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Cuidado Integral à saúde da Mulher aula 1 – MORTALIDADE MATERNA E pnaism A morte de uma mulher durante a gestação ou dentro de um período de 42 dias após o término da gestação, independente da duração ou da localização da gravidez, devido a qualquer causa relacionada com ou agravada pela gravidez ou por medidas em relação a ela, porém não devida a causas acidentais ou incidentais. · OBTETRICA DIRETA · OBTETRICA INDIRETA MORTALIDADE MATERNA PREVENÇÃO PRÉ- ECLÂMPSIA SUPLEMENTAÇÃO DE CALCIO + AAS ECLÂMPSIA SULFATO DE MAGNESIO HEMORRAGIA OCITOCINA INFECÇÃO BOA HIGIENE FOR PRATICADA + PRIMEIROS SINAIS FOREM RECONHECIDOS E TRATADOS EM TEMPO OPORTUNO. MULHERES/ ADOLESCENTES ACESSO A MÉTODOS CONTRACEPTIVOS E AOS SERVIÇOS QUE REALIZEM ABORTOS SEGUROS “Taxa de mortalidade materna depende substancialmente da qualidade da assistência médica durante o pré-natal, o parto e o pós-parto, e do nível de desenvolvimento do país EVOLUÇÃO HISTÓRICA A saúde da mulher foi incorporada às políticas nacionais de saúde nas primeiras décadas do século XX, sendo limitada, nesse período, às questões relacionadas à gestação e ao parto. Os programas materno-infantis, elaborados nas décadas de 30, 50 e 70, traduziam uma visão restrita sobre a mulher Ênfase na especificidade biológica e no papel social de mãe e doméstica, responsável pela criação, educação e pelo cuidado com a saúde dos filhos e demais familiares. década – 50 Objetivo: “melhores mães”, maternidade é o mais importante. · Medidas de combate a desnutrição · Planejamento familiar década – 70 Enfoque médico-hospitalar (curativa-assistencialista. Programa nacional Materno – Infantil (PNMI) 1975 -> Finalidade reduzir a mortalidade materna infantil, focalizando o processo de reprodução ações voltadas, pré-natal, parto e puerpério. Propostas: · Garantir mulheres reproduzindo com segurança · Crianças saudáveis · Controle de natalidade década – 80 · Reforma sanitária – SUS Programa nacional de atenção a saúde da mulher (PAISM) – 1984 · Desvinculando a atenção prestada a mulher a atenção a criança. · Ênfase: · Doenças cardiovasculares · CA cervicouterino e mama Programa Nacional de Atenção à Saúde da Mulher (PAISM) – 1984 · Ampliação da cobertura a saúde da mulher · Continuou dando ênfase ao ciclo reprodutivo (doenças, parto e maternidade) · Mulher como sujeito ativo · Assistência clínico-ginecológicas · ISTs · Climatério · Planejamento Familiar · Ciclo gravídico-puerperal · Discurso oficial: INTEGRALIDADE · Atenção a todo o ciclo vital, não apenas o reprodutivo. década – 90 Intensificação das iniciativas publicas do movimento de mulheres. Atender as necessidades: · Violência de gênero, doméstica, sexual · Direitos reprodutivos. anos 2000 · PROGRAMA DE HUMANIZAÇÃO NO PRÉ-NATAL E NASCIMENTO (PHPN) 2000 · POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER – PRINCÍPIOS E DIRETRIZES (PNAISM) 2004 OBJETIVO PNAISM – 2004 Promover a melhoria das condições de vida e saúde das mulheres brasileiras, mediante a garantia de direitos legalmente constituídos e ampliação do acesso aos meios e serviços de promoção, prevenção, assistência e recuperação da saúde em todo território brasileiro. Contribuir para a redução da morbidade e mortalidade feminina no Brasil, especialmente por causas evitáveis, em todos os ciclos de vida e nos diversos grupos populacionais, sem discriminação de qualquer espécie. Ampliar, qualificar e humanizar a atenção integral à saúde da mulher no Sistema Único de Saúde. OBJETIVOS ESPECÍFICOS E ESTRATÉGIAS DA POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER 1. Ampliar e qualificar a atenção clínico-ginecológica, inclusive para as portadoras da infecção pelo HIV e outras IST 2. Estimular a implantação e implementação da assistência em planejamento familiar, para homens e mulheres, adultos e adolescentes, no âmbito da atenção integral à saúde 3. Promover a atenção obstétrica e neonatal, qualificada e humanizada, incluindo a assistência ao abortamento em condições inseguras, para mulheres e adolescentes 4. Promover a atenção às mulheres e adolescentes em situação de violência doméstica e sexual 5. Promover a prevenção e o controle das ISTs e da infecção pelo HIV na população feminina 6. Reduzir a morbimortalidade por câncer na população feminina 7. Implantar um modelo de atenção à saúde mental das mulheres sob o enfoque de gênero 8. Implantar e implementar a atenção à saúde da mulher no climatério 9. Promover a atenção à saúde da mulher na terceira idade 10. Promover a atenção à saúde da mulher negra 11. Promover a atenção à saúde da mulher indígena 12. Promover a atenção à saúde das mulheres em situação de prisão, incluindo a promoção das ações de prevenção e controle de ISTs e HIV nessa população 13. Fortalecer a participação e o controle social na definição e implementação das políticas de atenção integral à saúde das mulheres rede cegonha PORTARIA N° 1.459 DE 24 DE JUNHO DE 2011 · objetivo de reduzir a mortalidade materna e infantil e garantir os direitos sexuais e reprodutivos de mulheres, homens, jovens e adolescentes. · A proposta qualifica os serviços ofertados SUS no planejamento familiar, na confirmação da gravidez, no pré-natal, no parto e no puerpério (28 dias após o parto). Componentes: · Pré-natal · Parto e nascimento · Puerpério e atenção integral a saúde da criança · Sistema logístico (transporte sanitário e regulação) redução da taxa de cesárea no brasil · América Latina e Caribe têm as taxas mais altas de cesariana (40,5%) · Taxa de 55%, o Brasil ocupa a segunda posição no ranking de países com maior porcentagem de cesáreas no mundo · 2017 – 2,7 milhões de partos no país · Serviços públicos: · Parto normal: 58,1% · Parto cesáreo: 41,9% diretrizes · Acolhimento com avaliação e classificação de risco e vulnerabilidade, ampliação do acesso e melhoria da qualidade do pré-natal; · Vinculação da gestante à unidade de referência para o parto, e ao transporte seguro; · Boas práticas e segurança na atenção ao parto e nascimento; · Atenção à saúde das crianças de 0 a 24 meses, meses com qualidade e resolutividade; · Acesso às ações de planejamento reprodutivo OBJETIVOS · Promover a implementação de novo modelo de atenção à saúde da mulher e à saúde da criança com foco na atenção ao parto, ao nascimento, ao crescimento e ao desenvolvimento da criança; · Organizar a rede de atenção à saúde materna e infantil para que esta garanta acesso, acolhimento e resolutividade. · Reduzir a mortalidade materna e infantil com ênfase no componente neonatal. AULA 2 – ANATOMIA E FISIOLOGIA NA GESTAÇÃO REPRODUÇÃO HUMANA · Gametas femininos Óvulos (23 cromossomos) + · Gameta masculino espermatozoide (23 cromossomos) = Zigoto (46 cromossomos) pelve Os ossos se unem: · Parte anterior: sínfise púbica · Parte posterior: articulações sacroilíacas e sacrococcígea genitália externa Períneo: conjunto de estruturas do assoalho pélvico que abrange os músculos, as aponeurores e os vasos Localiza-se entre a vulva e o ânus. Função: sustentar os órgãos genitália interna VAGINA Canal de 8 a 10 cm de comprimento, de pares elásticas, que liga o colo do útero aos genitais externos. Por meio dele ocorre a eliminação menstrual, o pênis deposita os espermatozoides e é o canal do parto. Apresenta grande capacidade de distensão durante o trabalho de parto e parto, facilitando a expulsão fetal útero Órgão oco situado na cavidade pélvica anteriormente à bexiga, e posteriormente ao reto Estrutura maciça, formato de pera invertida, pesa 60g em mulheres Nuligesta e pode alcançar 70g em uma mulher que já vivenciou o período gestacional Tem formato piriforme (“pera invertida”) É revestido: · Internamente: endométrio (tecido vascularizado rico em glândulas) · Intermediário: Miométrio · Externamente: Perimétrico túbas uterinas Dois ductos que unem o útero ao ovário, seu epitélio é formado por células ciliadas. Fímbrias recolhem gameta feminino. Os batimentos dos cílios eos movimentos peristálticos impulsionam ate o útero. ovários Estruturas ovais bilaterais ao útero, localizada na parte superior da cavidade pélvica. Duas funções: · Atividade endócrina (liberação de hormônios ovarianos) · Formação e desenvolvimento dos gametas sexuais femininos. mamas Primeiras semanas: · Hipersensibilidade (diminui até 10° semana) · Dor e tensão mamária. 2° trimestre · Veias subcutâneas se tornam mais visíveis, devido a hipertrofia alveolar mamária rede de Haller · Papilas e aréolas mais pigmentadas aumentam em número as glândulas sebáceas na região areolar – tubérculos de Montgomery ÚTERO Hipertrofia, elasticidade e contratilidade – aumenta de tamanho e evolui em algumas semanas após o parto Ocorre devido a disposição simétrica dos feixes entrelaçados (formado por musculatura lisa-miométrio) Espessura miométrio: · Antes da gravidez: 7 a 12 mm · 1 mês até 20 semanas: 25mm · 5 meses ao final da gestação: forma ovoide, afinamento 4 a 10 mm Gestação: parede fina e pode alcançar ao término da gestação tamanho de 15 a 20 vezes maior que seu estado pré-gravídico – 1,100g Hipertrofia, elasticidade e contratilidade · Estimulação da hipertrofia e hiperplasia ocorre inicialmente em função dos hormônios (estrogênio e progesterona) · 2° trimestre: o aumento se dá devido a pressão excedida pelo feto em desenvolvimento. · Ao longo do período gestacional ocorre contrações irregulares, indolores, que podem ser percebidas pela palpação externa – contrações de Braxton Hicks · Desconfortáveis e esporádicas no 3º trim , podem assumir ritmo e aumento da frequência preparando a gestante e o feto para o processo de parto e nascimento Alterações de tamanho, de forma e de posição do útero · Semanas iniciais: aumento de tamanho desigual, sendo o maior crescimento da zona de implantação – forma assimétrica (sinal de Piskacek) · 12 Semanas: transpõe os limites da pelve e torna-se abdominal anterior, as medidas que cresce é desviado pelas estruturas abdominais (especial cólon sigmoide) · 20 semanas: corpo e fundo uterino torna-se globoso ou esférico e chega ao limite por isquemia no final do 3° trimestre. · Final 3° trimestre: torna-se cilindro ou ovoide, devido ao alongamento das fibras musculares. · Mulheres não gravida: recebe aproximadamente 50ml/min de fluxo sanguíneo · Gestação: circulação uteroplacentária, aumento fisiológico do fluxo sanguíneo – 500ml/min · Aumento da vascularização adquire mudança de coloração – mais vinhoso colo uterino, ovários e tubas uterinas · Formado por tecido conjuntivo, com poucas fibras musculares · 4 sem após a fecundação: amolecimento (ao toque, colo amolecido – sinal de Godell- A cérvix não gravídica tem a consistência parecida com cartilagem nasal, já a gravídica assemelha-se com a mucosa labia), edemaciado e cianose (↑ da vascularização) · Sinal de Hegar: Sensação de separação do corpo uterino do colo, devido ao amolecimento externo do istmo. Consistência amolecida do colo uterino, percebida ao toque vaginal Glândulas cervicais · Início gestação: hipertrofia e secretam muco opaco muito espesso que resulta na obstrução cervical – tampão mucoso ou rolha de Schroeder · Eliminação no termo de uma gestação: indicativo de início do trabalho de parto · Primeiras 10 sem: corpo lúteo que se originou previamente a nidação mantém seu funcionamento, produzindo progesterona até que a placenta (se forma entre a 10 a 12 sem) assuma essa função. · Obs: tubas uterinas não sofrem alterações significativas durante a gestação vagina e períneo Músculos períneo e vulva: ↑ da vascularização (coloração da mucosa arroxeada ou violácea- sinal de Chadwick) e amolecimento do tecido conjuntivo dessa região. · 8 semanas Exame especular -> coloração vinhosa · Sinal de Jacquemier -> vagina colo Cél. Musculares lisas das paredes vaginais ficam hipertrofiadas: ↑ espessura e perdendo rugosidade característica · ↑ Vascularização paredes vaginais: tom arroxeado – sinal de Kluge · ↑ secreções cervicais e vaginais: muco espesso de coloração branca, pH ácido (3,6-6) o que resulta no ↑ de produção de ácido láctico a partir do glicogênio do espitélio vaginal por ação do Lactobacillus acidophilis SINAL DE KLUGE -> Vulva sistema circulatória Alteração hemodinâmica: débito cardíaco (produto do vol. ejeção pela FR cardíaca) normal de 5L da mulher não grávida começa a aumentar com 5-6sem, alcançando níveis mais elevados a partir da 24º sem e pico em torno da 32º-34ºsem. Permanece nesses níveis até a 36º-38º sem, com pequena queda até o parto. Aumento volêmico: depende do peso, estatura, número de gestações e paridades, gestação feto único ou gemelar. Débito cardíaco: · sensível a alterações posturais, visto que o útero comprime a veia cava inferior, diminuindo o retorno venoso · ↑ por aumento da volemia e por diminuição da resistência vascular periférica, ocasionado o ↑ da FR cardíaca em 10-15 bpm Hipervolemia: suprir as necessidades do útero que está extremamente aumentado Fluxo sanguíneo aumenta: direcionado para órgãos como rim, pele (principalmente pé e mãos) com o propósito de dissipar o calor excessivo produzido pelo aumento do metabolismo Aumento do fluxo sanguíneo leva ao aumento da massa de eritrócitos (hemácias), que se eleva a medida em que a demanda de ferro e ácido fólico são repostos na gestação. Necessário reposição de ferro, pois a quantidade absorvida dieta e reservas é insuficiente para atender as demandas na gravidez Na ausência da suplementação de ferro (pode aumentar o risco de abortamento e partos prematuros) e ácido fólico: concentração de hemoglobina e hematócrito materno sofrerá decréscimo considerável conforme o aumento do vol. Plasmático SISTEMA RESPIRATÓRIO Alterações respiratórias retornam ao normal após a gravidez Vias respiratórias superiores ocorre vasodilatação, edema de mucosa, congestão nasal e aumento de secreções Aumento da Caixa torácica: proporcionando maior movimentação do diafragma e do tórax, que leva a gestante ao aumento da FR em resposta ao aumento do consumo de O2 Vol. da reserva expiratória diminui à medida que o feto se desenvolve e o útero cresce levando a uma compressão do diafragma (capacidade expiratória diminui-hiperventilação-respiração diafragmática- aumenta a concentração de 02 no sangue- favorece o feto) •Vantagens da hiperventilação: diminui a concentração de CO2, facilitando as trocas fetais com a placenta SISTEMA URINARIO · Aumento do peso (30%) e comprimento (cerca de 1 cm) dos rins, resultante de maior vascularização · Ureteres dilatados: efeito da progesterona, ocasionando estase urinária – suscetilidade a ITU · Compressão da bexiga: aumenta a frequência de micções (polaciúria) sistema gastrointestinal Náuseas e vômitos comuns 1º trim.: aumento da gonadotrofina coriônica, tendem a desaparecer no final do 1º trim.- diminuição deste hormônio. Pode ocorrer também devido a parosmia (alteração do olfato), perversão alimentar (desejo de comer coisas bizarras- Ex: sabão, carvão), aumento do apetite Sialorréia ou ptialismo (salivação excessiva): devido a dificuldade da deglutição associado a náuseas Arcada dentária: degradação de peças e as gengivas podem sangrar (efeito da carência de cálcio nos dentes- mobilizado para o desenvolvimento do feto) Pirose (azia): acompanhada de refluxo gástrico, devido a diminuição do tônus e ao relaxamento do esfíncter esofágico inferior, em resposta ao descolamento do estômago e aumento da pressão abdominal Motilidade gastresofágica, intestinal, biliar e tonicidade dos esfíncteres: diminuída devido aumento da progesterona Esvaziamento gástrico lento e constipação intestinal: o tempo de trânsito alimentar intestinal pode levar ao aumento da reabsorção de água superior ao normal Hemorroidas: constipação intestinal e ao aumento da pressão nas veias abaixo do nível do útero SISTEMA TEGUMENTAR Aumento da pigmentação cutânea 1. Face: cloasma ou Melasma gravídico 2. Aréolas mamárias e abdome · Estímulo dos melanócitos: surgimento de machas · Aumento da secreçãodas g. sebáceas: pele mais oleosa, predispondo a proliferação de acne · Aumento da produção de estrogênio e progesterona: hipófise libera maior concentração de alfamelatropina (estimulantes sobre os melanócitos), que desencadeia alterações de pigmentares que tendem a aumentar com a exposição solar · Linha nigra: pigmentação de cor preto-acastanhada na linha média do abdome, devido a ação estimulantes sobre os melanócitos · Estrias gravídicas (abdome, mamas, nádegas e coxas): hiper distensão da pele, estimulada pela diminuição da hidratação e estiramento das fibras colágenas · Gestação atual ou recente: cor avermelhada · Gestações anteriores: Claras com cor acinzentadas SISTEMA MUSCOESQUELÉTICO · Alterações posturais: coluna vertebral (lombalgia) · Equilíbrio: aumento do peso (útero, feto e anexos) coloca o centro de gravidade para frente para corrigir o eixo corporal (lordose lombar- posiciona tórax para trás) · Volume uterino aumenta- aumenta a lordose lombar: afasta discretamente um pé do outro para manter sustentação e equilíbrio · Marcha anserina: andar oscilante com passos curtos e lentos, base de sustentação alargada e maior ângulo dos pés com a linha média · Dor lombar: queixa mais comum no último semestre. sistema endócrino Alterações hormonais – · Placenta: órgão acessório da gestação (glândula endócrina). A partir de 16-18 sem está completamente formada. Apresenta 2 faces: fetal (fica diretamente em contato com a cavidade amniótica, feto e cordão umbilical) e materna (contato com a musculatura uterina) Gonadotrofina coriônica humana (hCG) Garante o desenvolvimento do produto da concepção no 1º trim., assumindo a função de manter o corpo lúteo íntegro além da sua duração habitual (14 dias quando não há concepção) · Atinge seu pico máximo entra a 10 e 12º sem, depois descresse desaparecendo cerca de 12-24 após o parto · É secretada pelo sinciotrofoblasto e pode ser detectada no sangue no 1ºd após a implantação do ovo fertilizado no endométrio, ou seja, entre 8º e o 10ºd após a fecundação · Estimula a síntese de relaxina e inibi a secreção hipofisária de hormônio luteinizante (LH) · Relaxante uterino: principalmente no início da gestação, enquanto a musculatura uterina hipertrofia e consequente sofre estiramento Progesterona Responsável pela instalação manutenção do crescimento e desenvolvimento fetal na cavidade uterina até o momento do nascimento · Tem ação sobre a secreção da hCG e do lactogênio placentário humano (hPL) – hormônio produzido pela placenta · Impede as contrações uterinas: inibição da produção de prostaglandinas e pela diminuição da sensibilidade à ocitocina, evitando expulsão prematura do feto · Estimula o desenvolvimento dos sacos alveolares mamários · Início TP: Níveis de progesterona reduzem e a ocitocina age sobre o útero iniciando o processo de contratilidade para expulsão fetal Estrogênio É responsável por estimular o crescimento contínuo do miométrio uterino, preparando este órgão para desempenhar uma importante função de contratilidade durante o TP e parto. · É sintetizado pelo corpo lúteo sob a ação da hCG, papel que mais tarde é assumido pela placenta · Estimula o desenvolvimento do sistema ductal mamário – alvéolos · Em conjunto com a relaxina promove o relaxamento dos ligamentos pélvicos Lactogênio Placentário Humano (hPL) É sintetizado pelo sinciciotroflobasto (camada de células embrionárias siciciais originada dos trofoblastos, que tem como função abrir caminho na parede do endométrio para a implantação do blastocisto) e pode ser detectado logo na 4º sem de gestação · Tem ação similar à da prolactina (hormônio produzido pela adeno-hipófise e sua principal função é assegurar a lactação. Sua produção se inicia no 1º trim., mas se mantem inibida durante a gestação pela ação do estrogênio e progesterona) e atua no desenvolvimento da glândula mamária · Estimula após o parto as glândulas mamárias a produzirem leite Relaxina É secretada inicialmente pelo corpo lúteo durante a gravidez, por estimulação da hCG, até o momento de a placenta assumir a sua produção. · 1º trim. atua como relaxante miometral, a fim de impedir o abortamento espontâneo · Fase mais tardia da gestação facilita a passagem do feto pelo canal do parto, por tornar mais flexíveis tanto a estrutura óssea como os ligamentos pélvicos. aula 3 – assistência de enfermagem durante a gestação Gestação dura cerca de 40 semanas (280 dias) Diagnóstico: clínico (sinais e sintomas), exame hormonal e ultrassonografia. A suspeita de gravidez ocorre quando há atraso ou irregularidade menstrual associado à suspensão ou irregularidade de uso de método contraceptivo. A partir de 15 dias de atraso menstrual, já é possível identificar marcadores de HCG urinário (teste rápido), e a partir de 12 semanas o Exame clínico já é capaz de confirmar a gestação. SINAIS E SINTOMAS DE PRESUNÇÃO · Amenorreia: atraso menstrual > 15d; · Manifestações clínicas (náuseas, vômitos, tonturas, aumento da frequência urinaria, sonolência, mudança do apetite, salivação excessiva) · Modificações anatômicas (aumento das mamas, hipersensibilidade dos mamilos, tubérculos de Montgomery, colostro, coloração violácea vulvar, cianose vaginal e cervical, aumento do volume abdominal) SINAIS E SINTOMAS DE PROBABILIDADE · Amolecimento da cérvix uterina (sinal de Goodell), com posterior aumento do seu volume · Paredes vaginais aumentadas com aumento da vascularização · Positivação do BetaHCG SINAIS E CERTEZA · Presença de batimentos cardíacos fetais (Pelo sonar a partir de 10 a 12 semanas; pelo Pinard a partir de 20 semanas) · Percepção dos movimentos fetais (18 a 20 semanas) · Ultrassonografia (Saco gestacional com 4 a 5 semanas e BCF a partir de 6 semanas) ATENÇÃO!! Para ampliar a captação precoce das gestantes, o MS incluiu o Teste Rápido de Gravidez (TIG) nos exames de rotina do pré-natal, que pode ser realizado na própria UBS Toda mulher da área de abrangência da unidade de saúde e com história de atraso menstrual de mais de 15 dias (solicitado pelo médico ou enfermeiro) O ßHCG pode ser detectado no sangue periférico da mulher grávida entre 8 a 11 dias após a concepção. CONSULTA DE ENFERMAGEM Atividade independente, realizada privativamente pelo enfermeiro. Objetivo propiciar condições para a promoção da saúde da gestante e a melhoria na sua qualidade de vida, mediante uma abordagem contextualizada e participativa (Lei do Exercício Profissional, Decreto nº 94.406/87.) Os enfermeiros e os enfermeiros obstetras estão habilitados para atender ao pré-natal, aos partos normais sem distorcia e ao puerpério em: · Hospitais · centros de parto normal · unidades de saúde ou em domicílio. Caso haja alguma intercorrência durante a gestação, os referidos profissionais devem encaminhar a gestante para o médico continuar a assistência. CALENDÁRIO DE CONSULTAS Programado em função dos períodos gestacionais que determinam maior risco materno e perinatal. · Iniciado precocemente (1º trim.) e deve ser regular · Total de consultas deverá ser de, no mínimo, 6 (seis), com acompanhamento intercalado entre médico e enfermeiro. · Até 28 semanas – mensal · Da 28 até 36 semanas – 15/15 dias · Da 36 ate a 41 semana – 7/7 dias A maior frequência de visitas no final da gestação: avaliação do risco perinatal e das intercorrências clínico-obstétricas mais comuns (TP prematuro, pré-eclâmpsia e eclâmpsia, amniorrexe prematura e óbito fetal) · ATENÇÃO: Não existe “alta” do pré-natal antes do parto!!!! · Quando o parto não ocorre até a 41ª sem: encaminhar a gestante para avaliação do bem-estar fetal, incluindo avaliação do índice do líquido amniótico e monitoramento cardíaco fetal. · O acompanhamento da mulher no ciclo grávido-puerperal deve ser iniciado o mais precocemente possível e só se encerra após o 42º dia de puerpério. classificação de risco Fatores de risco que permitem a realização do pré-natal pela equipe de atenção básica (Risco Habitual) Fatores relacionados às características individuais e às condições sociodemográficasdesfavoráveis: · Idade menor do que 15 e maior do que 35 anos; · Ocupação: esforço físico excessivo, carga horária extensa, rotatividade de horário, exposição a agentes físicos, químicos e biológicos, estresse; · Situação familiar insegura e não aceitação da gravidez, principalmente em se tratando de adolescente; · Situação conjugal insegura; · Baixa escolaridade (menor do que 5 anos de estudo regular); · Condições ambientais desfavoráveis; · Altura menor do que 1,45m; · IMC que evidencie baixo peso, sobrepeso ou Fatores relacionados à história reprodutiva anterior: · Recém-nascido com restrição de crescimento, pré-termo ou malformado; · Macrossomia fetal; · Síndromes hemorrágicas ou hipertensivas; · Intervalo interpartal menor do que dois anos ou maior do que cinco anos; · Nuliparidade e multiparidade (cinco ou mais partos); · Cirurgia uterina anterior; · Três ou mais cesarianas Fatores relacionados à gravidez atual: · Ganho ponderal inadequado; · Infecção urinária; · Anemia. pré-natal de alto risco Gestação de alto risco é “aquela na qual a vida ou a saúde da mãe e/ou do feto e/ou do recém-nascido têm maiores chances de serem atingidas que as da média da população considerada” Critérios de risco: cardiopatias, pneumopatias graves, nefropatias graves, endocrinopatias, doenças hematológicas, HAS, doenças neurológicas, psiquiátricas, autoimunes, alterações genéticas maternas, antecedente de trombose venosa profunda / embolia pulmonar, ginecopatias, portadoras de doenças infecciosas (Ex: HIV), Hanseníase, Tuberculose, uso de drogas lícitas e ilícitas, patologias clínicas que necessitem acompanhamento especializado e fatores relacionados a vida reprodutiva prévia e fatores relacionados a gestação atual. ROTEIRO DA 1° CONSULTA DE ENFERMAGEM 1. Anamnese: história clínica e exame físico 2. Exames complementares 3. Condutas gerais 1. anamnese: história clínica Identificação: Nome; Número do Cartão Nacional de Saúde; Idade; Cor; Naturalidade; Procedência; Endereço atual; Unidade de referência. Dados socioeconômicos: Grau de instrução; Profissão/ocupação (deve-se identificar fatores de risco); - Estado civil/união; Número e idade de dependentes (deve-se avaliar a sobrecarga de trabalho doméstico);Renda familiar; Pessoas da família com renda; Condições de moradia (tipo, nº de cômodos); Condições de saneamento (água, esgoto, coleta de lixo);Distância da residência até a unidade de saúde. Antecedentes familiares: HAS; DM; Malformações congênitas e anomalias genéticas;Gemelaridade; CA de mama e/ou do colo uterino; Hanseníase; Tuberculose e outros contatos domiciliares (deve-se anotar a doença e o grau de parentesco); Doença de Chagas; Parceiro sexual que vive com HIV. Antecedentes pessoais gerais: Uso de medicamentos; Uso de drogas, tabagismo e alcoolismo; Alergias (inclusive medicamentosas) HAS; DM;Cardiopatias; Doença de Chagas; Doenças renais crônicas; Anemias e deficiências de nutrientes específicos; Desvios nutricionais (baixo peso, desnutrição, sobrepeso, obesidade); Epilepsia; Doenças da tireoide e outras endocrinopatias; Viroses (rubéola, hepatites); Hanseníase, tuberculose, malária, sífilis ou outras doenças infecciosas; HIV (deve-se anotar se a paciente está em uso de antirretrovirais e especificar o esquema utilizado); ITU; Doenças neurológicas e psiquiátricas; Cirurgia (tipo e data); Transfusões de sangue;; Doenças neoplásicas; Vacinação; Antecedentes ginecológicos: Ciclos menstruais (duração, intervalo e regularidade; idade da menarca); Uso de métodos anticoncepcionais prévios (quais, por quanto tempo e motivo do abandono); Infertilidade e esterilidade (tratamento); IST’s, inclusive doença inflamatória pélvica (tratamentos realizados, inclusive pelo parceiro); Cirurgias ginecológicas (idade e motivo); Malformações uterinas; Mamas (patologias e tratamento realizado); Última colpocitologia oncótica (papanicolau ou “preventivo”, data e resultado). Sexualidade: Início da atividade sexual (idade da primeira relação); - Dispareunia (dor ou desconforto durante o ato sexual); Prática sexual na gestação atual ou em gestações anteriores; Número de parceiros da gestante e de seu parceiro em época recente ou pregressa; Uso de preservativos masculinos e/ou femininos (“uso correto” e “uso habitual”). Antecedentes obstétricos: · Nº de gestações (incluindo abortamentos, gravidez ectópica, mola hidatiforme); · Nº de partos (domiciliares, hospitalares, vaginais espontâneos, por fórceps, cesáreas – indicações);- Nº de abortamentos (espontâneos, provocados, causados por DST, complicados por infecções, relato de insuficiência istmo-cervical, história de curetagem pós-abortamento); · Nº de filhos vivos; Idade na primeira gestação; Intervalo entre as gestações (em meses); Isoimunização Rh; · Nº de RN: pré-termo (antes da 37ª semana de gestação), pós-termo (igual ou mais de 42 semanas de gestação); · Nº de RN de baixo peso (menos de 2.500g) e com mais de 4.000g; · Nº de RN prematuros ou pequenos para a idade gestacional; · Mortes neonatais precoces: até sete dias de vida (número e motivo dos óbitos); Mortes neonatais tardias: entre sete e 28 dias de vida (número e motivo dos óbitos); Natimortos (morte fetal intraútero e idade gestacional em que ocorreu) · RN com icterícia, transfusão, hipoglicemia; Intercorrências ou complicações em gestações anteriores (deve-se especificá-las); Complicações nos puerpérios (deve-se descrevê-las) · Histórias de AM anteriores (duração e motivo do desmame). ATENÇÃO: HISTÓRIA OBSTÉTRICA GESTA: · Refere-se ao n° de gestações. · Nuligesta (nunca concebeu). Primigesta (1° gravidez), secundigesta, tercigesta etc. 2 ou + gesta= multigesta PARA: · N° de gestações que houve viabilidade fetal. · Paridade não é maior se o parto é gemelar, nem é menor se o feto já nasce morto. ABORTO · Fetos com menos de 22 semanas e/ou pesando menos de 500g · Eliminação ou extração fetal após 22 semanas considera-se indução do parto ou TP prematuro. Obs: mulher que teve gêmeos em sua primeira gestação, após o parto contabiliza paridade I Gestação atual: · Data do primeiro dia/mês/ano da última menstruação – DUM (anotar certeza ou dúvida); · Cálculo da idade gestacional (IG) e data provável do parto (DPP). · Peso prévio e altura; · Sinais e sintomas na gestação em curso; · Aceitação ou não da gravidez pela mulher, pelo parceiro e pela família, principalmente se for adolescente (identificar gestantes com fraca rede de suporte social) · Hábitos alimentares; · Medicamentos utilizados na gestação; · Internação durante a gestação atual; · Hábitos: fumo (número de cigarros/dia), álcool e drogas ilícitas; · Ocupação habitual (esforço físico intenso, exposição a agentes químicos e físicos potencialmente nocivos, estresse); 1. anamnese: exame físico Mais importantes na primeira visita pré-natal são os seguintes: peso, altura, pressão arterial, avaliação de mucosas, da tireoide, das mamas, dos pulmões, do coração, do abdome e das extremidades. No exame ginecológico/obstétrico: avaliar a genitália externa, a vagina, o colo uterino e, no toque bidigital, o útero e os anexos. Após a 12ª semana, deve-se medir a altura do fundo uterino (AU) no abdome. A ausculta fetal será possível após a 10ª-12ª semana, com o sonar-doppler Consultas subsequentes: obrigatório medir a altura uterina, pesar a paciente, mensurar a pressão arterial, verificar a presença de anemia de mucosas, a existência de edemas e auscultar os batimentos cardíacos fetais. Avaliar o mamilo para lactação. A definição da apresentação fetal deverá ser determinada por volta da 36ªsem. Exame físico geral: · Inspeção da pele e das mucosas · Sinais vitais: aferição do pulso, frequência cardíaca, frequência respiratória, temperatura axilar; · Palpação da tireoide, região cervical, supraclavicular e axilar (pesquisa de nódulos ou outras anormalidades); · Ausculta cardiopulmonar; · Exame do abdome; · Exame dos MMII; · Determinação do peso; · Determinação da altura; · Cálculo do IMC; · Avaliação do estado nutricional e do ganho de peso gestacional;· Medida da pressão arterial; · Pesquisa de edema (membros, face, região sacra, tronco). Exame físico específico (gineco-obstetrico) · Palpação obstétrica; · Medida e avaliação da altura uterina; · Ausculta dos batimentos cardiofetais; · Registro dos movimentos fetais; · Teste de estímulo sonoro simplificado (Tess); · Exame clínico das mamas; · Exame ginecológico (inspeção dos genitais externos, exame especular, coleta de material para exame colpocitopatológico, toque vaginal). 2. exames complementares Devem ser solicitados na primeira consulta os seguintes exames complementares: · Hemograma; · Tipagem sanguínea e fator Rh; · Coombs indireto (se for Rh negativo): detecta se a gestante de sangue Rh negativo possui anticorpos contra o tipo positivo; · Glicemia de jejum; · Teste rápido de triagem para sífilis e/ou VDRL; · Teste rápido diagnóstico anti-HIV; · Anti-HIV; · Toxoplasmose IgM e IgG; · Sorologia para hepatite B (HbsAg); · Exame de urina e urocultura; · Ultrassonografia obstétrica (não é obrigatório) - verificar a idade gestacional; · cito patológico de colo de útero (se necessário); · Exame da secreção vaginal (se houver indicação clínica); · Parasitológico de fezes (se houver indicação clínica); · Eletroforese de hemoglobina (se a gestante for negra, tiver antec. Fam. de anemia falciforme (hemoglobina anormais) ou apresentar história de anemia crônica). 3. CONDUTAS GERAIS · Interpretação dos dados da anamnese, o exame clínico/obstétrico e a instituição de condutas específicas; · Orientar a gestante sobre a alimentação e o acompanhamento do ganho de peso gestacional; · Incentivar o aleitamento materno exclusivo até os seis meses; · Fornecer todas as informações necessárias e respostas às indagações da mulher, de seu companheiro e da família; · Prescrever suplementação de sulfato ferroso (40mg de ferro elementar/dia) e ácido fólico (5mg/dia) para profilaxia da anemia; · Orientar a gestante sobre os sinais de risco e a necessidade de assistência em cada caso; · Referenciar a gestante para atendimento odontológico; · Encaminhar a gestante para imunização; · Deve-se referenciar a gestante para serviços especializados quando o procedimento for indicado (mulher deverá continuar sendo acompanhada, conjuntamente, na unidade básica de saúde) · Ações e práticas educativas individuais e coletivas. · Deve-se agendar consultas subsequentes. importante LEMBRAR!! IgG (Imunoglobulina G) e IgM (Imunoglobulina M) são anticorpos que o organismo produz quando entra em contato com algum tipo de micro-organismo invasor. IgM é produzido na fase aguda da infecção IgG, que também surge na fase aguda, é mais específico e serve para proteger a pessoa de futuras infecções, permanecendo por toda a vida. IgG - (não reagente) e IgM - (não reagente): nunca entrou em contato com o patógeno (nunca teve a doença ou nunca tomou vacina) e está susceptível a ter a doença; IgG - e IgM +: infecção aguda (dias, semanas); IgG + (reagente) e IgM + (reagente): infecção recente (semanas ou meses); IgG + e IgM -: infecção antiga (meses ou anos) ou sucesso da vacina; a pessoa está protegida para essa doença. roteiro das consultas subsequentes Anamnese atual sucinta: deve-se enfatizar a pesquisa das queixas mais comuns na gestação e dos sinais de intercorrências clínicas e obstétricas, com o propósito de se reavaliar o risco gestacional e de se realizar ações mais efetivas; · Exame físico direcionado (deve-se avaliar o bem-estar materno e fetal); · Verificação do calendário de vacinação; · Deve-se avaliar o resultado dos exames complementares; · Devem ser feitas a revisão e a atualização do Cartão da Gestante e da Ficha de Pré-Natal. Além disso, devemos executar as seguintes tarefas: I. Controles maternos: · Cálculo e anotação da IG; · Determinação do peso e IMC: anote no gráfico e realize a avaliação nutricional subsequente e o monitoramento do ganho de peso gestacional; · Medida da PA; · Palpação obstétrica e medida da AU (anote os dados no gráfico e observe o sentido da curva para avaliação do crescimento fetal); · Pesquisa de edema; · Exame ginecológico, incluindo das mamas, para observação do mamilo. II. Controles fetais: · Ausculta dos batimentos cardiofetais; · Avaliação dos movimentos percebidos pela mulher e/ou detectados no exame obstétrico/ registro dos movimentos fetais; III. Condutas: · Interpretação dos dados da anamnese e do exame clínico/obstétrico e correlação com resultados de exames complementares; · Avaliação dos resultados de exames complementares e tratamento de alterações encontradas ou encaminhamento, se necessário; · Prescrição de suplementação de sulfato ferroso (40mg de ferro elementar/dia) e ácido fólico (5mg/dia), para profilaxia da anemia; · Oriente a gestante sobre alimentação e faça o acompanhamento do ganho de peso gestacional; · Incentive o AME até os seis meses; · Oriente a gestante sobre os sinais de risco e a necessidade de assistência em cada caso; · Faça o acompanhamento das condutas adotadas em serviços especializados, pois a mulher deverá continuar a ser acompanhada pela equipe da atenção básica; · Proceda à realização de ações e práticas educativas individuais e coletivas; · Faça o agendamento das consultas subsequentes. avaliação do estado nutricional e do ganho de peso gestacional · Medida do peso, da altura e o cálculo da semana gestacional, o que permite a classificação do índice de massa corporal (IMC) por semana gestacional. · Com base no IMC obtido na primeira consulta de pré-natal, é possível conhecer o estado nutricional atual e acompanhar o ganho de peso até o final da gestação. Atenção :peso verificado em todas as consultas. OBS: A estatura pode ser aferida apenas na primeira consulta, desde que não seja gestante adolescente (menor de 20 anos), cuja medida deverá ser realizada pelo menos trimestralmente. · Baixo peso: quando o valor do IMC for igual ou menor do que os valores apresentados na coluna correspondente abaixo peso · Adequado: quando o IMC observado estiver compreendido na faixa de valores apresentada na coluna correspondente a adequado · Sobrepeso: quando o IMC observado estiver compreendido na faixa de valores apresentada na coluna correspondente a sobrepeso · Obesidade: quando o valor do IMC for igual ou maior do que os valores apresentados na coluna correspondente a obesidade. palpação obstética e medida da altura uterina (au) Objetivo: · Identificar o crescimento fetal; · Diagnosticar os desvios da normalidade a partir da relação entre a altura uterina e a idade gestacional; · Identificar a situação e a apresentação fetal. Ela deve iniciar pela delimitação do fundo uterino, bem como de todo o contorno da superfície uterina (este procedimento reduz o risco de erro da medida da altura uterina). A identificação da situação e da apresentação fetal é feita por meio da palpação obstétrica, procurando-se identificar: · os polos cefálico e pélvico · dorso fetal, facilmente identificados a partir do terceiro trimestre. Pode-se, ainda, estimar a quantidade de líquido amniótico. técnica de palpação abdominal manobras de leopold Consiste em um método palpatório do abdome materno em 4 passos (tempos) 1º Tempo: Delimite o fundo do útero com a borda cubital de ambas as mãos e reconheça a parte fetal que o ocupa 2º Tempo Deslize as mãos do fundo uterino até o polo inferior do útero, procurando sentir o dorso e as pequenas partes do feto 3º Tempo Explore a mobilidade do polo, que se apresenta no estreito superior pélvico 4º Tempo Determine a situação fetal, colocando as mãos sobre as fossas ilíacas, deslizando-as em direção à escava pélvica e abarcando o polo fetal, que se apresenta. As situações que podem ser encontradas são: Longitudinal (apresentação cefálica e pélvica) Transversa (apresentação córmica) e oblíquas. TIPOS DE APRESENTAÇÃO FETAL a- Cefálica b- Pélvica c- Córmica medida da altura uterina – au Visa ao acompanhamento do crescimento fetal e à detecção precoce de alterações (crescimento intrauterino retardado,macrossomia fetal...) Use como indicador a medida da altura uterina e sua relação com o número de semanas de gestação. I. Técnica para medida da altura uterina: · Posicione a gestante em decúbito dorsal, com o abdome descoberto; · Delimite a borda superior da sínfise púbica e o fundo uterino; · Por meio da palpação, procure corrigir a comum dextroversão uterina; · Fixe a extremidade inicial (0cm) da fita métrica, flexível e não extensível, na borda superior da sínfise púbica com uma das mãos, passando-a entre os dedos indicador e médio. · Deslize a fita métrica entre os dedos indicador e médio da outra mão até alcançar o fundo do útero com a margem cubital da mesma mão; · Proceda à leitura quando a borda cubital da mão atingir o fundo uterino; · Anote a medida (em centímetros) na ficha e no cartão e marque o ponto na curva da altura uterina. AUSCULTA DOS BATIMENTOS CARDIOFETAIS · Constatar a cada consulta a presença, o ritmo, a frequência e a normalidade dos batimentos cardíacos fetais (BCF). · Sonar dopler após 12 semanas de gestação ou Pinard, após 20 semanas · É considerada normal a frequência cardíaca fetal entre 120 a 160 bpm. Observação: após uma contração uterina, a movimentação fetal ou o estímulo mecânico sobre o útero, um aumento transitório na frequência cardíaca fetal é sinal de boa vitalidade. Por outro lado, uma desaceleração ou a não alteração da frequência cardíaca fetal, concomitante a estes eventos, é sinal de alerta, o que requer aplicação de metodologia para avaliação da vitalidade fetal. Recomenda-se referir a gestante para um nível de maior complexidade ou à maternidade. I. Técnica para ausculta dos BCF: · Posicione a gestante em decúbito dorsal, com o abdômen descoberto; · Identifique o dorso fetal. Além de realizar a palpação, perguntar à gestante em qual lado ela sente mais os movimentos fetais; o dorso estará no lado oposto; · Procure o ponto de melhor ausculta dos BCF na região do dorso fetal; · Controle o pulso da gestante para certificar-se de que os batimentos ouvidos são os do feto, já que as frequências são diferentes; · Conte os batimentos cardíacos fetais por um minuto, observando sua frequência e seu ritmo; · Registre os BCF na ficha perinatal e no Cartão da Gestante; · Avalie resultados da ausculta dos BCF. VERIFICAÇÃO DA PRESENÇA DE EDEMA · Detectar precocemente a ocorrência de edema patológico Nos membros inferiores: · Posição: decúbito dorsal ou sentada, sem meias; · Pressione a pele na altura do tornozelo (região perimaleolar ou maleolar) e na perna, no nível do seu terço médio, face anterior (região pré-tibial). Na região sacra: · Posição: decúbito lateral ou sentada; · Pressione a pele, por alguns segundos, na região sacra, com o dedo polegar. Face e nos membros superiores · Identifique a presença de edema pela inspeção Obs: O edema fica evidenciado mediante presença de depressão duradoura no local pressionado Observar varizes e sinais flogísticos achados e orientações Orientação Alimentar para Gestante · Apreciar cada refeição, comer devagar, mastigar bem e de forma que evite qualquer tipo de estresse na hora da alimentação. · Evitar consumir líquidos durante as refeições, para reduzir os sintomas de pirose. · Evitar deitar-se logo após as refeições, pois assim pode evitar mal-estar e pirose. · Beber água entre as refeições (melhora o funcionamento do intestino e hidrata o corpo. Bebidas açucaradas (como os refrigerantes e os sucos industrializados) e as bebidas com cafeína (café, chá preto e chá mate) não substituem a água, devem ser evitadas durante o período de gestação para favorecer o controle de peso. · Incluir diariamente nas refeições seis porções do grupo de cereais (arroz, milho, pães e alimentos feitos com farinha de trigo e milho) e tubérculos, como as batatas e raízes, como mandioca/macaxeira. · Montar um prato colorido (tipos de frutas, legumes e verduras) considerando a disponibilidade de alimentos regionais; · Consumir hortaliças verde-escuras (por exemplo: couve, brócolis, agrião, taioba, rúcula) · Dar preferência a frutas, legumes e verduras crus para obter mais fibras em sua alimentação · Lavar em água corrente as frutas, os legumes e as verduras e colocá-los de molho por dez minutos, em água clorada, na diluição de uma colher de sopa do produto para cada litro de água. Depois, é necessário enxaguar o alimento em água corrente; · Beber sucos naturais de frutas feitos na hora · Reduzir para, no máximo, uma vez por semana o consumo de alimentos gordurosos, como carnes com gordura visível, embutidos (salsicha, linguiça, salame, presunto, mortadela), queijos amarelos, salgadinhos, chocolates e sorvetes. · Usar óleos vegetais (de soja, canola, girassol, milho ou algodão) em vez de margarina, gordura vegetal, manteiga ou banha para cozinhar. · Evitar refrigerantes e sucos industrializados, biscoitos recheados e outras guloseimas no seu dia a dia. · Utilizar temperos naturais (cheiro verde, alho, cebola, ervas frescas ou secas e suco de frutas, como limão) com isso, reduzir a quantidade de sal. · Utilizar somente sal iodado. · Para evitar a anemia, consumir alimentos que são fontes de ferro (carnes, vísceras, feijão, lentilha, grão-de-bico, soja, folhas verde-escuras, grãos integrais e castanhas). Deve-se consumir, juntamente alimentos, aqueles que são fontes de vitamina C(como acerola, laranja, caju e limão). · Manter o ganho de peso gestacional dentro de limites saudáveis. · Deve ainda praticar, seguindo orientação de um profissional de saúde, alguma atividade física, além de evitar as bebidas alcoólicas e o fumo. ANTES DE FAZER QUALQUER ORIENTAÇÃO ALIMENTAR VERIFICAR: · QUAIS SÃO OS HÁBITOS ALIMENTARES (QUANTAS REFERIÇÕES? O QUE COME? HORÁRIO) · QUAIS SÃO AS CONDIÇÕES/ RECURSOS FINANCEIROS DA GESTANTE E SUA FAMÍLIA suplementação de ferro e ácido fólico · Ferro elementar (40 mg/dia) até o 3mês após a gestação; · Ácido fólico (400 μg/dia ou 0,4 mg/dia). Utilizar no período pré-gestacional até o final da gestação SINAIS DE ALERTA · sangramento vaginal · cefaléia · escotomas visuais · epigastralgia · edema excessivo · contrações regulares · perda de líquido · diminuição da movimentação fetal · febre · dor em “baixo ventre” · dispneia e cansaço abordagem de queixas frequentes na gestação Pirose/azia: · Fazer alimentação fracionada (pelo menos três refeições ao dia e dois lanches); evitar líquido durante as refeições e deitar-se logo após as refeições. · Ingerir líquido gelado durante a crise; · Elevar a cabeceira da cama ao dormir (dormir com travesseiro alto); · Evitar frituras, café, chá mate e preto, doces, alimentos gordurosos e/ou picantes; · Medicamentos: Hidróxido de alumínio ou magnésio, dois a quatro comprimidos mastigáveis após as refeições e ao deitar se; Bloqueadores H2 e inibidores da bomba de prótons (omeprazol). Sialorréia · Explicar que é uma queixa comum no início da gestação; · Manter dieta semelhante à indicada para náuseas e vômitos. · Orientar a gestante a deglutir a saliva e tomar líquidos em abundância (especialmente em época de calor). Fraqueza/Tontura · Evitar a inatividade; · Fazer alimentação fracionada (pelo menos três refeições ao dia e dois lanches); · Evitar jejum prolongado; · Sentar-se com a cabeça abaixada ou deitar-se de decúbito lateral esquerdo e respirar profunda e pausadamente para aliviar os sintomas; · Evitar permanecer, por longo tempo, em ambientes fechados, quentes e sem ventilação adequada; ingerir líquidos; · Nos casos reincidentes, o uso de meias elásticas para melhorar o retorno venoso pode estar indicado; · Avaliar a pressão arterial. Falta de ar/ dificuldade para respirar · É recomendado realizar ausculta cardíaca e pulmonar e, se houver alterações, encaminhar para avaliação médica. · Solicitar repouso em decúbito lateral esquerdo. · Elevar a cabeceira (ajuda a resolver o fator mecânico) Dor nas mamas (mastalgia) · Esclarecer que o aumento de volume mamário na gestação pode ocasionar desconforto doloroso. · É recomendado realizar exame clínico das mamas para descartarqualquer alteração. · Orientar uso de sutiã com boa sustentação. Obstipação/ constipação intestinal/ flatulências · Ingerir legumes e verduras – em especial as folhosas, por serem ricas em fibras – e frutas cítricas. · Aumentar a ingestão de água para 6-8 copos/ dia · Reavaliar alimentação rica em fibras e evitar alimentos que causem muita fermentação, alimentos flatulosos (feijão, grão-de-bico, lentilha, repolho, brócolis, pimentão, pepino e couve). · Fazer caminhadas leves (se não forem contraindicadas). · Prevenir fissuras anais (não usar papel higiênico, usar água e sabão para limpeza após as evacuações). · Medicamentos: · Dimeticona (40-80 mg), de 6/6 horas, para flatulência; · Hioscina (10 mg), de 8/8 horas, para dor abdominal; Supositório de glicerina. Hemorroida · Avaliar sempre sinais de gravidade: Aumento da intensidade da dor; Endurecimento do botão hemorroidário; Sangramento retal. · Dieta rica em fibras, estimular a ingestão de líquidos e, se necessário, supositórios de glicerina; · Higiene local com duchas ou banhos após a evacuação; · Banho de assento com água morna; · Usar anestésicos tópicos, se necessário; Obs.: tratamentos esclerosantes ou cirúrgicos são contraindicados. Se ocorrerem complicações como trombose, encaminhar para o hospital de referência Dor lombar · Corrigir a postura ao se sentar e andar; · Observar a postura adequada, evitando corrigir a lordose fisiológica; · Recomendar o uso de sapatos confortáveis e evitar saltos altos; · Recomendar a aplicação de calor local e massagens especializadas; · Indicar atividades de alongamento e orientação postural. · Medicamento: Paracetamol (500-750 mg), de 6/6 horas; Dipirona (500-1.000 mg), de 6/6 horas. Corrimento vaginal · O fluxo vaginal normal é comumente aumentado durante a gestação e não causa prurido, desconforto ou odor fétido; · Lembrar que em qualquer momento da gestação podem ocorrer as IST. Não usar cremes vaginais quando não houver sinais e sintomas de infecção vaginal Cefaleia · Repouso em local com pouca luminosidade e boa ventilação; · Conversar com a gestante sobre suas tensões, conflitos e temores; · Se dor recorrente, agendar consulta médica e orientar sobre os sinais de alerta, como frequência, intensidade etc. · Medicamentos: Paracetamol (500-750 mg), de 6/6 horas; Dipirona (500-1.000 mg), de 6/6 horas. Varizes · Mudar de posição com maior frequência; · Não permanecer por muito tempo em pé, sentada ou com as pernas cruzadas; · Repousar por 20 minutos com as pernas elevadas, várias vezes ao dia; · Utilizar meia elástica com suave ou média compressão, que pode aliviar o quadro de dor e edema dos membros inferiores; · Não usar roupas muito justas, ligas nas pernas e nem meias 3/4 ou 7/8. Valorizar a possibilidade de complicações tromboembólicas Câimbras · Evitar o alongamento muscular excessivo ao acordar, em especial dos músculos do pé (ato de se espreguiçar); · Na gestação avançada, devem ser evitados o ortostatismo (ficar em pé) prolongado e a permanência na posição sentada por longo período, como em viagens demoradas; · Nas crises, a grávida com câimbras nos membros inferiores se beneficia muito do calor local, da aplicação de massagens na perna e da realização de movimentos passivos de extensão e flexão do pé; · Evitar excesso de exercício físico e massagear o músculo contraído e dolorido; · Realizar alongamentos específicos, com orientação profissional. Estrias · Orientar que são frequentes após o 5º mês de gestação, geralmente no quadril, abdome e mamas, ocasionadas pela distensão dos tecidos, e que não existe método eficaz de prevenção; · preveni-las: a massagem local, com óleos e cremes hidratantes compatíveis com a gravidez, livre de conservantes ou qualquer outro alergênico. · Qualquer tratamento de estrias está contraindicado na gestação, inclusive o uso de ácido retinoico, também contraindicado na amamentação. Pigmentação/ cloasma gravídico · Orientar que é comum na gravidez e costuma diminuir ou desaparecer após o parto; · Evitar exposição direta ao sol (usar boné, chapéu ou sombrinha); · Utilizar filtro solar, aplicando no mínimo três vezes ao dia. Epistaxe e congestão nasal · Congestão nasal: instilação de soro fisiológico. · Epistaxe: leve compressão na base do nariz. Casos mais graves: encaminhar ao especialista ou ao serviço de emergência. Náusea e Vômitos · Fazer alimentação fracionada, pelo menos três refeições e dois lanches por dia; · Alimentar-se logo ao acordar; · Evitar jejum prolongado; 4. Variar refeições conforme a tolerância individual; · Dar preferência a alimentos pastosos e secos (pão, torradas, bolachas); · Evitar alimentos gordurosos e condimentados · Medicamento: Metoclopramida 10 mg, de 8/8 horas; 2. Dimenidrato 50 mg + cloridrato de piridoxina 10 mg, de 6/6 horas (não exceder 400 mg/dia). CÁLCULO DA DATA PROVÁVEL DO PARTO (DPP) E IDADE GESTACIONAL (IG) Exemplo 3: DUM 04/04/18 07 . 04 . 18 +7 -3_____ 14/01/19 (DPP) Exemplo 4: DUM 26/05/18 26.05.18 +7 -3____ 02/02/19 (DPP) Somatória do período que corresponde a DUM até a data da consulta. · Após a somatória deve-se dividir o total por 7 (nº de dias em uma sem) · •Resultado em semanas e o resto da divisão será expresso em dias Atenção: quando necessário arredondar a sem gestacional 1,2,3d –nº semanas completas 4,5,6d – semana seguinte Exemplo 16semanas e 2d: 16 sem 16semanas e 5d: 17sem CÁLCULO DA IDADE GESTACIONAL (IG) Data da última menstruação 1. Uso do calendário · Contar o número de semanas a partir do 1° dia da última menstruação, até o dia da consulta · DPP: final da 40a semana, contada a partir do 1° dia da última menstruação 2. Uso do disco ou gestograma 1. Período do mês é conhecido · Início mês -> considerar dia 5 · Meio mês -> considerar dia 15 · Final mês -> considerar dia 25 · Uso: calendário/ disco/ gestograma 2. Data e período desconhecidos · Exame obstétrico · Ultrassom aula 4 – assistência de enfermagem diante dos principais agracos a saúde no ciclo gravídico abortamento · Em 2017, foram feitos 1.636 abortos legais · É uma das complicações mais frequentes da gravidez, acontecendo muitas vezes antes mesmo do atraso menstrual. · Apenas 30% das concepções alcançam o nascimento de recém-nascido vivo. · Das gestações confirmadas, aproximadamente 15% a 20% terminam em aborto (PETROZZA, 2017). · Problema de saúde pública: Estima-se que ocorram, considerando apenas o Brasil, mais de 1 milhão de abortamentos induzidos ao ano, sendo uma das principais causas de morte materna no País. O abortamento segundo a OMS é a expulsão de feto pesando < 500 g ou com < 20 semanas de gestação ou 16,5 cm de comprimento (OMS, 1976), podendo ser espontâneo ou provocado. No Brasil, o MS define como abortamento a interrupção da gravidez até 20 ou 22 semanas e com o produto pesando menos que 500g. FATORES DE RISCO A incidência de alterações cromossômicas em abortamentos esporádicos de 1o trimestre é de 50%. Os mais comuns fatores de risco identificados em mulheres com abortamento precoce são a idade materna avançada e a história de perda anterior (ACOG, 2015). A frequência de abortamentos precoces clinicamente reconhecidos em mulheres com idade de 20 a 30 anos é de 9 a 17%, aumentando rapidamente para 20% na idade de 35 anos, 40% com 40 anos e 80% com 45 anos. Qualquer doença materna grave, traumatismo ou intoxicação, além de inúmeras infecções, podem levar ao abortamento. ASPECTOS ÉTICO-PROFISSIONAIS E JURÍDICOS DO ABORTAMENTO Atenção humanizada as mulheres · Igualdade · Liberdade · Dignidade · Sem discriminação ou restrito acesso Não é crime e não se pune quando... Abortamento praticado por médico(a), se: a) não há outro meio de salvar a vida da mulher (Art. 128, I); b) a gravidez é resultante de estupro (ou outra forma de violência sexual), com o consentimento da mulher ou, se incapaz, de seu representante legal (Art. 128, II). A jurisprudência brasileira tem autorizado a interrupção de gravidez nos casos de malformação fetal com inviabilidade de vida extrauterina(anencefalia), com o consentimento da mulher. Nesses casos, o abortamento é um direito da mulher PORTARIA N° 2.282, DE 27 DE AGOSTO DE 2020 Dispõe sobre o Procedimento de Justificação e Autorização da Interrupção da Gravidez nos casos previstos em lei, no âmbito do Sistema Único de Saúde-SUS. · Equipe médica é obrigada a notificar à política os casos de acolhimento de paciente quando houver indícios ou confirmação de crime de estupro. · Equipe médica deve oferecer à vítima de estupro a visualização do feto ou do embrião por meio de ultrassonografia. CONSTITUEM TIPOS CLÍNICOS DE ABORTAMENTO · Ameaça de abortamento · Abortamento inevitável · Abortamento completo · Abortamento incompleto · Abortamento infectado · Abortamento retido · Abortamento habitual · Insuficiência cervical · Eletivo previsto em lei AMEAÇA DE ABORTAMENTO: gravidez complicada por sangramento antes de 20 semanas · O sangramento genital é de pequena a moderada intensidade, podendo existir dores, tipo cólicas, geralmente pouco intensas. · O colo uterino (orifício interno) encontra-se fechado, o volume uterino é compatível com o esperado para a idade gestacional, e não existem sinais de infecção. · O exame de ultrassom mostra-se normal, com feto vivo, podendo encontrar pequena área de descolamento ovular · Não existe indicação de internação hospitalar, a mulher deve ser orientada para ficar em repouso, utilizar analgésico se apresentar dor, evitar relações sexuais durante a perda sanguínea, e retornar ao atendimento de pré-natal. · Atenção: Nos casos em que não ocorre regressão das alterações ou se surgir febre, dor pélvica localizada ou sangramento com odor fétido deve a mulher retornar ao serviço de saúde para nova avaliação ABORTAMENTO INEVITÁVEL/INCOMPLETO: o colo está dilatado, mas o produto da concepção não foi eliminado (inevitável) ou alguma parte do produto da concepção foi eliminada, mas não a sua totalidade; podem estar retidos feto, placenta ou membranas (incompleto) · O sangramento é maior que na ameaça de abortamento, que diminui com a saída de coágulos ou de restos ovulares, as dores costumam ser de maior intensidade que na ameaça, e o orifício cervical interno encontra-se aberto. · O exame de ultrassom confirma a hipótese diagnóstica, embora não seja imprescindível. · Abortamento precoce (até 12 semanas) · aspiração manual ou elétrica intrauterina (AMIU) por ser mais segura e permitir o esvaziamento mais rápido · Quando não for possível empregar essa técnica, realiza-se a curetagem uterina. · Abortamento tardio (após 12 semanas) · Misoprostol na dose de 200mcg de 12/12. 31 horas, via vaginal, em ciclos de 48 horas de tratamento, com 3 a 5 dias de intervalo. · Atenção: Após a expulsão, persistindo o sangramento, · tamanho uterino for < ou = a gestação de 12 semanas podemos realizar a complementação por AMIU. · volume uterino for > de 12 semanas utilizamos a curetagem uterina. Em situações onde o esvaziamento é emergencial (hemorragias graves ou infecções graves), o uso do misoprostol deve ser evitado devido ao tempo de resposta necessário para o esvaziamento medicamentoso. ABORTAMENTO RETIDO: gravidez na qual já há a morte fetal (em geral por semanas) sem a sua expulsão · Ocorre a regressão dos sintomas e sinais da gestação, o colo uterino encontra-se fechado e não há perda sanguínea. · O exame de ultrassom revela ausência de sinais de vitalidade ou a presença de saco gestacional sem embrião (ovo anembrionado). · Pode ocorrer o abortamento retido sem os sinais de ameaça. · Trata-se com misoprostol quando o útero corresponder à gestação > que 12 semanas e por meio de AMIU com útero correspondente a < de 12 semanas. ABORTAMENTO COMPLETO: todo o produto da concepção foi eliminado sem a necessidade de intervenção médica ou cirúrgica · Geralmente ocorre em gestações com menos de 8 semanas. A perda sanguínea e as dores diminuem ou cessam após a expulsão do material ovular. · O colo uterino (orifício interno) pode estar aberto e o tamanho uterino mostra-se menor que o esperado para a idade gestacional. No exame de ultrassom encontra-se cavidade uterina vazia ou com imagens sugestivas de coágulos. · A conduta: observação, com atenção ao sangramento e/ou à infecção uterina. Quando persiste o sangramento, podemos prescrever uterotônicos (induzir contrações), ou pode ser realizada AMIU com cânula bem fina. · É importante ressaltar que a curetagem uterina deve ser usada apenas quando a aspiração não estiver disponível. ABORTAMENTO INFECTADO: abortamento (geralmente incompleto) complicado por infecção intrauterina · Com muita frequência está associado a manipulações da cavidade uterina pelo uso de técnicas inadequadas e inseguras. · Estas infecções são polimicrobianas e provocadas, geralmente, por bactérias da flora vaginal. São casos graves e devem ser tratados, independentemente da vitalidade do feto. · As manifestações clínicas são: elevação da temperatura, sangramento genital com odor fétido acompanhado de dores abdominais ou eliminação de secreção purulenta através do colo uterino. · Na manipulação dos órgãos pélvicos, através do toque vaginal, a mulher pode referir bastante dor, e deve-se sempre pensar na possibilidade de perfuração uterina. · Exames para melhor avaliação: hemograma com contagem de plaquetas; urina tipo I; coagulograma; hemocultura; cultura da secreção vaginal e do material endometrial; raios-x do abdome; ultrassonografia pélvica ou de abdome total; e tomografia. · No tratamento: iniciar antibioticoterapia (utilizado metronidazol ou clindamicina; associado com gentamicina ou amicacina) · O esvaziamento uterino: naqueles úteros com tamanho compatível 12 semanas (AMIU). Na impossibilidade de o uso empregar a curetagem uterina; em ambas, o esvaziamento uterino deve ser feito sob infusão de ocitocina. · Casos mais graves, acompanhados de peritonite e que demoram a dar uma resposta satisfatória, deve-se proceder a laparotomia exploradora e, se necessário, realizar retirada de órgãos pélvicos. · A persistência de febre após os cuidados iniciais pode traduzir abscessos pélvicos ou tromboflebite. Nesse caso indica-se a utilização da heparina. ABORTAMENTO HABITUAL: 2 ou mais abortamentos consecutivos · Caracteriza-se pela perda espontânea e consecutiva de 3 ou mais gestações antes da 22ª semana. · É Primário: mulher jamais conseguiu levar a termo qualquer gestação · É Secundário: houve uma gravidez a termo. · Estas mulheres devem ser encaminhadas para tratamento especializado, onde seja possível identificar as causas e realizados tratamentos específicos. ABORTAMENTO ELETIVO PREVISTO EM LEI Nos casos em que exista indicação de interrupção da gestação, obedecida a legislação vigente e, por solicitação da mulher ou de seu representante, deve ser oferecida à mulher a opção de escolha da técnica a ser empregada: · Abortos farmacológicos (misoprostol, ocitocina) · AMIU · Dilatação e curetagem Tal escolha deverá ocorrer depois de adequados esclarecimentos das vantagens e desvantagens de cada método, suas taxas de complicações e efeitos adversos. INSUFICIÊNCIA CERVICAL: incapacidade do colo uterino em reter o produto da concepção no 2º trimestre da gravidez, na ausência de sinais e sintomas de contrações e/ou parto · Uma das principais causas de abortamento habitual tardio ou de parto pré-termo extremo. A “dilatação cervical é sem dor” e o feto nasce vivo e morfologicamente normal. · Costuma ser precedida por história de traumatismo cervical causado por conização, laceração cervical no parto ou dilatação exagerada do colo em casos de interrupção provocada da gravidez e defeitos müllerianos (más formações uterinas) · Secreção mucoide vaginal e dilatação de 4 a 6 cm sem desconforto apreciável ou percepção de contrações reforçam o diagnóstico. · A dilatação cervical com Herniação das membranas visualizadas ao exame especular configura o quadro de insuficiência cervical aguda. · As perdas gestacionais ocorrem tipicamente no 2 ou no início do 3 trimestre, com cada interrupção ocorrendo mais cedo do quea anterior. · Atenção: Não há nenhum teste diagnóstico pré-concepcional recomendado para confirmar insuficiência cervical. · Tratamento é cirúrgico por meio da cerclagem do colo uterino, realizada na gravidez. · A cerclagem deve ser limitada a gestações no 2 trimestre (até 24 semanas), antes da viabilidade fetal. Nem antibióticos nem tocolíticos profiláticos melhoram a eficácia da cerclagem. · Certas condutas não cirúrgicas, incluindo restrição da atividade física e repouso no leito e pélvico, não são efetivas para o tratamento da insuficiência cervical e devem ser desencorajadas · Deve ser removida com 36 a 37 semanas de gravidez SINDROMES HIPERTENSIVAS A hipertensão complica cerca de 10% de todas as gestações -> morte materna Pode se apresentar como: 1. Pré-eclâmpsia (ou, nos casos mais graves, eclâmpsia) 2. Hipertensão crônica 3. Hipertensão crônica com pré-eclâmpsia superposta 4. Hipertensão gestacional HIPERTENSÃO ARTERIAL (MS) Considera-se HAS na gestação se a: PA sistólica for ≥140 mmHg e/ou PA diastólica ≥90mmHg, mantidos em medidas repetidas, aferido em condições ideais, em pelo menos 3 dias diferentes com duas medidas a cada avaliação. As síndromes hipertensivas, dividem-se em 5, são elas: · HAS CRÔNICA: HAS que ocorre antes das 20 semanas de gestação, ou após 12 semanas do parto. · HIPERTENSÃO GESTACIONAL: HAS que ocorre após 20 sem de gestação, sem proteinúria. Pode ser definida como transitória (quando normaliza após o parto) ou crônica (quando persiste após o parto) · PRÉ ECLÂMPSIA: Aparecimento de HAS e Proteinúria (>300mg/24 h), após 20 sem, em gestantes previamente normotensas. · PRÉ- ECLÂMPSIA SUPERPOSTA À HAS CRÔNICA (SÍND. HELLP): Elevação Aguda da PA: proteinúria, trombocitopenia (↓plaquetas), ou anormalidades da função hepática, em gestantes com HAS Crônica, com IG >20 semanas · ECLÂMPSIA: Pré-eclâmpsia complicada por convulsões. has crônica · A hipertensão crônica é aquela que está presente antes de 20 semanas da gravidez, e pode persistir até 12 semanas do pós-parto (diagnóstico retrospectivo) (ACOG, 2012). · A hipertensão crônica na gravidez pode resultar em significativa morbimortalidade materna e fetal. · Pode ocorre maior chance de desenvolver pré-eclâmpsia hipertensão gestacional · HAS que ocorre após 20 sem de gestação, sem proteinúria. · Diagnóstico não-específico – pode incluir mulheres com ou sem pré-eclâmpsia ou hipertensas crônicas · Diagnóstico retrospectivo no pós-parto (12 sem) · Hipertensão Transitória – não ocorreu PE e PA voltou ao normal · HAS Crônica – PA persiste elevada 25 – 50% das mulheres com hipertensão gestacional progridem para pré-eclâmpsia! FATORES DE RISCO: · Primigesta; · Gestante com menos de 16 anos (adolescente); · Gestante com mais de 30 anos; · Obesidade; · Raça negra; · Doenças prévias à gestação (HAS, diabetes, doenças renais ou lúpus); · História de familiares com pré-eclâmpsia ou eclâmpsia; · Ter apresentado pré-eclâmpsia na gestação anterior; · Gestação gemelar; PRÉ-ECLÂMPSIA E ECLÂMPSIA O termo eclâmpsia se origina do grego eklampein, que significa “surgir de repente” ou “prenúncio brilhante” Representam as principais formas clínicas de hipertensão na gravidez, acometendo 6-8% das gestações, uma incidência que varia de acordo com: · a região do mundo · a idade das gestantes · proporção de primíparas na população fisiopatologia Estão relacionados ao processo de desenvolvimento da placenta, porque por algum motivo, genético-imunológico, ainda não completamente desvendado, não ocorre penetração adequada da placenta nas camadas do útero, e a unidade uteroplacentária não é bem perfundida (oxigenada). Essa isquemia é que leva ao desencadeamento das alterações bioquímicas, que acabam por induzir hipertensão, proteinúria e efeitos diversos em vários órgãos e sistemas, incluindo rins, fígado, cérebro e coagulação sanguínea. PRÉ-ECLÂMPSIA Hipertensão (PA sistólica (PAS) maior ou igual que 140mmHg e/ou diastólica (PAD) maior ou igual que 90mmHg), que surge depois de 20 sem de gravidez, associada com proteinúria (excreção de proteína na urina) = ou > que 300mg nas 24 horas. Atenção: Na ausência do exame de proteinúria nas 24 h, considera-se o achado de proteinúria de fita em amostra isolada de urina de 1+ ou mais Fatores de risco clínicos para pré eclampsia: Risco alto: · Trombofilia · Lúpus eritematoso sistêmica (LES) · Diabetes (1 e 2) · Hipertensão crônica e/ou doença renal Risco moderado: · Primípara · Hist. familiar de pré-eclâm. (mãe, irmãs) · Gravidez gemelar · Fertilização in vitro · Obesidade (IMC ≥ 35 kg/m2, na consulta inicial) · Idade materna avançada (≥ 40 anos) · Intervalo gestacional > 10 anos · Etnia negra A presença de edema não faz mais parte dos critérios diagnósticos (não apresenta correlação com o prognóstico gestacional, visto que grávidas perfeitamente normais podem apresentar edema, mesmo edema generalizado) Exames: hemograma, ureia, creatinina, ácido úrico, contagem de plaquetas, testes de função hepática (transaminases) e bilirrubinas fazem parte da propedêutica complementar, mas não dos critérios diagnósticos. Esses exames servem para avaliar a gravidade da pré-eclâmpsia, mas o diagnóstico não depende de sua alteração A associação de HÁ surgindo depois de 20 semanas de gravidez com proteinúria · A pré-eclâmpsia pode se sobrepor a uma hipertensão crônica pré-existente, quando então é dita pré-eclâmpsia superposta. · Somente a pressão alta não permite o diagnóstico de pré-eclâmpsia. · Existe a hipertensão gestacional, em que surge a hipertensão no final da gravidez e que é transitória (desaparece pós-parto), não se associando com proteinúria: · recomenda-se tranquilizar a gestante, realizar os exames para afastar pré-eclâmpsia, avaliar o bem-estar fetal, e pode-se aguardar o trabalho de parto espontâneo. · não indica a cesariana, porém habitualmente a interrupção da gravidez está indicada a termo. Em alguns casos a hipertensão gestacional pode estar mascarando formas atípicas de pré-eclâmpsia, de forma que toda a investigação laboratorial para pré-eclâmpsia e suas complicações (principalmente síndrome HELLP) está indicada COMPLICAÇÕES E PROGNÓSTICO Associado com diversas complicações: · Maternas: risco de eclâmpsia (a crise convulsiva), síndrome HELLP (comprometimento do fígado, com elevação das enzimas hepáticas, associado a queda das plaquetas - plaquetopenia - e anemia hemolítica microangiopática), descolamento prematuro de placenta (DPP) e coagulação intravascular disseminada, dentre outras · Perinatais: alterações da vitalidade fetal, restrição do crescimento fetal, prematuridade e aumento da morbidade e mortalidade neonatal Os maiores riscos são associados à eclâmpsia, que sobreleva a chance de complicações e morte materna e perinatal FORMAS CLÍNICAS · LEVE: Hipertensão e proteinúria e ausência dos sinais e sintomas característicos de pré-eclâmpsia grave · GRAVE: · Apresenta qualquer um dos seguintes sinais ou sintomas: PAS maior ou igual que 160mmHg e/ou PAD maior ou igual que 110mmHg · Manifestações visuais e/ou cerebrais sinais de encefalopatia hipertensiva (cefaleia e distúrbios visuais). · Proteinúria maior do que 2g/24 h ou 2 ++ cruzes ou mais no exame qualitativo (proteinúria de fita), creatinina maior que 1,2mg%, oligúria, edema agudo de pulmão ou cianose e presença de manifestações clínicas ou laboratoriais da síndrome HELLP CONDUTA O único tratamento definitivo: é o parto! A fim de prevenir as complicações da prematuridade e melhorar o prognóstico neonatal, a conduta na pré-eclâmpsia tem por objetivos: 1. Minimizar o risco de complicações 2. Evitar prematuridade desnecessária 3. Maximizar a sobrevivência da mãe e do bebê (tanto fetal como neonatal e tardia) PRÉ-ECLAMPSIA LEVE · Gestação pode prosseguir até o termo, desde que os níveis tensionais estejam controlados, gestante e feto em boas condições. · Devem ser intensificadas as consultas pré-natais (SEMANAIS), visando a detectar uma possível evolução do quadro para pré-eclâmpsia grave · Em algunscasos a hospitalização pode estar indicada. · Dieta equilibrada, repouso relativo, períodos de descanso em decúbito lateral esquerdo, também são recomendados. · Pode ocorrer o parto espontâneo ou se realizar indução, obrigatoriamente em regime hospitalar. A indução a termo está associada com melhor prognóstico e prevenção de picos hipertensivos e morbidade materna · O diagnóstico de pré-eclâmpsia leve é transitório, porque a qualquer momento pode haver progressão para pré-eclâmpsia grave e, mais raramente, para eclâmpsia. PRÉ-ECLAMPSIA GRAVE · A conduta na presença de pré-eclâmpsia grave vai depender da idade gestacional e das condições maternas e fetais. · Habitualmente, o desenvolvimento da doença antes de 32 sem (pré-eclâmpsia de início precoce) piora o prognóstico, sendo mais comuns as complicações tanto maternas como perinatais da doença. · ATENÇÃO: É preciso lembrar que, embora essas complicações sejam mais frequentes nas formas graves, a progressão de uma forma leve para grave pode ser rápida, inesperada e, às vezes, fulminante · Antes de 34 sem, e na ausência de complicações maternas ou fetais, é possível manter conduta conservadora nos casos de pré-eclâmpsia grave, para aguardar a maturidade fetal. Nesses casos, a hospitalização é obrigatória. Recomenda-se administrar corticoide (betametasona) para acelerar a maturação pulmonar fetal. COMPLICAÇÕES (70% das mulheres): · DPP · Síndrome HELLP · Edema agudo de pulmão · Insuficiência renal · Coagulação intravascular disseminada · Edema cerebral · Hemorragia CEREBRAL · Coma · Morte materna Pode acontecer em cerca de 3% dos casos de pré-eclâmpsia grave que não recebem profilaxia com sulfato de magnésio e em 0-0,6% dos casos de pré-eclâmpsia leve. síndrome hellp (PRÉ-CLÂMPSIA SUPERPOSTA À HAS CRÔNICA) São as iniciais usadas para descrever a condição de pacientes com pré-eclâmpsia grave que apresenta: H: Hemólise (fragmentação das células vermelhas do sangue na circulação); EL: níveis elevados de enzimas hepáticas; LP: diminuição do número de plaquetas. A Síndrome HELLP, em 70% dos casos, ocorre anteriormente ao parto, sendo 15% entre 17-26 semanas e a quase totalidade antes de 36 semanas. Os 30% restantes aparecem no pós-parto. Os sintomas tópicos dessa síndrome são: · Cefaleia · Dor epigástrica ou no quadrante superior direito do abdome. · Náuseas e vômitos DIAGNÓSTICO Deve-se avaliar: · Pressão arterial; · Presença de edema generalizado (parede abdominal, pernas, face, região lombossacra e mãos); · Aumento de peso acima de 500g por semana; · Proteinúria com valores iguais ou maiores a 300mg de proteína na urina coletada durante 24h. IMINÊNCIA DE ECLÂMPSIA · Manifestações visuais e/ou cerebrais persistentes: Amaurose (cegueira total ou parcial), turvação visual, escotomas (é uma região do campo visual que apresenta perda total ou parcial da acuidade visual, rodeada de uma outra região em que a visão normal está preservada), diplopia (visão dupla), cefaleia, torpor (Sensação de indisposição), obnubilação (turvação) · Dor em hipocôndrio direito e/ou epigastralgia · Oligúria (diminuição da quantidade de urina) · Exaltação dos reflexos tendinosos ECLÂMPSIA: Ocorrência de uma ou mais crises convulsivas tônico-clônicas, generalizadas, em pacientes com diagnóstico de pré-eclâmpsia, na ausência de outras condições neurológicas, ou seja, além da sintomatologia descrita para a pré-eclâmpsia grave (proteinúria, hemólise, cefaleia, escotomas, aumento das enzimas hepáticas, trombocitopenia (síndrome HELLP) ), observa-se convulsão seguida de coma. TRATAMENTO · Hipotensor: controle da PA O tratamento dos picos hipertensivos, todavia, é sempre recomendado (com PAS maior ou igual a 160mmHg e/ou PAD maior ou igual a 110mmHg), podendo-se utilizar hidralazina intravenosa ou nifedipina por via oral. · Interrupção da gravidez A partir de 34 sem, em geral indica-se a interrupção da gravidez, que pode também ser necessária antes dessa idade gestacional, se surgirem complicações colocando em risco o bem-estar da gestante ou do bebê. A Organização Mundial da Saúde recomenda conduta expectante entre 34 e 36 semanas de gravidez para os casos de pré-eclâmpsia grave na ausência de hipertensão descontrolada, disfunção de órgãos maternos e sofrimento fetal, desde que exista a possibilidade de monitorização materna e fetal. · Via de Parto Apesar de ser frequentemente utilizada como pretexto para a cirurgia cesariana, a hipertensão em qualquer de suas formas, incluindo pré-eclâmpsia grave e eclâmpsia, não representa indicação de cesárea A cesárea só será realizada se houver indicação específica e não pela pré-eclâmpsia (chance de cesárea está aumentada, em virtude de algumas complicações como :DPP e alterações da vitalidade fetal, por exemplo, indicarem o parto imediato, porém em muitos casos pode ocorrer o parto normal, sem riscos para a mulher). ATENÇÃO: O parto normal é preferível em diversas circunstâncias ( distúrbios da coagulação podem complicar a pré-eclâmpsia, e o risco de sangramento é, evidentemente, muito maior na cesariana em relação ao parto normal e se houver redução acentuada da contagem de plaquetas (abaixo de 75.000/mm3), não pode ser feita anestesia regional (raquidiana ou peridural) e, na cesariana, a anestesia terá que ser geral, com maiores riscos para o binômio mãe-bebê ) · Indução do Parto Pode estar indicada em mulheres com pré-eclâmpsia, quando há a indicação de interrupção da gravidez, porém ainda não se desencadeou o trabalho de parto. Como o colo do útero pode não estar preparado (avaliado pelo escore de Bishop), a droga mais utilizada é o misoprostol (análogo das prostaglandinas), é recomendada pela OMS quer por via oral (25mcg via oral a cada 2h) ou quer vaginal (25mcg por via vaginal a cada 6h) OBS: Misoprostol é contraindicado em mulheres com cicatriz uterina prévia, incluindo cesárea anterior. Nesse caso, pode ser realizado o preparo cervical com sonda de Foley. Ocitocina pode ser utilizada nos casos com colo favorável Em todos os casos: monitorizar a frequência cardíaca fetal e a contratilidade uterina, vigiando sinais como: síndrome de hiperatividade uterina (aumento excessivo das contrações - taquissistolia - em associação com frequência cardíaca fetal - FCF - não tranquilizadora). · Sulfato de magnésio 50% na pré-eclâmpsia · Está indicado para prevenção da eclâmpsia. É efetiva para reduzir a incidência de eclâmpsia e a morte materna, sem efeitos prejudiciais para o concepto. Administração intravenosa é preferível: Dose de ataque de 4g EV ou 5,0g IM em cada nádega. Dose de manutenção de 2g/horas em bomba de infusão ou 5,0g IM de 4 em 4 horas; monitorar reflexos patelares, débito urinário e frequência respiratória · Reversão: Gluconato de Cálcio 1g EV OBS: É fundamental observar parâmetros que, uma vez ausentes, indicam a suspensão do medicamento: Reflexo tendinoso presente (embora hipoativo), Diurese > 25 a 30 mℓ/h, Frequência respiratória ≥ 16 movimentos/minuto. Em doses tóxicas, o sulfato de magnésio é um medicamento perigoso para a mãe: deprime a respiração e causa parada cardíaca. Em casos de depressão respiratória, deve-se administrar 1 a 2 g de gliconato de cálcio IV (10 mℓ de solução a 10%), em cerca de 3 min para combater os efeitos tóxicos do sulfato de magnésio · Via de parto na eclâmpsia · Eclâmpsia também não é indicação de cesárea · A interrupção não deve ser imediata nem intempestiva, havendo necessidade de se estabilizar a condição clínica materna, obter exames laboratoriais (pelo menos a contagem de plaquetas) e evitar retirar o feto imediatamente depois da crise convulsiva · O parto normal é perfeitamente possível e pode ser induzido com segurança, não tendo sido comprovados efeitos benéficos da cesariana a partir de 34 semanas. Em casos mais precoces com colo muito desfavorável, a cesariana pode estar indicada para resolução mais rápida. PREVENÇÃO · Infelizmente a prevenção ideal ainda não foi encontrada. · Alguns estudos apontam que a suplementação de cálcio (1,5g-2g/dia) em populações
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