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A responsabilidade social nas organizações

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Curso FIC 
Assistente Administrativo 
Disciplina Ética e Cidadania Organizacional 
Instrutor 
Professor Me. João do Carmo Ribeiro Neto 
 
 
 
 
 
 
A responsabilidade social nas organizações 
https://www.administracaoegestao.com.br/marketing-internacional/modulo-iv-decidindo-como-entrar-no-
mercado/a-responsabilidade-social-das-organizacoes/ 
 
Nas últimas décadas a mentalidade das empresas acerca da responsabilidade social adquiriu outra perspectiva; antes 
desse tempo, poucas pessoas questionavam a conduta das empresas. No entanto, recentemente, várias dessas 
organizações com fins lucrativos têm adotado práticas de responsabilidade social, partindo do preceito de que elas 
devem colaborar para a melhoria do bem-estar da comunidade, atuando como agentes sociais no processo de 
desenvolvimento econômico e social. 
Para McGuire (1963, apud DUARTE; DIAS, 1986), “a ideia de responsabilidade social supõe que a corporação tenha, 
não apenas obrigações legais e econômicas, mas também certas responsabilidades para com a sociedade, as quais se 
estendem além daquelas obrigações”. 
Dubrin (1998, p.34) descreve analogamente que a “responsabilidade social é a ideia de que as empresas possuem 
obrigações para com a sociedade além de suas obrigações econômicas junto aos proprietários ou acionistas e também 
além daquelas prescritas por lei ou contrato”. 
Para Melo Neto e Froes (1999, p.88), Responsabilidade social corporativa é o comprometimento permanente dos 
empresários de adotar um comportamento ético e contribuir para o desenvolvimento econômico, melhorando, 
simultaneamente, a qualidade de vida de seus empregados e de suas famílias, da comunidade local e da sociedade 
como um todo. 
Sob um ponto de vista semelhante, é possível agregar o pensamento de Maximiano (2004) de que as organizações 
têm responsabilidades sociais, ou seja, têm a obrigação de agir no melhor interesse da sociedade. 
Samara e Morsch (2006, p.245), ainda afirmam que a responsabilidade social empresarial é um conceito e uma filosofia 
de gestão que concebe a empresa não apenas como um negócio de natureza econômica (com função exclusiva de 
gerar lucro para seus acionistas), mas também como uma organização socioeconômica compromissada com o bem-
estar de todos os seus stakeholders (partes interessadas): acionistas, colaboradores, consumidores, fornecedores, 
meio ambiente, governo, sociedade etc. 
Veloso e Menezes (2002 apud MARASSEA; PIMENTEL, 2004) salientam que é da sociedade que as empresas extraem 
recursos de capital, tecnologia e mão-de-obra, sendo eles partes do seu patrimônio cultural, social e econômico. 
Portanto, ao investir no social, a empresa estará retribuindo à própria comunidade que a mantém e a provê com todos 
os seus recursos. 
O prêmio Nobel em economia Milton Friedman, citado por Montana e Charnov (1998, p.35), adota outra postura em 
relação à responsabilidade social ao afirmar que “a função da empresa é otimizar os lucros e o valor do patrimônio 
líquido dos acionistas. A empresa é obrigada a ser socialmente responsável, mas apenas para manter-se em 
conformidade com as ações exigidas por lei”. Essa colocação é conhecida como visão clássica ou puramente 
econômica. 
Por outro lado, Davis, citado por Montana e Charnov (1998), defende a responsabilidade social e argumenta que ela 
“anda de mãos dadas com o poder social, e já que a empresa é a maior potência no mundo contemporâneo, ela tem 
a obrigação de assumir uma responsabilidade social correspondente”. A perspectiva de Davis e de muitos outros 
autores e especialistas, é chamada de socioeconômica e baseando-se na premissa de que as organizações são 
instituições sociais que existem com autorização da sociedade, utilizam os recursos da sociedade e afetam a qualidade 
da mesma (MAXIMIANO, 2004). 
Caroll (1979, apud MACHADO FILHO, 2006, p.25) propõe a subdivisão da responsabilidade social nas dimensões 
econômica, legal, ética e filantrópica (Figura 3). A responsabilidade econômica envolve as obrigações da empresa de 
serem produtivas e rentáveis, sendo assim, a atividade de negócios é econômica por natureza. A responsabilidade 
legal corresponde às expectativas da sociedade de que as empresas cumpram suas obrigações de acordo com a 
estrutura legal existente. A responsabilidade ética refere-se às empresas que, dentro do contexto em que se inserem, 
tenham um comportamento apropriado de acordo com as expectativas existentes entre os stakeholders. A 
responsabilidade discricionária ou filantrópica reflete o desejo comum de que as organizações empresariais estejam 
ativamente envolvidas na melhoria do ambiente social. 
https://www.administracaoegestao.com.br/marketing-internacional/modulo-iv-decidindo-como-entrar-no-mercado/a-responsabilidade-social-das-organizacoes/
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Pirâmide de Caroll – Fonte: Machado Filho (2006, p.25) 
 
A concepção de responsabilidade social em organizações empresariais atinge dois níveis: o interno da organização 
(público interno, empregados e dependentes) e o externo (comunidade que abriga a organização). Pimenta, Saraiva e 
Corrêa (2006, p.224), convencionalmente denomina a responsabilidade social interna como sendo “a responsabilidade 
integral pelo desenvolvimento de seus funcionários, principalmente no que se refere à qualidade de vida”; e a 
responsabilidade social externa acontece no momento que a empresa amplia o seu leque de comprometimento social 
ao participar de programas, projetos e planos sociais que podem ou não serem mantidos pela mesma. 
Melo Neto e Froes (1999, p.78) destacam os seguintes vetores da responsabilidade social: 
[…] apoio ao desenvolvimento da comunidade onde atua; preservação do meio ambiente; investimento no bem-estar 
dos funcionários e seus dependentes e num ambiente saudável de trabalho agradável; comunicações transparentes; 
retorno dos acionistas; sinergia com os parceiros; satisfação dos clientes e/ou fornecedores. 
Melo Neto e Froes, citado por Pimenta, Saraiva e Corrêa (2006, p.219), ainda reforça que a empresa socialmente 
responsável deve atuar em três vetores: 
1) Adoção de valores éticos, construindo uma cultura socialmente responsável, cumprindo suas ações éticas morais, 
culturais, econômicas e sociais – a elaboração de um código de ética é um bom começo; 
2) Difusão dos valores éticos – a empresa, já com seu padrão ético estabelecido, começa a desenvolver projetos e 
ações; e 
3) Transferência de valores éticos – a empresa assume definitivamente um papel socialmente responsável. Seus 
projetos e ações tornam-se sustentáveis, e os resultados obtidos asseguram uma melhoria da qualidade de vida no 
trabalho e na comunidade. 
Ashley (2006, p. 6) encoraja a responsabilidade corporativa e ressalta a sua importância ao dizer que “as organizações 
terão de aprender a equacionar a necessidade de obter lucros, obedecer às leis, ter um comportamento ético e 
envolver-se em alguma forma de filantropia para com as comunidades em que se inserem”. 
De acordo com Dubrin (1998, p.38), “um grande retorno dos atos socialmente responsáveis é que eles frequentemente 
atraem empregados e clientes socialmente responsáveis”. 
Siqueira e Spers (2004, p.28) acrescentam “que a cidadania empresarial pode ser utilizada como uma vantagem 
competitiva potencializadora das várias relações que estabelece com funcionários, comunidade, governos, 
fornecedores, consumidores”. 
Segundo Martinelli (apud IOSCHPE, 2000, p.85), a empresa cidadã se desenvolve imersa na sociedade, na qual busca 
seus clientes, funcionários, fornecedores e outros insumos necessários para sua operação. Ela não se atém apenas aos 
resultados expressos pelo balanço, mas inova com a formulação de um balanço social, onde avalia sua contribuição à 
sociedade. 
Quanto ao Balanço Social, Trevisan (2000, p.17) assim o define: 
[…] é um instrumento de gestão e de informaçõesque permite reportar, do modo mais transparente possível, as 
informações financeiras, econômicas e sociais das empresas. É um conjunto de informações relativas ao desempenho 
da empresa no campo social, externo a ela. 
Para Kroetz (2000, p.82), a contribuição proveniente do Balanço Social é essencial para a qualidade dos negócios, “será 
ele uma demonstração que irá divulgar os investimentos e influências da entidade para com o ambiente externo, e 
será, ainda, um importante instrumento gerencial, à medida que apresentar diversos indicadores e parâmetros, 
capazes de interferir no desenvolvimento do planejamento organizacional, em todos os seu níveis”. 
No entendimento de Pimenta, Saraiva e Corrêa (2006, p.233), o Balanço Social, além de possuir um caráter 
informacional, exerce função como um instrumento de avaliação do desempenho social e ambiental da empresa, 
sendo importante para a definição de políticas de intervenção da empresa dentro da sociedade. 
Consoante Tinoco (2001 apud TACHIZAWA, 2004, p.88), 
[…] as principais dificuldades que se apresentam na elaboração de um balanço social são a mensuração e a correta 
identificação dos ativos e passivos envolvidos, bem como o padrão de acumulação que possa facilitar a 
operacionalização do processo contábil. 
O desenvolvimento de programas no terreno da responsabilidade é visto como investimento social pelas organizações, 
principalmente por aquelas que buscam lucros. Ao ser dada como socialmente responsável, a empresa estreita 
relações com o público e passa a expressar melhor suas ideias, identificando nesse momento, uma potencial vantagem 
competitiva.

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