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Doença Diarreica Aguda Objetivos de aprendizagem da aula • Conceituar episodio diarreico, doença diarreica água (DDA) e subtipos de diarreia; • Compreender a importância epidemiológica da DDA na infância e seus fatores determinantes • Reconhecer os principais mecanismos fisiopatológicos da diarreia e sua relação com sintomas e subtipos de DDA • Relacionar os agentes mais frequentemente causadores de diarreia em crianças nos países em desenvolvimento e seus mecanismos fisiopatogênicos específicos • Descrever o quadro clínico, diagnostico e história natural da DDA • Conhecer o tratamento atualmente disponível com impacto na doença diarreica • Descrever as complicações mais graves da DA e os fatores relacionados com a sua persistência Conceito de Diarreia • Episódio diarreico – perda súbita de conteúdo líquido acima do habitual; Mais de 3 evacuações liquidas ao dia OU acima do padrão habitual do indivíduo; Doença Diarreica Aguda – • Episodio diarreico que apresenta: ➔ Um início abrupto ➔ Etiologia presumivelmente infecciosa (não é obrigatório ter febre) ➔ Potencialmente autolimitada ➔ Curso de menos de 14 dias ➔ Aumento de volume e/ou frequência das fezes ➔ Perda excessiva de nutrientes fecais (principalmente água e eletrólitos); Epidemiologia • Importante causa de morbidade em todo o mundo • Cerca de 8 episodios diarreicos ao ano por criança menor do que 5 anos • A mortalidade devido a diarreia diminui proporcionalmente a introdução da solução de reidratação oral; Vulnerabilidade das crianças • Imaturidade imunológica • Maior exposição ambiental • Pior estado nutricional (principalmente os desnutridos crônicos) • Maior risco de desidratação – maior proporção de água • Maior necessidade metabólica • Menor capacidade renal de reter água Doença diarreica – subtipos ➔ Diarreia aguda aquosa - < 14 dias o Perda de grande volume de água e eletrólitos podendo levar a desidratação o Pode ser causada principalmente por bactérias e vírus ➔ Diarreia aguda com sangue - < 14 dias o Perda de sangue por lesão da mucosa intestinal (invasão) podendo levar a quadros sépticos ou desidratação o A causa mais frequente é a Shigella; A entamoeba díspar não é patológica; ➔ Diarreia persistente > 14 dias o Se inicia com um quadro de diarreia aguda infecciosa e fatores relacionados ao hospedeiro (como desnutrição) ou ao manejo (jejum ou uso indevido de antibiótico) faz com que se mantenha. o Maior desnutrição e mortalidade; Pode ser por disbiose intestinal, lesão intestinal ou da motilidade o A forma como se manuseia a diarreia aguda pode levar a evoluir para a diarreia persistente e levar a morte por desnutrição e infecções associadas; Agentes etiológicos • Vírus o Rotavírus (40%) – mesmo com a vacina (depende do estado imunológico e nutricional) o Norovírus o Adenovírus • Bactérias o E. coli (Enteropatogênica, Enterohemorrágica e Enterotoxigênica) o Shigella (mais preocupante → toxina no SNC e pode levar a sepse) o Campilobacter o Salmonela o Cólera – epidemias • Protozoários o Criptosporidum o Giardia Transmissão • Fecal-oral • Péssimas condições sanitárias • Vetores como mãos e animais • Contaminação de alimentos e da água • Insegurança de alimentos e de água Mecanismos, Sintomas e Agentes 1) Diarreia Aguda Aquosa ➔ Mecanismo Osmótico: o Vírus (rotavírus, novovírus, bactérias o E.coli enteropatogência clássica ➔ Mecanismo Secretório o Cólera, rotavivurs ▪ O rotavírus é principalmente osmótico) o Ecoli enterotoxigencia clássica 2) Diarreia Aguda com sangue ➔ Mecanismo de bactérias invasivas o Shigella, Salmonela não Tiphi e E.coli enteroinvasiva Mecanismo Osmótico – Modelo do Rotavírus • Invade as células da vilosidade do Intestino Delgado, promove a apoptose celular, levando a uma atrofia vilositária e um aumento da cripta; • Na região da cripta há produção de muco e um agrupamento da rede imunológica MALT – tecido linfoide associado a mucosa; quando o intestino sofre qualquer tipo de agressão há a produção de mais células de muco, maior produção de células inflamatórias, respondendo a infecção; • Alterações de motilidade devido a presença de citocinas inflamatórias agindo no sistema nervoso entérico, com aumento da motilidade intestinal levando a diarreia (mecanismo de defesa) • A dismotilidade pode ser perpetuada mesmo após a morte do agente patogênico • Após a morte do agente infeccioso há recuperação total das vilosidades, exceto se existirem condições que dificultem essa recuperação, como desnutrição ou jejum; • A presença da dieta na luz intestinal estimula a recuperação da vilosidade (estímulo trófico) • Nas microvilosidades há captação dos dissacarídeos, com enzimas dissacaridases como a lactase presente nas pontas dos enterócitos • Com a atrofia da vilosidade, a aumento da concentração de dissacarídeos no lúmen intestinal o que aumenta a osmolaridade, fazendo com que ocorra transporte de água para o lúmen intestinal • Esse carboidrato com a água vai chegar no Intestino Grosso e vai ser quebrado de fórmula anômala pela microbiota, levando ao aumento da produção de gás e água; • DEPENDE DO SUSBTRATO (Somente tem diarreia se tiver alimento no lumen) • MUITO VOLUME DE ÁGUA • DIARREIA ÁCIDA (quebra anômala de carboidrato no intestino grosso) • EXPLOSIVA (o bebê assa e faz muita distensão abdominal pela produção de gás) • Ocorre também um aumento de secreção (mais discreto que no mecanismo secretório) • A bomba de absorção de glicose com sódio continua funcionando → ocorre absorção de monossacarídeos Então o que acontece: ➔ Destruição da superfície absortiva ➔ Perda de enzimas da mucosa ➔ Acumulo de substancias osmoticamente ativas ➔ Influxo de água para a luz ➔ Fermentação por bactérias colônicas ➔ Gases e ácidos ➔ Diarreia com fezes ácidas ➔ Sintomas de intolerância a lactose secundária a infecção Mecanismo secretório – cólera e ECET (Tambem chamada de Cloridorreica) ➔ O agente patológico vai se aderir ao muco do intestino delgado ➔ Vai secretar nessa região exotoxina ➔ Essa exotoxina vai levar a ativação da adenilciclase ➔ A adeniciclase vai levar a secreção ativa de cloro, água e sódio; - muita perda de cloro ➔ Diarreia com grande perda de líquidos (maior que a da osmótica) ➔ Persiste mesmo em dieta suspensa; (criança evacua mesmo sem se alimentar) Mecanismo invasão e destruição – Shiguella, E.coli enteroinvasiva ➔ Invasão do enterócito (íleo terminal e cólon – intestino grosso) ➔ Multiplicação e disseminação – ativação de macrófagos e de neutrófilos polimorfonucleares ➔ Inflamação intensa leva a produção de pus e lesão da integridade da mucosa ➔ Surgimento de ulcerações (DD com doença inflamatória intestinal) ➔ Diarreia com sangue e perda de muco ➔ Mecanismo osmótico e secretor (pequena perda de volume) ➔ Risco de hemorragia, perfuração e bacteremia; Quadro clínico • Ingesta e consumo de alimentos contaminados → a shiguela não precisa de muitas bactérias • Curto período de incubação (12-48hrs) • Febre • Náuseas e vômitos • Dor abdominal • Diarreia • Evacuações sanguinolentas e tenesmo (dor a evacuação que alivia após) • Pode haver manifestações extraintestinais (mialgia, cefaleia e convulsão) Diagnostico • Geralmente é somente a clínica, não necessitando de exames complementares • Tem pequena utilidade na prática, dispensável para condução • Quadro clínico apresentado anteriormente • Hemograma, prova de atividade inflamatória (PCR e VHS) → pouco útil o Baixo valor preditivo em diagnosticar os subtipos de agentes ou prever evolução • Testes de identificação do agente o Pesquisa de vírus o Cultura de fezes o Lâmina direta de fezes Para começar a tratar • Defina o tipo de doençadiarreica o Diarreia aguda aquosa o Diarreia aguda com sangue o Diarreia persistente • Defina o grau de desidratação o Leve, moderada ou grave (choque?) • Defina o plano terapêutico inicial o Quanto a reidratação o Quanto a complicações associadas ▪ Medicação para vômitos? o Antibiótico? o Antidiarreicos? Classificação do grau de desidratação ➔ Observar o Condição (bem alerta, irritado, comatoso) (*) o Olhos (normais, fundos ou muito fundos) o Lágrimas (presentes, ausentes,) o Boca e língua (úmidas, secas, muito secas) o Sede (bebe normalmente, sedento ou não é capaz de beber) ➔ Examinar o Sinal da prega (desaparece rapidamente, lentamente ou muito lentamente > 2 s) o Pulso (cheio, rápido, débil ou ausente) (*) o Enchimento capilar (normal – até 3s, prejudicado, muito prejudicado) (*) • Conclusão o Não tem desidratação o Dois ou mais sinais descritos → tem desidratação o Dois ou mais incluindo pelo menos um dos assinalados com * → desidratação grave Plano A – tratamento domiciliar (criança sem desidratação) • Reidratar após cada evacuação liquida com solução de reidratação oral (SRO) • Aumentar a ingestão de água, água de coco, caldo de frango com legumes nos momentos cotidianos, deixar a SRO somente para depois da evacuação liquida para não repor demais • Evitar refrigerantes, sucos de frutas, bebidas isotônicas, líquidos açucarados e energéticos • Iniciar zinco oral por 10-14 dias (capacidade imunológica e recuperação da mucosa) o < 6 meses – 10 mg/kg uma vez ao dia o > 6 meses – 20 mg/kg uma vez ao dia • Vigiar sinais de alerta o Lagrimas o Urina Solução de Reidratação Oral ➔ Se baseia na bomba de sódio com glicose → aumento do transporte passivo de água ➔ Água, com açúcar e sal. ➔ Utilizada a solução com osmolaridade reduzida (menos conteúdo de sódio) Indicação de antibiótico? • Situações especificas e selecionadas o Diarreia com sangue (Shiguella) com febre e comprometimento do estado geral o Evitar complicações pelo potencial invasor do agente (não é para diarreia propriamente dita) o Ciprofloxacina, azitromicina e ceftriaxone • Mais raramente o Diarreia por cólera o Em imunodeprimidos o Anemia falciforme o Pacientes em uso de próteses cardíacas o Diarreia aguda por protozoários (rara em nossa região, acomete mais imunodeprimidos) Outros medicamentos • Antieméticos → ondasetrona • Antissecretórios → racecadotril; o Contraindicado em menores de 3 meses • Zinco → 10 mg/dia em < 6 meses e 20 mg/dia nos > 6 meses • Vitamina A → pacientes desnutridos • Probióticos → lactobacilo GG, lactobacilo reuteri, Sacharomiceis Boulardii (floratil); o Reduzir a diarreia de 6-12 horas; o Custo alto o Tirar o foco da reidratação Lembrar: Para reduzir a mortalidade por doenças diarreicas ➔ Manter a alimentação o Calorias, fibras e gordura o Reduzir lactose ➔ Manter o Aleitamento materno ➔ Prevenir a desidratação e tratar a desidratação corretamente ➔ Uso criterioso do antibiótico
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