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Aulas-51-a-60- INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS LINGUÍSTICOS

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FACULDADE DOM ALBERTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS 
LINGUÍSTICOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SANTA CRUZ DO SUL - RS
 
1 
 
1 VARIAÇÕES: A MULTIFORMIDADE DA LÍNGUA 
Em uma linguagem sistemática e coerente podem ocorrer formas diferentes de 
se efetuar a língua, uma vez que variam no espaço – variação diatópica –, no tempo 
– variação diacrônica – e no indivíduo. Ao encontrarmos pessoas de regiões diferentes 
do Brasil, não raro nos deparamos com expressões linguísticas diferentes. Na fala de 
interioranos de São Paulo, por exemplo, o r é retroflexo, como em porta, celular; já na 
região Nordeste temos o uso das vogais o e abertas, como em Rónaldo, semente. 
Segundo CAMACHO (1988) existem múltiplos fatores originando as variações, as 
quais recebem diferentes denominações. Eis alguns exemplos: 
• Dialetos – variações faladas por comunidades geograficamente 
definidas. Idioma é um termo intermediário na distinção dialeto-
linguagem e é usado para se referir ao sistema comunicativo 
estudado quando sua condição a iguala a linguagem. 
• Socioletos – variações faladas por comunidades socialmente 
definidas. É a linguagem padrão estandardizada em função da 
comunicação pública e da educação. 
• Idioletos – é uma variação particular, isto é, o vocabulário 
especializado e/ou a gramática de certas atividades ou profissões. 
• Etnoletos – variação para um grupo étnico. 
• Ecoletos – um idioleto adotado por uma casa. 
É inegável as diferenças que existem dentro de uma mesma comunidade de 
fala. A partir de um ponto qualquer vão se assinalando diferenças à medida que se 
avança no espaço geográfico. Da mesma forma se constatam diferenças dentro de 
uma mesma área geográfica, resultantes das diferenças sociológicas tais como 
educação do indivíduo, sua profissão, grupos com os quais convive, enfim, sua 
identidade. Tudo isso pode interferir e operar como modelador à fala de alguém. 
 
AULAS 51 A 60 
 
2 
 
1.1 Dimensões que Propiciam as Variedades 
 
Fonte: www.adelaidenow.com.au 
 
 Variação Histórica 
A variação histórica acontece ao longo de um determinado período de tempo, 
pode ser identificada ao se comparar dois estados de uma língua. Ao lermos alguns 
textos, na íntegra, do século XVII e XVIII nos deparamos com registros linguísticos 
que diferem com os de hoje. Alguns termos se tornaram obsoletos, outros 
permaneceram, mas com algumas alterações. Como exemplo, citamos o desuso de 
expressões com mesóclise: constatamos sua estranheza quando alguém lê trechos 
bíblicos com uma linguagem mais antiga. Os ouvintes tendem a demonstrar falta de 
familiaridade com esses termos, porém, apesar disto, muitas vezes concebem o teor 
de entendimento; uma vez que incoerências locais não destituem do texto a coerência. 
As manifestações que se operam no sistema linguístico sempre têm origem nas 
necessidades expressivas. O processo de mudança é gradual, não acontece de 
repente. Uma variante inicialmente utilizada por um grupo restrito de falantes passa a 
ser adotada por indivíduos socialmente mais expressivos e ao cair em uso torna-se 
uma norma; a partir daí, temos uma variante como verdade. O novo pode se sobrepor 
ao antigo, assim como os arcaísmos podem se tornar presentes ou por fixar-se na fala 
popular – PRADO MENDES (2000) ao analisar a ausência de artigo definido diante 
 
3 
 
de nomes próprios em algumas regiões mineiras constatou como um caso de retenção 
linguística, isto é, um conservadorismo do português dos séculos XVIII e XIX. 
Assim em (1) e (2) abaixo, dados do português contemporâneo falado nas 
referidas regiões, em que há supressão do artigo definido diante de nomes próprios 
Edmundo e Olinto. (1) “...aquele que é fio (filho) de Edmundo” (e não “filho do 
Edmundo”) (2) “...Luís de Olinto cê cunhece ele? ” (E não “Luís do Olinto”) Este é, 
portanto, resquício de uma forma linguística de períodos anteriores da língua 
portuguesa que não sofreu alterações com o passar dos anos. 
Ou ainda, retornar como fosse algo novo, inédito. Neste caso temos, jovens ao 
desconhecer a existência de algumas palavras ao se depararem com essas, se 
interessam e as lançam em seus grupos sob novo significado ou com o mesmo, mas 
tendo sempre como ideia primária o modismo. A palavra resenha aparece nos 
dicionários como: ato ou efeito de resenhar; descrição pormenorizada; contagem, 
conferência; notícia que abarca certo número de nomes ou fatos similares; recensão. 
Entretanto, na linguagem de alguns jovens apareceu nos anos 90 para descrever 
conversa desnecessária. 
As mudanças no decorrer do tempo podem ser de significado – vazar, além de 
todos os significados encontrados no dicionário, também é usado com o sentido de 
sair furtivamente –; e grafia – êle, todas (perderam o acento), cousa (escrita 
amplamente coisa). Portanto, quanto à dimensão histórica da variação linguística, 
podemos afirmar que possuímos formas diversificadas de nosso falar por ora haver 
retenções de estágios anteriores ou por estarmos mudando o uso dos vocábulos para 
nos adequar a grande evolução temporal. 
 
Variação Geográfica 
O Brasil apresenta um vasto território, caracterizado por regiões geográficas 
diversas. Com isso temos diferentes formas de pronúncia, vocabulário e estrutura 
sintática. Os estudos dialetológicos de caráter científico iniciaram-se no Brasil com o 
Dialeto caipira, de Amadeu Amaral, publicado em 1920. O trabalho de Amadeu Amaral 
teve o mérito de chamar a atenção para a importância e a urgência de uma recolha 
sistemática dos nossos falares, condenados a perecerem pela progressiva nivelação 
cultural. Foi ele quem animou as pesquisas de Antenor Nascentes sobre o linguajar 
carioca (1922) e outras que se lhe seguiram. 
 
4 
 
Entre as divisões propostas em caráter provisório, sobreleva a de Antenor 
Nascentes, fundada em observações pessoais colhidas em suas viagens por todos os 
Estados do País. Antenor Nascentes dividiu o falar brasileiro em seis subfalares que 
reuniu em dois grandes grupos os quais foram chamados de Norte e Sul. 
Basta uma singela frase ou uma simples palavra para caracterizar as pessoas 
pertencentes a cada um destes grupos. Eles estão separados por uma zona que 
ocupa uma posição mais ou menos equidistante dos extremos setentrional e 
meridional do país. Esta zona se estende, mais ou menos, da foz do rio Mucuri, entre 
Espírito Santo e Bahia, até o Estado de Mato Grosso. 
Para Nascentes o falar do Norte e do Sul apresenta traços diferenciadores 
fundamentais: a abertura das vogais pretônicas no Norte em palavras que não sejam 
diminutivos nem advérbios terminados em –mente; a cadência do ritmo frasal, 
“cantada” no Norte, e normal ou descansada no Sul. Estes espaços admitem seis 
subfalares – no Norte: amazônico e nordestino; e no Sul: baiano, fluminense, mineiro 
e o sulista. A variação se manifesta com maior evidência no léxico (vocabulário), nas 
realizações de determinados sons, como o “r”, “o”, “e”, “t” e no ritmo da fala, de maneira 
a distinguir áreas linguísticas e falares. 
Mas no nível semântico também ocorre esta manifestação. Para denominar 
uma planta muito conhecida da família da euforbiácea temos nomeações diversas. 
Cada região uma denominação. Em Minas Gerais é conhecida como mandioca, no 
Rio de Janeiro como aipim e em Pernambuco, macaxeira; evidenciamos, pois, a 
manifestação lexical da sinonímia. É relevante lembrar que tal fenômeno se encerra 
no âmbito geográfico, mas é fundamentado no histórico; uma vez que todas as 
variações provêm da língua indígena tupi, que por um período breve – durante a 
colonização – foi largamente utilizada no país. 
Percebemos que dentro de uma comunidade ampla, formam-se comunidades 
linguísticas menores em torno de centro polarizadores da cultura, política e economia, 
que acabam por definir os padrões linguísticos utilizados na região de sua influência. 
A globalizaçãoé um processo que de certa forma homogeneiza os falares. Uma forma 
expressiva, que antes era própria de uma região do país; hoje, trazida pela mídia 
incorpora-se ao falar de regiões distantes. A expressão “ficar para titia” (ficar 
solteirona, não encontrar casamento) era usada mais na região Sudeste. Nas regiões 
Norte e Nordeste se falava “ficar vitalina” (em alusão à Santa Vitalina) e “ficar no caritó” 
(espécie de prateleira rústica, nas casas pobres, onde são colocados os objetos de 
 
5 
 
pouco uso), com o advento da televisão, hoje “ficar vitalina” e “ficar caritó” são usadas 
mais nas dramaturgias como forma de evidenciar o falar nortista e nordestino. 
A região mato-grossense, por exemplo, Antenor Nascentes a considerava 
incaracterística por ser praticamente despovoada na época em que ele propôs as 
divisões do falar brasileiro. Hoje, essa região está mais povoada e o falar encontrado 
nela é muito parecido com os subfalares mineiro e sulista. Encontramos o “r” retroflexo 
pertinente a tais regiões. Entendemos que as diferenças linguísticas entre as regiões 
são graduais e que nem sempre coincidem com as fronteiras. A definição de áreas 
linguísticas fundamenta a indicação de diferenças e identidades, além de estabelecer, 
pelo confronto, as variáveis sociais ligadas à distribuição espacial. 
 
Variação Social 
A variação social está relacionada a fatores sociais como etnia, sexo, faixa 
etária, grau de escolaridade e grupo profissional. Os vários estudos que enfocam este 
tipo de relação língua/fatores sociais têm privilegiado a variação morfossintática ou a 
morfofonológica. De acordo com RAMOS (1998), na comunidade belorizontina, por 
exemplo, a forma reduzida do pronome pessoal de 3ª pessoa ele para “eis” e “es” 
ocorre com maior frequência e é, portanto, favorecida na fala das pessoas de baixa 
escolaridade, isto é, que têm apenas o 1º grau. 
Fica claro que a variação social não compromete a compreensão entre 
indivíduos, uma vez que alguns momentos de incoerência são sanados pelo contexto 
em que a fala se forma. 
Não é difícil perceber que a norma culta – por diversas razões de ordem política, 
econômica, social, cultural – é algo reservado a poucas pessoas no Brasil; talvez 
porque haja um distanciamento entre as normatizações gramaticais e a obediência 
dos falantes em seguir tais normas. Há uma indagação implícita neste fato: “Existe 
alguma disfunção, alguma impossibilidade de uso da gramática normativa pela grande 
maioria dos falantes? ” ou “Estamos apenas a observar a língua como um fator de 
identidade?” Sendo esse o caso, a língua como referencial humano traria inúmeras 
variações, porque decididamente não somos todos iguais e devido ao meio espacial 
ou social em que estejamos haverá uma tendência da língua em se caracterizar por 
esses agentes, sendo assim, o indivíduo que protagoniza a fala poderá adequá-la a 
seu perfil ou ao grupo a que pertence. 
 
6 
 
Conforme MARTINET (1964) “uma língua é um instrumento de comunicação 
segundo o qual, de modo variável de comunidade para comunidade, se analisa a 
experiência humana em unidades providas de conteúdo semântico e de expressão 
fônica...” Comunidades diferentes vivenciam experiências diferentes e isto se reflete 
nos respectivos sistemas linguísticos: léxico, morfológico e sintático. Um grupo 
acadêmico de uma universidade apresentará uma variedade linguística bem diferente 
de um grupo de vendedores ambulantes do interior do Brasil. Cada qual usará o 
recurso linguístico que lhe foi concebido em seu processo de aprendizagem para 
efetuar a comunicação. 
Do exposto, concluímos que a língua signo/privilegiado de identidade não é um 
instrumento neutro, um contingente meio de comunicação entre os homens, mas 
principalmente a expressão de sua diferença. 
Naro (1976) apresenta um levantamento bibliográfico de estudos de Filologia e 
de Linguística produzidos no Brasil até meados de 1974. Podemos observar que, em 
seu trabalho, a concepção do que é o objeto da Linguística, embora não indicada 
explicitamente, tem como base a abordagem gerativa proposta por Noam Chomsky. 
Para o autor, a Linguística “tenta analisar os fatos de um determinado texto ou dialeto 
de acordo com uma teoria linguística universal, e, ao mesmo tempo, chega a 
conclusões sobre a natureza geral da linguagem que possam ser justificadas pelos 
dados em estudo”. (p.73). Desta perspectiva, o autor exclui “os propósitos ligados ao 
mundo real para os quais a língua é usada e a organização externa que esses 
propósitos possam impor ao uso da língua. Assim, são excluídos a estética do uso 
literário, o simbolismo das narrativas populares, etc.”. (Idem). Para ele, as áreas 
excluídas “são, na verdade, áreas perfeitamente válidas de estudo, mas havendo 
pouca evidência a indicar que seus princípios de organização tenham qualquer 
relação com os da língua, não se justifica destruir a coerência da filologia e da 
linguística incluindo tais áreas em seu âmbito”. (Idem). 
O autor divide o campo da Linguística brasileira em duas correntes que qualifica 
como principais: a norte-americana, derivada das propostas de N. Chomsky, M. Halle, 
colaboradores e opositores, e a francesa que segue as orientações de A. Greimas e 
B. Pottier, principalmente. Apesar da distinção inicial das duas correntes, a concepção 
do autor sobre o que é ou não significativo para a Linguística traz consequências que 
acabam por desconsiderar os trabalhos semânticos de orientação francesa como 
sendo trabalhos linguísticos, reduzindo o escopo desta corrente ao trabalho de apenas 
 
7 
 
um pesquisador. Podemos observar, no trecho abaixo, como estas consequências 
vão tomando forma: 
 “A escola estruturalista francesa, particularmente através de Greimas, 
serviu de base teórica para quase todo o trabalho mais recente em semântica. 
É importante, sob o ponto de vista linguístico, distinguir os trabalhos desta 
orientação que pertencem ao domínio da linguística, isto é, os que se 
concentram na língua ou no seu uso, daqueles que focalizam exemplos 
literários culturalmente estruturados de uso linguístico com propósitos 
representacionais específicos”. (p. 90) 
A partir disto, Naro apresenta suas considerações sobre o desenvolvimento da 
corrente francesa no Brasil: 
 No entanto, o autor tem o cuidado de separar, deste conjunto de trabalhos, a 
produção da autora Lúcia Lobato: 
 “Em contraste com a análise semântica aplicada, o campo da 
semântica linguística pura permaneceu relativamente negligenciado. As 
principais exceções são o trabalho de Kato, (...), e o da professora Lucia 
Lobato, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Esta última, estudiosa 
séria e minunciosa, discípula de Pottier em Paris, organizou recentemente 
um número especial de Littera (nº. 9, 1973) dedicado principalmente a 
analises sêmicas, realizadas por seus alunos segundo o modelo de Pottier, 
de certos grupos de palavras (calçados, objetos luminosos, transportes, etc.) 
do português do Brasil. Entretanto, Lobato teve o cuidado de estimular a 
investigação de outras abordagens, compreendendo o volume também 
análises componenciais (baseadas em Bendix e Bergisch) ”. (p. 93) 
Como consequência, a ênfase maior no levantamento realizado por Naro se 
dá, efetivamente, sobre os trabalhos gerativistas. O autor cita as teses de doutorado 
de Antônio Carlos Quícoli (1972), Mário Perini (1974) e Yonne Leite (1974), todas 
defendidas nos Estados Unidos, e destaca que “embora recentemente tenha se 
realizado grande quantidade de estudos gerativos do português, quase todos ainda 
não estão publicados” (p.90). Como exemplo desta observação, o autor cita o livro de 
Mary Kato, A Semântica Gerativa e o Artigo Definido, que estava no prelo. 
Fora as duas correntes mencionadas, Naro cita a tagmênica, ou gramática 
construtural, além de comentar sobre a existência de “um grande número de 
“carneiros” sem uma posição definida que,a cada momento, são levados pelo vento 
da conveniência”. (p. 88). O autor também menciona a sociolinguística, lembrando, 
dentre outras produções relacionadas a esta área, o “estudo piloto do professor Brian 
F. Head, da Universidade Estadual de Campinas (1973), sobre o contexto social do 
típico r “caipira” na cidade de Franca (São Paulo), publicado em número especial de 
Vozes (nº 8, vol. 67) dedicado à sociolinguística, e contendo também várias 
 
8 
 
contribuições programáticas de outros estudiosos” (p.96). Como se vê, um trabalho 
que não faz parte dos Estudos da Significação. 
Em 1974, na UNICAMP, já havia pelo menos um artigo publicado por Carlos 
Vogt no domínio dos Estudos da Enunciação (que Oswald Ducrot costumava designar 
como Semântica Linguística). Trata-se de “Finalmente Peirce”, publicado em 1973 
pela Revista de Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas. Este artigo, 
além de comentar a respeito da edição brasileira de textos de Peirce, relaciona 
reflexões deste autor com as de outros autores da área da Filosofia da Linguagem 
como Granger, por exemplo, com teorias linguísticas gerativistas, e com propostas de 
Ducrot para as questões sobre sentido e significação. 
O referido trabalho, entretanto, não parece ser muito conhecido, nem para os 
autores que produziram neste domínio de estudos. Nossa suposição se justifica 
porque pôde ser observado em nossa pesquisa que tal artigo muito raramente é 
mencionado em referências bibliográficas. Na verdade, as referências que pudemos 
encontrar foram dadas pelo próprio Vogt. Já em 1974, é publicado o estudo de Vogt 
“A Palavra Envolvente” pelos Cadernos IFCH, mesmo ano da defesa de sua tese de 
doutorado O Intervalo Semântico. Contribuição para uma Teoria Semântica 
Argumentativa. Ainda neste mesmo ano, Rosa Attié Figueira defende sua dissertação 
de mestrado, Verbos Introdutores de Pressupostos, sob orientação de Ducrot e co-
orientação do próprio Vogt. 
Nenhum destes trabalhos é mencionado no levantamento realizado por Naro, 
nem como trabalho “ainda não publicado”. A esse respeito, gostaríamos de apresentar 
algumas hipóteses. A primeira delas é que, dada a proximidade de datas, é possível 
que o autor não tenha tomado conhecimento da publicação – ou elaboração – de tais 
estudos. (Não pudemos verificar se a publicação dos trabalhos semântico-
enunciativos em 1974 é anterior ou não ao artigo de Naro). Uma outra hipótese é que 
estes trabalhos tenham sido excluídos pela “organização externa” que seus propósitos 
impõem “ao uso da língua”. Neste caso, eles estariam representados junto aos 
trabalhos dos autores que Naro considerou como ““carneiros” sem uma posição 
definida”. É interessante lembrar, aqui, que a dissertação de mestrado de Vogt de 
1971, que aborda a semântica na teoria gerativa, também não foi incluída no 
levantamento de Naro. 
Como o levantamento do autor abrange a produção do Brasil todo, nossa 
conclusão é que o provável desconhecimento ou exclusão destes trabalhos seja 
 
9 
 
decorrência da concepção do que é, para ele, o objeto da Linguística. Pois tal posição 
possibilitou que ele conhecesse e apresentasse um maior número de trabalhos da 
linha gerativista, mas o impediu de considerar como estudos linguísticos – e também 
filológicos – quase todos os trabalhos da corrente francesa, além de tê-lo impedido de 
conhecer e/ou apresentar os Estudos da Enunciação. 
De qualquer modo, ambas as hipóteses, ao nosso ver, estão determinadas pela 
perspectiva teórica da qual se parte, que influi diretamente nos critérios de prioridade 
e de escolha feitos ao longo do levantamento. Esta nossa conclusão está também 
relacionada com o que dizem Simone Delesalle e Jean-Claude Chevalier (1985), 
sobre a relevância de se pensar também nos vínculos institucionais que são 
estabelecidos: “o estatuto de um pesquisador, os métodos que adota, os campos que 
escolhe são amplamente prefixados pelas suas condições sociais e econômicas 
organizadas num sistema ideológico”. (p.3) 
O conjunto destas observações nos leva a concluir que o trabalho de 
investigação dificilmente é imparcial (para não dizer nunca). Com isso, queremos dizer 
que os critérios estabelecidos para nosso trabalho podem produzir certos recortes 
que, de outros pontos de vista, não deveriam ser feitos. Podemos, também, por 
desconhecimento, ou pelos critérios que estabelecemos, excluir vários trabalhos. Isso 
tudo, para nós, está relacionado com as prioridades que estabelecemos para nossa 
investigação: fazer um levantamento de estudos sobre o sentido para encontrarmos o 
conjunto dos estudos enunciativos. Deve-se também ao próprio estabelecimento do 
que foi considerado por nós como Estudos da Significação. 
Ora, quando uma língua tem uma palavra para nomear uma categoria, 
sobretudo se esse vocábulo for uma palavra curta – por exemplo, verde – é certo que, 
muitas e muitas vezes no passado, seus falantes a utilizaram para referir essa 
categoria. Pode-se considerar, portanto, que essa categoria tem um alto índice de 
codificação. A medida de determinação do nome correlacionada com a latência da 
resposta foi denominada por Brown e Lenneberg de codificabilidade. A 
codificabilidade é, pois, uma medida de concordância entre os falantes de uma língua 
em dar um mesmo nome ao mesmo estímulo; no exemplo em pauta, uma cor. Uma 
boa concordância entre os falantes (isto é, uma codificabilidade alta) pode dever-se a 
dois fatores independentes: o vocabulário da língua pode oferecer aos falantes uma 
palavra muito característica, única e não-ambígua para um estímulo muito específico. 
Por exemplo: vermelho para designar a cor física do sangue. 
 
10 
 
Ou então, o estímulo pode ter sido bem pouco codificado na língua, mas ser-
lhe atribuído um realce especial num determinado contexto – por exemplo, o cabelo 
vermelho. Aliás, ficou evidente também que certas categorizações culturais se 
manifestam claramente nas denominações em que os falantes usam 
sistematicamente o mesmo nome para uma cor, ainda que se trate de uma nuança 
pouco característica de uma dada cor. É o caso, por exemplo, na língua inglesa, do 
uso de red (vermelho) para designar a pele dos índios americanos. Outro fenômeno 
curioso revelado por estes testes: foi mostrada a um sujeito uma determinada cor num 
cartão colorido; essa pessoa nomeou-a de alaranjado pardo. Posteriormente a mesma 
nuança foi nomeada pelo mesmo sujeito como ocre. 
Explica-se: no caso da cor isolada, a pessoa interrogada nomeava-a da forma 
que lhe parecia mais adequada à sua percepção. Entretanto, quando essa mesma cor 
apareceu em outro contexto, em outra moldura cultural, o falante chamou a mesma 
cor de outra forma, a saber: ocre. Isso porque, nesse segundo caso, a mesma cor 
aparecia nas paredes de uma vila italiana. Outros testes evidenciaram que a 
capacidade de identificar um referente e de lhe dar um nome tem algo a ver com a 
estruturação semântica mental dos falantes em virtude de sua língua materna. É aqui 
que entrariam os estereótipos da percepção moldados conforme essa língua materna. 
De qualquer forma os resultados das pesquisas não confirmaram a hipótese de que 
existe uma pressão tirânica das palavras sobre a cognição humana como afirmava o 
“relativismo lingüístico” de Whorf. 
É preciso lembrar ainda que o vocabulário não é criado (ou recriado) pelo 
indivíduo, mas que ele é adquirido através do processo social da educação. De fato, 
através do processo de educação social o homem adquire tanto a língua da sua 
comunidade como o seu vocabulário. Nessa aprendizagem o falante-aprendiz recebe 
da sociedade um produto acabado – a língua – que vem a ser o produto da experiência 
acumulada historicamente na cultura da sua sociedade. Essa cristalização da 
experiência social tanto cultural como linguística é o ponto de partida e o fundamento 
tanto do pensamento como da linguagem individual. “Enquantoponto de partida social 
do pensamento individual, a linguagem é a mediadora entre o que é social, dado, e o 
que é individual, criador, no pensamento individual. Na realidade, a sua mediação 
exerce-se nos dois sentidos: não só transmite aos indivíduos a experiência e o saber 
das gerações passadas, mas também se apropria dos novos resultados do 
 
11 
 
pensamento individual, a fim de os transmitir – sob a forma de um produto social – às 
gerações futuras. ”(Schaff, 1974, p. 250-1). 
Nessa passagem Schaff está-se referindo ao pensamento na sua correlação 
com a linguagem. Foi possível concluir também que os sujeitos utilizam os recursos 
disponíveis no vocabulário da sua língua materna para a referência. E mais: os 
conceitos que podem ser nomeados e facilmente formulados no idioma nativo dos 
falantes são mais fáceis de adquirir porque já se encontram codificados no léxico 
desse idioma. Resumindo: as diferenças entre as línguas, fato que tanto impressionou 
Whorf, não devem interferir no processo cognitivo. É fato inconteste que nossas 
características biológicas entre as quais se encontra a capacidade de 
conceptualização e um modo peculiar de categorização são comuns a todos os 
homens. É indiscutível que o processo de formação de conceitos deve ser regulado 
de alguma forma por determinantes biológicos; portanto, em todos os idiomas a 
nomeação deve ter propriedades formais bastante similares. As línguas naturais se 
distinguem por seus processos de conceptualização específicos, que se refletem no 
seu vocabulário. Contudo, como os falantes utilizam as palavras livremente para 
etiquetar seus próprios processos de conceptualização, o significado estático das 
palavras registrado pelos dicionários não parece restringir as atividades cognitivas dos 
falantes. É importante também concluir que a transmissão do repertório lexical de 
geração em geração através da educação informal e formal exerce papel importante 
na categorização/ conceptualização do universo, ao fornecer ao indivíduo um estoque 
de nomes já codificados nessa cultura. 
Contudo, podemos parafrasear suas ideias aplicando-as à língua materna 
enquanto sistema de categorização do universo, bem como seus reflexos no acervo 
vocabular desse mesmo idioma. E sendo a língua essa mediadora, ela transmite às 
novas gerações o vocabulário revisto e reformulado pela atual geração. Ela vai 
transmitindo também as novas criações vocabulares e obviamente conceptuais que 
os indivíduos da atual geração vão gerando e incorporando ao tesouro lexical da 
língua para deixá-lo como patrimônio aos que se lhe seguirem. 
 
12 
 
2 NÍVEIS DE ESTRUTURAÇÃO DA LÍNGUA 
2.1 Fonética-Fonologia 
Sistema Fonológico – É o inventário de sons que ocorre na linguagem e as 
regras para combinar os sons em unidades significativas. 
 
Fonética – É o estudo da fisiologia ou produção motora dos sons da fala e sua 
produção acústica. O conhecimento fonológico de uma língua inclui conhecer as 
regras para combinar os fonemas desta língua. Além dessas regras segmentais, há 
regras fonológicas governando o uso de características suprassegmentais como tom, 
acentuação e duração de vogais e consoantes. 
2.2 Morfologia 
Lida com estrutura interna e formação de palavras. O morfema é a menor unidade 
significativa de uma língua. Ele pode ser uma palavra real (morfema livre) ou uma das 
diversas partes de uma palavra (morfemas ligados). Exemplo: prefixos ou sufixos. 
2.3 Sintaxe 
Refere-se à estrutura das frases. Regras pelas quais palavras podem ser 
combinadas em frases gramaticalmente aceitáveis. Palavras podem ser agrupadas 
em categorias lexicais principais, classe aberta (substantivos, verbos, adjetivos e 
advérbios); e categorias lexicais secundárias, classe fechada (pronomes, verbos, 
auxiliares, artigos, conjunções e preposições). 
As classes gramaticais são organizadas para desempenharem funções sintáticas: 
sintagma nominal (SN); sintagma verbal (SV) e sintagma preposicional (SP). 
O conhecimento sintático reflete-se na capacidade do falante/ouvinte de 
reconhecer frases que são estruturalmente ambíguas e sentenças que possuem o 
mesmo significado. 
 
13 
 
2.4 Semântica 
As regras semânticas servem para definir os significados de morfemas, palavras 
e frases, indivíduos e sentenças. Reconhecimento de palavras e sentenças ambíguas, 
anômalas (sem sentido), paráfrases (sinônimos), etc., características semânticas que 
as palavras compartilham. Decompondo as palavras em traços é possível agrupá-las 
em diferentes categorias semânticas. Exemplo: mãe (pai, filho), mulher (menina), mãe 
(tia, avó). 
2.5 Pragmática 
É o desempenho ou uso da linguagem. Conhecimento pragmático ou percepção 
das regras que governam o uso da linguagem em contextos sociais (competência 
comunicativa). A competência linguística inclui: conhecimento de tipos de sentenças 
que são mais adequados para produzir resposta desejada; percepção da informação 
de fundo, necessária para transmitir a mensagem visada; o entendimento dos 
princípios cooperativos que estão por trás das trocas na conversação. 
 
3 A SEMÂNTICA E O LÉXICO 
Por não estarem devidamente diferenciados ou definidos, os conceitos 
de campo semântico e campo lexical frequentemente são confundidos. Tanto o 
campo semântico quanto o campo lexical são utilizados pela linguística textual a fim 
do melhor e mais adequado uso das palavras da língua portuguesa. Para entendê-los 
melhor propomos alguns esclarecimentos e algumas conceituações: 
Léxico é o conjunto de palavras pertencentes a determinada língua. 
Por exemplo, temos um léxico da língua portuguesa que é o conjunto de todas 
as palavras que são compreensíveis em nossa língua. Quando essas palavras são 
materializadas em um texto, oral ou escrito, são chamadas de vocabulário. O 
conjunto de palavras utilizadas por um indivíduo, portanto, constituem o seu 
vocabulário. 
 
14 
 
Nenhum falante consegue dominar o léxico da língua que fala, já que o mesmo 
é modificado constantemente através de palavras novas e palavras que não são mais 
utilizadas. Além de possuir uma quantidade muito grande de palavras, o que 
impossibilita alguém de arquivar todas em sua memória. 
O campo lexical, por sua vez é o conjunto de palavras que pertencem a uma 
mesma área de conhecimento, e está dentro do léxico de alguma língua. 
São exemplos de campos lexicais: 
 O da saúde: estetoscópio, cirurgia, esterilização, medicação, etc. 
 O da escola: livros, disciplinas, biblioteca, material escolar, etc. 
 O da informática: software, hardware, programas, sites, internet, etc. 
 O do teatro: expressão, palco, figurino, maquiagem, atuação, etc. 
 Campo lexical dos sentimentos: amor, tristeza, ódio, carinho, saudade, 
etc. 
 Campo lexical das relações inter-pessoais: amigos, parentes, família, 
colegas de trabalho, etc. 
Semântica é o estudo do significado, no caso das palavras, a semântica estuda 
a significação das mesmas individualmente, aplicadas a um contexto e com influência 
de outras palavras. 
O campo semântico, por sua vez, é o conjunto de possibilidades que uma 
mesma palavra ou conceito tem de ser empregada(o) em diversos contextos. O 
conceito de campo semântico está ligado ao conceito de polissemia. 
Uma mesma palavra pode tomar vários significados diferentes em um mesmo 
texto, dependendo de como ela for empregada e de que palavras a acompanham para 
tornar claro o significado que ela assume naquela situação. 
Por exemplo: 
 Conhecer: ver, aprofundar-se, saber que existe, etc. 
 Bacia: utensílio de cozinha, parte do esqueleto humano. 
 Brincadeira: divertimento, distração, passa-tempo, gozação, piada, etc. 
 Estado: situação, particípio de estar, divisão de um país, etc. 
O campo semântico pode também ser o conjunto das maneiras que são 
utilizadas para expressar um mesmo conceito. 
Por exemplo: 
https://www.infoescola.com/portugues/semantica/
https://www.infoescola.com/portugues/polissemia/https://www.infoescola.com/biologia/esqueleto-humano/
https://www.infoescola.com/portugues/participio-2/
 
15 
 
 Campo semântico em torno do conceito de morte: bater as botas, 
falecer, ir dessa para a melhor, passar para um plano superior, falecer, 
apagar, etc. 
 Campo semântico em torno do conceito de enganar: trapacear, 
engabelar, fazer de bobo, vacilar, etc. 
 
4 A LEXICOLOGIA E O DICIONÁRIO 
A Lexicologia é a disciplina linguística que se ocupa do estudo do léxico, nas 
suas diferentes estruturas. Estuda todos os aspectos relacionados com as unidades 
de primeira articulação, ou seja, as unidades dotadas de duas faces, significante e 
significado. 
Devemos distinguir a lexicologia da lexicografia, disciplina que se ocupa da 
feitura de dicionários. Os contributos da lexicologia são, não obstante, de grande 
interesse para a lexicografia, e esta pode ser entendida como um ramo da lexicologia 
aplicada. A lexicologia tem por objectivo estudar a morfologia e a semântica lexicais, 
segundo Ullmann (1967). 
Tendo em conta que o léxico é o nível linguístico que mais facilmente emerge 
na consciência dos locutores, dado estar directamente relacionado com 
a significação e como tal, com o mundo em que vivemos, constatamos que amiúde os 
métodos da lexicologia têm sido inspirados por outras disciplinas que não a linguística, 
como a psicologia, a filosofia, a lógica, a sociologia, etc. Consideramos, apesar de 
tudo, que a lexicologia pode e deve fazer uma investigação tão isenta 
de subjectividade quanto possível, tal como se tem feito noutros domínios, como no 
da fonologia, por exemplo. 
A lexicologia, enquanto ciência do léxico, estuda as relações deste com os 
outros sistemas da língua, mas sobretudo as relações internas do próprio léxico. A 
lexicologia abrange domínios como a formação de palavras, a etimologia, a criação e 
importação de palavras, a estatística lexical, e relaciona-se necessariamente com a 
fonologia, a morfologia, a sintaxe e em particular com a semântica. Neste âmbito, as 
relações semânticas de sinonímia, antonímia, hiponímia, hiperonímia interessam à 
lexicologia. 
http://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/linguistica/
http://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/lexico/
http://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/lexicografia/
http://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/morfologia/
http://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/semantica/
http://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/significacao/
http://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/subjectividade/
http://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/fonologia/
http://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/lingua/
http://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/antonimia/
 
16 
 
4.1 O Dicionário de Língua 
Mas o dicionário não é essa descrição completa do léxico? A maioria dos 
usuários o crêem, e as publicidades não procuram desenganá-los. O dicionário ê um 
dos objetos culturais mais usuais e mais mal conhecidos. O dicionário de língua deve 
inicialmente ser situado entre grande número de obras que apresentam com ele 
algumas semelhanças. Um dicionário é um texto duplamente estruturado que 
apresenta: 
 Uma seqüência vertical de itens, ditos "entradas", geralmente dispostos 
em ordem alfabética, seqüência essa chamada "nomenclatura"; 
 Um programa de informação sobre essas entradas, que forma com elas 
os verbetes. 
As entradas são sempre signos lingüísticos, e a informação dada deve aplicar-
se, ainda que em pequena parte, ao signo, como o faria, por exemplo, a lista 
telefônica. Considera-se que a definição é uma informação sobre o signo (seu 
significado) e sobre a coisa designada pelo signo (o que essa coisa é). Os dicionários 
falam-nos dos signos e das coisas A dupla estrutura do dicionário faz dele uma obra 
de consulta e não um texto para ser lido do começo ao fim. 
 
Classificação dos dicionários: 
Pode-se considerar três tipos de dicionários: 
- O dicionário lingüístico, que só dá informações sobre os signos, com exclusão 
da definição (dicionário etimológico, por exemplo); 
- A obra enciclopédica, que só dá informações sobre as coisas, incluindo a 
definição (dicionário técnico de eletricidade, ou então o presente dicionário*), 
- E o dicionário de língua, que dá informações sobre os signos, incluindo a 
definição. 
Esses três tipos se dividem em dois grupos: o dicionário geral, que trata de 
todos os signos duma língua dada ou de todas as coisas duma civilização; e o 
dicionário especial, que só descreve um setor de uma ou da outra. 
O dicionário etimológico é um dicionário geral, e o dicionário de sinônimos, um 
dicionário especial. O dicionário de língua é um dicionário geral que nos fala do 
 
17 
 
conjunto das palavras duma língua e que dá a definição delas. Sua nomenclatura 
apresenta, pois, todas as classes de palavra, geralmente com exceção dos nomes 
próprios, e indica-se a classe de palavra de cada entrada. A enciclopédia é também 
um dicionário geral, mas que nos fala do conjunto das coisas duma civilização e que 
dá a definição delas (seu projeto de ser "universal" é afastado pela língua empregada 
e pelo sistema cultural que lhe esta ligado). Sua nomenclatura é essencialmente 
nominal e inclui especificamente nomes próprios e ilustrações com legenda nominal. 
Não apresenta as classes de palavra, informação aliás inútil, uma vez que só existem 
substantivos. 
 
18 
 
5 BIBLIOGRAFIA 
KOCH, Ingedore & ELIAS, Maria Vanda. Ler e compreender os sentidos do texto. 
Contexto, 2011. 
ORLANDI E. P. O que é Linguística. Ática, 1986. 
SAUSSURE, Ferdinand. Curso de linguística geral. Cultrix, 2006. 
 
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 
BAGNO, Marcos. (Org.). Linguística da norma. Loyola, 2004. 
CARBONI, Florence. Introdução à linguística. Autêntica, 2008. 
FIORIN, José Luiz. Introdução à Linguística II: princípios de análise. Contexto, 2003. 
KOCH, Ingedore. Introdução a linguística textual. Martins Fontes, 2009. 
KOCH, Ingedore; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência textual. Contexto, 2011.

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