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6A AULA CULTURA E IDENTIDADE

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CULTURA E IDENTIDADE 
Profa. Maria das Graças Dias Pereira 
Departamento de Letras - PUC-Rio
LET1832 - Linguagem e sociedade
6ª aula – 10/09/2020 – 5ª feira
ABORDAGENS E CONCEPÇÕES
1. Cultura nas ciências sociais (Cuche [1999] 2002)
2. Cultura na antropologia linguística (Duranti, 1997) 
3. Cultura na comunicação intercultural (Ting-Toomey, 1999)
▪ exame e comparação do discurso de pessoas de 
backgrounds culturais e linguísticos diferentes interagindo 
em uma língua comum (língua veicular) ou em uma das 
línguas dos interlocutores (Clyne, [1994]1996 )
4. Cultura no ensino de segunda língua (Roberts, 1991)
Abordagem Interlinguagem – exame do discurso de falantes não-
nativos em uma segunda língua. (Clyne, [1994]1996 )
Abordagem Contrastiva – comparação do discurso de falantes 
nativos entre culturas diferentes (Clyne, [1994]1996 )
5. Cultura no pós-estruturalismo: entre-lugares culturais - teoria 
crítica e prática política (Bhabha [1998] 2005)
CULTURA NAS CIÊNCIAS SOCIAIS
(CUCHE [1999] 2002)
Gênese da palavra e da ideia de cultura
✓ As palavras têm uma história e (...) fazem a história (p. 
17)
✓ Cultura na língua francesa 
Século XVIII – cultura das artes, das letras, das ciências 
(p. 20)
Cultura no singular – universalismo e humanismo dos 
filósofos – associada a progresso, evolução, educação, 
razão (p. 21)
Cultura e civilização (p. 23)
✓ O debate franco-alemão sobre a cultura ou a antítese 
cultura-civilização (p. 23)
-
CULTURA NAS CIÊNCIAS SOCIAIS
(CUCHE [1999] 2002)
A invenção do conceito científico de cultura
✓ Tylor e a concepção universalista da cultura: cultura e 
civilização (p. 35)
✓ Franz Boas e a concepção particularista de cultura: o 
inventor da etnografia – estudo das culturas
1886 – América do Norte – pesquisa de campo com os 
índios Kwakiutl, Chinook e Tsimshian (p. 40) 
Concepção antropológica do relativismo cultural
✓ Malinowski e a análise funcionalista de cultura
Método etnográfico em campo e observação participante
CULTURA NA ANTROPOLOGIA LINGUÍSTICA
CONCEPÇÕES DE CULTURA (DURANTI, 1997)
A premissa da antropologia linguística é a de 
que a linguagem deve ser entendida como 
prática cultural.
Crítica: cultura como noção muito abrangente 
que pode reduzir complexidades socio-
históricas a simples caracterizações, 
ocultando as contradições morais e sociais que 
existem dentro e através das comunidades;
dicotomias ingênuas e enganadoras: “nós” e 
“eles”, “civilizados” e “primitivos”, “racional” e 
“irracional”, “alfabetizado”, “analfabeto” e 
assim por diante. 
CONCEPÇÕES SOBRE A CULTURA
(DURANTI, 1997)
A palavra “cultura” é muitas vezes usada para 
explicar por que minorias e grupos marginalizados 
não aprendem facilmente ou porque não se 
incorporam à corrente principal da sociedade. 
Devemos ou não tentar caracterizar/ entender o que 
é cultura, ou como são as culturas? É possível 
termos uma concepção do que é uma dada cultura?
Se há problemas com os primeiros conceitos de 
cultura, podem ser pequenos de comparados aos 
danos em se evitar o conceito, que pode nos ajudar 
a entender similaridades e diferenças na maneira em 
que as pessoas de todo o mundo constituem a si 
mesmas e se agregam de várias maneiras.
TEORIAS SOBRE A CULTURA
(DURANTI, 1997)
Proposta do autor: discutir teorias sobre cultura 
nas quais a linguagem desempenha um papel 
particularmente importante. 
(i) cultura distinta da natureza: “é aprendida, 
transmitida de geração a geração, através de 
ações humanas, freqüentemente em interações 
face a face.”(Duranti, 1997:24).
➢ Essa visão da cultura pretende explicar por que 
qualquer criança humana, independentemente 
de sua herança genética, crescerá seguindo os 
modelos das pessoas que a educaram. 
➢ Esta noção de cultura como algo aprendido 
contrasta com a visão de comportamento 
humano como um produto da natureza. 
TEORIAS SOBRE A CULTURA
(DURANTI, 1997)
(i) Cultura distinta da natureza 
A partir dessa perspectiva, a língua é parte 
da cultura. Mais especificamente, as 
línguas categorizam o mundo natural e 
cultural de maneiras úteis. 
São sistemas ricos de classificação 
(taxonomias) que podem dar pistas 
importantes sobre como estudar 
práticas e crenças culturais 
particulares. 
TEORIAS SOBRE A CULTURA
(DURANTI, 1997)
(ii) Cultura como conhecimento: 
Se a cultura é aprendida, então ela pode ser 
pensada em termos do conhecimento de 
mundo. Isso não significa apenas que os 
membros de uma cultura têm que conhecer 
determinados fatos ou têm que ser capazes de 
reconhecer objetos, lugares e pessoas.
Significa também que eles têm que compartilhar 
de determinados padrões de pensamento, 
maneiras de compreender o mundo, fazer 
inferências e previsões.
TEORIAS SOBRE A CULTURA
(DURANTI, 1997)
(iii) Cultura como conhecimento socialmente distribuído:
Dizer que o conhecimento cultural está socialmente 
distribuído significa reconhecer que (i) o indivíduo 
não é o fim da linha do processo de aquisição, e (ii) 
nem todo mundo tem acesso à mesma informação 
ou utiliza as mesmas técnicas para atingir 
determinadas metas. O primeiro ponto implica que o 
conhecimento nem sempre é tudo na mente do 
indivíduo. Ele está também nas ferramentas que a 
pessoa usa, no ambiente que permite que certas 
soluções se tornem possíveis, na atividade conjunta 
de muitas mentes e corpos mirarem o mesmo alvo, 
nas instituições que regulam as funções do indivíduo 
e suas interações. 
TEORIAS SOBRE A CULTURA
(DURANTI, 1997)
. Essa diversidade na distribuição de conhecimento entre 
os participantes e as ferramentas não trata apenas 
dos campos mais esotéricos, técnicos ou 
especializados (por exemplo, medicina, navegação, 
artes e ofícios, discursos públicos); mas também 
permeia os domínios e as atividades cotidianas. 
Essa perspectiva do conhecimento e do aprendizado 
implica que o que uma pessoa necessita saber ou 
fazer para ser um membro competente de um dado 
grupo não pode ser facilmente representado por uma 
série de proposições. 
. O trabalho realizado por John Gumperz e seus colegas 
sobre o uso de uma língua em comunidades 
multilinguais enfatiza as formas específicas em que 
a língua pode ser uma barreira na integração social 
(Gumperz 1982a, 1982b, Jupp, Roberts e Cook-
Gumperz 1982).
TEORIAS SOBRE A CULTURA
(DURANTI, 1997)
(iv) Cultura como comunicação
 Dizer que cultura é comunicação significa ver a cultura 
como um sistema de signos. Essa é a teoria semiótica da 
cultura. Na versão mais básica, essa visão sustenta que a 
cultura é uma representação do mundo, uma maneira de 
ver sentido na realidade objetivando-a em histórias, mitos, 
descrições, teorias, provérbios, produtos e apresentações 
artísticas.
 Nessa perspectiva, os produtos culturais de um povo; por 
exemplo, mitos, rituais, classificações do mundo natural e 
social; também podem ser vistos como exemplos da 
apropriação da natureza pelos homens através de sua 
habilidade de estabelecer relações simbólicas entre 
indivíduos, grupos ou espécies. 
TEORIAS SOBRE A CULTURA
(DURANTI, 1997)
(iv) Cultura como comunicação
Lévi-Strauss e a abordagem semiótica
Segundo ele, todas as culturas são sistemas que 
expressam predisposições cognitivas profundamente 
sustentadas para categorizar o mundo em termos de 
oposições binárias (Leach 1970; Lévi-Strauss 1963a, 1963b, 
1978; Pace 1983). Lévi-Strauss parte do princípio de que a 
mente humana é igual em todos os lugares e as culturas 
são implementações diferentes das propriedades de 
pensamento lógicas, abstratas e básicas; implementações 
essas que são compartilhadas por todos os humanos e 
adaptadas a condições de vida específicas. 
TEORIAS SOBRE A CULTURA
(DURANTI, 1997)
(iv) Cultura como comunicação
Clifford Geertz e a abordagem interpretativa
 Cultura é comunicação também para Clifford Geertz, que, 
em contraste com Lévi-Strauss, não vê as diferenças 
culturais como variações da mesma capacidadeinconsciente dos humanos para o pensamento abstrato. 
 “O conceito de cultura que eu adoto... é essencialmente 
semiótico. Acreditando, como Max Weber, que o homem é 
um animal suspenso em redes de significações que ele 
mesmo teceu, eu tomo a cultura como essas redes, e a 
análise dela , portanto, não como uma ciência 
experimental em busca de uma lei, mas uma ciência 
interpretativa em busca de significado.” (Geertz 1973: 5)
TEORIAS SOBRE A CULTURA
(DURANTI, 1997)
(iv) Cultura como comunicação
Clifford Geertz e a abordagem interpretativa
✓ Para Geertz, as “redes” das quais a cultura é feita devem 
ser desveladas através de cuidadosas investigações e 
reflexões etnográficas, o que pode trazer diferentes pontos 
de vista sobre o que parece ser o mesmo acontecimento. 
✓ O conceito de (descrição densa) – emprestada de Gilbert 
Ryle – é uma das principais metáforas na teoria da cultura 
de Geertz: um etnógrafo retorna para os mesmos materiais 
e acrescenta “camadas” – esse seria o sentido de “densa”, 
como em pilha densa – também densidade, concentração –
como em sopa concentrada. A visão de Geertz sobre 
cultura focaliza a cultura como produto da interação 
humana – “a cultura...é pública... não existe na cabeça de 
alguém...” (ibid.).Os seres humanos têm que criar a cultura 
e interpretá-la.
TEORIAS SOBRE A CULTURA
(DURANTI, 1997)
(iv) Cultura como comunicação
Metáforas como teorias do povo a respeito do mundo
 Estudos sobre metáforas também podem ser considerados 
como um outro caso no qual as culturas são vistas como 
transmitidas através de formas lingüísticas e, daí, como 
comunicação, apesar de o estudo de metáforas ter sido 
particularmente atraente aos antropólogos que 
contribuíram para a visão cognitiva da cultura (Keesing 
1974).
 Da visão funcional de metáforas como formas de controlar 
nosso meio social e natural (Sapir e Crocker 1977) às 
teorias cognitivas mais recentes que vêem a metáfora 
como processos “pelos quais entendemos e estruturamos 
um domínio de experiência em termos de outro domínio de 
um tipo diferente” (Johnson 1987: 15), a linguagem 
figurativa sempre atraiu antropólogos, linguistas e 
filósofos interessados em como a forma específica e o 
conteúdo de nossa fala podem ser vistos como um guia 
para a nossa experiência do mundo. 
TEORIAS SOBRE A CULTURA
(DURANTI, 1997)
(v) Cultura como um sistema de mediação
 Ferramentas são, por definição, objetos de mediação. São 
objetos que se encontram entre o usuário e o objeto de seu 
trabalho. Essa visão das ferramentas nos remete à noção de Marx 
de “instrumento de trabalho”, como mostrado na seguinte citação:
 O instrumento de trabalho é uma coisa, ou um complexo de coisas, 
que o trabalhador interpõe entre ele mesmo e o objeto de seu 
trabalho, e que serve como condutor de sua atividade. Ele usa as 
propriedades mecânicas, físicas e químicas de algumas 
substâncias a fim de produzir outras substâncias subservientes às 
suas metas. (...) A própria terra é um instrumento de trabalho, mas, 
quando usada dessa maneira na agricultura, implica uma série de 
outros instrumentos e um desenvolvimento de trabalho 
comparativamente alto. (Marx 1906: 199)
 a habilidade de as pessoas ajustarem, explorarem ou controlarem 
a natureza ou suas ações com outros seres humanos aumenta ou 
simplesmente se modifica pelo uso de ferramentas. 
TEORIAS SOBRE A CULTURA
(DURANTI, 1997)
(v) Cultura como um sistema de mediação
 Nessa visão, “instrumentos de trabalho” são quaisquer coisas 
que os humanos usam para controlar o meio e produzir recursos. 
Por definição, esses instrumentos estão sempre “entre”. Eles estão 
sempre entre as pessoas e a comida (por exemplo, um garfo), 
pessoas e o clima (por exemplo, um guarda-chuva), pessoas e uma 
matéria física (um machado, por exemplo), pessoas e outras 
pessoas (gestos, declarações) pessoas e seus próprios 
pensamentos (conversas privadas, representações mentais).
 A cultura organiza o uso de ferramentas em atividades 
específicas, como na caça, na cozinha, na construção, na luta, 
lembrando o passado e planejando o futuro. Em cada caso, a 
habilidade de as pessoas ajustarem, explorarem ou controlarem a 
natureza ou suas ações com outros seres humanos aumenta ou 
simplesmente se modifica pelo uso de ferramentas. 
TEORIAS SOBRE A CULTURA
(DURANTI, 1997)
(vi) Cultura como um sistema de práticas
 A noção de cultura como um sistema de práticas deve muito ao 
movimento intelectual conhecido como pós-estruturalismo. No fim 
dos anos 1960 e início dos 1970, o interesse nos aspectos estáveis 
dos sistemas culturais foi substituído pelo retorno da diacronia e 
da historicidade. 
 Generalizações sobre culturas inteiras e abstrações baseadas em 
oposições simbólicas – como as usadas por Lévi-Strauss foram 
criticadas como “essencialistas” ou “metafísicas”.
 O pós-estruturalismo se origina na França, sobretudo nos trabalhos 
de estudiosos como Lacan, Foucault e Derrida (Sarup 1989). Os 
intelectuais da França pós-guerra haviam sido fortemente 
influenciados pela filosofia de Martin Heidegger. Heidegger (1962, 
1985,1988, 1992) sustentava que aquilo que os cientistas e 
filósofos identificavam tão facilmente como os “objetos” de seus 
estudos não são as entidades mais básicas de nossas 
experiências. 
TEORIAS SOBRE A CULTURA
(DURANTI, 1997)
(vi) Cultura como um sistema de práticas
 O sujeito de pensamento racional identificado pelos 
grandes filósofos da Modernidade – Descartes, Kant e 
Husserl – não é a fonte exclusiva ou privilegiada de nossa 
compreensão do mundo. Nosso entendimento abstrato, 
conceitual e teórico do mundo não é primário, mas 
derivado de outras premissas existenciais incluindo o 
nosso ser imerso em um meio, onde os objetos são 
considerados pragmaticamente úteis, situações são 
experimentadas no contexto de atitudes particulares ou 
“humores”, e pessoas são seres para se conviver. 
 Essas reflexões são importantes porque elas ligam atos 
individuais a estruturas de referência maiores, incluindo a 
noção de comunidade, um conceito que tem sido o centro 
de muito debate na antropologia sociolingüística e 
lingüística. 
TEORIAS SOBRE A CULTURA
(DURANTI, 1997)
(vi) Cultura como um sistema de práticas
 Bourdieu enfatiza a relação entre conhecimento e ação no 
mundo, entre condições passadas e presentes (Bourdieu 
1977, 1990). Para ele, os atores sociais não são nem 
completamente o produto de condições materiais externas 
(econômico e ecológico), nem tópicos intencionais, 
conscientes e sociais, cujas representações mentais são 
auto-suficientes:
 “A teoria da prática como prática insiste, em oposição ao 
materialismo positivista, que os objetos de conhecimento 
são construídos, e não passivamente registrados. E, em 
oposição ao idealismo intelectual, que os princípios dessa 
construção é o sistema de disposições estruturadas e 
estruturantes, o habitus, que é constituído em prática e é 
sempre orientada na direção das funções práticas.” 
(Bourdieu 1990:52)
IDENTIDADES CULTURAIS E ÉTNICAS
CUCHE (2002)
1. Relações cultura e identidade:
- “Há o desejo de se ver cultura em tudo, de encontrar 
identidade para todos.” (p. 175)
- “Vêem-se crises culturais como crises de 
identidade.” (p. 175)
- “Não se pode, pura e simplesmente confundir as 
noções de cultura e de identidade cultural ainda que 
as duas tenham uma grande ligação.” (p. 176)
- “... a cultura pode existir sem consciência de 
identidade, ao passo que as estratégias de 
identidade podem manipular e até modificar uma 
cultura que não terá então quase nada em comum 
com o que ela era anteriormente.” (p. 176)
- “A cultura depende em grande parte de processos 
inconscientes. A identidade remete a uma norma de 
vinculação, necessariamente consciente, baseada 
em oposições simbólicas.”(p. 176)
IDENTIDADES CULTURAIS E ÉTNICAS
CUCHE (2002)
2. O conceito de identidade culturalnas ciências 
sociais:
a) Questionamento à concepção de identidade 
cultural como algo imutável e determinante da 
conduta dos indivíduos: a identidade depende 
do contexto relacional.
b) Identidade cultural – um dos componentes da 
identidade social.
c) Psicologia social: identidade como instrumento 
que permite a articulação entre o elemento 
psicológico e o fator social de um indivíduo.
d) Identidade social e o indivíduo – vinculações em 
um sistema social: classe social, nação, etc.; 
permite que o indivíduo se localize em um 
sistema social e seja localizado socialmente.
IDENTIDADES CULTURAIS E ÉTNICAS
CUCHE (2002)
2. O conceito de identidade cultural nas ciências sociais:
e) Identidade social e grupos: “Todo grupo é dotado de 
uma identidade que corresponde à sua definição 
social, definição que permite situá-lo no conjunto 
social.” (p. 177)
❑ “A identidade social é ao mesmo tempo inclusão e 
exclusão: ela identifica o grupo (são membros do 
grupo os que são idênticos sob um certo ponto de 
vista) e o distingue de outros grupos (cujos membros 
são diferentes dos primeiros sob o mesmo ponto de 
vista).” (p. 177)
❑ Identidade cultural como modalidade de 
categorização da distinção nós/eles, baseada na 
diferença cultural.
Comentar: Dissertação de Mestrado de Maria Luiza 
Oliveira “A construção de identidades em bate-papos 
virtuais em um canal da Internet no Brasil”. 
Departamento de Letras da PUC-Rio, 22 de abril de 
2002.
IDENTIDADES CULTURAIS E ÉTNICAS
CUCHE (2002)
3. A concepção objetivista da identidade cultural
- Cultura como herança: identidade que define e 
marca o indivíduo; identidade cultural remeteria ao 
grupo original de vinculação do indivíduo; raízes 
como o fundamento da identidade cultural.
- Representação quase genética da identidade – apoio 
para as ideologias do enraizamento; naturalização 
da vinculação cultural.
- Identidade preexistente ao indivíduo – essência 
impossibilitada de evoluir, sobre a qual o indivíduo 
ou o grupo não têm nenhuma influência.
IDENTIDADES CULTURAIS E ÉTNICAS
CUCHE (2002)
3. A concepção objetivista da identidade cultural
Abordagens:
- Genética: herança biológica - o indivíduo nasce com 
os elementos constitutivos da identidade étnica e 
cultural
- Culturalista: ligada à socialização do indivíduo no 
interior de seu grupo cultural.
Resultado: quase o mesmo; o indivíduo é levado a 
interiorizar os modelos culturais que lhe são 
impostos.
“É no grupo étnico que se partilham as emoções e as 
solidariedades mais profundas e mais 
estruturantes.” (p. 180)
- Concepção objetivista da identidade cultural – a mesma 
origem comum, a língua, a cultura, a religião, o 
vínculo a um território.
IDENTIDADES CULTURAIS E ÉTNICAS
CUCHE (2002)
4. A concepção subjetivista da identidade cultural
- Faz a crítica à concepção objetiva: a identidade cultural 
não pode ser reduzida à sua dimensão atributiva, não é uma 
identidade recebida definitivamente.
- Para os subjetivistas, “a identidade etnocultural não é nada 
além de um sentimento de vinculação ou uma identificação 
a uma coletividade imaginária em maior ou menor grau.” (p. 
181)
- O importante são as representações que os indivíduos 
fazem da realidade social e de suas divisões.
- Riscos: redução da identidade a uma questão de escolha 
individual arbitrária; elaboração fantasiosa, nascida da 
imaginação.
- Méritos: considerar o caráter variável da identidade.
Ver: Bertholdo, Ernesto Sérgio. O contato-confronto com uma 
língua estrangeira: a subjetividade do sujeito bilíngüe. In: 
Coracini, Maria José (org.). Identidade & Discurso: 
(dês)construindo subjetividades. Campinas: Editora da 
UNICAMP; Chapecó: Argos Editora Univ. , 2003 p. 83-117 
IDENTIDADES CULTURAIS E ÉTNICAS
CUCHE (2002)
5. A concepção relacional e situacional de identidade
- Somente o contexto pode explicar porque, em um dado 
momento, uma dada identidade é afirmada ou reprimida.
a) Identidade como construção social
- Se faz no interior de contextos sociais que determinam a 
posição dos agentes e orientam as representações e 
escolhas.
b) Concepção relacional
- Ë uma construção que se elabora em uma relação que opõe 
um grupo aos outros grupos com os quais está em contato. 
Ver Barth (1969):
- deve-se entender o fenômeno da identidade através das 
relações entre os grupos sociais; identidade é um modo de 
categorização utilizado pelos grupos para organizar suas 
trocas.
- Os membros de um grupo não são vistos como 
definitivamente determinados por sua vinculação etno-
cultural, pois eles são os próprios atores que atribuem uma 
significação a esta vinculação, em função da situação 
relacional em que se encontram. (p. 183)
IDENTIDADES CULTURAIS E ÉTNICAS
CUCHE (2002)
5. A concepção relacional e situacional de identidade
b) Concepção relacional
- “Não há identidade em si, nem mesmo unicamente para si. 
A identidade existe sempre em relação a uma outra. Ou 
seja, identidade e alteridade são ligadas e estão em uma 
relação dialética.” (p. 183)
c) Identidade como identificação
- Identidade como processo de identificação em uma 
situação relacional (ver Galissot, 1987).
- A identificação pode funcionar como afirmação ou como 
imposição de identidade.
Ver: PEREIRA, M. G. D. ; SILVEIRA, S. B. . Entre velhas e novas 
identidades na pós-modernidade:a construção de 
identidade de clientes de regiões do interior do país em 
uma Central de Atendimento Telefônico. In: Maria José 
Coracini; Izabel Magalhaes; Marisa Grigoletto. (Org.). 
Praticas Identitarias na Linguistica Aplicada. São Paulo: 
Editora Claraluz Ltda, 2006. p. 120-129
IDENTIDADES CULTURAIS E ÉTNICAS
CUCHE (2002)
5. A concepção relacional e situacional de identidade
c) Identidade como identificação
- A identidade é sempre uma concessão, uma 
negociação entre uma “auto-identidade” definida por 
si mesmo e uma “exo-identidade” definida pelos 
outros”(p. 183-4).
Exemplos:
- hetero-identidade com idenficações pardoxais –
imigrantes sírio-libaneses na América Latina, no final 
do séc. XIX e começo do séc. XX
Cristãos que fugiam do Império Otomano – foram 
chamados de turcos, porque chegavam com 
passaportes turcos.; não desejavam se reconhecer 
como turcos.
IDENTIDADES CULTURAIS E ÉTNICAS
CUCHE (2002)
5. A concepção relacional e situacional de identidade
c) Identidade como identificação
- A auto-identidade terá maior ou menor legitimidade que a 
hetero-identidade, dependendo da situação relacional – por 
ex. da relação de força entre os grupos de contato –
relação de forças simbólicas.
- Situação de dominação – hetero-identidade traduzida pela 
estigmatização dos grupos minoritários – identidade 
negativa (v. p. 184 e 185)
- Mudanças na imagem negativa nas relações interétnicas 
(p. 185)
IDENTIDADES CULTURAIS E ÉTNICAS
CUCHE (2002)
5. A concepção relacional e situacional de identidade
c) Identidade como identificação
- A identidade é então o que está em jogo nas lutas sociais. 
“Nem todos os grupos têm o mesmo “poder de 
identificação”, pois este poder depende da posição que se 
ocupa no sistema de relações que liga os grupos.” (p. 185-
186)
- “Nem todos os grupos têm o poder de nomear e de se 
nomear” (p. 186)
Exemplos: classe baixa/ classes populares, emergentes
Ver Bourdieu (1980) – artigo “A identidade e a representação”
- Compreendida como um motivo de lutas, não é possível ter 
uma definição exata de identidade – nem pela sociologia, 
nem pela antropologia (p.187)
- Papel do cientista: explicar os processos de identificação 
sem julgá-los – elucidar as lógicas sociais (p. 187-188).
IDENTIDADES CULTURAIS E ÉTNICAS
CUCHE (2002)
5. A concepção relacional e situacional de identidade
c) Situação de estigmatização – identidade negativa
Ver livro de Goffman 
Exemplos:
DE FINA, Anna. Identity in narrative: a study of immigrant 
discourse. Amsterdam/ Philadelphia: John Benjamins 
Company, 2003. Tatiana Barros
 Chapter 5 – Identity as categorization: identificationstrategies – p. 139-180
 Chapter 6 – Identity as social representation: negotiating 
affiliations – p. 181-216
Tese de Sonia Rosas
Entrevistas com o assistente social – identidade, doença e 
estigma em uma enfermaria de adolescentes . 
Departamento de Letras da PUC-Rio. Rio de Janeiro, 18 de 
março de 2006.Orientadora: Dra. Liliana Cabral Bastos
IDENTIDADES CULTURAIS E ÉTNICAS
CUCHE (2002)
6. A identidade como assunto de Estado
- O Estado torna-se o gerente da identidade – instaura 
regulamentos e controles.
- Estado Moderno – tende à mono-identificação –
reconhecimento de apenas uma identidade cultural para 
definir a identidade nacional, apesar de admitir um certo 
pluralismo cultural no interior da nação (p. 188).
- A ideologia nacionalista é uma ideologia de exclusão das 
diferenças culturais. Sua lógica radical é a da “purificação 
étnica”. (p. 188)
- Estado-nação moderno – mais rígido de que as sociedades 
tradicionais.
(v. p. 188-192)
Exemplo:
Rebelo, Aldo. Projeto de lei no 1676 de 1999.
In: FARACO, Carlos Alberto (org.). Estrangeirismos. Guerras em 
torno da língua. São Paulo: Parábola, 2004. 
IDENTIDADES CULTURAIS E ÉTNICAS
CUCHE (2002)
6. A identidade como assunto de Estado
- Formas pelas quais o Estado registra a identidade dos 
cidadãos.
Exemplos:
Brasil – carteira de identidade, título de eleitor, CPF, certidão de 
nascimento, certidão de casamento, carteira de motorista
Estados Unidos – ver o papel da carteira de motorista para os 
imigrantes
- Minorias – reapropriação de meios de definir sua 
identidade, segundo seus próprios critérios; transformação 
da hetero-identidade negativa em uma identidade positiva
Black is beautilful – identidade ‘afro-americana’
CULTURAS NACIONAIS
HALL (2000)
7. As culturas nacionais como comunidades imaginadas
- O que está acontecendo à identidade cultural na 
modernidade tardia? Como as identidades culturais 
nacionais estão sendo afetadas ou deslocadas pelo 
processo de globalização? (p. 47)
➢ Mundo moderno – culturas nacionais em que nascemos se 
constituem em das principais fontes de identidade cultural 
– nos definimos como ingleses, indianos, jamaicanos, 
brasileiros.
➢ Gellner (1983): sem um sentimento de identificação 
nacional, o sujeito moderno experimentaria um profundo 
sentimento de perda subjetiva (p. 48).
➢ Argumento de Hall: as identidades nacionais não são 
coisas com as quais nós nascemos, mas são formadas e 
transformadas no interior da representação.
- Sabemos o que significa ser “inglês” devido ao modo como 
a “inglesidade” veio a ser representada (p. 49)
- A nação não é apenas uma entidade política mas algo que 
produz sentidos – um sistema de representação cultural (p. 
49)
CULTURAS NACIONAIS
HALL (2000)
7. As culturas nacionais como comunidades imaginadas
- Como se forma uma cultura nacional? (p. 49)
Padrões de alfabetização em uma única língua vernacular
Cultura homogênea e instituições culturais
Sistema educacional nacional
- Direção diferente – ambivalência que assombra a idéia de 
nação (Bhabha, 1990, p.1)
- Hall
1. Discussão de como uma cultura nacional funciona como 
um sistema de representação
2. Identidades nacionais são unificadas e homogêneas?
Conclusão: as identidades nacionais foram uma vez centradas, 
coerentes e inteiras – estão agora deslocadas pelos 
processos de globalização.
CULTURAS NACIONAIS
HALL (2000)
7. As culturas nacionais como comunidades imaginadas
7.1 Discussão de como uma cultura nacional funciona como um 
sistema de representação
‘Narrando a nação: uma comunidade imaginada”
- Culturas nacionais são compostas não apenas de 
instituições culturais, mas também de símbolos e 
representações.
- Uma cultura nacional é um discurso – um modo de 
construir sentidos (p. 50) – presentes em estórias contadas 
sobre a nação, em memórias que conectam presente/ 
passado – uma comunidade imaginada (Benedict Anderson, 
1983).
- As diferenças entre as nações residem nas formas 
diferentes pelas quais são imaginadas (Benedict Anderson, 
1983).
Ver comunicação Simpósio – sobre o sonho americano.
- Como é contada a narrativa da cultura nacional? V. p. 52 a 57
CULTURAS NACIONAIS
HALL (2000)
7. As culturas nacionais como comunidades imaginadas
7.2. Identidades nacionais são unificadas e homogêneas?
- Uma cultura nacional nunca foi um simples ponto de 
lealdade, união e identificação simbólica.
- Ela é também uma estrutura de poder cultural.
Pontos
1. Na maioria das nações - culturas separadas que só foram 
unificadas por longo processo de conquista violenta –
supressão forçada da diferença cultural.
2. As nações são sempre compostas de diferentes classes 
sociais e diferentes grupos étnicos e de gênero.
As nações ocidentais modernas foram também centros de 
impérios ou de esferas neoimperiais de influência, 
exercendo hegemonia cultural sobre as culturas dos 
colonizados.
IDENTIDADES: LEGITIMADORA, DE RESISTÊNCIA E DE
PROJETO
Castells ([1997] 1999), ao tratar de identidades como 
sendo aquelas que definem grupos, estabelece três 
tipos: a) legitimadora; b) de resistência; e c) de 
projeto. 
▪ A primeira refere-se a instituições sociais como 
igrejas, partidos. 
▪ A segunda é aquela “criada por atores que se 
encontram em posições/condições desvalorizadas 
e/ou estigmatizadas pela lógica da dominação. 
▪ Já a identidade de projeto se define “quando os 
atores sociais (...) constroem uma nova identidade 
capaz de redefinir sua posição na sociedade” e 
também de toda a estrutura social (p.24). Ele 
enfatiza, portanto, as relações entre indivíduo e 
sociedade e o poder de transformação social.
IDENTIDADES DE PROJETO
 A concepção de projeto é tratada por Velho ([1981] 1991: 
106-107), na antropologia social, em sua discussão sobre 
as sociedades complexas e as fronteiras culturais, em 
grupos de indivíduos. Velho elabora a concepção de projeto 
a partir dos estudos de Schutz (1970 [1971]; 1979)[1], que 
desenvolveu a noção de projeto como “conduta organizada 
para atingir finalidades específicas” (Velho [1994] 2003: 
101). 
 Velho indica que o projeto pode ser de um indívíduo, de um 
grupo social, um partido, e ressalta que “...a noção de 
projeto está indissoluvelmente imbricada à idéia de 
indivíduo-sujeito“ (p. 101). Ele ressalta, ainda, a 
consciência na elaboração do projeto, o fato de dar 
significado à vida, a relação com a construção de 
identidade, as relações com a memória. 

[1] Schutz, Alfred. Collected papers: the problem of social 
reality. The Hague, Martinus Nijhoff, [1970] 1971. v.1 
Schutz, Alfred. Fenomenologia e relações sociais. Rio de 
Janeiro: Zahar, 1979.
IDENTIDADES DE PROJETO
Para Velho,
 “... é indivíduo-sujeito aquele que faz projetos (...) a 
consistência do projeto depende da memória que fornece 
os indicadores básicos de um passado que produziu as 
circunstâncias do presente, sem a consciência das quais 
seria impossível ter ou elaborar projetos. (...) O projeto e a 
memória associam-se e articulam-se ao dar significado à 
vida e às ações dos indivíduos, em outros termos, à própria 
identidade.” ([1994] 2003: 101)
Por outro lado, em outras afirmativas, a questão do grupo, da 
coletividade é mais enfatizada.
 “... o projeto existe no mundo da intersubjetividade. (...) 
Mas, sobretudo, o projeto é o instrumento básico de 
negociação da realidade com outros atores, indivíduos ou 
coletivos. Assim ele existe, fundamentalmente, como meio 
de comunicação, como maneira de expressar, articular 
interesses, objetivos, sentimentos, aspirações para o 
mundo.” ([1994] 2003: 103)
IDENTIDADES DE PROJETO
A identidade, segundo Velho, depende, 
sobretudo, da “relação do projeto do 
seu sujeito com a sociedade”; “em uma 
sociedade complexa e heterogênea”, a 
fragmentação sociocultural tanto 
produz a necessidade de projetos 
quanto traz a possibilidade de 
contradição e conflito ([1994] 2003: 
104). 
IDENTIDADES DE PROJETO
Castells ([1997] 1999), ao tratarde identidades como 
sendo aquelas que definem grupos, estabelece três 
tipos: a) legitimadora; b) de resistência; e c) de 
projeto. 
▪ A primeira refere-se a instituições sociais como 
igrejas, partidos. 
▪ A segunda é aquela “criada por atores que se 
encontram em posições/condições desvalorizadas 
e/ou estigmatizadas pela lógica da dominação. 
▪ Já a identidade de projeto se define “quando os 
atores sociais (...) constroem uma nova identidade 
capaz de redefinir sua posição na sociedade” e 
também de toda a estrutura social (p.24). Ele 
enfatiza, portanto, as relações entre indivíduo e 
sociedade e o poder de transformação social.
IDENTIDADES COLETIVAS
 O conceito de identidades coletivas é discutido por Snow 
(2001), junto a outras questões sobre política de 
identidade, identidades de projeto, identidades de 
contestação, identidades nacionalistas, comunidades 
imaginárias. Snow considera que a última parte do século 
XX pode ser vista como um período de identidades 
coletivas efervescentes, como Castells ([1997] 1999). 
 Identidades coletivas, para Snow (2001), emergem na 
observação e interação entre dois ou mais atores, que 
estejam minimamente situados como objetos sociais. Para 
Snow, embora não haja consenso na definição de 
identidade coletiva, as discussões conduzem ao sentido 
partilhado de nós e de agência coletiva, na relação com os 
‘outros’. O conceito pode estar relacionado a construtos 
sociológicos clássicos como ‘a consciência coletiva’ de 
Durkheim e ‘a consciência de classe’ de Marx, mas está 
mais claramente implicado com as discussões sobre 
identidades coletivas como em Castells ([1997] 1999).
IDENTIDADES COLETIVAS
 Na concepção do autor, identidades coletivas são 
inventadas, criadas, reconstruídas, mais do que estrutural 
e culturalmente determinadas. Elas podem ser modificadas 
e transformadas. Não teriam uma base histórica contínua; 
sua emergência e vitalidade pode estar associada a 
condições de mudança sociocultural, de exclusão 
socioeconômica e política. Podem também ser parte do 
multiculturalismo e das políticas de identidade. 
 Snow trata também das relações entre as identidades 
coletivas e as identidades pessoais e sociais. Identidades 
coletivas podem ou não estar encaixadas em identidades 
sociais, como no curso dinâmico de protestos sociais. O 
sentimento de nós pode assim ser mobilizado cognitiva, 
emocional e moralmente, em percepções e sentimentos 
partilhados de causa comum que motiva as pessoas a 
agirem em conjunto em nome de interesses coletivos. 
Identidades coletivas e pessoais, embora sejam 
obviamente diferentes, estão relacionadas pelo sentimento 
de self (Gamson, 1991[1]). 
 [1] Gamson, W. A. Commitment and agency in social movements. 
Sociological Forum 6:27-50, 1991.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASTELLS, Manuel. O poder da identidade. S.P.: Paz e Terra, [1997] 1999. 
v. II
 A construção da identidade – p. 22-28
CUCHE, Denys. A noção de cultura nas ciências sociais. Bauru: EDUSC, 
2002. 
 capítulo 6 – cultura e identidade – p. 175—202
DURANTI, Alessandro. Theories of culture. IN: ___ Linguistic anthropology. 
Cambridge, Cambridge University Press, 1997.p.23-50 
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: 
DP&A Editora, 2000. (comprar o livro)
 A identidade em questão - p.7-22
 As culturas nacionais como comunidades imaginadas – p. 47-65
 Globalização – p. 67-76
 O global, o local e o retorno da etnia – p. 77-89

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