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Projeto de edificações

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22/12/2020 Projeto de edificações
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Projeto de edificações
Site: Ambiente Virtual de Aprendizagem MOOC 38
Curso: Fiscalização de Projetos e Obras de Engenharia
Livro: Projeto de edificações
Impresso por: Gabriel Zuim Malini
Data: terça, 22 dez 2020, 22:30
https://mooc38.escolavirtual.gov.br/
22/12/2020 Projeto de edificações
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Sumário
2.1 O que é o projeto de edificações e como contratá-lo? – Parte 1
2.1 O que é o projeto de edificações e como contratá-lo? – Parte 2
2.1.2 Como um bom projeto determina o custo de uma obra ao longo de toda a sua vida útil? – Parte 1
2.1.2 Como um bom projeto determina o custo de uma obra ao longo de toda a sua vida útil? – Parte 2
2.1.3 O projeto começa pela contratante. Quais objetivos desejo alcançar? Como deverá ser o edifício que pretendo construir? Quais preceitos
deve atender? Premissas de projeto – Parte 1
2.1.3 O projeto começa pela contratante. Quais objetivos desejo alcançar? Como deverá ser o edifício que pretendo construir? Quais preceitos
deve atender? Premissas de projeto – Parte 2
2.1.4 Familiarizando-se com a terminologia aplicada ao projeto. Quais as diferenças entre Memorial Descritivo, (Caderno de) Especificações
Técnicas e Caderno de Encargos?
2.1.5 A contratação do projeto: qual é a modalidade de licitação mais indicada? – Parte 1
2.1.5 A contratação do projeto: qual é a modalidade de licitação mais indicada? – Parte 2
2.1.5 A contratação do projeto: qual é a modalidade de licitação mais indicada? – Parte 3
2.1.5 A contratação do projeto: qual é a modalidade de licitação mais indicada? – Parte 4
2.1.6 A diferença entre direito autoral e direito patrimonial: autores e coautores – Parte 1
2.1.6 A diferença entre direito autoral e direito patrimonial: autores e coautores – Parte 2
2.2 Como receber um projeto de edificações? – Parte 1
2.2 Como receber um projeto de edificações? – Parte 2
2.2.2 A responsabilidade do gestor de contrato
2.2.3 A importância da observação da representação gráfica na apresentação de projetos – Parte 1
2.2.3 A importância da observação da representação gráfica na apresentação de projetos – Parte 2
2.2.3 A importância da observação da representação gráfica na apresentação de projetos – Parte 3
2.3 Coordenando um projeto de edificações – Parte 1
2.3 Coordenando um projeto de edificações – Parte 2
2.3.2 A compatibilização dos projetos – Parte 1
2.3.2 A compatibilização dos projetos – Parte 2
2.3.3 O “projeto-mãe” em projetos de edificações – Parte 1
2.3.3 O “projeto-mãe” em projetos de edificações – Parte 2
2.3.4 A plataforma BIM e o seu papel na coordenação e na compatibilização dos projetos – Parte 1
2.3.4 A plataforma BIM e o seu papel na coordenação e na compatibilização dos projetos – Parte 2
Encerramento
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2.1 O que é o projeto de edificações e como contratá-lo? – Parte 1
2.1.1 A importância de um bom projeto para a futura atividade de manutenção predial da edificação
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
Identificar os principais conceitos para o desenvolvimento de um projeto eficiente.
Os projetos da construção civil, nesses incluídos os projetos de edificações, além de serem, por sua natureza, roteiros para as atividades que
concorrerão para a execução do objeto, são igualmente ferramentas de análise para as possíveis soluções técnicas a serem aplicadas no processo
construtivo.
A palavra projeto significa, genericamente, intento, desígnio, empreendimento e, também, um conjunto de ações, caracterizadas e quantificadas,
necessárias à concretização de um objetivo. Embora este sentido aplique-se a diversos campos de atividades, em cada um deles o projeto
materializa-se de forma específica.
O objetivo principal de um projeto é a execução da obra idealizada pelo arquiteto ou engenheiro.
Essa obra deve adequar-se aos contextos naturais e culturais em que se insere e responde às
necessidades do cliente e dos futuros usuários do objeto construído. As exigências do cliente e dos
usuários exprimem-se por meio do programa de necessidades que define metodologicamente o
produto final.
Diante disso, as soluções técnicas que deverão ser empregadas para a consecução da obra devem
atender aos princípios da racionalidade, da economicidade, da funcionalidade e do desempenho.
Considerando os conceitos de Vitrúvio (2007, p. 82),  os projetos de arquitetura devem atender
cumulativamente aos princípios básicos “utilitas” (utilidade, uso, funcionalidade, proveito, vantagem),
“firmitas” (solidez, firmeza, consistência, robustez) e “venustas” (beleza, elegância, estética). Tais
conceitos resumem as qualidades que se pretende para o projeto arquitetônico, demonstrando que o objeto construído deve conciliar
desempenho, economia e estética. Pode-se, assim, concluir que o edifício ou a obra deve ter características que atendam à sua durabilidade e
conservação.
Com esse objetivo, o projeto deverá também servir à correta escolha de soluções que determinem o melhor
funcionamento do objeto construído, muito além da sua concepção ou construção. No projeto é que são
definidos os conceitos e as técnicas que garantirão a permanência da construção, principalmente no quesito
manutenção.
Recentemente, a ABNT editou um conjunto de normas aplicado ao desempenho das edificações. Muito
embora tal norma traga na sua origem a destinação às edificações habitacionais, pode-se tomá-la como
referência para qualquer tipo de edifício em que se pretenda condições de bom desempenho. Uma das
premissas básicas dessa normativa é a durabilidade dos elementos da construção, denotando grande
preocupação com a manutenção do edifício.
A Administração Pública, por suas características (necessidade de racionalização dos custos, orçamentos limitados e inconstantes, falta de equipes
permanentes para conservação), tem como um dos grandes desafios a manutenção do seu patrimônio construído.
Por essa razão, boas escolhas na fase de projeto definirão o custo para a Administração na conservação e na manutenção das suas construções
por longo período.
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 VITRÚVIO, P. Tratado de arquitetura/Vitrúvio. Tradução, introdução e notas de M. Justino Maciel. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
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2.1 O que é o projeto de edificações e como contratá-lo? – Parte 2
Percebe-se, dessa condição, que o projeto, muito além de ser um roteiro para a construção do
objeto, é, antes de tudo, uma ferramenta para experimentação das soluções para o bom
desempenho da obra ou do edifício, possibilitando a escolha das melhores soluções técnicas,
aquelas que trarão o equilíbrio entre custo de construção, custo de manutenção e
funcionalidade, aí considerados a eficiência e o conforto.
Você, como gestor do contrato de projeto, ao elaborar o seu Termo de Referência ou Projeto
Básico, deve observar com cautela tais premissas, de forma a conduzir a sua elaboração pelo
caminho da racionalidade, da economia e do desempenho. As definições e as exigências
dadas no Termo de Referência ou Projeto Básico devem ser tais que condicionem a elaboração
do projeto, para que esse atenda aos objetivos aqui já mencionados.
Essas escolhas recairão sobre os tipos de materiais, a forma de ordenação dos espaços, a
morfologia dos elementos etc. Assim, é importante que se observe a vantagem que se terá sobre a escolha de um material em detrimento de outro,
do tamanho da edificação frente às necessidades do órgão, ou até mesmo da observância ao índice de compacidade ou da forma do edifício.
Como exemplo, citamos a escolha de esquadrias de ferro para a vedação das fachadas externas de um edifício em zona litorânea. Certamente
toma-se aqui a condição extrema e até mesmo inadmissível, visto que, nas condiçõesatmosféricas daqueles ambientes, jamais se optaria pela
escolha de elementos ferrosos para tal uso. A escolha correta nesse caso seria, por exemplo, esquadrias de alumínio, com pintura por
anodização ou eletrostática, com durabilidade adequada àquelas condições ambientais. Muito embora seja senso comum no meio da
arquitetura e da engenharia, a obviedade por tal escolha (esquadrias de alumínio para a vedação de fachadas em edificações de ambientes
litorâneos), ainda assim é possível encontrar projetos (mal) especificados trazendo aquela condição (especificação de esquadrias de ferro
naqueles ambientes).
Nos órgãos públicos, os setores que são responsáveis pelos projetos normalmente são diversos daqueles responsáveis pela manutenção das
edificações (ou outras obras da construção civil ou de infraestrutura viária). A boa especificação, quando da elaboração desses projetos, poderá
contribuir para a desoneração do trabalho e do custo despendidos futuramente pelos seus setores de manutenção.
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2.1.2 Como um bom projeto determina o custo de uma obra ao longo
de toda a sua vida útil? – Parte 1
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
Reconhecer a importância do projeto no ciclo de vida de uma edificação.
No tópico anterior, foram apresentadas as relações existentes entre a boa especificação de um projeto e o custo de manutenção do objeto
construído. Veja que as escolhas corretas no momento das especificações têm, entre outros quesitos, a função de desonerar o custo de manutenção
futura das edificações ou outras obras.
O custo de um projeto é sensivelmente menor do que os custos envolvidos na execução da obra. Por
essa razão, perceba que é mais lógico e sensato concentrar esforços nessa importante etapa,
evitando, por exemplo, economias irresponsáveis e permitindo que nessa ocasião possam ser
avaliadas todas as possibilidades técnicas para a consecução do objeto pretendido. Afinal, é
infinitamente mais fácil alterar um desenho, ou até mesmo descartar-se um conjunto de elementos
impressos, do que demolir uma estrutura de concreto. O projeto, portanto, é o momento para a
experimentação e o teste de possibilidades.
Para ilustrar a importância que tem um projeto na construção civil, veja a imagem a seguir.
Clique na imagem abaixo para ampliar
Perceba, portanto, algumas verdades sobre o projeto:
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Diante disso, você, na condição de gestor público, deve observar criteriosamente alguns aspectos na sua contratação:
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Em relação à manutenção do futuro objeto construído, a questão ganha ainda mais importância. De acordo com a Lei de Sitter,  ou “Lei dos 5”,
tomando-se novamente como exemplo uma estrutura de concreto, o custo para uma intervenção de correção, desde o projeto até a manutenção
corretiva, aumenta em progressão geométrica, de razão 5 (SITTER, 1984 apud HELENE, 1992) . Assim, pode-se dizer que, arbitrando que o custo
para uma eventual correção de erro no objeto seja 1, durante a fase de elaboração do projeto, a mesma correção na fase de execução da obra terá
custo 5, na fase de manutenção preventiva terá custo 25 e, finalmente, na fase de manutenção corretiva alcançará o custo de 125.
Clique na imagem abaixo para ampliar
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Esse mesmo princípio pode ser aplicado, por extensão, às outras disciplinas (instalações) das obras ou edificações.
 SITTER, W. R. Costs for service life optimization: the law of fives. In: CEB-RILEM. Durability of concrete structures. Proceedings of the
International Workshop held in Copenhagen, on 18-20 May 1983. Copenhagen, 1984. (Workshop Report by Steen Rostam).
  HELENE, P. R. L. Manual para reparo, reforço e proteção de estruturas de concreto. 2. ed. São Paulo: Pini, 1992. 213 p. ISBN 85-7266-010-0.
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2.1.2 Como um bom projeto determina o custo de uma obra ao longo
de toda a sua vida útil? – Parte 2
Neste tópico, identificaremos quais são as principais escolhas que podem concorrer para a racionalização do ambiente construído ao longo da sua
vida útil, em consonância com as boas práticas construtivas, à normativa técnica ou legislação vigente.
Conforme o art. 2º, item III, do Decreto nº 2.271, de 7 de julho de 1997 (dispõe sobre a contratação de serviços pela Administração Pública Federal
direta, autárquica e fundacional e dá outras providências), as contratações da Administração devem demonstrar os resultados que serão
alcançados em termos de economicidade e de melhor aproveitamento dos recursos humanos, materiais ou financeiros disponíveis. No caso das
especificações de projetos, as soluções adotadas terão íntima relação com o comando dado nesse artigo do referido decreto.
Ainda que o conceito de um bom projeto seja de difícil definição, visto tratar-se de
percepção subjetiva, para a qual contribuem diversas variáveis e referências, pode-se
delimitar os requisitos mínimos que devem ser atendidos para que o resultado seja adequado
aos objetivos da Administração Pública. É nesse sentido que recentemente os Poderes
Legislativo e Executivo têm editado leis e normas que buscam o aumento da eficiência da
máquina pública, refletida inclusive na construção das suas instalações.
Instruções Normativas que definem eficiência energética, otimização de recursos e critérios
de sustentabilidade ambiental são normas que atualmente devem ter observância
obrigatória pela Administração.
Dentro dessa condição, seguem algumas iniciativas específicas aplicadas à elaboração de projetos da construção civil pelo poder público:
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Escolha de materiais locais, de fácil obtenção no entorno da construção: essa iniciativa atende aos critérios de sustentabilidade ambiental, visto que
possibilita menor impacto na natureza, pela diminuição das distâncias de transporte – atividade poluidora – para os insumos da obra, com reflexo
no seu custo;
Escolha de materiais produzidos no país, por empresas nacionais ou nacionalizadas: essa iniciativa traz reflexos diretos na economia do objeto
construído, visto que diminui o custo para a sua contratação e manutenção;
Escolha de materiais com melhor eficiência energética, como, por exemplo, luminárias em LED (light emitting diode – ou diodo emissor de luz),
sistema de iluminação com baixo consumo de energia e que, consequentemente, diminui os gastos com energia elétrica ao longo da vida útil do
edifício ou obra;
Escolha de sistemas de ar condicionado com alta eficiência energética, que, a exemplo das instalações de iluminação em LED, proporcionam
economia de energia, e, com isso, menor gasto com energia elétrica;
Reúso de água, iniciativa que atende principalmente a dois requisitos básicos: a sustentabilidade ambiental e o menor consumo de água tratada,
refletindo diretamente no custo do seu fornecimento;
Escolha de espécies vegetais nativas nos projetos de urbanização ou paisagismo: essa iniciativa possibilita a melhor adaptação e a baixa
manutenção dos espaços ajardinados das edificações ou obras, refletindo na economia dos recursos despendidos pela Administração Pública;
Escolha de materiais duráveis e com baixa manutenção quando da especificação dos projetos (exemplo: escolha de esquadrias de alumínio ou PVC
para a vedação de fachadas): essa condição evita a necessidade de retificação e repintura doselementos (quando especificados em madeira ou
ferro), economizando recursos financeiros para os órgãos públicos.
Somam-se a essas considerações inúmeras outras possíveis e que ampliariam bastante a lista acima. Essas escolhas e definições podem encontrar
iniciativa por ação de bons projetistas.
É vital, no entanto, que tais exigências emanem da contratante, a Administração Pública, quando da elaboração dos seus editais de contratação.
Essa é uma das razões pelas quais é importante – e recomendável – que os órgãos públicos contem nos seus quadros com profissionais habilitados,
engenheiros e arquitetos, com qualificação permanente, para a contratação de projetos e obras da construção civil e de infraestrutura viária, tema
já abordado no Módulo 1.
http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1997/decreto-2271-7-julho-1997-445060-publicacaooriginal-1-pe.html
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2.1.3 O projeto começa pela contratante. Quais objetivos desejo
alcançar? Como deverá ser o edifício que pretendo construir? Quais
preceitos deve atender? Premissas de projeto – Parte 1
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
Identificar os itens obrigatórios a serem observados quando da elaboração do programa de necessidades para a contratação de um projeto de
edificações.
Complementando as ideias trazidas nos tópicos anteriores, neste tópico serão abordadas as
iniciativas por parte do gestor do contrato quando da contratação de um projeto da
construção civil.
É de grande responsabilidade a atuação do gestor, não somente por sua condição de agente
público, e que, portanto, deve obedecer às regras e condutas predeterminadas, mas também
pela condição de responsável pela contratação de objeto que terá longa vida útil e que poderá
gerar grande impacto socioambiental. Objetos da construção civil são concebidos para
durarem dezenas de anos, e, por essa razão, devem ser muito bem pensados, antes do início
da primeira escavação.
Note que a definição do resultado esperado é tarefa que requer complexo estudo e envolvimento. Certamente projetistas podem dar essa resposta.
A medida dessa resposta, no entanto, está intrinsecamente condicionada às orientações e premissas definidas pela contratante, nesse caso o poder
público. Mais uma vez, a figura do arquiteto ou engenheiro como gestor desses contratos é fundamental.
Inicialmente, pode-se dizer que as edificações ou obras contratadas pela Administração Pública devem considerar o seu custo e o seu resultado
final. Não devem ser onerosas, dada a limitação de recursos e a responsabilidade social do poder público, mas também não devem ter custo de
construção excessivamente baixo, que venha a onerar o custo do seu uso, conservação e manutenção, conforme já explicitado anteriormente.
O valor de uma obra deve ser medido por todo o período da sua vida útil, o que inclui a sua concepção, execução, usufruto e eventual demolição.
Conforme a ABNT NBR 15575-1:2013 – Edificações habitacionais – Desempenho – Parte 1: Requisitos gerais, a durabilidade do edifício e de seus
sistemas é um requisito econômico do usuário, pois está diretamente associado ao custo global do bem imóvel.  Esse conceito, embora seja dado
por norma especificamente aplicada a edificações, e do tipo habitacional, pode, como já foi aqui ilustrado, ser aplicado a qualquer objeto da
construção civil.
Essa, infelizmente, não é a orientação obtida a partir da legislação que rege as contratações da Administração Pública, em que comumente se
observa para essas apenas o critério do custo do seu projeto e construção. O gestor do contrato não deve, porém, limitar-se a tal regra, mas
buscar o equilíbrio entre o custo do projeto e da execução e o custo da sua manutenção, desembolso que será permanente e que onerará os
gastos da Administração Pública durante muitos exercícios financeiros. Profissionais habilitados – arquitetos e engenheiros – são os únicos
capazes de dar tal resposta.
Devem ser considerados requisitos de desempenho e funcionalidade, que concedam ao ambiente construído boas condições de uso e
habitabilidade, proporcionando aos seus usuários (agentes públicos e população em geral) bem-estar e conforto.
Como agente incentivador da transformação social e econômica, a Administração tem papel na inovação tecnológica quando da elaboração dos
seus projetos da construção civil. Iniciativas que não são tomadas pelo setor privado, senão pelo lucro, têm no setor público o seu fomento.
O poder público, como contratante de obras, tem potencialmente grande capacidade de transformação das
nossas cidades. Veja que, por essa razão, as obras contratadas pela Administração devem trazer entre as
suas características a adequação ao entorno e o baixo impacto ambiental. Os requisitos que devem ser
buscados são o baixo consumo energético, a baixa geração de resíduos o bom desempenho térmico e
acústico e a durabilidade. Condicionando a atuação da Administração Pública nas contratações de projeto, há
vasta legislação. Uma das normativas mais recentes é a Lei n° 13.647, de 9 de abril de 2018, que obriga a
instalação de equipamentos economizadores de água nos sanitários públicos de todas as novas edificações
públicas a partir da data da sua vigência.
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 ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15575-1:2013 – Edificações habitacionais – Desempenho – Parte 1:
Requisitos gerais. Rio de Janeiro: ABNT, 2013. p. 31.
http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2018/lei-13647-9-abril-2018-786440-publicacaooriginal-155214-pl.html
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2.1.3 O projeto começa pela contratante. Quais objetivos desejo
alcançar? Como deverá ser o edifício que pretendo construir? Quais
preceitos deve atender? Premissas de projeto – Parte 2
Outro requisito igualmente importante é a preocupação com o aspecto visual da obra, em relação à sua
inserção no ambiente e ao seu impacto estético. Como agente transformador do ambiente construído, o poder
público, na condição de contratante, deve também considerar a harmonia e a beleza das suas obras,
elementos que serão permanentes na paisagem. Devem ser evitados, por exemplo, os chamados “projetos-
monumento”, assim entendidos como aqueles que têm apelo temático ou simbólico, cuja forma possa gerar
polêmica ou dificuldade de aceitação (ver figura 3), ou que não tenha relação com a função do objeto,  um
dos princípios norteadores da arquitetura. Objetos de arquitetura que optem por trazer apelo simbólico
podem fazê-lo de forma sutil e indireta, remetendo à diretriz da sua concepção. Exemplos bem-sucedidos
dessas iniciativas são o edifício-sede do Banco Central do Brasil (Bacen), em Brasília, do arquiteto Hélio
Ferreira Pinto  (ver figura 4), e a ponte da mulher (el puente de la mujer), de autoria do arquiteto espanhol
Santiago Calatrava (ver figura 5), no bairro Puerto Madero, em Buenos Aires. O primeiro é inspirado em
imagem gravada no dobrão, moeda do período imperial, de 1725. O segundo representa um casal dançando
tango, manifestação artístico-cultural típica da Argentina, considerada patrimônio oral e imaterial pela
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Clique nas imagens abaixo para ampliá-las
 
Considere que as edificações e as demais obras da Administração Pública devem ser sóbrias, para que transmitam as ideias de racionalidade e
imparcialidade, ou inovadoras, por meio do emprego de novas técnicas, conceitos ou materiais, para que transmitam a preocupação com a evolução
social ou tecnológica do homem. Essas duas características devem estar sempre acompanhadas do princípio da economicidade.
Assim, diante dos conceitos apresentados, pode-se resumir os objetivos e as premissas para as obras contratadas pela Administração Pública e quedeverão fazer parte do programa de necessidades dos projetos:
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  “A forma segue a função” é um dos princípios da escola modernista de design Bauhaus, da década de 1910, que teve grande influência na
arquitetura desde então, ao defender a adoção de desenhos funcionais nos objetos, em oposição à ornamentação. GROPIUS, W. The new
archictecture and Bauhaus. New York: MIT Press, 1965.
 Disponível em: <https://www.bcb. gov.br/pre/Historia/HistoriaBC/historia_BC.asp. Acesso em: 10 abr. 2018.
https://mooc38.escolavirtual.gov.br/pluginfile.php/116152/mod_book/chapter/3826/Edif%C3%ADcio%20Caranguejo.JPG
https://mooc38.escolavirtual.gov.br/pluginfile.php/116152/mod_book/chapter/3826/Banco%20Central%20do%20Brasil.jpg
https://mooc38.escolavirtual.gov.br/pluginfile.php/116152/mod_book/chapter/3826/Puente%20de%20la%20Mujer.jpg
https://mooc38.escolavirtual.gov.br/pluginfile.php/116152/mod_book/chapter/3826/2.1.3%20parte%203_fancybox%20%281%29.png
https://www.bcb.gov.br/pre/Historia/HistoriaBC/historia_BC.asp
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2.1.4 Familiarizando-se com a terminologia aplicada ao projeto. Quais
as diferenças entre Memorial Descritivo, (Caderno de) Especificações
Técnicas e Caderno de Encargos?
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
Destacar quais documentos exigir conforme os tipos específicos de projeto;
Relembrar os conceitos aplicados ao tema “projeto de edificações”.
Na contratação dos projetos da construção civil, é importante que o gestor do contrato tenha clareza quanto ao significado da terminologia aplicada,
permitindo, assim, que os editais tragam correta apresentação dos conceitos e das definições.
É comum entre os profissionais de engenharia e arquitetura a confusão entre os conceitos de Memorial Descritivo, (Caderno de) Especificações
Técnicas e Caderno de Encargos, razão pela qual compete à contratante o seu esclarecimento, por meio do documento editalício. Essa condição não
somente evita a eventual impugnação do edital como traz segurança jurídica ao órgão público.
Esses conceitos são definidos abaixo, de acordo com o TCU:
Clique nas imagens abaixo para ampliá-las
Observe, portanto, dados os conceitos do TCU, que o Caderno de Encargos é a consolidação do Memorial Descritivo e das especificações técnicas,
documento este também chamado de Caderno de Encargos e Especificações Técnicas. Esse documento é complementar às pranchas de desenho do
projeto e tem por função a descrição completa do objeto, textualmente, e as orientações de como serão executados os serviços. O Caderno de
Encargos ainda pode apresentar outras orientações, como a forma de medição dos serviços, a forma de descarte de resíduos, a forma de
apresentação dos documentos finais, etc.
O Caderno de Encargos, para os projetos de edificações, não é documento facultativo, dele devendo fazer parte obrigatoriamente, visto ser elemento
que elucida dúvidas advindas da leitura das suas pranchas de desenho, sendo instrumento de arbitragem nas eventuais dúvidas técnicas advindas
da execução do objeto.
Outro conceito amplamente aplicado à área e que também gera dúvidas quanto ao seu significado é o Memorial Justificativo. Alerte-se para o fato
que esse documento é tão somente, como o próprio nome diz, um texto que justifica o projeto. Nele estará contida a exposição das razões pelas
quais foram adotadas determinadas soluções e decisões de projeto, o porquê de se ter utilizado determinados materiais, traçados,
dimensionamentos, etc., em detrimento de outras escolhas. O Memorial Justificativo é, portanto, a peça textual que explica o projeto.
É importante que desse documento conste com clareza a explicação para os seguintes itens:
1. Localização
Descrição sucinta do entorno (quando se tratar de projeto de edificação ou intervenção urbanística), e a forma como o objeto relaciona-se com ele,
indicando as soluções adotadas para o tratamento dos ruídos, insolação, regime de ventos, etc.;
2. Programa de necessidades
Identificação das razões que levaram o projetista a adotar determinada solução para os elementos do objeto. Exemplo: em um projeto que
contenha um auditório, a explicação das razões pelas quais determinada forma foi adotada para tal auditório, a configuração da plateia, etc.;
3. Planta baixa (quando se tratar de projeto de edificação ou intervenção urbanística)
Explicação para a distribuição funcional dos elementos, sua relação, ordenamento, integração, hierarquia, etc.;
4. Volumetria
Descrição da forma como se obteve a solução plástica (quando se tratar principalmente de projeto de edificação), processo criativo, enfatizando
procedimentos que foram adotados, tais como subtrações, adições, composição de cheios e vazios, luz e sombras, texturas e materiais, linhas
predominantes, etc.;
5. Tecnologia
Apresentação da escolha construtiva e suas vantagens. Descrição do benefício que será atingido com a opção pela forma de construção adotada,
em relação à economia, ao desempenho, à rapidez de execução, etc. Exemplo: por que foi adotada a forma construtiva “estaiado para o projeto de
um viaduto, em detrimento da forma “simplesmente apoiado”.
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 BRASIL. Tribunal de Contas da União. Orientações para elaboração de planilhas orçamentárias de obras públicas. Brasília: TCU, 2014.
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O Memorial Justificativo não é item obrigatório na elaboração dos projetos (conforme ABNT NBR 16636-2:2017 – Elaboração e desenvolvimento de
serviços técnicos especializados de projetos arquitetônicos e urbanísticos – 
Parte 2: Projeto arquitetônico), e não é comumente adotado ou exigido nas contratações da Administração Pública. É imprescindível, no entanto,
quando for adotada a modalidade de licitação “concurso”, que será abordada no próximo tópico.
22/12/2020 Projeto de edificações
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2.1.5 A contratação do projeto: qual é a modalidade de licitação mais
indicada? – Parte 1
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
Avaliar qual a melhor modalidade de licitação a ser adotada nos diferentes tipos de objeto.
Clique na imagem abaixo para ampliar
A Lei n° 10.520/2002 (institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal,
modalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências) traz ainda a modalidade de
pregão.
Antes de abordarmos as formas de licitação, é importante comentarmos a formação do preço referencial no processo licitatório para a contratação
de um projeto, item que fará parte do edital.
Como já mencionado neste curso, a Administração Pública deve sempre ter o seu preço referencial para contratações. Isso é válido para projetos,
obras e também para serviços continuados. Aplicam-se aos projetos e aos serviços continuados as determinações constantes da IN nº 5, de 27 de
junho de 2014 (dispõe sobre os procedimentos administrativos básicos para a realização de pesquisa de preços para a aquisição de bens e
contratação de serviços em geral) da SLTI/MP.
Naquela IN está determinada a seguinte sequência, em ordem preferencial, para a pesquisa de preços para contratação de serviços em geral:
I
II
III
IV
Portal de Compras Governamentais;
Pesquisa publicada em mídia especializada, sítios eletrônicos especializados ou de domínio amplo, desde que contenha a data e a hora de acesso;
Contratações similares de outros entes públicos, em execução ou concluídos nos 180 (cento e oitenta) dias anteriores à data da pesquisa de preços;
Pesquisa com os fornecedores.
Outras formas de pesquisa também são possíveis, desde que devidamente justificadas pela autoridade competente,conforme disposto no
parágrafo 3º do art. 2º:
“§ 3° A utilização de outro método para obtenção do resultado da pesquisa de preços, que não o disposto no parágrafo 2°, deverá ser
devidamente justificada pela autoridade competente”.
Essa possibilidade deve-se ao fato de que, pelo serviço de projeto ter a sua mensuração de forma subjetiva, por vezes é difícil encontrar
referenciais criteriosos para a formação do seu preço. Deve-se considerar que, para um mesmo objeto, pode haver sensíveis diferenças de preços
em função da escala, da área de edificação considerada etc.
O item IV apontado pela IN SLTI/MP n° 5/2014 poderia, nesses casos, trazer maior segurança na formação do preço. Sua confiabilidade seria dada
pela tomada de ao menos três orçamentos, de onde se deve tirar o preço médio. Ainda assim, nem sempre tal expediente traz resposta indiscutível
à questão. Nesses casos, pode-se tomar como referência os preços das bases de dados dos órgãos de classe (CAU/BR, Confea/Crea, Sindicato dos
Engenheiros, Sindicato dos Arquitetos etc.).
Atualmente, está em fase de elaboração dentro da ABNT a NBR 16633 (Elaboração de orçamentos e formação de preços de empreendimentos de
infraestrutura), dividida em quatro partes, por meio de projeto sob o mesmo nome. Com previsão de edição para o ano de 2018, esse conjunto de
normas trará grande auxílio na análise e na formação dos preços referenciais para os serviços de projeto.
Analisada a questão da formação do preço referencial, é possível então avaliar as modalidades de licitação aplicadas aos tipos de objetos, já que,
normalmente, o preço é um dos critérios para a sua escolha.
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https://mooc38.escolavirtual.gov.br/pluginfile.php/116152/mod_book/chapter/3820/2.1.5_infografico_licitacao%20%282%29.png
http://www.comprasgovernamentais.gov.br/
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  BRASIL. Instrução Normativa nº 5, de 27 de junho de 2014. Dispõe sobre os procedimentos administrativos básicos para a realização de
pesquisa de preços para a aquisição de bens e contratação de serviços em geral. Brasília: SLTI/MP, 2014.
 Disponível em: <http://sinaenco.com.br/noticias/norma-sobre-formacao-de- precos-de-projetos-e-gerenciamento-esta-em-consulta-na-abnt/?
utm_campaign =Newsletter&utm_content=  Norma+sobre+forma%C3%A7%C3%A3o+ de+pre%C3
%A7os+de+projetos+e+gerenciamento+est%C3    %A1+em+consulta+na+ABNT+-+Sinaenco+%281%29&   utm_medium=email&utm _source=
EmailMarketing&utm_term=newsletter     +edi%C3%A7%C3%A3o+35+-+11+de+outubro>. Acesso em: 14 abr. 2018. Disponível em:
<http://www.abntcatalogo.com.br/projetgrid.aspx>. Acesso em: 14 abr. 2018.
http://sinaenco.com.br/noticias/norma-sobre-formacao-de-precos-de-projetos-e-gerenciamento-esta-em-consulta-na-abnt/?utm_campaign=Newsletter&utm_content=Norma+sobre+forma%C3%A7%C3%A3o+de+pre%C3%A7os+de+projetos+e+gerenciamento+est%C3%A1+em+consulta+na+ABNT+-+Sinaenco+%281%29&utm_medium=email&utm_source=EmailMarketing&utm_term=newsletter+edi%C3%A7%C3%A3o+35+-+11+de+outubro
http://www.abntcatalogo.com.br/projetgrid.aspx
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2.1.5 A contratação do projeto: qual é a modalidade de licitação mais
indicada? – Parte 2
Os limites definidos na Lei nº 8.666/1993 determinam a modalidade que deve ser adotada conforme o valor do objeto. Não se impede, no entanto,
que se adote a modalidade cujo limite do valor que a define é elevado para licitações de limite de valor menor.  Essa escolha, porém, deve levar
em conta a racionalidade do próprio certame e o objetivo buscado, além da supremacia do interesse público, em que se deve considerar também o
próprio custo do processo de licitação.
Como resultado dessa busca pela racionalidade e otimização dos custos, muitas licitações para contratação de projeto vêm sendo contratadas na
modalidade pregão.
Sobre tal modalidade, devemos inicialmente analisar a sua aplicação, conforme definido na lei que a instituiu. O art. 1º da Lei nº 10.520/2002 assim
determina:
Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser adotada a licitação na modalidade de pregão, que será regida por esta
lei. 
Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços comuns, para os fins e efeitos deste artigo, aqueles cujos padrões de desempenho e
qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado (BRASIL, 2002, grifo nosso).
A Advocacia-Geral da União (AGU), por meio da Orientação Normativa n° 54/2014, pondera:
Compete ao agente ou setor técnico da Administração declarar que o objeto licitatório é de natureza comum para efeito de utilização
da modalidade pregão e definir se o objeto corresponde a obra ou serviço de engenharia, sendo atribuição do órgão jurídico analisar
o devido enquadramento da modalidade licitatória aplicável (BRASIL, 2014).
A dúvida recai sobre o fato de um projeto poder ser considerado ou não como serviço comum de engenharia.
O auditor do TCU, André Mendes (2013, p. 149-152) , argumenta, exemplificando a aplicação do conceito de serviços comuns de engenharia. Na
opinião do autor, considerando como orientação a Lei nº 8.666/1993, para que as contratações de serviços de engenharia sejam exclusivamente com
licitação dos tipos “melhor técnica” ou “técnica e preço”, seria inapropriado o uso da licitação do tipo “menor preço” para tais serviços, o que
impediria também o uso da modalidade pregão, visto essa ter como critério de julgamento exclusivamente o menor preço.
O autor continua, fazendo uma comparação entre um serviço notadamente comum de engenharia, a impermeabilização de uma laje de uma
edificação e um serviço de projeto. Somente pelo fato de o projeto necessitar de um responsável técnico, ou seja, configurar-se como um serviço
intelectual, não poderia ser classificado como serviço comum. Além disso, em um projeto, tomando-se como exemplo um projeto de arquitetura, não
é possível definir objetivamente sua forma, aparência e características arquitetônicas finais, confirmando a impossibilidade de seu enquadramento
como serviço comum.
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  Brasil (1993, art. 23, § 4º). BRASIL. Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002. Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, nos termos do art. 37, inciso
XXI, da Constituição Federal, modalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Brasília, 2002.
 BRASIL. Advocacia-Geral da União. Orientação Normativa n° 54/2014. Brasília: AGU, 2014. MENDES, André. Aspectos polêmicos de licitações e contratos de obra públicas. São Paulo: Pini, 2013. 
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2.1.5 A contratação do projeto: qual é a modalidade de licitação mais
indicada? – Parte 3
No entanto, conforme jurisprudência do TCU, por meio do Acórdão n° 601/2011 – TCU – Plenário, se houver entendimento de que o objeto final de
uma licitação de projeto não terá diferença, independentemente de quem o fará, este pode ser classificado como comum:
(...) se o projeto ou estudo a ser obtido pela realização do serviço por uma empresa ou profissional for similar ao projeto
desenvolvido por outra empresa, dotada com as mesmas informações da primeira, esse objeto, no caso “estudos e projetos”, pode ser
caracterizado como “comuns”. Caso contrário, se a similaridade dos produtos a serem entregues não puder ser assegurada, o objeto
é incomum (BRASIL, 2011).
Perceba a controvérsia que envolve a questão e que, diante da incerteza do caminho a seguir, muitos gestores acabam optando pela adoção dessa
modalidade (pregão) para a contratação dos serviços de projeto, quando de pequeno vulto. Opta-se, dessa forma, pelo caminho mais seguro, se
considerarmos a segurança jurídica. Perde-se, no entanto, pela qualidade do objeto ofertado, visto que o custo e a qualidadedo projeto tendem a
ser grandezas opostas, conforme demonstrado no tópico 2.1.2 deste módulo, por meio da figura 1, abaixo relembrada.
Clique na imagem abaixo para ampliar
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 BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão n° 601/2011 – TCU – Plenário. Brasília: TCU, 2011.
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2.1.5 A contratação do projeto: qual é a modalidade de licitação mais
indicada? – Parte 4
É importante comentar que a modalidade “pregão” pode tornar-se antieconômica para a Administração Pública, as chamadas licitações deficitárias,
visto que há casos em que o desconto obtido em um certame com esse tipo de modalidade – comparando-se o preço contratado com o preço inicial
dos lances (orçamento referencial da Administração) – não alcançou o gasto despendido com o contingente de mão de obra envolvido no seu
procedimento. Estudos nesse sentido vêm sendo feitos pela Controladoria-Geral da União (CGU), que concluiu que 85% dos órgãos da
Administração direta realizam pregões deficitários.
Para que se jogue mais luz sobre o debate, tome-se o posicionamento do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) e suas recentes
ações quanto à adoção do pregão para a contratação de projetos pela Administração Pública.
A unidade do CAU do estado do Rio Grande do Sul posicionou-se sobre o tema e tem alcançado repetidos êxitos nas ações judiciais ou ações de
impugnação impetradas contra a modalidade pregão nesse tipo de contratação.
Deve ser considerado que, ainda que o serviço de projeto a ser contratado seja de pequeno vulto, o tipo de licitação a ser escolhido deve ser o de
“técnica e preço” nas modalidades “concorrência” ou “tomada de preços”, no caso da RFB, por definição da Portaria RFB/Sucor/Copol n° 566/2011, no
seu art. 11:
Sabe-se que contratações de projeto têm pouca representatividade numérica no universo de contratações da Administração Pública. Não traria
ônus à supremacia do interesse público o maior dispêndio de tempo e de recursos humanos da Administração para essa forma de contratação
(licitações nas modalidades que não sejam o pregão), frente ao benefício que se teria com o resultado final do objeto fruto de um bom projeto,
conforme já mencionado nos tópicos 2.1.1 e 2.1.2 deste módulo.
Para projetos de maior vulto, no entanto, a modalidade ideal é o concurso. Esse é o entendimento da academia e dos órgãos de classe da
engenharia e arquitetura. Notadamente, os grandes projetos em nível mundial, aqui definidos grandiosos pela sua qualidade, destaque e
importância, aliados à quintessência da manifestação artística e tecnológica, foram desenvolvidos por meio de concurso.
Exemplos desses projetos são a Ópera de Sidney, Austrália (figura 6); o Plano Piloto da cidade de Brasília, Brasil (figuras 7 e 8); o Museu
Guggenheim, Bilbao/Espanha (figura 9); o Estádio “Ninho de Pássaro”, Pequim/China (figura 10); e a remodelação da Estação Central de Trens,
Berlim/Alemanha (figura 11).
Clique nas imagens abaixo para ampliá-las
 
André Baeta, auditor federal de Controle Externo do TCU, em artigo publicado em novembro/2014 na revista “Infraestrutura Urbana”,  defende a
contratação de projetos pela modalidade concurso. Segundo o auditor, há vantagens para a Administração Pública quando desse tipo de
contratação, abaixo transcritas:
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  CAMAROTTO, M. Decreto vai atualizar valores de licitação, congelados há 20 anos. Valor Econômico, Brasília, 9 abr. 2018. Disponível em:
http://www.valor.com.br/brasil/5438381/decreto-vai-atualizar-valores-de-licitacao-congelados-ha-20-anos. Acesso em: 10 abr. 2018.
 Disponível em: <http://www.caurs.gov.br/caurs-nao-admite-pregao-na-contratacao-de-servicos-de-arquitetura-e-urbanismo/>. Acesso em: 4
abr. 2018.     
Disponível em: <http://www.caurs.gov.br/caurs-tem-sucesso-em-impugnacao-de-pregao-em-campo-bom/>. Acesso em: 4 abr. 2018.
Disponível em: <http://www.caurs.gov.br/pregao-encruzilhada/>. Acesso em: 4 abr. 2018.
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https://mooc38.escolavirtual.gov.br/pluginfile.php/116152/mod_book/chapter/3830/%C3%93pera%20de%20Sidney.jpg
https://mooc38.escolavirtual.gov.br/pluginfile.php/116152/mod_book/chapter/3830/Brasilia_-_Plan_1.jpg
https://mooc38.escolavirtual.gov.br/pluginfile.php/116152/mod_book/chapter/3830/Brasilia_-_Plan_3.jpg
https://mooc38.escolavirtual.gov.br/pluginfile.php/116152/mod_book/chapter/3830/guggenheim-bilbao-2-1024x542.jpg
https://mooc38.escolavirtual.gov.br/pluginfile.php/116152/mod_book/chapter/3830/National-Stadium_1_900x600-Mini-Yu-Sun-900x600.jpg
https://mooc38.escolavirtual.gov.br/pluginfile.php/116152/mod_book/chapter/3830/Interior-de-Berlin-Hbf.jpg
http://www.valor.com.br/brasil/5438381/decreto-vai-atualizar-valores-de-licitacao-congelados-ha-20-anos
http://www.caurs.gov.br/caurs-nao-admite-pregao-na-contratacao-de-servicos-de-arquitetura-e-urbanismo/
http://www.caurs.gov.br/caurs-tem-sucesso-em-impugnacao-de-pregao-em-campo-bom/
http://www.caurs.gov.br/pregao-encruzilhada/
22/12/2020 Projeto de edificações
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Com o concurso, contrata-se o melhor projeto, e não a melhor empresa.
A Administração Pública sabe qual é o projeto que está comprando, visto que, ao receber as propostas, a contratante avaliará desenhos conceituais,
memoriais etc., ainda em fase preliminar.
O projeto é entregue no prazo, sem aditivos ou aumento de custos.
Há aumento da competitividade entre as empresas projetistas.
O melhor projeto é selecionado por especialistas da área.
Há isonomia e impessoalidade na seleção do melhor projeto.
Assim, considerando-se as questões apresentadas no debate em torno do tema, é possível concluir que há grande
vantagem para a Administração Pública na escolha da modalidade concurso ou licitações do tipo “técnica e preço” para
a contratação de projetos.
 Disponível em: http://www.caubr.gov.br/auditor-do-tcu-defende-concurso-para-contratacao-de-projetos/. Acesso em: 4 abr. 2018.
http://www.caubr.gov.br/auditor-do-tcu-defende-concurso-para-contratacao-de-projetos/
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2.1.6 A diferença entre direito autoral e direito patrimonial: autores e
coautores – Parte 1
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
Reconhecer a proteção dos direitos autorais e a sua aplicação no âmbito do poder público como contratante.
Surgida na Renascença, no início do século XIV, a questão dos direitos autorais trazia no seu conceito original a
proteção aos editores, o que, na Inglaterra, foi chamado de copyright. Essa condição, fomentada pela então
recente invenção da imprensa, tinha por objetivo garantir àqueles editores e livreiros a remuneração dos altos
custos de impressão aos quais estavam submetidos, devido ao uso de gravuras (muito comuns nos primórdios
da imprensa) ou outras informações adicionais.
A proteção para os direitos do autor surgiria somente mais tarde, nos ares da Revolução Francesa, em oposição
à condição protetiva inglesa, o que se chamou droit d’auteur. Essa condição trazia outra inovação: a divisão dos
direitos em direitos patrimoniais e direitos morais, concedendo ao autor não só a proteção sobre a sua autoria,
como também à propriedade da sua obra.
No Brasil, a legislação sobre direitos autorais teve início ainda no período imperial, por meio da edição de
normas vinculadas à proteção de obras jurídicas, com a criação dos primeiros cursos de direito, com alguma
evolução ao longo do período republicano e sua consolidação, por meio da Lei nº 5.988, de 14 de dezembro de
1973, que reunia a legislação sobre o tema.
Na Constituição da República de 1988 surge, pela primeira vez em um texto constitucional, a proteção dos
direitos de autor como uma garantia individual. Vejamos o seu art. 5º:
Dez anos depois é editada a Lei nº 9.610, de 19 de fevereirode 1998, que revoga a lei de 1973 sobre o tema e que está em vigor atualmente, com
recente alteração pela Lei nº 12.853, de 14 de agosto de 2013, incluindo a gestão coletiva dos direitos autorais, as duas regulamentadas pelo Decreto
nº 8.469, de 22 de junho de 2015.
No âmbito da Administração Pública e sua relação com os autores, aqui enfatizados os autores de obras intelectuais de projetos, um dos temas no
nosso curso, é limitada a possibilidade de transferência daqueles direitos. Como contratante, a Administração tem a possibilidade de transferência
para si apenas da parte relativa aos direitos patrimoniais do autor.
Para tratarmos a questão, é necessário primeiramente que entendamos a divisão dos direitos autorais.
Conforme a Lei nº 9.610/1998, esses dividem-se em patrimoniais e morais, a exemplo das primeiras manifestações do modelo legislativo francês
sobre o tema. O seu art. 22 diz que ambos os direitos pertencem ao autor da obra intelectual.
O direito moral, inalienável e irrenunciável, por tratar-se de direito que protege a criação de espírito, não pode ser transferido, e confere, ao autor,
as seguintes prerrogativas, dadas no art. 24 da Lei n° 9.610/1998:
Para os incisos V e VI, são ressalvadas as indenizações aos terceiros atingidos: “§ 3º Nos casos dos incisos V e VI, ressalvam-se as prévias
indenizações a terceiros, quando couberem” (BRASIL, 1998).
O art. 26 traz importante informação:
Esse comando limita, portanto, a discricionariedade do contratante quanto à alteração da obra intelectual, e deve ser muito bem observado pela
Administração Pública, aqui enfatizados os projetos contratados pelo poder público, sob pena de gerar ao autor, em eventuais alterações do
objeto, o direito a indenizações.
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12853.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Decreto/D8469.htm
22/12/2020 Projeto de edificações
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2.1.6 A diferença entre direito autoral e direito patrimonial: autores e
coautores – Parte 2
O segundo grupo de direitos do autor são os patrimoniais, relativos à propriedade da obra. Vejamos o que diz a Lei nº 9.610/1998 quanto a essa
questão:
A leitura dos artigos acima indica a necessidade de transferência daqueles direitos patrimoniais pelo autor ao adquirente, para que esse possa
fazer a utilização e o usufruto da obra.
Assim, é necessário que a Administração Pública, como adquirente do direito patrimonial do autor (por meio da devida remuneração pela obra
adquirida), faça constar no edital da licitação cláusula expressa, conforme demonstrado no inciso II do art. 49 da Lei n° 9.610/1998.
Veja que, diante do que estabelece aquela lei, é importante também o cuidado da Administração Pública quanto à eventual alteração do objeto
contratado. Na execução de obras, a partir da contratação de um Projeto Básico, conforme permitido pela Lei n° 8.666/1993, deve ser observado
com elevado critério a elaboração do Projeto Executivo concomitante à obra, também autorizado pela referida lei. O Projeto Executivo em questão
– com o significado que tem – já discutido no tópico 1.1.2, do Módulo 1 deste curso, deve configurar-se em mero detalhamento complementar,
jamais podendo alterar a concepção original dada no Projeto Básico.
Alterações naquela concepção geram a possibilidade de o autor buscar indenizações ou mesmo reparação judicial contra a ofensa ao seu direito
moral.
Essa é uma das razões pelas quais se deve tomar cuidado quando da revisão dos projetos contratados pela Administração Pública por meio da
elaboração do Projeto Executivo concomitante à obra. Essa também é uma das razões para a contrariedade dos conselhos de classe (CAU/BR e
sistema Confea/Crea) quanto a essa prática.
Permitida pela Lei nº 8.666/1993, no seu art. 7º, essa condição prevê a possibilidade de complementação do Projeto Básico por meio do chamado
Projeto Executivo, que pode vir a transfigurar o objeto original, o que se caracterizaria uma clara afronta ao direito autoral.
Lembre-se de que a Lei nº 8.666/1993, conforme já exposto neste curso, no tópico 1.1.4, traz confusão nos conceitos de Projeto Básico e
Projeto Executivo. Para que se afaste o risco de ofensa à autoria do projeto, a ação permitida para o momento da obra, em relação à revisão
do projeto, deveria ser tão somente a de detalhamento complementar. Essa complementação teria apenas o caráter de esclarecimento da
ideia advinda do projeto original (o Projeto Básico da licitação) eventualmente não detalhada, ou que possa ter gerado dúvida quanto à sua
forma de execução, preservando a autoria do objeto, impedindo o risco de desobediência ao direito autoral e, desta forma, dando segurança
à conduta do gestor do contrato.
A coautoria, por conseguinte, é instituto que prevê a assunção da paternidade de uma obra artística ou trabalho
técnico por dois ou mais autores. A sua manifestação é direta, por meio do acordo entre os participantes quando da
composição do objeto, em que cada um dos autores contribui com a sua ideia na elaboração do intento, trazendo como
resultado ideia única da combinação dessas. Os coautores têm igual peso na responsabilidade pelo objeto constituído
e também iguais direitos.
 
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2.2 Como receber um projeto de edificações? – Parte 1
2.2.1 O recebimento do projeto: o que deve ser observado?
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
Indicar a necessidade de verificação das normativas técnicas e demais normativas legais citadas no projeto,
sua vigência, a data da sua edição etc.
Nos processos licitatórios, o edital de licitação e o seu Termo de Referência ou Projeto Básico são os elementos
que definem os procedimentos para as contratações da Administração Pública. Dessa forma, ao ser recebido o
projeto, toma-se como primeira ação do gestor a necessidade de análise do objeto quanto à observância das
diretrizes expostas no Termo de Referência ou Projeto Básico do edital.
Nessa ocasião, a revisão deve pautar-se na observação do atendimento ao programa de necessidades, à
legislação, às diretrizes técnicas e aos objetivos expostos naquela peça processual.
Simultaneamente a essa revisão preliminar, o gestor mergulhará na documentação do projeto para a
identificação do atendimento aos itens de entrega obrigatória para o tipo de objeto. A relação desses itens
deve sempre estar expressa no Termo de Referência ou Projeto Básico para que o gestor tenha a legitimidade
na sua cobrança. Para a sua elaboração, no momento da montagem do edital, a Administração deve fazer
constar as orientações das normas técnicas, a bibliografia sobre o assunto e as determinações dos conselhos
profissionais.
Complementarmente, e como rica fonte de consulta, pode-se observar as orientações do TCU, por meio da
Portaria da Secretaria-Geral de Controle Externo (Segecex) nº 33, de 7 de dezembro de 2012, no seu item I.1.2.1
e no seu Anexo II.
Os elementos mínimos a serem apresentados para o projeto de uma edificação de porte médio, conforme esse
item da portaria, são:
a
b
c
d
e
f
g
h
i
j
k
l
m
Levantamento topográfico;
Sondagens;
Projeto arquitetônico;
Projeto de terraplanagem;
Projeto de fundações;
Projeto estrutural;
Projeto de instalações hidrossanitárias;
Projeto de instalações elétricas;
Projeto de instalações telefônicas;
Projeto de instalações de detecção e alarme e de combate a incêndio;
Projeto de instalações lógicas;
Projeto de instalações de climatização e ventilação mecânica;
Projeto de instalação de transporte vertical.
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Imagem de uma jovem
profissional de capacete, segurando
uma prancheta e um projeto.
2.2 Como receber um projeto de edificações? – Parte 2
O conjunto de documentos do projetodeve contemplar as peças gráficas (pranchas de projeto), com a indicação da sua revisão e data, o Caderno de
Encargos, o cronograma físico-financeiro e o orçamento detalhado, com a indicação da data-base para os preços tomados.
No Caderno de Encargos, deve estar descrita a lista das pranchas de desenho integrantes do projeto, com a
sua revisão e data. No cronograma físico-financeiro e no orçamento detalhado deve ser mostrado o título do
projeto para a sua fácil identificação. As pranchas de desenho devem ser apresentadas dentro das normas
da ABNT, condição que deve estar expressa no edital. Essa condição vale também para o Caderno de
Encargos. Esse documento, conforme o tamanho do objeto, atinge o volume de 400 páginas ou mais, razão
pela qual deva ser apresentado com sumário. Recomenda-se que o sumário siga a mesma sequência
numérica que será apresentada na planilha orçamentária, o orçamento detalhado. Essa forma de ordenação
não somente torna mais coesa a informação apresentada pelo autor do projeto, como possibilita a facilitação
do trabalho futuro do executor da obra e, principalmente, do seu fiscal.
Para a conferência da documentação entregue, o gestor do contrato pode valer-se da adoção de lista de
checagem, documento que poderá ser anexado ao processo. As observações quanto ao recebimento do
objeto devem ser registradas em relatório de análise, que servirá de documento de comunicação com a
licitante e também será integrado ao processo.
Deve também ser observada pelo gestor do contrato a indicação da data de edição das leis ou normas técnicas
referenciadas pelo autor do projeto. É comum a citação de normas técnicas sem vigência ou que tenham sido
substituídas por outras normas, mais atualizadas, bem como a referência a leis que tenham sido revogadas. Esse é um
dos principais erros cometidos nos projetos, assunto que será retomado em tópico deste módulo.
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Bancada de trabalho com objetos
diversos, como projeto em um papel,
notebook, régua e calculadora.
2.2.2 A responsabilidade do gestor de contrato
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
Enfatizar a responsabilidade do gestor do contrato de elaboração do projeto frente ao objeto entregue, em relação a soluções, quantitativos,
custos etc.
Na Administração Pública, o gestor de contrato responde solidariamente pelos danos causados à Fazenda Pública (arts. 25, 50 e 71 da Lei n°
8.666/1993) ou por atos praticados no exercício das suas funções (arts. 121 e 122 da Lei nº 8.112/1990). Vejamos os exemplos:
Art. 25. (...)
§ 2º Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de dispensa, se comprovado superfaturamento, respondem solidariamente
pelo dano causado à Fazenda Pública o fornecedor ou o prestador de serviços e o agente público responsável, sem prejuízo de
outras sanções legais cabíveis (BRASIL, 1993, art. 25, § 2º).
Art. 121. O servidor responde civil, penal e administrativamente pelo exercício irregular de suas atribuições (BRASIL, 1990, art. 21).
Perceba que as ações dos agentes públicos devem, portanto, estar sempre amparadas em normativas legais que as legitimem. Essa condição
estende-se às ações de contratação e recebimento de um objeto, aqui especificamente tratado o projeto. A mesma observação aos critérios legais
que deve ter o gestor de contrato quando da elaboração dos editais de contratação deve ser aplicada quando do recebimento do projeto e da sua
consequente revisão e aceitação.
Analisando-se os pressupostos legais citados, percebe-se claramente a responsabilidade do gestor quanto aos seus atos administrativos. Essa
estende-se por consequência às questões específicas da sua função e habilitação, por meio da escolha das soluções técnicas a serem adotadas na
elaboração do objeto – o projeto, por exemplo – e a criteriosa análise daquelas soluções propostas pelos projetistas. Essa condição está amplamente
amparada no Acórdão nº 915/2015 – TCU – Plenário, acima citado, visto que dada a discricionariedade do gestor de contrato na aprovação do
projeto, pode-se configurar a desobediência aos princípios da economicidade e da razoabilidade.
Por todas as razões citadas, ainda que a Administração Pública contrate o projeto ou a obra com profissional ou empresa qualificados e habilitados,
ou que tenha igualmente o assessoramento técnico de empresa ou profissional habilitados e qualificados, é
também de sua responsabilidade qualquer erro formal, imperícia ou negligência, por meio dos seus agentes
públicos. Essa condição confirma a ideia de que é altamente recomendável que os órgãos públicos que
tenham no seu organograma setores responsáveis pela contratação de projetos, obras ou quaisquer serviços
de engenharia, contem com profissionais legalmente habilitados e com constante processo de qualificação.
No âmbito da Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRF), do MF, a Portaria RFB/Sucor/Copol nº 566, de 30 de
novembro de 2011 – dispõe sobre os procedimentos relativos à elaboração de Projetos Básicos e Executivos,
bem como à execução de obras, serviços de engenharia, reparos e adaptações no âmbito da SRF – determina
o seguinte, no art. 3º, parágrafo 1º, do seu Anexo I:
Art. 3º Após a definição do Programa de Necessidades deverá ser elaborado o anteprojeto. Este documento constitui a configuração
inicial da solução arquitetônica para a obra, considerando as principais exigências contidas no Programa de Necessidades.
§ 1º O anteprojeto, sempre que possível, deverá ser elaborado por servidor devidamente habilitado do Ministério da Fazenda,
preferencialmente da Secretaria da Receita Federal do Brasil (BRASIL, 2011).
34
  BRASIL. Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das
fundações públicas federais. Diário Oficial da União, Brasília, 1990.
  BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 915/2015 – TCU – Plenário. Brasília: TCU, 2015.  BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 1.067/2016 – TCU – Plenário. Brasília: TCU, 2016.
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2.2.3 A importância da observação da representação gráfica na
apresentação de projetos – Parte 1
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
Identificar os erros mais comuns observados nos projetos;
Reconhecer a consequência gerada pelo recebimento de um projeto com deficiência na sua representação gráfica e os prejuízos daí advindos.
A primeira está diretamente ligada ao processo criativo, à geração da ideia, ao significado e ao teste das possibilidades, tema tratado dentro do
campo da semiótica e intensamente desenvolvido por autores dedicados ao estudo do pensamento complexo. 
Nessa ação, a forma de representação certamente terá influência sobre o resultado final, condicionando inclusive a fluidez das ideias do projetista.
A escolha do instrumento de representação gráfica condicionará a síntese do seu pensamento criativo e o sucesso da intenção de projeto. Não
nos deteremos nessa questão neste curso; ela é citada apenas como referência ao potencial apresentado pelos diversos instrumentos de
representação gráfica.
A segunda função remete à comunicação, como o próprio nome demonstra, à correta representação da intenção do seu autor. Melhor comunicação
haverá entre o comunicante do projeto (o seu autor) e o seu leitor, quanto maior for a precisão e a correção da representação.
Bertin (1986)  esclarece essa condição por meio da relação da ação inventiva das ideias, com a sua representação:
ETAPAS DA DECISÃO REPRESENTAÇÃO GRÁFICA
Definir o problema;
Construir o quadro de dados.
 Análise matricial do problema
(definição de questões).
Adotar uma linguagem de tratamento;
Tratar os dados categorizando os
dados exaustivos.
Tratamento gráfico da informação
(descobrir as respostas).
Interpretar para decidir e para
comunicar os dados simplificados.
Representação gráficade
comunicação (comunicar as respostas
encontradas).
Observando-se o quadro acima, percebe-se a complexidade do processo que resulta na correta representação gráfica do objeto. Assim, o desenho
final deverá ser esclarecedor da intenção do seu autor, sob pena de falhar na comunicação do objetivo pretendido.
Durante muito tempo a representação gráfica teve por objetivo apenas o registro dos objetos. A partir do século XV, iniciou-se a transformação da
forma comunicativa, incorporando ações criteriosas de análise qualitativa do objeto representado por meio da riqueza de elementos dos
instrumentos da sua representação. Essa mudança deu-se por intermédio de Filippo Brunelleschi, arquiteto italiano da Renascença, e a
potencialidade comunicativa dos seus desenhos e esboços. Ao vencer o concurso para o projeto da cúpula da Catedral Santa Maria Del Fiore, em
Florença, Brunelleschi utilizou instrumentos de representação gráfica que mostravam notável compreensão do funcionamento estrutural da cúpula
e a criteriosa análise do sistema construtivo, por meio da representação figurada.
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Você sabia que o desenho de projetos, que resulta na sua representação gráfica, assume notadamente dupla função?
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2.2.3 A importância da observação da representação gráfica na
apresentação de projetos – Parte 2
Na mesma época, Leon Battista Alberti, arquiteto e pintor italiano renascentista, complementando o trabalho iniciado por Brunelleschi, assinalou
outro marco na arquitetura e na engenharia, utilizando na representação de seus desenhos a análise científica da perspectiva, o que consolidou a
forma de apresentação de perspectivas utilizadas atualmente, as perspectivas cônicas.
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A ABNT apresenta a NBR 6294/1994, atualmente em revisão, como normativa para a representação gráfica em projetos de arquitetura. Muito
embora específica para essa disciplina, por analogia pode-se adotá-la como orientação para a representação gráfica de todas as demais disciplinas
que concorrem para o projeto de uma edificação (estrutural, elétrico, ar condicionado, hidrossanitário, etc.). Essa norma determina a correta forma
de apresentação do projeto de arquitetura, por meio da escolha das linhas de representação, dos elementos mínimos necessários, do formato das
pranchas de desenho, das técnicas de representação, etc.
Compete ao gestor de contrato a exigência de atendimento a tal norma quando da contratação dos projetos da Administração Pública.
A incorreção e a imprecisão na representação gráfica dos projetos contratados podem possibilitar erros de interpretação dos desenhos por parte
das licitantes, e, com isso, permitir conclusões equivocadas quanto à técnica construtiva ou em relação aos quantitativos do projeto, refletindo
diretamente na formação do preço da obra.
Borges, M. M. Formas de representação de projeto. In: NAVEIRO, R. M.; OLIVEIRA, V. F. (Orgs.), O projeto de engenharia, arquitetura e desenho
industrial: conceitos, reflexões, aplicações e formação profissional. Juiz de Fora: Ed. UFJF, 2001.
BERTIN, J. A neográfica e o tratamento gráfico da informação. Tradução de Célia Maria Westphalen. Curitiba: UFPR, 1986.  CARVALHO JR., J. M. N. Prática de arquitetura e conhecimento técnico. 1994. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade
de São Paulo, São Paulo, 1994.
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2.2.3 A importância da observação da representação gráfica na
apresentação de projetos – Parte 3
Os principais erros de representação gráfica encontrados nos projetos são:
1. Não correspondência entre o corte do desenho e a sua marcação em planta baixa. Essa condição pode levar à interpretação errada do comando
construtivo quando da execução da obra, onerando o seu custo pela necessidade de correção (demolições e ajustes), quando detectada pelo fiscal.
2. Não correspondência entre a legenda e os desenhos do projeto. Essa situação pode causar, nos projetos de instalações, a interpretação errada
dos tipos de elementos (tubulações, fiação etc.), ocasionando a quantificação equivocada de materiais.
3. Cotagem errada dos elementos de desenho, o que pode levar à incorreta interpretação das medidas e à consequente execução equivocada da
obra ou quantificação de materiais.
4. Erro na representação das linhas de desenhos, especialmente nos cortes e vistas, ocasionando a interpretação incorreta dos elementos e levando
à execução em desacordo com o projeto, o que gera a necessidade de demolição e nova execução, onerando o custo da obra.
5. Falta de indicação das bitolas das tubulações nas instalações hidrossanitárias, em plantas baixas, ou sua indicação parcial. Essa situação gera
dúvidas quanto às bitolas corretas, de acordo com o trecho e a hierarquia da rede, levando à eventual quantificação errada das diferentes bitolas.
A figura demonstra a falta de informação quanto ao diâmetro da tubulação da instalação de chuveiros automáticos para prevenção de incêndio no
seu trecho terminal, o que gera a dúvida sobre qual é o diâmetro correto que deve ser adotado.
Clique na imagem abaixo para ampliar
Perceba, portanto, caro aluno, que muito mais do que uma forma simplificada de registro das intenções de projeto, a representação gráfica tem
importante função, por ser a ação responsável principalmente pela comunicação e pelo consequente entendimento da ideia a ser transmitida.
Projetos, muitas vezes simplificada e depreciativamente chamados de meros “desenhos”, especialmente por leigos, são, na verdade, complexas
ações de desenvolvimento e manifestação das intenções e ideias do seu autor, podendo condicionar o sucesso ou o fracasso do seu objeto.
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2.3 Coordenando um projeto de edificações – Parte 1
2.3.1 A coordenação do projeto de edificações
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
Observar a interdependência dos projetos que compõem uma edificação, a interferência de um projeto em
outro e as consequências das decisões isoladas.
Dentro da atividade de projeto, a coordenação assume condição de destaque, configurando-se em uma das
iniciativas de maior importância a partir do seu projetista. Nos editais da Administração Pública para a
contratação desse tipo de serviço, a coordenação de projetos deve estar listada como uma das atividades que
comporão o serviço prestado e que deve ser tratada com ênfase, dada a sua importância. A despeito da
discussão jurídica existente entre os conselhos profissionais (Sistema Confea/Crea e CAU/BR)  sobre a
legitimidade para o desenvolvimento dessa atividade, saiba que a sua responsabilidade é exclusiva daquele
profissional que concebe o projeto. Assim, espera-se que, nos projetos desenvolvidos por engenheiros, a sua
coordenação a eles seja vinculada, e que nos projetos desenvolvidos por arquitetos imponha-se a mesma
lógica.
Naturalmente, nos projetos relacionados à infraestrutura (pontes, estradas, barragens etc.), normalmente
desenvolvidos por engenheiros, estes também assumirão a figura de coordenadores.
Por outro lado, nos projetos de edificações, normalmente desenvolvidos por arquitetos, a responsabilidade recai
sobre tais profissionais.
Este curso não tem por objetivo acalorar a polêmica sobre as competências privativas ou compartilhadas de tais profissionais, mas é
importante esclarecer a necessária atuação do responsável pelo projeto, seja ele arquiteto, seja engenheiro, na sua coordenação. Afinal,a
coordenação do projeto garantirá a sua qualidade e somente o seu criador, que o concebe, tem condições plenas de tomada de decisões sobre
a sua forma de elaboração. Ainda que essa atividade possa ser desenvolvida por outro profissional, dos quadros do órgão público, ou
contratado para tal, na forma de atividade de revisão do projeto, é incomparável o domínio do processo pelo seu projetista.
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 
 Ver Resolução Confea nº 1010/2005, Resolução CAU/BR nº 51/2013, Resolução Confea/Crea nº 1048/2013 e Notas Explicativas sobre a
Especificação e Fundamentos das Atividades Privativas de Arquitetos e Urbanistas – CAU/BR.
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2.3 Coordenando um projeto de edificações – Parte 2
Para responder a essa questão, deve ser inicialmente entendido como um projeto é concebido. Especialmente em projetos de arquitetura, a soma
das variáveis envolvidas apresenta questões de ordem formal (formas arquitetônicas), teórica (teorias de arquitetura), estética, análise de estruturas
(sustentação do edifício, no caso de edificações), análise de instalações (subdisciplinas como instalações elétricas, hidrossanitárias, de climatização
e ventilação mecânica etc., no caso de edificações) e completa normativa técnica e legal aplicada ao campo de atuação. Para consolidar todas essas
variáveis há várias formas de abordagens, o que requer a atuação do coordenador, em um processo de grande complexidade.  A coordenação é
então o teste contínuo e sistemático de integração, interdependência e consolidação de influências dessas variáveis, de forma a buscar o melhor
resultado possível na concepção final do objeto.
Dada a ideia acima, conclui-se que o profissional legítimo para a ação de coordenação do projeto deve efetivamente ser o seu criador. Comumente
confundida com gerenciamento de projetos, a coordenação representa atividade inerente ao processo criativo e não pode ser delegada. Enquanto o
gerenciamento atua no controle de prazos e processos, promovendo a intermediação entre os profissionais ou as atividades envolvidas na
elaboração de um projeto, a coordenação promove a integração do projeto, é inata do seu processo e exclusiva do seu agente.
A falta da coordenação nos projetos possibilita o surgimento de lacunas ou questões não respondidas, que resultam na imprevisão de soluções,
acarretando o incremento dos custos da execução das obras dele advindas. Na Administração Pública, cujo roteiro a ser seguido encontra variadas
regras e procedimentos, a falta dessa iniciativa causa prejuízos financeiros significativos. Uma boa coordenação de projetos a partir do seu
projetista minimiza a necessidade de revisão dos projetos por parte do órgão público, economizando tempo e mão de obra. Minimiza também os
erros de orçamento, visto que a coordenação identifica incompatibilidades que possam existir entre as diversas subdisciplinas integrantes de um
projeto.
Finalmente, e não menos importante, pode-se dizer que a coordenação do projeto atua no resultado formal e estético do objeto, ao controlar as
interferências intrínsecas do processo projetivo, de uma disciplina em outra, cuja falta de controle poderia condenar a beleza, a funcionalidade e o
desempenho do produto final.
A atuação do projetista não se limita, então, ao domínio da sua especialidade. A sua responsabilidade estende-se à amarração das informações que
consolidem o objetivo pretendido, representado pelo objeto de arquitetura ou engenharia, seja ele uma edificação, seja elemento de infraestrutura
urbana ou viária.
Ao arquiteto, desenvolvedor do projeto de arquitetura de uma edificação, cabe a tomada de decisão, assessorado pela sua equipe de projetistas
complementares, sobre o sistema ideal de condicionamento do ar, alimentação de água fria ou quente, esgoto pluvial e sanitário, elementos
estruturais ou qualquer outra infraestrutura que integre o objeto.
Ao engenheiro, desenvolvedor de um projeto de infraestrutura urbana ou viária, cabe a tomada de decisão, igualmente assessorado pela sua
equipe de projetistas complementares, sobre o sistema ideal a ser adotado pelas demais disciplinas que integrem aquele projeto.
Nos dois casos, os únicos profissionais que têm plenas condições de dar as melhores soluções globais e integradas para o produto final são os
responsáveis pela sua concepção, pois somente eles detêm com clareza a ideia formal sobre o objeto desenvolvido.
Mas o que é a coordenação do projeto?
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 DÜLGEROGLU, Y. Design methods theory and its implications for architectural studies. Design methods: theories, research, education and
practice. California, v. 33, n. 3, p. 2870-2879, 1999.  JUTLA, R. An inquiry into design methods. Design methods: theories, research, education
and practice, California: Design Methods Institute, v. 30, n. 1, p. 2304-2308, 1996.
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2.3.2 A compatibilização dos projetos – Parte 1
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
Distinguir o conceito de projeto (desenhos, orçamento e Caderno de Especificações);
Reconhecer a necessidade de uma análise completa de todos os documentos que compõem um projeto e a
sua inter-relação.
No tópico anterior, procurou-se identificar o conceito de coordenação de projetos, examinando as ações
envolvidas no processo criativo do projeto e a sua distinção do conceito de gerenciamento de projetos, atividade
que atua notadamente no controle dos processos, prazos e intermediação dos atores envolvidos na elaboração
de um projeto. Por ser termo de amplo significado, o gerenciamento de projetos aplica-se a várias áreas do
conhecimento humano, e não somente à construção civil.
A compatibilização de projetos, seguindo-se tal linha de raciocínio, pode ser entendida como um nível mais
específico de atuação do projetista na elaboração do seu projeto. Os termos “coordenação” e “compatibilização”
de projetos têm conceitos similares, muitas vezes se confundindo. O primeiro, no entanto, é mais abrangente,
conforme apresentado no tópico anterior. A compatibilização de projetos dedica-se a um nível mais imediato da
sua análise e está refletida principalmente na sua representação gráfica e nas suas interferências.
Note-se que, na apresentação desses conceitos (coordenação, gerenciamento e compatibilização de projetos), a
figura do projetista toma grande importância. A Administração Pública como gestora do contrato (conceito
apresentado no tópico 2.2.2 deste módulo) tem a responsabilidade sobre o projeto, pelo qual responde,
subsidiariamente, a projetista, sendo inclusive passível de denúncia por órgão de auditoria ao conselho
profissional, quando da sua má atuação e quando causadora de prejuízos à Administração.
O projeto de uma edificação (ou de elemento de infraestrutura urbana ou viária) é composto obrigatoriamente de
alguns elementos, a saber: os desenhos gráficos, o Caderno de Encargos e a planilha orçamentária com
cronograma físico-financeiro.
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2.3.2 A compatibilização dos projetos – Parte 2
É recorrente o entendimento, especialmente pelos leigos, de que um projeto é representado pelo conjunto de pranchas de
desenho que o representam. Muitas vezes equivocadamente chamadas de “plantas”, as folhas integrantes desse conjunto são
apenas o item “desenhos gráficos” do pacote do projeto. A esse somam-se o documento descritivo da sua materialização (Caderno
de Encargos) e os documentos quantificadores e formadores de preço do seu objeto (planilha orçamentária e cronograma físico-
financeiro). Cada um desses elementos deve estar perfeitamente integrado aos demais, sendo obrigação precípua do projetista a
sua coesão, coerência e consolidação. Subsidiariamente compete

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