVEIRA, 2017, p. 9). Entre 1822 e 1840, tendo o Brasil se tornado um Império por si só e parte dos administradores retornado para Portugal, emergiu a necessidade de desenvolver uma versão própria de Administração, sob um Estado absoluto de jure controlado pelo Imperador, mas de facto controlado por conselheiros (PUPPIM DE OLIVEIRA, 2017, p. 9). Em seguida, entre 1840 e 1889 ocorreu o desenvolvimento de um Estado mais representativo e com alguns aspectos inspirados na monarquia parlamentarista enquanto que o poder sobre a burocracia foi descentralizado entre aqueles que faziam parte do sistema político central e as estruturas da administração pública foram disseminadas para além da capital (PUPPIM DE OLIVEIRA, 2017, p. 9). Por fim entre 1889 e 1930, tempo da República Velha 23 e de muitos aspectos que comprovam que, desde a Monarquia, o patrimonialismo continuou se desenvolvendo como forma de Administração Pública, porém passou servir e ser influenciada por uma elite política e por oligarcas (PUPPIM DE OLIVEIRA, 2017, p. 10). Consonante à marca principal desse período, a administração pública patrimonialista nas palavras de BRESSER PEREIRA (1996, p. 4): [...] definiu as monarquias absolutas, na qual o patrimônio público e o privado eram confundidos. Nesse tipo de administração o Estado era entendido como propriedade do rei. O nepotismo e o empreguismo, senão a corrupção, eram a norma. Esse tipo de administração revelar-se-á incompatível com o capitalismo industrial e as democracias parlamentares, que surgem no século XIX. É essencial para o capitalismo a clara separação entre o Estado e o mercado; a democracia só pode existir quando a sociedade civil, formada por cidadãos, distingue-se do Estado ao mesmo tempo em que o controla. Tornou-se assim necessário desenvolver um tipo de administração que partisse não apenas da clara distinção entre o público e o privado, mas também da separação entre o político e o administrador público. Contudo, houveram ecos desse paradigma administrativo ao longo da história do Brasil queressoam até os tempos atuais. Podemos citar o Decreto-Lei nº 200 de 1967 que inesperada e indesejadamente, ao tentar desburocratizar permitindo a contratação de empregados sem concurso público, facilitou a sobrevivência de práticas patrimonialistas e fisiológicas (BRESSER PEREIRA, 1996, p. 7). Linearmente, no início da Nova República o país mergulhou em uma política populista e patrimonialista vista como uma “volta ao capital mercantil” e que deixou profundas marcas no capítulo da Administração Pública da Constituição de 1988 (BRESSER PEREIRA, 1996, p. 8). Também temos que na Constituição de 1988, em dissonância com o seu espírito burocrático combativo ao fisiologismo, foi promovida a criação e a consolidação de uma série de privilégios que advieram de pleitos corporativistas que confundiam os interesses particulares com os interesses gerais; podemos dizer ser um tributo pago por toda a sociedade brasileira ao patrimonialismo que ainda subsistia (BRESSER PEREIRA, 1996, p. 9). Nesse diapasão, o mais grave dos privilégios patrimonialistas foi o estabelecimento de um sistema de aposentadoria com remuneração integral, sem nenhuma relação com o tempo de serviço prestado diretamente ao Estado; fato que, somado à instituição de aposentadorias especiais, elevou drasticamente o custo do sistema previdenciário público, desaguando num desproporcional ônus fiscal para a sociedade (BRESSER PEREIRA, 1996, p. 9). Em contrapartida, existem pontos ambíguos: sabemos que a estabilidade e controle dos funcionários é uma característica das administrações burocráticas para escudar os funcionários e o próprio Estado contra as práticas patrimonialistas que eram dominantes nos regimes pré- capitalistas, assim há um certo mérito da Constituição de 1988 em estabelecer a obrigatoriedade do concurso público para a admissão de todo e qualquer funcionário, dificultando o 24 empreguismo público. Entretanto, exigência de um regime jurídico único, que levou à eliminação dos funcionários celetistas, a extensão da estabilidade a todos os servidores públicos (ao invés de limitá-la apenas às carreiras onde se exerce o poder de Estado), bem como o delineamento dessa estabilidade de modo que a demissão se tornasse dificílima, implicaram em um forte aumento da ineficiência do serviço público (BRESSER PEREIRA, 1996, p. 13-14). Por conseguinte, no início do governo Itamar a sociedade brasileira começa a perceber confusamente a crise da administração pública e até mesmo o estudo diagnóstico da CEDEC (Centro de Estudos de Cultura Contemporânea) para a ENAP (Escola Nacional de Administração Pública) se equivocava a respeito das deficiências da Administração Pública Brasileira. Equívoco de crítica esse que serve bem à crítica escrita alguns anos antes por BELTRÃO (1984, p. 12 apud BRESSER PEREIRA, 1996, p. 12) a respeito das críticas correntes à Administração Pública: “existe entre nós uma curiosa inclinação para raciocinar, legislar e administrar tendo em vista um país imaginário, que não é o nosso; um país dominado pelo exercício fascinante do planejamento abstrato, pela ilusão ótica das decisões centralizadas...”. Assim o diagnóstico pecava por uma falha fundamental embora fosse em grande parte verdadeiro: estabelecia que o mal maior a ser atacado era o intenso e generalizado patrimonialismo no sistema político e, portanto, o objetivo fundamental a ser atingido era estabelecer uma administração pública burocrática, ou seja, “um sistema de administração pública descontaminado de patrimonialismo, em que os servidores se conduzam segundo os critérios de ética pública, de profissionalismo e eficácia” (ANDRADE, 1993, p. 27, apud BRESSER PEREIRA, 1996, p. 12). Nesse sentido a burocracia clássica segundo BRESSER PEREIRA (1996, p. 14): Era justificável enquanto o patrimonialismo era dominante e os serviços do Estado liberal, limitados; deixa de sê-lo quando o Estado cresce em tamanho, passa a realizar um grande número de serviços, e a necessidade de eficiência para esses serviços torna- se fundamental, ao mesmo tempo que o patrimonialismo perde força, deixa de ser um valor para ser uma mera prática, de forma que a demissão por motivos políticos se torna algo socialmente inaceitável. Ora, é lugar-comum a profissionalização do serviço público, a obediência aos princípios necessários bem como o valor do planejamento e da racionalidade administrativa; porém, por um reação à assombração antiga do patrimonialismo que acima de tudo sobrevive como prática antijurídica, até mesmo estudos avançados da época voltaram a reafirmar valores burocráticos clássicos respaldando um curso de decisões iludidas e desamparando a eficiência tão almejada, a qual somente poderia ser proporcionada por uma modernização radical à luz perspectiva gerencial. No documento da ENAP/CEDEC contraditório e abrangente, nos surpreendemos 25 com a superficial promoção de Novos Paradigmas Gerenciais, a saber ‘’a ruptura com estruturas centralizadas, hierárquicas formalizadas e piramidais e sistemas de controle ‘tayloristas’ [...] virtualmente enterrando as burocracias tradicionais e abrindo caminho para uma nova e moderna burocracia de Estado” (ANDRADE, 1993, apud BRESSER PEREIRA, 1996, p. 13). Em suma, vemos que a continuidade do patrimonialismo muitas vezes reflexou como fonte material para o irracional afastamento do gerencialismo concomitante à reafirmação dos valores burocráticos clássicos e ‘anacrônicos’, afastando duplamente o país da modernização administrativa. Para finalizar, sobre os reflexos do patrimonialismo na Constituição de 1988, vejamos as palavras de BRESSER PREREIRA (1996, p. 10): [...] o retrocesso burocrático da Constituição de 1988 foi uma reação ao clientelismo que dominou o país naqueles anos, mas também foi uma afirmação de privilégios corporativistas e patrimonialistas incompatíveis com o ethos burocrático. Foi, além disso, uma consequência de uma atitude defensiva da alta burocracia, que, sentindo- se acuada, injustamente acusada, defendeu-se de forma irracional. 2.3.2 A ADMINISTRAÇÃO BUROCRÁTICA Entre 1930 e 1945 foi iniciada a construção da administração pública burocrática sob a ditadura de Getúlio Vargas, que criando o Departamento de Administração do Serviço Público (DASP) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV) balizou o Estado nos princípios da administração weberiana, profissionalizando, modernizando e centralizando a Administração Pública para o contexto de expansão nacional desenvolvimentista do Estado, embora ainda existisse arraigado patrimonialismo em muitas práticas (FARAH, 2016 apud PUPPIM DE OLIVEIRA, 2017, p. 10). A infusão da administração weberiana no Brasil se deu com cerca de meio século de diacronia em relação à Europa, nas palavras de BRESSER PEREIRA (1996, p. 4): A administração pública burocrática foi adotada para substituir a administração patrimonialista. Assim, administração burocrática clássica, baseada nos princípios da administração do exército prussiano, foi implantada nos principais países europeus no final do século XIX; nos Estados Unidos, no começo do século XX; no Brasil, em 1936, com a reforma administrativa promovida por Maurício Nabuco e Luís Simões Lopes. É a burocracia que Max Weber descreveu, baseada no princípio do mérito profissional. Surge assim a administração burocrática moderna, racional-legal. Linearmente, entre 1945 e 1964 o nacional-desenvolvimentismo como diretriz econômica de Estado continuou após o Estado Novo de Getúlio Vargas. O Estado criou Estatais e patrocinou uma veloz industrialização que impulsionou a urbanização. Já entre 1964 e 1985 a ditadura militar consolidou algumas das reformas de Vargas uma vez que o nacional- desenvolvimentismo permaneceu sob o governo militar, com base na expansão do aparato produtivo estatal, na substituição de importações e no protecionismo em relação ao setor 26privado. Nesse contexto, a modernização da administração pública continuou com alto grau de centralização (PUPPIM DE OLIVEIRA, 2017, p. 10). Todavia, podemos notar que a administração pública burocrática weberiana clássica foi adotada por ser superior à administração patrimonialista, mas é necessário destacar que essa apresentava sérios problemas durante o contexto de expansão da complexidade e extensão do Estado como podemos ver nas palavras de BRESSER PEREIRA (1996, p. 5): o pressuposto de eficiência em que se baseava não se revelou real. No momento em que o pequeno Estado liberal do século XIX deu definitivamente lugar ao grande Estado social e econômico do século XX, verificou-se que não garantia nem rapidez, nem boa qualidade, nem custo baixo para os serviços prestados ao público. Na verdade, a administração burocrática é lenta, cara, auto-referida, pouco ou nada orientada para o atendimento das demandas dos cidadãos. Em suma, no subtópico anterior já foram antecipados elementos gerais da administração burocrática de modo colateral e indispensável à descrição de como o patrimonialismo engendrou um retrocesso contra a tímida transição e antecipação da administração gerencial no contexto do predomínio da administração burocrática. Já no atual subtópico acrescentamos alguns detalhes a respeito da administração burocrática e no tópico seguinte veremos sobre as reformas gerenciais da década de 90 e algumas antecipações mal sucedidas ocorridas durante a ditadura militar. 2.3.3 A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA GERENCIAL Primeiramente, em 1938 temos um breve e prematuro sinal de administração pública gerencial, com a criação da primeira autarquia, representando a ideia de que os serviços públicos na administração indireta deveriam ser descentralizados e não obedecer a todos os requisitos burocráticos da administração direta. Todavia, a primeira tentativa de reforma gerencial ocorreu pelo Decreto-Lei nº 200 de 1967, sob o comando de Amaral Peixoto e a inspiração de Hélio Beltrão, figura essa que segundo BRESSER PEREIRA (1996, p. 6): Beltrão participou da reforma administrativa de 1967 e depois, como Ministro da Desburocratização, entre 1979 e 1983, transformou-se em um arauto das novas ideias. Definiu seu Programa Nacional de Desburocratização, lançado em 1979, como uma proposta política visando, através da administração pública, “retirar o usuário da condição colonial de súdito para investi-lo na de cidadão, destinatário de toda a atividade do Estado” (Beltrão, 1984: 11). Essa primeira reforma iniciada em 1967 foi uma tentativa de: consolidação de princípios de racionalidade administrativa, planejamento, o orçamento, descentralização e o controle dos resultados; superação da rigidez burocrática e descentralização através da autonomia da administração indireta, sobre o pressuposto de rigidez da administração direta e de maior eficiência da administração descentralizada; transferência das atividades de produção de bens 27 e serviços para autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista, racionalizando uma situação que já se delineava na prática e incluindo empregados celetistas nessas. Através da flexibilização de sua administração buscava-se uma maior eficiência e uma aliança política entre a alta tecnoburocracia (estatal, civil e militar) e a classe empresarial, entretanto a reforma ficou pela metade e fracassou (BRESSER PEREIRA, 1996, p. 6-7). Entretanto, à nível global, a reforma da administração pública só ganhará força a partir dos anos 70 quando se inicia a crise do Estado, que levará à crise também a sua burocracia. Em cascata, nos anos de 1980 inicia-se uma grande revolução na administração pública dos países centrais em prol de uma administração pública gerencial, inspirada nos avanços realizados pela administração de empresas. Aos poucos foram-se delineando os contornos da nova administração pública que se irradiaria para as periferias e segundo BRESSER PEREIRA (1996, p. 5) os contornos são: (1) descentralização do ponto de vista político, transferindo recursos e atribuições para os níveis políticos regionais e locais; (2) descentralização administrativa, através da delegação de autoridade para os administradores públicos transformados em gerentes crescentemente autônomos; (3) organizações com poucos níveis hierárquicos ao invés de piramidal, (4) pressuposto da confiança limitada e não da desconfiança total; (5) controle por resultados, a posteriori, ao invés do controle rígido, passo a passo, dos processos administrativos; e (6) administração voltada para o atendimento do cidadão, ao invés de auto-referida. Todavia, já na década de 1980, as reformas gerenciais começaram a se enraizar e se aceleraram na década de 1990, mas ainda eram tímidas para o tamanho do estado, à sombra da predominância das formas burocráticas e patrimonialistas na administração pública brasileira. Entre 1985 e 1992 emergiu a onda da democratização, do advento do neoliberalismo e do desmantelamento do nacional-desenvolvimentismo, de modo que a estagnação econômica e a alta inflação levaram às reformas da Nova Gestão Pública junto à liberalização da economia (PUPPIM DE OLIVEIRA, 2017, p. 10). Nesse diapasão, a despeito dos retrocessos contra o gerencialismo, a Constituição de 1988 ainda atribuiu mais responsabilidades aos Estados e Municípios levando à descentralização político-administrativa, ao crescimento da administração pública nesses entes e ao aumento da influência das organizações da sociedade civil nas políticas públicas e na gestão pública (PUPPIM DE OLIVEIRA, 2017, p. 10). Cabe ressalvar que a hiperinflação nos anos 1980 e na primeira metade dos anos 1990 (a inflação atingiu quase 2.000% em 1989 e 2.500% em 1993) deixou pouco espaço para reformas mais abrangentes da administração pública, justamente porque os esforços dos órgãos da administração (União, Estados e Municípios) concentrou-se no controle de suas finanças para evitar que as receitas evaporassem no calor da hiperinflação. Subsequentemente, a 28 privatização e a desregulamentação dos serviços públicos consonantes ao Consenso de Washington foram feitas de forma inescrupulosa e agravaram ainda mais a situação econômica (PUPPIM DE OLIVEIRA, 2017, p. 11). Nas palavras de BRESSER PEREIRA (1996, p. 12): No caso da administração pública, o fracasso deveu-se, principalmente, à tentativa desastrada de reduzir o aparelho do Estado, redução drástica da remuneração, demitindo funcionários e eliminando órgãos, sem antes assegurar a legalidade das medidas através da reforma da Constituição o que desorganizou ainda mais a já precária estrutura burocrática existente, e desprestigiando os servidores públicos, de repente acusados de todos os males do país e identificados com o corporativismo. Não obstante, entre 1992 e 2002 a abertura da economia continuava gradualmente e o Estado entrava mais profundamente na era da Nova Gestão Pública passando a buscar por mais eficiência e profissionalismo através da desburocratização, da redução gradual do número de funcionários públicos federais e de diversas reformas gerenciais introduzidas inicialmente no governo federal e posteriormente em alguns estados e municípios (NUNBERG; PACHECO, 2016; BRESSER PEREIRA, 2016 apud PUPPIM DE OLIVEIRA, 2017, p. 10 ) Subsequentemente, uma série de reformas administrativas foram conduzidas principalmente na burocracia federal a partir da segunda metade da década de 1990. Em 1995 foi criado o Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado (MARE), liderado pelo ministro Bresser-Pereira, para executar as reformas administrativas cujo cerne dos esforços foram as reformas gerenciais baseadas em alguns dos princípios da Nova Gestão Pública (NPM) mas se limitaram a melhorar a eficiência e a responsabilização das burocracias federais (PUPPIM DE OLIVEIRA, 2017,p. 11). Dessa feita o principal impacto foi a redução das despesas com pessoal a nível nacional; no governo federal a título de exemplo, em termos de percentual da receita líquida corrente, os gatos com pessoal caíram de 55% em 1995 para 30% em 2003, ainda que o ritmo das reformas tenha desacelerado com a incorporação do MARE ao Ministério do Planejamento no final da década de 1990 e a mudança de espectro político do governo em 2002 (PUPPIM DE OLIVEIRA, 2017, p. 12). De maneira pendular, entre 2002 e 2017 as tendências liberais foram revertidas na economia, o nacional-desenvolvimentismo voltou à pauta do governo federal e o número de funcionários públicos aumentou gradativamente embora algumas das reformas gerenciais continuassem na administração pública federal e em alguns estados e municípios. Para tanto colaboram evidências, como o aumento gradativo durante o governo Lula do número de funcionários da administração federal e volume orçamentário de gato com pessoal (PUPPIM DE OLIVEIRA, 2017, p. 12). 29 Ainda que no governo de Dilma Rousseff (2011–2016) tenham ocorrido algumas reformas importantes como a minimização dos regimes de pensões dos funcionários públicos ingressantes e futuros, a implementação de meios eficazes para transparência e prestação de contas, o tamanho do estado continuou a crescer de forma descontrolada, incluindo um conjunto de organizações de auditoria pública e promotores cresceu em escopo e tamanho junto com a transparência. Porém já em 2016, a presidente Dilma Rousseff sofreu impeachment e o governo liberal de Michel Temer sucedeu revertendo as tendências do desenvolvimentismo nacional (PUPPIM DE OLIVEIRA, 2017, p. 12). É importante salientar que há disseminação de ideias de administração pública, em que poderosas influencias impulsionam reformas, uma vez que a dinâmica da gestão pública está diretamente ligada às ideias conceituais e modelos práticos que vêm de diferentes atores, como os governos e as organizações internacionais (BRINKERHOFF, 2015 apud PUPPIM DE OLIVEIRA, 2017, p. 9). Entretanto, não são mais apenas os mesmos países centrais: os BRICS agora estão começando a influenciar e exportar suas ideias e práticas administrativas, competindo com doadores tradicionais por soft power, nada obstante o Brasil tem sido o berço de ideias inovadoras como o orçamento participativo e o Bus Rapid Transit (BRT), que vem sendo adotadas por centenas de cidades e países ao redor do mundo (PUPPIM DE OLIVEIRA, 2017, p. 19-20). Como corolário, podemos perceber que as redes internacionais (como o BRICS) podem ser muito benignas para a modernização administrativa pois, além de uma via para troca de experiências e capacitação, pode incentivar a desenvolver mecanismos de responsabilização para elevar o nível de governança em relação aos velhos e novos desafios da administração pública (PUPPIM DE OLIVEIRA, 2017, p. 19-20). Podemos desfechar colocando que: apesar das reformas gerenciais, os modos burocrático e patrimonialista ainda prevalecem na administração pública brasileira com bolsões de modos gerenciais, mais ainda em algumas organizações do que em outras; não raro sinais de meritocracia são difíceis de encontrar em muitas organizações e em algumas as reformas gerenciais nunca surtiram efeito. Na verdade o patrimonialismo nunca saiu do cerne das burocracias brasileiras, afinal ainda temos indicações políticas para cargos tecnocráticos importantes (PUPPIM DE OLIVEIRA, 2017, p. 13). 2.4 O ESTADO NEO-WEBERIANO BRASILEIRO E O NEW PUBLIC MENAGEMENT Segundo Weber (1968), a burocracia pode ser definida como uma forma de dominação legítima raciona-legal que possui maior alcance técnico de rendimento por ter em sua razão 30 instrumental características como a disciplina, o rigor, a precisão e a continuidade, dando uma aplicação homogênea a todas as espécies de tarefas, instituindo uma base poderosa e eficiente de controle das pessoas, que quando devidamente estabelecida, não é passível de reversão. A burocracia weberiana se fez presente em grandes instituições da modernidade com o intuito de afastar os vícios do favoritismo, do personalismo e do patrimonialismo, regendo-se por meio de uma hierarquia e pela supervisão das atividades dos subordinados, com base em regras que são aplicadas imparcialmente por funcionários profissionais e com qualificação técnica, e ainda, recrutados por critérios meritocráticos e de senioridade (LEITE, 2016, p. 83). Para Weber (1968), existem três fatores que ocasionaram a burocratização: as demandas pela igualdade perante a lei, a competição entre as empresas privadas e, ainda, a competição entre os próprios Estados, o que acarretou no aumento do controle do cidadão. O modelo burocrático weberiano, portanto, ainda é o principal modelo que retrata o funcionamento do governo, e por este motivo, também recebe a grande maioria das tentativas de reformas (PETERS, 2009, p. 9 apud LEITE, 2016, p. 84) A Nova Administração Pública ou modelo Gerencial é resultado da influência dos movimentos reformistas em meados dos anos de 1990, que propuseram mudanças na burocracia estatal para promover a flexibilização e a descentralização de procedimentos e mecanismos de Gestão Pública, vez que, o modelo burocrático weberiano passou a ser considerado inadequado para a contemporaneidade por sua morosidade e ineficiência. Frisa-se, portanto, que nesse contexto, surgem modificações de caráter fundamental propondo um modelo pós burocrático de gestão baseado em valores de eficiência, efetividade, eficácia, inovador, flexível e com foco em resultados (LEITE, 2016, p. 85). Em síntese, esse novo modelo de Administração Pública sugere um alcance real dos objetivos de um serviço público benéfico para a população e as demandas sociais, que considera os impactos de médio e longo prazo e possui consciência política, prezando pela consolidação da democracia e utilizando dos recursos públicos de maneira e racional (COELHO, 2012 apud LEITE, 2016, p. 85). Deste modo, a New Public Management tem como características a descentralização, a desconcentração organizacional nas atividades exclusivas do Estado, a eficiência na prestação de serviços, a orientação para o controle de resultados e a accountability (LEITE, 2016, p. 85). Portanto, a ideia fundamental do modelo Gerencial é o serviço e o foco no cliente, resultado de uma mudança de paradigma pós-burocrática. Porém, ainda que não haja um conceito único sobre a New Public Management, a tabela a seguir demonstra dados convergentes na doutrina sobre sua definição: 31 Characteristics of the New Public Management Undisputed characteristics (identified by most observers) Debatable attributes (identified by some, but not all, observers) Budget cuts Vouchers Accountability for performance Performance auditing Privatization Decentralization Strategic planning and management Separation of provision and production Competition Performance measurement Changed management style Contracting out Freedom to manage (flexibility) Improved accounting Personnel management (incentives) User charges Separation of politics and administration Improved financial management More use of information technology Legal, budget, and spending constraints Rationalization of jurisdictions Policy analysis and evaluation Improved regulation Rationalization or streamlining of administrative structures Democratization and citizen participation Fonte: Gruening (2010, p. 2 apud LEITE, 2016, p. 87) Frisa-se que mesmo com os apontamentos da tabela anterior é necessário ressaltar que o Modelo Gerencial não é um modelo neutro de gerir o governo, pelo contrário, é uma atividade intimamente ligada coma política, com o direito e com a sociedade civil. Nesse sentido, o modelo problematiza uma questão que discute se é ou não é um novo paradigmana Administração Pública, sendo que para alguns autores é somente uma base intelectual para a reforma da Gestão Pública e não uma área intelectual unificada (LEITE, 2016, p. 87). Há, portanto, grande divergência na doutrina sobre a utilização isolada tanto do Modelo Burocrático Weberiano, visto como tipo ideal para colocar limites nas formas de clientelismo e patrimonialismo, quanto do Modelo Gerencial, que se concentra na premente necessidade de modificação do aparelho Estatal para melhorar sua performance. Nessa toada, para alguns 32 autores neo-weberianos a necessidade atual é de reafirmação do papel do Estado, mas com uma nova abordagem, uma abordagem híbrida, que misture elementos do Estado Burocrático com características do Modelo Gerencial (LEITE, 2016, p. 89). Portanto, os recentes apontamentos sobre a Reforma do Estado, após o neoliberalismo, se baseiam em ideais de uma burocracia híbrida que pode ser combinada com elementos do Estado burocrático e pressupostos da New Public Management, levando em consideração a amplificação democrática com práticas novas de participação no processo decisório (LEITE, 2016, p. 81). Não se trata, portanto, de um retorno ao passado com o resgate da integralidade do Modelo Burocrático, porém, é importante ressaltar uma perspectiva crítica da leitura econômica gerencial e seus efeitos das reformas gerencialistas o que indicou a busca da ressignificação do Estado Weberiano capaz de garantir a separação dos interesses públicos e dos interesses privados e também de rechaçar a interferência de relações de favorecimento, pois essas características fazem parte de um contexto histórico-social não podendo ser confundidas com causas da ineficiência do Modelo Burocrático (JUNQUILHO, 2004, p. 145 apud LEITE, 2016, p. 88). Deste modo, são apontadas medidas como um aumento do poder dos indivíduos com objetivo de maior inclusão democrática e equidade, por meio da politização da Administração Pública, desfazendo a falsa impressão de que o Modelo Gerencial era neutro e de que a simples redução dos recursos humanos como objetivo econômico bastava, frisando que o desempenho do Estado deve ser aprimorado por meio da sua capacidade burocrática, com o enaltecimento da técnica (LEITE, 2016, p. 89). De acordo com o Modelo Híbrido de Estado haveria uma fusão com características do Modelo Burocrático de um Estado forte com um serviço público robusto, com uma clara cisão entre setores público e privado, baseado na legislação administrativa para a orientação dessas relações de maneira igual, juntamente com as características do Modelo de Gerencial, com a permeabilidade de mudança em regras burocráticas em consonância à necessidade do cidadão, por meio da criação de uma cultura profissional de qualidade, priorização de resultados e diminuição de processos com a profissionalização do serviço público e o emprego do tratamento do cidadão como cliente (LEITE, 2016, p. 91). Esse novo modelo, portanto, acarretaria uma mudança de orientação interna voltada para satisfação das necessidades do cidadão, suplementação da função da democracia representativa, característica com mais visibilidade no norte da Europa, por meio de dispositivos de consulta e representação direta e, ainda, a criação de um gestor profissional com a profissionalização do 33 serviço público, visando um maior e melhor atendimento aos usuários (POLLITT e BOUCKAERT, 2011, p. 118-119 apud LEITE, 2016, p. 91) Nesse sentido, a modernização da Administração Pública inclui a resposta às demandas por meio de diálogo, da ampliação de governabilidade e confiança nas instituições democráticas para assegurar o debate político, que se traduz na adoção do Modelo Híbrido de Estado, que propõe uma integração entre o mercado, a Administração Pública e a democracia deliberativa (LEITE, 2016, p. 92). 2.5 RESULTADOS Em suma, é ao modelo teórico do Estado Híbrido Neoweberiano que resultamos indutivamente a partir da explanação histórica e sociológica do Estado Brasileiro, isto é, há três camadas de isomorfismo no Estado Brasileiro, a administração patrimonialista, a administração burocrática weberiana e a administração pública gerencial (ou New Public Menagement), que resulta num Estado Híbrido com modelos de administração concorrentes, confirmado pelas reflexões teóricas expostas no subtópico anterior. Ora, aplicando novamente os preceitos do Neo-Institucionalismo Sociológico e os preditores de isomorfização (Conf. DIMAGGIO; POWELL, 2005, p. 82-83) podemos prever (Conf. MEYER, 1981, apud DIMAGGIO; POWELL; 2005, p. 79) que será esse hibridismo que será refletido nas Autarquias, como a UNESP. Assim, podemos induzir uma hipótese a ser vista no Capítulo 3: na UNESP devem existir ao menos duas camadas temporâneas de isomorformismo correspondentes aos períodos de prevalência de cada um desses paradigmas e por isso tende a não ser puramente gerencialista. Todavia, dispensa-se a explanação em separado da História da UNESP e da Universidade Pública em razão dos elementos influentes serem expostos dentro dos documentos que relataremos no capítulo a seguir. 34 III. RELATÓRIO DOCUMENTAL DAS REFORMAS E ANÁLISE QUALITATIVA 3.1 RELATÓRIO ANALÍTICO DO DOCUMENTO ‘PLANO DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL 2019-2028’ Relatando o PDI 2019-2028, que engloba muitos elementos além da reforma administrativa, é importante ressaltar apenas três núcleos que podemos identificar como relevantes para o aspecto administrativo e as análises qualitativas que faremos. O primeiro núcleo é o jurídico-administrativo, segundo o documento: O PDI é requisito da Lei de Diretrizes e Bases - LDB da Educação Nacional. Ele estabelece que a instituição de ensino superior deve demonstrar sua missão, visão de futuro e valores, aspectos conjugados a sua orientação pedagógica, estrutura organizacional e atividades acadêmicas. Mais do que uma exigência legal, o PDI é uma ferramenta para o planejamento de diretrizes e avaliação das atividades da instituição. A estrutura deste documento segue a Legislação Federal, a partir do Decreto no 5773 de 09 de Maio de 2006, que versa sobre os eixos temáticos essenciais para um PDI. [...] A Constituição Federal, em seu artigo 207 dispõe que “As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão” (CPDI, 2019, p. 7-8; 16) O segundo núcleo é a consulta à todas as categorias administrativas de servidores para identificar estatisticamente os pontos fracos da administração bem como legitimar as reformas. Os resultados indicam que, no que tange aos desafios do PDI 2009-2018, esses ainda não foram atendidos. Vamos destacar o desafio do Planejamento, que é definido como ‘’constante aprimoramento do planejamento na gestão e na governança universitária, em consonância com princípios democráticos e de transparência’’; a Avaliação institucional que consiste em criar meios para ‘’renovar as concepções filosóficas, acadêmicas, científicas e administrativas’’; e a Desburocratização que consiste na ‘’consolidação do processo de desburocratização da Universidade’’ (CPDI, 2019, p. 37). Nessa consulta, o índice de atendimento mais elevado diz respeito ao desafio da inclusão (ainda assim com menos de 50%) e o desafio com menor avaliação diz respeito à desburocratização. Precisamente, entre os itens mais necessários do ponto de vista gerencial vemos os índices mais insatisfatórios a saber: a índice de atendimento ao desafio de avaliação Avaliação Institucional está 8º de 15 desafios, com uma média em torno de 16,4% de atendimento; o índice respectivo ao desafio do Planejamento está em 10º com uma média em torno de 13,9%; o índice respectivo ao desafio da Desburocratização está em 15º com minguantes 8,5% (CPDI, 2019,
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