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Autoras: Márcia Costa Alves da Silva Maria da Graça Ribeiro das Neves de Souza Dados Pessoais Nome: ___________________________________________________ Turma:____________ Matrícula:__________ Curso: _____________ Endereço: ________________________________________________ Cidade: _____________________________________ UF: _________ CEP: ________________ Telefone: ___________________________ E-mail: ___________________________________________________ GESTÃO ESTRATÉGICA NO SETOR PÚBLICO Programa de Pós-Graduação EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito - Cx. P. 191 - 89.130-000 INDAIAL/SC - Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 - www.uniasselvipos.com.br CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof: Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Profa. Bárbara Pricila Franz Profa. Cláudia Regina Pinto Michelli Prof. Ivan Tesck Profa. Kelly Luana Molinari Corrêa Equipe Pedagógica do IBAM: Prof. Heraldo da Costa Reis Profa. Márcia Costa Alves da Silva Profa. Tereza Cristina Baratta Revisão de Conteúdo: Profa. Mara Biasi Ferrari Pinto Revisão Gramatical: Profa. Sandra Pottmeier Revisão Pedagógica: Profa. Bárbara Pricila Franz Diagramação e Capa: PROFTEC Copyright © Editora Grupo UNIASSELVI 2012 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri – Grupo UNIASSELVI – Indaial 361 S729p Souza, Rosimere de Políticas sociais / Rosimere de Souza. Indaial : Uniasselvi, 2012. 126 p. : il ISBN 978-85-7830-621-2 1. Políticas sociais. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci II. Núcleo de Ensino a Distância III. Título PARCERIA ENTRE IBAM E UNIASSELVI No momento atual, em todos os países, em qualquer instância de governo, observa-se um movimento de revisão do papel do Estado, somado à exigência das populações por atuação governamental de qualidade. Esta tendência conduz à demanda expressiva para que se consolide a existência e o funcionamento de um sistema qualificado de Gestão para a implementação de políticas públicas. A institucionalização dos processos de gestão e a profissionalização dos servidores públicos passam a ser instrumentos estratégicos para alavancar condições de melhor execução de atividades e projetos, bem como dos meios de controle necessários para avaliação de resultados da atuação governamental. Inúmeras iniciativas são implementadas para dar consistência a este modelo de gestão governamental que se apoia na valorização da transparência, da participação e do controle social, que não podem existir sem instrumentos adequados e pessoas qualificadas. É neste contexto que se forma a parceria do IBAM com a UNIASSELVI. Aprimorar o sistema de gestão pública, apoiar a formação de profissionais que queiram ser ou já são do quadro do setor público e ampliar a informação para o cidadão sobre como deve funcionar o governo são os propósitos iniciais do MBA em Gestão Pública que passa a integrar o programa de pós-graduação da UNIASSELVI. A equipe de Professores Autores que o compõe se destaca pelo desempenho profissional em projetos da Administração Pública e como docentes universitários. A experiência da UNIASSELVI em processos educacionais em nível superior, aliada à do IBAM, que há 60 anos atua, em nível nacional e internacional, para o aprimoramento da administração pública, é composição de excelência para enriquecer o cenário que se quer alcançar. O IBAM e a UNIASSELVI desejam a todos os participantes uma boa jornada de estudos. Aos que se dirigem ao setor público, que consolidem sua formação; e, aos demais, que ampliem o nível de informação sobre governo e aprendam a articular-se com ele como cidadãos. Paulo Timm Superintendente Geral do Instituto Brasileiro de Administração Municipal – IBAM Prof. Carlos Fabiano Fistarol Pró-Reitor de Pós-Graduação a Distância Grupo UNIASSELVI Maria da Graça Ribeiro das Neves Márcia Costa Alves da Silva Mestre em Ciências em Engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ - (1976) e Bacharel em Administração Pública pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas - EBAP/FGV (1970). Cursou o Programa de doutorado em Planejamento Urbano na University of California - Los Angeles (UCLA) - (1977- 1980). Especializou-se em Gênero e Planejamento na Universidade de Londres/Development Planning Unit – DPU. No IBAM - Instituto Brasileiro de Administração Municipal, onde atua desde 1987, atualmente é assessora técnica da Superintendência Geral. Ministrou cursos e palestras e coordenou a publicação de livros e artigos sobre temas de seu interesse e competência. No momento integra o Coletivo Editorial do IBAM – CEI. Mestre em Administração pela UNESA/RJ. Especialista em Recursos Humanos pela FGV/RJ. Psicóloga e bacharel em Direito. Coordenadora de Ensino do IBAM, atua no planejamento e na gestão de programas e projetos educacionais. Professora de cursos de pós-graduação em Gestão Empresarial e Gestão de Recursos Humanos. Consultora em Projetos de Modernização Administrativa na área de Gestão de Pessoas, Educação Corporativa, Responsabilidade Social, Comportamento Organizacional, Gestão por Competências, Desenvolvimento Gerencial e de Equipes. CV: <http://lattes.cnpq. br/1973733718894619>. Sumário APRESENTAÇÃO ......................................................................7 CAPÍTULO 1 AS BASeS TeóricAS dA GeSTão eSTrATéGicA ..................................9 CAPÍTULO 2 AS BASeS dA NovA AdmiNiSTrAção PúBlicA ................................. 41 CAPÍTULO 3 modeloS de GeSTão orGANizAcioNAl ......................................... 67 CAPÍTULO 4 excelêNciA NA GeSTão PúBlicA ................................................ 111 APRESENTAÇÃO Caro(a) pós-graduando(a): O Caderno de Estudos sobre Gestão Pública Estratégica que agora será o foco da atenção dos leitores, trabalha em duas direções complementares: uma de caráter geral que observa a administração em sua universalidade e, a outra que examina o caso brasileiro, em sua especificidade e tomando como referência a abrangência e aplicabilidade do conhecimento geral. Os capítulos 1 e 3 voltam-se para a disseminação de informações mais genéricas sobre a administração, registrando escolas e abordagens que ao longo do tempo deram elementos para sustentá-la como um campo do conhecimento aplicável a diferentes contextos sociais e ramos da atuação humana. Onde quer que haja necessidade de coordenar recursos com vistas a alcançar objetivos definidos, lá está a administração. O esforço humano cooperativo é das mais clássicas e antigas definições de administração. Já nos capítulos 2 e 4 são vistos os rebatimentos nacionais dos assuntos em tela. O primeiro deles está voltado para o registro e o exame dos diferentes momentos em que aconteceram inflexões importantes quanto à prática da administração pública no país mediante processos de modernização ou reforma administrativa. O quarto capítulo trata da iniciativa mais recente de mudança no modelo de gestão e funcionamento do setor público no Brasil, o Gespública que abrange um muito ambicioso processo de transformação que envolve técnicas, tecnologia, comportamento e cultura organizacionais. A intenção do presente caderno é fornecer ao aluno uma visão geral que apoie sua experiência profissional em administração. O documento está centrado no setor público, mas o material nele contido permite descortinar várias dimensões do fazer coletivo e cooperativo sem o qual o(a) administrador(a) não realiza seu trabalho. A administração é um campo de atuação fundamentalmente prático, operativo, mas sua efetividade resultade exercício de crítica e reflexão que envolve conceitos de diferentes campos das ciências sociais. E seus instrumentos são construídos com apoio nas ciências exatas, nas engenharias e da tecnologia da informação. Assim, caro(a) pós-graduando(a), abra as portas de um terreno fértil e desafiador. Sucesso nos estudos! As autoras. 8 Gestão Estratégica no Setor Público CAPÍTULO 1 AS BASeS TeóricAS dA GeSTão eSTrATéGicA A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 3 Examinar teorias e abordagens de sustentação voltadas à gestão estratégica. 3 Reconhecer implicações na administração pública. 10 Gestão Estratégica no Setor Público 11 As BAses TeóricAs dA GesTão esTrATéGicA Capítulo 1 coNTexTuAlizAção Como os estudos científicos impactam a gestão e a realidade do trabalho? Qual a diferença entre teoria e abordagem? Em uma era caracterizada pela complexidade, é importante buscar respostas para estas questões e conhecer as características e contribuições das principais escolas da administração e sua contribuição para as organizações. Em se tratando de Administração Pública, em qualquer nível de governo – Federal, Estadual ou Municipal – a necessidade de profissionais capazes de compreender as particularidades da esfera governamental sempre existiu, mas com a crescente participação da sociedade nas decisões e a aproximação entre o público e o privado, a capacidade do Estado de formular políticas públicas capazes de atender as demandas da sociedade tem sido muito questionada. Compreender conceitos relacionados à gestão, seja na esfera pública ou privada, torna-se condição essencial para o desenvolvimento do pensamento crítico e para construção de novos saberes e aplicações do conhecimento na realidade. TeoriAS e ABordAGeNS dA AdmiNiSTrAção – coNceiToS, cArAcTeríSTicAS FuNdAmeNTAiS e PriNciPAiS rePreSeNTANTeS Neste Capítulo iremos abordar as principais teorias e abordagens da ciência da administração. Importante destacar que utilizamos o termo teoria (ou “escola”) como o conjunto de conhecimentos e princípios de uma ciência e o termo abordagens para indicar estudos relevantes, contribuições dentro de uma mesma teoria. Uma teoria corresponde a um horizonte temporal mais amplo; assim, influenciada por uma determinada teoria, podemos identificar uma ou mais abordagens que a complementam ou apresentam novas interpretações. Algumas abordagens foram muito importantes para a administração, se confundem com teorias, mas há outras que não se sustentariam sem a teoria que lhes forneceu insumos de pesquisa. Deste modo, com base principalmente na obra Administração – Teorias e Processos, de Caravantes, Panno, Kloeckner (2005) identificamos a evolução 12 Gestão Estratégica no Setor Público Frederick Taylor, conhecido como o pai da administração científica deu ênfase ao estudo de tempos e métodos de trabalho. histórica das principais abordagens e teorias da administração. Algumas correspondem a momentos específicos que influenciaram práticas de gestão na administração pública. O resumo das teorias e abordagens da administração, com indicação de seus mais representativos autores é apresentado a seguir: eScolA cláSSicA Muitos dos métodos e instrumentos de gestão que são aplicados nas organizações da sociedade da informação e do conhecimento encontram-se na administração cientifica de Taylor e na gerência administrativa de Fayol. Esperamos que ao saber mais sobre a contribuição destes ilustres representantes da Escola Clássica, você possa formar sua opinião sobre a contribuição de ambos para a Administração. a) A Administração Científica de Frederick Taylor Atribui-se ao norte-americano Frederick Taylor, conhecido como o “pai da administração científica”, os primeiros estudos sistematizados sobre as organizações no final do século XIX. Mecânico, engenheiro e líder de grupo, Taylor, estudou o rendimento de trabalhadores na indústria numa perspectiva da interação do homem com o meio social criado pela organização. Em sua investigação deu ênfase ao estudo de tempos e métodos de trabalho com o objetivo de melhor aproveitamento do trabalhador no processo de produção. Em contrapartida, deu pouca atenção aos aspectos comportamentais que influenciavam o trabalhador. Em seu livro “Princípios da Administração Científica” indicou um conjunto de princípios básicos como meio para o aprimoramento do desempenho organizacional. Para Caravantes, Panno, Kloeckner (2005, p. 58), a contribuição de Taylor pode ser resumida nos quatro princípios que caracterizam a Administração Científica: • Estabelecer uma ciência da produção; • Treinar e selecionar trabalhadores; • Aplicar essa ciência para tarefas operativas; • Construir um sistema de cooperação entre trabalhadores e gerência para alcançar os objetivos. Para Caravantes, Panno, Kloeckner (2005) é de extrema importância ao atentarmos às ideias de Taylor e, mais especificamente, a seus Princípios da Administração Científica, que essas informações foram emitidas em 1900!! 13 As BAses TeóricAs dA GesTão esTrATéGicA Capítulo 1 Fayol definiu cinco funções básicas da Administração – planejamento, organização, comando, coordenação e controle. Os elementos básicos da administração propostos por Fayol se concentravam na necessidade de identificação e agrupamento de funções (produtivas, auxiliares, de supervisão etc.) para estabelecer departamentos, inclusive de cúpula (ou de comando), como meio para minimizar os custos das atividades desempenhadas pela organização. Como veremos adiante, os princípios da administração científica ainda hoje integram as abordagens contemporâneas da administração e influenciaram iniciativas de modernização do Estado como estudaremos no Capítulo 2. b) A Gerência Administrativa de Henri Fayol Se Taylor foi importante representante na América, a Europa teve em Henri Fayol um de seus grandes nomes no estudo da Administração no final do século XIX e início do XX. Enquanto Taylor, até mesmo por sua formação em engenharia, deu foco à linha de produção para o desempenho organizacional, Fayol, que foi diretor geral de uma mineradora, enfatizou os dirigentes e a estrutura da organização. Os elementos básicos da administração propostos por Fayol se concen- travam na necessidade de identificação e agrupamento de funções (produtivas, auxiliares, de supervisão etc.) para estabelecer departamentos, inclusive de cúpula (ou de comando), como meio para minimizar os custos das atividades desempenhadas pela organização. Seus estudos buscaram a compreensão da organização numa perspectiva “de cima para baixo”, ou seja, de seus dirigentes para a base. Com isso, sua contribuição concentra-se na melhor compreensão da estrutura da organização. Fayol definiu cinco funções básicas da Administração – planejamento, organização, comando, coordenação e controle – que abrangiam o conjunto de atividades administrativas (ou processo administrativo) a serem desempenhadas pelos gerentes. As funções básicas foram adaptadas e consolidadas em quatro – planejamento, organização, liderança e controle e, ainda hoje são utilizadas para compreensão dos processos básicos de uma organização. Dentre as funções básicas, merece destaque sua concepção de planeja- mento, de que: [...] sem planos e objetivos claros, as demais funções perdiam valor, pois ficavam como vazias. Uma organização que não planeja e, portanto, não tem clareza de seus objetivos é como um barco navegando em noite escura e em mares desconhecidos, sem dispor de instrumentos de navegação. O resultado provável não pode ser muito auspicioso (CARAVANTES; PANNO; KLOECKNER, 2005, p. 63). Como podemos ver, sua ideia sobre planejamento, no presente, como condicionante para alcance de resultados, no futuro, ainda é bastante atual. 14Gestão Estratégica no Setor Público A publicação do livro “Administração industrial e geral” em 1916, representa um marco para o estudo da gestão e conteúdo de destaque em cursos de Administração. Atividade de Estudos: 1) Taylor e Fayol são dois ilustres representantes da Escola Clássica da Administração. Ambos engenheiros que desenvolveram estudos a partir da experiência como profissionais da indústria. Enquanto o primeiro desenvolveu sua teoria numa percepção da organização “de baixo para cima” o segundo a percebeu “de cima para baixo”. Que elementos confirmam esta afirmação? ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ c) Max Weber e a Burocracia Este sociólogo alemão, cientista político e economista, ficou conhecido por ter criado o termo burocracia. Sua teoria enfatizou “a organização formal, os meios racionais utilizados para dirigir as atividades de muitos indivíduos ocupantes de cargos diferentes, visando atingir um objetivo comum” (CARAVANTES; PANNO; KLOECKNER, 2005, p. 65). Vale lembrar que seus estudos se deram no período da Revolução Industrial, ocasião em que o conhecimento despontava como elemento capaz de produzir melhorias nos métodos e técnicas de produção. Em seu interesse de identificar e comparar estágios de desenvolvimento de diferentes indústrias para explicar seu desempenho e a importância da autoridade neste processo, Weber desenvolveu três tipos de relações de autoridade: • Tradicional – fundamentada nos costumes e práticas do passado. • Carismática – fundamentada na devoção ao caráter ou conduta considerada exemplar de um indivíduo. 15 As BAses TeóricAs dA GesTão esTrATéGicA Capítulo 1 • Racional-legal – fundamentada na autoridade exercida pela natureza de determinados cargos. Weber considerou a autoridade racional-legal (autoridade do cargo e não da pessoa) como a mais adequada para que as “organizações de porte, complexas em natureza” pudessem alcançar seus objetivos. Caravantes, Panno, Kloeckner (2005, p. 65) assinalou os aspectos fundamentais da organização burocrática proposta por Weber. São eles: • Ênfase na forma, que se materializava em um conceito definido de hierarquia, uma organização sequencial de cargos, bem delimitados por regras e normas. • Especialização da tarefa e competência: só estaria qualificada para integrar o quadro administrativo da organização, e, portanto, em condições de nomeação para funções oficiais, a pessoa que demonstrasse preparo técnico adequado. Portanto, o treinamento adquiria especial importância nesse contexto. • Regras e normas: de modo a garantir que os objetivos fossem efetivamente alcançados, era necessário que existissem certos parâmetros e orientações oficiais a serem seguidos. • Responsabilidades definidas para os ocupantes dos cargos, com a autoridade necessária para o desempenho efetivo. • Registro: todos os conhecimentos relevantes da vida organizacional deveriam ser documentados. Robert Merton que utilizou os estudos realizados por Weber para análise das organizações se referiu a burocracia como: Uma estrutura social formal, racionalmente organizada, implica modelos de atividades claramente definidos, nos quais idealmente cada série de ações está ligada funcionalmente aos objetivos da organização. Em tal organização há uma série integrada de funções, de status hierárquicos, que implica um certo número de privilégios e obrigações, definidas por regras limitadas e específicas. Cada uma dessas funções compreende uma esfera de competência e responsabilidade. A autoridade, o poder de controle, vindo de um regulamento reconhecido, é prerrogativa do cargo e não da pessoa que ocupa o mesmo. O sistema de relações estabelecido entre diversas funções implica um grau considerável de formalismo e define claramente a distância social, separando os indivíduos que ocupam esses cargos. Assim, o tipo ideal de uma organização formal seria a burocracia, e para melhor 16 Gestão Estratégica no Setor Público compreensão, a análise clássica da Burocracia seria a de Weber. O principal mérito da Burocracia é a sua eficiência técnica. Ela prima pela precisão, rapidez, avaliação, continuidade. Fonte: Merton (apud CARAVANTES; PANNO; KLOECKNER, 2005, p. 66). De modo geral, a burocracia tem sido associada à gestão lenta, disfuncional, pouco ou quase nada voltada para resultados. Pelo exposto, podemos verificar que este entendimento não corresponde às ideias de Weber. Na verdade, a burocracia pressupõe um conjunto de ações sistemáticas que visam o bom desempenho da organização. Na sua opinião, o que contribuiu para esta visão distorcida sobre a burocracia? No capítulo 2, você vai estudar sobre a Reforma Burocrática do Estado e isto irá ajudá-lo a compreender e a estabelecer relações entre a teoria clássica e algumas iniciativas de reforma realizadas pelo Estado brasileiro. Para finalizarmos o estudo sobre a Escola Clássica da Administração, destacamos no quadro a seguir as contribuições de seus principais representantes. Quadro 1 – Principais representantes da Escola Clássica Taylor (Administração científica) Fayol (Departamentalização) Weber (Organização burocrática) Características da administração Treinamento em regras e rotinas. Definição de funções da organização e divisão do trabalho. Hierarquia e autoridade. Regras para realização do trabalho. Impessoalidade. Divisão do trabalho. Hierarquia e autoridade. Deu ênfase Ao empregado. Ao gerente. A organização. Pontos Fortes Produtividade e eficiência. Definição da Estrutura Papel dos gerentes. Racionalização e eficiência. Pontos Fracos Subestimou as necessi- dades sociais. Foco interno. Excessiva ênfase no comportamento racional do gerente. Muita rigidez. Lentidão. Fonte: Adaptado de Caravantes, Panno e Kloeckner (2005, p. 67). 17 As BAses TeóricAs dA GesTão esTrATéGicA Capítulo 1 Para Caravantes, Pannoe Kloeckner (2005, p. 81) “o grande mérito da Escola de Relações Humanas foi desvendar ao mundo que o homem, o grupo e suas inter-relações eram vitais para os resultados buscados pelas organizações”. Outros nomes se destacaram na Escola Clássica da Administração, como Henry Ford, Frank e Lilian Gilbreth e Mary Follett. Pesquise sobre estes estudiosos e suas principais contribuições para a Administração. Como vimos, as contribuições da Escola Clássica ainda hoje são relevantes, mas há de se destacar que, na época, as principais críticas se concentraram na ênfase aos aspectos formais da organização e a pouca (ou nenhuma) atenção dedicada aos aspectos do comportamento dos indivíduos. E foi exatamente por este aspecto negligenciado que uma outra vertente de pesquisas se iniciou, trata-se da Escola das Relações Humanas que estudaremos a seguir. TeoriA (ou eScolA) dAS relAçõeS HumANAS Os estudos realizados pelos representantes da Escola das Relações Humanas, tiveram, assim como os da Escola Clássica, a preocupação com a melhoria do desempenho organizacional. Para Caravantes, Pannoe Kloeckner (2005, p. 81) “o grande mérito da Escola de Relações Humanas foi desvendar ao mundo que o homem, o grupo e suas inter-relações eram vitais para os resultados buscados pelas organizações”. Um dos nomes associados a esta Escola é o de Elton Mayo, que com outros pesquisadores da Harvard, desenvolveram entre 1920 e 1930, estudos relacionados ao comportamento humano. Estes estudos ficaram conhecidos como Estudos de Hawthorne, e, embora tenham atenuado o mecanicismo característico da Escola Clássica acabaram por representar uma oposição em relação a esta,onde não mais a estrutura, mas o homem é que deveria ser objeto de análise. Foram as seguintes as proposições da Escola das Relações Humanas (CARAVANTES; PANNO; KLOECKNER, 2005): • O incentivo econômico não é a única força motivadora a que o trabalhador responde; a produção é fortemente influenciada tanto pelas relações com os outros companheiros de trabalho como por seus problemas pessoais, tanto dentro como fora da fábrica. 18 Gestão Estratégica no Setor Público • O trabalhador não se comporta como um ser isolado, mas sim como um membro do grupo. Essas inter-relações criam aquilo que chamamos de organização informal. • A especialização funcional não cria, necessariamente, a organização mais eficiente. Tanto que a rotação de cargo, em que o indivíduo alterna tarefas a serem executadas, contribui para seu melhor desempenho. Os pesquisadores de Hawthorne concluíram que: • A colaboração nos grupos não ocorre acidentalmente; ela precisa ser planejada e desenvolvida. Se a colaboração grupal é alcançada, as relações no ambiente de trabalho podem alcançar um nível de coesão capaz de resistir aos distúrbios externos de uma sociedade turbulenta em buscar de adaptar-se; • O trabalhador é uma pessoa cujas atitudes e eficácia são condicionadas pelas demandas sociais tanto internas quanto externas à organização; • Os grupos informais internos à organização exercem fortes controles sociais sobre os hábitos de trabalho e atitudes dos trabalhadores; • A mudança de uma sociedade estabelecida e estável para uma sociedade adaptativa ou em mudança tende em base continuar a perturbar a organização social de uma empresa ou uma indústria; • O trabalho é uma atividade de grupo; • O mundo social de um adulto é primariamente estruturado pela atividade de trabalho; • A necessidade de reconhecimento, segurança e senso de pertencimento é mais importante na determinação da moral do trabalhador e de sua produtividade do que as condições físicas que lhe são oferecidas; • Uma queixa não corresponde necessariamente a uma relação objetiva de fatos; ela é usualmente um sintoma, manifestando uma perturbação na posição de status do reclamante. Fonte: Caravantes, Panno e Kloeckner (2005, p. 82). 19 As BAses TeóricAs dA GesTão esTrATéGicA Capítulo 1 Atribui-se ao estruturalismo a inclusão de temas como conflito e poder ao estudo das organizações e o que denomina de dilema organizacional, ou seja, o conflito inevitável “entre objetivos organizacionais e necessidades individuais”. O fato de os primeiros estudos realizados pela Escola das Relações Humanas terem representado uma oposição a Escola Clássica, fez com que outras abordagens, também de base humanista surgissem, como é o caso das abordagens estruturalista e comportamental que veremos a seguir. a) Abordagem Estruturalista O estruturalismo buscou a integração entre os aspectos mais relevantes da Escola Clássica e da Escola de Relações Humanas, minimizando a oposição de ideias entre essas duas escolas da administração. Atribui-se ao estruturalismo a inclusão de temas como conflito e poder ao estudo das organizações e o que denomina de dilema organizacional, ou seja, o conflito inevitável “entre objetivos organizacionais e necessidades individuais”. Amitai Etzioni (apud CARAVANTES; PANNO; KLOECKNER, 2005) considerado um dos principais representantes do estruturalismo sobre as Escolas Clássica e de Relações Humanas afirma que: A Administração Científica e a Escola de Relações Humanas eram, em certos aspectos, diametralmente opostas. Os fatores que uma escola considerava críticos e cruciais, a outra simplesmente ignorava. Entretanto, as duas tinham um elemento comum: nenhuma delas via qualquer contradição básica ou dilema insolúvel nas relações entre a busca de racionalidade por parte da organização e a busca de felicidade de parte do indivíduo. A Administração Científica entendia que a organização mais eficiente seria também a organização mais satisfatória, uma vez que ela maximizaria tanto a produtividade como o pagamento do indivíduo... A abordagem das Relações Humanas entendia que a organização mais satisfatória seria também a mais eficiente. Ela sugeria que os trabalhadores não ficariam satisfeitos numa organização fria, formal, que apenas satisfizesse suas necessidades econômicas... Fonte: Etzioni (apud CARAVANTES; PANNO; KLOECKNER, 2005, p. 58, grifos nossos). 20 Gestão Estratégica no Setor Público Uma das principais críticas à abordagem estruturalista foi a excessiva ênfase dada aos aspectos comportamentais que, por sua vez, eram difíceis de ser comprovados cientificamente. Atividade de Estudos: 1) Registre sua opinião sobre o que Etzioni quis dizer com as frases em negrito assinaladas no texto. ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ Em resumo, a abordagem estruturalista propõe que a análise organizacional considere: • tanto a organização formal quanto a organização informal; • os níveis mais altos e os que se encontram na base da organização; • recompensas materiais e não-materiais; • a interação da organização com o ambiente. Uma das principais críticas à abordagem estruturalista foi a excessiva ênfase dada aos aspectos comportamentais que, por sua vez, eram difíceis de ser comprovados cientificamente. b) Abordagem Comportamentalista Os pesquisadores comportamentalistas se dedicaram ao aprofundamento de estudos sobre aspectos comportamentais do indivíduo na organização que, até certo ponto, foram negligenciados pelos estruturalistas, procurando estabelecer relação de causa e efeito em temas como conflito, motivação, cooperação, liderança e processo decisório. Alguns representantes da abordagem comportamentalista com sua respectiva contribuição para Escola das Relações Humanas são indicados a seguir: 21 As BAses TeóricAs dA GesTão esTrATéGicA Capítulo 1 • Chester Barnard – sua contribuição foi fruto de sua experiência como executivo em organizações. Como executivo, não encontrou na academia nenhuma teoria que o ajudasse a compreender os fenômenos que percebia nas organizações. Foi assim, a partir de sua experiência, que publicou em 1938 o livro “As funções do executivo” no qual deu ênfase ao papel do líder, a importância de se ter um propósito, a ética e a cooperação entre indivíduos na organização. Reconheceu em sua obra a existência de uma “organização informal” como sendo necessária para o funcionamento da “organização formal”. • Kurt Lewin – a obra deste psicólogo alemão que se refugiou nos Estados Unidos após a I Guerra Mundial, “mudou fundamentalmente o curso da Ciência Social. [...] a essência e grande parte de seu trabalho mais brilhante consiste em uma análise conceitual da natureza dos fenômenos que previamente tinham tido apenas rótulos populares” (CARAVANTES; PANNO; KLOECKNER, 2005, p. 129). Desenvolveu a Teoria de Campo na qual tratou da diferença e importância entre “observação” e “interpretação” a fim de evitar influência de ideias preconcebidas do observador na análise dos fatos. Pesquise sobre a Teoria de Campo e a análise do campo de forças para saber mais sobre a contribuição de Kurt Lewin. • Herbert Simon - Seu livro “Comportamento administrativo: um estudo dos processos decisórios” ainda hoje é referência nos cursos de administração. Conceitos como eficiência, racionalidade limitada, satisfação e otimização foram tratados por Simon para explicar os métodos e processos de trabalho. Se para Simon a organização existepara “fazer coisas”, preocupou-se em esclarecer o “processo prévio de busca de alternativas e de escolha que precedem a própria ação” (CARAVANTES; PANNO; KLOECKNER, 2005, p. 103). Leia o trecho a seguir do Livro “Comportamento Administrativo”, publicado pela FGV Editora em 1965 e tire sua própria conclusão sobre a contribuição de Hebert A. Simon para Administração. 22 Gestão Estratégica no Setor Público [...] a organização é importante porque em nossa sociedade, em virtude de os indivíduos passarem a maior parte da vida adulta trabalhando em organizações, o ambiente organizativo que os envolve gera a maioria das forças modeladoras e orientadoras do desenvolvimento de suas qualidades e hábitos pessoais. A organização é importante, em segundo lugar, porque proporciona aqueles que ocupam posições de responsabilidade os meios para exercer autoridade e influenciar os demais. Não se pode compreender o input e o output de um administrador, sem conhecer também a organização onde trabalha. Seu comportamento e a influência sobre os demais indivíduos decorrem da situação em que ele se encontra na organização. O conceito de organização Parte da dificuldade e da resistência à análise dos fatores organizativos que influenciam o comportamento do administrador, decorrem de interpretação errônea do termo “organização”. Para muitos, organização é sinônimo de organogramas ou de manuais de classificação de cargos, que devem ser religiosamente observados e anotados. Mesmo quando discutida por alguns dos seus mais argutos estudiosos, assume muito mais a forma de uma série de quadrinhos, dispostos de acordo com lógica arquitetônica abstrata, do que com uma casa a ser habitada por seres humanos. Para culminar, os departamentos de organização existentes nas grandes empresas e na administração pública reforçam, ao invés de eliminar, através de suas atividades, o estereótipo do que se entende por organização. O termo organização refere-se, neste livro, ao complexo sistema de comunicações e inter-relações existentes num grupamento humano. Esse sistema proporciona a cada membro do grupo parte substancial das informações, pressupostos, objetivos e atitudes que entram nas suas decisões, propiciando-lhes, igualmente, um conjunto de expectações estáveis e abrangentes quanto ao que os outros membros do grupo estão fazendo e de que maneira reagirão ao que ele diz e faz. Ao sistema que acaba de ser descrito, os sociólogos chamam de “sistema de papéis”, embora muitas pessoas o chamem, na intimidade, de “organização”. Fonte: Simon (1965, p. 16-17). 23 As BAses TeóricAs dA GesTão esTrATéGicA Capítulo 1 • Abraham Maslow - desenvolveu a Teoria das Necessidades Humanas (ou Hierarquia das Necessidades). Sua hipótese era de que todo comportamento humano é motivado. Segundo Maslow, as necessidades básicas apresentam-se dentro de uma hierarquia de valores onde o indivíduo passará para a etapa seguinte apenas quando tiver a necessidade anterior satisfeita. Silva (2006) exemplifica as necessidades da hierarquia indicada por Maslow: – fisiológicas - fome, sede, sono; – segurança - abrigo, emprego, família; – afeto (sociais) - carinho, amizade, pertencer a um grupo; – status - estima social, reconhecimento e apreço; – autorrealização - ideias humanitárias, busca autoconfiança, atualizar e realizar suas potencialidades. Embora bastante aceita e com grande reconhecimento, foi também criticada por pesquisadores que questionaram sua validade teórica. Para alguns, “Maslow não forneceu substanciação empírica, e muitos estudos que buscaram validar a teoria não encontraram sustentação para ela” (ROBBINS, 1999, p. 110). Entretanto, “estudos mais atuais sobre a motivação humana no trabalho mostram o grau de acerto e antevisão de Maslow” (CARAVANTES; PANNO; KLOECKNER, 2005, p. 110). A hierarquia proposta por Maslow é frequentemente representada por uma pirâmide (pirâmide de Maslow), na qual o indivíduo se movimenta de baixo para cima nos degraus da hierarquia quando tem a necessidade de determinado nível satisfeita. Figura 1 – Pirâmide de Maslow Fonte: Robbins (1999, p. 110). Da perspectiva da motivação, a teoria diria que, “embora nenhuma necessidade seja algum dia totalmente gratificada, uma necessidade substan- cialmente satisfeita não motiva mais” (ROBBINS, 1999, p. 110). AUTORREALIZAÇÃO 24 Gestão Estratégica no Setor Público • Frederick Herzberg - também desenvolveu estudos na área de motivação voltados para a satisfação humana no trabalho. Os estudos de Herzberg levaram à conclusão de que os fatores que influíam na produção de safisfação profissional eram desligados e distintos dos fatores que levavam à insatisfação profissional. Aos fatores que geravam satisfação ou não satisfação chamou de motivadores, e aos fatores que criariam as condições básicas e necessárias para o trabalho chamou de higiênicos. De acordo com Silva (2006), os fatores higiênicos são representados por condições de trabalho, salário, políticas administrativas, relacionamento com chefia e colegas de trabalho. A ausência de fatores higiênicos gera insatisfação, mas sua presença não é capaz de gerar satisfação. Os fatores motivacionais referem-se à tarefa em si, sua natureza, à autonomia com que é realizada, o desafio que representa, à criatividade que demanda etc. Os fatores motivacionais são condições de satisfação. A figura a seguir apresenta um paralelo entre a Hierarquia das necessidades de Maslow e os Fatores Higiênicos e Motivacionais de Herzberg. Figura 2 - Paralelo entre a Hierarquia das Necessidades x Fatores Higiênicos e Motivacionais Fonte: Adaptado de Caravantes, Panno e Kloeckner (2005, p. 114). • Douglas McGregor – propôs “duas opiniões distintas sobre a natureza dos seres humanos: uma opinião basicamente negativa, denominada de Teoria X, e uma opinião basicamente positiva, rotulada de Teoria Y” (ROBBINS, 1999, p. 205). De acordo com a Teoria X, os empregados evitam responsabilidades, são preguiçosos e a motivação para o trabalho reside no medo de perder o emprego. Por outro lado, a teoria Y, pressupõe que o empregado é criativo, assume responsabilidades e é motivado por atividades desafiadoras no trabalho. • Rensis Likert - desenvolveu pesquisas e teorias sobre motivação, liderança e organização, visando estabelecer uma relação entre desempenho organizacional, satisfação no trabalho e modelo gerencial. Criou uma 25 As BAses TeóricAs dA GesTão esTrATéGicA Capítulo 1 classificação para os estilos gerenciais adotados nas organizações que denominou de “sistemas”. Segundo Caravantes, Panno e Kloeckner (2005, p. 127), Likert foi um precursor ao visualizar “que o mundo necessariamente caminharia para uma integração e que, portanto, uma Teoria Mundial de Administração viria a ser necessária”. São os seguintes os sistemas sugeridos por Likert: • Sistema 1 – autoritário-coercitivo, caracterizado por mão-de- obra intensiva e tecnologia rudimentar, ou seja, pessoas de pouca qualificação e educação. • Sistema 2 – autoritário-benevolente, caracterizado por tenologia mais apurada e mão-de-obra mais especializada; coerção para manter controle sobre o comportamento. • Sistema 3 – consultivo, caracterizado por áreas administrativas mais organizadas e avançadas em termos de relações com os empregados. • Sistema 4 – participativo, caracterizado por sofisticada tecnologia e pessoal altamente qualificado (CARAVANTES; PANNO; KLOECKNER, 2005, p. 126). • David McClelland - desenvolveu a Teoria das Três Necessidades em que associou às necessidades de realização, de afiliação e de poder a fatores como aprendizagem, personalidade e ambiente organizacional. “A realização se refere à necessidade de superar desafios e atingir metas; a afiliação, às necessidades sociais, de relacionamento e pertencimento; e o poder, à necessidade de influenciar pessoas e situações” (CAVALCANTI,2006, p. 92). De acordo com os pressupostos da Teoria desenvolvida por McClelland os indivíduos agem de modo diferente em diferentes situações, entretanto, cada pessoa possui “uma tendência dominante para uma determinada necessidade, desenvolvida ao longo da vida, a partir de sua história e experiências, englobando a família, escola, religião e cultura na qual cresceu. E tais necessidades, mesmo no adulto, não são fixas e imutáveis, podendo ser aprendidas.” (CAVALCANTI; PANNO; KLOECKNER, 2005, p. 92). Agora é com você! Com suas palavras, estabeleça pontos comuns nos estudos desenvolvidos pelos comportamentalistas. Como vimos, nos estudos desenvolvidos por alguns dos representantes da abordagem comportamentalista já havia elementos que indicavam a necessidade de uma visão mais integradora e sistêmica dos elementos de uma organização. A Teoria Geral dos Sistemas, que veremos a seguir, buscou essa integração. 26 Gestão Estratégica no Setor Público TeoriA GerAl doS SiSTemAS A Teoria Geral dos Sistemas emergiu dos estudos de Kenneth Boulding e Ludwig Von Bertalanffy, por volta de 1950, em uma época em que se tornou necessário integrar diversas áreas de conhecimento. O contexto histórico “era o da Segunda Guerra Mundial, que exigiu a formação de equipes interdisciplinares, com especialistas de áreas diversas, para equacionar e solucionar os complexos problemas surgidos” (CARAVANTES; PANNO; KLOECKNER, 2005, p. 147). Posteriormente, no Instituto Tavistock em Londres, Trist coordenou estudos em que a organização é tida como um Sistema Sociotécnico Estruturado. Também merece destaque a contribuição dos psicólogos Katz & Kahn. O texto a seguir, o ajudará com os conceitos e pressupostos desses autores sobre a Organização como sistema social. A Organização como sistema social aberto Profa. Márcia Costa Primeiros estudos sobre sistemas abertos Os primeiros estudos sobre a Teoria dos Sistemas foram desenvolvidos por Ludwig Von Bertalanffy, logo após a Segunda Guerra Mundial. Estes estudos, voltados para a Física e a Biologia, foram publicados em 1956, no livro Teoria Geral de Sistemas (General Systems Theory). As pesquisas desenvolvidas por Bertalanffy influenciaram diversos estudos, entre os quais pode-se destacar a Teoria das Organizações. Outro estudo de relevante importância foi desenvolvido por Talcott Parsons denominado funcionalismo. O modelo de Parsons consiste em um método para análise dos fenômenos sociais e, embora criticada por alguns autores que a consideram limitada, a perspectiva funcionalista também é sistêmica. O conceito de empresa enquanto sistema social pode ser atribuído aos estudos desenvolvidos por Parsons, e envolve o reconhecimento da organização formal e informal dentro de um sistema global integrado (Wahrlich: 130). Cabe também ressaltar os estudos sociotécnicos desenvolvidos por Emery e Trist do Instituto de Relações Humanas de Tavistock em Londres (1965). A mais importante contribuição dada pelos pesquisadores de Tavistock 27 As BAses TeóricAs dA GesTão esTrATéGicA Capítulo 1 parece ser a de que a organização eficiente precisa levar em conta tanto as importações que o subsistema social faz do ambiente, isto é, valores e aspirações, como também as que faz o subsistema técnico, ou seja, matérias-primas, equipamentos, etc. (Motta e Vasconcelos: 181). Enquanto o funcionalismo recebeu críticas por centrar a ação no individuo, os estudiosos de Tavistock destacaram a organização como a unidade principal de análise. Outros modelos, considerando a organização como um sistema sociotécnico, foram elaborados pelos estudiosos do Centro de Pesquisa Social da Universidade de Michigan do qual destaca- se o nome de Rensis Likert. São três os principais modelos que surgiram na Universidade de Michigan e que variam de acordo com o grau de complexidade apresentado: o modelo de Likert, o da organização como um conjunto integrado de papéis e o modelo de Katz e Kahn, este último considerado um marco referencial no que se refere à contribuição da Teoria dos Sistemas à organização. O modelo de Likert pressupõe que a organização é um sistema de interligação entre grupos, que se processa através de elementos-chave que funcionam como elos, fazendo as ligações entre os grupos. Também a organização se relaciona com o ambiente através destes elementos-chave. Considerando as recentes abordagens sobre modelagem organizacional, pode- se observar que a idéia central do modelo de Likert aparece nos modelos de mapeamento cognitivo e nos sociogramas sugeridos como ferramentas de apoio à decisão. O modelo que pressupõe a organização como um conjunto integrado de papéis, amplia a noção de grupo apresentada no modelo de Likert para a de conjunto de papéis (role set). Segundo Motta e Vasconcelos (2002) esta concepção baseia-se na premissa de que não são as pessoas, em sentido absoluto, que estão interligadas, mas sim, pessoas desempenhando determinados papéis. A organização como sistema complexo sugerido por Katz e Kahn é considerada um marco referencial porque os autores conseguiram em sua obra - Psicologia Social das Organizações - analisar e consolidar todos os estudos desenvolvidos pela antropologia, pela sociologia, pela psicologia e outras ciências do comportamento sobre a Teoria dos Sistemas aplicada às organizações. 28 Gestão Estratégica no Setor Público O modelo de sistema aberto proposto por Katz e Kahn (1970) é considerado o mais abrangente e complexo e, por sua relevância para o estudo das teorias administrativas, suas principais caracte- rísticas são apresentadas a seguir: • Importação de energia (insumos, inputs) – os sistemas abertos importam alguma forma de energia do ambiente externo. Nosso corpo absorve o oxigênio e estímulos que provém do ambiente externo, e necessitamos destes “suprimentos” para o equilíbrio. Assim como os seres humanos, as organizações também necessitam e recebem insumos do ambiente externo, tais como: máquinas, matéria-prima, recursos financeiros, pessoas etc. • Processamento (transformação) – assim como o corpo humano transforma açúcar em energia, a organização processa os insumos em um determinado produto ou serviço. A organização necessita de algum tipo de estruturação interna que lhe permita transformar os insumos recebidos em produtos e/ou serviços. • Exportação de energia (saídas, output) – o ar que respiramos é devolvido ao ambiente na forma de dióxido de carbono. Também a organização exporta energia através dos produtos e/ou serviços oferecidos. • Entropia – entropia é um processo pelo qual todas as formas de organização se movem em direção à desorganização ou morte. Os sistemas fechados estão sujeitos à entropia, isto é, ao processo de deterioração crescente que o levará a morte. Nos sistemas abertos (biológicos ou sociais), a entropia pode ser interrompida pelo que denominamos entropia negativa, ou seja, a capacidade que o sistema aberto possui de se renovar, buscar alternativas de equilíbrio a partir dos insumos que importa do ambiente. • Informação e retroalimentação (input e feedback) – os inputs não são necessários apenas como insumos contendo energia, mas, e principalmente por seu caráter informativo, são essenciais para o sistema na medida em que geram dados sobre sua própria atuação neste ambiente. Se a Organização atua em determinado ambiente, é preciso que tenha mecanismos capazes de verificar o nível de impacto no ambiente a fim de manter ou alterar sua atuação futura. 29 As BAses TeóricAs dA GesTão esTrATéGicA Capítulo 1 • Estado firme (homeostase dinâmica) – trata-se do oposto da entropia. O estado firme se refere a tendência do sistema a buscar o equilíbrio, a estabilidade dinâmica e expansão. Na Organização a homeostase não é automática, mas possível a partir de mecanismos estabelecidos para esta finalidade. • Decomposição do sistema (diferenciação)– padrões difusos são substituídos por funções mais especializadas. O sistema pode ser decomposto em subsistemas de ordem inferior. Deste modo, a Organização pode ser entendida como um sistema, composto por vários subsistemas (departamentos), que, por sua vez, podem ser decompostos em subsistemas menores (seções) e, assim, por diante. • Equifinalidade – este princípio, proposto por Bertalanffy, tem como premissa de que um sistema pode alcançar, por uma variedade de caminhos, o mesmo estado final. A concepção do sistema aberto na atualidade [...] A superação dos novos desafios organizacionais cada vez mais depende da capacidade apresentada pela organização de responder com rapidez e qualidade as demandas da sociedade. O esquema “input – processamento – output – feedback” parece realmente ter sido incorporado no contexto organizacional, mesmo que algumas organizações ainda o utilizem para melhor compreensão de sua própria natureza de sistema inserida em um sistema maior. Como podemos observar, as características dos sistemas abertos não só são atuais, mas fundamentais para sobrevivência organizacional em um ambiente caracterizado por elevada competitividade. Todas as teorias e abordagens relevantes que surgiram após a Teoria Geral dos Sistemas estão, em maior ou menor grau, nela apoiadas. A compreensão de que a organização é um sistema composto por subsistemas menores que são as unidades de negócio, ou ainda, que a própria organização é também um subsistema de um sistema maior, parece essencial para entender os impactos que gera e recebe do ambiente em que está inserida. 30 Gestão Estratégica no Setor Público [...] Seja qual for a “ferramenta” utilizada pela gestão, o único aspecto que parece indiscutível é que, em cada uma delas há uma dimensão que contempla os ambientes interno e externo à organização. Conclusão Estamos inseridos em um contexto onde se preconiza a inovação como fator de vantagem competitiva, em uma sociedade onde os valores vigentes estão mais voltados para o imediatismo e onde há uma supervalorização do novo em detrimento do velho. Ampliar nossa percepção e adotar uma postura de abertura para o novo é importante, entretanto, ao investigarmos melhor a origem das coisas, muitas vezes nos defrontamos com um universo que ainda tem muito a nos oferecer. Assim é com a teoria dos sistemas abertos, cujos estudos iniciais como visto anteriormente, datam de antes da Segunda Guerra Mundial. O mundo passou por muitas transformações desde então, porém como ainda são pertinentes os preceitos básicos da teoria. Quanto descobrimos e ainda temos por descobrir, tanto evoluímos e temos que evoluir. Assim é um sistema em permanente mudança, assim também é a administração, e talvez seja isto que a torna tão atrativa e importante no contexto das ciências sociais. Referências bibliográficas: ARAUJO, Luis César G. Organização, Sistemas e Métodos e as modernas ferramentas de gestão organizacional. São Paulo: Atlas, 2001. CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. 2. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1999. KATZ, Daniel; Kahn Robert L. Psicologia Social das Organizações. São Paulo: Atlas, 1970. MOTTA, Fernando C. Prestes; VASCONCELOS, Isabella F. Gouveia de. Teoria Geral da Administração. São Paulo: Pioneira, 2002. WAHRLICH, Beatriz Marques de Souza. Uma análise das teorias de organização. 3. ed. Rio de Janeiro, FGV Editora, 1971. Fonte: Adaptado de texto da autora para o curso de pós-graduação em Gestão de Recursos Humanos e Gestão Empresarial da FUNCEFET/RJ (2012). 31 As BAses TeóricAs dA GesTão esTrATéGicA Capítulo 1 Caro leitor, pesquise sobre matriz SWOT (ferramenta muito utilizada em planejamento estratégico para análise do ambiente) na internet e faça uma comparação entre a Matriz e o modelo de organização como um sistema social aberto proposto por Katz e Kahn. OBS: Os aspectos comuns são que em ambos há que se considerar a relação com o ambiente interno e externo, ou seja, a organização impacta e é impactada pelo ambiente. a) Abordagem Contingencial Caracterizou-se por enfatizar a importância do ambiente na dinâmica organizacional. Entretanto, cabe neste ponto lembrar que, até a Teoria de Sistemas surgir, as organizações foram estudadas na perspectiva de compreensão de seu ambiente interno como determinante para explicar as questões relacionadas ao desempenho organizacional. A concepção até então era da organização como um “sistema fechado”. Ao deslocar o foco de estudo e dar destaque ao ambiente externo, a abordagem contingencial estabelece um novo padrão no qual não há mais “a melhor maneira” de organização da empresa. Para Caravantes, Panno e Kloeckner (2005, p. 166) a Teoria da Contingência é como um rebento da Teoria de Sistemas. Dois de seus princípios básicos são: • Não há uma melhor maneira de organizar; • Uma determinada forma de organizar não será igualmente eficaz em todas as situações. Destaca ainda o autor que “o grande mérito da abordagem contingencial é fazer com que a gerência normalmente concentrada nos problemas internos da organização e nas tarefas volte seus olhos para o ambiente; deixe de olhar para o próprio umbigo e olhe ao redor” (CARAVANTES; PANNO; KLOECKNER, 2005, p. 166). 32 Gestão Estratégica no Setor Público Abordagem neoclássica destaca- se como contribuição a importância dada aos objetivos na organização e alcance de resultados, aspectos que constituíram a base da administração por objetivos (APO). A abordagem neoclássica foi um movimento que surgiu nos Estados Unidos um dos destaques desta abordagem é Peter Drucker. Merece destacar Burns e Stalker como representantes da abordagem contingencial bem como os conceitos que desenvolveram de sistemas gerenciais orgânicos e mecânicos, no qual o primeiro se caracteriza por mais flexibilidade e, consequentemente capacidade de se adaptar ao ambiente. Seus estudos influenciaram ainda o desenvolvimento de estudos sobre a liderança contingencial. Mas esta é uma outra história... Segundo Chiavenato (1979, p. 435) “a teoria da contingência enfatiza que não há nada de absoluto nas organizações ou na teoria administrativa. Tudo é relativo. Tudo depende.”. No Capítulo 3, que tratará de modelos de organização e estrutura, você conseguirá perceber a influência destes conceitos na concepção de modelos de estrutura e gestão organizacional. TeoriAS e ABordAGeNS APóS TeoriA de SiSTemAS Os estudos sobre as organizações como sistemas sociais impactaram de tal forma a administração que os que se seguiram podem ser, em sua maior parte, considerados abordagens que buscaram não só na teoria de sistemas, mas também na teoria clássica e na de relações humanas, as bases para novas orientações sobre o desempenho organizacional. As abordagens pós- sistemas são apresentadas a seguir: a) Abordagem Neoclássica O contexto histórico é do pós-guerra, época em que foram aprofundados os estudos em torno do elemento humano nas organizações. A abordagem neoclássica foi um movimento que surgiu nos Estados Unidos e que teve como objetivo o reequilíbrio organizacional. Um dos destaques desta abordagem é Peter Drucker que desenvolveu “uma metodologia administrativa calcada em uma concepção teórica bastante fundamentada, voltada para a obtenção de resultados organizacionais” (CARAVANTES; PANNO; KLOECKNER, 2005, p. 179). É deste período a Administração por Objetivos (APO), “tecnologia gerencial cujo objetivo é motivar o desempenho mais efetivo tanto da parte dos gerentes quanto dos subordinados por meio de um sistema participativo de fixação de objetivos e de fornecimento de feedback” (CARAVANTES; PANNO; KLOECKNER, 2005, p. 179). A abordagem neoclássica reuniu elementos da Burocracia, da Teoria das Relações Humanas e da Teoria de Sistemas. Destaca-se como contribuição a importância dada aos objetivos na organização e alcance de resultados, aspectosque constituíram a base da administração por objetivos (APO). 33 As BAses TeóricAs dA GesTão esTrATéGicA Capítulo 1 O contexto é o da sociedade pós- industrial, época em que o mundo passou por grandes transformações, com o surgimento de novas tecnologias, conflitos sociais e crise na economia mundial. Profundas modificações de ordem mundial indicavam a necessidade de um modelo capaz de oferecer as organizações condições para que pudessem enfrentar os desafios desta mudança. b) Abordagem do Desenvolvimento Organizacional (DO) O contexto é o da sociedade pós-industrial, época em que o mundo passou por grandes transformações, com o surgimento de novas tecnologias, conflitos sociais e crise na economia mundial. Profundas modificações de ordem mundial indicavam a necessidade de um modelo capaz de oferecer as organizações condições para que pudessem enfrentar os desafios desta mudança. Warren Bennis e Chris Argyris, entre outros, contribuiram para que o DO fosse mundialmente conhecido na década de 1970. Warren Bennis (apud CARAVANTES; PANNO; KLOECKNER, 2005, p. 186) definiu o Desenvolvimento Organizacional como “uma resposta à mudança, uma complexa estratégia educacional que tem por finalidade mudar as crenças, as atitudes, os valores e a estrutura das organizações, de modo que elas pudessem melhor se adaptar aos mercados, tecnologias e desafios e ao próprio ritmo vertiginoso das mudanças”. Para Caravantes, Panno e Kloeckner (2005, p. 187): a grande virtude do DO foi ter trazido, de uma maneira progressiva e ordenada, todos os conhecimentos calcados nas teorias comportamentais e na abordagem sistêmica para resolver problemas concretos enfrentados pelas organizações. [...] embora sua visão fosse sistêmica, na prática concreta dos consultores a ênfase dada foi claramente concentrada nos aspectos comportamentais, ou seja, no subsistema social das organizações. No Brasil, consultorias com base em DO foram desenvolvidas na década de 1970. O livro “Desenvolvimento Organizacional – teoria e diagnóstico” (1979) de Gercina Oliveira, narra o relato de uma experiência de DO no serviço público. Oliveira (1979, p. 6) destaca que DO é “basicamente um programa de pesquisa-ação em uma organização, para melhorar seu funcionamento. […] o modelo de consultoria de DO funciona como se fosse um sistema aberto, no qual a fase de diagnóstico não se esgota, porque tudo que nela se prediz ou aconselha é avaliado e a ela retorna visando ao desenvolvimento permanente, harmônico e auto-sustentado da organização”. TeoriAS e ABordAGeNS coNTemPorâNeAS Até aqui, vimos teorias e abordagens cujo foco foi dado predominantemente às indústrias. Cabe, agora, apresentar para você pós-graduando(a), um novo referencial, estabelecido a partir das mudanças mundiais que caracterizaram o final do século XX e que indicam os caminhos que continuarão a ser trilhados 34 Gestão Estratégica no Setor Público Os estudos sobre métodos e processos de trabalho e sobre a departamentalização da organização desenvolvidos por Taylor e Fayol no século XIX podem ser identificados nas bases da Qualidade Total. pelas organizações no século XXI. Questões que envolvem a preocupação com o meio ambiente e a responsabilidade social das organizações, passam por aspectos econômicos e sociais, imprevisibilidade e, como não poderia deixar de ser, culminam no homem e seu papel na organização e na sociedade. Os pressupostos das abordagens contemporâneas podem ser visualizados em alguns dos modelos de gestão que serão examinados no Capítulo 3. a) Abordagem da Qualidade Total O contexto é o pós II Guerra Mundial, período em que dois americanos – Deming e Juran, proferiram palestras no Japão sobre os métodos de controle de qualidade utilizados por empresas americanas. Isso explica porque os estudos sobre métodos e processos de trabalho e sobre a departamentalização da organização desenvolvidos por Taylor e Fayol no século XIX podem ser identificados nas bases da Qualidade Total. Examinando os principais eventos do movimento da qualidade, não há nenhuma dúvida de que as teorias administrativas geradas no Ocidente e as tecnologias desenvolvidas a partir delas tiveram um profundo impacto no Japão (JURAN, 1993 apud CARAVANTES; PANNO; KLOECKNER, 2005, p. 243). A partir daí, segundo Juran (1993 apud CARAVANTES; PANNO; KLOECKNER, 2005, p. 242) “os japoneses articularam algumas estratégias inéditas para criar uma revolução na qualidade”. Várias dessas estratégias foram decisivas, entre as quais: • Os gerentes de nível alto lideraram pessoalmente a revolução; • Todos os níveis e funções foram submetidos a treinamento no gerenciamento para a qualidade; • O aperfeiçoamento da qualidade foi empreendido a um ritmo contínuo e revolucionário; • A força de trabalho participou do aperfeiçoamento da qualidade por meio do conceito de círculos de controle de qualidade. Ainda que a fundamentação da Qualidade esteja concentrada em teorias ocidentais ou até mesmo tenha se baseado mais diretamente nas orientações fornecidas por Deming e Juran no pós guerra, o fato é que vários outros países também receberam as mesmas orientações, mas foi o Japão que se destacou no alcance de resultados por meio de uma estratégia voltada para os fundamentos da qualidade. 35 As BAses TeóricAs dA GesTão esTrATéGicA Capítulo 1 Os “gurus” da qualidade: W. Edwards Deming, Joseph M. Juran e Philip B. Crosby. Sobre isso, Caravantes, Panno e Kloeckner (2005, p. 245) trazem o professor Noritake Kobayachi, da Universidade de Keyo, o qual afirma que “que não há nada de novo; fazemos aquilo que aprendemos e o que aprendemos foi com as teorias administrativas americanas”. A seguir apresentaremos um resumo da contribuição daqueles que ficaram conhecidos como os “gurus” da qualidade: W. Edwards Deming, Joseph M. Juran e Philip B. Crosby. • W. Edwards Deming – preocupou-se com a competitividade da organização e controle estatístico dos processos de trabalho. Segundo ele, para alcançar o sucesso, a organização deveria implementar um conjunto de 14 pontos que constituem a essência de seus ensinamentos. Os 14 pontos de Deming para transformação são indicados por Araujo (2007): 1. Criar constância de propósito para a melhoria de produtos e serviços, isto é, aceitar que é preciso mais do que “fazer dinheiro nos negócios”, é preciso manter-se. 2. Adotar a nova filosofia completamente, ou seja, acreditar, sem hesitação, que erros e negativismo devem ser eliminados. 3. Acabar com a dependência da inspeção em massa, isto é, entender que a inspeção e o controle não são formadores de qualidade, e sim, de custos. A qualidade não vem da inspeção, mas sim, da melhoria do processo. 4. Acabar com a insistência organizacional de adquirir e usar materiais, na confecção de produtos, escolhidos apenas com base no critério preço, isto é, desconsiderar o fator qualidade dos insumos como um dos primeiros passos no rumo. 5. Melhorar constantemente e para sempre o sistema de produção e de serviços, ou seja, o aprimoramento não é um esforço que se faz de uma única vez. 6. Instituir o treinamento, isto é, estar atento ao fato de que nas organizações falta pessoal capaz de transmitir as novas ideias e conceitos, e por consequência, quem treine as pessoas em novas habilidades e tarefas 7. Instituir a liderança, ou seja, investir na liderança e não em supervisão e controle. 8. Afastar o medo, isto é, promover a segurança quando da implantação de projetos de mudança como os de qualidade. 9. Romper as barreiras entre os diversos departamentos, ou seja, inibir a concorrência prejudicial entre as divisões organizacionais distintas, harmonizando metas conflitantes. 36 Gestão Estratégica no Setor Público 10. Eliminar slogans, exortações e metas destinadas à força de trabalho, isto é, permitir que as pessoas criem suas próprias“bandeiras de qualidade”. 11. Eliminar as cotas numéricas, ou seja, desviar as pessoas da organização da crença absurda de que é preciso fazer mais numericamente. O importante é qualidade. Muito sem excelência é o mesmo que nada. 12. Remover as barreiras ao orgulho da mão de obra, isto é, eliminar todo e qualquer impedimento (gerencial, administrativo, material) ao desenvolvimento do pessoal da organização. 13. Instituir um sólido programa de educação e (re)treinamento, ou seja, investir na aquisição de uma nova mentalidade, permeada por tecnologias e métodos revitalizantes para a organização, tanto para a força de trabalho como para a gerência. 14. Agir para consumar a transformação, isto é, contar com 100% de apoio da cúpula da administração, sem o que o esforço voltado à qualidade jamais prosseguirá. Uma importante contribuição de Deming ficou conhecida como Ciclo PDCA ou Ciclo de Deming descrito por Araújo (2007) como um processo cíclico direcionado à melhoria, onde a primeira etapa consiste em planejar (Plan), seguida pela etapa de ação ou execução do planejado (Do), pela etapa de verificação dos resultados até então obtidos com as ações planejadas e executadas (Check) e pela etapa de implementação final do idealizado como mudança, após as considerações sobre eventuais acertos (Act). Figura 3 - Ciclo PDCA Fonte: Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2007_2/ Mecanizacao/>. Acesso em: 2 maio 2016. 37 As BAses TeóricAs dA GesTão esTrATéGicA Capítulo 1 Philip B. Crosby o uso de expressões que ficaram famosas na abordagem da qualidade como erro zero e conformidade são atribuídas a ele. Trilogia Juran: i) planejamento da qualidade, ii) controle da qualidade e, iii) melhoramento da qualidade. • Joseph M. Juran – para obter sucesso a organização deve adotar três processos de gerenciamento que ficaram conhecidos como a trilogia Juran: i) planejamento da qualidade, ii) controle da qualidade e, iii) melhoramento da qualidade. O quadro a seguir mostra os 3 processos universais organizados por Juran para a Qualidade. Quadro 2 – Processos de Gerenciamento da Trilogia Juran Planejamento da qualidade Controle da qualidade Melhoramento da qualidade - Determinar quem são os clientes. - Determinar as necessidades dos clientes. - Desenvolver características de produto que respondam às necessidades dos clientes. - Desenvolver processos capazes de produzir as carac- terísticas do produto. Transferir os planos para as forças operacionais. - avaliar o desempenho real do produto. - comparar o desempenho real às metas do produto. - atuar sobre a diferença. - estabelecer a infraestrutura. - identificar os projetos de melhoramento. - estabelecer equipes de projeto. - fornecer às equipes recur- sos, treinamento e motivação para: diagnosticar as causas, estimular os remédios e esta- belecer controles para manter os ganhos. Fonte: Adaptado de Juran (1990). • Philip B. Crosby – criou um programa que “enfatiza a prevenção e não a inspeção, a mudança da cultura organizacional em vez de ferramentas estatísticas”. O uso de expressões que ficaram famosas na abordagem da qualidade como erro zero e conformidade são atribuídas a ele. Assim como Deming, criou um conjunto de 14 pontos orientados para a melhoria da qualidade na organização, os quais são indicados por Araujo (2007): 1. Comprometimento da gerência; 2. Criação de times de melhoramento da qualidade; 3. Medidas da qualidade; 4. Avaliar o custo da qualidade; 5. Conscientização sobre a qualidade; 6. Ação corretiva; 7. Planejamento do Programa Zero Defeito; 8. Treinar supervisores; 9. Dia de zero defeito; 10. Estabelecer metas de melhoria; 11. Remoção das causas de erros; 12. Reconhecer e valorizar aquele que atinge sua meta de qualidade; 13. Conselhos de qualidade; 14. Repetir tudo. 38 Gestão Estratégica no Setor Público Criada por Hammer e Champy na década de 1990, esta abordagem surgiu a partir de uma necessidade de reestruturar o sistema industrial norte- americano que havia perdido mercado para a indústria japonesa. No Brasil a Qualidade Total gerou uma “revolução” na década de 1980 e influenciou a criação de novos modelos de estrutura e gestão. No Brasil a Qualidade Total gerou uma “revolução” na década de 1980 e influenciou a criação de novos modelos de estrutura e gestão. Nos anos 1990, com a abertura do mercado nacional para produtos importados, empresas brasileiras tiveram que se ajustar para sobreviver em um mercado repleto de produtos com padrões de qualidade diferenciados em relação aos nacionais e a preços competitivos. Conceitos e ferramentas da qualidade influenciaram também iniciativas de modernização do aparelhamento do Estado como veremos nos Capítulo 2 e 3. b) Reengenharia Criada por Hammer e Champy na década de 1990, esta abordagem surgiu a partir de uma necessidade de reestruturar o sistema industrial norte-americano que havia perdido mercado para a indústria japonesa. Para Hammer e Champy a maioria das organizações foi construída a partir de uma concepção da divisão do trabalho. Porém, [...] essa antiga forma de funcionamento simplesmente se tornou inoperante. No mundo atual de clientes, concorrência e mudanças, as atividades orientadas para tarefas estão obsoletas. Em seu lugar, as empresas precisam organizar seu trabalho em torno de processos (HAMMER; CHAMPY, 1994 apud CARAVANTES; PANNO; KLOECKNER, 2005, p. 271). A reengenharia pressupõe o abandono do paradigma burocrático tradicional e a adoção de um paradigma sustentado pela tecnologia da informação, mais empreendedor e adequado ao mundo contemporâneo. Foi definida por Champy e Hammer (1994, apud CARAVANTES; PANNO; KLOECKNER, 2005, p. 272) como o “repensar fundamental e a reestruturação radical dos processos organizacionais que visam alcançar drásticas melhorias em indicadores críticos e contemporâneos de desempenho, como: custos, qualidade, atendimento e velocidade”. Essa definição encerra quatro palavras- chave: fundamental, radical, drástica e processos. Destas, destaca-se a palavra-chave processos que parece ter sido determinante e ter influenciado na atenção das organizações para a importância da gestão de seus processos de trabalho. A reengenharia de processos combina uma estrutura para a realização de trabalho com uma preocupação com resultados visíveis e drásticos. Envolve o distanciamento do processo para que se indague qual seu objetivo geral e, em seguida, uma mudança criativa e radical para realizar melhorias de grande vulto na maneira pela qual esse objetivo é alcançado. 39 As BAses TeóricAs dA GesTão esTrATéGicA Capítulo 1 Se a década de 1980 ficou conhecida como a era da qualidade, nos anos 1990, as palavras de ordem foram processo e competência. No capítulo 3, você irá estudar os fudamentos da Gestão por Processos e poderá observar sua relação com os fundamentos da reengenharia. AlGumAS coNSiderAçõeS Neste primeiro capítulo estudamos as sínteses das teorias e das abordagens da ciência da administração, e seus respectivos representantes. Vimos que algumas teorias permanecem atuais, desafiando o tempo e o contexto em que foram formuladas. Que algumas abordagens pouco agregaram ao estudo que as fundamentou e que outras, entretanto, tornaram- se tão importantes quanto a própria teoria. Enfim, em uma época de tantos “modismos”, conhecer as bases teóricas da gestão organizacional será útil para que você possa desenvolver o pensamento crítico e reconhecer seus princípios nos processos de modernização do aparelho do Estado que estudaremos no Capítulo 2 e também nos modelos e instrumentos de gestão utilizados pelas organizações, tema do Capítulo 3. reFerêNciAS ARAUJO, Luis César G. de. Organização, sistemas e métodos e as tecnologias de gestão organizacional: arquitetura organizacional, benchmarking, empowerment, gestão pela qualidade total, reengenharia: volume1. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2007. CARAVANTES, Geraldo R.; PANNO, Cláudia C.; KLOECKNER, Mônica C.. Administração: teorias e processo. São Paulo: Pearson, 2005. CAVALCANTI, Vera Lúcia. Liderança e motivação. 2. ed.Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração: uma visão abrangente da moderna administração das organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 1979. JURAN, J. M. Juran na liderança pela qualidade. São Paulo: Livraria Pioneira Editora, 1990. OLIVEIRA, Gercina Alves de. Desenvolvimento organizacional: teoria e diagnóstico. Rio de Janeiro: Ed. Fundação Getulio Vargas, 1979. 40 Gestão Estratégica no Setor Público ROBBINS, Stephen P. Comportamento Organizacional. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1999. ______. Fundamentos de Administração: conceitos essenciais e aplicações. 4. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2004. SILVA, Márcia Costa A. Competências Gerenciais e Prospectiva Estratégica: análise de cenários em Quissamã. Dissertação de mestrado. Rio de Janeiro: 2005. ______.Desenvolvimento de equipes. (Apostila do curso). Programa de Capacitação do IBAM. 2006. SIMON, Herbert A. Comportamento Administrativo: estudo dos processos decisórios nas organizações administrativas. Rio de Janeiro: FGV, 1965. CAPÍTULO 2 AS BASeS dA NovA AdmiNiSTrAção PúBlicA A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 3 Conhecer os principais marcos das ações de modernização da Administração no Brasil. 3 Identificar os elementos que caracterizam os processos de modernização da administração pública e sua relação com o papel do Estado. 42 Gestão Estratégica no Setor Público 43 As BAses dA NovA AdmiNisTrAção PúBlicA Capítulo 2 Reformar a administração pública é algo que se faz com a participação intensiva – mas não exclusiva - dos servidores públicos. coNTexTuAlizAção Reforma administrativa refere-se a um processo de mudança e adequação do Estado ao momento histórico presente. As transformações em diversas dimensões - social, econômica, política, ambiental dentre outras - de tempos em tempos exigem a introdução de reformas visando criar sincronia entre as diferentes faces do desenvolvimento. Falar de reforma administrativa implica, então, focalizar o Estado. Uma forma didática de entendê-lo é pensar que tem duas dimensões básicas: uma é organizacional, o aparelho de Estado ou a administração pública; outra, é o sistema constitucional-legal. Seguindo a fala do professor Bresser-Pereira (2011), reformar a administração pública é algo que se faz com a participação intensiva – mas não exclusiva - dos servidores públicos. Reformar o sistema constitucional, por sua vez, requer a participação de toda a sociedade e dos agentes públicos eleitos e não eleitos. O Estado é isto. Uma base legal complexa, associada a outras normas e instituições informais e oriundas da cultura, acionadas pela administração pública que o põe em movimento. É a nação politicamente organizada tendo como elementos o povo, o território e a soberania. O governo, por outro lado, traduz a condução política dos negócios públicos, preferencialmente com base em planos e metas. Ou seja, um conjunto de funções estatais exercidas para orientação e direcionamento das políticas do Estado que definem suas macro diretrizes. À administração pública incumbe o exercício da função administrativa, pelos 3 níveis de governo (Federal, Estadual e Municipal) e seus respectivos 2 poderes (Executivo e Legislativo) que integram a estrutura de gerenciamento do Estado, pautada pelas funções determinadas pela Constituição Federal e pelas leis, no interesse da coletividade. Uma outra e importantíssima pergunta também contribui para definir o Estado. É aquela que indaga sobre o beneficiário das ações do Estado. E vamos seguindo com o mesmo autor, Bresser-Pereira (2011). A história é longa e tem-se respostas variadas para diferentes momentos históricos. Chegando logo aos dias de hoje, as sociedades modernas são capitalistas e democráticas, com variações, gradações e características próprias. E Bresser-Pereira (2011, p. 13), então, afirma: “[...] o Estado é o instrumento por excelência de ação coletiva da nação ou da sociedade civil.”. 44 Gestão Estratégica no Setor Público Eficiência, eficácia e efetividade, pilares que se constituem em preocupações permanentes para quem se dedica à formulação e implementação de políticas públicas. As Reformas Administrativas são movimentos que servem para manter o Estado em condições de utilização eficiente, eficaz e efetiva dos recursos. Ou seja, há disputa de interesses, conflitos entre eles, tendência à prevalência do mais forte, estratégias dos que podem menos para alcançar seus direitos etc. As reformas administrativas dizem respeito, portanto, à alteração do status quo do próprio Estado e, por isto, são geralmente cercadas de controvérsias, resistências e dúvidas. O Estado, visto em suas três esferas - União, Estados e Municípios - como organizações, como aparelho do Estado, conta com recursos humanos, financeiros e tecnológicos que devem ser geridos para propiciar a prestação de serviços aos cidadãos, a partir da concepção de políticas públicas de caráter setorial e geral que dão harmonia à gestão governamental. Este é o conjunto de recursos que viabiliza as ações que devem ser realizadas pelo Estado. As Reformas Administrativas são movimentos que servem para manter o Estado em condições de utilização eficiente, eficaz e efetiva dos recursos. É importante destacar, ainda, que a Reforma Administrativa é entendida como “uma mudança planejada, de caráter legal, com a finalidade de modernizar e/ou adequar a administração pública como instrumento específico de Governo na prestação de serviços públicos devidos à sociedade, num determinado momento histórico” (SILVA, 2005, p. 20). Em geral provocam mudanças na legislação e na forma de organização (estrutura administrativa) e também tanto nos processos de trabalho quanto no comportamento dos servidores públicos. Este capítulo apresenta as principais ações de reforma correspondentes a cada período e enfatizando suas principais características, processos e resultados alcançados. TrêS PilAreS doS modeloS de GeSTão PúBlicA As iniciativas de modernização da Administração Pública no Brasil não são recentes e estão correlacionadas a momentos específicos de nossa história, com suas importantes transformações sociais. Mudanças são processos, não se dão de forma instantânea, isolada. Compreender o contexto em que tais processos ocorrem contribui para que possamos refletir sobre questões relacionadas à busca pela eficiência, eficácia e efetividade, pilares que se constituem em preocupações permanentes para quem se dedica à formulação e implementação de políticas públicas. As reformas administrativas dizem respeito, portanto, à alteração do status quo do próprio Estado e, por isto, são geralmente cercadas de controvérsias, resistências e dúvidas. 45 As BAses dA NovA AdmiNisTrAção PúBlicA Capítulo 2 Refletindo sobre cada uma dessas preocupações se verá que o foco predominante sobre uma delas não se dá por acaso. Há uma importante dimensão de valor, no sentido sociológico do termo, quando se opta por dar destaque a uma delas. A eficiência, além de ser um princípio incorporado à Constituição Federal, está atrelada ao uso de recursos e encontra abrigo nos modelos de natureza mecanicista que integram a teoria administrativa. Já a eficácia, ao se aproximar de resultados, se associa aos fins a que se propõem as organizações. Portanto, se vinculam aos modelos e abordagens já examinadas no capítulo 1. A efetividade traz uma medida de abertura para o meio no qual a organização se insere, fazendo-nos recordar das teorias contingenciais da administração. Mas este
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