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Daniela Carvalho - TLVI DOENÇA DIARREICA AGUDA + TERAPIAS DE HIDRATAÇÃO DOENÇA DIARREICA AGUDA – ALTERAÇÕES • Aumento do volume ou frequência de evacuações. • Início abrupto • Presumivelmente infecciosa • Autolimitada • Inferior a 14 dias (geralmente < 7) OBS: não necessariamente estes pacientes terão febre, em alguns casos tem pois é infecioso, mas não necessariamente estará presente. CLASSIFICAÇÃO • Aguda -> até 14 dias • Persistente -> mais de 14 dias Desinteria: diarreia com sangramento (lesão mucosa) ETIOLOGIA VIRAL (principais agentes!!) Rotavírus Coronavírus Adenovírus BACTERIANA (mais comum) Escherichia coli Enteropatogênica Enterotoxigênica (pode cursar com síndrome hemolítico urêmica -> anemia hemolítica microangiopática e insuficiência renal) Enterohemorrágica Enteroinvasiva BACTERIANA (menos frequentes) Shigella Salmonella Campylobacter jejuni Vibrio cholerae Yersinia PARASITAS Protozoários (+ comuns; quadro + persistente) Entamoeba histolytica Giardia lamblia AGENTES INCOMUNS EM PACIENTES HÍGICOS Klebsiella Pseudomonas Clostridium difficile Cryptosporidium Isospora Imunossuprimidos ATB prolongada ou de amplo espectro Daniela Carvalho - TLVI • ROTAVIRUS o 6 meses a 2 anos o Principal causador de diarréia grave < 2 anos ▪ Por este motivo deve – se vacinar nos 3 primeiros meses de vida. o Tropismo por enterócitos maduros no topo das vilosidades o Substituição por enterócitos imaturos o Secreção de eletrólitos o Incapacidade de digerir dissacarídeos (lactose) o Diarréia secretora osmótica o Perda de grandes quantidade de água e eletrólitos o Recuperação em 3 a 5 dias Tem tropismo por enterócitos maduros, destruindo o topo de vilosidades e os substituindo por enterócitos jovens → o organismo acaba perdendo parte da capacidade de absorção, além disto perde a capacidade de digerir lactose, causando uma intolerância transitória → Isto causa um aumento da osmolaridade dentro do tubo, provocando uma diarréia secretora osmótica em grande quantidade → perda importante de água e eletrólitos → distúrbio hidroeletrolítico e desidratação grave. • E. COLI o Das causas bacterianas é a mais comum -> 30 a 40% dos casos o Não costumam cursar com disenteria o ETEC (Enterotoxigênica) ▪ Compromete absorção de Na+ (causando uma desidratação hiponatremica) ▪ Aumenta secreção Cl- o EIEC, EHEC ( Enteroinvasiva; Enterohemorrágica) ▪ Citotoxina (O157:H7) ▪ Sd. Hemolítico Urêmica • Anemia Hemolítica Microangiopática • Trombocitopenia • IRA • SHIGELLA o Principal causadora de disenteria (60%) o Invasão e lesão da mucosa o Citotoxina → destruição celular o Complicações ▪ Sd Hemolítico Urêmica ▪ Convulsões • CAMPYLOBACTER o Países desenvolvidos (não é muito comum em nosso meio). o Endotoxina ~ gangliosídeo da mielina -> Reação cruzada de Ac -> Guillain-Barré ▪ Faz reação cruzada com bainha de mielina e pode cursar com síndrome de Guillain- Barré (destruição progressiva de bainha de mielina, fraqueza distal para proximal, ascendente, podendo evoluir para paralisia diafragmática) o Também cursa com desinteria (mas as principais é a Shigella e a Salmonela) • SALMONELA o Bacteremia associada o Risco de doença sistêmica (pode ter várias complicações sistêmicas graves) Daniela Carvalho - TLVI ▪ SNC (infecção do SNC) ▪ Ossos (osteomielite) ▪ Fígado (hepatite transifecciosa grave na maioria dos casos) • PARASITAS o Pouco comuns como causador de doença diarreica aguda (< 10% dos casos) o Giardia → mais encontrada o Criptosporidium → maior causador(microepidemias) o Entamoeba → maiores de 5 anos COMPLICAÇÕES o Desidratação o Perda de peso o Disturbios hidroeletrolíticos o Choque hipovolêmico -> dependendo do grau de desidratação ▪ A principal causa de choque na criança é o hipovolêmico e a principal causa é a diarreia. o Desnutrição/anemia AVALIAÇÃO • Hidratação o Hidratação de mucosas (olhos, lágrimas, mucosa oral), turgor elásticos (prega cutânea). o Perfusão periférica (TEC) • Nível de consciência o Pode indicar sinais de má perfusão cerebral o Ativo/ Hipoativo o Reativo/ Hiporreativo o Irritado o Letárgico/ comatoso • Débito urinário o Pode indicar sinais de má perfusão renal o Oligúria, anúria • Sinais vitais o FC -> em pacientes desidratados estará taquicardico pois vai reduzir o DC e o coração tenta compensar. o Pulsos, Perfusão periférica o PA -> pode estar hipotenso • Sinais de choque o Tempo de enchimento capilar aumentado, pulso fino ou ausente e nível de consciência alterado. ▪ Obs: na criança há uma fase normotensiva do choque = não devemos esperar ter hipotensão para detectar o choque. • Capacidade de ingerir líquidos o Criança sedenta por líquidos é sinal de desidratação, porém em casos de desidratação grave a criança fica tão letárgica que não consegue beber líquidos direito. • Perda ponderal * Em vermelho = sinais mais precoces de choque na criança!! Daniela Carvalho - TLVI • Classificação a gravidade da desidratação: o Serve para estimar a gravidade e para indicar o tratamento que deverá ser iniciado. o O que falta nestes critérios de classificação que o MS propõe? ▪ FC, FR, tempo de enchimento capilar e o débito urinário. Enchimento Capilar <3 seg 3 a 5 seg > 5 seg Fonte: https://images.slideplayer.com.br/6/5655338/slides/slide_3.jpg • Perda ponderal: o Nem sempre conseguimos avaliar adequadamente pois o paciente pode chegar com certa perda e não termos valores anteriores para comparar. o Com base no tanto que perdeu com a diarreia em relação ao peso que tinha, avaliamos a gravidade e conseguimos estimar as perdas líquidas e com isto estimar o volume que devemos repor para a criança no tratamento. o Avaliação da perda ponderal e reposição adequada: ▪ Até 5% -> leve → 50mL/kg ▪ 5 a 10% -> moderada → 50 a 100 mL/kg ▪ > 10% -> grave → > 110 mL/kg TRATAMENTO • Tratamento vai depender da gravidade do quadro! o Plano A o Plano B o Plano C o Choque • PLANO A – Sem sinais de desidratação (paciente não desidratado profusamente ainda): o Prevenir evolução para desidratação no domicílio o Ingesta líquida maior que a habitual ▪ Água, soro caseiro, sucos, sopas, ... o SRO (sal de reidratação oral) após cada evacuação diarreica ▪ SRO após cada evacuação diarreica: Daniela Carvalho - TLVI • < 1 anos → 50 a 100 mL • 1 a 10 anos → 100 a 200 mL • > 10 anos → conforme aceitação ▪ No caso do soro caseiro, o ideal é que seja usado somente em situações que o paciente não tem acesso ao sal de reidratação oral (SRO), pois o soro não chega as concentrações adequadas. o Manter a alimentação habitual ▪ Porém sem excesso de gorduras, frituras e açúcares. ▪ Na dieta por rotavírus por exemplo, deve – se retirar transitoriamente o leite e derivados, pois a diarréia osmótica causa pela destruição das vilosidades irá piorar o quadro. o Repor zinco (10 a 14 dias) ▪ Ajuda no processo de repitalização. o Procurar serviço de saúde se: ▪ Sem melhora após 48 horas ▪ Sinais de alerta → piora da diarréia, vômitos recorrente, sede intensa, inapetência, desinteria e/ou redução da diurese. • Em caso de vômitos: se for um quadro menos grave, deixaremos medicação para vômitos associada ao tratamento já descrito. Porém nas situações que ocorrer vômitos profusos, deve – se instituir reidratação endovenosa. • PLANO B (Com desidratação) o Tratamento também sera VO, porem supervisionado na UBS. o SRO padrão ▪ 50 a 100 mL/ kg em 4 a 6 horas. o Até desaparecer sinais de desidratação. ▪ Só recebe alta após desaparecer os sinais de desidratação, com diurese por exemplo. o Aguardar diurese. o Conduta: ▪ Melhora -> alta com plano A ▪ Semmelhora -> SRO por gastróclise (SNG) • Se não melhorar -> passar a sonda nasogástrica e passar a hidratação por sonda → Se não melhorar irá hidratar via EV. ▪ Evolução para desidratação grave → plano C. • PLANO C (Desidratação grave) o Hidratação IV hospitalar ▪ Transferência para ambiente de maior recurso para melhor tratamento e monitorização (caso paciente chegue em UBS por exemplo). o 2 fases (expansão e manutenção): ▪ 1. Expansão (fase rápida) • Paciente que teve depleção do volume intravascular (hipovolemia) e queremos expandir seu IV de maneira rápida. • Expansão (< 5 anos): o SF0,9% o Alícotas de 20 mL/kg o 10 mL/ kg em RNs e cardiopatas Daniela Carvalho - TLVI ▪ Se for RN cuidado -> pode ter canal arterial com fechamento funcional mais não anatômico ainda, e caso expanda muito, ele pode abrir de novo. o Em 30 minutos** o Até reidratação • Expansão (>5 anos): o 30 mL/kg SF0,9% -> 30 minutos o 70 mL/kg Ringer Lactato -> 2h30 min • Reavaliações constantes: o Sinais vitais (FC, FR, PA,...) o Pulsos e perfusão periférica o Débito urinário o Nível de consciência o Após a expansão deve – se avaliar constantemente os sinais de choque, desidratação e má perfusão -> observar se houve melhoras → importante!!! o Além de avaliar os sinais de melhora, avaliar os sinais de sobrecarga hídrica também (Estertorar o pulmão ou fígado rebaixado por exemplo). ▪ 2. Manutenção: • Igual para todas as faixas etárias. • Holliday-Segar (aprenderemos no 4º ano) • Reposição: o “soro ao meio”: SG5% + sf0,9% (1:1) o Até 50 mL/kg/dia de acordo com as perdas. o Repor as necessidades calóricas, hídricas e eletrolíticas que a criança já tem normalmente (mesmo fora da diarreia) e manter pois não estará se alimentando de maneira adequada provavelmente, par manter as necessidades mínimas diárias. o Repor as perdas específicas decorrentes da diarreia também. o Assim que o paciente tiver melhora do nível de consciência e começar a ter certa aceitação VO, mesmo mantendo a hidratação EV, começamos a VO: ▪ Iniciar SRO assim que possível ▪ Interromper hidratação IV somente quando a aceitação VO for suficiente ▪ Observar pelo menos 6 horas OUTRAS INDICAÇÕES DE HIDRATAÇÃO IV • Íleo adinâmico, abdome agudo • Alteração do nível de consciência • Convulsões • Choque CHOQUE Daniela Carvalho - TLVI • Sinais de choque e sinais precoces de choque: o Taquicardia o Pulsos finos ou ausentes o Má perfusão periférica o Oligúria/ Aporia o Alteração do nível de consciência • Tratamento do choque: o Alícotas de 20 mL/kg o Atenção para o tempo de infusão o Infusão rápida, “corre aberto” ▪ E não em 30 minutos. • Como iremos fazer a reidratação no choque • Tempo de infusão deve ser mais rápido possível DESINTERIA • Quadros em que houver sangramento associado, pensamos em outros agentes que não os virais • Além de toda a terapia de hidratação, devemos associar a ATBterapia tambn o Terapia de hidratação (A, B ou C) o Antibioticoterapia -> ciprofloxacina; ceftriaxone • Podemos coletar a coprocultura para tentar identificar agente, mas não esperamos o resultado para iniciar o tratamento. EXAMES COMPLEMENTARES • Dependem da situação o Gasometria o Eletrólitos o Hemocultura, Coprocultura, Rotavírus o Pesquisa dos DD’s FATORES DE RICO PARA GRAVIDADE o Idade < 2 anos ▪ Abaixo de 2 anos mesmo sem sinais de desidratação grave. o Comorbidades o Vômitos persistentes o Perdas baixas frequentes e volumosas (> 8x/dia) DIAGNÓTICOS DIFERENCIAIS o Para diarreia aguda -> Alergia a proteína do leita ou intolerância a lactose (mais para aqueles casos mais persistentes); apendicite aguda; intoxicação alimentar; fibrose cística (pensando em uma diarreia mais crônica); Doença de Crohn ou retocolite (pensando nas inflamatórias). • APLV • Intolerância a lactose • Apendicite aguda • Intoxicações • Intussuscepção (ou invaginação intestinal) o Diagnostico agudo, obstrutivo e até perfurativo em alguns casos; a alça entra dentro dela mesma, levando os vasos do mesentério podendo causar obstrução e necrose com perfuração. Daniela Carvalho - TLVI O paciente terá dor abdominal com distensão abdominal importante e sangramento intenso (sangramento em geleia de morango = sangue misturado com fezes amolecidas). Pode estar presença em associação à infecção pelo rotavírus e como complicação da vacina contra o rotavírus (por este motivo não se vacina mais depois dos 7 meses pois o risco supera o benefício e não se repete mais a dose). • Doenças sistêmicas que podem cursar com dor abdominal e diarreia: o Pneumonia o Otite o Amigdalite o Faringite o ITU • Outros: o Imunodeficiências (diarréia de repetição e mais crônicas nestes casos) o Doenças inflamatórias intestinais o Síndrome do intestino irritável o Fibrose cística o Hipertireoidismo
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