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Guia de Estudos da Unidade 2 - Avaliação Nutricional

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Avaliação Nutricional
UNIDADE 2
Palavras do Professor
Olá, aluno(a),
Seja bem-vindo(a) a mais uma unidade da disciplina Avaliação Nutricional! Vamos juntos conhecer dois
assuntos: O primeiro são os inquéritos de consumo alimentar. São eles:
1. Recordatório 24 horas;
2. Questionário de frequência alimentar;
3. Registro alimentar;
4. História dietética.
E o segundo, o estudo da avaliação nutricionalde crianças.
Vamos começar fazer uma breve revisão do que vimos na unidade anterior?
Bom, estudamos na primeira unidade os métodos de avaliação nutricional, aprendemos o que verificar
durante o exame físico e como lidar com o paciente durante todo esse processo, aprendemos a aplicar a
avaliação subjetiva global, vimos ainda os inquéritos alimentares relacionados com o país e as famílias
que o compõem, as suas características, a função de cada um e a importância que têm o seu uso para
criação de políticas alimentares e para determinar o consumo e as variações dele ao longo dos anos.
Lembra-se de todos eles? Se não, retome a leitura do guia antes de seguir em frente com este, ok?
Agora, iniciaremos as nossas atividades da segunda unidade. Aqui veremos as características dos demais
métodos de inquéritos alimentar (Recordatório 24 horas, questionário de frequência alimentar, registro
alimentar e história dietética) que possibilitam avaliações individuais, além de estudar a aplicação de
cada um na prática clínica e veremos um pouco sobre o que fazer com os dados coletados.
Existem vários métodos de inquéritos de consumo alimentar, devendo ser aplicados de acordo com a
população alvo (crianças, adolescentes, adulto, gestantes e idosos) e com o objetivo a ser alcançado, ou
a informação que deve obter (nutrientes, alimentos, grupos de alimentos, padrões dietéticos...).
É importante ressaltar que não existe um método que seja ideal! Você em sua prática deverá decidir qual
o melhor método a ser aplicado para as pessoas que serão atendidas.
São várias as classificações e divisões às quais podem ser submetidos os inquéritos de consumo alimentar,
dentre elas estão:
• Classificação quanto fornecimento de dados:
• Quantitativos - Os métodos quantitativos registram e avaliam a quantidade de calorias, de macro e de micronutrientes ingeridas.
1
exem Plo
Recordatório de 24 horas e o registro alimentar.
• Qualitativos - Por outro lado, os métodos qualitativos permitem coletar informações acerca dos hábitos alimentares e a qualidade da dieta.
Questionário de frequência alimentar e anamnese alimentar.
• Classificação quanto ao objetivo/método:
• Retrospectivos - Os retrospectivos abrangem o recordatório de 24 horas, frequência alimentar, frequência alimentar semiquantitativa e história dietética.
• Prospectivos - Os métodos prospectivos são o registro alimentar estimado e o pesado.
Veremos a seguir as principais características de cada um. Verificaremos ainda que todos os métodos
possuem vantagens e desvantagens, portanto, ao estudá-los e avaliá-los, você mais uma vez deverá
decidir qual(is) método(s), deverão ser usados.
Vamos em frente!
INQUÉrITos de CoNsUm o alIm eNTar
mÉTodos reTrosPeCTIvos (Baseado em dados de p e rí odos p assados)
• reCordaTÓrIo de 24 Horas (r24H):
Este método consiste em relembrar a ingestão alimentar do paciente 24 horas antes da consulta ou da
avaliação, geralmente os alimentos são descritos em medidas caseiras (ex: xícara, colher de sopa).
É importante destacar que você (o entrevistador), deve registrar tudo o que lhe for relatado pelo paciente,
você se recorda da paciente que falamos na unidade I? Vamos imaginar que você está com ela em seu
consultório e precisa realizar com ela o Recordatório. Comece falando da seguinte forma:
“Dona Maria (nome fictício) agora vou lhe fazer algumas perguntas relacionadas com a sua alimentação
de ontem, tudo bem? Preciso que a senhora me diga tudo o que comeu ontem desde a primeira refeição
até a última”.
2
Im PorTaNTe
Quando for realizar o Recordatório de 24 horas com um paciente, não pergunte qual foi o café da
manhã dele, pois ele pode não o realizar e para lhe agradar, achando que é certo, inventar um
café da manhã. Diga para ele ou ela lhe relatar tudo o que comeu no dia anterior desde a primeira
refeição até a última.
A partir daí, você começa:
Entrevistador: “Dona Maria, qual foi sua primeira refeição ontem?”.
Paciente: “Foi o almoço” (guarde esta informação para retomar ao final do Recordatório).
Entrevistador: “E o que foi que você comeu?”.
Paciente: “Arroz, feijão e sardinha”.
Entrevistador: “Ok! Agora me diga as quantidades de cada um deles! Quanto de arroz a senhora colocou
em seu prato?”.
Paciente: “Foi uma colher grande” (guarde esta informação para retomar ao final do Recordatório).
Entrevistador: “E o feijão?”.
Paciente: “Também uma colher grande”.
Entrevistador: “E a sardinha? Qual a quantidade?”.
Paciente: “Comi uma unidade”.
Entrevistador: “Qual o tamanho? A senhora lembra?”.
Paciente: “Era pequena”.
Entrevistador: “Ok, a senhora comeu mais alguma coisa no almoço?”.
Paciente: “Não”.
Entrevistador: “Então passaremos agora à próxima refeição”.
Continue dialogando com o paciente até que ele relate a última refeição. Quando for iniciar o Recordatório,
verifique o dia em está realizando, pois se for uma segunda, por exemplo, ou um dia após feriado, somente
ao final verifique se foi um dia atípico ou não. Certo?
GUarde essa IdeIa!
Não se esqueça de perguntar ao paciente em qual local ele realizou as refeições, se em
casa ou fora dela, e ainda questionar quanto ao tipo de preparação se assado, cozido
ou frito.
3
Retomando as informações do Recordatório, a primeira refeição da Dona Maria, foi o almoço, não é
mesmo? Bom, quando o paciente fizer este tipo de relato para você, procure não expressar nenhuma
reação, pois se o paciente notar, ele pode se sentir envergonhado e não lhe relatar tudo o que você precisa
saber.
Verifique que, considerando a Dona Maria uma dona de casa, ela certamente acorda cedo para realizar
seus afazeres domésticos, logo, ela passa muito tempo em jejum, isto é um ponto importante na sua
conduta, você precisará conscientizá-la a realizar um café da manhã, ainda que com as suas limitadas
possibilidades.
Aqui, estamos dando o exemplo da D. Maria, mas certamente você irá consultar pacientes que não
realizam o desjejum!
Pergunte sempre o motivo! Você irá ouvir diversos relatos, alguns acordam tarde e não toma café, outros
não conseguem comer nada de manhã, outros simplesmente não são acostumados a comer de manhã e
por isso não tomam café e certamente ouvirá muitos outros relatos.
GUarde essa IdeIa!
Não induza no que o paciente lhe disser, por exemplo, perguntar: “quando a senhora
serviu o feijão a senhora usou que concha?”. Aqui, mesmo que ela não tenha usado
concha, vai responder que usou!
Com relação aos utensílios, se for possível, tenha em seu consultório uma amostra de kits de utensílios
e/ou álbum fotográfico para mostrar ao paciente e facilitar a verificações de porções (ver algum lugar que
tenha).
Ao final do Recordatório, analise com o paciente os alimentos ingeridos por ele no dia anterior, falando
com ele, mostrando os possíveis erros, realizando os ajustes necessários na dieta do paciente e
parabenizando-o pelos acertos conquistados.
O Recordatório de 24 horas possui como vantagens:
• O baixo custo;
• Tempo curto para realização;
• Pode ser aplicado em qualquer pessoa;
• É realizado por um período definido de 24 horas;
• Pode estimar o valor energético da dieta.
E como desvantagens:
• Depende da memória do paciente;
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• O entrevistador pode induzir o paciente;
• A ingestão do dia anterior pode ter sido atípica;
• O paciente pode omitir alguns alimentos.
• QUesTIoNÁrIo de freQUÊNCIa alIm eNTar:
Neste questionário, o paciente deve descrever a frequência de consumo (dia, semana, mês, ano) de alguns
grupos de alimentos.
A utilização de um questionário de frequência alimentar é uma alternativa para quem possui poucos
recursos e tempo de aplicação, é considerado prático e é um método informativo de associação entrealimentação e doenças crônicas não transmissíveis (DCNT).
É composto por uma lista predefinida de alimentos e a frequência com a qual esses alimentos são
consumidos.
O questionário de frequência alimentar é um instrumento qualitativo, que pode ser aplicado pelo próprio
paciente (pode implicar em erros) ou pelo profissional (sugere-se que quem aplique seja o profissional).
Este instrumento serve para verificar a frequência com que determinados alimentos são consumidos, no
entanto, não se sabe as quantidades ingeridas. Quando as porções dos alimentos são declaradas com o
uso de medidas caseiras, o método é chamado questionário de frequência alimentar semiquantitativo.
Voltando ao nosso consultório, você irá perguntar à Dona Maria, com que frequência ela consome
determinados alimentos. A seguir, temos um exemplo de diálogo que pode ser realizado com o paciente:
Entrevistador: “Dona Maria, a senhora costuma consumir feijão?”.
Paciente: “Sim”.
Entrevistador: “Com que frequência (ou quantas vezes) a senhora consome este alimento (feijão)?”.
Paciente: “Ah! Eu como todo dia!”.
Entrevistador: “E quantas vezes ao dia a senhora consome?”.
Paciente: “Duas vezes, no almoço e no jantar”.
De acordo com a resposta da Dona Maria, você marca em seu questionário que ela consome feijão duas
vezes ao dia. E assim, você segue com os demais alimentos.
A construção do material vai depender de cada profissional, em geral, os hospitais já possuem um exemplo
a ser seguido, no entanto se você for trabalhar em seu consultório, precisa verificar qual a população que
será atendida e elaborar seu material.
Ao final da nossa unidade, formulei um questionário que pode ser usado como modelo.
5
dICa
No livro “Nutrição Clínica: estudos de casos comentados” tem um exemplo de
questionário de frequência alimentar disponível e preenchido.
Ao elaborar este material, você deve levar em consideração os alimentos disponíveis na sua região
(típicos), além de considerar alimentos que podem ser consumidos com frequência pela maioria das
pessoas (leite, pão, ovo, café...).
Ao final do questionário, você pode perguntar ao paciente se há algum alimento que não foi relacionado
e que habitualmente ele consome.
Você pode usar um questionário para todos os seus pacientes ou elaborar um para cada grupo que pode
ser estudado por você, fica a seu critério escolher! Como uma orientação, sugiro que você elabore um
material que inclua alimentos comuns à maioria da população.
Em geral, os diversos autores de livros de nutrição, orientam que na lista de alimentos devem conter entre
cinquenta e cem alimentos, pois um número menor pode não representar todo o necessário e um número
maior que 100 pode se tornar cansativo, você pode ainda, comparar materiais, pedindo ajuda a um colega,
consultar os diversos modelos (livros) ou consultar uma tabela de composição de alimentos para elaborar
um material seu.
O questionário possui como vantagens:
• Pode ser feito pelo próprio paciente;
• Baixo custo;
• Tempo curto de realização;
• Pode descrever os padrões alimentares do paciente;
• É usado em estudos epidemiológicos;
• Apresenta boa aplicabilidade quando usado em parceria com o Recordatório 24h;
• Pode ser usado para relacionar os alimentos com alguma doença.
O método apresenta como desvantagens:
• Depende da memória;
• Não se determina a hora ou local em que o alimento foi consumido;
• O consumo passado pode não ser o atual (exemplo: o indivíduo está em reeducação alimentar a algum tempo);
• Pode ocorrer a omissão de relato dos alimentos consumidos;
• A análise dos dados requer o uso de computadores e/ou programas específicos;
• Há limitações em pessoas que não sabem ler: crianças e idosos.
6
• aNamNese oU HIsTÓrIa dIeTÉTICa oU HIsTÓrIa alIm eNTar:
A história alimentar é utilizada na primeira consulta com o paciente, e consiste em coletar informações
acerca dos hábitos alimentares atuais e passados. Geralmente, é um método usado em parceira aos
demais inquéritos, como o Recordatório de 24 horas e o questionário de frequência alimentar.
Este é o momento em que você irá conhecer seu paciente. Ele deverá lhe contar toda sua história
alimentar e de saúde e você deverá ter sensibilidade em conseguir coletar todos os dados necessários
para elaboração do plano alimentar de seu paciente.
Você perguntará ao paciente dados, como:
• Condições socioeconômicas: (lembra que estudamos na primeira unidade?), renda familiar, quantas pessoas moram na casa, etc.
• Atividade física (o que faz, quantas vezes na semana e tempo de duração).
Im PorTaNTe
Se o paciente não realiza atividade física, oriente-o a procurar um médico que possa liberá-lo para
atividade e incentive-o a se movimentar para obtenção de hábitos saudáveis.
• Fatores étnicos e culturais sobre hábitos alimentares (tradição, raízes históricas, identidades sociais, religião e filosofia).
Im PorTaNTe
Algunsgruposseguemumafilosofiadevidaqueabrangemumaalimentaçãorestrita(vegetarianismo,
zen macrobiótica), algumas religiões também podem ter restrições alimentares ou ainda realizar
a prática de jejum, logo, você deve sempre atentar para esse ponto, pois a definição do plano
alimentar vai depender diretamente deste ponto.
• Estilo de vida e hábitos alimentares (número de refeições realizadas, quem faz as compras, quem
prepara as refeições, se realiza as refeições em casa ou na rua, frequência de consumo, quantidade e
tamanho das porções, etc.).
Im PorTaNTe
É importante verificar também qual a profissão do seu paciente, pois dependendo do tipo de trabalho
que ele realiza no dia a dia, vai interferir na qualidade e também no tempo destinado à refeição.
• Apetite, aversões ou preferências alimentares.
7
Im PorTaNTe
Neste tópico você deve perguntar se o paciente sente fome ou não, as mudanças relacionadas ao
apetite são mais comuns em hospitais, mas podem ser encontradas na clínica quando o paciente
tem alguma patologia preexistente. Aversões a alimentos são mais comuns em grávidas e idosas,
as preferências alimentares devem ser consultadas, pois pode lhe ajudar na elaboração do plano
alimentar.
• Mudança de peso recente (ganho ou perda, intencional ou não).
Im PorTaNTe
O paciente pode ser adepto a dietas da moda, logo, pode sofrer com o efeito sanfona. A perda não
intencional pode significar um metabolismo mais acelerado, mas pode também significar a presença
de alguma patologia, portanto, verifique se o paciente tem consultado um médico, mas não esboce
reação (lembra?), pergunte ainda se ele tem exames recentes (sim, você precisa verificar os exames
do paciente, estudaremos na unidade III) e, caso não tenha, continue a consulta.
• Uso de medicamentos e suplementos alimentares.
Im PorTaNTe
Alguns medicamentos interagem com alimentos, por isso é necessário registrar quais fármacos o
paciente faz uso, se for necessário, você pode procurar na internet mesmo, as possíveis interações
medicamento x alimento. Esse procedimento é utilizado principalmente em hospitais.
• Presença de alergias, intolerâncias e tabus alimentares (aqueles relacionados a mitos – tais como: comer manga com leite faz mal).
Im PorTaNTe
É comum hoje em dia, por “uma moda alimentar”, as pessoas afirmarem que tem intolerância
a lactose. Se este for o caso do seu paciente, você deve perguntar se ele realizou algum exame
que pudesse comprovar, apenas por uma questão de anotação em seus dados, se ele não tiver
a comprovação, você reage normalmente, e não acrescenta no plano alimentar alimentos que
contenham lactose, para que você conquiste o paciente, mas fique atento, pois pode ser que o
paciente não tenha intolerância.
E oriente-o a procurar um médico, para comprovar ou não a intolerância! Aproveite a conversa e
oriente quanto à retirada de nutrientes sem a presença de restrições.
• Sintomas gastrointestinais e verificação das funções de excreção (suor, urina e fezes).
Im PorTaNTe
Verifique as funções de excreção do paciente, pois elas podem detectar sinais de possíveis
doenças. Pergunte sem vergonha se o intestino funciona, quantas vezes ele vai ao banheiro, se
tem dificuldade.8
• Saúde oral e dental e outras informações que sejam pertinentes e necessárias para a sua pesquisa/consulta.
Im PorTaNTe
Procure verificar com o paciente o estado emocional em que ele se encontra, pois desequilíbrios
emocionais podem interferir diretamente na alimentação, por exemplo, mulheres são mais
propensas a “descontar” suas emoções na comida, um paciente deprimido também pode ter mais
ou menos apetite, etc. Enfim, usem a sua sensibilidade para identificar essas possíveis variações
de humor (se não forem relatados).
Como vantagens:
• Este método considera as variações sazonais (alimentos característicos de uma época do ano).
• Fornece uma completa estimativa da ingestão habitual, qualitativa e quantitativa.
• Pode ser usado em estudo longitudinal (estudo analisa as variações nas caraterísticas dos
mesmos elementos amostrais {indivíduos, empresas, organizações, etc.} ao longo de um longo período
de tempo).
As desvantagens:
• Depende da memória do paciente.
• Requer entrevistadores treinados (nutricionistas).
• Tempo de administração de aproximadamente 1 hora (como se trata geralmente da primeira consulta, você pode informar ao paciente que a consulta inicial dura cerca de duas horas).
• Não reflete a diferença de consumo alimentar em dias atípicos.
mÉTodos ProsPeCTIvos (acompanha o paciente aolongo do tempo)
• reGIsTro alIm eNTar:
É um método em que se registram diariamente tudo o que o indivíduo consome em um determinado
período de tempo (que pode variar entre 1 e 7 dias). Geralmente, recomenda-se avaliar durante 3 dias,
incluindo um dia de final de semana. O preenchimento é realizado pelo próprio paciente ou por alguém
disponível para preencher, no caso de idosos, crianças e portadores de necessidades especiais.
Para realizar o registro alimentar, é necessário instruir e treinar o paciente ou seu representante, quanto ao
seu preenchimento, sendo orientados a registrar os alimentos logo após ou durante o consumo, evitando
assim um possível esquecimento dos alimentos ingeridos.
As quantidades são descritas em medidas caseiras, alimentos e bebidas são registrados, devendo ser
descrito (qual a refeição que está sendo realizado, local, horário, tipo de alimento consumido, preparação
(frito, assado ou cozido), nome comercial (se for um produto industrializado), características especiais
(molho, inclusão de ingredientes, diet, light) e outras informações relevantes. Refeições realizadas fora
de casa devem ser anotadas e, por isso é interessante que o paciente mantenha o seu registro consigo
durante todo o dia.
9
Os registros alimentares podem ser pesados ou estimados.
registro alimentarestimado:
São estimadas em medidas caseiras e depois serão convertidas em gramas (pelo profissional).
• Vantagens do método: Não depende de memória, proporciona maior precisão na quantificação
dos alimentos, identifica os alimentos e suas preparações, assim como estabelece os horários das
refeições.
• Desvantagens: Os alimentos ingeridos podem não fazer parte do consumo usual do paciente, requer disposição e tempo, exige motivação, o indivíduo precisa ser alfabetizado.
registro alimentarPesado:
Todos os alimentos serão pesados antes de seu consumo, sendo este, portanto, o método mais confiável
de ser usado, porém, sua aplicação depende de uma balança, logo, inclui, além do preço da balança, o
treinamento do paciente quanto ao seu manuseio correto, o que de um modo geral, o caracteriza como
um método pouco prático.
• Vantagem: aumenta a precisão das porções e dos alimentos ingeridos.
• Desvantagens: custo de aquisição da balança, consumo alterado nos dias de registro, exige tempo, difícil aplicação na rotina.
Em ambos os casos, o paciente pode registrar com fotos as porções de cada um dos alimentos ingeridos,
visando diminuição de erros ou sub ou superestimação. Esta é uma opção criativa para adolescentes e
jovens que se sentem motivados a encaminhar suas fotos à nutricionista.
Os erros relacionados aos inquéritos alimentares estão diretamente ligados a três fatores:
1. o entrevistado;
2. o entrevistador;
3. o método de inquérito reali z ado.
As interações entre esses três fatores podem afetar a verificação e catalogação dos dados, podendo o
consumo dietético ser sub ou superestimado.
• Entrevistado:
• Esquecimento;
• Sub ou superestimação do consumo;
• Erro no tamanho das porções;
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• Omissão do uso de suplementos;
• Relatar alimentos que não foram consumidos;
• Pessoas obesas tendem a subestimar sua alimentação.
• Entrevistador:
• Registro incorreto dos dados;
• Ambiente da conversa;
• Erro na conversão de medidas;
• Descrição incompleta dos alimentos;
• Reações verbais ou não verbais diante da resposta dada pelo paciente;
• Impossibilidade de desenvolver uma relação empática com o paciente;
• Há ainda dificuldades relacionadas quanto à descrição de pratos e receitas complexas.
GUarde essa IdeIa!
Para evitar a ocorrência de erros, deve-se motivar o paciente conquistando-o e
desenvolvendo uma relação de empatia e respeitosa. Deve-se sempre manter a conduta
ética com o paciente informando-o de tudo o que diz respeito às coletas de dados,
se serão usadas apenas para o diagnóstico nutricional ou até mesmo para pesquisas
cientificas.
É importante utilizar alguns recursos para determinação de porções, tais como: recursos fotográficos e ou
utensílios utilizados para servir os alimentos, além disso, é necessário ter conhecimento das preparações
e comidas utilizadas na região em que se está atendendo ou trabalhando.
Tabelas e programas de composição de alimentos são utilizados para quantificação de dados, entretanto,
eles podem conter informações desatualizadas e/ou incompletas e os dados coletados de fontes
internacionais em muitos casos, podem não condizer com a realidade do Brasil, por isso, o programa
utilizado deve considerar a confiabilidade das informações e aos dados disponíveis no programa.
avalIaÇÃo dos dados de CoNsUmo alIm eNTar
Para que sejam adequadas, as análises de dados de consumo alimentar devem ser padronizadas. Os
dados obtidos devem ser convertidos em nutrientes e energia e posteriormente analisados em tabelas de
composição de alimentos.
aCesse sUa BIBlIoTeCa vIrTUal
Na sua Biblioteca virtual está disponível uma tabela de composição de alimentos.
Consulte-a!
11
leITUra Com Plem eNTar
Existem algumas tabelas de composição que podem ser consultadas para verificação
desses nutrientes. Clique aqui e acesse.
vIsITe as PÁGINas
Para facilitar a sua vida, a seguir disponibilizo três softwares que possibilitam analisar
inquéritos de consumo alimentar, alguns disponibilizam uma amostra grátis do produto.
Você pode visitar os sites e usufruir das ferramentas disponíveis:
Link 1 Link 2 Link 3
Mas ainda não encerramos a unidade! A seguir, disponibilizo alguns exemplos de questionários que
estudamos nesta unidade, e lembre-se que você mesmo deve elaborar um material, para possuir o pleno
domínio de suas atividades durante a sua consulta.
A seguir, encontram-se alguns exemplos de questionários em que você pode se basear para elaboração do seu.
exemplode recordatório 24 h oras
	
	Refeição Hora Alimentos Ingeridos
	
	Quantidade
(medidas caseiras)
	
	Observação
Ex: Desjejum 06:00 Café com leite 1 xícara
Pão integral 2 fatias
Manteiga 1 colher de chá
Mamão ½ unidade pequena
Lanche da manhã 09:00 Maçã 1 unidade
Almoço 12:00 Arroz integral 1 colher de servir
Filé de Frango 1 unidade média
	
	Salada de Alface e
tomate
	
	½ prato ou 4 folhas
(alface) e 2 fatias
Laranja 1 unidade grande
	
	15:00
18:00
	
	Iogurte com granola
	
	1 unidade comercial + 2
colheres de sopa
	
	Sopa de tomate
(tomate, cenoura,
creme de leite, carne)
	
	1 prato cheio
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exemplode Questionário de frequência alimentar
Este questionário trata-se apenas de um exemplo, você certamente irá acrescentar mais opções quando
for elaborar o seu. Lembre-se que o ideal é que este questionário tenha entre 50 e 100 itens, por isso
busque em sua região os alimentos típicos e que costuma ser consumidos com frequência pela população.
	
	Produto1 x ao dia
	
	2 ou mais
vezes no dia
	
	1 vez na
 semana
	
	Mensal Raramente Nunca
Arroz
Feijão
Farinha
Macarrão
Pão
exemplode registro alimentar
No registro alimentar, ao entregá-lo ao paciente, verifique quantos dias serão analisados e quantas cópias
devem ser entregues para preenchimento. Lembre-se de orientar o paciente com todas as informações
necessárias para completar os itens do questionário.
	
	Refeição Hora Local
	
	Alimentos
 ingeridos
	
	Quantidade
 (medidas
 caseiras)
	
	Observação
Desjejum
Lanche
Almoço
Lanche
Jantar
Ceia
exemplode anamnese ou história dietética ou história alimentar
Conforme estudamos nesta unidade, a história dietética é a conversa inicial que você terá com o paciente,
o questionário a seguir é somente um exemplo. Você assim como nos itens anteriores, deverá montar o
material que vai usar. Alguns programas de nutrição possuem uma anamnese pronta, você pode usar um
deles, mas saiba como montar o material e quais pontos você deve atentar durante a consulta.
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Dados Gerais
Nome: Idade: Data de nascimento: Sexo: Idade: Profissão:
Endereço: Telefone: Email: Renda Familiar: Estado Civil:
Religião:
Antropometria (Estudaremos na Unidade 4)
Peso: IMC: Classificação do estado nutricional:
Altura:
Perda ou aumento de peso recente:
Circunferência cintura:
Circunferência quadril: Relação cintura/quadril: Classificação:
Circunferência do braço: Circunferência da panturrilha: Circunferência abdominal:
Dobras cutâneas: tricipital, bicipital, subescapular, suprailíaca, coxa, peitoral, abdominal.
Dados clínicos:
Queixa Principal (aonde se escreve porque o paciente foi ao consultório ou ao hospital)
Função Intestinal: Patologias Atuais: Patologias antigas: História Familiar:
História da doença atual: Medicação ou Suplementos em uso: Sintomas gastrointestinais:
Exame físico: (verifique alguma alteração no cabelo, rosto, língua...), assim como, estudamos na
unidade 1.
Atividade física: Qual? Frequência: Duração:
Fuma: ( )Sim ( ) Não Em caso positivo: Qual a quantidade?
Avaliação bioquímica (Veremos na unidade 3):
Glicose: Colesterol total: HDL: LDL: VLDL: Triglicerídeos: Hemoglobina, Hematocrito, ureia, creatinina:
albumina, leucócitos, linfócitos, plaquetas.
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Informações sobre o consumo alimentar:
Quantas refeições realiza por dia?
Realiza as refeições em casa? ( ) Sim ( )Não Em caso negativo: Qual das refeições não
realiza em casa?
Ingere bebida alcoólica? ( ) Sim ( ) Não Frequência:
avalIaÇÃo do esTado NUTrICIoNal de CrIaNÇas
A avaliação nutricional de crianças envolve um processo semelhante ao descrito anteriormente na
unidade I, com alguns diferenciais, um deles é de que na maioria das vezes, você terá que conversar
principalmente com os pais ou responsáveis pela criança.
A avaliação nutricional de crianças é necessária para acompanhamento do crescimento e da saúde da
criança, assim como a detecção precoce de desnutrição ou obesidade.
Saiba que crescimento e desenvolvimento não se restringem ao aumento de peso e da altura, caracteriza-
se por um processo complexo que envolve a dimensão corporal e a quantidade de células, e que podem
ser influenciados também por fatores genéticos, ambientais e psicológicos.
Até os dois anos de idade não há influência genética no crescimento da criança, logo, se a criança estiver
magra e pequena, ainda não é decorrente do biótipo dos pais, mas provavelmente por déficit nutricional.
Normalmente, a criança vai acompanhada da mãe na consulta nutricional, logo, você poderá obter todas
as informações necessárias para você criar uma história nutricional pregressa do seu paciente. Assim
como, na avaliação do adulto você realizará então a anamnese (com perguntas semelhantes às descritas
acima nesta mesma unidade).
Você se lembra de que estava escrito que, conforme o público atendido você teria que montar o material
para sua anamnese? Pois é, para crianças você deve incluir alguns questionamentos. Verifique informações
sobre a gestação (possíveis intercorrências que a mãe tenha passado, peso ao nascer, como foi o parto,
se nasceu prematuro...).
Antecedentes da criança: amamentação (dependendo da idade da criança, em qual momento ocorreu à
introdução de novos alimentos, chás, sucos e etc...), desenvolvimento físico.
Se já frequenta a escola ou creche, hábitos de sono, atividade física (se faz educação física na escola e
se frequenta outras atividades).
Verifique ainda qualquer dificuldade de deglutição ou relacionada às funções gastrointestinais da criança.
Antecedentes familiares
Você deve acrescentar outras informações que sejam pertinentes na sua avaliação.
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leITUra Com Plem eNTar
Para lhe ajudar na montagem desse material, você pode acessar o site abaixo. Nele, você
terá informações do manual de orientação da criança e do adolescente da Sociedade
Brasileira de Pediatria, e ainda neste material, poderá obter mais informações sobre a
avaliação nutricional de crianças. Clique aqui para acessar.
Como esse assunto é extenso continuaremos a tratá-lo na unidade III, ok?
Palavra fINal
Aqui encerramos a unidade II. Espero que tenha contribuído para aquisição de novos conhecimentos
relacionados à avaliação nutricional. Não se esqueça de praticar nas atividades propostas no seu
ambiente virtual.
Não esqueça também de ler o seu livro texto (ele complementa o conteúdo deste guia), o material
disponibilizado pela instituição, e ainda não se esqueça de consultar os livros disponíveis na biblioteca
virtual!
Na nossa próxima unidade, vamos estudar os indicadores químicos e bioquímicos do estado nutricional e
continuaremos a avaliação nutricional de crianças.
Bons estudos e até lá!
referÊNCIas BIBlIoGrÁfICas
CUPPARI, L. Guia de Nutrição: nutrição clínica no adulto. 2ª ed. São Paulo: Manole, 2005.
PALMA, D.; ESCRIVÃO, M. A. M. S; OLIVEIRA, F. L. C. Guia de nutrição clínica na infância e na adolescência.
São Paulo: Manole, 2009.
ROSA, G. et al. Avaliação Nutricional do Paciente Hospitalizado: Uma abordagem Teórico – Prática. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Avaliação nutricional da criança e do adolescente – Manual de
Orientação. São Paulo: Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento de Nutrologia, 2009. 112 p.
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