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Aula 11
Direito Penal p/ PC-PA (Delegado) -
Pós-Edital
Autor:
Michael Procopio
Aula 11
1 de Dezembro de 2020
 
 
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 115 
AULA 11 
EFEITOS DA CONDENAÇÃO, REABILITAÇÃO E LIMITES DAS 
PENAS 
 
SUMÁRIO 
EFEITOS DA CONDENAÇÃO, REABILITAÇÃO E LIMITES DAS PENAS .................................................................. 1 
SUMÁRIO ....................................................................................................................................... 1 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................................................. 3 
2. EFEITOS DA CONDENAÇÃO ........................................................................................................... 4 
2.1 EFEITOS PENAIS DA CONDENAÇÃO .................................................................................................... 4 
2.2 EFEITOS EXTRAPENAIS DA CONDENAÇÃO ........................................................................................... 5 
3. REABILITAÇÃO ........................................................................................................................ 18 
4. LIMITES DAS SANÇÕES PENAIS ..................................................................................................... 20 
4.1 LIMITES DAS PENAS ..................................................................................................................... 20 
4.2 LIMITES DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA ............................................................................................ 22 
5. FUNÇÃO DO DIREITO PENAL ....................................................................................................... 23 
5.1 FUNCIONALISMO SISTÊMICO OU RADICAL ....................................................................................... 24 
5.2 FUNCIONALISMO TELEOLÓGICO OU MODERADO ................................................................................ 25 
6. TEMAS DE EXECUÇÃO PENAL ...................................................................................................... 28 
6.1 DETRAÇÃO ................................................................................................................................ 28 
6.2 REGIME ESPECIAL ....................................................................................................................... 30 
6.3 DIREITOS DO PRESO E LEGISLAÇÃO ESPECIAL ..................................................................................... 30 
6.4 TRABALHO DO PRESO E LEGISLAÇÃO ESPECIAL ................................................................................... 31 
Michael Procopio
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6.5 ORDEM DE EXECUÇÃO DAS PENAS .................................................................................................. 33 
7. QUESTÕES OBJETIVAS............................................................................................................... 34 
7.1 LISTA DE QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS ......................................................................................... 34 
7.2 GABARITO ................................................................................................................................ 49 
7.3 LISTA DE QUESTÕES COM COMENTÁRIOS ........................................................................................ 49 
8. DESTAQUES DA LEGISLAÇÃO E DA JURISPRUDÊNCIA .......................................................................... 87 
9. RESUMO ..............................................................................................................................104 
Efeitos da Condenação .................................................................................................................. 104 
Reabilitação ................................................................................................................................... 109 
Limites das sanções penais ............................................................................................................ 110 
Função do Direito Penal ................................................................................................................ 111 
Temas de Execução Penal .............................................................................................................. 114 
10. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................115 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Michael Procopio
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1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
Desta vez, estudaremos os efeitos da condenação, abrangendo os penais, principais e secundários, assim 
como os extrapenais. 
Também será nosso assunto a reabilitação criminal, bem como os limites das penas, considerando que nossa 
Constituição não admite penas perpétuas. 
Veremos, ainda, as chamadas funções do Direito Penal, com uma visão, por exemplo, do chamado Direito 
Penal do Inimigo. Cuida-se de tema cada vez mais tratado em concursos. 
Por fim, haverá um capítulo com temas de execução penal, cuidando de matérias remanescentes, que não 
vimos na extensa aula de Teoria Geral das Penas. Estão incluídos nesta parte a detração, o regime especial 
de cumprimento de pena pela mulher, o trabalho e os direitos do preso. Apesar de serem temas abrangidos 
também por outras disciplinas, como o Direito Processual Penal e o Direito Penal Especial (Lei de Execução 
Penal), são previstos no Código Penal e, por isso, podem ser cobrados como parte desta disciplina. 
Esta aula será composta pelos seguintes capítulos: 
 
 
 
Ao final da aula, teremos estudado mais alguns temas da Parte Geral do Código Penal, parte que deveremos 
finalizar na próxima aula. Com isso, poderemos passar à análise dos crimes em espécie, tratados na Parte 
Especial do Código Penal. Os crimes tratados pela legislação extravagante, vale lembrar, são estudados no 
Direito Penal Especial. 
Como de praxe, espero que a aula seja produtiva. Nosso estudo, como sempre, deve ser aprofundado, para 
que a prova nos pareça leve. Espero ter apresentado os temas aqui propostos de forma instigante, para que 
haja atenção e verdadeiro aprendizado. 
E relembro: SIGA O PERFIL PROFESSOR.PROCOPIO NO INSTAGRAM. Lá, haverá informações relevantes de 
aprovação de novas súmulas, alterações legislativas e tudo o que houver de atualização, de forma ágil e com 
contato direto. Use as redes sociais a favor dos seus estudos. 
 
Efeitos da 
Condenação
Reabilitação Limites de Penas
Funções do 
Direito Penal
Temas de 
Execução Penal
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2. EFEITOS DA CONDENAÇÃO 
Neste capítulo, estudaremos os chamados efeitos da condenação. É um tema importante para 
compreendermos as consequências da prolação de uma sentença penal condenatória, o que extrapola o 
âmbito do Direito Penal e produz diversos efeitos em relação ao condenado. 
A classificação dos efeitos da condenação pode ser vista no esquema gráfico a seguir: 
 
 
 
2.1 EFEITOS PENAIS DA CONDENAÇÃO 
Ao estudar os efeitos da sentença condenatória, já podemos refletir que o principal efeito é a imposição de 
sanção penal e sua posterior execução. No caso da sentença condenatória, há a imposição de pena, em 
regra. Entretanto, é possível a imposição de medida de segurança ao semi-imputável, em substituição à 
pena, como já estudamos. 
Há efeitos penais e extrapenais da sentença condenatória. Os efeitos penais são classificados em principais 
e secundários. 
Os efeitos penais principais são, portanto, a imposição da sanção penal (pena ou medida de segurança) e 
sua posterior execução. A resposta estatal ao cometimento deuma infração penal passa necessariamente 
pelo devido processo legal, tornando necessário um provimento do Poder Judiciário para possibilitar a sua 
imposição àquele considerado culpado. 
Deste modo, a principal consequência da sentença condenatória é a imposição da sanção prevista para o 
caso de violação da lei penal incriminadora, com sua aplicação pelo juiz e posterior execução pelo Estado. 
De regra, o efeito principal da condenação é a imposição de pena. A medida de segurança, vale lembrar, é 
aplicada aos inimputáveis, sendo a sentença absolutória imprópria. A possibilidade de uma medida de 
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segurança ser imposta em uma sentença condenatória é o caso da dos semi-imputáveis, pois o juiz pode 
substituir a pena por medida de segurança. 
Há, também, os efeitos penais secundários. São os efeitos na órbita penal que não consistem na imposição 
da sanção penal, como a reincidência e os maus antecedentes, interrupção do prazo prescricional, 
revogação da suspensão condicional da pena, etc. O seu estudo permeia todo o Direito Penal. 
Vejamos a reincidência, um dos efeitos penais secundários, tratada nos artigos 63 e 64 do Código Penal, 
matéria analisada na teoria da pena: 
 Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado 
a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. 
Art. 64 - Para efeito de reincidência: 
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a 
infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de 
prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação; 
II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos. 
Nota-se, portanto, que a reincidência advém da prática de um novo delito, tendo como pressuposto uma 
sentença penal condenatória, anterior, que tenha transitado em julgado. É, portanto, um dos efeitos penais 
secundários da condenação. 
 
 
 
 
2.2 EFEITOS EXTRAPENAIS DA CONDENAÇÃO 
Além dos efeitos penais, há consequências provenientes de uma sentença penal condenatória que atingem 
o condenado fora do âmbito criminal. Por isso, são denominados de extrapenais. 
Efeitos extrapenais da condenação são os efeitos que transcendem o Direito Penal, afetando o condenado 
além da seara penal. 
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Os efeitos extrapenais podem ser genéricos ou específicos, conforme ilustra o esquema a seguir: 
 
 
Efeitos extrapenais genéricos são os efeitos penais de incidência automática, que são cabíveis, em princípio, 
a todos os crimes. É o caso, por exemplo, de se tornar certa a obrigação de reparar o dano. 
Os efeitos extrapenais específicos, por sua vez, são efeitos que devem ser impostos de forma fundamentada 
na sentença condenatória, cabíveis para determinados casos. 
Estudemos cada um deles a seguir: 
 
 Efeitos genéricos da condenação 
Os efeitos genéricos da condenação, que podem ser impostos, via de regra, a todas as infrações penais, 
possuem incidência automática, prescindindo de manifestação judicial a respeito. São tratados no artigo 91 
do Código Penal: 
Art. 91 - São efeitos da condenação: 
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; 
II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé: 
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou 
detenção constitua fato ilícito; 
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com 
a prática do fato criminoso. 
§ 1º Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao produto ou proveito do crime 
quando estes não forem encontrados ou quando se localizarem no exterior. 
§ 2º Na hipótese do § 1o, as medidas assecuratórias previstas na legislação processual poderão 
abranger bens ou valores equivalentes do investigado ou acusado para posterior decretação de perda. 
Estudemos, um a um, os efeitos extrapenais genéricos: 
 
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I – Tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime: 
A sentença penal condenatória torna certa a obrigação de indenizar (andebeatur), devendo haver 
liquidação, no juízo cível, para se apurar o valor (quantum debeatur). 
Deste modo, a condenação penal do indivíduo já torna certa sua obrigação de reparar o dano, ou seja, já 
torna o condenado obrigado a indenizar os danos que causou com sua conduta delituosa. O que restará ao 
juízo cível será a estipulação do valor devido, com a produção de provas e o direito ao contraditório. 
A sentença penal condenatória transitada em julgado possui, portanto, a natureza jurídica de título 
executivo judicial, possibilitando a execução para a cobrança dos valores devidos. É o que prevê o artigo 
515, inciso VI, do Código de Processo Civil: 
Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos 
neste Título: 
(...) 
VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado; (...). 
Sem a fixação dos valores devidos, já não se poderia questionar a existência de dívida, mas se procede 
apenas à liquidação do quantum devido como reparação. 
Entretanto, com o advento da Lei 11.719/2008, que modificou o artigo 387 do Código de Processo Penal, 
tornou-se possível que o juiz criminal já estipule um valor mínimo de reparação do dano. 
É o que prevê o artigo 387, inciso IV, do Código de Processo Penal: 
Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: 
(...) 
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos 
sofridos pelo ofendido; (...) 
Por conseguinte, ficam certos a obrigação de reparar o dano e o valor mínimo devido, sendo que, se o 
interessando entender o valor suficiente, sequer é necessária a discussão sobre o montante devido para a 
reparação do dano. Estipulam-se o na debeatur e o quantum debeatur, sendo este último estipulado no 
valor mínimo. 
Como toda privação de bens, é necessário que a estipulação do valor indenizatório mínimo obedeça ao 
devido processo legal, isto é, é necessário que o condenado tenha direito à ampla defesa e ao contraditório. 
Ele deve ser informado sobre o pedido de reparação mínima, poder produzir provas a respeito, ser ouvido 
e ter suas alegações devidamente consideradas pelo juiz no momento da decisão. É o que tem entendido o 
Superior Tribunal de Justiça: 
“A fixação de valor mínimo para reparação dos danos materiais causados pela infração exige, além de 
pedido expresso na inicial, a indicação de valor e instrução probatória específica” (STJ, AgRg no REsp 
1856026/SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe 26/06/2020). 
O ofendido, portanto, já poderá executar a sentença penal condenatória pelo valor mínimo, só necessitando 
de discussão sobre o valor devido se entender que ele supera o fixado pelo juiz criminal. 
O artigo 63 do Código de Processo Penal também trata sobre o tema, regulando a legitimidade para a 
execução e a possibilidade de execução imediata pelo mínimo fixado: 
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Art. 63. Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo 
cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros. 
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá ser efetuada pelo 
valor fixado nos termos do inciso IV do caput do art. 387 deste Código sem prejuízo da liquidação paraa apuração do dano efetivamente sofrido. 
São legitimados, portanto, para a execução da sentença penal condenatória, que é título executivo judicial, 
a vítima, seu representante legal ou seus herdeiros. Ademais, como já registrado, ao ofendido é facultado 
promover a liquidação para se apurar o valor do dano sofrido, caso entenda que o mínimo fixado pelo juiz 
não é suficiente. 
Neste ponto, importante ressaltar que o Brasil não adotou o sistema de cumulação 
ou união de instâncias. O juiz criminal apenas fixará o valor mínimo da indenização, 
sendo que o tema não será exaurido. Caso o ofendido deseje, pode discutir o valor 
total devido pelo dano, sem se contentar com o valor mínimo definido na sentença 
condenatória. Portanto, o sistema brasileiro é o da separação mitigada das 
instâncias. 
O STJ já entendeu que a reparação civil pode abranger os danos morais decorrentes da conduta delitiva, 
com estipulação do valor mínimo: 
“CPP, PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. VIOLÊNCIA 
DOMÉSTICA. AFRONTA AO ART. 387, IV, DO CPP. REPARAÇÃO CIVIL. CABIMENTO. PEDIDO EXPRESSO 
DO MINISTÉRIO PÚBLICO E DO ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO. DANO MORAL. DECORRÊNCIA DA PRÓPRIA 
CONDUTA DELITUOSA. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO.1. Para que haja a fixação na sentença 
do valor mínimo devido a título de indenização civil pelos danos causados à vítima, é necessário pedido 
expresso, sob pena de afronta à ampla defesa. 2. Por se tratar de dano moral ex delicto, tem-se que o 
dano ocorre in re ipsa, ou seja, exsurge da própria conduta típica, que já foi devidamente apurada na 
instrução penal, não havendo falar em necessidade de instrução específica para comprovação de 
valores, mormente porque se trata de valor mínimo de indenização, fixado nos termos do disposto no 
artigo 387, IV, do Código de Processo Penal.3. Agravo regimental improvido.” (AgRg no REsp 1675965, 
6ª Turma, DJe 04/10/2017). 
A possibilidade de condenação, pelo juiz criminal, a um valor mínimo de reparação pelos danos causados, 
foi considerada, pelo STJ, norma penal mais gravosa. Por isso, não pode ser aplicada a delitos praticados 
antes da vigência da Lei 11.719/2008: 
“(...) 2. Este Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido de que o disposto no art. 387, 
IV, do Código de Processo Penal, que cuida da reparação civil dos danos sofridos pelo ofendido, 
contempla norma de direito material mais rigorosa ao réu, não se aplicando a delitos praticados antes 
da entrada em vigor da Lei nº 11.719/2008.Precedentes. (...)” (STJ, HC 318943, Rel. Min. Maria 
Thereza de Assis Moura, 6ª Turma, DJe 25/08/2015) 
 
II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé, dos instrumentos 
do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato 
ilícito 
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O instrumento do crime é o objeto utilizado para sua prática. Haverá a sua perda, em favor da União, no 
caso de se tratar de coisa cuja fabricação, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito. 
O dispositivo legal ressalva o direito do terceiro de boa-fé, quanto à perda em favor da União. Por ser, por 
exemplo, que uma farda militar tenha sido utilizada para a prática de um crime, mas que o agente subtraiu 
de um familiar, que é oficial do Exército. Neste caso, o uso da farda pelo agente é ilícito, mas não pelo 
terceiro, que estava de boa-fé. 
No homicídio, por exemplo, é a arma de fogo, adquirida no mercado ilícito, utilizada para os disparos contra 
a vítima. No roubo, também para exemplificar, é o simulacro de arma de fogo utilizado para amedrontar a 
vítima. 
Apesar de alguns doutrinadores defenderem que não se aplicam os efeitos da condenação do Código às 
contravenções penais, há quem defenda a possibilidade de perda dos instrumentos do crime, por força do 
art. 1º da Lei das Contravenções Penais, que assim determina: 
Art. 1º Aplicam-se as contravenções às regras gerais do Código Penal, sempre que a presente lei não 
disponha de modo diverso. 
Neste sentido, o precedente do Superior Tribunal de Justiça: 
“Penal. contravenção. porte ilegal de arma. confisco. - A regra do artigo 91, II, a, do Código Penal, que 
prevê como efeito da condenação a perda do instrumento do crime cujo porte ou detenção constitua 
fato ilícito, é aplicável na hipótese de condenação por porte ilegal de arma de fogo, por força do 
previsto no artigo 1º da Lei das Contravenções Penais. - Precedentes do Superior Tribunal de Justiça. - 
Recurso especial conhecido e provido.” (STJ, REsp 87971, Rel. Min. Vicente Leal, Sexta Turma, DJe 
14/02/2000). 
Não há perda de instrumento que constitua um objeto de uso profissional, por exemplo. Em sendo objeto 
de trabalho, não se cuida de uso, porte, alienação ou fabricação ilícitos. 
 
III - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé, dos produtos e 
proveito do crime: 
Produto do crime é vantagem direta advinda da prática criminosa. No caso do delito de furto, é produto do 
crime a res furtiva. Deste modo, se o indivíduo subtraiu uma obra de arte de um museu, ela será considerada 
produto do crime praticado. 
Proveito do crime, por sua vez, é a vantagem que decorre do produto do crime. Por exemplo, podemos 
imaginar que alguém roube um carro e venda-o para um receptador. O dinheiro proveniente da venda do 
carro roubado é proveito da infração penal. 
O artigo 91, § 1º, do Código Penal, possibilita a perda de bens equivalentes, se o produto ou proveito 
estiverem no exterior: 
§ 1º Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao produto ou proveito do crime 
quando estes não forem encontrados ou quando se localizarem no exterior. 
Assim, se o produto ou o proveito do crime não forem localizados, ou estiverem no exterior, 
impossibilitando sua efetiva perda em favor da União, o Código Penal autoriza a perda de bens ou valores 
equivalentes. 
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Não se deve confundir o efeito extrapenal da condenação com a perda de bens e valores. 
Esta é espécie de pena, sendo uma das chamadas penas restritivas de direitos, cujo valor se 
destina ao Fundo Penitenciário Nacional. Ademais, possui como teto o montante do prejuízo 
causado ou do proveito obtido pelo agente, o que for maior. Atinge o patrimônio do 
condenado, mesmo os bens licitamente obtidos por ele. 
No caso da perda do produto do crime, a doutrina observa que ele deve ser restituído à 
vítima, salvo se desconhecida. Deste modo, se furtado um relógio de ouro e a polícia conseguir sua 
apreensão, sua destinação precípua deve ser a restituição para o ofendido, que teve seu bem furtado. Se 
não for possível a restituição, aí sim deve haver a perda em favor da União. 
Apesar de se tratar de legislação penal extravagante, o que transcende os objetivos desta disciplina, é 
importante estabelecer relação entre os efeitos extrapenais previstos no Código Penal e aqueles trazidos 
por outras leis penais. É o caso do artigo 60 da Lei 11.343/2006, o qual trata das medidas assecuratórias em 
relação aos produtos dos crimes tratados pela lei: 
Art. 60. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação da 
autoridade de polícia judiciária, ouvido o Ministério Público, havendo indícios suficientes, poderá 
decretar, no curso do inquérito ou da ação penal, a apreensão e outras medidas assecuratórias 
relacionadas aos bens móveis e imóveis ou valores consistentes em produtos dos crimes previstos nesta 
Lei, ou que constituam proveito auferido com sua prática, procedendo-se na forma dos arts. 125 a 144 
do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal. 
A Constituição da República, em seu artigo 243, também trata do confisco de bens utilizados para culturasde plantas psicotrópicas e exploração de trabalho escravo, bem como os valores econômicos apreendidos 
em decorrência de tais crimes: 
Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas 
ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas 
e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao 
proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto 
no art. 5º. 
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito 
de entorpecentes e drogas afins e da exploração de trabalho escravo será confiscado e reverterá a 
fundo especial com destinação específica, na forma da lei. 
O Supremo Tribunal Federal já fixou a tese segundo a qual todo e qualquer bem que possua valor 
econômico, apreendido em razão da prática do crime de tráfico ilícito de entorpecentes, pode ser 
confiscado: 
“Tese: É possível o confisco de todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência 
do tráfico de drogas, sem a necessidade de se perquirir a habitualidade, reiteração do uso do bem 
para tal finalidade, a sua modificação para dificultar a descoberta do local do acondicionamento da 
droga ou qualquer outro requisito além daqueles previstos expressamente no artigo 243, parágrafo 
único, da Constituição Federal” (STF, RE 638491/PR, Rel. Min. Luiz Fux, Tribunal Pleno, Julgamento: 
17/05/2017). 
O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê, em seu artigo 244-A, alterado pela Lei 13.440/2017, a sanção 
de perda dos bens e valores utilizados na prática do crime de submeter criança ou adolescente à prostituição 
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ou à exploração sexual, em favor do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente, ressalvando o direito 
do terceiro de boa-fé: 
Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais definidos no caput do art. 2o desta Lei, à 
prostituição ou à exploração sexual: 
Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da perda de bens e valores utilizados na prática 
criminosa em favor do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente da unidade da Federação 
(Estado ou Distrito Federal) em que foi cometido o crime, ressalvado o direito de terceiro de boa-fé. 
Cumpre registrar, por fim, que o Supremo Tribunal Federal já decidiu que não é cabível o confisco de bens, 
com base no artigo 91, II, do Código Penal, em caso de transação penal: 
“1. Tese: os efeitos jurídicos previstos no art. 91 do Código Penal são decorrentes de sentença penal 
condenatória. Tal não se verifica, portanto, quando há transação penal (art. 76 da Lei 9.099/95), cuja 
sentença tem natureza homologatória, sem qualquer juízo sobre a responsabilidade criminal do 
aceitante. As consequências da homologação da transação são aquelas estipuladas de modo 
consensual no termo de acordo. 2. Solução do caso: tendo havido transação penal e sendo extinta a 
punibilidade, ante o cumprimento das cláusulas nela estabelecidas, é ilegítimo o ato judicial que 
decreta o confisco do bem (motocicleta) que teria sido utilizado na prática delituosa. O confisco 
constituiria efeito penal muito mais gravoso ao aceitante do que os encargos que assumiu na 
transação penal celebrada (fornecimento de cinco cestas de alimentos).” (STF, RE 795567/PR, Rel. 
Min. Teoria Zavascki, Tribunal Pleno, Julgamento: 28/05/2015). 
 
 
 
IV – suspensão dos direitos políticos: 
Um dos efeitos extrapenais genéricos da condenação é a suspensão dos direitos políticos. Referido efeito 
não está previsto no Código Penal, mas decorre da Constituição, que o estipula em seu artigo 15, inciso III: 
CF, Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: 
(...) 
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos. 
Deste modo, enquanto o condenado estiver cumprindo pena, não terá direitos políticos, o que significa que 
não poderá votar nem ser votado. 
A suspensão de direitos políticos decorrente de condenação criminal transitada em julgado cessa com o 
cumprimento ou a extinção da pena, independendo de reabilitação ou de prova de reparação dos danos. 
O STF, no julgamento do caso conhecido como Mensalão, fixou o entendimento de que a norma que prevê 
a suspensão dos direitos políticos possui eficácia plena, não dependendo de norma infraconstitucional que 
regulamente referido efeito: 
“(...) 2. Diferentemente da Carta outorgada de 1969, nos termos da qual as hipóteses de perda ou 
suspensão de direitos políticos deveriam ser disciplinadas por Lei Complementar (art. 149, §3º), o que 
atribuía eficácia contida ao mencionado dispositivo constitucional, a atual Constituição estabeleceu 
os casos de perda ou suspensão dos direitos políticos em norma de eficácia plena (art. 15, III). Em 
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consequência, o condenado criminalmente, por decisão transitada em julgado, tem seus direitos 
políticos suspensos pelo tempo que durarem os efeitos da condenação. (...)” (STF, AP 470/MG, Rel. 
Min. Joaquim Barbosa, Tribunal Pleno, Julg. 17/12/2012). 
Deve-se atentar para o seguinte: não há suspensão dos direitos políticos antes de transitar em julgado a 
sentença penal condenatória. Por isso, os presos provisórios possuem direito ao voto. 
 
 Efeitos específicos da condenação 
Os efeitos específicos da condenação se voltam a determinadas infrações penais, devendo haver a 
imposição motivada, na sentença, pelo juiz, para incidirem em relação ao condenado. Estão previstos no 
artigo 92 do Código Penal: 
Art. 92 - São também efeitos da condenação: 
I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: 
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes 
praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública; 
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais 
casos. 
II a incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela nos crimes dolosos 
sujeitos à pena de reclusão cometidos contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar, 
contra filho, filha ou outro descendente ou contra tutelado ou curatelado; 
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso. 
Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente 
declarados na sentença. 
Apesar de ainda não ter havido discussão doutrinária, entendo que o artigo 91-A, acrescido pela Lei 13.964, 
de 24 de dezembro de 2019, trouxe mais hipóteses de efeitos específicos da condenação: 
Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infrações às quais a lei comine pena máxima superior a 6 
(seis) anos de reclusão, poderá ser decretada a perda, como produto ou proveito do crime, dos bens 
correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio do condenado e aquele que seja compatível 
com o seu rendimento lícito. 
§ 1º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo, entende-se por patrimônio do condenado 
todos os bens: 
I - de sua titularidade, ou em relação aos quais ele tenha o domínio e o benefício direto ou indireto, na 
data da infração penal ou recebidos posteriormente; e 
II - transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante contraprestação irrisória, a partir do início da 
atividade criminal. 
§ 2º O condenado poderá demonstrar a inexistência da incompatibilidade ou a procedência lícita do 
patrimônio. 
§ 3º A perda prevista neste artigo deverá ser requerida expressamente pelo Ministério Público, por 
ocasião do oferecimento da denúncia, com indicação da diferença apurada. 
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§ 4º Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o valor da diferença apurada e especificar os bens 
cuja perda for decretada. 
§ 5º Os instrumentos utilizados para a prática de crimes por organizações criminosas e milícias deverão 
ser declarados perdidos em favor da União ou do Estado, dependendo da Justiça onde tramita a ação 
penal, ainda que não ponham em perigo a segurança das pessoas, a moral ou a ordem pública, nem 
ofereçam sério risco de ser utilizados para o cometimento de novos crimes. 
Iniciaremos, por ordem topográfica, com a inovação legislativa: 
 
Art. 91-A – perda, como produto ou proveito do crime, da diferença entre o patrimônio do condenado e 
o que seja compatível com seu rendimento lícito 
Nesta hipótese, inserida pelo Pacote Anticrime, o legislador restringiu sua aplicação aos crimes 
cuja pena máxima seja superior a 6 anos de reclusão. Portanto, não cabe a decretação da perda 
de bens, com base no artigo 91-A do CP, em todos os delitos. Por isso, é um efeito específico da 
condenação. A doutrina tem denominado essa hipótese de confisco alargado de bens. 
A perda é decretada com fundamento na existência de produto ou proveito do crime, conceitos 
já abordados acima. A ideia é alcançar bens do condenado sem exigência de comprovação de 
que ele decorre diretamente da atividade criminosa (produto) ou deriva dela, por conversão dos bens 
(proveito). 
Nesta hipótese, o legislador exige apenas a demonstração de que o condenado possui patrimônio 
incompatível com aquele que poderia ter sido amealhado com seu rendimento lícito. 
Para tal comparação, o Código determina a consideração dos bens de titularidade do agente e daqueles 
sobre os quais ele tenha o domínio e o benefício direto ou indireto, tanto na data da infração quanto após 
o seu cometimento, ou seja, os bens recebidos após a data do delito. 
Consideram-se, ainda, como patrimônio do agente aqueles que forem transferidos a terceiros a título 
gratuito (como uma doação) ou mediante uma contraprestação irrisória (como um negócio de compra e 
venda simulado, em que o preço só serve para ocultar a natureza gratuita da alienação), a partir do início da 
atividade criminal. Entendo que, neste ponto, devemos considerar o início dos atos executórios, quando o 
agente já pode ser punido pela prática do delito, a título de tentativa. 
O parágrafo segundo do artigo 92-A do CP permite, ao condenado, que demonstre que o patrimônio é 
compatível com sua renda lícita, o que afasta tal efeito da condenação. Possibilita, ainda, que o condenado 
demonstre a procedência lícita do patrimônio, como uma doação de um familiar ou o recebimento de uma 
herança. 
A lei exige o pedido expresso do Ministério Público, que deve ser feito por ocasião da denúncia, inclusive 
com a indicação da diferença apurada entre o patrimônio que o condenado possui e o que seria compatível 
com sua atividade profissional e/ou econômica lícita. 
Na sentença, o juiz deverá declarar a diferença efetivamente apurada, após o exercício do contraditório e 
da ampla defesa, com a especificação dos bens que terão a perda decretada. 
 
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Art. 91-A, parágrafo único – perda dos instrumentos do crime praticado por organizações criminosas e 
milícias 
Por fim, o parágrafo quinto do artigo 91-A do Código traz outro assunto, prevendo uma regra específica para 
os instrumentos utilizados para a prática de crimes por organizações criminosas e milícias. Nestes casos, 
serão declarados perdidos em favor da União ou do Estado, dependendo da Justiça onde tramita a ação 
penal. Ainda se especifica que deve haver a perda ainda que tais instrumentos não ponham em perigo a 
segurança das pessoas, a moral ou a ordem pública, nem ofereçam sério risco de ser utilizados para o 
cometimento de novos crimes. 
Se for caso de competência da Justiça Estadual, a perda dos instrumentos do crime será em favor do Estado. 
Sendo de competência da Justiça Federal, os instrumentos do crime devem ser perdidos em favor da União. 
Apesar de não haver menção a ser esse efeito automático ou não, a redação indica a necessidade de 
decretação judicial (“deverão ser declarados perdidos”), além de sua previsão estar em um artigo que 
menciona a necessidade de determinação na sentença. Deste modo, entendo ser também um caso de efeito 
não automático, que deve ser decretado pelo juiz de forma expressa. 
 
Passemos, então, às hipóteses de efeitos extrapenais específicos da condenação do artigo 92: 
 
I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: 
A perda de cargo, função pública ou mandato eletivo ocorre no caso de o agente ter sido condenado e lhe 
for aplicada: 
a) pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso 
de poder ou violação de dever para com a Administração Pública; 
b) pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos, nos demais casos. 
Para a imposição da perda de cargo, função pública ou mandato eletivo, deve haver adequada 
fundamentação pelo juiz, ainda que os requisitos sejam de ordem objetiva. É o entendimento do Superior 
Tribunal de Justiça: 
"(...) A imposição da pena de perda do cargo, emprego ou função pública deve ser adequadamente 
fundamentada, sendo uma consequência administrativa da condenação imposta, exigindo-se, para 
tanto, apenas o preenchimento de requisitos objetivos para sua aplicação, quais sejam: pena 
privativa de liberdade igual ou superior a 1 (um)ano, nos casos de crimes praticados com abuso de 
poder ou violação de dever para com a administração pública ou pena privativa de liberdade igual 
ou superior a 4 (quatro) anos, nos demais crimes, tendo sido tais parâmetros observados na hipótese 
vertente" (HC350.661/MG, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em21/2/2017, DJe 
14/3/2017) (...)” (STJ, HC 393748/RS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 30/08/2017). 
O STJ tem admitido a aplicação da perda de cargo público, mesmo se tratando de agente vitalício: 
“Esta Corte Especial tem entendido pela possibilidade da determinação da perda do cargo em 
decorrência da prolação de acórdão penal condenatório, ainda que o réu seja ocupante de cargo 
vitalício.” (STJ, EDcl na APn 422/RR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Corte Especial, DJe 
19/12/2017). 
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No caso dos parlamentares federais, a Constituição prevê o seguinte, em seu artigo 55, § 2.º, da Constituição 
Federal: 
Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador: 
(...) 
VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado. 
(...) 
§ 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou 
pelo Senado Federal, por maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido 
político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa. 
No caso dos parlamentares estaduais e distritais, referida regra é aplicável em razão do que prescreve o 
artigo 27, § 1º, da CF: 
§ 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando-se-lhes as regras desta 
Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, 
licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas. 
Portanto, a perda só será diretamente imposta pela sentença condenatória, surtindo efeitos por si só, para 
os parlamentares, no caso dos vereadores. Isto porque que a Constituição não lhes prevê nenhuma regra 
de decisão do Poder Legislativo a respeito da perda do mandato em decorrência de condenação criminal1. 
 
II - a incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela nos crimes dolosos sujeitosà pena de reclusão cometidos contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar, contra filho, 
filha ou outro descendente ou contra tutelado ou curatelado: 
A incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela é cabível quando houver a 
condenação por crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra o filho, a filha ou outro 
descendente, o tutelado ou o curatelado. Além disso, há o referido efeito da condenação no caso de crime 
doloso, com cominação de pena de reclusão, cometido contra titular do mesmo poder familiar. É o caso do 
sujeito que mata a mãe do próprio filho. 
Houve alteração na redação do inciso II do artigo 92 do Código Penal pela Lei 13.715/2018. Anteriormente, 
já alertávamos que a expressão “pátrio poder” do Código Penal, ligado à figura paterna, deveria ser lida 
conforme os ditames constitucionais, que influenciam o atual Direito Civil. Deste modo, já se utilizava, neste 
Curso, a denominação “poder familiar”, aplicável tanto ao pai quanto à mãe. Atualmente, a redação do 
dispositivo foi adequada, referindo-se a poder familiar. 
Há uma notável limitação na aplicação de referido efeito da condenação, pois só é cabível em caso de crime 
doloso e que seja punido com reclusão, além de o crime ter como vítima o filho, a filha, outro descendente, 
o tutelado, o curatelado ou o titular do mesmo poder familiar. 
Ademais, a Lei 13.715/2018 também modificou o ECA, passando o parágrafo segundo do seu artigo 23 a ter 
a seguinte redação: 
 
1 PRADO, Luiz Régis. Curso de Direito Penal. 18 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020, p. 334. O autor aponta ser a posição do STF, 
apesar de discordar, ao defender que a condenação deve acarretar a perda do cargo de qualquer parlamentar. 
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§ 2º A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a destituição do poder familiar, exceto na 
hipótese de condenação por crime doloso sujeito à pena de reclusão contra outrem igualmente titular 
do mesmo poder familiar ou contra filho, filha ou outro descendente. 
De igual modo, alterou-se o Código Civil, com nova redação do parágrafo único do artigo 1.638, cuja atual 
redação é de interessante leitura: 
Parágrafo único. Perderá também por ato judicial o poder familiar aquele que: 
I – praticar contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar: 
a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou seguida de morte, quando se tratar 
de crime doloso envolvendo violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à condição 
de mulher; 
b) estupro ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à pena de reclusão; 
II – praticar contra filho, filha ou outro descendente: 
a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou seguida de morte, quando se tratar 
de crime doloso envolvendo violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à condição 
de mulher; 
b) estupro, estupro de vulnerável ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à pena de reclusão. 
Ainda na redação anterior à Lei 13.715/2018, surgiu a controvérsia quanto ao referido efeito da condenação 
se referir a todos os filhos ou apenas ao filho que tiver sido vítima de crime: 
a) Uma corrente entende que a perda do poder familiar pressupõe o crime entre agente e vítima (redação 
anterior do Código Penal), razão pela qual o efeito só incide sobre o poder familiar em relação à referida 
vítima. Assim, o efeito não se estenderia aos demais filhos. É a posição de Guilherme de Souza Nucci. 
b) Outra posição seria a de que a incapacidade abrange todos os filhos, já que se trata de um impedimento 
do agente. Seria a posição de Cezar Bittencourt, aparentemente, já que ele entende que a reabilitação 
abrange os demais filhos, sem que afete a relação contra a própria vítima. 
Com a nova redação, surgiu a possibilidade de perda do poder familiar também no caso de a vítima ser 
alguém que seja igualmente titular dele. Deste modo, pareceu ganhar força a corrente que defende que o 
efeito da condenação se refere a todos os filhos que o agente tenha, já que agora não incide apenas em 
caso de crime doloso, punível com reclusão, contra o próprio filho, mas também contra outra pessoa (que 
seja igualmente titular do poder familiar). De todo modo, a corrente sobre a incapacidade sobre todos os 
filhos faz mais sentido do ponto de vista da reabilitação, já que a lei veda a reintegração na situação anterior, 
mas permite a cessação do efeito quanto a outras relações familiares. 
 
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso. 
Se o veículo for utilizado para a prática de crime doloso, haverá a imposição da inabilitação para dirigir 
veículo, ao condenado, como efeito extrapenal da sentença condenatória. 
Não se deve confundir referida previsão com os crimes culposos praticados na direção de veículo automotor, 
como o homicídio culposo e a lesão corporal culposa previstos no Código de Trânsito Brasileiro. Referido 
Código, em seu artigo 292, prevê a possibilidade de imposição da suspensão ou a proibição de se obter a 
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor, de forma isolada ou cumulativa com outras penas. 
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Há, ainda, um efeito específico previsto em legislação extravagante, mas que trata de crimes previstos no 
Código Penal: 
 
IV - a cassação do documento de habilitação para dirigir veículo automotor ou a proibição de sua obtenção 
pelo período de 5 anos. 
A Lei 13.804, de 10 de janeiro de 2019, alterou a Lei 9.503/97, o Código de Trânsito Brasileiro 
(CTB), para incluir novos efeitos da condenação com relação aos crimes de receptação, 
contrabando e descaminho. Como se trata de crimes previstos no Código Penal, cumpre fazer 
a análise do efeito da condenação, que está previsto no artigo 278-A do CTB, nos seguintes 
termos: 
Art. 278-A. O condutor que se utilize de veículo para a prática do crime de receptação, 
descaminho, contrabando, previstos nos arts. 180, 334 e 334-A do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de 
dezembro de 1940 (Código Penal), condenado por um desses crimes em decisão judicial transitada em 
julgado, terá cassado seu documento de habilitação ou será proibido de obter a habilitação para dirigir 
veículo automotor pelo prazo de 5 (cinco) anos. 
§ 1º O condutor condenado poderá requerer sua reabilitação, submetendo-se a todos os exames 
necessários à habilitação, na forma deste Código. 
§ 2º No caso do condutor preso em flagrante na prática dos crimes de que trata o caput deste artigo, 
poderá o juiz, em qualquer fase da investigação ou da ação penal, se houver necessidade para a 
garantia da ordem pública, como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público 
ou ainda mediante representação da autoridade policial, decretar, em decisão motivada, a suspensão 
da permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua obtenção. 
O efeito da condenação será: 
 Cassação do documento de habilitação para dirigir veículo automotor ou; 
 Proibição de obtenção da habilitação para dirigir veículo automotor. 
Em ambos os casos, o prazo de referido efeito da condenação será de 5 anos. Dada a natureza de norma 
que restringe direitos, entendo não ser possível a analogia in malam partem. Deste modo, entendo que só 
está incluída no efeito da condenação a CNH, chamada no CTB de habilitação para conduzir veículos, como, 
por exemplo, no seu artigo 141, caput: 
Art. 141. O processo de habilitação, as normas relativas à aprendizagem para conduzir veículos 
automotores e elétricos e à autorização para conduzir ciclomotores serão regulamentados pelo 
CONTRAN. 
Por isso, não está incluída na norma a autorização para conduzirciclomotores. 
O veículo deve ter sido utilizado para a prática do crime de receptação, contrabando ou descaminho. É 
comum que os condenados pelo crime de contrabando de cigarros provenientes do Paraguai, por exemplo, 
utilizem caminhões ou furgões para sua conduta, bem como que reincidam na conduta, dado o cabimento 
de liberdade provisória com fiança e a alta lucratividade da atividade ilícita. Busca-se coibir a reiteração 
criminosa com a cassação da habilitação ou com a proibição da obtenção de habilitação para dirigir veículos 
automotores. 
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Considerando que, pela natureza de referidas infrações penais, a utilização de veículos é costumeira para o 
maior volume da atividade e a maior rentabilidade com a prática criminosa, referidos efeitos podem, 
efetivamente, ajudar a coibir determinada conduta. Ainda que se pense que os indivíduos continuarão a 
praticar a receptação, o contrabando ou o descaminho, dirigindo veículos sem a habilitação, a falta do 
documento torna mais fácil o trabalho de fiscalização da Polícia, fazendo com que a impunidade diminua. 
Além disso, defendo que deve ser fundamentada a aplicação de referido efeito, ainda que de forma simples, 
demonstrando o juiz que houve a utilização do veículo para a prática de um dos crimes previstos no caput 
do artigo 278-A do CTB. Portanto, considero que o efeito não é automático. 
Quanto à reabilitação, o artigo 278-A do CTB, em seu parágrafo primeiro, prevê regramento específico. 
Dispõe que o condenado deve observar as normas do próprio Código de Trânsito para se reabilitar, 
submetendo-se a todos os exames necessários para a habilitação. 
O artigo 278-A, parágrafo segundo, do CTB dispõe sobre a possibilidade de imposição de medida cautelar. 
Cuida-se de mais uma medida cautelar diversa da prisão, que pode ser determinada no caso de flagrante 
em situação de que trata o caput do referido dispositivo. 
Ou seja, sendo o agente preso em flagrante pela prática de receptação, contrabando ou descaminho, o Juiz 
pode, em qualquer fase da investigação ou da ação penal, se houver necessidade para a garantia da ordem 
pública, como medida cautelar, decretar, em decisão motivada, a suspensão da permissão ou da habilitação 
para dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua obtenção. 
O magistrado pode agir de ofício, a requerimento do Ministério Público ou ainda mediante representação 
da autoridade policial. Sua decisão deve ser fundamentada, indicando a necessidade concreta de garantia 
da ordem pública. 
No mais, deve-se aguardar o posicionamento dos Tribunais sobre referido efeito da condenação, por se 
tratar de recente alteração legislativa. 
 
3. REABILITAÇÃO 
A reabilitação é um instituto de Direito Penal, de natureza declaratória, que concede o sigilo dos registros 
sobre o seu processo e condenação. Também pode neutralizar os efeitos extrapenais específicos da 
condenação. Possui o escopo de, atendidos determinados requisitos, permitir que o acusado obtenha a 
reinserção social, sem que fique para sempre tachado pela condenação passada. Segundo Luiz Régis Prado, 
cuida-se de medida político-criminal2. 
A reabilitação é tratada nos artigos 93 a 95 do Código Penal, sendo que o primeiro deles possui o seguinte 
teor: 
Reabilitação 
Art. 93 - A reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em sentença definitiva, assegurando ao 
condenado o sigilo dos registros sobre o seu processo e condenação. 
 
2 PRADO, Luiz Régis. Curso de Direito Penal Brasileiro, parte geral e especial. 18ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020, p. 334. 
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Parágrafo único - A reabilitação poderá, também, atingir os efeitos da condenação, previstos no art. 
92 deste Código, vedada reintegração na situação anterior, nos casos dos incisos I e II do mesmo 
artigo. 
Há vedação de reintegração na situação anterior nos casos de perda de cargo, função pública ou mandato 
eletivo, bem como se o efeito for de incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da 
curatela. Deste modo, se condenado por tentativa de homicídio contra um filho, não poderá o agente 
conseguir o restabelecimento do seu poder familiar sobre ele3. Caso tenha, por exemplo, uma filha de outro 
casamento, a reabilitação pode alcançá-la e permitir ao agente o exercício do poder familiar sobre ela. 
Portanto, a reabilitação alcança todas as penas impostas em condenação transitada em julgado. Assegura 
que tais registros serão sigilosos. Entretanto, referido sigilo não é absoluto, nos termos do que prevê o 
artigo 748 do Código de Processo Penal, situado em capitulo que trata da reabilitação: 
Art. 748. A condenação ou condenações anteriores não serão mencionadas na folha de antecedentes 
do reabilitado, nem em certidão extraída dos livros do juízo, salvo quando requisitadas por juiz 
criminal. 
Portanto, o sigilo é relativizado apenas em relação a requisições efetuadas por Juízes Criminais. Ou seja, 
apenas os juízos criminais, sejam da Justiça Federal, Justiça Militar, Justiça Eleitoral ou Justiça Estadual, 
poderão ter acesso às informações atingidas pela reabilitação. 
O artigo 94 do Código Penal trata dos requisitos para a reabilitação criminal: 
Art. 94 - A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) anos do dia em que for extinta, de 
qualquer modo, a pena ou terminar sua execução, computando-se o período de prova da suspensão e 
o do livramento condicional, se não sobrevier revogação, desde que o condenado: 
I - tenha tido domicílio no País no prazo acima referido; 
II - tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e constante de bom comportamento público 
e privado; 
III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre a absoluta impossibilidade de o fazer, 
até o dia do pedido, ou exiba documento que comprove a renúncia da vítima ou novação da dívida. 
Parágrafo único - Negada a reabilitação, poderá ser requerida, a qualquer tempo, desde que o pedido 
seja instruído com novos elementos comprobatórios dos requisitos necessários. 
Portanto, os requisitos são os seguintes: 
 decurso do prazo de dois danos desde a extinção ou o cumprimento da pena. Neste período, serão 
computados o de livramento condicional e de suspensão condicional da pena, desde que não haja a 
revogação deles; 
 domicílio no país no prazo acima mencionado. Há doutrinadores, como Guilherme Nucci, que 
entendem que este requisito é inconstitucional, por limitar o direito de ir e vir de quem já cumpriu a 
sanção penal pela qual foi condenado; 
 demonstração efetiva e constante, também no período acima definido, de bom comportamento 
público e privado; 
 
3 Referida posição é também adotada em: PRADO, Luiz Régis. Curso de Direito Penal Brasileiro, parte geral e parte especial. 18ª 
ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020, p. 334. 
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 ressarcimento do dano ou demonstração de absoluta impossibilidade de fazê-lo, comprovada à 
época do requerimento. Pode haver, ainda, prova da renúncia da vítima ou de novação da dívida. 
O pedido de reabilitação, nos termos do parágrafo único do artigo 94 do CP, pode ser refeito, acaso negado, 
com novos elementos que comprovem o preenchimento dos pressupostos exigidos pela lei. 
Há a possibilidade de revogação da reabilitação, de ofício pelo juiz ou a requerimento do Ministério Público, 
caso o reabilitado seja novamente condenado, com trânsito em julgado, como reincidente, a pena que não 
seja de multa. Portanto, não cabe revogação se a nova condenação lhe impuser apenas a pena de multa. É 
o que prevê o artigo 95 do CódigoPenal: 
Art. 95 - A reabilitação será revogada, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, se o 
reabilitado for condenado, como reincidente, por decisão definitiva, a pena que não seja de multa. 
Os artigos 743 a 750 do Código de Processo Penal regulam também a reabilitação criminal, com a previsão 
do procedimento a ser adotado para o pedido feito pelo condenado. Não trataremos aqui das normas lá 
previstas, por ser matéria de Direito Processual Penal. 
 
4. LIMITES DAS SANÇÕES PENAIS 
Como decorrência da dignidade da pessoa humana, considerada fundamento da República Federativa do 
Brasil, a Constituição veda, em seu artigo 5º, inciso XLVII, penas de caráter perpétuo: 
XLVII - não haverá penas: 
(...) 
b) de caráter perpétuo; (...) 
Como decorrência de tal mandamento constitucional, o legislador infraconstitucional previu limites para o 
cumprimento das penas. 
 
4.1 LIMITES DAS PENAS 
As penas podem ser privativas de liberdade, restritivas de direitos e de multa. Como já estudamos, as penas 
restritivas de direitos são impostas em substituição às penas privativas de liberdade, sendo cumpridas de 
uma só vez, por exemplo, no caso de pagamento de prestação pecuniária sem parcelamento, ou pelo mesmo 
tempo da pena privativa de liberdade substituída. As penas de multa, por sua vez, são estabelecidas na 
condenação como um valor único, sendo permitido o seu parcelamento. 
Dadas tais características das penas, cabe o estudo dos limites das penas privativas de liberdade, por serem 
adotados também para o caso das penas restritivas de direitos e pela limitação temporal não possuir 
adequação com a natureza da pena de multa. 
As penas privativas de liberdade, por sua vez, podem ser de reclusão, de detenção e de prisão simples. O 
estudo das diferenças entre elas compõe a análise da teoria das penas. 
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As penas de reclusão e detenção estão previstas no Código Penal, que trata sobre seus limites no artigo 75, 
que possuía a seguinte redação: 
Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 30 (trinta) 
anos. 
§ 1º - Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 30 
(trinta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo. 
§ 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova 
unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido. 
Assim, o limite fixado pela lei foi de 30 anos para as penas de reclusão e de detenção. 
A Lei 13.694, de 24 de dezembro de 2019, modificou a redação do caput e do parágrafo primeiro do artigo 
75 do Código Penal, para modificar o limite de 30 para 40 anos: 
Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40 
(quarenta) anos. 
§ 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 40 
(quarenta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo. 
Portanto, com a modificação legislativa, o limite fixado pela lei passou a ser de 40 anos para as penas de 
reclusão e de detenção, sendo que, se houver a fixação de penas em montante superior ao máximo, elas 
devem ser unificadas pelo juiz da execução, adequando-as ao teto. 
Entretanto, as penas devem ser consideradas no todo, sem o corte do teto de 40 anos, para a 
finalidade de cômputo dos benefícios da execução penal, como a progressão de regime, as 
saídas temporárias, o indulto, a comutação (indulto parcial) e o livramento condicional. 
Este entendimento já foi sumulado pelo Supremo Tribunal Federal, sendo o seu enunciado de 
número 715: 
A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do 
Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento condicional 
ou regime mais favorável de execução. 
Imaginem que o indivíduo, ao ter suas penas somadas pelo juiz da execução, apresente o montante de 43 
anos de reclusão, sendo todas as condenações por crimes comuns (não hediondos nem equiparados). Ele 
somente poderá cumprir 40 anos, sendo que o juiz desprezará 3 anos do somatório para calcular o fim do 
cumprimento das sanções penais. 
Entretanto, para cálculo dos benefícios, o juiz da execução terá como base os 43 anos de reclusão, e não os 
40 resultantes do decote determinado pelo artigo 75 do CP. Deste modo, para progressão de regime, ele 
terá que cumprir um sexto do total de 43 anos, e não de 40. 
Ademais, cada vez que sobrevier condenação por novo fato, o juiz procederá a uma nova unificação, sem 
considerar o tempo de pena já cumprido. Deste modo, se o condenado voltar a delinquir, ele não ficará 
impune por já estar cumprindo mais de 40 anos de pena privativa de liberdade. 
Imaginem que o indivíduo foi condenado à pena de 50 anos de reclusão por um latrocínio e um roubo com 
resultado lesão corporal de natureza grave. Unificada a execução, o juiz adequou a pena ao limite de 40 
anos. Depois de cumpridos 35 anos de reclusão, ele mata seu companheiro de cela, sendo condenado a 
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outros 15 anos de reclusão. Percebem que lhe restavam a cumprir 5 anos do total de 40, devendo o juiz 
desprezar a pena já cumprida (35 anos de reclusão) para a nova unificação. Então, ele deverá cumprir os 5 
anos que faltavam, além da condenação por fato novo a 15 anos de reclusão, o que leva ao montante de 20 
anos. Como a nova unificação está dentro do limite máximo (40 anos), ele deverá cumprir os 20 anos de 
reclusão. 
Um problema de direito intertemporal que surgirá será a possibilidade ou não de aplicar o 
limite de 40 anos para unificação de crime cometido antes da vigência da Lei 13.964/2019 e 
infração cometida posteriormente a ela. Por exemplo: pena de 30 anos por crime cometido 
antes do início de vigência do Pacote Anticrime e outra pena de 26 anos por outro crime 
cometido após o início da vigência (total de 56 anos): aplica-se o limite de 30 ou de 40 anos? A 
visão mais rígida da irretroatividade da lei mais gravosa, o que decorre de um princípio basilar 
do Direito Penal, deve levar à conclusão de que somente se pode aplicar o limite de 40 anos como limite 
com utilização de penas referentes tão-somente a delitos praticados após o início de vigência do Pacote 
Anticrime. De todo modo, há de se aguardar a discussão jurisprudencial sobre o tema. 
Com relação à prisão simples, a Lei das Contravenções Penais, em seu artigo 10, prevê um limite específico: 
Art. 10. A duração da pena de prisão simples não pode, em caso algum, ser superior a cinco anos, nem 
a importância das multas ultrapassar cinquenta contos. 
Portanto, em se tratando de prisão simples, pena prevista para contravenções penais, o limite máximo é de 
5 anos. 
 
4.2 LIMITES DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA 
Apesar de a Constituição só prever a vedação de penas de caráter perpétuo, parte da doutrina e da 
jurisprudência entendem que deve haver também limite de duração para as medidas de segurança. Para 
relembrar, sanção penal é o gênero do qual são espécies a pena e a medida de segurança. 
Para Zaffaroni e Nilo Batista, entretanto, medida de segurança tem como única diferença, em 
relação às penas, a falta de limite máximo na lei. Por essa razão, entendem que se trata de 
uma fraude de etiqueta, utilizando-se uma denominação diferente para exercício do poder 
punitivo sem culpabilidade e sem as garantias e limites do direito penal4. 
Neste tópica, não se estuda a medida de segurança em si, mas apenas o limite de sua duração. 
Surgiram os seguintes entendimentos sobre o limite das medidas de segurança: 
a) As medidas de segurança não devem ter limite máximo, devendo durar até que cesse a 
periculosidade do agente. 
b) Olimite máximo é o de 40 anos, como o atualmente previsto para as penas. 
c) O limite é o máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado. 
O Superior Tribunal de Justiça adota a corrente segundo a qual o limite de duração das medidas de segurança 
deve ser o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado, conforme a Súmula 527: 
 
4 ZAFFARONI, Eugenio Raul; BATISTA, Nilo; ALAGIA, Alejandro; SLOKAR, Alejandro. Direito Penal Brasileiro: primeiro volume – 
Teoria Geral do Direito Penal. Rio de Janeiro, Revan, 2017 (3ª reimpressão), p. 137-139). 
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O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena 
abstratamente cominada ao delito praticado. 
O Supremo Tribunal Federal tem entendido de forma diferente, acolhendo a visão de que o limite máximo 
de duração da medida de segurança é o mesmo das penas privativas de liberdade. Deste modo, o máximo 
que uma medida de segurança pode durar é por 40 anos. Neste sentido, o seguinte julgado: 
“1. A prescrição da medida de segurança deve ser calculada pelo máximo da pena cominada ao delito 
cometido pelo agente, ocorrendo o marco interruptivo do prazo pelo início do cumprimento daquela, 
sendo certo que deve perdurar enquanto não haja cessado a periculosidade do agente, limitada, 
contudo, ao período máximo de 30 (trinta) anos, conforme a jurisprudência pacificada do STF. 
Precedentes: HC 107.432/RS, Relator Min. Ricardo Lewandowski, Primeira Turma, Julgamento em 
24/5/2011; HC 97.621/RS, Relator Min. Cezar Peluso, Julgamento em 2/6/2009.” (STF, RHC 100383, 
Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, Julgamento em 18/10/2011). 
Referido entendimento também foi adotado pela Segunda Turma do STF (HC 107777, j. 07/02/2012). 
Vale recordar que a Lei 13.964, de 24 de dezembro de 2019, modificou o limite máximo de duração das 
penas privativas de liberdade, passando de 30 para 40 anos. O julgado acima transcrito é anterior à 
modificação legislativa. 
Cumpre, então, visualizar o entendimento das Cortes Superiores sobre o limite de duração das medidas de 
segurança no seguinte esquema: 
 
 
 
5. FUNÇÃO DO DIREITO PENAL 
Um importante aspecto do estudo do Direito Penal é a função deste ramo do Direito para a sociedade. Como 
sabemos o Direito é essencial para a vida da sociedade, o que foi mencionado por Ulpiano com a expressão 
Ubi homo ibi societas; ubi societas, ibi jus, que significa que, onde está o homem, está a sociedade; onde 
está a sociedade, está o Direito. Logo, cumpre entender qual a relevância do Direito Penal para a sociedade. 
De início, podemos imaginar sua função preventiva. O Direito Penal serve para coibir e reprimir os 
comportamentos mais danosos para a sociedade, utilizando a ameaça de suas sanções, que são graves 
(prestação de serviços para a comunidade, perda de bens, penas privativas de liberdade etc.). Deste modo, 
é o ramo do Direito que a sociedade espera que coíba os roubos, os estupros, os homicídios e outras 
condutas tão gravosas e prejudiciais à vida em sociedade. Entretanto, a função do Direito Penal é mais ampla 
que seu aspecto repressivo, do que uma concepção de finalidade das penas. 
STF
Mesmo limite das penas 
privativas de liberdade.
STJ
Máximo da pena 
abstratamente cominada ao 
crime (Súmula 527).
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Função ético-social: Segundo Hans Welzel, o Direito Penal possui, além da função 
preventiva, um caráter ético-social. Essa função ético-social se concretiza na seleção de 
bens jurídicos a serem tutelados pela norma penal, com atenção aos valores da ética e 
da sociedade que estão presentes do Direito Positivo, ou seja, nas leis. O valor de cada 
bem jurídico é analisado em conjunto com os demais, o que forma a ordem social. Essa 
função do Direito Penal busca manter o vínculo ético-social, garantindo os valores e a 
segurança da sociedade, reagindo contra aqueles que os violam. Com a proteção dos 
valores de natureza ético social, tutelam-se os bens jurídicos, possibilitando assim que 
o Direito Penal cumpra outra função sua, a preventiva. Essa função busca evitar 
comportamentos nocivos aos valores da sociedade, almejando a segurança da vida em 
comunidade. 
Ademais, há a corrente de pensamento denominada Funcionalismo, que também se debruça sobre a função 
efetivamente desempenhada pelo Direito Penal na atualidade. Cuida-se de teoria que trata da própria 
concepção do delito, contrapondo-se ao finalismo em elementos estruturais. 
O funcionalismo, como teoria do delito, busca compreender o Direito Penal não a partir de realidades 
ontológicas prévias, como ação e causalidade, mas sim pelas finalidades buscadas por referido sistema 
jurídico. 
Apesar de o funcionalismo ser uma concepção de todo o Direito Penal a partir da função de suas normas, 
sendo denominado por alguns de pós finalismo, o estudo separado do finalismo tem por fim destacar que 
não se trata de teoria da conduta (ou da ação). Entretanto, assim como as teorias da conduta (como o 
finalismo e o causalismo), o funcionalismo muda a concepção de estrutura de crime e a visão da Ciência do 
Direito Penal como um todo. 
Há duas subdivisões do funcionalismo: 
 
5.1 FUNCIONALISMO SISTÊMICO OU RADICAL 
 
O Funcionalismo Sistêmico ou Radical possui base na teoria de Niklas Luhmann, que trata dos sistemas. 
Segundo Luhmann, de forma bastante resumida, o Direito é um sistema autopoiético, ou seja, possui suas 
próprias unidades de reprodução. Isto quer dizer que o Direito produz e reproduz cada um dos seus 
elementos. Deste modo, o Direito resolve os conflitos, mas também os produz, ao ser base para reclamação 
de um direito quando há sua violação. Da mesma forma que soluciona a lide sobre o dano causado por uma 
ex-mulher no veículo do ex-marido, ele é a base para que, no outro dia, um vizinho que teve seu carro 
intencionalmente atingido por outro, após uma discussão, possa noticiar o fato ao delegado e, 
posteriormente, iniciar uma nova ação penal. Prosseguindo, o sistema possui um código, o qual define o 
que é lícito e o que é ilícito (infração penal), o que implica em um fechamento operacional. Por outro lado, 
existe uma abertura, que é cognitiva (de conhecimento), pois o sistema define o lícito e o ilícito de acordo 
com a realidade social, que está fora do próprio sistema. 
Feita esta breve introdução sobre as bases do funcionalismo sistêmico, devemos ter em mente que, para 
ele, conceitos como o de conduta e de causalidade não têm um conteúdo pré-jurídico, não são realidades 
prévias. Na verdade, tais conceitos devem ser determinados nos termos das necessidades do ordenamento 
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jurídico. A atribuição de um resultado ao agente, portanto, não deve ser analisado apenas do ponto de vista 
da causação material, mas por meio da imputação objetiva, com conteúdo jurídico. 
Em suma, a função precípua do Direito Penal é a proteção da norma por si mesma, e não a proteção dos 
bens jurídicos. Há, portanto, uma mitigação da relevência do bem jurídico, que deixa de ter importância 
nuclear e de ser critério norteador do poder punitivo e sua limitação. O crime representa um desvalor para 
a sociedade, por ser um comportamento contrário à identidade normativa do grupo social. Cuida-se de uma 
falta de fidelidade com o direito. 
O Direito Penal, portanto, aplica suas sanções para manter a confiança em sua efetividade. A partir daí, é 
possível visualizar os indivíduos que reiteradamente descumprem a norma penal, desviando-se dela. Devem 
ser vistos como inimigos e como tais combatidos, não sendo mais tratados como cidadãos. Daí a 
denominação Direito Penal do Inimigo, com normas específicaspara referida classe de indivíduos. 
Os criminosos de alta periculosidade, devem ser tratados, deste modo, como inimigos do 
Estado. Só se reserva a efetiva observância das garantias penais e, portanto, um Direito 
Penal do Cidadão, aos indivíduos que praticam infrações penais com menor ofensividade, 
aqueles que não possuem alta periculosidade. Como exemplos de criminosos de alta 
periculosidade, podem ser citados os que praticam terrorismo, crimes econômicos, 
delitos sexuais e os que integram organização criminosa, dentre outros. São considerados 
pessoas que não possuem capacidade de obedecer à norma penal, de serem destinatários das regras legais 
de convivência. Possuem déficit cognitivo quanto à compreensão da coerção que decorre das normas 
penais, ou, de forma mais simples, não absorvem a ameaça de pena, como os cidadãos comuns fazem (o 
que os impede de cometer crimes, ao menos em quase todas as oportunidades). 
O Direito Penal do Inimigo se relaciona com a terceira velocidade do Direito Penal, nos termos da teoria do 
Professor Jesús Maria Silva Sanchez5. A doutrina aponta como decorrência desta teoria um expansionismo 
de referido ramo, tendente a um “Direito Penal máximo”. 
Seu principal defensor é o jurista Günther Jakobs. 
 
5.2 FUNCIONALISMO TELEOLÓGICO OU MODERADO 
Funcionalismo teleológico ou moderado: busca substituir os valores culturais da teoria neokantiana da 
conduta por outro critério de sistematização, consistente nas bases da política criminal a respeito dos fins 
da pena. Seu grande expoente é o jurista Claus Roxin. 
Preconiza que só há crime quando há a criação de um risco proibido, do qual decorra o resultado criminoso. 
Advém desse pensamento a sua concepção de teoria da imputação objetiva. A imputação do resultado 
deixa de se basear em categoria científico-natural (causa e efeito) para ter por base um conjunto de regras 
que se volta à valoração jurídica, ou seja, passa a ter conteúdo jurídico. O fundamento teleológico de se 
imputar um resultado concentra-se na realização de um perigo não permitido, conforme se depreende do 
que a norma visa a proteger. 
 
5 SANCHES, Jesús María Silva. La expansión del Derecho penal. 3ª ed. : Edisofer s.l, Madrid, 2011, p. 178-188. 
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Entende-se, assim, que a função do Direito Penal é proteger os bens fundamentais da sociedade, 
considerados assim os que representam os valores essenciais à convivência do grupo social. Deve-se atenção 
ao princípio da intervenção mínima, considerando-se como delituosos apenas os fatos que causem lesão ou 
perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. 
Ademais, não se deve considerar delito a conduta apenas formalmente típica, sendo necessário se analisar 
se houve também tipicidade material, ou seja, significativa lesão ou ameaça de lesão ao bem jurídico. Na 
falta de significativa lesão ou ameaça de lesão, incide o princípio da insignificância, afastando a tipicidade. 
Essa corrente defende a leitura das normas penais de acordo com valores advindos da política criminal, bem 
como com a observância das garantias e dos direitos fundamentais dos indivíduos. Reduz-se, portanto, o 
alcance da tipicidade, com a visão de que as sanções penais não devem ser a solução para todo 
comportamento indesejado pela sociedade, por ser o Direito Penal a chamada ultima ratio. 
Quanto à abrangência do nexo causal, Roxin defende a adoção da teoria da 
imputação objetiva que, de modo bastante sucinto, entende que só pode ser 
considerada causa do crime a conduta que representa a produção de um risco 
proibido ao bem jurídico tutelado. Deste modo, apenas quando o agente age ou se 
omite e, com isso, coloca o bem jurídico protegido pela norma penal em perigo, de 
modo que contrarie o ordenamento jurídico, pode-se falar em nexo causal. 
Com fundamento nessas considerações, fica questionável a admissão dos crimes de perigo abstrato, ou seja, 
aqueles cujo perigo apresentado ao bem jurídico é presumido, não necessitando de provas de sua 
ocorrência para a configuração do delito. 
Roxin entende que o finalismo teve como contribuição a compreensão do elemento subjetivo como parte 
da conduta, e não da culpabilidade. Entretanto, de modo bastante crítico, parece reconhecer que a 
contribuição de referida teoria termina aí, já que não resolveria os problemas do Direito Penal com base na 
compreensão de que ação humana é o exercício de atividade final. 
Para o eminente jurista alemão, é necessário que se aceite que o Direito Penal seja permeado pela política 
criminal, ou seja, que haja influência da realidade, com percepção efetiva da função preventiva da pena em 
cada caso concreto, na dogmática de referido ramo do Direito. Teríamos como exemplo disso a possibilidade 
de perdão judicial no caso de homicídio culposo, quando as consequências do delito para o agente são tão 
gravosas que a pena se torna desnecessária para ele. 
A compreensão de tal teoria sobre crime seria a de injusto e de responsabilização penal, necessários para 
a imposição da pena. O injusto seria a aglutinação das ideias de fato típico e da ilicitude. O injusto, ainda, 
deve ser analisado com um critério de política criminal, consistente na imputação objetiva. 
A responsabilidade, por sua vez, envolveria a ideia de culpabilidade e o critério de política criminal 
consistente na necessidade preventiva da punição. Para Roxin, a culpabilidade é condição necessária para a 
imposição da pena, mas não condição suficiente. Além da culpabilidade, é necessário analisar se a pena é 
necessária naquele caso, considerando a sua finalidade preventiva. 
A concepção de culpabilidade para Roxin é a realização do injusto apesar da idoneidade do agente para ser 
destinatário de normas e da capacidade de autodeterminação que daí deve decorrer. Ele denomina sua 
visão da teoria do delito de concepção de sistema normativo (campo do dever ser), que não seria 
meramente ontológico (campo do ser), como o finalismo. 
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Em linhas gerais e de modo bastante resumido, este seria o denominado funcionalismo teleológico, que 
pode ser visualizado, em linhas bem gerais, no seguinte esquema gráfico: 
 
 
 
 
(VUNESP/TJ-RJ/Juiz de Direito/2016) Assinale a alternativa que indica a teoria do Direito Penal que está 
intimamente ligada à seguinte ideia: “a estruturação do Direito Penal não deve se basear em uma realidade 
ontológica, devendo ser mitigada a função do bem jurídico como pressuposto e critério norteador para a 
intervenção penal". 
a) Constitucionalista. 
b) Clássica. 
c) Finalista. 
d) Funcionalista. 
e) Garantista. 
Comentários: 
A alternativa D é o gabarito da questão. Como todas as teorias já foram abordadas no Curso, não as 
abordaremos todas. 
O enunciado se relaciona à mitigação da importância do bem jurídico, o que é feito por uma vertente do 
funcionalismo, a sua concepção radical ou sistêmica. Entende-se que a função das normas penais é garantir 
a sua própria validade, não devendo se nortear pela tutela dos bens jurídicos mais relevantes da sociedade. 
 
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6. TEMAS DE EXECUÇÃO PENAL 
No âmbito da teoria geral das penas, analisam-se suas espécies, sua aplicação, suas características, sua 
cominação e sua execução. Entretanto, alguns temas de execução penal ainda devem ser estudados, o que 
será feito a seguir. Sem esgotar o tema do Direito Penal Especial (legislação penal extravagante), tratado em 
outra disciplina, devemos passar por alguns tópicos de execução penal, importantes para a compreensão 
deste estudo da Parte Geral do Código Penal, que estamos em vias de finalizar. 
 
6.1 DETRAÇÃO 
A detração consiste no cômputo,

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