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O que fazer? Você tem tempo? Podemos conversar? Introdução Meu contato com autismo não se deu por meio acadêmico. Eu sou professora e estava dando aula em uma escola particular de Educação Infantil (maternal 1 Crianças de 2 anos de idade) e não entedia o comportamento de um aluno com 2 anos matriculado no maternal 1 que sempre chorava e batia a cabeça no chão. Ele também não falava e eu não entendia o seu comportamento e com o passar do tempo veio o diagnóstico de autismo. Eu não sabia o que fazer e nem como proceder. Devido a esse aluno resolvi fazer a pós-graduação de Psicopedagogia na FAVENI, depois iniciei a pós-graduação em Intervenção ABA para autismo e deficiência intelectual no CBI OF MIAME/ CELSO DE LISBOA e Neuropsicopedagogia na POSFG. Continuei estudando fazendo cursos livres para me atualizar e quando percebi já estava atuando na área como psicopedagoga na Clínica SaberPsic com a Doutora Andreia Matias. 3 A história do autismo Léo Kanner O primeiro médico psiquiatra falar de autismo foi Leo Kanner em 1943, que observou onze crianças e escreveu o artigo “Os transtornos autistas do contato afetivo”. Durante essas observações tiveram peculiaridades das dificuldades das interações sociais, boa memória, sensibilidade aos estímulos, alergias aos alimentos, ecolalia, entre outras. É importante acentuar que na década de 60 esse médico falou sobre o conceito de “mães geladeira”, pois, o autismo foi considerado um transtorno emocional, onde os pais seriam incapazes de oferecer amor suficiente para seus filhos, e tendo pouco contato afetivo, e como consequência as crianças sofreriam graves alterações no desenvolvimento. Essa hipótese não tinha comprovação empírica, portanto esse conceito se mostrou falso. 4 Hans Asperger Hans Asperger médico vienense, pouco tempo depois de Kanner publicou suas observações feitas com mais de 400 crianças em 1944: “A psicopatia autista na infância”. As observações de Aspeger foram publicadas em alemão, e como Kanner e Asperger não se conheciam isso colaborou por mais um tempo de obscurantismo sobre o autismo, até a década de 80. Lorna Wing Na década de 60, a psiquiatra Lorna Wing descreveu os sintomas do autismo: Dificuldade de socialização, dificuldade de comunicação e interesses restritos e estereotipados. A intenção da divulgação dos sintomas é mostrar 5 que toda pessoa que apresentar essas características podendo ser com mais ou menos intensidades faz parte do espectro autista. Lorna Wing tinha uma filha autista com quadro que foi nomeado como Síndrome de Aspeger (são autistas que não apresentam grave atraso na aquisição da linguagem e/ou aptidões cognitivas). 6 As causas do autismo Existem múltiplas causas para o autismo. Em torno de 81% das causas do autismo é genético herdado que pode ser variáveis por parte da mãe, do pai ou a soma de variantes dos dois. Então, eles podem ter variantes genéticas que essa criança herdou. Outra causa do autismo não é herdado por volta de 18%. Não herdou nem do pai e nem da mãe, mas a criança tem. Mas como? Assim como todas as espécies nós também vivemos em mutação genética e em uma dessas mutações pode acontecer o que é chamado de mutação Denovo. Uma das causas dessas mutações é a idade dos pais. Quando os pais têm mais de 35 anos há grande probabilidade de acontecer mutação, isso se deve ao fato da perda de material genético no caso da mãe ou do tecido que produz o material genético no caso do pai. Existe uma relação entre ambiente e genética. Mas quando se fala em ambiente não está se referindo ao ambiente onde se vive e, sim do ambiente dentro do ventre da mãe durante a gestação, ou seja, no útero. E nesse caso, temos o Ácido Valproico que é um anticonvulsivante e estabilizador de humor usado no tratamento de epilepsia, convulsões, transtorno bipolar e enxaqueca e temos também infecções e essa causa se dá em torno de 1% a 3%. Link dos estudos de causa do autismo: Texto em português: https://tismoo.us/destaques/pesquisa-confirma-que-autismo-e- quase-totalmente-genetico-81-e-hereditario/ Artigo de 2019: https://jamanetwork.com/journals/jamapsychiatry/article- abstract/2737582 Artigo de 2017: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28973605 Artigo de 2010: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20686188 https://www.youtube.com/redirect?redir_token=QUFFLUhqblZKczlOZ3B1MzZCNF8wdmFLdWNXNnIxUEpYQXxBQ3Jtc0tuN2ppc09TeUxpRmF1ZUZBaUdaS3ZOa3lId1J4a08yaXBrUG9UQ3l3M3FBSWt0c1Q1RmRoaUMta0s2S3ctRzg4MEUwaFg4THQtYk9UVENMWFRLcVhpWVZqLXRHOHc0aTlueWs3MnN4dGNSWGZwQ2dDZw%3D%3D&stzid=UgzdVlZ-W75GVnFkqWJ4AaABAg.8xmVVMFNuwQ8xm_sn4u9Xa&q=https%3A%2F%2Ftismoo.us%2Fdestaques%2Fpesquisa-confirma-que-autismo-e-quase-totalmente-genetico-81-e-hereditario%2F&event=comments https://www.youtube.com/redirect?redir_token=QUFFLUhqblZKczlOZ3B1MzZCNF8wdmFLdWNXNnIxUEpYQXxBQ3Jtc0tuN2ppc09TeUxpRmF1ZUZBaUdaS3ZOa3lId1J4a08yaXBrUG9UQ3l3M3FBSWt0c1Q1RmRoaUMta0s2S3ctRzg4MEUwaFg4THQtYk9UVENMWFRLcVhpWVZqLXRHOHc0aTlueWs3MnN4dGNSWGZwQ2dDZw%3D%3D&stzid=UgzdVlZ-W75GVnFkqWJ4AaABAg.8xmVVMFNuwQ8xm_sn4u9Xa&q=https%3A%2F%2Ftismoo.us%2Fdestaques%2Fpesquisa-confirma-que-autismo-e-quase-totalmente-genetico-81-e-hereditario%2F&event=comments https://www.youtube.com/redirect?redir_token=QUFFLUhqbWwwMkItQU5PemhOUW5wWDc3eFhrcE95ZEVUZ3xBQ3Jtc0tsa0RYck5MdHVkR0pERVZCQnVfckN1Y21IbURsd3RheWlnM2psMEV3aXM5UGsxemwwdGMtd3JTUGpiQTJZcTlRSFdjODItRnNjcUlaWHhfWUMzVVM5dThJMFVMZG9uQm5Nd3V2YklJUDYyU1ZoMXRIRQ%3D%3D&stzid=UgzdVlZ-W75GVnFkqWJ4AaABAg.8xmVVMFNuwQ8xm_sn4u9Xa&q=https%3A%2F%2Fjamanetwork.com%2Fjournals%2Fjamapsychiatry%2Farticle-abstract%2F2737582&event=comments https://www.youtube.com/redirect?redir_token=QUFFLUhqbWwwMkItQU5PemhOUW5wWDc3eFhrcE95ZEVUZ3xBQ3Jtc0tsa0RYck5MdHVkR0pERVZCQnVfckN1Y21IbURsd3RheWlnM2psMEV3aXM5UGsxemwwdGMtd3JTUGpiQTJZcTlRSFdjODItRnNjcUlaWHhfWUMzVVM5dThJMFVMZG9uQm5Nd3V2YklJUDYyU1ZoMXRIRQ%3D%3D&stzid=UgzdVlZ-W75GVnFkqWJ4AaABAg.8xmVVMFNuwQ8xm_sn4u9Xa&q=https%3A%2F%2Fjamanetwork.com%2Fjournals%2Fjamapsychiatry%2Farticle-abstract%2F2737582&event=comments https://www.youtube.com/redirect?redir_token=QUFFLUhqbjUyVGozWmhwTVZ6cXNoUFBIOWRJMnVOM2NoZ3xBQ3Jtc0trdnk0QUotb2w4akx4S2tQX0hvbUJIWjFhRHZuaVkxM2pJSFZrZV9CUG1CTzhMTy1QcDdNYXVUeHcwTUdsNjFCeEFrSzd3bXJxVmNtb2NUQi02a2pXMXlzVUZ3cktzR1luc2d2R1RXNks5eHZTa1poRQ%3D%3D&stzid=UgzdVlZ-W75GVnFkqWJ4AaABAg.8xmVVMFNuwQ8xm_sn4u9Xa&q=https%3A%2F%2Fwww.ncbi.nlm.nih.gov%2Fpubmed%2F28973605&event=comments https://www.youtube.com/redirect?redir_token=QUFFLUhqa1pLc2MycE82WmhwX2h4TjloUTBSN3dlZjZqd3xBQ3Jtc0tsdlBlTjVRQ3VkUkFpQWJBb3JCZmZMMGg1bjZWNUladC1IYXd3bDhncTUxR2hhVDgxOXBDalUzU2szQXY5M0l6Vlh6Mk42OXIwUzJ5aWZFMm9HaGQ5OFpjaWZoLW5OcTFvNW9Ldy1CU2djemNsQ3JrNA%3D%3D&stzid=UgzdVlZ-W75GVnFkqWJ4AaABAg.8xmVVMFNuwQ8xm_sn4u9Xa&q=https%3A%2F%2Fwww.ncbi.nlm.nih.gov%2Fpubmed%2F20686188&event=comments 7 Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais (DSM) IV Hoje temos a impressão de uma epidemia autística, pois vemos muitos casos de autismo e parece que a curva aumentou. Mas o que realmente mudou foi o diagnóstico. Então, em 1994 no DSM VI veio à definição do autismo já com a tríade de dificuldade de socialização, dificuldade de comunicação e interesses restritos e estereotipados e com várias possibilidades de classificação como: Síndrome de Rett; Transtorno ou Síndrome de Aspeger; Transtorno Desintegrativo da Infância; Transtorno Invasivo do Desenvolvimento; Na última versão do DSM (V), em 2013 ficou definido como Transtorno do Espectro Autista (TEA) ou Perturbação do Espectro Autista (PEA) dividido em níveis 1, 2 e 3 ou leve, moderado e severo, havendo mudança também na tríade que passoua ser uma díade, pois comunicação e interação foram unidas em um único tópico e passou a ser comunicação social. O que distingue os níveis? De acordo com o DSM 5 a distinção dos níveis depende do quanto de apoio a pessoa precisa. Nível 1 “exigindo apoio”, Nível 2 “Exigindo apoio substancial” e Nível 3 “exigindo apoio muito substancial”. Conclui-se que o critério é o apoio necessário e não a gravidade dos sintomas, apesar de um estar ligado ao outro. 8 Analisando díade Comunicação social: O ser humano desde bebê já socializa, o primeiro grupo do qual se faz parte é o familiar, depois tem o escolar, a religião, a criança procura fazer amigos e na adolescência quer participar de um grupo, ser líder, é assim que se aprendem as regras de convivência em sociedade e com o tempo tem o grupo social e como consequência o grupo profissional e nesse contexto tem os relacionamentos afetivos, casamentos e filhos. O autista tem dificuldades de socialização. Alguns com níveis mais severos e outros com níveis mais sutis. E as crianças com níveis mais sutis acabam passando despercebidas, algumas são tidas como “tímidas” outras como “nerds”, mas essas crianças na verdade têm traço do espectro autista que está mascarado por ter uma nuance muito sutil. Enquanto crianças com níveis mais severos são percebidos com mais rapidez. Em plena era digital, era da comunicação rápida com celular, computador, tablets, televisão, entre tantas formas de se comunicar, para os autistas a comunicação é bem mais difícil, tanto na linguagem verbal que é a escrita, quanto na linguagem não verbal que podem ser símbolos ou sinais como placas; sinais corporais, expressão facial, um sorriso, uma careta, por exemplo, as cores de um semáforo, uma placa de silêncio num hospital ou até mesmo uma placa de trânsito indicando a velocidade máxima permitida. Quando bebê, o cérebro capta as informações através dos cinco sentidos: tato, olfato, paladar, visão e audição, sendo assim realizada a aquisição da aprendizagem. O bebê se comunica pelo choro, balbucio, sorriso e interagem com os pais ou cuidadores, com isso, desde cedo ele aprende a se comunicar por expressões faciais, corporais e com os tempos verbais. No caso de crianças autistas o sorriso da mãe não causa tanto efeito, como a troca de olhares entre mãe e filho durante a amamentação. Tem crianças autistas com dois anos de idade que falam poucas palavras e não formam frases e nessa fase aumenta a preocupação dos pais, outras conseguem pronunciar palavras perfeitas e tem casos que nem respondem quando são chamadas, parece não ouvir. 9 Interesses restritos e estereotipados: O autista não segue um padrão de comportamento, todos nós seguimos comportamentos de acordo com a cultura em que estamos inseridos, mas para o autista não é assim, não existe um padrão definido. Para alguns que são mais agitados correr, saltar, pular é algo comum no dia a dia são movimentos realizados sempre da mesma forma, parecem não seguir ordens, não ouvir. É sempre como eles querem. Muitas vezes os responsáveis acham que a criança tem hiperatividade quando na verdade é autismo, confundem a agitação. Para outros o interesse por algum assunto é o que mais chama atenção, ficam conhecidos como “geniozinho”. Pois sabem tudo de um determinado assunto. Nesses casos a criança está muito restrita a um assunto e não se interessa por outros temas. Uma pessoa considerada “normal” consegue controlar sua vontade de terminar de estudar sobre um determinado assunto e assim, pode dividir sua atenção para outras atividades. Para um portador de TEA é muito difícil dividir sua atenção em várias atividades e esse comportamento trará um prejuízo em outras áreas na sua vida. Há casos ainda de muito apego a rotina. Querer que todos os dias sejam iguais, querem usar a mesma roupa, comer a mesma comida, fazer as mesmas atividades, assistir os mesmos programas ou desenhos, ou seja, seguir uma rígida rotina que dificulta a programação de uma família. Por viverem no seu “mundinho” muitas vezes não entendem por que estão sendo repreendidos ou por que o mundo parece tão abstrato já que eles entendem mais o concreto. 10 Entendendo o diagnóstico Tire as dúvidas com um médico. Não tenha vergonha Estude e pesquise sobre o tema Mas antes de tudo procure um amigo ou profissional de sua confiança e desabafe. É importante você está bem para ajudar seu filho Converse com outras famílias que passam pelo mesmo Procure sobre as formas de tratamento 11 SOFRER, CHORAR E UM TEMPO PRA PENSAR.... PERMITA SE... SONHAR DE NOVO, CONSTRUIR UM MUNDO NOVO, UM NOVO FUTURO... 12 LUANNA MOTTONI ROCHA Coordenadora de Instituto Alpen Pedagoga Psicopedagoga Me siga nas redes sociais https://www.facebook.com/mottoni.Luanna @luannamottoni https://www.facebook.com/mottoni.Luanna https://www.instagram.com/luannamottoni/