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HIDRÁULICA AGRÍCOLA A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do Estado do Espírito Santo, com unidades presenciais em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória, e com a Educação a Distância presente em todo estado do Espírito Santo, e com polos distribuídos por todo o país. Desde 1999 atua no mercado capixaba, destacando-se pela oferta de cursos de graduação, técnico, pós-graduação e extensão, com qualidade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sempre primando pela qualidade de seu ensino e pela formação de profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho. Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de Instituições de Ensino Superior que possuem conceito de excelência junto ao Ministério da Educação (MEC). Das 2109 instituições avaliadas no Brasil, apenas 15% conquistaram notas 4 e 5, que são consideradas conceitos de excelência em ensino. Estes resultados acadêmicos colocam todas as unidades da Multivix entre as melhores do Estado do Espírito Santo e entre as 50 melhores do país. MISSÃO Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de quali- dade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores. VISÃO Ser uma Instituição de Ensino Superior reconhecida nacionalmente como referência em qualidade educacional. R E I TO R GRUPO MULTIVIX R E I 2 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 3 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIBLIOTECA MULTIVIX (Dados de publicação na fonte) Lúcia Cruz de Souza Guimarães, Mara Hidráulica Agrícola / Lúcia Cruz de Souza Guimarães, Mara, - Multivix, 2023 Catalogação: Biblioteca Central Multivix 2020 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. 4 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 LISTA DE QUADROS UNIDADE 1 MLT 11 FLT 11 Grandeza 11 Unidade 11 Símbolo 11 Grandeza 12 Símbolo 12 Unidade 12 Relação com as unidades básicas 12 Dimensional 12 Grandeza 14 Unidade 14 Símbolo 14 Unidade 14 Grandeza 15 Unidade 15 Valor em outras unidades 15 Grandeza 16 Unidade 16 Símbolo 16 Unidade 16 UNIDADE 3 Tubos metálicos 76 Tubos não metálicos 76 Aço-carbono soldado 78 Aço inoxidável 78 Cobre ou ligas de cobre 78 Ferro “doce” galvanizado 78 Ferro fundido dúctil 78 Cloreto de polivinil rígido 78 5 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Polietileno de alta densidade (PEAD) 79 Polipropileno 79 Polietileno de baixa densidade 79 Polietileno de baixa densidade armado 79 UNIDADE 4 1º caso 102 2º caso 102 3º caso 102 4º caso 102 UNIDADE 5 Para bombas que demandem (em cv) 115 Folga recomendada no motor (em %) 115 Tipo de bomba 118 O que ocorre quando a altura de recalque é reduzida 118 O que ocorre quando a altura de recalque é aumentada 118 Capacidade (vazão) 118 Consumo (energia) 118 Capacidade (vazão) 118 Consumo (energia) 118 Valores de K 124 Valores de v (m/s) 124 UNIDADE 6 Tipo 141 Natureza das paredes 141 n 141 h/D 145 K 145 Tentativas 146 h (m) 146 P (m) 146 A (m²) 146 R 146 Q (m³/s) 146 6 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 LISTA DE FIGURAS UNIDADE 1 Instrumento para medição de grandezas 13 Multímetro: instrumento utilizado para medir grandezas elétricas 15 Fita métrica 17 Relógio, dispositivo utilizado como medidor de tempo desde a Antiguidade 18 Proveta utilizada para medir volume 19 Força de adesão entre as gotas de água e o vidro 23 Aranha sob a água devido à tensão superficial 23 Manômetro de pressão tipo Bourdon 24 Esboço de um piezômetro 25 Esboço de um tubo em U 26 Blaise Pascal (1623-1662) em gravura dos anos 1800 27 Pressões nas faces perpendiculares ao plano do papel 28 Animal parcialmente imerso na água 29 Um corpo parcialmente submerso em um líquido 30 Objeto de altura h e área A submerso em um líquido 30 UNIDADE 2 Água escoando em uma tubulação 38 Tipos de escoamento 39 Linhas de corrente do regime laminar e turbulento 40 Demonstração do regime de escoamento laminar e turbulento 41 Tubos de corrente 42 Seções transversais de um tubo – equação da continuidade 42 Energia total no escoamento permanente 45 Representação gráfica do Teorema de Bernoulli para fluidos ideais 47 Representação gráfica do Teorema de Bernoulli para fluidos reais 48 7 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Esquema de um orifício 50 Esquema de um vertedor 51 Coeficientes de descarga Cd (*) 52 Classificação dos bocais 53 Bocais cilíndricos interiores ou reentrantes e exteriores 53 Bocais cônicos convergente e divergente 54 Conduto de seção fechada 54 Classificação do regime de escoamento 56 Regime laminar e turbulento 56 Peças acessórias em uma rede de tubulação 57 Tubulação desgastada 58 Tubulação fechada, com detalhe da rugosidade da parede interna 59 UNIDADE 3 Tubulação fechada para escoamento de fluidos 65 Valores de “e” (em mm) para a rugosidade das tubulações para a fórmula universal 66 Rugosidade da parede interna de uma tubulação 67 Diagrama de Moody para o atrito em tubos com paredes lisas e rugosas 68 Rede de tubulação 70 Valor do coeficiente C sugerido para a fórmula de Hazen-Williams para águas a 20°C, pouco incrustantes, pouco corrosivas (corrigidas) 71 Rede de tubulação com peça acessória (curvas). 72 Alargamento brusco em uma seção transversal 72 Exemplo de uma peça acessória válvula de gaveta 73 Valores aproximados de K para cálculo expedito das perdas localizadas em tubulações (para velocidades usuais em tubulações de água: entre 0,5 e 2,5 m/s) 75 Tubulação com diversas peças acessórias 76 Comprimentos equivalentes a perdas localizadas (expressos em metros de canalização retilínea) 77 Condutos fechados 78 Tubulação metálica 80 8 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Tubulação não metálica 82 Válvula de retenção tipo portinhola 83 Ventosa simples (A); ventosa dupla, de pequeno e grande orifício (B); ventosa de admissão (C) 85 Exemplo de válvula de gaveta 85 UNIDADE 4 Sistemas de tubulação 89 Esquema nós, malhas e anéis 90 Sistema ramificado ou espinha de peixe 91 Tubulação em série 92 Sistema de tubulação 95 Tubulação em série 98 Esquema de um sistema com dois reservatórios interligados 100 Seccionamento de uma rede malhada 103 Problema dos três reservatórios 104 UNIDADE 5 Exemplo de uma bomba hidráulica 113 Bomba pistão (recíproca) 115 Bomba de engrenagem e palhetas 115 Detalhe do rotor da bomba radial, axial e diagonal 116 Curvas características típicas para determinada bomba centrífuga 119 Curvas características de uma associação de bombas em paralelo 122 Curvas características de uma associação de bombas em série 123 Gráfico utilizado para determinar o ponto de funcionamento da bomba 124 Quadro com tipo de bombas centrífugas por faixa de trabalho, rotando a 1.750 rpm 128 Curvas características da bomba KSB MEGANORM 129 Exemplo do escoamento com a válvula aberta (VA) e quando se fecha instantaneamente a válvula 131 Conduto fechado funcionando sob pressão atmosférica 136 9 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em23/06/2017 UNIDADE 6 Casos típicos de condutos 137 Exemplo de um conduto livre de água 138 Exemplo da geometria de um canal trapezoidal 139 Exemplo de canais siameses com diferente rugosidade da parede 140 Exemplo da geometria de um canal circular 140 Esquema de escoamento em canal, seção longitudinal 141 Canal livre de água utilizado para abastecer carretel enrolador 141 Canal de drenagem retangular 142 Canal livre de água 147 Curso de água natural 150 Esboço de uma seção transversal de um curso de água 151 a) Flutuador simples; b) Duplos ou subsuperficiais; e c) Bastões flutuantes ou flutuadores lastreados 152 Molinetes de eixo horizontal ou de eixo transversal 152 Vertedor retangular 153 Calha Parshall 154 Tubo Venturi 155 Modelo de placa de orifício 156 Tubo de Pitot 157 Recipiente para encher de água 157 Sulco de irrigação 159 10 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SUMÁRIO 1 HIDRÁULICA AGRÍCOLA 14 1.1 INTRODUÇÃO À HIDRÁULICA AGRÍCOLA 14 1.2 FUNDAMENTOS DE HIDROSTÁTICA 26 2. HIDRODINÂMICA 38 2.1 REGIME DE ESCOAMENTO 38 2.1.3 TEOREMA DE BERNOULLI 46 2.1.3.2 EQUAÇÃO DE BERNOULLI 48 2.2 ESCOAMENTO EM ORIFÍCIOS E BOCAIS E EM CONDUTOS FORÇADOS 51 2.2.1 CLASSIFICAÇÃO DE ORIFÍCIOS E BOCAIS 51 3. PERDA DE CARGA E TUBOS E CONEXÕES 66 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 66 3.1 EQUAÇÕES PARA O CÁLCULO DA PERDA DE CARGA 67 3.2 TUBOS E ACESSÓRIOS 79 3.2.1 INTRODUÇÃO ÀS TUBULAÇÕES 79 4. FORMAS DE INSTALAÇÃO DE TUBULAÇÕES HIDRÁULICAS 91 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 91 4.1 CONDUTOS EQUIVALENTES 93 4.2 SISTEMAS RAMIFICADOS 101 5 ESTAÇÃO DE BOMBEAMENTO 114 5.1 ESTAÇÕES ELEVATÓRIAS DE ÁGUA 114 5.2 DIMENSIONAMENTO ECONÔMICO 127 6. ESCOAMENTO EM CONDUTOS LIVRES E MEDIÇÃO DE VAZÃO 137 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 137 6.1 CONDUTOS LIVRES 137 6.1.3 DIMENSIONAMENTO DE CANAIS 145 6.2 HIDROMETRIA 151 6.2.1 MEDIÇÃO DE VAZÃO 152 1UNIDADE 2UNIDADE 3UNIDADE 4UNIDADE 5UNIDADE 6UNIDADE 11 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ATENÇÃO PARA SABER SAIBA MAIS ONDE PESQUISAR DICAS LEITURA COMPLEMENTAR GLOSSÁRIO ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM CURIOSIDADES QUESTÕES ÁUDIOSMÍDIAS INTEGRADAS ANOTAÇÕES EXEMPLOS CITAÇÕES DOWNLOADS ICONOGRAFIA UNIDADE 1 OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 12 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HIDRÁULICA AGRÍCOLA > Compreender o conceito de fluido e as propriedades físicas, bem como as unidades de medidas utilizadas na hidráulica. > Conhecer os fundamentos da hidrostática e os diferentes medidores de pressão. 13 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HIDRÁULICA AGRÍCOLA 1 HIDRÁULICA AGRÍCOLA INTRODUÇÃO DA UNIDADE O estudo do comportamento dos fluidos é realizado pelo ramo da mecânica aplicada definida como mecânica dos fluidos, a qual tem como objetivo ana- lisar o comportamento dos fluidos em repouso e em movimento — hidrostá- tica e hidrodinâmica, respectivamente. Os fluidos aqui estudados podem ser líquidos (como água, álcool, gasolina e óleo combustível) ou gases (como ar atmosférico, oxigênio, nitrogênio e hélio). A avaliação do comportamento dos fluidos acontece com base nos princípios fundamentais da conservação de massa, da energia e da quantidade de movimento. O sistema de unidade de medida identifica a descrição quantitativa das ca- racterísticas envolvidas nos estudos dos fluidos, a qual aponta a quantidade mensurável da natureza ou do tipo: minuto, quilômetro, grama, newton, entre outros. Assim, a medida de uma grandeza física é expressa pelo número de vezes que a unidade padrão (referência) está contida na grandeza analisada. O estudo do comportamento dos fluidos engloba a análise da unidade de medida, bem como a caracterização deles é realizada pelas propriedades, que são específicas para cada tipo de substância estudada, apresentando pa- pel importante para situações encontradas na agricultura e na indústria. A análise das forças exercidas pelos fluidos e sobre os fluidos em repouso é chamada de hidrostática ou estática dos fluidos. Aqui, a pressão será um dos principais parâmetros dos estudos hidráulicos, podendo, portanto, caracteri- zar e quantificar o tipo de fenômeno hidráulico em análise. 1.1 INTRODUÇÃO À HIDRÁULICA AGRÍCOLA 1.1.1 SISTEMA DE UNIDADES DE MEDIDA No estudo dos fluidos, verifica-se uma variedade de características, as quais descrevem o comportamento dos fluidos, de modo qualitativo e quantitativo. A caracterização qualitativa identifica a natureza ou o tipo: velocidade, área, comprimento, força, massa, entre outros. Já a descrição quantitativa pode ca- racterizar a quantidade mensurável da natureza ou do tipo: segundo, metro, quilograma, entre outros. 14 HIDRÁULICA AGRÍCOLA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 INSTRUMENTO PARA MEDIÇÃO DE GRANDEZAS Fonte: ©Ralphs_Fotos, Pixabay (2023). #pratodosverem: foto colorida de um instrumento de medição de pressão e tempo. A medição de uma grandeza engloba a comparar com outra grandeza de mesma natureza considerada como padrão. O primeiro sistema de unidade foi criado em 1792, denominado Sistema Métrico Decimal, sendo o precursor do atual Sistema de Unidade Internacional (SI), considerado o padrão interna- cional de medidas. É um sistema em que massa, comprimento e tempo são as grandezas básicas, conhecido pela sigla MLT (mass, length and time — ou massa, comprimento e tempo). As unidades são, respectivamente, quilograma (kg), metro (m) e segundo (s), sendo também denominado MKS (meter-kilogram-second — ou metro, quilo, segundo). desenvolvimento das culturas. Em mecânica, o sistema técnico métrico quilograma-força metro por segun- do tem como grandezas fundamentais a força, o comprimento e o tempo, sendo um sistema de classe FLT (force, length, time — força, comprimento, tempo). No quadro a seguir pode ser verificado o tipo dos sistemas de unidades. 15 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HIDRÁULICA AGRÍCOLA PRINCIPAIS SISTEMAS DE UNIDADES MLT FLT CGS MKS MKS Massa g kg UTM Comprimento cm m m Força Dina N Kgf Tempo s s s Fonte: elaborado pela autora (2023). #pratodosverem: quadro demonstrando os principais sistemas de unidades, como massa, comprimento, força e tempo. O Sistema Internacional de Unidades (SI) é um sistema racional de unidades de medida em que todas as quantidades físicas podem ser derivadas a partir de sete grandezas de base: comprimento, massa, tempo, corrente elétrica, temperatura termodinâmica, intensidade luminosa e quantidade de matéria, conforme mostra o quadro a seguir (AZEVEDO NETTO; FERNANDEZ, 2018). GRANDEZAS BÁSICAS DO SI Grandeza Unidade Símbolo Comprimento metro m Massa quilograma kg Tempo segundo s Intensidade de corrente elétrica ampere A Temperatura termodinâmica kelvin K Intensidade luminosa candeia Cd Quantidade de matéria mol Mol Havendo ainda as denominadas unidades complementares Ângulo plano radiano Rad Ângulo sólido esterradiano sr Fonte: adaptado de Azevedo Netto e Fernandez (2018). #pratodosverem: quadro demonstrando as grandezas básicas do Sistema Internacional de Unidades. 16 HIDRÁULICA AGRÍCOLA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 MULTÍMETRO: INSTRUMENTO UTILIZADO PARA MEDIR GRANDEZAS ELÉTRICAS Fonte: ©Clker-Free-Vector-Images, Pixabay (2023). #pratodosverem: foto de um multímetro. As unidades derivadas do SI são estabelecidas por meio de tratamento algé- brico ou dimensional das grandezas físicas básicas. Veja no quadro a seguir as grandezas derivadas mais utilizadas, com as respectivas unidades para os cálculos relacionados com os estudos da hidráulica.GRANDEZAS DERIVADAS DO SI Grandeza Símbolo Unidade Relação com as unidades básicas Dimensional Área M² L² Volume M3 L³ Velocidade m/s LT-1 Aceleração m/s² LT-2 Massa específica kg/m³ ML-2 Frequência Hz hertz s-1 T-1 Força N newton kg x m/s² MLT-2 Pressão Pa pascal N/m² ML–1 T-2 Energia J joule N x m ML2 T-2 Potência W watt J/s ML2 T-3 Viscosidade dinâmica P poise 0,1 N × s/m2 ML-1T-1 Viscosidade cinemática St stokes 10–4 × m2/s L2T-1 Movimento de inércia m4 L4 Tensão superficial N/m MT-2 Peso específico N/m3 ML-2T-2 Fonte: adaptado de Azevedo Netto e Fernandez (2018). #pratodosverem: quadro demonstrando as grandezas derivadas do SI. 17 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HIDRÁULICA AGRÍCOLA Unidades Quando escritas por extenso, devem ter inicial minúscula, mesmo que sejam nomes de pessoas. Exemplo: metro, quilômetro, pascal etc. A unidade de temperatura é uma exceção a essa regra: grau Celsius. Símbolos Também são escritos com letras minúsculas, exceto para nome de pessoas. Exemplos: m, km, Pa. A exceção é o litro, para o qual se utiliza L. 1.1.2 CONVERSÃO DE UNIDADES O sistema considerado padrão, do qual derivam as demais unidades de me- dida, é o Sistema Internacional de Medida (SI). Saber fazer as principais con- versões de unidades de medida é bastante importante para solucionar os principais problemas envolvidos na hidráulica agrícola. A seguir, veremos as conversões mais usuais para as unidades de medidas de comprimento, mas- sa, tempo, área, volume, temperatura e velocidade. O metro é a unidade de medida do SI para a grandeza comprimento. A fita métrica é um exemplo de ferramenta utilizada para medir o comprimento de um objeto ou a distância entre dois pontos. 18 HIDRÁULICA AGRÍCOLA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FITA MÉTRICA Fonte: ©quimono, Pixabay (2023). #pratodosverem: fita métrica em metro, centímetro e milímetro. O metro corresponde à distância percorrida pela luz no vácuo em 1/299.792.458 de segundo. Os múltiplos do metro são utilizados para representar grandes distâncias; para pequenas distâncias são utilizados os submúltiplos, de acordo com a ta- bela a seguir. MÚLTIPLOS E SUBMÚLTIPLOS DA GRANDEZA METRO Grandeza Unidade Símbolo Unidade Comprimento Múltiplos km 1 km = 1.000 m = 10³ m hm 1 hm = 100 m = 10² m dam 1 dam = 10 m = 10¹ m Submúltiplos dm 1 dm = 0,1 m = 10-1 m cm 1 cm = 0,01 m = 10-2 m mm 1 mm = 0,001 m = 10-3 m Fonte: adaptada de Elger et al. (2019). #pratodosverem: tabela demonstrando múltiplos e submútiplos da grandeza metro. Por exemplo, para converter 24 centímetros para metros, faz-se o cálculo a seguir: 24 cm = 24 x 0,01 m = 0,24 m 19 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HIDRÁULICA AGRÍCOLA Para escrever em notação científica: 0,01 m é a mesma coisa que 10-2 m. O expoente (-2) significa que devemos “andar” com a vírgula duas casas para esquerda. Logo: 19 cm = 19 x 10-2 m = 0,19 m. O segundo é a unidade de medida no SI para a grandeza tempo e corres- ponde à duração de 919.263.770 períodos da radiação na transição entre dois níveis hiperfinos do átomo de césio-133 no estado fundamental. Vale ressaltar que 1 hora equivale a 60 minutos e cada minuto contém 60 segundos. Sendo assim, 1 hora contém 3.600 segundos. RELÓGIO, DISPOSITIVO UTILIZADO COMO MEDIDOR DE TEMPO DESDE A ANTIGUIDADE Fonte: ©SplithShire, Pixabay (2023). #pratodosverem: imagem em preto e branco de um relógio analógico. A tabela a seguir mostra as diversas formas de expressar o tempo. UNIDADES DA GRANDEZA TEMPO Grandeza Unidade Valor em outras unidades Tempo minuto 1 min = 60 s hora 1 h = 60 min = 3.600 s dia 1 dia = 24 h = 1.440 min = 86.400 s ano 1 ano = 365 dias = 8.760 h = 525.600 min = 31.536.000 s Fonte: elaborada pela autora (2023). #pratodosverem: tabela demonstrando unidades da grandeza tempo. O volume é uma grandeza que tem o metro cúbico (m³) como unidade no SI, no qual 1 m3 corresponde ao espaço ocupado por um cubo de 1 m de aresta. 20 HIDRÁULICA AGRÍCOLA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PROVETA UTILIZADA PARA MEDIR VOLUME Fonte: ©vandelinodias, Pixabay (2023). #pratodosverem: foto colorida de uma mão segurando uma proveta. As transformações entre os múltiplos e os submúltiplos de m3 são feitas mul- tiplicando-se ou dividindo-se por 1.000. MÚLTIPLOS E SUBMÚLTIPLOS DA GRANDEZA VOLUME Grandeza Unidade Símbolo Unidade Volume Múltiplos km3 1 km3 = 1.000.000.000 m3 hm3 1 hm3 = 1.000.000 m³ dam3 1 dam3 = 1.000 m³ Submúltiplos dm3 1 dm3 = 0,001 m³ cm3 1 cm3 = 0,0000001 m3 mm3 1 mm3 = 0,0000000001 m3 Fonte: elaborada pela autora (2023). #pratodosverem: tabela demonstrando os múltiplos e submútiplos da grandeza volume. Outra unidade bastante utilizada para medidas de volume é o litro, que equivale a 1 decímetro cúbico (dm³). 21 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HIDRÁULICA AGRÍCOLA 1.1.3 PROPRIEDADES FÍSICAS DOS FLUÍDOS As propriedades físicas dos fluidos são de suma importância para caracteri- zar um fluido e consideradas a base para a análise da mecânica dos fluidos, sendo únicas para cada fluido e fundamentais para a avaliação de possíveis problemas encontrados tanto na hidráulica agrícola quanto na indústria (GO- DOI; ASSUNÇÃO, 2019). PROPRIEDADES FÍSICAS DOS FLUIDOS Fonte: elaborada pela autora (2023). #pratodosverem: ilustração composta de retângulos com o título “Propriedades físicas dos fluidos”, e os seguintes textos nos demais retângulos: Massa específica, Peso específico, Capilaridade, Adesão, Viscosidade, Densidade relativa, Coesão e Tensão superficial. MASSA ESPECÍFICA A massa específica ou densidade absoluta (р) é a relação entre a massa (m) e o volume (V) de determinada substância: A unidade de medida para a massa específica é quilo por centímetro cúbico (kg/cm³), porém é comum utilizar grama por centímetro cúbico (g/cm³). Na tabela a seguir, apresentamos a massa específica das substâncias mais co- muns. Viscosidade Densidade relativa Tensão superficialCoesão Massa específica Capilaridade Adesão Peso específico 22 HIDRÁULICA AGRÍCOLA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 VALORES DE MASSA ESPECÍFICA Substâncias Massa específica (kg/cm3) Água (4°C) 1.000 Mercúrio (15°C) 13.600 Água do mar 1.025 Gelo 917 Álcool 790 Ferro 7.800 Fonte: elaborada pela autora (2023). #pratodosverem: tabela demonstrando os valores de massa específica. PESO ESPECÍFICO O peso específico (Y) é determinado pela razão entre o peso e o volume ocupado por uma substância. As unidades mais usuais são: Newton por metro cúbico (N/m³), quilograma- -força por metro cúbico (kgf/m³) e quilograma-força por centímetro cúbico (kgf/cm³). O peso é definido pela Segunda Lei de Newton. A equação do peso específico pode ser assim escrita: Podendo ser correlacionada com a massa específica: 23 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HIDRÁULICA AGRÍCOLA DENSIDADE RELATIVA A densidade relativa é denominada pela razão entre a massa específica de determinada substância e a massa específica de uma substância padrão. A massa específica da água é a mais usualmente utilizada para líquidos e sóli- dos, sendo equivalente a 1.000 kg/m³ a 4°C. VISCOSIDADE Viscosidade está relacionada à resistência de fluido ao escoamento, podendo haver resistência do fluido com a parede do canal ou do tubo do escoamento, ou pela resistência ao movimento das partículas do próprio fluido. Viscosidade dinâmica ou absoluta (μ) É a força por unidade de área necessária ao arrastamento de uma camada de um fluido em relação à outra camada do mesmofluido –> Água (20°C): 1,01 x 10-3 N.s/m². Viscosidade cinemática É determinada pela relação entre a viscosidade dinâmica e a massa específica do fluido ‒> Água (20°C): 1,01 x 10-6 m²/s. COESÃO E ADESÃO Coesão é definida como as forças de atração entre moléculas de mesma na- tureza. As moléculas de água se atraem umas às outras pela coesão, surgindo assim a tensão superficial. 24 HIDRÁULICA AGRÍCOLA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FORÇA DE ADESÃO ENTRE AS GOTAS DE ÁGUA E O VIDRO Fonte: ©rkit, Pixabay (2023). #pratodosverem: foto colorida de gotas de água em contato com a superfície plana de um vidro. Ao contrário, adesão são forças de atração entre moléculas de substâncias dis- tintas. A força entre as gotas de água e o vidro é resultado da força de adesão. TENSÃO SUPERFICIAL A tensão superficial é a formação de uma camada na superfície do líquido se comportando como uma membrana elástica e não deixando o objeto afun- dar. ARANHA SOB A ÁGUA DEVIDO À TENSÃO SUPERFICIAL Fonte: ©pianosolo, Pixabay (2023). #pratodosverem: foto colorida de uma aranha na superfície da água. 25 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HIDRÁULICA AGRÍCOLA 1.2 FUNDAMENTOS DE HIDROSTÁTICA O estudo das forças atuantes pela água e sobre a água em repouso é chama- do de hidrostática. Para o aprofundamento nesse tema é necessário o estudo das leis de Pascal e de Stevin. 1.2.1 PRESSÃO E MEDIDORES DE PRESSÃO A pressão é uma grandeza que pode ser definida como sendo o efeito da ação de uma força perpendicular (F) por unidade de área (A) de determinada superfície (VICENTE; DEIVIDI, 2021), sendo uniforme: A pressão é característica local do fluido, apresentando dependência da posi- ção em uma situação estática, não dependendo, portanto, da direção. A uni- dade de medida de pressão no SI é Newton por metro quadrado (N/m²) ou Pascal (Pa). Os medidores de pressão mais usuais são: piezômetros, tubo em U, barôme- tro, manômetro diferencial, manômetro metálico tipo Bourdon e manômetro digital. MANÔMETRO DE PRESSÃO TIPO BOURDON Fonte: ©fernandozhiminaicela, Pixabay (2023). #pratodosverem: imagem apresenta um manômetro de pressão tipo Bourdon. 26 HIDRÁULICA AGRÍCOLA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PIEZÔMETRO O piezômetro é o mais comum e mais simples entre os manômetros, sendo composto apenas de um tubo transparente, o qual deve ser inserido no lo- cal onde se deseja medir a pressão (VICENTE; DEIVIDI, 2021). A altura a que a água sobre pelo tubo equivale à pressão; assim, o líquido indicador é o pró- prio fluido em que se está medindo a pressão. Desse modo, a pressão pode ser calculada pela seguinte descrição: a pressão (p) que um líquido de massa específica (ρ), com respectiva altura (h), sob aceleração de gravidade (g) sobre o fundo de um recipiente é a pressão hidrostática. Assim: ESBOÇO DE UM PIEZÔMETRO Fonte: adaptada de Peres (2015, p. 87). #pratodosverem: ilustração de um esboço de um piezômetro. • O piezômetro só é utilizado para medir a pressão de líquidos e pressões positivas. • Esse aparelho só é utilizado para medir baixas pressões. 27 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HIDRÁULICA AGRÍCOLA TUBO EM U O tubo em U é um tipo de medidor de pressão utilizado para medir a pressão em líquidos e gases, sendo utilizado um líquido com valor de massa específi- ca alta (mercúrio), podendo medir pressões relativas ou manométricas, posi- tivas e negativas. ESBOÇO DE UM TUBO EM U Fonte: adaptada de Peres (2015, p. 91). Fonte: adaptada de Peres (2015, p. 91). #pratodosverem: ilustração demonstrando um esboço de um tubo em U. A pressão no ponto A pode ser calculada pela equação seguinte: MANÔMETRO DIFERENCIAL O manômetro diferencial é utilizado para medir a pressão entre dois pontos, sendo normalmente composto de mercúrio. MANÔMETRO TIPO BOURDON O manômetro tipo Bourdon é o mais comum, sendo utilizado no setor agrí- cola para medir pressões positivas e negativas (vacuômetros). São utilizados também os manômetros digitais, os quais apresentam boa precisão, porém têm alto custo. 28 HIDRÁULICA AGRÍCOLA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Esses manômetros são muito utilizados em tratores, bombas hidráulicas, pulverizadores em geral e para controle da umidade do solo. 1.2.2 LEI DE PASCAL O filósofo francês Blaise Pascal formulou no século XVII um princípio de gran- de importância para o estudo dos fluidos em equilíbrio: “Em qualquer ponto no interior de um fluido em repouso, a pressão aplicada em um pequeno vo- lume do fluido é a mesma em todas as direções.” BLAISE PASCAL (1623-1662) EM GRAVURA DOS ANOS 1800 Fonte: Plataforma Deduca (2023). #pratodosverem: gravura do filósofo francês Blaise Pascal. Em um fluido em repouso não podem existir forças de cisalhamento, de for- ma que as forças atuantes são o próprio peso e as forças de contato, que atu- am normalmente nas superfícies planas. Uma leitura mais abrangente do princípio de Pascal é: “Qualquer alteração na pressão aplicada a um pequeno volume de um fluido confinado e incom- pressível é transmitida integralmente a todos os pontos do fluido, bem como às paredes do recipiente que o mantém confinado.” 29 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HIDRÁULICA AGRÍCOLA PRESSÕES NAS FACES PERPENDICULARES AO PLANO DO PAPEL Fonte: adaptada de Azevedo Netto e Fernandez (2018, p. 37). #pratodosverem: figura considera, no interior de um líquido, um prisma imaginário de dimensões elementares: largura dx, altura dy e comprimento unitário, apresentando as pressões nas faces perpendiculares ao plano do papel. A lei de Stevin diz: “A diferença de pressões entre dois pontos da massa de um líquido em equilíbrio é igual à diferença de profundidade multiplicada pelo peso específico do líquido” (AZEVEDO NETTO; FERNANDES, 2018). Assim, segue a representação matemática da lei de Stevin: Essa equação constitui a base teórica da hidrostática, evidenciando que nos fluidos incompressíveis (líquidos) a pressão hidrostática varia linearmente com a profundidade ou a altura da coluna de líquido, em uma razão igual ao peso específico de determinado fluido (GODOI; ASSUNÇÃO, 2019). 1.2.3 EMPUXO O conceito de empuxo é aplicado em projetos de comportas, registros, barra- gens, tanques, canalizações, entre outros. Quando um corpo está total ou parcialmente imerso em um fluido em repou- so, fica sob a ação de uma força que depende da parte dele que está imersa (VICENTE; DEIVIDI, 2021). Isso pode ser verificado ao tentar afundar uma bola em um recipiente com água. A força faz a bola ficar submersa, de forma a parecer que ela é mais leve que o peso real — essa força é definida como em- puxo, que atua sobre a bola. 30 HIDRÁULICA AGRÍCOLA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ANIMAL PARCIALMENTE IMERSO NA ÁGUA Fonte: ©Nennieinszweidrei, Pixabay (2023). #pratodosverem: pato parado e parcialmente imerso na água. Dessa forma, um objeto ou corpo imerso em água se torna menos pesado devido ao empuxo exercido pelo líquido sobre o corpo, vertical e para cima, que “reduz” o peso do corpo. Ao submergir algum objeto em um recipiente cheio de líquido, o objeto des- loca uma quantidade de líquido igual ao próprio volume; assim, o peso desse volume de líquido deslocado é subtraído do peso do objeto pela força defini- da como empuxo (AZEVEDO NETTO; FERNANDEZ, 2018). Considerando um corpo imerso em um líquido em equilíbrio (repouso), duas forças atuam no mesmo centro de ação: peso, interação com o campo gravi- tacional terrestre e empuxo, pela interação com o líquido (ELGER et al., 2019).Para um objeto ou corpo flutuar, o peso do líquido deslocado por ele tem que ser maior que o próprio peso do objeto ou corpo. Princípio de Arquimedes: “Todo corpo mergulhado em um fluido em repouse sofre, por parte do fluido, uma força vertical para cima, cuja intensidade é igual ao peso do fluido deslocado pelo corpo.” 31 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HIDRÁULICA AGRÍCOLA UM CORPO PARCIALMENTE SUBMERSO EM UM LÍQUIDO Fonte: adaptada de Elger et al. (2019, p. 84). #pratodosverem: ilustração demonstrando um corpo parcialmente submerso em um líquido. De acordo com a figura anterior, VD é o volume que é deslocado pelo corpo. Se o corpo está totalmente submerso, o volume deslocado é o volume do cor- po. Se um corpo está parcialmente submerso, o volume deslocado é a porção do volume que está submersa. Vamos analisar o esboço a seguir. OBJETO DE ALTURA H E ÁREA A SUBMERSO EM UM LÍQUIDO Fonte: adaptada de Peres (2015, p. 76). #pratodosverem: objeto de altura h e área A submerso em um líquido. Temos a seguinte equação: 32 HIDRÁULICA AGRÍCOLA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 De acordo com a lei de Stevin: Logo: Como: O resultado de E representa o peso do fluido deslocado pelo corpo submerso. 33 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HIDRÁULICA AGRÍCOLA CONCLUSÃO Esta unidade apresentou os conceitos fundamentais da hidráulica, os quais são de suma importância para os principais projetos que abrangem a área de ciências agrárias, permitindo analisar de forma mais concisa e eficiente as diversas situações de campo. O sistema de unidades de medidas deve ser bastante estudado e analisado em quaisquer circunstâncias, de forma a permitir solucionar de modo correto os problemas encontrados na hidráulica no campo. Entendendo os princípios das unidades de medida de cada grandeza é possível fazer conversões para solucionar problemas hidráulicos. O estudo das propriedades dos fluidos permite caracterizar e analisar o com- portamento deles em movimento ou estático. Vale ressaltar que cada subs- tância apresenta propriedades específicas, tornando-se, desse modo, im- portantes para a correta avaliação das situações encontradas no campo. As propriedades mais usuais são: massa específica, peso específico, densidade relativa, viscosidade, coesão, adesão, tensão superficial e capilaridade. Por fim, o estudo da hidrostática permite compreender o estudo das forças exercidas pela água e sobre a água em repouso. As leis que caracterizam a hi- drostática estão presentes no dia a dia de modo geral, sendo encontradas nos sistemas de irrigação, na água que sai das torneiras, nas represas hidrelétricas e até mesmo na pressão atmosférica sobre cada pessoa. 34 HIDRÁULICA AGRÍCOLA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Para saber mais desse tema leia os artigos a seguir: 1. VASQUES, E. J.; MENEGASSO, P.; SOUZA, M. Explorando a conexão entre a mecânica dos fluidos e a teoria cinética. Artigos Gerais. Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 38, p. 1307, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1806-11173812096. Acesso em: 3 mar. 2023. 2. GOMES, A. V.; AMARAL, E. M. de S.; PRADO, R. J. Determinação da densidade de líquidos imiscíveis pelo princípio de Stevin. Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 41, 2019. Disponível em: https:// doi.org/10.1590/1806-9126-RBEF-2018-0313. Acesso em: 3 mar. 2023. 3. SANTOS, V. M. et al. Experimento lúdico para o estudo da hidrostática. In: VIII COLÓQUIO DO MUSEU PEDAGÓGICO, 8., 2009. Anais [...]. Vitória da Conquista: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), 2009. p. 2477-2481. 4. CARDOSO, L. E. C; FERNANDES, F. C. R. Unidades de medida: conceitos, evolução e desenvolvimento em sala de aula. In: Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, 2.; Encontro Latino Americano de Pós-Graduação, 8. Anais [...]. São José dos Campos: Universidade do Vale do Paraíba, 2018. . 35 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HIDRÁULICA AGRÍCOLA Disponível em: https://www.inicepg.univap. b r/ c d / I N I C _ 2 0 0 8 /a n a i s/a r q u i vo s I N I C / INIC0777_01_O.pdf. Acesso em: 26 fev. 2023. 5. FRANCISCO, C. H. Estudo sobre as unidades de medidas das grandezas físicas básicas: comprimento, massa e tempo. 2012. 27 f. Trabalho de conclusão de curso (bacharelado em Física) — Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Instituto de Geociências e Ciências Exatas, 2012. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/ handle/11449/119119. Acesso em: 3 mar. 2023 UNIDADE 2 OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 36 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HIDRÁULICA AGRÍCOLA > Compreender a vazão e o regime de escoamento de um fluido em diferentes condutos. > Entender o conceito do número de Reynolds e a aplicação, bem como o efeito da perda de carga em condutos forçados. 37 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HIDRÁULICA AGRÍCOLA 2. HIDRODINÂMICA INTRODUÇÃO DA UNIDADE Nesta unidade serão estudadas as leis que regem o movimento dos fluidos ideais ou fluidos perfeitos. Fluidos ideais são aqueles que não apresentam vis- cosidade, não demonstrando, portanto, atrito interno, são incompressíveis, com massa específica constante. O movimento desse fluido será caracterizado se, em qualquer instante (t), forem conhecidas a grandeza e a direção da velocidade (v) relativa a qual- quer ponto. As equações que caracterizam o movimento do fluido são as três equações gerais do movimento, relativas ao eixo: equação da continuidade; relacionada à conservação de massas; e uma equação complementar, asso- ciada à natureza do fluido (AZEVEDO NETTO; FERNANDEZ, 2018). 2.1 REGIME DE ESCOAMENTO 2.1.1 CARACTERIZAÇÃO DO REGIME DE ESCOAMENTO A vazão (Q) ou descarga é representada por uma quantidade de fluido que atravessa uma determinada seção transversal por unidade de tempo. Essa quantidade é expressa em termos infinitesimais de volume (dV) de água que atravessa essa seção transversal (A) por unidade de tempo (dt). Em que: dV é a unidade infinitesimal de volume, m³; dt é a unidade infinitesimal de tempo, s; Q é a vazão do líquido no tubo, m³/s. 38 HIDRÁULICA AGRÍCOLA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 LÍQUIDO ESCOANDO EM UMA SEÇÃO TRANSVERSAL CONSTANTE Fonte: adaptada de Peres (2015, p. 127). #pratodosverem: a figura apresenta uma tubulação escoando fluido por um determinado espaço. De acordo com a ilustração anterior, nota-se que o deslocamento infinitesi- mal (dS) do líquido no interior da tubulação da seção transversal (A) propor- ciona um volume infinitesimal (dV), por meio da relação: A velocidade (V) pode ser representada por: Logo: Em que: A é a área da seção transversal da tubulação, m²; V é a velocidade de escoa- mento do líquido no tubo, m/s. 39 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HIDRÁULICA AGRÍCOLA ÁGUA ESCOANDO EM UMA TUBULAÇÃO Fonte: ©Suse_K, Pixabay (2023). #pratodosverem: imagem de uma tubulação escoando água. O movimento dos fluidos (líquidos ou gases) em determinada tubulação é definido como movimento permanente quando a velocidade de escoamen- to, pressão e a seção transversal não se alteram com o tempo. No entanto, se houver alterações na velocidade de escoamento, pressão e a seção transversal (em todos ou apenas um), com o tempo, o movimento é definido como não permanente. 2.1.1.1 CLASSIFICAÇÃO DO MOVIMENTO DOS FLUÍDOS O movimento dos fluidos pode ainda ser classificadoem uniforme e não uni- forme. O movimento é caracterizado como uniforme se a velocidade de esco- amento for a mesma em módulo, direção e sentido, no decorrer de tubulação. Caso ocorra, em determinado instante, variação da velocidade de escoamen- to no espaço, o fluxo é definido como não uniforme. Desse modo, existem quatro tipos de escoamento (AZEVEDO NETTO; FER- NANDEZ, 2018), sendo eles: 40 HIDRÁULICA AGRÍCOLA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 TIPOS DE ESCOAMENTO Fonte: elaborada pela autora (2023). #pratodosverem: ilustração composta de retângulos apresentando a classificação do movimento dos fluidos, movimento permanente, não permanente, permanente uniforme, permanente não uniforme, não permanente uniforme, não permanente não uniforme. A seguir a explicação de cada movimento. Movimento permanente uniforme As condições hidráulicas, velocidade de escoamento e a seção transversal permanecem constantes em todas as seções da corrente líquida. Movimento permanente não uniforme A velocidade de escoamento e a área transversal podem variar de seção para seção, porém em uma mesma seção, não varia com o tempo. Movimento não permanente uniforme Em um determinado instante, a velocidade varia temporalmente, mas permanece constante em todas as seções da tubulação. Permanente uniforme Permanente Permanente não uniforme Movimento Não permanente uniforme Não permanente Não permanente não uniforme 41 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HIDRÁULICA AGRÍCOLA Movimento não permanente não uniforme A velocidade de escoamento do fluido varia no espaço e no tempo (AZEVEDO NETTO; FERNANDEZ, 2018). O regime de escoamento pode ser classificado quanto à direção da trajetó- ria em laminar, transitório e turbulento. No regime laminar, as partículas do fluido percorrem trajetórias bem definidas, paralelas. O regime turbulento é caracterizado por apresentar trajetórias curvilíneas e irregulares, esse regime é comumente encontrado em obras hidráulicas, como adutoras, vertedores de barragens, entre outras. LINHAS DE CORRENTE DO REGIME LAMINAR E TURBULENTO Fonte: adaptada de Azevedo Netto e Fernandez (2018, p. 59). #pratodosverem: a figura apresenta um exemplo do regime de escoamento laminar e turbulento em duas ilustrações: na de cima, linhas de corrente do regime laminar, iniciando num retângulo menor que se abre para um retângulo maior e as linhas continuam retas. Na ilustração de baixo, linhas de regime turbulento, mostrando setas com movimentos variados em curvas seguindo um fluxo da esquerda para a direita. Já o regime transitório é intermediário entre laminar e turbulento (WHITE, 2018). 42 HIDRÁULICA AGRÍCOLA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DEMONSTRAÇÃO DO REGIME DE ESCOAMENTO LAMINAR E TURBULENTO Fonte: ©Perkons, Pixabay (2023). #pratodosverem: imagem de um vertedor, que é um canal construído para eliminar o excesso de água de uma barragem, exemplificando um regime laminar e turbulento. 2.1.2 EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE De acordo com Azevedo Netto e Fernandez (2018), linhas de corrente são as linhas orientadas em um líquido em movimento segundo a velocidade do lí- quido e apresentam a propriedade de não serem atravessadas por partículas do fluido. Em cada ponto de uma corrente passa, em cada instante (t), uma partícula de fluido, sob uma velocidade (v). As curvas que se mantêm tangentes em todos os pontos à velocidade (v) no mesmo instante (t) considerado, são definidas linhas de corrente. Os tubos de correntes são, portanto, formados por linhas de correntes. Admitindo que o campo de velocidade (v) seja contínuo, pode-se considerar um tubo de corrente como uma figura imaginária, limitada por linhas de cor- rente, como a figura a seguir: 43 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HIDRÁULICA AGRÍCOLA TUBOS DE CORRENTE Fonte: adaptada de Azevedo Netto e Fernandez (2018, p. 60). #pratodosverem: a imagem apresenta uma figura em preto e branco com linhas de corrente em dois tubos curvilíneos com indicação de entrada por uma extremidade e saída por outra extremidade. A equação da continuidade apresenta grande importância para o estudo do movimento dos fluidos (líquidos ou gases), em condutos forçados ou livres, sob movimento permanente. Perante às condições mencionadas, a equação da continuidade relaciona a velocidade média de escoamento com a área de escoamento em diferentes seções de um determinado conduto. SEÇÕES TRANSVERSAIS DE UM TUBO – EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE Fonte: elaborada pela autora (2023). #pratodosverem: imagem de uma tubulação com diferentes seções de escoamento. 44 HIDRÁULICA AGRÍCOLA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Considere A1 e A2 as áreas das seções em partes diferentes de um conduto e as velocidades de escoamento em A1 e A2, respectivamente, v1 e v2. Analisando um fluido ideal, incompressível, as quantidades de fluido que atravessam por diferentes seções transversais do tubo, no tempo, são iguais. Sendo assim, o volume que entra no tubo no tempo (dt) é o mesmo para se- ção A1 e A2, logo o volume de fluido escoado na seção A1 é igual ao volume escoado na seção A2: Dividindo os dois lados pelo tempo de escoamento, chegamos na equação da Vazão: Sendo: Equação da continuidade: 45 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HIDRÁULICA AGRÍCOLA Vejamos a seguir uma informação sobre a velocidade de escoamento. A velocidade de escoamento é inversamente proporcional à área da seção transversal, assim, aumentando-se a área da seção de escoamento, reduz-se a velocidade média de escoamento e vice-versa (AZEVEDO NETTO; FERNANDEZ, 2018). 2.1.3 TEOREMA DE BERNOULLI O deslocamento dos fluidos ocorre em uma tubulação ou canal se houver disponibilidade de energia para tanto (WHITE, 2018). 2.1.3.1 DESLOCAMENTO DOS FLUÍDOS O deslocamento dos fluidos ocorre de forma espontânea no sentido dos po- tenciais energéticos decrescentes, ou seja, do maior potencial para o menor potencial. A energia total no escoamento permanente de um fluido ideal permanece constante, sendo composta da soma dos seguintes tipos de energia: Para o fluxo permanente, a massa do fluido que passa por todas as seções de uma corrente de fluido por unidade de tempo é a mesma (AZEVEDO NETTO; FERNANDEZ, 2018). 46 HIDRÁULICA AGRÍCOLA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ENERGIA TOTAL NO ESCOAMENTO PERMANENTE Fonte: elaborada pela autora (2023). #pratodosverem: imagem apresentando a energia total no escoamento permanente e as componentes. A energia total é representada por uma coluna na vertical e dela saem três caixas na horizontal, cada uma delas representa a cinética, o potencial de posição e a pressão. • Potencial de posição pode ser definida como gravitacional ou elástica. • A energia cinética está associada à velocidade de escoamento. • A energia é medida em joule (J) no SI. A energia de um sistema será representada em nossos estudos por unidade de peso: Energia cinética por unidade de peso: Energia potencial por unidade de peso: Cinética Potencial de posição PressãoE n e rg ia t o ta l 47 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HIDRÁULICA AGRÍCOLA Energia de pressão por unidade de peso: O teorema de Bernoulli resulta diretamente da aplicação da conservação de energia, ressaltando-se que se aplica somente aos fluidos em movimento permanente. O teorema de Bernoulli para fluidos ideais pode ser expressa da seguinte forma: 2.1.3.2 EQUAÇÃO DE BERNOULLI Equação de Bernoulli para fluidos perfeitos: “Noescoamento permanente de um fluido perfeito, quando a energia total do fluido é expressa à base de peso, a soma das alturas piezométricas (p/ γ), cinética (V²/2g) e de posição (z) ao lon- go de cada linha de corrente se mantém constante”. A equação de Bernoulli pode ser interpretada de forma geométrica, em que cada um dos termos apresenta uma dimensão linear, sendo denominadas cargas ou altura e a soma é chamada de altura ou carga total. 48 HIDRÁULICA AGRÍCOLA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO TEOREMA DE BERNOULLI PARA FLUIDOS IDEAIS Fonte: adaptada de Azevedo Netto e Fernandez (2018, p. 65). #pratodosverem: representação gráfica apresenta a exemplificação do teorema de Bernoulli para fluidos ideais. De acordo com a figura, nota-se que a linha de energia ou de carga está si- tuada a V²/2g unidades de energia acima da linha piezométrica, isso ocorre devido se tratar de um fluido ideal, não havendo assim, perda de energia, per- manecendo constante. A carga de velocidade é maior na seção de menor diâmetro, pois quanto me- nor o diâmetro da tubulação, maior a velocidade de escoamento. E de acordo com o princípio de conservação de energia: • Reduzindo a área da seção de escoamento, ocorre o aumento da velocidade de escoamento e a energia de pressão diminui e vice-versa. • Reduzindo a energia gravitacional (posição), ocorre o aumento da energia de pressão e vice-versa. Para o caso de fluidos reais, o atrito interno entre as camadas de fluido em movimento, devido à viscosidade, causa perda de energia irreversível em for- ma de calor, a qual é denominada normalmente como perda de carga (hf). Assim, a equação de Bernoulli para fluidos reais é descrita a seguir: 49 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HIDRÁULICA AGRÍCOLA A perda de energia que ocorre é devido à viscosidade do fluido, à rugosidade da parede do conduto, à velocidade de escoamento e à distância do escoa- mento do fluido. REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO TEOREMA DE BERNOULLI PARA FLUIDOS REAIS Fonte: adaptada de Azevedo Netto e Fernandez (2018, p. 65). #pratodosverem: representação gráfica apresenta a exemplificação do teorema de Bernoulli para fluidos reais, em que existe perda de energia (carga). De acordo com a representação gráfica, pode-se concluir: • As distâncias dos pontos 1 e 2 ao plano de referência correspondem às cargas de posição z1 e z2 • A linha piezométrica do escoamento é definida marcando as cargas piezométricas (p1/ γ) e (p2/ γ) acima dos pontos 1 e 2. • As somas (p1/ γ) + z1 e (p2/ γ) + z2 representam a energia potencial do fluido em relação à referência de nível adotada. • Adicionando-lhe o termo cinético (V²/2g), obtém-se a linha de energia ou linha de carga. 50 HIDRÁULICA AGRÍCOLA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Energia total Em 1 é maior que em 2. Energia perdida Corresponde à energia potencial, de pressão e gravitacional, dissipada em forma de calor de forma irreversível. Estudaremos a seguir o escoamento em orifícios e bocais e em condutos for- çados. 2.2 ESCOAMENTO EM ORIFÍCIOS E BOCAIS E EM CONDUTOS FORÇADOS 2.2.1 CLASSIFICAÇÃO DE ORIFÍCIOS E BOCAIS Orifícios e bocais são aberturas com forma geométrica definida e perímetro fechado, alocadas abaixo da superfície da água, geralmente nas paredes dos reservatórios, tanques, canalizações, com o principal intuito de medir e con- trolar a vazão. Em algumas construções, as aberturas ficam na superfície da água, tornando-se, então, vertedores (AZEVEDO NETTO; FERNANDEZ, 2018). A seguir, o exemplo de um orifício situado abaixo da superfície da água. 51 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HIDRÁULICA AGRÍCOLA ESQUEMA DE UM ORIFÍCIO Fonte: adaptada de Azevedo Netto e Fernandes (2018, p. 72). #pratodosverem: a imagem apresenta o esquema de um orifício de parede delgada, em que o jato líquido apenas toca a perfuração em uma linha que constitui o perímetro do orifício. Os orifícios podem ser assim classificados: • Quanto à forma → circulares, retangulares etc. • Quanto às dimensões relativas → pequenos e grandes. • Quanto à natureza da parede → em parede delgada e em parede espessa. 52 HIDRÁULICA AGRÍCOLA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ESQUEMA DE UM VERTEDOR Fonte: adaptada de Azevedo Netto e Fernandes (2018, p. 73). #pratodosverem: a figura apresenta as aberturas que alcançam a superfície do líquido em um reservatório chamado de “vertedor”. O cálculo da vazão para pequenos orifícios é dada por: Em que: h é a carga sobre o centro do orifício (m); A é a área do orifício (m²); Cd é o co- eficiente de descarga; g é a aceleração da gravidade (m/s2); Q = vazão (m3/s). Em que: Cd é o coeficiente de descarga; Cc é o coeficiente de contração; Cv é o coefi- ciente de redução de velocidade. • O coeficiente de contração (CC) expressa a redução na área do jato. • A velocidade real na seção contraída é menor que a velocidade teórica devido ao atrito externo e viscosidade. Chama-se de Cv (coeficiente de velocidade) a relação entre a velocidade real e a velocidade teórica. 53 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HIDRÁULICA AGRÍCOLA COEFICIENTES DE DESCARGA CD (*) Fonte: adaptada de Azevedo Netto e Fernandes (2018, p. 75). #pratodosverem: tabela demonstrando os valores dos coeficientes de descargas em orifícios. Os bocais são compostos de peças acessórias acopladas aos orifícios ou nas extremidades de mangueiras ou tubulações, com objetivo de dirigir o jato para uma determinada direção. O comprimento dos bocais geralmente é en- tre 1,5 vez e 3 vezes o diâmetro nominal (DN). O diâmetro nominal de tubos é um conjunto de tamanhos de tubulação- -padrão utilizados em tubulações. Os bocais podem ser classificados em cilín- dricos e cônicos, os quais podem ser: 54 HIDRÁULICA AGRÍCOLA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CLASSIFICAÇÃO DOS BOCAIS Fonte: elaborado pela autora (2023). #pratodosverem: ilustração composta de caixas apresentando a classificação dos bocais em cilíndricos e cônicos. No lado esquerdo da figura há um bloco de retângulos, representando os bocais cilíndricos; da caixa indicando cilíndricos partem outras duas caixas indicando cada uma interiores ou reentrantes e exteriores; no lado direito da figura, outro bloco de retângulos, representando os bocais cônicos; da caixa indicando cônicos partem outras duas caixas, a primeira indicando interiores ou reentrantes; dessa caixa partem outras duas caixas indicando convergentes e divergentes; da outra caixa que parte da caixa cônicos, está a caixa indicando exteriores; dessa caixa partem outras duas caixas indicando convergentes e divergentes. Vejamos a seguir uma ilustração que nos mostra os bocais cilíndricos interio- res ou reentrantes e exteriores. BOCAIS CILÍNDRICOS INTERIORES OU REENTRANTES E EXTERIORES Fonte: adaptada de Azevedo Netto e Fernandes (2018, p. 79). #pratodosverem: imagem apresentando bocais cilíndricos interiores ou reentrantes e exteriores. Divergentes Exteriores Convergentes Divergentes Interiores ou Reentrantes Exteriores Cônicos Interiores ou Reentrantes Exteriores Cilíndricos 55 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HIDRÁULICA AGRÍCOLA A seguir, uma imagem que ilustra os bocais cônicos. BOCAIS CÔNICOS CONVERGENTE E DIVERGENTE Fonte: adaptada de Azevedo Netto e Fernandes (2018, p. 79). #pratodosverem: imagem apresentando bocais cônicos convergente e divergente. Aos bocais aplica-se a fórmula geral para o cálculo da vazão, deduzida paraos orifícios pequenos. 2.2.2 NÚMERO DE REYNOLDS Condutos forçados são condutos de seção fechada, que operam completa- mente cheios de um determinado fluido e sob uma pressão interna distinta da pressão atmosférica. CONDUTO DE SEÇÃO FECHADA Fonte: ©LoggaWiggler, Pixabay (2023). #pratodosverem: imagem de conduto forçado na cor azul. 56 HIDRÁULICA AGRÍCOLA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Os condutos forçados devem ser utilizados para condução de fluidos e prin- cipalmente se houver escassez de recurso disponível (água, por exemplo), os quais permitem menor perda de água por evaporação e infiltração de água no solo, que ocorrem nos condutos livres, em canais. Neste item serão estudados o escoamento de fluidos líquidos em condu- tos forçados em regime permanente uniforme. A quantificação da perda de energia que ocorre durante um escoamento de um fluido em conduto força- do necessita do conhecimento do regime de escoamento (WHITE, 2018). Orborne Reynolds fez uma experiência clássica em 1883, estabelecendo que os fluidos reais escoam sob o regime laminar e turbulento. Como definido an- teriormente, o regime laminar é assim definido quando as partículas se mo- vem ao longo de trajetórias bem definidas, não se cruzando entre si. O regime turbulento é característico de grandes diâmetros, em que o deslocamento das partículas é aleatório, cruzando-se entre si. Assim, a determinação matemática para caracterizar o tipo de regime de escoamento é realizado por meio de um número adimensional conhecido como número de Reynolds (Re), o qual relaciona as forças devido à massa do fluido em movimento (inercial) com a viscosidade do fluido (forças viscosas) (WHITE, 2018). Em condutos circulares, o Re pode ser determinado por meio das seguintes equações: Em que ϑ é a viscosidade cinemática do fluido e μ é a viscosidade dinâmica do fluido. As variáveis ρ e V determinam a intensidade das forças inerciais, en- quanto os parâmetros μ e ϑ relacionam sobre a ordem de grandeza das forças viscosas. Desse modo, quanto maior for ρ e V, maior será o valor de Re, com maior tendência de o regime de escoamento ser turbulento. No entanto, se μ e ϑ forem maiores, menor será o Re, sendo possível que o regime seja laminar. O regime de escoamento pode então ser classificado da seguinte forma: 57 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HIDRÁULICA AGRÍCOLA CLASSIFICAÇÃO DO REGIME DE ESCOAMENTO Fonte: elaborado pela autora (2023). #pratodosverem: ilustração composta de retângulos apresentando a classificação do regime de escoamento em laminar, turbulento e transitório. A seguir, uma demonstração do regime laminar e turbulento. REGIME LAMINAR E TURBULENTO Fonte: ©FelixMittermeier, Pixabay (2023). #pratodosverem: imagem demonstrando um regime laminar e turbulento em uma cachoeira. Vejamos a seguir perda de carga. 2.2.3 PERDA DE CARGA A equação de Bernoulli para fluidos reais apresenta o termo perda de carga (hf), que é em decorrência do atrito entre as partículas do próprio fluido e do fluido com a parede da tubulação, devido à viscosidade. A perda de carga em um escoamento de um fluido em um conduto pode ser contínua ou localizada. Regime laminar: Re ≤ 2000 Regime turbulento: Re ≥ 4000 Transitório: 2000 < Re < 4000 58 HIDRÁULICA AGRÍCOLA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Perda de carga contínua e localizada Contínua A perda de carga contínua ocorre ao longo de um conduto retilíneo e uniforme. Localizada A perda de carga localizada ocorre devido às peças acessórias existentes no conduto, como curvas, reduções, registros, entre outras (AZEVEDO NETTO; FERNANDEZ, 2018). PEÇAS ACESSÓRIAS EM UMA REDE DE TUBULAÇÃO Fonte: ©cattalin, Pixabay (2023). #pratodosverem: imagem apresentando uma rede de tubulação com diversas peças acessórias. O desnível pode ajudar muito no transporte de água, aproveitando a dife- rença de nível entre dois pontos, conseguindo maior economia. No caso da condução de água por gravidade, eleva-se a perda de carga ao máximo ad- missível, com a utilização do menor diâmetro para a tubulação (WHITE, 2018). 59 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HIDRÁULICA AGRÍCOLA Outro ponto importante em projetos com condutos forçados é o critério da qualidade das redes projetadas, para que sejam instalações duradouras, para isso, as tubulações devem ser dimensionadas com coeficientes para tubos em uso, levando em consideração a duração desses materiais. TUBULAÇÃO DESGASTADA Fonte: ©nickyb13, Pixabay (2023). #pratodosverem: imagem apresentando uma tubulação desgastada. No entanto, os coeficientes dos tubos novos são úteis sendo indicados, pois o projetista deve conhecer a perda de carga inicial ou a vazão com menor in- vestimento inicial. Porém isso não isenta medidas de prevenção com opera- ção e manutenção, como limpeza das tubulações de forma periódica, visando manter as perdas de carga dentro dos valores dimensionados e adequados, considerando-se aqui, o econômico. De acordo com Azevedo Netto e Fernandez (2018), a expressão perda de ener- gia é bastante utilizada, porém não ocorre perda de energia. Com o escoa- mento dos fluidos, ocorre transformação da energia disponível em energia térmica, sob a forma de calor, havendo assim, um aquecimento do fluido em questão, entretanto é um aquecimento desprezível. Em líquidos, por exem- plo, na prática essa energia sob forma de calor é completamente perdida. 60 HIDRÁULICA AGRÍCOLA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 TUBULAÇÃO FECHADA, COM DETALHE DA RUGOSIDADE DA PAREDE INTERNA Fonte: ©joydo, Pixabay (2023). #pratodosverem: imagem de dentro de uma tubulação apresentando a rugosidade da parede interna. O dimensionamento de uma rede hidráulica utiliza vários critérios para que se torne mais econômica possível, dentre esses critérios temos os da velocida- de. Baixas velocidades não devem causar sérios problemas, porém pode ha- ver deposição de materiais em suspensão, o que pode ocorrer quando se tra- balha com água bruta com areia, silte e outros materiais que podem sedimentar. Quando se utiliza água tratada, pode se utilizar baixas velocida- des, tomando cuidado para que a água não fique muito tempo parada na rede de tubulação, o que pode afetar a qualidade (AZEVEDO NETTO; FER- NANDEZ, 2018). A velocidade mínima utilizada é entre 0,25 e 0,40 m/s, evitando assim, deposição de sedimentos na tubulação. Para água com grau de materiais em suspensão, a velocidade não deve ser inferior a 0,50 m/s. 61 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HIDRÁULICA AGRÍCOLA A velocidade máxima de escoamento da água em tubulações depende ba- sicamente de sobrepressões prejudiciais, vibrações, excesso de tempo para fechamento de válvulas; condições econômicas; limitação da perda de carga; controle de erosão e corrosão. 62 HIDRÁULICA AGRÍCOLA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONCLUSÃO Esta unidade teve por objetivo apresentar os principais conceitos de hidrodi- nâmica, os respectivos princípios e regimes de escoamento. A vazão relaciona a área da seção transversal com a velocidade de escoamento do fluido, de modo que o regime de escoamento pode ser classificado em laminar, turbu- lento ou transitório por meio da equação desenvolvida por Osborne Reynolds. A perda de carga ou de energia (contínua ou localizada) ocorre devido ao atri- to interno das partículas do fluido com a tubulação e com o próprio fluido, devido à viscosidade do fluido, à rugosidade da parede interna da tubulação e à velocidade que o fluido está escoando. O teorema de Bernoulli resultada aplicação do princípio de conservação de energia e se aplica apenas para o movimento permanente. O teorema de Ber- noulli para fluidos ideais considera que a energia total permanece constante. Para fluidos reais existe perda de energia devido às características do fluido e da parede da tubulação, tais como viscosidade do fluido, rugosidade da pare- de interna do conduto e distância percorrida pelo fluido. 63 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HIDRÁULICA AGRÍCOLA Para saber mais desse tema, leia os artigos a seguir: 1. PEREIRA, I. A. B. B. Escoamento turbulento em torno de um cilindro a baixo número de Reynolds ‘comparação entre modelos de turbulência’. 2010. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica) – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. 2. SILVA, F. M. C. et al. Experimento didático de Reynolds e conceitos básicos em mecânica dos fluidos. The Journal of Engineering and Exact Sciences, v. 3, n. 3, p. 346-57, 2017. 3. TELES, G. C. Aferição dos valores dos comprimentos equivalentes utilizados na determinação da perda de carga localizada. 2014. 48 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Engenharia Civil) – Universidade Federal do Pampa, Alegrete, RS, 2014. 4. CARDOSO, G. G. G.; KLAR, A. E. Índice geométrico e perda de carga localizada em conexões de emissores “online”. Engenharia Agrícola, v. 34, n. 6, 2014. 5. SOUSA NETA, M. C. A. Comparação de vazões em sifões obtidas por equações com vazões tabeladas. 2018. 31 f. Monografia (Bacharel e, Ciência e Tecnologia) –Universidade Federal Rural do Semi- Árido, Mossoró, RN, 2018. UNIDADE 3 OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 64 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HIDRÁULICA AGRÍCOLA > Compreender o conceito e equações para determinação da perda de carga em tubulações. > Conhecer os diferentes tipos de tubos e conexões e a utilização em sistemas hidráulicos. 65 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HIDRÁULICA AGRÍCOLA 3. PERDA DE CARGA E TUBOS E CONEXÕES INTRODUÇÃO DA UNIDADE Nesta unidade serão estudadas as formas de estabelecer a perda de carga contínua e localizada, as quais ocorrem por atrito interno entre o fluido e a parede interna da tubulação, bem como por peças inseridas nessa estrutura. As equações para indicar a perda de carga contínua mais utilizadas são de Hazen-Williams e Darcy-Weisbach, sendo a segunda considerada a Equação Universal. A equação de Hazen-Williams pode ser empregada para diâmetros entre 50 e 3.500 mm, velocidades de escoamento inferior a 3 m/s sob regime turbulento (AZEVEDO NETTO; FERNÁNDEZ, 2018). A equação universal é mais complexa por ser em função de um coeficiente de atrito (f), que pode ser definido por meio do número de Reynolds e rugosi- dade relativa da parede interna da tubulação. O coeficiente f pode ser obtido por meio do Diagrama de Moody e equações empíricas. A perda de carga localizada se refere àquelas causadas por peças inseridas na tubulação, como curvas, válvulas e reduções, podendo ser definida por dois métodos principais: métodos dos comprimentos virtuais e métodos dos coe- ficientes (GRIBBIN, 2014). Os tubos utilizados nas tubulações podem ser de diversos materiais de fabri- cação, os quais apresentam características e diâmetros que melhor se ade- quam a determinadas situações. Por fim, serão estudadas as principais peças acessórias usadas nas tubulações como válvulas (registros), ventosas e válvu- las de retenção. 66 HIDRÁULICA AGRÍCOLA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 3.1 EQUAÇÕES PARA O CÁLCULO DA PERDA DE CARGA As fórmulas mais utilizadas para indicação da perda de carga contínua são as fórmulas de Darcy-Weisbach e Hazen-Williams. No entanto, a fórmula de Darcy-Weisbach apresenta uma dificuldade por precisar definir o f (fator de atrito), que geralmente é indicado para cada caso, tornando o uso problemá- tico na prática. Desse modo, os engenheiros optam por empregar equações empíricas, sendo a mais usada de Hazen-Williams. As fórmulas empíricas devem ser aplicadas para os líquidos em que foram elaboradas, por meio de experimentos, mantendo a temperatura ideal, pois não apresentam parâmetros relacionados às propriedades físicas do fluido em questão. Além disso, essas fórmulas são válidas para o escoamento de fluidos em regime de turbulento (AZEVEDO NETTO; FERNÁNDEZ, 2018). TUBULAÇÃO FECHADA PARA ESCOAMENTO DE FLUIDOS Fonte: ©Alex_Jauk, Pixabay (2023). #pratodosverem: uma tubulação fechada em meio a uma mata 67 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HIDRÁULICA AGRÍCOLA 3.1.1 EQUAÇÃO UNIVERSAL Apesar da complexidade da equação de Darcy-Weisbach, ele foi o primeiro autor a considerar a rugosidade das paredes das tubulações (a natureza e o estado) (AZEVEDO NETTO; FERNÁNDEZ, 2018). A equação de Darcy-Weisba- ch é também denominada equação universal, apresentando-se da seguinte forma: Em que f é um coeficiente de atrito (adimensional); L é o comprimento da tubulação (m); D é o diâmetro da tubulação (m); V é a velocidade de escoa- mento do fluido (m/s) e g é a aceleração da gravidade (m/s²). De acordo com Azevedo Netto e Fernández (2018), o coeficiente de atrito (f) é um número adimensional, sendo estimado em função do Re e da rugosidade relativa do conduto (e/D). A rugosidade (e) é em função do tipo de material e qualidade do processo de fabricação utilizado no tubo, sendo geralmente disponibilizada pelo fabricante, como na ilustração a seguir. VALORES DE “E” (EM MM) PARA A RUGOSIDADE DAS TUBULAÇÕES PARA A FÓRMULA UNIVERSAL Fonte: adaptada de Azevedo Netto e Fernández (2018, p. 159). #pratodosverem: tabela com coeficiente de rugosidade para determinados tipos de tubulação e diversos autores. 68 HIDRÁULICA AGRÍCOLA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 O fator de atrito (f) pode ser obtido por meio do diagrama de Moody ou por equações empíricas. RUGOSIDADE DA PAREDE INTERNA DE UMA TUBULAÇÃO Fonte: ©mrNilssen, Pixabay (2023). #pratodosverem: detalhe da rugosidade da parede interna de uma tubulação. A utilização do diagrama de Moody tem sido pouco empregado devido a fórmulas que permitem a determinação do fator de atrito. As fórmulas para o cálculo do fator de atrito dependem do regime de escoamento (AZEVEDO NETTO; FERNÁNDEZ, 2018). 69 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HIDRÁULICA AGRÍCOLA DIAGRAMA DE MOODY PARA O ATRITO EM TUBOS COM PAREDES LISAS E RUGOSAS Fonte: adaptada de Azevedo Netto e Fernández (2018, p. 157). #pratodosverem: diagrama de Moody, com valores de rugosidade relativa, número de Reynolds e coeficiente de atrito. EQUAÇÕES EMPÍRICAS Regime laminar: Regime turbulento: • Para tubos hidraulicamente lisos: Fórmula de Blasius: 70 HIDRÁULICA AGRÍCOLA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 • Para tubos hidraulicamente rugosos: Fórmula de Karman-Prandtl: • A equação de Swamee-Jain pode ser usada para estipular f para todos os tubos lisos, rugosos e mistos: Fórmula de Swamee-Jain: 3.1.2 HAZEN-WILLIAMS A fórmula de Hazen-Williams foi obtida por dois pesquisadores ame- ricanos em 1903 (Allen Hazen e Gardner S. Williams), os quais fi- zeram uma análise estatística de diversos pesquisadores (AZEVE- DO NETTO; FERNÁNDEZ, 2018), e propuseram a fórmula a seguir: Em que: Q é a vazão (m³/s); C é o coeficiente de H-W (tabelado em função do material do tubo); hf é a perda de carga (mca); D é o diâmetro da tubulação (m). A fórmula de Blasius é válida para o intervalo 4000 ≤ Re ≤ 100000. 71 MULTIVIX EAD Credenciadapela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HIDRÁULICA AGRÍCOLA REDE DE TUBULAÇÃO Fonte: ©John_Nature_Photos, Pixabay (2023). #pratodosverem: uma rede de tubulação. O coeficiente de H-W (C) é a rugosidade da parede, a qual depende do mate- rial de fabricação do tubo e do estado de conservação, como apresentado na tabela a seguir. Equação de Hazen-Williams: pode ser usada pra diâmetros entre 50 e 3.500 mm, velocidades de escoamento inferior a 3 m/s sob regime turbulento, podendo ser aplicada a qualquer tipo de conduto e de material: canais (condutos livres) ou condutos forçados. Usa-se em água, esgotos e irrigação (AZEVEDO NETTO; FERNÁNDEZ, 2018). 72 HIDRÁULICA AGRÍCOLA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 VALOR DO COEFICIENTE C SUGERIDO PARA A FÓRMULA DE HAZEN-WILLIAMS PARA ÁGUAS A 20°C, POUCO INCRUSTANTES, POUCO CORROSIVAS (CORRIGIDAS) Fonte: adaptada de Azevedo Netto e Fernández (2018, p. 147). #pratodosverem: tabela com valores para o coeficiente C para tubulações compostas de diferentes materiais. 73 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HIDRÁULICA AGRÍCOLA 3.1.3 PERDA DE CARGA LOCALIZADA A perda de carga localizada refere-se às perdas que ocorrem devido às peças especiais inseridas na tubulação, como: cotovelos, curvas, reduções, registros, válvulas de retenção, entre outras. REDE DE TUBULAÇÃO COM PEÇA ACESSÓRIA (CURVAS). Fonte: ©Anni_mh, Pixabay (2023). #pratodosverem: uma rede de tubulação azul com curvas, peças acessórias para unir tubos. As peças especiais promovem alterações bruscas na velocidade de escoamen- to dos fluidos, causando uma perda de carga localizada, a qual deve ser adi- cionada na perda de carga contínua (AZEVEDO NETTO; FERNÁNDEZ, 2018). ALARGAMENTO BRUSCO EM UMA SEÇÃO TRANSVERSAL Fonte: adaptada de Azevedo Netto e Fernández (2018, p. 117). #pratodosverem: ilustração de uma tubulação com aumento de diâmetro de forma brusca. 74 HIDRÁULICA AGRÍCOLA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 A determinação da perda de carga localizada é realizada por meio de coefi- cientes experimentais, sendo definidas a partir de duas equações principais: métodos dos coeficientes e métodos dos comprimentos virtuais. O método dos coeficientes é mais utilizado, pois os valores para calcular a perda de carga localizada não dependem do tipo de tubo que está sendo empregado. EXEMPLO DE UMA PEÇA ACESSÓRIA VÁLVULA DE GAVETA Fonte: ©OpenClipart-Vectors, Pixabay (2023). #pratodosverem: ilustração de tipo de peça acessória que causa perda de carga localizada, válvula de gaveta. Perda de carga localizada: deve ser levada em consideração principalmente em sistemas de bombeamento e tubulações com comprimento menor. No entanto, em tubulações com longo comprimento e poucas peças, a perda de carga localizada pode ser desprezada (GRIBBIN, 2014). 75 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HIDRÁULICA AGRÍCOLA 3.1.3.1 MÉTODOS DOS COEFICIENTES Em que: hf loc é a perda de carga localizada, mca; K é o coeficiente dependen- te de cada peça acessória (tabelado); v é a velocidade média de escoamento (m/s); g é a aceleração da gravidade (m/s²). Quando há mais de uma peça na tubulação em questão, a perda de carga localizada é calculada da seguinte forma: De acordo com Azevedo Netto e Fernández (2018), para um número de Rey- nolds (Re) maior que 50.000, o valor de K é praticamente constante. Sendo assim, para fins de aplicação prática, pode-se considerar constante o valor de K para determinada peça, com a condição que o escoamento seja turbulento, independentemente da velocidade de escoamento do fluido, do diâmetro da tubulação e natureza do fluido. A tabela a seguir apresenta valores aproximados de K para peças especiais mais encontradas na prática, devendo ser aplicado em diâmetros com inter- valo entre 100 e 1.000 mm. 76 HIDRÁULICA AGRÍCOLA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 VALORES APROXIMADOS DE K PARA CÁLCULO EXPEDITO DAS PERDAS LOCALIZADAS EM TUBULAÇÕES (PARA VELOCIDADES USUAIS EM TUBULAÇÕES DE ÁGUA: ENTRE 0,5 E 2,5 M/S) Fonte: adaptada de Azevedo Netto e Fernández (2018, p. 119). #pratodosverem: tabela com valores do coeficiente K para cálculo da perda de carga localizada. • Em reduções ou expansões, usar a maior velocidade, exceto no Venturi, quando se usa a velocidade na tubulação. • Consultar catálogo fabricantes – dados das válvulas considerando-as 100% abertas. Nota: considerar o intervalo de diâmetros entre 100 e 1.000 mm como o de melhor aproximação (AZEVEDO NETTO; FERNÁNDEZ, 2018). 77 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HIDRÁULICA AGRÍCOLA 3.1.3.2 MÉTODOS DOS COMPRIMENTOS VIRTUAIS Esse método consiste em considerar um comprimento de tubulação para a perda de carga localizada que uma peça pode gerar, ou seja, definir um com- primento de tubulação que causa a mesma perda de carga que a peça utili- zada. TUBULAÇÃO COM DIVERSAS PEÇAS ACESSÓRIAS Fonte: ©Momentmal, Pixabay (2023). #pratodosverem: tubulação com peças acessórias inseridas, como curvas e válvulas. Esse comprimento é chamado de método equivalente, os quais são adiciona- dos ao comprimento real da tubulação, tendo assim um comprimento total virtual. Em que: Lreal é o comprimento real da tubulação, m; Lpeças é o comprimento tabelado de cada peça empregada. 78 HIDRÁULICA AGRÍCOLA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 COMPRIMENTOS EQUIVALENTES A PERDAS LOCALIZADAS (EXPRESSOS EM METROS DE CANALIZAÇÃO RETILÍNEA) Fonte: adaptada de Azevedo Netto e Fernández (2018, p. 123). #pratodosverem: tabela com valores de comprimento equivalente para as peças acessórias usadas em tubulações. Comprimento virtual Permite considerar o sistema de tubulação como uma tubulação retilínea. Cálculo da perda de carga contínua O comprimento real da tubulação é substituído pelo Lvirtual, indicando a perda de carga total do sistema (GRIBBIN, 2014). 3.2 TUBOS E ACESSÓRIOS 3.2.1 INTRODUÇÃO ÀS TUBULAÇÕES As redes de tubulações são compostas de tubos e peças acessórias. Os tubos são condutos fechados, empregados geralmente para o transporte de fluidos (líquidos e gases). Os tubos apresentam seção circular, funcionando como condutos forçados na maioria das vezes. As peças acessórias são usadas para juntar tubulações e podem ser empregadas para controle do escoamento do fluido na tubulação (AZEVEDO NETTO; FERNÁNDEZ, 2018). 79 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HIDRÁULICA AGRÍCOLA CONDUTOS FECHADOS Fonte: ©PublicDomainPictures, Pixabay (2023). #pratodosverem: vários condutos fechados empilhados de cor verde. A escolha dos materiais a serem utilizados em um determinado projeto de tubulação depende de diversos fatores como: pressão de serviço, fluido, custo, grau de segurança, sobrecargas externas, características relacionadas à corrosão, à contaminação e à resistência ao escoamento (perda de carga) (AZEVEDO NETTO; FERNÁNDEZ, 2018). 80 HIDRÁULICA AGRÍCOLA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PRINCIPAIS MATERIAIS USADOS NA FABRICAÇÃO DE TUBOS Tubos metálicos Ferrosos Aços-carbono Aços-liga Aços-inoxidáveis Ferro fundido Ferro forjado Ferro ligados Ferro nodular Não ferrosos Cobre Latões Cuproníquel Alumínio Níquel e ligas Chumbo Titânio, zircônio Tubos não metálicos Materiais plásticos Poli (cloreto de vinila) PVC Polietileno Acrílicos Epóxi Poliésteres Cimento amianto Concreto armado Barro vidrado Borrachas Vidro Cerâmica Fonte:
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