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AO JUÍZO TRABALHISTA DA ª VARA DO TRABALHO DE RIBEIRÃO PRETO/SP Processo n.º FAZENDA PAVÃO LTDA, devidamente inscrita no CNPJ , estabelecida na alameda , n° , Zona Rural, Ribeirão Preto/SP CEP, por seu procurador advogado que esta subscreve, com endereço profissional na rua , n° , bairro, cidade, estado, CEP, onde deverá receber intimações (procuração em anexo), vem respeitosamente apresentar: CONTESTAÇÃO com base nos artigos 847 da CLT c/c o art. 300 do CPC, nos autos da Reclamação Trabalhista proposta por MARCELO, já devidamente qualificado nos autos, consubstanciado nos motivos de fato e de direito a seguir expostos: I – DA SÍNTESE DA INICIAL O reclamante ajuíza ação trabalhista suscitando, em suma, ter sido contratado pela reclamada na função de serviços de serviços gerais, no período de 10 de fevereiro de 2017 a 10 de janeiro de 2020, quando dispensado, ocasião em que recebia o salário mensal de R$ 1.200,00 (hum mil e duzentos reais). Durante o tempo em que permaneceu como empregado, o reclamante tinha jornada de trabalho das 7h às 17h durante a semana – segunda a sexta e intervalo intrajornada de 00:30h/dia. O reclamante pleiteia o pagamento das verbas alinhadas na exordial, tais como os pedidos sobre os valores referente a rescisão sem justa causa, horas extras cumulado com horas in itinere, contribuições previdenciárias e condenação pelas multas de atraso previstas nos arts. 467 e 477 da Consolidação das Leis Trabalhistas. Por último, o reclamante requer a concessão da Justiça Gratuita e o pagamento de honorários de AJG em favor de seu patrono. II DA INDEVIDA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA Pelo que se depreende da documentação juntada à inicial, o RECLAMANTE apenas declarou ser pobre nos termos da lei para auferir os benefícios da Assistência Judiciaria Gratuita. Todavia, a instituição da Reforma Trabalhista pela Lei 13.467/17 concedeu nova redação ao Art. 790 da CLT, dispondo de critérios mais objetivos para a concessão da Gratuidade de Justiça. Segundo o texto legal, o benefício da justiça gratuita será concedido somente nos casos em que evidenciado que o salário é igual ou inferior a 40% do limite máximo dos benefícios do RGPS ou mediante demonstração de insuficiência de recursos para o pagamento das custas processuais. No presente caso, não há qualquer prova sustentadora dos requisitos acima elencados demonstrados pelo Autor, devendo ser revogada a concessão da gratuidade de justiça, conforme precedentes sobre o tema: GRATUIDADE DA JUSTIÇA – Necessidade de comprovação de insuficiência de recursos – Não demonstração – Precedentes do STF e STJ – Recurso desprovido. (TJ-SP 21850862020178260000 SP 2185086- 20.2017.8.26.0000, Relator: Alcides Leopoldo e Silva Júnior, 2ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 18/02/2018). Além disso, conforme entendimento uniforme e pacificado, entende-se que incumbe ao Autor o ônus da prova de sua insuficiência econômica: GRATUIDADE DE JUSTIÇA. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA HIPOSSUFICIÊNCIA ECONÔMICA. Segundo os termos da nova redação do § 3º do artigo 790 da CLT, cabe à parte que alega a incapacidade financeira para o pagamento das custas, o ônus da prova da situação de penúria, do qual, contudo, não se desvencilharam as recorrentes. (TRT-2 10009172420195020432 SP, Relator: Sonia Maria Forster do Amaral, 2ª Turma - Cadeira 3, Data de Publicação: 14/07/2020) O que não fora apresentado na referida inicial. Requer-se, portanto, a não concessão da Assistência Judiciária Gratuita (AJG) para o réu pelos motivos fáticos e jurídicos acima expostos. III – DO MÉRITO a) Dispensa sem justa causa decorrente de força maior É de notório conhecimento que, em razão da Pandemia do vírus SARS-Cov-2 “coronavírus” – COVID-19, houve uma completa mudança no cenário econômico mundial, acarretando em diversas implicações para a exportação e importação de insumos entre os países que mantinham fortes relações jurídicas e comerciais. A RECLAMADA em questão, é empresa rural voltada ao ramo alimentício (anexo 2) e possuía a grande parte do seu lucro com a exportação de seus alimentos agrícolas para o continente Asiático, mais especificamente para a China. No final do ano de 2019, o país asiático recebeu a informação do primeiro caso da doença no território e poucas semanas depois veio a decretar estado de calamidade pública pois o vírus teve contágio excessivo em pouco tempo. Por essa razão, a China suspendeu grande parte dos contratos internacionais vigentes – incluído o que mantinha com a Fazenda Pavão (anexo 3); o que gerou uma grande instabilidade financeira para a empresa e a falta de recursos para arcar com suas obrigações contratuais com os cujos funcionários. A CLT preceitua em seu artigo 501 o conceito de “força maior”, o que no presente caso é irrefutável a sua constituição e decorrente de tal fato, o artigo subsequente estabelece a redução pela metade do pagamento das verbas rescisórias, assim quando comprovado a força maior: Art. 501, CF/88 - Entende-se como força maior todo acontecimento inevitável, em relação à vontade do empregador, e para a realização do qual este não concorreu, direta ou indiretamente. § 1º - A imprevidência do empregador exclui a razão de força maior. § 2º - À ocorrência do motivo de força maior que não afetar substancialmente, nem for suscetível de afetar, em tais condições, a situação econômica e financeira da empresa não se aplicam as restrições desta Lei referentes ao disposto neste Capítulo. Art. 502 - Ocorrendo motivo de força maior que determine a extinção da empresa, ou de um dos estabelecimentos em que trabalhe o empregado, é assegurada a este, quando despedido, uma indenização na forma seguinte: I - sendo estável, nos termos dos arts. 477 e 478; II - não tendo direito à estabilidade, metade da que seria devida em caso de rescisão sem justa causa; III - havendo contrato por prazo determinado, aquela a que se refere o art. 479 desta Lei, reduzida igualmente à metade. Não há dúvidas que o caso em questão se enquadra na situação de força maior, legitimando assim as medidas adotadas, pois com a rescisão do maior contrato da empresa, esta viu-se a beira da extinção jurídica de sua personalidade e atividade empresarial. A paralisação das atividades impactou negativamente na economia e afetou diretamente diversos segmentos empresariais e diante das sérias dificuldades financeiras, a Reclamada viu-se obrigada a rescindir os contratos de trabalhados com seus empregadores pois não teve mais condições de manter-se em atividade empresarial naquele estabelecimento. Insta ressaltar que a Reclamada não agiu com culpa ou dolo na demissão do Reclamante, visto que não era algo que estava nos planos da empresa, mas que foi fato superveniente infeliz que pegou a todos com surpresa e gerou a extinção da atividade do estabelecimento no qual o Reclamante prestava seus serviços. Ante o exposto, a empresa reconhece que se absteve dos compromissos e obrigações como empregadora e demitiu o Reclamante sem nenhum dos justos motivos previstos no artigo 482 da CLT, porém vem perante a V. Excelência requer que seja considerado e aplicado o instituto supracitado decorrente de força maior, o não reconhecimento da aplicação das multas previstas nos artigos 467 e 477 da CLT e seja concedida a redução de 50% dos valores referentes a verbas rescisórias não contestadas na presente peça de defesa, quais sejam: saldo de salário; DRS; férias; 13º; FGTS; aviso prévio indenizado e horas it itinere. b) Supressão do intervalo intrajornada Previamente, cumpre salientar que, no que tange ao pedido do Autor sobre o pagamento de horas extras devido a supressão do intervalo de descanso inferior à 1 (uma) hora, este, decorreu de intensa negociação com o sindicato dos trabalhadores, integrando um contexto mais amplo de concessões recíprocas e que orientam definições como piso e reajuste salarial. O reclamante foi contratado para laborar no horário de 07:00h às 17:00h,de segunda à sexta. E, diferentemente do alegado na exordial, a alteração da jornada de trabalho é amparada por norma coletiva, podendo sim ter o horário intrajornada diminuído conforme nova redação do artigo 611-A, III da Consolidação das Leis Trabalhistas. Portanto, não se configura supressão ou redução indevida, pois há norma coletiva que ampara e respeita o tempo mínimo determinado por lei. Dessa forma, requer-se a desconsideração da condenação ao pagamento referente as horas do intervalo intrajornada. c) Horas extras É fundamental atentar que da média de horas extras informadas na inicial, tem- se, segundo a tese do reclamante, que este teria laborado por mais de 01h extraordinária por dia e alega que trabalhou durante todo o vínculo com a reclamada no horário das 07h às 17h. Destaca-se, por absolutamente necessário, que o reclamante não suscitava labor aos sábados e domingos, o que reflete na compensação das horas/dia das atividades laborais. Visto que, considerando a jornada de trabalho das 07h às 17h – de segunda a sexta, com o intervalo convencionado de 00:30h; o expediente trabalho será de 47:30h/semanais e não o alegado pelo reclamante de 51:30h pois pleiteia o adicional de 1:30h/dia extraordinária. Dessa forma, na eventualidade de a reclamada vir a sucumbir quanto a tal pedido, merece, de pronto, serem as verbas calculadas levando-se em consideração o real valor do proveito econômico pretendido ou deferido, e não o absurdo montante inserido pelo requerente. d) Honorários sucumbenciais Considerando a complexidade da presente demanda, bem como o dispêndio de conhecimento e tempo utilizados com a finalidade de manutenção do direito, com fulcro no Art. 791-A, do Código de Leis Trabalhistas, requer-se sejam fixados honorários referentes às verbas sucumbenciais no patamar máximo de 15%, em cima do valor da causa, com as suas devidas atualizações. e) Das provas Protesta provar o alegado por todos os meios em Direito admitidos, mormente pelo depoimento pessoal do Reclamante, sob pena de confissão, oitiva de testemunhas e demais provas que se fizerem necessárias, desde já requeridas. f) Gratuidade de justiça a pessoa jurídica Diante o exposto, com a extinção da atividade empresária em um dos estabelecidos da Reclamada, é evidente a falta de recursos financeiros da empresa para arcar com as custas processuais. Portanto, requer-se a concessão do benefício da AJG em favor da reclamada pelos motivos e fundamentos já supracitados. VII – DOS PEDIDOS Ante o exposto, requer a Vossa Excelência: 1. O recebimento da presente contestação, acolhendo ao pedido de indeferimento da concessão da AJG em favor do reclamante; 2. A improcedência dos pedidos contidos na inicial e contestados na presente oportunidade, condenando o Reclamante ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios; 3. Caso não seja reconhecida a improcedência dos pedidos, que seja considerada em favor da reclamada a minoração da condenação conforme fundamentação realizada; 4. A não aplicação das multas dos artigos 467 e 477 da CLT, visto que o atraso no pagamento das devidas verbas rescisórias não decorreu de dolo ou culpa da reclamada; 5. Postula ainda que em caso de condenação, haja a compensação e dedução de todos os valores já devidamente pagos; 6. A produção de provas por todos os meios admitidos em direito, notadamente a testemunhal, bem como a documental, pericial, depoimento pessoal e todas as demais que se mostrarem necessárias a comprovar o alegado; 7. A concessão da AJG em favor da reclamada pelos motivos da falta condição financeira. Termos em que, Pede deferimento. RIBEIRÃO PRETO, SÃO PAULO, NOME DO ADVOGADO Advogado OAB/SP Nº
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