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Criminologia e Política Criminal - Aula 02

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Aula 2 – 17/08/2020 
Texto de Apoio 01 - Nilo Batista 
Conceito 
 Começamos nossa aula com uma simples indagação: “É possível estabelecer um 
único conceito para a criminologia? ” e a resposta é: “não, um conceito único é 
impossível”. Cada autor irá ter seu próprio conceito. O conceito moderno da criminologia 
nasce com a cientificidade do próprio direito. A criminologia e o direito, enquanto 
ciência, ao contrário do que os autores dizem estão em "pau a pau". 
 Toada via há quem diga que o direito é uma ciência mais antiga de 1700 e tantos 
anos. Podemos perceber que, como ciência, o direito começa a se estruturar no século 19, 
a partir das ideias dos pensadores como Savigny, que se começa a pensar na forma 
sistemática do direito como conhecemos hoje. Até então o direito era mais ligado a 
filosofia e a política. 
 Para comprovar tal afirmativa basta dizer que o direito era atrelado a justiça na 
Grécia Antiga; Roma, por sua vez, trabalha com a esfera política e moral; Idade Média 
traz uma característica religiosa; no liberalismo, voltamos a ter uma ideia política, com o 
contrato social. E a criminologia nasce de onde? Nasce do óbvio, o direito não vai resolver 
todos os problemas do mundo. 
Exemplo: 
 Quando o professor estudou o adultério ainda era crime, e ele levanta a hipótese 
de que, e se tal crime ainda existisse nos dias de hoje? Como seria? Teria muita gente 
presa? Com a existência de aplicativos como o Tinder, um "ifood de pessoas" 
 
 Esse é o ponto, as pessoas acham que com a simples elaboração de uma lei 
vamos poder solucionar todos os problemas do mundo como por exemplo o chifre a 
Gaia o adultério quando na realidade não há lei que vai impedir as pessoas de realmente 
trair seus cônjuges. 
 
 A noção de o direito será capaz de resolver todos os problemas sociais do mundo 
é absurda, o direito está para resolver questões de cunho jurídico, não necessariamente 
todas os de cunho social. O direito afinal é um conjunto de normas coercitivas que busca 
a justiça e o bem comum. 
 Diante do exposto devemos ter em mente que a criminologia vem carregada de 
uma noção de CIÊNCIA. Oriunda da criminalidade moderna na Europa, melhor dizendo, 
do Estudo dessa criminalidade. Temos duas formas de perceber a criminologia uma a 
partir de Zafaroni e outra de Rafael Garofalo. Entretanto, a maioria, hoje, se utilizando de 
livros esquematizados visando concurso público, diz que surge a criminologia ira surgir 
da escola positiva italiana de um sujeito chamado Cesare Lombroso. Já outros vão dizer, 
baseados em Zafaroni, a tese de que nasce, na realidade, na Idade Média com o Manual 
dos Pernitentes e o Martelos das bruxas, afinal a inquisição foi o primeiro estudo da 
pessoa tida como indesejável. 
 Trata-se de uma ciência. O conceito, o termo CRIMINOLOGIA começa com Paul 
Topinard, trabalha com a ideia do estudo do crime e do criminoso, mudando o foco do 
direito, que possui uma ótica normativista, para estudar as relações envolta do crime, 
partindo da zona em comum, o direito penal. Em outras palavras, a ciência do direito se 
une com a da criminologia pelo conceito de crime, que é fornecido do direito penal. 
 Por isso é muito complexo ingressar no estudo da criminologia sem o 
conhecimento prévio de direito penal, é necessário um conhecimento da dogmática penal, 
para que se possa entender a criminologia. É preciso ter um conceito de crime delimitado, 
para que a partir disso se possa estudar o crime em sim, bem como as relações em volta 
do crime. Um dos grandes criminologos brasileiros, professor da USP, o Prof. Dr. Sérgio 
Salomão Shecaira, diz: 
 A maior parte dos autores define a criminologia como urna ciência. Ainda que 
tal premissa não seja absoluta na doutrina, não há como negar que, em sua grande 
maioria, esta vê um método próprio, um objeto e urna função atribuíveis a criminologia. 
Mesmo entendendo a ciência como uma forma de procurar o conhecimento, diversa 
daquela que pode existir a partir do senso comum, não se tem dúvidas em afirmar que 
a criminologia e uma ciência. Também não se ignora a discussão segundo a qual as 
ciências humanas ou sociais na o são realmente ciências, porque não trazem teorias de 
validade universal, nem dispõem de métodos unitários ou específicos 
 
 Ainda temos o ilustre Jorge de Figueiredo Dias, que trabalha com a ideia de que a 
definição é uma construção histórica: 
 Por outro lado, ainda, a visão histórica permite ainda considerar melhor a 
projeção das teorias criminológicas na política criminal e nos quadros ideológicos em 
geral. A relação entre a criminologia e a ideologia não tem apenas um sentido, também 
a ideologia sofre a influência das concepções criminológicas 
 
 Portanto percebemos que podemos definir a criminologia a partir dos movimentos 
da própria criminologia, bem como, podemos definir da construção histórica. Mas em 
qualquer ponto de partida, chegamos a conclusão que a criminologia busca o estudo do 
fenômeno crime, fenômeno este que é social, jurídico, devendo ser compreendido de 
forma multilateral. Afranio Peixoto já dizia: “a Criminologia é uma ciência que estuda os 
crimes, os criminosos, isto é, a criminalidade.” 
 Essa visão multilateral torna a criminologia empírica, o que é o seu grande 
diferencial do direito, visto que este é dedutivo, utilizando o silogismo logico. O dirieto 
penal só interessa saber se há crime e se vai haver pena, o porque, quando, o agente se 
torna criminoso. O direito apenas olha para o agente como pessoa, na primeira fase da 
aplicação da pena, segundo o art. 59, CP. 
CAPÍTULO III 
DA APLICAÇÃO DA PENA 
 Fixação da pena 
 Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos 
antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, 
aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, 
bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, 
conforme seja necessário e suficiente para reprovação e 
prevenção do crime: 
 I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; 
 II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos 
limites previstos; 
 III - o regime inicial de cumprimento da pena 
privativa de liberdade; 
 IV - a substituição da pena privativa da liberdade 
aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. 
 
 Tal artigo é, nitidamente, oriundo do pensamento criminológico. A Culpabilidade 
é um critério notoriamente jurídico, mas os critérios de: ANTECEDENTES básico da 
escola positiva italiana, provinda da tese de defesa social; já a CONDUTA SOCIAL e 
todos os outros critérios deste artigo, são elementos circundantes ao crime em sim, os 
fatores que levaram o agente a cometer o crime. 
 O conceito do perigo, a periculosidade do agente é de base criminológica. O 
direito penal tenta afunilar em dois momentos: a conduta com violência ou grave ameaça; 
e a reincidência. A princípio só tínhamos esses dois fatores de indicativo de 
periculosidade, entretanto, com o advento do pacote anticrime, foi introduzido novos 
indicadores, como a participação em organização criminosa. 
 A criminologia estuda o fato, o real, diferente do direito que é uma questão 
abstrata. Por exemplo, o art. 33 da lei de drogas, a Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, 
imputa uma pena altíssima, de 5 a 15 anos, entretanto em seu caput nada menciona as 
duas teses básicas de periculosidade já vistas: conduta com violência ou grave ameaça; e 
a reincidência. A fundamentação do perigo do tráfico de drogas, todo o seu fenômeno 
criminológico, é percebido na criminologia 
CAPÍTULO II 
DOS CRIMES 
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, 
fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em 
depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, 
ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda 
que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar: 
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15(quinze) anos e 
pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e 
quinhentos) dias-multa. 
 
 Não podemos compreender a periculosidade desse crime, sem a criminologia, mas 
devemos sempre nos atentar que o direito é o ponto de partida, visto que este detém o 
monopólio de dizer o que é crime. Criminologia se utiliza de outras ciências para se 
basear, trata-se de uma característica de interdisciplinaridade, como a sociologia, 
psicologia, medicina legal, antropologia, entre tantas outras, de uma forma Empírica. 
 
Manual Esquemático de Criminologia – Nestor Sampaio Penteado Filho 
1.1 Conceito de criminologia. Características 
 Etimologicamente, criminologia vem do latim crimino (crime) e do grego logos 
(estudo, tratado), significando o “estudo do crime”. Para Afrânio Peixoto (1953, p. 11), a 
criminologia “é a ciência que estuda os crimes e os criminosos, isto é, a criminalidade”. 
 Entretanto, a criminologia não estuda apenas o crime, mas também as 
circunstâncias sociais, a vítima, o criminoso, o prognóstico delitivo etc. A palavra 
“criminologia” foi pela primeira vez usada em 1883 por Paul Topinard e aplicada 
internacionalmente por Raffaele Garófalo, em seu livro Criminologia, no ano de 1885. 
 Pode-se conceituar criminologia como a ciência empírica (baseada na 
observação e na experiência) e interdisciplinar que tem por objeto de análise o 
crime, a personalidade do autor do comportamento delitivo, da vítima e o controle 
social das condutas criminosas. 
 A criminologia é uma ciência do “ser”, empírica, na medida em que seu objeto 
(crime, criminoso, vítima e controle social) é visível no mundo real e não no mundo dos 
valores, como ocorre com o direito, que é uma ciência do “dever ser”, portanto normativa 
e valorativa. 
 A interdisciplinaridade da criminologia decorre de sua própria consolidação 
histórica como ciência dotada de autonomia, à vista da influência profunda de diversas 
outras ciências, tais como a sociologia, a psicologia, o direito, a medicina legal etc. 
 Embora exista um consenso entre os criminólogos de que a criminologia ocupe 
uma instância superior, esta não se dá de forma piramidal, pois não existe preferência por 
nenhum saber parcial, conforme se vê no esquema a seguir: 
 
 
 
Objeto 
 Quando vamos determinar o objeto de estudo da criminologia, estudamos uma 
gama muito maior do que o que é apresentado pelo direito, sendo este apenas mais um 
objeto de estudo. Na criminologia, estuda-se desde o controle social, passando pelo 
direito, a pena, o criminoso em si, bem como os fatores externos ao sistema jurídico. 
Controle social 
 O controle social pode ser definido como a reunião de mecanismos e sanções 
sociais imbuídos do propósito de submeter os componentes do grupo social às regras 
estabelecidas para a comunidade. Pode ser formal (órgãos de Estado, juízes, promotores, 
escola, faculdade) ou informal (família, amigos, opinião pública, etc.). A principal forma 
de controle, todavia, é a informal, que se aplica em todos os momentos da vivência em 
comunidade. Constatada a sua insuficiência, o controle informal cede lugar aos 
mecanismos de controle formal. 
Crime 
 A criminologia vai estudar o crime pelas suas mais diversas vertentes, como 
fenômeno jurídico, social, econômico, psicológico, cultural, antropológico... Se 
utilizando da criminologia como ferramenta, poderia se estudar o mesmo crime para 
sempre. 
Criminoso 
 Trata-se de outra perspectiva de estudo, buscando entender quem é o criminoso? 
Quais são os fatores que o levam a tal condição? Qual é o modus operandi? Seu perfil 
psicológico? 
 No Brasil temos a mania de achar que apenas o pobre é o criminoso em potencial, 
ignorando que cada classe econômica tem sua criminalidade própria, como apontoa 
Suddenly, não se trata da classe em que se encontra, trata-se de um desvio, cada um com 
suas peculiaridades próprias que precisão ser estudadas a partir destas. 
Fatores externos ao sistema jurídico 
 Tais fatores seriam referentes a vítima, ao clima, temos como exemplo a teoria 
das janelas quebras, tese feita nos EUA, que indica que uma simples janela quebrada afeta 
a criminalidade do bairro, pois a ideia de uma casa arrumada, significa que tem gente 
morando, as casas desocupadas são invadidas por pessoas que vendem drogas, cometem 
crimes, desvalorizando economicamente os imóveis da região e forçando os vizinhos de 
bem a se mudarem. Por isso tem uma pressão social, bem como pressão Estatal, para que 
as casas estejam sempre pintadas, com grama verde e aparada, se a janela quebra em um 
dia, no outro já estão trocando. 
A desordem e a teoria das janelas quebradas 
https://eduardocabette.jusbrasil.com.br/artigos/121937294/a-desordem-e-a-teoria-das-
janelas-quebradas 
 
 Antes de adentrar propriamente este breve ensaio sobre a Teoria das Janelas 
Quebradas, é fundamental a situarmos, enquanto estudo criminológico, no ramo da 
Criminologia. 
 Numa primeira tentativa de análise conceitual do termo, parte-se para o 
significado etimológico do vocábulo criminologia, que é oriundo do latim crimino 
(crime) e do grego logos (tratado ou estudo). Extrai-se dessa análise inicial que a 
Criminologia nada mais é do que o estudo do fenômeno criminal. 
 Existem diversos conceitos doutrinários de Criminologia, porém, opto por citar 
a definição de Newton Fernandes e Valter Fernandes: “Criminologia é a ciência que 
estuda o fenômeno criminal, a vítima, as determinantes endógenas e exógenas, que 
isolada ou cumulativamente atuam sobre a pessoa e a conduta do delinquente, e os 
meios labor-terapêuticos ou pedagógicos de reintegrá-lo ao grupamento social” (1995 
p.24). 
 Neste momento é muito importante estabelecer a diferença entre a Ciência 
Criminologia e Política Criminal. Para alguns política criminal seria também uma 
ciência, porém esse posicionamento não se sustenta. Na visão de Guilherme Nucci, a 
política criminal nada mais é que uma técnica de observação e análise do Direito Penal, 
de modo crítico, expondo seus defeitos, sugerindo reformas e aperfeiçoamentos, 
colocando critérios orientadores da legislação, bem como projetos e programas 
tendentes à mais ampla prevenção do crime e controle da criminalidade. Reafirmando 
seu posicionamento, Nucci cita em sua obra Sérgio Salomão Shecaira: “a política 
criminal, pois, não pode ser considerada uma ciência igual à criminologia e ao direito 
penal. É uma disciplina que não tem método próprio e que está disseminada pelos 
diversos poderes da União, bem como pelas diferentes esferas de atuação do p (róprio 
Estado” (2008, p. 42). 
 Na verdade, o crime, o criminoso e a sanção penal são os objetos de estudo de 
diversas ciências, conhecidas como enciclopédia de ciências penais ou síntese 
criminológica, entre elas destacam-se: a antropologia criminal, biologia criminal, 
sociologia criminal, psicologia criminal, psicanálise criminal, o direito penal, direito 
processual penal etc. Contudo, a criminologia é considerada uma ciência que abrange 
praticamente todas as demais disciplinas criminais, daí também ser chamada de 
“ciência de síntese”, pois utiliza do campo de trabalho de outras ciências criminais. 
 O Direito Penal dedica-se ao estudo das consequências jurídicas do delito, ao 
passo que a Criminologia cuida dos aspectos sintomáticos individuais e sociais do 
crime e da criminalidade, fornecendo informações sobre o delinquente, delito vítima e 
o controle social (objetos do estudo criminológico), contribuindo para o estudo das 
causas do crime. O Direito Penal é uma disciplina normativa, declara “o que deve ser”, 
por outro lado, a Criminologia é uma ciência empírica que estuda “o que é”. 
 Enquanto ciência, a Criminologia tem o seu método apoiado em bases 
científicas, sistematizadas por experiências comparadas e repetidas, visando buscar a 
realidade que se quer alcançar. É ciência empírica e experimental, logo, sua 
metodologia não poderiaser outra se não a experimental, naturalística e indutiva, 
buscando auxílio dos métodos estatísticos, históricos e sociológicos, além do biológico. 
 Os fins básicos desta ciência são informar a sociedade e os poderes constituídos 
acerca do crime, do criminoso, da vítima e dos mecanismos de controle social, além 
disso, sobretudo a luta contra a criminalidade, o controle e a prevenção. 
https://eduardocabette.jusbrasil.com.br/artigos/121937294/a-desordem-e-a-teoria-das-janelas-quebradas
https://eduardocabette.jusbrasil.com.br/artigos/121937294/a-desordem-e-a-teoria-das-janelas-quebradas
 Na visão de Nestor Sampaio Penteado Filho, as teorias criminológicas 
contemporâneas não se limitam à análise do delito segundo uma visão do indivíduo ou 
de pequenos grupos, mas sim da sociedade como um todo. O moderno pensamento 
criminológico se influencia por duas visões distintas: as teorias de consenso, de cunho 
funcionalista, denominada teoria de integração; e as teorias de conflito, de cunho 
argumentativo (2010, p. 50). 
 As teorias do consenso entendem que os objetivos da sociedade são atingidos 
quando se opera o funcionamento perfeito das instituições, com os indivíduos 
convivendo e concordando com as regras sociais de convívio. Por outro lado, temos as 
chamadas teorias do conflito, para as quais a harmonia social decorre da força e da 
coerção, é neste contexto que surge a teoria das janelas quebradas. 
 A Teoria das Janelas Quebradas (Broken Windows Theory) surge nos Estados 
Unidos em 1982, quando a revista The Atlantic Monthly publicou os estudos de James 
Wilson e George Kelling, os quais buscavam demonstrar a relação entre desordem e 
criminalidade. 
 A publicação tomou por base um experimento realizado por Philip Zimbardo, 
psicólogo da Universidade Stanford, que consistiu em deixar um automóvel no bairro 
de classe alta Palo Alto, na Califórnia, e outro no violento bairro nova-iorquino Bronx. 
Observou-se que o carro deixado no Bronx foi totalmente “depenado” em 30 minutos, 
enquanto o carro de Palo Alto permaneceu intacto por uma semana. Porém, o 
pesquisador quebrou uma das janelas do veículo do bairro de classe alta, com isso, o 
carro foi saqueado e destruído em poucas horas. 
 Concluiu-se, então, se uma janela é quebrada, e não é imediatamente 
consertada, a população passará a pensar que não existe autoridade responsável pela 
ordem ali, com isso, em instantes todas as outras janelas estariam destruídas, levando 
à decadência daquele espaço urbano, criando terreno propício para a criminalidade. 
 Todavia, os americanos não se limitaram ao campo experimental e teórico, ela 
foi aplicada em Nova York, quando Rudolph Giuliani era prefeito, através da Operação 
Tolerância Zero, a qual levou a considerável redução nos índices de criminalidade na 
cidade que anteriormente era conhecida como a “Capital do Crime”, hoje uma das mais 
seguras dos Estados Unidos – os índices de criminalidade caíram 57% em geral e os 
casos de homicídios caíram 65%. 
 Implantou-se a Teoria da Lei e Ordem, pregando a necessidade de uma 
intervenção rigorosa do direito penal, adotando-se um direito penal máximo, remédio 
para todos os males sociais através da sanção penal. 
 Na visão de Rogério Greco, a mídia no final do século passado e início do atual 
foi a grande propagadora e divulgadora deste movimento de Lei e Ordem: 
“profissionais não habilitados chamaram para si a responsabilidade de criticar as leis 
penais, fazendo a sociedade acreditar que, mediante o recrudescimento das penas, a 
criação de novos tipos penais incriminadores e o afastamento de determinadas garantias 
processuais, a sociedade ficaria livre daquela parcela de indivíduos não adaptados” 
(2009, p. 12). 
 Os críticos dessa teoria apontam que a operação “tolerância zero” (zero 
tolerance) levou ao encarceramento em massa dos menos favorecidos, salientam ainda 
que a prisão não é o único meio de coerção estatal, não sendo nem de longe o mais 
efetivo meio de prevenção criminal. 
 Para os membros do departamento de antropologia do John Jay College of 
Criminal Justice, Travis Wendel e Ric Curtis, o programa nova-iorquino é 
extremamente agressivo. Contudo, as taxas de criminalidade são as mais baixas em 30 
anos, porém para entender o real impacto da ação é necessário fazer mais do que 
comparar números de prisões geradas pelas estratégias empregadas. 
 Segundo tais pesquisadores, o sucesso de tal medida parece ser coincidente com 
outros aspectos sociais e econômicos. Por exemplo, não existe evidência para sugerir 
que o mercado de drogas tenha sido eliminado ou reduzido, sugere-se que houve uma 
reconfiguração do comércio para driblar as táticas hostis de policiamento. Outro fator 
apontado como determinante na redução dos números da mancha criminal foi uma 
mudança no caráter socioeconômico de alguns bairros. O crescimento do mercado de 
serviços derivado da restauração da economia trouxe esperanças para os jovens de 
ganhar a vida fora das fileiras do crime. 
 O próprio ex-prefeito Giuliani afirmou que “uma das principais razões do 
declínio da criminalidade tão drasticamente em Nova Iorque é que não permitimos mais 
que os traficantes controlem as ruas da cidade”. Para Wendel e Curtis, essa afirmação 
não suporta uma análise mais profunda, tendo em vista que os índices de criminalidade 
naquela cidade começaram a diminuir antes mesmo do primeiro mandato de Giuliani, 
portanto, antes da “tolerância zero”. 
 De acordo com a visão destes estudiosos, as mudanças econômicas causaram 
maior diferença do que o policiamento agressivo e da política da “zero tolerance”. As 
áreas onde o crime dominava foram repovoadas por residentes com interesse na 
participação dos assuntos locais, serviços básicos e patrulhamento foram retomados 
(WENDEL, CURTIS, 2012). 
 Contudo, em 1990, Wesley Skogan realizou pesquisas em inúmeras cidades dos 
EUA, confirmando os fundamentos da teoria das Janelas Quebradas. A relação de 
causalidade entre a desordem e criminalidade é muito maior do que a relação entre 
criminalidade e pobreza, desemprego e falta de moradia. (SKOGAN, 2012). 
 Quando a desordem se instala no seio da sociedade pela falta de punição, a 
impunidade faz surgir no cidadão o sentimento de abandono estatal, a sensação de que 
as transgressões não serão punidas, passando a agir sem os freios morais inibidores. 
Por outro lado, o cidadão observa de dentro da sua casa que ele está acuado pela 
criminalidade, enquanto os transgressores estão nas ruas.

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