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7-GUSTAVO GIOVANNONI

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Sumário
Apresentações
Observações sobre os Textos de Gustavo Giovannoni 
Traduzidos nesta Edição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Beatriz Mugayar Kühl
Atualidade de Gustavo Giovannoni . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Andrea Pane
O “Velhas Cidades” de Gustavo Giovannoni: 
Algumas Notas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Renata Campello Cabral e 
Carlos Roberto M. de Andrade
Gustavo Giovannoni e o Restauro Urbano . . . . . . . . . . . . 63
Manoela Rossinetti Rufinoni
Gustavo Giovannoni. 
Textos Escolhidos
Velhas Cidades e Nova Construção Urbana . . . . . . . . . . . 91
O “Desbastamento” de Construções nos Velhos 
Centros. O Bairro do Renascimento em Roma . . . . . . 137
A Restauração dos Monumentos na Itália . . . . . . . . . . . 179
Verbete: Restauro dos Monumentos . . . . . . . . . . . . . . . . . 191
Gustavo Giovannoni. 
Textos E scolhidos 
Artes&Ofícios 
9 
NUC LEOOfAPOIO 
A PESQUiSA SAO PAULO 
cidade tspa~o memóri01 
Gustavo Giovannoni. 
Textos Escolhidos 
Beatriz Mugayar Kühl ( org.) 
'l't ' tlllli(,'ÍÍO 
IC••nula Campello Cabral 
C :nl'lol-l Hoherto M. de Andrade 
ll••nll"iY. Mngayar Kühl 
'"'' ~ · 111 11\' 111'~ 
Jl, 11 1111 Mup;nyar Kühl 
\ uclt ••u I '11n•· 
ltt·ll n lu ( :nmt"·llo Cabral e Carlos Roberto M. 
dt• \ "' lt·ntl•· 
'\lulluc·lll HoKHitti'LLÍ Rufinoni 
\t t ll I•IHo ·tlt l 
Direi tos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19.02.98. 
É proibida a reprodução total ou parcial sem autorização, 
por esc1i to, da editora. 
l ' edição. 2013/1• reimpressão, 2017 
Dados Internacionais de Catalogação na Publ icação (CIP) 
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) 
Giovannoni, Gustavo, 1873-1947. 
Gustavo Ciovannoni: Textos Escolhidos I 
Gustavo Giovannoni; tradução Renata Campello 
Cabral, Carlos Roberto M. de Andrade, Beatriz 
Mugayar Kllhl. - Cotia, SP: Ateliíl Editorial, 2013. 
TSBN: 978-85-7480-601-3 
Vá1ios apresentadores 
1. Arqui tetura- Conservação e restauração 
2. Giovannoni, Gustavo, 1873-1947 - Crflica e 
interpretação J. Título. 
13-01322 CDD-720.288 
Índices para catálogo sistemático: 
I . Restauração: Arquitetura 720.288 
Di rei los reservados à 
A TI'LIÊ EDITOIU!Il. 
Estrada da Aldeia de Carapicufba. 897 
06709-300 - Cotia- SP - Brasil 
Telefax: (11) 4612-9666 
www.atelie.com.br I contato@atelie.com.br 
Foi fei to o depósito legal 
Printed in Brazil 
2017 
Sumário 
Apresentações 
! >hs('rvações sobre os Textos de Gustavo Giovannoni 
Tmduzidos nesta Edição ............................. . . ll 
/Jt•rttriz Muga)'ar Kühl 
\tuu liclmk de Gustavo Giovannoni .................. . 31 
l !lfht•n flane 
! l " \wlhnH Cidades" de Gus tavo Gi ovannoni: 
\IKIIIl lUS olas ............... . .......................... 53 
Rt•Jutla Campello Cabral e 
Cal'lo.~ Roberto M. de Andrade 
I :11"111vo C iovnnnoni e o Restauro Urbano ............ 63 
Ma mwlrt Uossinetli Rufinoni 
l:l • Gu~tavo Giovannoni. Tex tos Es<·olhidos 
Gustavo Giovannoni. 
Textos Escolhidos 
Velhas Cidades e Nova Construção Urbana .. .... ..... 91 
O "Desbastamento" de Construções nos Velhos 
Centros. O Bairro do Renascimento em Roma .... .. 137 
A Restauração dos Monumentos na Itália .. . . . ... . . . 179 
Verbete: Restauro dos Monumentos ...... . .......... 191 
Apresentações 
()bservações sobre os Textos 
de Gustavo Giovannoni 
Traduzidos nesta Edição 
Bt·H triz Mugayar Kühl 
( :nsl.avo Giovannoni (1873-1947) teve atuação de 
• .tptt.d importância em variados campos, enlre el es o 
ntlutlliHnto, que aj udou a consolidar como disciplin a na 
lt tltu, 11 l't•s ta uração, em geral, e o "restauro urbano" 
• '" (llllllf·ular. Dando sequência às publicações na co-
Ir'·"'' \t'lt·s & Ofícios da A teliê Editorial, pareceu de 
• I" t'lld iniPresse publicar al guns dos textos do autor 
I'" 1 olf' tt ·<·t•r uma visão, mesmo que limitada, de el e-
uu 11111 1 1111porta ni PS que compõem seu raciocínio sobre 
I I'IIIHH . 
( ""' 11 1111olli fo i autor muito prolífico, com produção 
'""ltlf11t ' ' '""" ,. uhundanle, Le nd o escrito centenas de 
12 • Gustavo Giovannoni. Textos Escolhidos 
Lexlos 1• F oram escolhidos para esta publicação quatro 
deles2: 
• "Vecchie Città ed Edilizia Nuova", Nuova An-
tologia, 1913, vol. CLXV, fascículo 995 (1 !l de 
junho), pp. 449-472. 
• "Il 'Diradamento' Edilizio dei Vecchi Centri. Il 
Quartiere della Rinascenza in Roma", Nuova 
AntoLogia, 1913, vol. C LXVI, fascículo 997 (1 n 
de julho), pp. 53-76. 
• "La Restauration des Monuments en Italie", em 
La Conservation des Monuments d'Art et d'Histoire, 
Paris, Institut de la Coopération lnLellecLuelle, 
Office International eles Musées, 1933, pp. 60-66. 
• "Restauro dei Monumenti", em Enciclopedia Ita-
liana, Milano, Istituto della Enciclopedia Italia-
na (Treccani), 1936, vol. 29, pp. 127-130. 
Os dois primeiros- publicados na revista quinzenal 
Nuova Antologia\ voltada a várias temáticas, com ênfase 
em letras, ciências e artes- estão intimamente re lacio-
1. Contam-se mais de quinhentos lflulos na produvão de Gionmnoni, e ntre 
livros e ar tigos. Alessandro dei Bufalo. em estudo de 1982. apontava 476 
tftulos (Alessandro del Bufa lo, Gustavo GiovaiiiiOIIi. Roma. Kappa, 1982. 
pp. 221-237). enquanto a bibliogmfia elaborada por Giuscppc Bonaccor-
so, de 1997. chega a 719 publicações, sem contar os artigos publicados 
em jornais (Giuseppe Bonaccorso, "Gl i scr itti di Gustavo Ciovannoni'". 
<"111 Cuido Zucconi {org.), Gustavo Giovamwni. Dal Capitello ala Citt.à, 
Milano. Jaca, 1997). 
2. O primeiro foi traduzido por Renata Campello CaiJral e Ca rlos Roberto 
M. ue Andrade e os t res últimos por Beatriz Mugaym· Kühl. 
.1. Existe versão d igitalizada da !Vuova Antologia no e ndereço www.archi ve. 
org. 
Obsen ações sobre os 'f.,xtos de Gustavo Giovannoni... • 13 
nados; "Vecchie Città ed Edilizia uova" é dirigido às 
teorias relacionadas ao urbanismo, abrangendo temas 
como a transformação da cidade exis tente, ampliação, 
adensamento, circulação, coordenação entre "cidade 
velha" e "c idade nova", trabalhando também com os 
conflitos entre as exigências de modernização e expansão 
e a necessidade de preservar (e mostrando ser possível 
e viável trabalhar através de uma chave conservativa); o 
segundo, valendo-se da fundamentação teórica exposta 
110 primeiro, é o estabelecimento de uma metodologia 
para intervenções em áreas urbanas de interesse para a 
preservação. Foram escolhidos por serem uma primeira 
I'Xposição sistematizada de um modo de encarar a cidade 
d1 · maneira orgânica- Giovannoni retorna à temática de 
rttudo mais extenso num livro, que re toma o título do pri-
rtwiro artigo Vecchie Città ed Edilizia Nuova, publicado 
1•111 1931 pela Ulet de Turim -, dando passos primordiais 
1111 consolidação do urbanismo como campo disciplinar 
ttu It ália. 
Os doi s últimos referem-se à fundamentação teó1ica 
' l''llulwlecimento de mé todo para o restauro de obras 
u rpt tlt'l ônicas; foram escolhidos por Lerem grande re-
I" 11 lt'l-.í"io internacional, dando a conhecer aspectos do 
I" ll••il llli ' lli O giovannoniano em outros ambientes cultu-
t 11 qtw níio o ital iano. l.Jm deles é o texto apresentado 
1 111 1 lltt~n·..,so que deu origem ao documento conhecido 
, 1111111 ( .n1l u dC' Atf'na , de restaw·ação, de 1931, em que a 
I' ttl ll qut\'lio dt• Ciovannoni foi essencial; o outro, um ver-
lu I• dt " lli'ÍI·Ioprdia prestigiosa, de enorme difusão. Os 
Cristiano
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Cristiano
Destacar
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14 • Gustavo Giovannoni. Textos E scolhidos 
preceitos teórico-metodológicos para a restauração estão 
nesses textos expostos de maneira concisa e sistematizada. 
Três ensaios precedem as traduções. No primeiro 
deles, Andrea Pane, professor da Faculdade de Arqui-
tetura da Università degli Studi di Napoli Federico II, 
faz uma abrangente análise da atuação de Giovannoni, 
evidenciando sua atuação articuladaem distintos cam-
pos disciplinares, sua relevante ação para uma formação 
mais ampla dos arquitetos, a forma como suas proposi-
ções foram recebidas ao longo do tempo, os aspectos de 
sua elaboração teórica que permanecem atuais e pros-
pectivos. Carlos Roberto M. de Andrade, professor do 
Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP-São Carlos 
e Renata Campello Cabral, doutoranda na mesma insti-
tuição, abordam questões relacionadas à fundamentação 
teórica de Giovannoni, suas relações com proposições 
do período, e perscrutam a estmturação do artigo "Vec-
chie Città". Manoela Rossinetti Rufinoni, professora 
da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da 
Universidade Federal de São Paulo, por sua vez, analisa 
as colocações do autor no que respeita ao restauro, tanto 
na escala da edificação, quanto na escala urbana, e suas 
repercussões. 
Giovannoni formou-se em engenharia c ivil em 
1895; fez especialização em história da arte com Adol-
fo Venturi de 1897 até 1899, ano em que começou a 
atuar como assistente da cátedra de arquitetura técnica 
na atual Faculdade de Engenharia da Universidade de 
Roma. Desenvolveu atividades profissionais no campo da 
Observações sobre os Textos de Gustavo Giovannoni... • 15 
produção ele novos edifícios (a partir ele 1898), entre eles 
o complexo para a fábrica de cerveja Peroni, em Roma, 
t> também da restauração, tema que começou a abordar 
P ITI seus escritos a parti r de 1903, com artigo sobre o 
Congresso Internacional de Ciências Históricas realiza-
do naquele mesmo ano4• Seus interesses e seus escritos 
1·stendiam-se a variadas questões, como historiografia 
du arquitetura e produção arquitetônica contemporânea; 
~ulLaram-se também, com muita ênfase, às questões de 
11 ri mnismo e ele restauro urbano. 
Teve, ainda, atuação preponderante nas discussões 
1 ,.] acionadas ao ensino da arquitetura e à formação do 
111 qui teto, buscando uma fi gura profissional - a do "ar-
qui te to integral"- que possuísse não apenas o domínio 
dn., questões técnicas e das ciências envolvidas, mas 
111111bé m preparação teórica, histórica e artística, e em 
qtu•..; Jões urbanas e de restauração, abordando, em parte, 
l11111hé rn aspectos econômicos e jurídicos. Trabalhava 
' ' 111 ..;intonia com o pensamento de Camillo Boito, ampli-
lh li ndo-o, e dava vazão a uma ampla discussão sobre o 
p11!J' ' I dos arquitetos, debate muito vivo na Itália de final 
d" lWIIl o XIX e início do século XX. Boito, em suas pro-
, ... In~ ~obre o ensino de arquitetura, buscou afastar a ar-
l , ld<>I .OII I I<Hii, " li Restauro dei Monumenti e I! Recente Congresso 
lutt• n", 1/ollt•tino de/la Società degli lngegneri e degl i Architetti ltalia-
' 1 I 'lO I. l' m·u u uuálisc das restaurações de Giovannoni, ver: Claudio 
\ u ,,,.,J., "Sut Ht•,lnmi di Guslavo Giovannoni'', em Maria Piera Selte 
(• o1 I '·'"''"o r;,, ,.a, , tmi. Rijlessini agli Albori del XXI Secolo, Roma, 
li '" 1 Unll, :.!IKln, pp. 2 1-:l!). 
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16 Gustavo Giovannoni. Textos Escolhidos 
quitetura do empirismo das Escolas de Belas-Artes, para 
integrá-la às ciências e ao pensamento crítico, propondo 
a filiação dos cursos ao ensino Univers itário. Giovannoni 
buscou, ainda, autonomia em relação às escolas de en-
genharia, em que a arquitetura era considerada apenas 
um dos ramos da construção. Giovannoni considerava a 
formação dos arquitetos insuficiente, pois lhes faltava 
preparação teórica e humanística, domínio de aspectos 
científicos ligados ao campo e preparo para trabalhar 
com restauro, corno pode ser visto em seus parágrafos 
finais do texto sobre o "desbastamento" nos velhos cen-
tros aqui traduzido. Pelas deficiências que verificava na 
formação dos profissionais, Giovannoni empenhou-se 
em implementar esse projeto e foi um dos principais 
promotores da criação da Escola Superior de Arquitetura 
em Roma- criada por decreto de 1919, publicado em 
1920, posteriormente transformada em Faculdade ligada 
à Universidade e Roma-, sendo seu diretor entre 1927 
e 1935, e na qual o ensino elo restauro como disciplina 
obrigatória foi instituído desde seus inícios5. 
S. A Escola foi fundada como Escola Superior de Arquitetura de Roma. 
passando depois a Real Escola Superior de Arquitetura até se consti-
tuir na Facu ldade de Arquitetura de Roma, ligada à Universidade La 
Sapienza. Sobre os desdobramentos da ins tituição ao longo do tempo. 
regimentos, d isciplinas e ta mbém sobre o ensino do restauro na Escola, 
ver as importantíssimas contribuições presentes no livro organizado por 
Vi ttorio Franchetti Pardo, Le Facoltà di Archilettura llell'Università di 
Roma "La Sapienza" dalle Origini al Duemilla, Roma, Gangemi , 2001. 
Sobre o ensino de restauro, em especial, são de grande interesse os textos 
do próprio Pardo (pp. 11-41) de Giovanni Carbonara (pp. 113-131). e de 
Caetano Mim·elli Mariani (pp. 143-167). Müu·elli mostra que a primeira 
Observações sobre os Textos d e Gustavo Giovannoni. .. 17 
Além disso, a ação de Giovannoni foi também no-
tável como consultor e no serviço público, tendo papPl 
in tportanlíssimo no Conselho Superior das Antiguidades 
r· Belas-Artes6, e em variadas associações culturais, em 
t·Kpecial o atual Centro de Estudos para a His tória da 
A rqui tetura7, e, ainda, em conselhos editori ais ele re-
v Í'll as, algumas das quai s ele ajudou a fundar (como a 
,.~cola na Itália a oferecer a disciplina H.estauro não fo i a de Roma pois , 
11 rigor. havia sido instituída a ntes em ambiente lombanlo, talvez por 
111fl uên<:ia de Boi to; no entanto, em Roma a disciplina atinge tal consis-
lllnt•ia que transfonnou a escola numa referência incontornável no campo. 
lltt<'rnacionalmente reconhecida, tanto no ensino de grad uação, quanto 
.J,. pós-graduação (a partir da fundação da e~ cola de espec ial iza<;iíu, 
o'Jtl 1957). As pesquisas conduzidas por Miarelli Mariani mostram que 
" primeiro curso de restauração foi oferecido, em .Roma, j,{ no biGn io 
11120·1921. por Sebastiano Giuseppe Locati, que fora aluno de Boi to na 
\, ·,ul,•mia de Brera, através da discipl ina de " Levantamento e Restauro 
du-t Monumentos'': no biGnio sucessivo. o levantamento é separado da 
rll•l· ipliHu de "H.estauro dos Monumentos" , que passa a ser oferec ida por 
t o~n1 ,umoni. que se manteve no ensino da matéria até 1943. 
11 t un"i11liu Superiore delle Antichitil e Belle Arti, ligado ao Minis tero della 
l'uhl ol io·a lstruzione (Ministério da Educação). 
11 t Pnlro de Estudos descende de uma associação, criada em 1890, a As-
•M ""iuut· Artis tica trai Cultori di Architettura, na qual Ciovannoni viria 
' d• PniJll'tlhar papel de extrema importância, assumindo o enca rgo de 
"' • l '" '~idt·n te em 1906. A associa~ão teve importância crescente ao lon-
1 ,, <!11 h •IIIJIU. ('Oill especia l empenho de Giovannoni, e, a partir de 1939, 
•til uulu ~t· transferiu para a sua atual sede na Casa de i Crescenzi em 
lf.,utl, Jlll''ttll a ~e chamar Centro di Studi per la Storia dell'Architettura, 
""' 1 tolu I~walizadoti os arquivos de Giovannoni, com numerosíssimos 
,1, • ultu,, o' unos 1980, Cianfranco Spagnesi, então presidente do 
I • nh11, 1 II IJ II< 'I'tldt·n a tarefa de realizar uma primeira fase de organização 
• • tlthof• '\ ''" du urqnivo Ginvannoni e da Associação, trabalho que foi 
1· I .,. "'" díut" cl(•vudus depois, através da colaboração de vários profis-
1•" 11 '111< ' , umplt•IH<' agrupa numa única obra a catalogação de todos os 
I ul1o • \ ptd,l u·,~ilu . f,·itu pela equipe que capitaneou os trabalhos. foi 
I 1111 ui'""'' c; tt ll'f(ltl :Sintotl(' ini. Calogero Bellanca, Ciuseppe Bonac -
1 , lullllllll "Muufrl'lli. Muriu Olimpia Zander e é intitulada, Centro 
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Máquina de escrever
vice-presidente da associação artística
18 • Gustavo Giovanuoni. Textos Escolhidos 
prestigiosa Palladio). Teve, como mencionado, atuação 
preponderante no urbanismo (a ser apresentada de modo 
mais adequado nos textos introdutórios que se seguem), 
lembrando-se de seu ativo papel em defesa do centro ele 
Roma, em especial do Bairro do Renascimento, tema do 
segundo dos m1igos aqui traduzidos, de 1913, para o qual 
coordenaria ainda o plano de salvaguarda, elaborado no 
final daquela década e efetivamente implementado. 
Sua figura, de extrema importância no panorama 
cultural italiano da primeira metade do século XX, multi-
facetada, quase tentacular, espraiava-se por várias áreas 
e temas e acabou por, em alguns aspectos, ser mal rece-
bida, com críticas, por vezes, exacerbadas. Um dos as-
pectos que mais polêmicas despertou foi sua dificuldade 
em entender manifestações arquitetônicas do modernis-
mo, como apontado por vários de seus contemporâneos, a 
exemplo de Marcello Piacentini e Bruno Zevi. Após seu 
falecimento, passa por certo período de ostracismo, mas 
seu papel começou a ser reavaliado, de maneira mais 
isenta11, a partir do final dos anos 1960, mas em especial 
di Struli per la Storia dell:4rchitettura. Cattalogo Gene rale dei Discgni di 
Architcttura, 1890-1947, Roma, Gangemi, 2002. 
8. Parte da vimlência endereçada a Giovannoni vinham de suas crrticas à 
arquitetura do modern ismo, de seu an aigamento em relação às tradições 
do classicismo, e sua postura que foi percebida, d urante mu ito tempo 
como a rnbivalente e m relação ao fascismo; as revisões historiográfica~ 
recentes, a través de leituras como as de Françoise Choay e de Zucconi, 
por exemplo, mostram que, apesar das Joas que tece a Mussolini no livro 
~ecchie Cittcl, ele nilo pode ser confundido com os ar·quitetos a serviço 
do regime. devendo ser encarado como um profissional competente que 
enxerga a possibilidade de realizar sua visão sobre o urba nismo através 
Obset·vaçõcs sobre os Textos de Custavo Giovannoni ... 19 
nos 1970, com os estudos de Alessandro Curuni, volta-
dos à reordenação do material de arquivo e ao projeto 
rlt> Giovannoni para a cervejaria Peroni, tema também 
abordado por Alberto Maria Racheli, e, já nos anos 1980, 
c·om o resultado da reordenação dos desenhos conserva-
elos no Centro de Estudos pm·a a História da Arquitetura, 
promovida por Gianfi·anco Spagnesi, com as pesquisas 
ele• M. Centofanti , G. Cifani9 e Alessandro del Bufalo, 
no-. quais se seguiram outros estudos monog1·áficos- que 
l'trwuram oferecer uma visão historiográfica mais atua-
ltt. tda, e matizada, de sua figura - que se têm tornado 
1 ,relu vez mais numerosos e aprofundados nos últimos 
lltu,. 111, através dos trabalhos de variados autores, além 
ol•<JI<lVt·rno fnsciBta, e. nuo, ser considerado uma figura pol ítica do fascis-
11111 r ;i11vannoni , no entanto, jamais apreciou de fato as manifestações do 
,. ... ,J,.I ni, mu, tlaudo prova s d i s~o em variados textos, como ao eriticar o 
uo.u lnmcli"mo de obras de Lc Corbusier e sua falta de preparo técnico, 
1l• 111 ele·. 110 defender a arquitetura na Alemanha, em plena Segunda Guer-
1 c ~l lnulíu l . eou~iderar "até q ue uma arquitetura nacional se afirme tle 
I• llll"ll ol >ll'f(llnt , é melhor recorrer à Arquitetura clássica, do que àquela 
ol1huulttln ltá uté poucos ano pelas cotTentes democráticas internacio-
1•" , , llurulu. t•m se u apoio. Mein Kcw rpf de Adolf Hitler (ver Gustavo 
1 1"''"" '"" ' · " llt''luuro dei Monumenti e Urbanfstica", Le Arti, 1942, pp. 
I 111, \1"1 o'llll"•Jlt'CÍal. pp. !16: 39). 
\l1 " " ' '" Cttnmi. 1/iordino delle Carte di Gustaw Giovamwni, Roma. 
I r 11 \ ~1. lltU'hl'li, " I;Opificio de lia BitTa Peroni nel Qua11icre Sala rio 
'" 11 .. ,,1 ·. u,.,.,rf~t• di Sturia dell'.4rte, 1978-79, n. 7, pp. 61-68; M. 
1 "'"'"1111, C, C:rfuui. A. Del Bufalo, Catalogo dei Disegni di Gustavo 
"""'" ' C111t\t'rt a ti 11ellllrchit"io del Centro di Studi per la Storia 
I• '"''"'"" , llnlltll, I 985: A. Del Bufalo, Gustavo Giovannoni, up. 
1 11 1 , 1 1 1olt•1 1• n t\uu 11uulu Farah pelo levantame nto das referências 
ll1 1 Ih• .c' onln1• Ci,vu llllUil i uprcticntatlas nas notas deste tex to e 
I "'I"'" 1 11tllnl11 t'lll ll And n•n Pnn!' c cópia de seus textos . 
Cristiano
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Cristiano
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Cristiano
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Cristiano
Máquina de escrever
ostracismo - punição em Atenas
Cristiano
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Cristiano
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20 Gustavo Giovanuoni. Textos Escolhidos 
dos supracitados (e dos autores citados nas notas), como 
Gianfranco Spagnesi, Françoise Choay, Giusppe Bonac -
corso, Cuido Zucconi, Claudio Varagnoli (em especial 
para os temas de restauro) e Andrea Paneu, que escreve 
ensaio introdutório neste volume. 
O interesse estendeu-se também pelo âmbito in-
ternacional com a tradução francesa de trechos do livro 
Vecchie Città ed Edilizia Nzwva12, publicada em 1998, ou 
de estudiosos brasileiros, caso dos autores que escrevem 
para este volume, por exemplo. A introdução da edição 
francesa foi escrita por Françoise Choay, que evidencia 
o papel capital de Giovannoni para as teorias urbanís-
ti cas, em especial p ara as relações entre urbanismo, 
arquite tura e preservação do patrimônio, mostrando sua 
contribuição para estabelecer a fundamentação teórico-
-metodológica da atuação prática, para estruturação da 
ll. Andrea Pane tem dedicado parte significativa de seus estudos à reava· 
liação da obra, e da fortuna crítica, de Gustavo Giovannoni, tema de sua 
tese de doutorado, intitulada Fortuna Critica di Gustavo Giovannoni e 
del suo Contributo alia 'Questione dei Vecchi Centri" (orientadora: Profa. 
Dra. S. Casiello), Napoli, Università degli Studi di Napoli 'Federico Il', 
Tese de Doutorado (XIV ciclo), novembro 2002. O autor publicou também 
uma relação bibliográfica de escritos que tem por tema Giovannoni (em 
M. P. Sette (org.), op. cit., pp. 261-279). Sobre os temas tratados neste 
volume, ver, por exemplo, do autor: "Quartiere del Rinascimento a Roma; 
Sistemazioni Viarie, Diradamenti, Ricostruzioni, 1925-1940", em C. Di 
Biase, Jl Restauro e i Monwnenti. tHateriali per la Storia del Restauro, 
Milano, Clup, 2003, pp. 239-257; ''Dal Monumento all'Ambiente Urbano: 
La Teoria del Diradamento Edilizio ", em S. Casiello (org.), La Cultura del 
Restauro. Teorie e Fondatori, Venezia, Marsilio, 2005. Entre seus textos 
mais recentes, ver: "Da Boito a Giovannoni: Una Oifficile Eredità'', 
'ANAFKH, 2009, n. 57, pp. 144-153. 
12. G. Giovannoni, L'Urbanisme Face aux Villes Anciennes, Paris, Seuil, 1998. 
Observações sobre os Textos de Gustavo Giovannoni... • 21 
profissão do arquiteto e do urbanista, e para questões 
legislativas. 
Giovannoni, com efeito, entendia a cidade como um 
organismo complexo, a ser trabalhado em sua inteireza, 
abordando a relação entre cidade existente, novas áreas 
de expansão e zonas d e interesse para a preservação 
de maneira articulada, e não como mera oposição13• O 
1 ratamento dessas zonas é o tema abordado no segundo 
dos textos aqui traduzidos "Il 'Diradamento' Edili zio Dei 
Veechi Centrí. 11 quartiere della Rinascenza in Roma", 
n tt seja, o "desbastamento" de edificações. Giovannoni 
f''itabelece uma proposta articulada para a sobrevivên-
t·iu das áreas urbanas de interesse para a preservação, 
l''''·c·onizando seu estudo minucioso, rua por rua, edi-
lkio por edifício, para, então, chegar a soluções não-
IIIHHH ificadas, estudadas ponto a ponto, para melhorar as 
' nndições de salubridade, habitabilidade e circulação. 
l'tupõ<· não a ter-se a vias retilíneas de largura cons-
1111111' , f', através de demolições p ontuais Qustificáveis 
, ltt MI i1il'adas do ponto de vista da arte e da his tória), 
1111 •wj fl,o "desbastamento" 1\ é possível , por exemplo, 
1 11111 IH'fiU<"nos largos, que permitem uma melhor inso-
r tt,Jlll l' ven ti lação das edificações existentes, além de 
'"' llwllll' a vis ibilidade de alguns edifícios notáveis e as 
I I \. 1 1 111 1 l"'1•inl G. Giovannoni, Vecchie Cittc"i ed Edilizia Nuova , Torino, 
I iol 1'1 \1 
I 1 I 1 11" ""' "" p<'II'Untento giovannoniano a comparação com ações re-
• " ul,l • "" tmto de plantações ou áreas naturais, como desbastamento 
" , ' '" I"" ~ ~""·""<e~ termo~ foram traduzidos tal e qual neste volume. 
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desbastamento - demolições pontuais
22 Gustavo Giovannoni. Textos Escollüdos 
condições de tráfego. Propõe, ainda, que determinados 
trechos sejam recompostos através de novas edificações, 
q ue não deveriam, porém, destoar por cor ou volume, 
aconselhando que se faça recurso a formas simples com 
raízes na tradição arquitetônica local. Manifes tou-se 
contra a arquitetura pseudomedieval, assim como tam-
bém se contrapôs às "fachadas da moda" e aos "ornatos 
artificiosos"; se o arquite to não sabe fazer uma arqui-
tetura contemporânea que possa inserir-se de maneira 
apropriada num ambiente historicizado, é melhor que 
não o faça e que recorra a formas simples mais próximas 
da tradição15 • 
Desse modo, nessas áreas, preserva-se a grande 
maioria das edifi cações, seguindo o mesmo rigor de 
aproximação me todológica para o tratamento tanto das 
"grandes eminências", quanto das demais edificações 
que, por serem mais modestas, poderiam parecer admi-
15. Lembre-se que Giovannoni era bastante reticente quan to 11 arquitetura 
moderna, algo que não é extensível a lodos os profi ssionais que traba-
lhavam com lemas de restauração no período. Por causa das <Juestõcs 
colocadas no segundo pós-guerra, em especial. por conta das de~lruições 
maciças geradas pelo conflito. esse foi lema muito debatido a partir da 
década de 1940. Verificou-se a impropriedade de trabalhar com "neu-
tros"' (como propu nha Giovannoni) em âmbito arquitetônico (e também 
pictórico), ou o "moderno ambientado··, por resultar numa a rquitetura 
desprovida de q ualidades intrínsecas e que acabava por deteriorar a 
qualidade do ambiente como um todo. Muito se discutiu no perfodo sobre 
a l icitude da presença de manifestações arquitetônicas contemporâneas 
em a mbientes historicizados. Para referências bibliográficas sobre esses 
temas ver: Beatri?. Mugayar Kühl, Preservaçii.o do Patrimônio Arquit.etôni-
co da lndustrializaçao: Problemas Te6ricos de Restauro. Cotia (SP), Atelie, 
2009,pp. l 51-175. 
Obset·vaçõcs sobre os Textos de Gustavo Giovan noni... • 23 
tir maior liberdade de ação; mas, justamente pela sua 
importância para a composição do ambiente16 urbano, 
c lr mandam acurados es tudos. Concomitantemente , são 
propostas algumas demolições pontuais e também novas 
c·onstruções, restritas ao mínimo necessário. Giovannoni 
c">Labelece, assim, a fundamentação teórica para gui ar os 
u lo s não-conservativos, que estão presentes nas ações 
ele• preservação, seja na escala urbana, seja na escala do 
l'di ffcio, e que devem, sempre, ser baseados num pensa-
nwulo de cunho cultural {as questões que dizem respeito 
11 urte e à his tória), também para resolver questões prá-
l t~ •us, como a salubridade de edificações e os problemas 
d,• r·irculação. 
Ou seja, as questões práticas devem ser encaradas 
,,,. uwneira ar ticulada , sendo subordinadas às razões 
.J, c·unho cultural. Demonstrou isso também na atuação 
, lllll'l't'la, ao participar de comissões de planos diretores 
,j, . di versas cidades e ao se tornar consultor para as 
I• '"~formações do Bairro do Renascimento, colocando 
• 11t c t~·tlo algumas das propostas esboçadas nesse texto de 
IIJ I J. u implementação, porém, alguns aspectos foram 
,, c dlr'ndos em nome de soluções de compromisso (da-
.t c 111 <'\ Ígf-ncias do regi me fascista), como evidenciado 
cuc 1t lo de· ndrea Pane que se segue. ApesaT da ambi-
\, d • ''"' •' "''"" palavra-chave nas propostas de Giovannoni e também 
I 1 ••• lltholu 1111 lrwluçiíu neste 'livro. É algo mu ito mais amplo do que a 
1 , • '" ••ltru 111 ti•• 11111 n1onumento ou de simplesmente preservar as pe rs-
111 ' f' ''" '' '~• ·u•. n·ferindf>·Sc à composição do arnbienle urbano como 
•<I 1 .I' .J,, '"""'''rtl nrli euluJa. 
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atos não - conservativos
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2'1· Gustavo Giovunnoni. Textos E scolhldos 
guidade dos resultados, a empreitada comprova, na prá-
tica, que uma ação fundamentada em aspectos culturais 
pode ser viável também do ponto de vista econômico e 
dá conta dos problemas práticos, sendo possível opor-se 
às ações meramente especulativas. 
Os dois últimos textos apresentados neste volume 
são posteriores, da década de 1930, e voltados à res-
tauração de obras arquite tônicas. Dentre a numerosa 
produção do autor sobre o tema, são escritos de enorme 
interesse pela sua difusão em âmbito internacional. A 
começar pelo texto sobre a restauração dos monumentos 
da Itália, que foi apresentado no Congresso de Atenas de 
1931, do qual resultou a Carta de Atenas de restauração. 
O congresso - organizado pelo Escritório Internacional 
de Museus da Sociedade das ações17 - foi o primeiro 
17. A~ coop<>ra<;iies internacionais e m âmbito cultural tinham também como 
objetivo um maior conhec ime nto recíproco q ue pmlesse auxi liar na 
manutenção da paz. como evidenciou Rosal ia Varoli-Piazza ("'Brandi e 
riccrom: t:na Stretta Collaborazione per la Conservazione del Patrimonio 
Culturale lnternazionale", em Caterina Bon Valsassina (org.), Omaggio 
a Cesare Brandi nel Centenario del/a sua Nascita, Firenze. Edifir, 2008, 
pp. 83-34). No en tanto. contraditoriamente. ao ser criada, e m 1920, a 
Sociedade das 1nções não tinha entre suas atribuições a cooperação 
intelectual. Léon Bou rgeois (membro da Academia de Ciências Morais 
e Pol íticas da França. prêmio Nobel da paz em 1920) propôs, em 1921. 
que a organização tivesse também a missão de colaborar no iimbito da 
cultura e da educação. Sua propos ta não foi levada adiante, pois a lguns 
pafses consideravam. então, a questão da educação como um problema 
de sober.m ia nacional. omente em 1922 foi criada a Comissão de Coo-
peração Intelectual (que criou o Escritório Internacional de Museus), 
também para tratar d e pr·ohlemas de países que tiveram seu pa trimOnio 
cu ltural atingido pela Guerra. Henri Bergson foi designado para dirigir 
essa Comissão e, por sua iniciativa, foi cr iado e m 1924, em Pa ris. o 
Instituto Internacional de Cooperação Intelectual (\•er Jean Sirinelli , "La 
Obset·vações sobrt> os Textos de Gustavo Giovannoni... • 25 
~ntnde evento internacionaP8 que teve por resultado um 
dot'umento de tamanha significância. O papel de Giovan-
tltlllÍ fo i impmtantíssimo e é possível ver, nas conclusões 
do Congresso, o quanto suas propostas foram relevantes 
ttH !'onformação fina l da Carta de Atenas. 
Giovannoni, expressamente, reafirma as proposi-
r;o•·s teóricas de Camillo Boilo, formu ladas desde as duas 
11 l1i mas décadas do século XIX, consolidando uma linha 
ri,· pl•nsamento que seria conhecida como "restauro cien-
ll fi, ·n " ou, mas apropriadamente, "restauro fil ológico" . 
"'··~~u corrente era dada grande atenção aos aspectos 
rltwt tJttentais das obras e às marcas d~ sua passagem ao 
1'11•hi'-loi re de l 'Unesco", em Jacques Fontaine (org.), Bicentenaire de 
11111/Ítut de France, Paris, Fayard. 1995, pp . 490-493). 
1'1 ll nu\1'. porém. tentativas anteriores, como o Congresso Internacional so-
'"''" Pmteção de Obras de A1te e dos Monumentos (realizado na época da 
1 'l""'içilo Universal em Paris, de 24 a 28 de junho de 1889). Foi evento 
'"ll"'rtuntl' para intercâmbio de dados c paraverificar o estado em que 
, 1 " '' n ~ul,aguarda e as leis de proteção dos bens culturais nos \ários 
I 11 I ... su~('itou especial interesse a lei francesa, de 1887, que autorizava 
"\1mr~t rll du Educação a expropriar, em favo r do Es tado, caso estiv .. ~se 
, '" 1"'111(11 11m bem que pertencesse a um particular. Foi anolisada ainda 
""' r ltu 11111 ""Jlecffica de vandalismo, a dos restauradores. Os participan-
,, \ttlilhll ll n moção q ue, ao lidar com uma obra de a rte (arquiteturu, 
ultlllol •til pintura). o autor da intervenção deveria ser assistido por 
'"' 111 mult id isciplinar e ela!Jorar relatório pormen01izado do estado 
I ,.),,, llltlt·•. durante e depois da restauração. Foram a inda abordados 
1 ,, •• , 0111111 11 prr>~erva~ão do e ntorno dos monumentos públicos e a pro-
',,,., lflullllf l ll'tllo~ em tempos de gue1Ta. Recomendou-se a criação 
"" 11\.lu fll ll'l'fl!t(' ional e que, para cada país, uma comissão de!'ig-
' drll• "'" n sc·rem protegidos em caso de conflito. E<se congre sso 
1 ,, j, ''"'I•· p1m l o inte rcâmbio entre pa íses c balão de ensaio para 
I"' t"IIUf't''· l'omo a de Atenas (ver Paul aintenoy, "Le Congr1)s 
,, ti ••1 rlpum la l'mteclion eles CEuHes d'Art et eles Monuments tenu 
1 11 '" 11111'l'', J:Jimulaüon, Bruxelles, 1889, n. lO, col. 149). 
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26 • Gustavo Giovannoni. Textos E scolhidos 
longo do tempo, respeitando as várias fases e não mais, 
como fora comum na prática do século XIX, tentar impor 
na obra um estado completo idealizado, desconsiderando 
mu itas de suas etapas; afas ta-se, portanto, das recom-
posições mimé ti cas, evidenciando, na intervenção, o 
momento em que foi realizada. A denominação "restauro 
filológico" vem justamente do fato de a ação assemelhar-
-se a edições críticas de textos, pois, ao tra tar as lacunas 
do documento, as interpolações e interpretações são 
feitas através de elementos diferenciados: tipo e cor da 
letra, notas à margem do escri to. 
No texto para a conferência, Giovannoni coloca 
uma série de pontos que seriam reafirmados na Carta: a 
importância da manutenção constante para a conserva-
ção dos bens, assim como dos trabalhos de consolidação 
estrutural, fazendo uso de técnicas modernas; realizar o 
mínimo possível de obras e de acréscimos, respeitando 
a solução estrutural do bem; respeito pelas várias fases 
da obra; ao tratar lacunas e completar elementos, utilizar 
materiais diferenc iados e adotar linhas simplificadas; 
inserção de datas e epígrafes nos trabalhos realizados; 
documentação precisa das obras executadas. Ou seja, o 
programa que Boi to vinha propondo desde 188319, acres-
19. Camillo Doito teve papel de enorme relevGncia no campo da restauração, 
inclusive com repercussões normativas; durante o Congresso dos Enge-
nheiros e Arquitetos Italianos realizado e m Roma e m 1883, propôs crité-
rios (muito semelhantes a os retomados por Giovannoni na cotúcrência de 
Atenas) que depois seriam adotados pelo Ministério da Educação da Itál ia 
(cf. Atti del Quarto Congresso degli lngegneri ed Architetti ltaliani Radu-
llalo in Roma nel Ce11rwio de/1 883, Roma, Centena ri , 18B4). VPr ainda, 
Olost•t·vações sobt·c os Textos d!' Gustavo Giova nnoni .. . • 27 
'ttlo, ainda, do respeito pelas condi ções de ambien tação 
.1 .... monumento. 
Giovannoni, no verbete Restauro dos Monumentos 
' 
d11 l~'nciclopedia Italiana, reafirma esses princfpios e, 
rul• ·rnais, reitera a cons trução historiográ.fica, sugerida 
por· Boi to e por ele consolidada, de que ambos, no campo 
d.r t'I'Stauração, abriram caminho para uma teoria "in-
lt•rttrediária" entre as visões antitéticas de res tauro de 
lolrn l{uskin e de Eugene Viollet-le-Duc20, constru ção 
• 'ltl que teria grande repercussão na historiografia da 
" luuração. Giovannoni evidencia, desse modo, os dois 
I'"'""' r,xtremos do restauro oitocentista e constrói a noção 
.J, llttttt trilha intermediária entre eles, não mencionando, 
m ~· ·-; Iextos, as posições mais matizadas que existiram 
'" lo ttgo do século XIX e no início o século XX. Salienta 
uttdn, nos dois textos, a importânc ia ele se ater, de ma-
"' '" ' r·i ~orosa, ao método, baseado nos princípios acima 
• JntHioti, para poder enfrentar as questões particulares 
,J, • 1ula obra e os imprevistos que sempre surgem numa 
'' lntt tt~· ilo, mantendo a unidade de critéri os. 
ti lluo tu: 0 < Uestauradores, Cotia (SP), Ateliê Editorial , 2002; Questioni 
I ''" J,. dt 1/l'ile Arti. Milano, Hoepli, 189'1; ou, ainda, o artigo " I Nostri 
\ • lu ~1""'" ' 11" nt i . Consetvare o Restaurare··. La .'Vuova Antologia, 1885, 
I ll l,pp. M0-662; vol. 82. pp. S8-73; 1886, vol. 87, pp. 480-506. Para 
''"' • "' tl•••· cl•• lemu e referências bibliográficas complementa res, ver B. 
M ~ othl, "()" Hestauradores e o Pensamento de Carnillo Boito sobre a 
I ' '"' '\lu"', <'111 C. Boi to, Os Restauradores, op. cit .. 2002, pp. 9-28. 
I • • · ,J, l1111~''l"' antit~ticas dos autores ver: Jolm Ruskin,A Lampada da 
~I '''· c ut iu (~P) , Atelie Editorial , 2008; Eugene Emmanuel Viollet-
1 ''"' ll••w ru·açflo, Cotia (SP), Ateliê E{litorial, 2000. 
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28 • Gustavo Giovannoni. Textos Escolhidos 
ão esses princípios enunciados por Boito e reite-
rados por Giovannoni que conformam o primeiro grande 
documento internacional sobre a resta uração, a Carta 
de Atenas, e também, logo a seguir, a Carta Italiana de 
Restauração, do Conselho Superior das Antiguidades 
e das Belas-Artes (de de zembro de 1931 e efetivada 
a partir de 1932), cujos principais pontos Giovannoni 
retoma no verbete da Enciclopedia ItaLiana. A visão de 
Giovannoni sobre o restauro teria repercussão normativa 
ainda maior no final da década, através das Instruções 
para a Restauração de Monumentos, da Direção Geral 
das Antiguidades e das Belas-Artes; todo esse empenho 
de construção norma tiva resultaria não apenas nessas 
recomendações, mas repercutiria na nova lei de tutela, 
incentivada pelo ministro Giuseppe Bottai, a le i n. 1089 
de junho de 1939, sobre a tutela dos bens de interesse 
histórico-artfstico21• 
O restauro fi lológico, apesar de ter muitos de seus 
princípios ainda válidos , mostrou ce11os limites, que fica-
ram evidentes com as devastações geradas pela Segunda 
Guerra Mundial; dada a vastidão das des truições, mos-
trou-se a insuficiência de considerar apenas as questões 
documentais da obra, não trabalhando, concomitante-
mente, com meios conceituais mais elaborados para lidar 
com seus aspectos figurativos. Desse modo, a corrente 
21. Segundo as informações de Pa ne, no texto a seguir, a lei permaneceu 
em vigor até 1999, sendo absorvida, eom a lgumas a lterações, no atual 
Código dos Bens Cultura is e Paisagísticos. 
Obset·vações sob t·e os Textos d e Gustavo Giovan noni... • 29 
•(til' se seguiu, conhecida como "restauro crítico", ao 
ll ll' '<tno tempo em que acolhe os princípios fundamentais 
do rPstauro filológico- de respeito pelas várias estratifi-
r·n\·ões do bem e de diferenciar a ação contemporânea-, 
ltn11bt'm os associa ao tratamento da dimensão formal das 
nl•ms, introduzindo, no processo metodológico, teorias 
•"* "ti cas e questões relacionadas à percepção, como 
rlt ''<l'nvolvidas já na p1imeira metade elo século XX. Essa 
l'"'~ l ma, que considera as dimensões -formal e docu-
llll'lllal -da obra de maneira concomitante, interagindo 
tll .tH'-s duma relação dialética, foi consolidada em outra 
• 111 11 de restauro, a Carta de Veneza, de 1964, adotada 
pr•lo leomos (International Council on Monuments anel 
11 •''"· c ri ado em 1965 e acolhido como órgão consultor 
1 dr• eolaboração pela Unesco) que permanece em vigor 
• 1111 111 documento-base da ins ti tuição22• A Carta de Ve-'" 111 , apesar ele se colocar como uma superação da de 
\ lr'lllt'<, reconhece o seu papel essencial ao oferecer um 
1 "1111 111lo coerente e rigoroso de critérios, incorporando 
1111111u.; deles - como a ênfase na manutenção constante 
• "tr '"JII'i to pelas várias fases de uma mesma obra - que 
I' tiiiiiiH'<'em como pilares fundamentais para a interven-
'" •' ltt Pdiffcios de interesse cultural até os dias de hoje. 
I'" • '""'~ ruformu\·ucs e bibliografia complementar sobre as formas 
"' • • lo'"""'"~ da Carta de Atenas, que é considerado um d ocumento 
''"''I" uln, fo rmn rcinlerpretaclos na Carla de Veneza, que continua a 
• "''' ""' llllllllltH IIÜO-su peraclo, ver: n. M. Kühl, "Notas sobre a Carta 
I \, 11• ' r" , 1nni• do Museu Paulista, São Paulo, 2010, vol. 18, n. 2, pp. 
1111 f• 111 vo•ntflnt•lr• trônica através de www.scielo.br). 
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retauro filológico
\ Lualidade de Gustavo 
( ;jovannoni * 
\ udrea Pane 
"Jn cultura arquite tônica italiana do século XX, a 
h tllll d" Gustavo Giovannoni (1873-1947) ocupa, sem 
tl•1111 1i t, tun lugar de primeiro plano. Essa asserção é con-
'""' ulu por numerosos aspectos, relacionados a diversos 
'"'I"'~ disc iplinares; mas, acima de tudo, desponta o 
1 '1'' I t t tll' itt l de Giovannoni no processo de formação da 
1 '11111 1111 l·>·wola Superior de Arquitetura, ins tituída em 
li "' • • 111 I Y20, a partir da qual surgiriam sucessivamen-
t lll lliH Faculdades de arquitetura italianas1• Esse 
ho 1 • Jl , olriz Mugn)llf Kiihl. 
o "''' '" ncl lltn it•o 1930-31 estavam ativas, além da Escola de Ar-
1 I " 1 oi•• llumu, us t'scolas tlt! Florença, Nápoles, Veneza e Turim. A 
I '"' ''• In tlu• t·:•ctllm; Superiores em Faculdades ligadas a universi-
1 o Of1111\o!clll 1' 111 1935 (cf. P. Nicoloso, Gli Architetti di Mussolini. 
'"''"'' ata, Arl'lliterti e Ma.ssoni, Professori e Politici Negli anni 
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::!2 Gustuvo Giovannoni. Textos E scolhidos 
resultado- que assinalava o desfecho de um debate bem 
mais longo, iniciado desde meados do século XIX, com a 
contribuição fundamental de Camillo Boito2 - marcava, 
de fato, a definit iva separação do percurso de formação 
do arquiteto daquele do engenheiro. 
Nas raízes da atualidade de Giovannoni deve, por-
tanto, ser colocado o papel de protagonis ta por ele assu-
mido na defesa dos estudos de arq uitetura, entendidos 
como síntese en tre a formação técnica do engenheiro e a 
artística do diplomado pela Academia de Belas-Artes~. 
É possível, com efeito, afirmar que Giovannoni - pro-
veniente de uma graduação em engenharia c ivil (1895), 
enriquec ida por um aperfeiçoamento em saneamento 
público, no ano sucessivo, e, depois, por uma espe-
cialização em his tória da arte com Adolfo Venturi em 
1897-1899- foi o principal fautor e promotor da fi gura 
do arquiteto, na acepção mais ampla possível, por ele 
del Regime, Milnno, franco Angcli, 1999, pp. 99 e ss. c 160 c ~s.). Sobre o 
longo debate que marca o na cimento das escolas de arquitetura na Itália, 
remete-se a: L. de Stefani, Le Scuole di .4rcltitettllm in l talia. Il Dibattito 
da/1860 all933, Milano, Franco Angeli. 
2. Sobre as rdaçües entre Boito e Giovannoni ver també m: A. Pane, ''Da 
Boito a Giovannoni: Una Difficile Eretliti:l", 'ANAFK!J, 2009, n. 57 , pp. 
144-153. 
3. A tenaz batalha travada por Giovannoni em defesa da figura do arquite to 
é ev idente ta mbém na atividade por ele desenvolvida no âmbito das 
associações profissionais. Cf. A. Pane. ''Pe r unn Storia della Socie tà 
degli lngegneri e Architetti Italiani: l'attività di Gustavo Giovannoni nel 
Sodalizio. 1896-1924", em S. D'Agostinu (org.). Storia dell'l ngegneria, 
Atti dei 3• Convegno Nazionale (Napoli. 19-20-21 aprile 2010), Napoli, 
Cuzzolin, 2010, vol. 2, pp. 1015-1027. 
Atualidade ele Gustavo Giovannoni • 33 
.t, lt•rtdiua com a feliz expressão "arquiteto integral"4 • 
I Ir um modo mais geral, é possível dizer que toda a 
tHrpnH Lação do ensino da arquitetura na Itália ao longo 
do o.;{>('ulo XX é derivada dessa visão inicial devida a 
I .rnvunnoni, ainda que essa influência tenha sido, em 
t'f~ tli da, percebida de modo pouco consciente, quando 
11 ht como veremos mais adiante - omitida e negada. É 
11 ndi<·ati vo, nesse sentido, recordar a célebre aprecia-
'" rll' '\1anfredo Tafuri que, ainda em 1968, denunciava 
' • ,,·essiva dependência da cultura arquite tônica dos 
""'" 1950, no que respeita ao problema dos centros 
ltr lóri cos, em relação à fig ura de Giovannoni , subli-
ulr. t~~do, ao mesmo tempo, a ausência ele uma "clara 
• "'~'·wiencia'' elas suas teorias5, 
l ~m suma, à figura de Giovan noni é possível atribuir 
" pnpd de "pai fundador" dos estudos de arquitetura na 
lt,tlin. É oportuno evidenciar esse aspecto, consideran-
do que exatamente agora, à lu z de uma radical- e, em 
I .un.mnoni manifesta-se sobre o tema da formação do arquiteto desde 
I '107 (Gu~tavo Giovannoni, " Relaúone de lia Commissione per le Scuole 
d1 1\rdt itcttura'', em Associazione .4rtisticafra i Cultori di Architellltra., 
/loll /11. Annuario, \ICMVI-MCM\'11, 1908. parcialmente republicado t-m: 
L r ;iovannoni, Dal Capitello a/l(t Ciuà, Milano, Jaca Book, 1997, pp. 
I :!7- 128). retomando depois, de modo a inda mais incisivo, em 1916 (G. 
(' """""uni. ' 'Gii Architetti e gli Studi d i Architettura in ltalia", Rivista 
.1'/tnlill , '<IX, febbraio 1916, vol. l, fase. 11; com o mesmo título, Roma, 
I '""'H' Editrice. 1916, de onde fo i tirada a c itação. pp. 11-12). 'oure 
1 h l(ll nt du arqui teto "integral", ver também, G. Ciucci, Gli Architetti 
' d Fmrismo. Architettura e Città 1922-1944, Torino, Einaudi, 1989, 
1'1' ' l- I :~; C. Zucconi, La Città Contesa. Dagli lngegneri Sanitari agli 
I t!uumti I JRR.S-1942), Mil ano, Jaca Book, 1989, pp. 123-128. 
\1 lllf'11l'i. 'liwic e Storia dell'/trchitettllm, Uari, Laterza, 1968, p. 73. 
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34 • Gustavo Giovannoni. Tf'xlos Escollúdos 
muitos sentidos, irracional - reestruturação do sis tema 
universitário, algumas faculdades de arquitetura correm 
o risco de desaparecer, acabando por ser reabsorvidas na 
órbita das escolas de engenharia, negando, portanto, um 
processo que, com mais de um século e meio de história, 
fundou e deu substância à cultura arquitetônica na Itália . 
Mas a herança ele Giovannoni é bem mais ampla e 
diversificada do que aquela ligada aos aspectos exclusi-
vamente didáticos e se refere a pelo menos três campos 
disciplinares diversos, que hoje estão bastante distantes 
entre s i (ainda que ameaçados por prováveis fusões, em 
decorrência da citada rees truturação das universidades), 
a saber: a his tória ela arquitetura, o restauro e o urbanis-
mo. Na época de Giovannoni, em realidade, os três âmbi-
tos citados eram bem mais próximos, com inter-relações 
bas tante significativas, a ponto de Cuido Zucconi ler 
observado como a contribuição de s íntese traúda por 
Giovannoni nos três setores pode parecer "algo similar 
àquilo que hoje é definido como 'conservação dos bens 
arquitetônicos e ambientais''6• Por esse motivo, separar a 
a tividade ele Giovannoni nos três âmbitos - ela história da 
arq uitetura , elo restauro e do urbanismo - pode ser enga-
noso, e o próprio Zucconi, desde 1997, evidenciou como 
essa tendência a fragmentar a herança do estudioso pode 
ser danosa ao unitarismo de sua visão7• Conscientes des-
6. G. Zucconi, "Giovannoni Gustavo" , em Diziorwrio Biografico degli ltaliani, 
vol. LVI, Roma, Is tituto Enc iclopedia I taliana C. Treccani, 2001 , p. 395. 
7. G. Zucconi, "Dal Capitello alla Città'. li Profilo dell'Architelto Totalc", 
em C. Giovannoni, Dal Capitello alia Città, op. cit. , p. 14.Atua lidade d e Gustavo Giovannoni • 35 
'{t ' risco, consideramos, no entanto, oportuno evidenciar 
, 1 atualidade do pensamento ele Giovannoni entrando no 
mérito de cada um dos três setores, detendo-nos, em par-
licular, na res tauração e no urbanismo, de modo coerente 
c·orn os argumentos dos textos aqui apresentados nesta 
untologia, traduzidos pela primeira vez para o português . 
Mesmo se procedermos seguindo simplesmente 
uma ordem cronológica, a restauração aparece como um 
do primeiros campos de interesse do jovem engenheiro 
C ;iovannoni, que, em 1903 - enquanto colabora assidua-
ll ll'nte com o periódico da Sociedade elos Engenheiros e 
dos Arquitetos Italianos, potente agremiação profissional 
romana, da qual passou a fazer parte logo a seguir à gra-
duação - publica uma primeira breve reflexão sobre o 
lr·ma, originada no Segundo Congresso Internacional de 
C i r~ nci as Históricas, realizado em Roma naquele mesmo 
11 11 0 8• }á nessa primeira ocasião afl ora a abordagem prag-
ntática de Giovannoni , que, seguindo a herança de Boito, 
lrnsca superar as antinomias entre o restauro es tilístico 
,. u conservação pura, professada por Ruskin, através do 
r·,uninho "intermediário", fundamentada numa imposta-
r;1io taxonômica9• Em 1912, por ocasião do I Congresso 
11 ( ;. Giovan noni. '' I Reslauri de i Monumenti e il Recente Congresso 
Storico" , em Annali della. SocieUt degli lngegneri e degli Arch itetti 
ltaliani. Bolleuino. 10 de maio de 1903, ano XI, n. 19, pp. 253-259. 
C:f. A. Curuni, "Gustavo Giovannoni. Pensieri e Principi di Restauro 
\ n·hilellonico'', em S. Casiello (org.), La Cultura del Restauro. Teorie e 
Fmrrlatori, Venezia, Marsilio, 1996, pp. 282-284. 
11 C. ~urugnu l i. "Sui Re luuri d i Gustavo Giovannoni", em M. P. Setle (org.). 
r;u~lfll'" Giovw111oni: R iflessioni agli Albori del XXI secolo, Aui de lla 
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36 • Gustavo Giovannoni. Textos E scolhidos 
dos Inspetores Honorários, no entanto, Giovannoni será 
alçado - através de uma significativa passagem de bastão 
entre ele e Boito10 - a um papel de protagonista no campo 
do restauro dos monumentos na Itália, com uma longa 
apresentação, publicada no ano seguinte no Bollettino 
d'Arte, em que enfrentará tanto o desenvolvimento his-
tórico quanto as ques tões operacionais da disciplina 11 • 
A partir desses anos, graças também à sua assídua 
presença no máximo organismo consultivo de tutela e 
restauro do Ministério da Educação - o Conselho Supe-
rior das Antiguidades e Belas-Artes, de que Giovannoni 
será membro a partir de 1915 - , sua influência torna-se 
progressivamente mais ampla. Esse processo levará o es-
tudioso a representar a Itália na conferência internacio-
nal de Atenas, organizada em 1931 pela Sociedade das 
Nações e dedicada ao tema da proteção e conservação 
dos monumentos artísticos e his tóricos, com uma apre-
sentação traduzida e publicada neste volume12, a lém de 
participar da redação da relativa Carta, que será seguida 
Giornata di Studio Dedicata a Caetano Miarclli Ma riani (1928-2002). 
Roma, Bonsignori, 2005, pp. 21-35. 
10. Cf. A. Pane, " Da Boito a Giovannoni", op. cit. , p. 145. 
11. G. Giovannoni, "11 Restauro dei Monumenti' ', em IA Tutela delle Opere 
d'Arte in lt.alia, Atti del I Convegno degli lspettori Onorari dei Monumenti 
e Scavi (Roma. 22-25 ottobre 1912), Roma 1913, publicado depois em 
Bollcttino d'Arte, 1913, vol. VII, n. 1-2, pp. l -42. 
12. G. Giovannoni. " La Res tauration des Monuments en Italic. Príncipes 
Gi! néraux", Mouseion , 1932, n. l-Jt , pp. 39-45. Um pormenorizado relato 
da co1úerênc ia es tá em G. Giovannoni, "La Confcrenza lnternazionale di 
Atene pel Res tauro dei Monumenti", Bolleuirw d'Arte, 1932, vol. XXV, 
série 111, fase. IX, pp. 408-420. 
Atua lidade de Gustavo Giovannoni • 37 
Jll' la Carta Italiana de Restauro de 1932, redigida pelo 
próprio Giovannoni, adotada pelo Ministério da Educa-
r, do e difundida para as Superintendências em lodo o 
lo'ITÍtório italiano13• 
Com essas premissas - passando pela redação do 
1 o·rbete "Restauro" da Enciclopedia Italiana, publicada 
rtrt presente antologia- a influência de Giovannoni nas 
qtwstões relacionadas ao restauro na Itália será absolu-
t.uuente essencial, pelo menos até 1945, data em que 
tpu recerá seu volume de síntese Il Restauro dei Mo-
1111 1/lenti, utilizado ainda no pós-guerra como manual 
du liitico para os cursos universitários de Restaurot4• Essa 
l r r ·~emonia, no entanto, parece colocar-se em contras te 
Jutreial com o número de restamos seguidos diretamente 
pnr Giovannoni e com a qualidade dos resultados obti-
do.;, constituindo - como observou Claudio Varagnoli -
IIIII U ' 'incontornável aporia" em relação ao res to da 
pr ndução científica do estudioso. Em suma, segundo 
\ nntgnoli, exatamente as restaurações de Giovannoni 
1• tll'eem demonstrar o quanto o debate italiano sobre o 
" '"luuro- renovado profundamente com os aportes do 
'r• luuro crítico do pós-gue rra- evoluiu de modo notável 
• 111 r<' lação às teorias do mestre romano, a ponto de " ter 
I I ( :uu, i~l io Superiore per le Antichità e BeiJe Arti, ' 'Norme per i! Restauro 
.t,., Monumenti", Bollettino d'Arte, 1932. vol. XXV, série lll, fase . VIl. 
pp. :t25-:l27. A paternidade das normas será rei vindicada pelo próprio 
c,.,~u unoni em seu a rtigo " Res tauro dei Monumenti e Urbanística" , 
l'al/arlio, 1943. vol. VIl, fa se. 11-111, p . . 33. 
I I I; I :uwnnnuni, /I Restauro dei Monnmenti, Roma. Cremonese, s.d. (1945). 
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38 • Gustavo Giovannoni. Textos Escolhidos 
limitado a contribuição de Giovannoni a uma dimensão 
quase unicamente histórica" 15• 
É certo que os limites da filologia giovannoniana 
em matéria de restauro serão evidenciados com clareza 
desde os anos imediatamente sucessivos à sua morte, 
concomitantemente à crescente difusão do pensamen-
to de Benedetto Croce no campo das artes figurativas, 
através dos escritos de Roberto Pane, Carlo Ludovico 
RagghianLi e Renato Bonelli, além do dramático quadro 
das destruições da guerra, que colocarão questões de 
restauro muito mais graves do que a taxonomia propos ta 
por Giovannoni teria podido contemplar 16• A isso logo 
se acrescentará a definitiva superação do preconceito 
de Giovannoni em relação à arquitetura moderna17, que 
o estudioso tendia a excluir de qualquer intervenção 
de restauro, preferindo soluções miméticas. Alguns de 
seus próprios estudantes, como Guglielmo De Angelis 
d'Ossat, destacarão os limites da abordagem do mestre 
nesse campo específico18 , enquanto Roberto Pane con-
testará abertamente essa posição em 1952, observando 
15. C. Varagnoli. "Sui Restalll·i di Gustavo Giovannoni", op. cit .. p. 21. 
16. Cf. A. Pane. ''La fortuna Cri tica di Gus tavo Giovannoni: Spunti e 
Rülessioni dagli Scritti Pubblicati in Occasione della sua Scomparsa", 
em M. P. ette (org.). op. cit., pp. 207-216. 
17. Sobre esse aspecto específico ver A. Pane,"[] Vecchio e il Nuovo nelle 
Citlà ltaliane: Gustavo Giovannoni c l"Archite ttura Moderna". em A. 
Ferlenga, E. Yassallo, F. Schellino (orgs.), Antico e Nuovo. Architettnre 
e Architell!Lm, Atti dei Convegno (Venezia. 31 marzo - :3 aprile 2004). 
Venezia, Poligrafo, 2007, pp. 215-231. 
18. Cf. G. CariJonam, " Cugl ielmo De Angelis ci'Ossat Restauratore", 
Palladio, 1994. vol. VII, 14-. pp. iH1-~ l 8. 
Atualidade de Gustavo Giovannoni • 39 
, 11 11111 "em nome de uma concepção mais progressis ta, 
1 111lo esté tica quanto moral, é somente através de formas 
""~ n., que todos os problemas mencionados poderão ser 
11 nlvidos"19. 
Se esses aspectos podem fazer parecer decidida-
•w •nle pouco atual a contribuição de Giovannoni para o 
1 r lattro arquite tônico, deve ser, contudo, evidenciado 
, 111110 alguns conceitos por ele tenazmente defendidos, 
, frt tindo aquilo que já havia feito Boito - comoa "mí-
lltttt.t intervenção" e a ''distinguibilidade" - constituem, 
IIIH iu hoje, princípios geralmente compartilhados entre 
, '" ic'ntações atua is da disciplina na Itália. Mas é so-
'"' tudo ampliando a visão do monumento singular ao 
uu l,ic ·nte urbano que a herança ele Giovannoni parece 
.11 , 1cl idamente mais atual e estimulante, entrelaçando 
" doi s campos disciplinares do restauro e do urbanismo. 
O papel de Giovannoni como protagonista deve 
, 1 Jt•con hecido não apenas na progressiva aquisição do 
dou dos ambi entes urbanos, mas, sobretudo, no empe-
"'"' •·m definir uma nova estratégia de intervenção na 
r ul,uh ... velha", elaborada como uma síntese original 
•h ' ' l ~~'riênc ias diversas e saberes disciplinares até en-
lln , nulrapos tos. O objetivo de Giovannoni, coerente 
, 1111t , , 'l tta abordagem " intermediária" j á manifestada 
'"' ~~ ·~ lut t ro arquite tônico, é o de conciliar as instâncias 
I 1 11 I' '"' '• "l'1w~u!Q1i o c Ambiente' ', em La Pianificazione Regionale, Atti 
1. I!\ I "111(11'"~" 'iuzionnlc di Urbanística (Venezia, 18-21 ottobre 1952). 
li " ' ' 1'1.,;1. PP· IJ4-%. 
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40 • Gustavo Giovannoni. Textos Escolhidos 
da conservação do caráter dos ambientes antigos com 
as exigência de renovação e modernização próprias da 
cultura contemporânea. 
A aproximação de Giovannoni a esses temas se 
desenvolve através de sua presença assídua na Asso-
ciação Artística dos Cultores de Arquitetura, da qual se 
torna membro a pmtir de 1904, e tem um foco especffico 
nas vicissitudes construtivas da cidade de Roma20• Em 
1913, com os dois escritos publicados na revista Nuova 
Antologia, traduzidos no presente volume21, Giovannoni 
assume uma posição oficial sobre esses temas, apesar 
de seu interesse se manifestar claramente desde 1905, 
com uma notável abertura em relação às contribuições 
européias sobre os temas art public e edilizia cittadina22 • 
Graças ao seu domínio de variadas línguas, em 
particular J o alemão, Giovannoni estuda - antes mes-
mo de serem traduzidos na Itália - os textos de Sitte, 
Buls, Stübben, Goecke, Nussbaum, integrando-os com 
20. V. Fontana. ·•11 Caso di Roma··. em G. Zuceoni (org.), CamilloSitte e isuoi 
lnterpreli, Alli Jel Convegno Omonimo (Venezia, 7-10 novembre 1990), 
Milanu, Fmncu Angeli, 1992, pp. 145-155. 
21. G. Giuvannoni, "Vecchie Ciuà ed Edilizia Nuova", Nuova Antologia. 1 
de junho de 1913, ano 413, fase. 995, pp. 449-4-72; G. Giovannuni , "11 
'Dirauamcnto' Ed ilizio uei Vecchi Cenll·i. 11 Quartiere della Rinascenza 
in Roma", Nuova Antologia, 1 de julho de 1913, ano 43, fase. 997, pp. 
53-76. 
22. Cf. C. Varagnol i, " Dal Piano ai Restauro: Teotie c lnteiTe nt i sul Qum1icrc 
dei Ri nascimento (1870-1923)"", em G. Spagnesi (org.), ll Quartiere ed il 
Corso del Rinascimento, Roma. lstitulu de lia Enciclopedia Italiana, 1994, 
pp. 64-65; A. Pane, .. Dal Monumento all'Ambienle Urbano: la Teoria del 
Diradamento Edilizio", em S. Casiello (org.). ÚL Cultura del Restauro, op. 
cit. , pp. 301-302. 
Atualidade clt' Gustavo Ginvan non i • 41 
" c•ontribuições italianas de :figuras como Caetano Mo-
" lli <"Alfonso Rubbiani , todos amplamente citados nos 
dui -< ensaios de 191323• Deriva disso uma abordagem 
lt l'·wada em duas escalas diversas: por um lado, a visão 
, uut pletiva do organismo urbano, através da qual é pos -
1\ c•l resolver os problemas do velho núcleo, desviando 
" flu xo princ ipai s de tráfego e afas tando as fu nções 
t•llll'< invasivas; por outro, a intervenção pontual , em-
J, 1 cttda no "desbastamento" de cons truções. Este últi-
111" ut f- todo é pormenorizadamente descrito no segundo 
,j,, dois artigos, enfocado no "bairro do Renascimento" 
• 111 Homa, definido pela primeira vez por Giovannoni 
'•1111 c•ssa denominação e correspondente às zonas Ponte 
' l'.trione. Partindo de uma leitura do tecido urbano 
• 11111 hase numa analogia botânica, que vê a habitação 
"" tntligos bairros "ser assemelhadas às árvores de um 
J, .. c p u···~ ~. Giovannoni evidencia o valor dos traçados 
·••l•fl lctíri os como expressão de uma "persistência do 
l'ltttn", sobre a qual, alguns anos mais tarde, escreverão 
l'11 til' l.uvedan e Mareei Poete. essa visão, o "desbas-
1 """nln" de construções configura-se como um conjunto 
.J, l"illl ttU is alargamentos de ruas e parciais demolições 
,J, ' JII II I'lc·irões, propostos seguindo a "fibra" do bairro 
• I lt c .cluhi. "'Edilizia Ciuadina: Note in Forma di Quesito". em G. 
1 ill cu 1 (•H I(.). L'Associazione Artistica trct i Cultori di .1\rchitettura 
1 ' " " ' (;Wifl ll llo lli, Alli del Seminario Internazionale (Roma, 19-
'11 11"" 111l11 ,. l1JI:I7}, Bollettino del Centro di Stucli per la Storia 
1/ ltr /u/ol/11/ ol, l 1)<JO, n. 36, pp. 13-15. 
c c o' ' lltllllll l, " 11 'Diruda111ento' Edilizio'', op. cit., p . 53. 
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42 • Gustavo Giovannoni. Textos Escolhidos 
antigo, com o duplo objetivo de melhorar as condições 
de salubridade, restituindo "ar e luz" , e de "liberar" os 
testemunhos arquitetônicos mais importantes, previa-
mente identificados23• 
A partir dos dois artigos de 1913, Giovannoni inicia 
uma intensa atividade de consultoria no campo urbanís -
tico, que o leva a redigir, coordenar, ou simplesmente 
orientar, grande parte dos planos diretores das cidades 
italianas por mais de duas décadas , a começar pela pró-
pria Roma, onde toma parte de todas as comissões que 
enfrentam o tema do plano dire tor, de 1918 ao início 
dos anos 1940. No entanto, a despeito desse empenho, 
as concretas aplicações do "desbas tamento" de cons-
truções foram bastante exíguas e devem ser atribuídas 
prevalentemente aos alunos d e Giovannoni, como nos 
casos de Bari velha e Bergamo alta26, enquanto a vicis-
situde do baino do Renascimento - levada adiante com 
a consultoria de Giovannoni a partir da segunda metade 
dos anos 1930 - traduziu-se num resultado ambíguo, em 
que parte dos princípios teóricos foi sàcrificada em nome 
das exigências do regime27 • Este último aspecto, como 
25. Cf. A. Belli, /mmag ini e Concetti nel Piano. /nizi dell'Urbrwistica in 
ltal ia, Milano, 1996, p. 99; F. Choay, "lntroduction", em G. Giovannoni, 
L'Urbani.sme Face awc Villes Anciennes (tradu<,:ão francesa de Vecchie Città 
ed Edilizia Nuova, Torino, Utet, 19~1 . 1995 2• ed.), Paris, Seuil, 1998, 
pp. 14, 19. 
26. A. Pane, "Dal Monumento all'Arnbiente Urbano'', op. cit., pp. 311-312. 
27. Cf. M. Capema, "Progra mmi Urbanistici e lntervento Sulla Ciltà Storica: 
la Questione dei Quartiere de i Rinasc imento dai 1925 a lia Seconda 
Guerra Mondiale", em G. Spagnesi (org.), ll Qwtrliere ed il Corso del 
Rirwscimento, op. cit., pp. 97-131; A. Pa ne, ''Quartiere dei Rinascimento 
Atualidade de Gustavo Giovannoni • 43 
tl1 tdn, t:onstituirá um dos principais limites da con-
'' d.uu: lio operacional de Giovannoni nesse campo: com 
uht•tJ io do fascismo, com efeito, o estudioso acabará 
1 "' f'j.ttt i r uma lógica de compromisso, avalizando demo-
lu '" 1 t' alargamentos não muito distantes daqueles tão 
lf l' l <~tndos desventramentos oitocentistas , contanto que 
"" "~~11isse salvar partes limitadas dos núcleos antigos 
l t f trl udes italianas . Exatamente seu envolvimento am-
1 t ttfl r·om o regime, constituirá no segundo pós-guerra 
11111 • tlu ~ principais sombras sobre sua fortuna crítica 
I' '' r·omo será mencionado mais adiante - começará a 
1 dt.,"'ol vida apenas no final dos anos 1960. 
\demais, é possível afirmar que a contribuição de 
1 111\.t llt toni no campo da tutela do ambiente urbano, 
I"' lw jto confluiu na problemática mais ampla dos cen-
"" lti"' lóricos, seja ainda de notável atualidade. Isso é 
f td.ulr•, antes de mais n ada, pela grande repercussão 
lo ttlt "~ l<'orias, ainda que de maneira pouco consciente 
tt lltltl tl <·darada, na cultura arquitetônica italiana do 
tit ulo pós-guerra. Bas ta pensar, a esse respeito,na 
1 fi, " '" de Roberto Pane sobre o tema do ambiente, ou 
11 • dt• Saverio Muratori sobre a leitura histórica "ope -
' 1111t " t io~ l€'cidos urbanos que - mesmo tendo profundas 
lll f • •·ll ~' ll 'i c·om as teorias de Giovannoni - podem, no 
tt l '"'"· Ht'r consideradas em boa parte devedoras da sua 
' ll·•lltl, Si~1t ·11mzioni Via rie, Diradamenti, Ricostmzioni, 1925-194·0" , 
1 1 llt lltusc (org.), ll Restauro e i Monumenti. Materiali per la Storia 
/i, ' '"'"' · Milano, Clup, 2003; Maggioli, Sant'Arcangelo di Romagna 
IH III ... ,f,). pp. 219-237. 
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44 • Gustavo Giovannoni. Textos Escolhidos 
abordagem28• De modo mais geral, é possível observar 
como a própria disciplina do urbanismo, na época de 
Giovannoni apenas em formação- para a qual ele se em-
penhará ativamente, participando, em 1933, de um pro-
jeto de lei pioneiro, jamais aprovado29, e instituindo uma 
escola de aperfeiçoamento em 1934, suprimida quatro 
anos depois30 - sofreu a sua influência por longo período. 
É testemunho disso o célebre volume Vecchie Città ed 
Edilizia Nuova, publicado pelo estudioso em 1931 como 
uma síntese das próprias reflexões e experiências que, 
mesmo não tendo a pretensão de um tratado, constituirá 
por um longo tempo a única referência bibliográfica so-
bre o tema na Itália31 • 
28. Cf. G. Zucconi, "Pane e la Nozionc di Ambiente, Ira Primo e Secundo 
Novccenlo", em S. Casiello, A. Pane, V. Russo (orgs.), Roberto Pane 
tm Storia e Restauro. ArchiteUum, Ciuà, Paesnggio, Alli dei Convegno 
Nazionalc di Studi (Napoli, 27-28 oltobrc 2008), Venezia, Marsilio, 2010, 
pp. 308-311. 
29. Cf. F. Ventura, L'lstituzione dell'Urbanistica. Cli Esordi ltaliani, Firenze, 
Libreria Alfani, 1999, pp. 213-253; F. Bottini, ''Da ll 'U topiu a lia 
Normativa. La Formazione de lia Legge Urbanística ncl Oiballito Teorico: 
1926-1942", e m G. Ernesti (org.). La Costruzionc dell'Utopia. Architetti e 
L'rbanisti nell'ltalia Fascista, Roma, Lavoro, 1988, pp. 214-215. 
30. P. icoloso, Cli Architetti di Mussolini, op. cit. , p. 144. 
31. G. Giovannoni. ~ecchie Città ed Edilizia Nuova, Torino, Utct, 1931: 
Cittàstud i, Milano 1995 (2• ed.). Ve r a esse propós ito as d iversas 
inte rpretações de Choay, que denuncia uma grande ocultação do volume 
no pós-guerra (F. Choay, ''Prefazione" , em G. Giovannoni, ~ecchie Città 
ed Edilizia Nuoua, 1995, op. cit. , p. VIl), e de Rucheli, que considera, 
de modo diverso, a sua leitura uma "ininterrupta aplicação de estudo, 
do mome nto em que foi editado até os nossos dias" (A. M. Racheli, 
' 'Recensione a G. Giovannoni Vecchie Città ed Edilizia Nuova", Ricerche 
di Storia dell'Arte, 1996, n. 60, p. 99) e de Zuccon i, que o define como 
um "manual malogrado" (G. Zucconi, "Gustavo Giovannoni, ~ecchie Ciuà 
Atual idade de G ustavo Giovannoni • 45 
ão deve ser esquecida, por fim, a importante con-
'' dmição de Giovannoni para a tutela das "belezas natu-
' ' ti o.;", que tem hoje uma substancial continuidade com o 
ttpurato normativo vigente na Itália em relação aos "bens 
puiHagfsticos". Depois de ter parti cipado na redação da 
p• inteira lei "sobre a proteção das belezas naturais e pa-
unt'âmicas", aprovada em junho de 1922, Giovannoni pre-
ulirá a comissão que redigirá ao texto da lei n. 1497 de 
1'1:39, que permaneceu em vigor até 1999 e que confluiu 
, nuo.; ideravelmente, mesmo se com modificações signifi-
' ot livas, no atual Código dos Bens Culturais e Paisagís-
ll• ·o~32. Entre as principais contribuições de Giovannoni 
w · o.;e âmbito específico, deve ser citada a introdução do 
pl.t nejamento "paisagístico" (paesistico em italiano), por 
• I•· defendida desde 1938 - através de algumas experiên-
' ut.; pioneiras feitas na ilha de Capri e na área das colinas 
\lbutti , perto de Roma33 - hoje integrada e emiquecida no 
tlllul instrumento dos "planos paisagísticos" (paesaggisti-
'" c•tll italiano), tornado obrigatório pelo Código. 
Paralelamente aos âmbitos do restauro e do urba-
111 uun, Giovannoni desenvolve uma significativa pro-
,.//<.'r/dizia Nuova. 1931. Un Manuale Mancato'' , em P. Di Biagi (org.), I 
t ltt"ll'i dell'Urbanistica Moderna, Roma, Donzelli, 2002, pp. 57 -69). 
I I ~1 . St'rio, "La Riforma Bottai delle Antichità e Belle Arti: Leggi di 
lut<•lu l'd Organi zzazione", em L. Barroero, A. Conti, A. M. Racheli, M. 
' '"· I ia dei Fori fmperiali. La Zona. Archeologica di Roma: lirbaniJtica, 
n '" lui•tici e Politica Cultura/e, Roma, Banco di Roma - Marsi1io, 
1•1111. I'· 216 e nota 27. 
I loiii\Hctuoni, ''Piani Regolalori Paesistici", Urbanística, 1938, vol. VIl, 
11 ' · Jll'· 27ó-280. 
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46 Gustavo Giovannoni. Textos Escolhidos 
clução científica no campo ela história ela arquitetura, 
disciplina também em formação na Itália das primeiras 
décadas do século XX, que deve ao estudioso grande 
parte de seu estatuto autônomo em relação à história da 
arte. É exatamente pela visão "técnica" ele Giovannoni 
- justamente definido por Bonelli como "engenh eiro-
-historiador"34- que toma forma uma característica bem 
italiana da historiografia arquitetônica, ou seja, a de ser 
um apanágio quase exclusivo dos arquitetos. Preconiza-
dor firme de que o contato direto com os monumentos é 
imprescindível, assim como o estudo de suas condições 
materiais e as "causas permanentes do ambiente":l:i que o 
geraram, Giovannoni empenha-se ativamente para a defi-
nição de um método na história da arquitetura, entrando 
em polêmica com seu antigo mestre Adolfo Venturi36• 
:\11.. H. Bnru•lli, "Prnlu~ ione" , em F. Colonna, S. Costantini (or~.). Principie 
Metodi della Storia dell'Architettura e l'Ereditil della "Smolrt Nomanrt ", 
A tti dei Convegno J nternazionale (Roma, 26-28 marzo 1992), Roma 1994, 
p. 24. 
:\5. Giovannnni desenvolve as suas primeiras considerações d~ método sobre 
a his tória da arquitetura a partir de 1 90'~. em refert;ncia ao e>tudo dos 
mosteiros de Subiaco. Cf. G. Giovannoni, '·L'architettura dei Monastcri 
ublaccnsi", em P. Egidi, G. Giovannoni, F. He nnanin, V. Federici, I 
Monasteri di Su.biaco . 2 vols ., Roma, Ministero deUa Pubblica Is truzione. 
1904, vol. I, pp. 287-288. parcialme nte republicado em G. Giovannoni, 
Dal Capitello alla Cittil, op. cit.., pp. 73-74. 
36. Sobre a conhecidíssima polemica, surgida em 1938, a partir da resenha 
de Giovannoni ao volume di Venturi L'Architettum del Cinquecento (G. 
Ciovannoni, "[;Architcttura de! Cinquecento", Palladio, 1938, ano 11, 
fa se. 111. pp. 107-114), à qual Venluri replica pontualmente na sua revis ta 
L'Arte (A. Venturi, "Sul Metoclo della Storia dell'Architettura", L'Arte, 
19:\8, vol. IX, fase. IV, pp. 370-375), ver B. Zevi, "Adolfo Ventmi e la 
Moderna Storiografia Archite ttonica ", L'Architettum. Cronaclte e Storia, 
1957, vol. 11, 11. l ú, pp. 700-701; B. Zevi, Architectnra in Nuce, Venezia-
Atualidade d e Gus tavo Giovannoni • 47 
atividade de Giovannoni nesse campo é vasta e 
rltlc •n ·nciada, indo desde uma cm·posa produção ensaís-
ltc 11 - concentrada sobretudo na arquitetura do Renas-
' tttwnto e nas figuras de Bramante e elos Sangallo- até 
1ttttH ação militante em favor da difusão dos estudos de 
l11• Lória da arquitetura. Neste último âmbito devem ser 
1 tJ ,ulos pelo menos três projetos fortemente apoiados 
Jlltt' Ciovannoni, e por ele levados a termo com sucesso: 
1 •ttlllf' Í ro, a revista Architettura e Arti Decorative, fund ada 
1 cl Jrip;ida por Giovannoni com Marcello Piacentini em 
I 'I'! I - concomitantemente com o início dos cursos da 
I l'nla Superior de Arquitetura em Roma-; depois, a 
1 lt.tç·ão da revista Palladio, em 1937, primeira revista 
11111·immente dedicada à história da arquitetura na Itá-
lt, c· no mundo, ainda ativa, e, por fim, a instituição do 
1 1 ttlro de Estudos de História da Arquitetura em Roma, 
.. nele· ltoje está guardado o arquivo de Giovannoni. 
1\ história da arquitetura é talvezum dos campos 
, ut qnc• se encontra uma maior continuidade da herança 
,f, I :iovannoni . Ainda que a his toriografia da arquitetura 
I• ttlt.t sofrido impulsos muito inovadores no pós-guerra 
1 111 grande parte derivados, como para o restauro, da 
ll unm 1960 , Firenze , ansoni. 1979 (2• ed.) . pp. 115-119 , e o mais 
, , , , nto- \ . l'r.~cchi. La Logica degli Occhi: gli Storici dell'Arte, la Traela 
, ,/ U•·•t•fllf'O dell'Archit.ettura tra Positivismo e Neoidealismo, Como, 
I oh " '"' ~o ·w Pre~s, 2001, em particular pp. 155-187, que propõe - à luz 
.1. ' "'~ ' ' donunentação- uma pmticular interpretação do caso: por trús 
11 , nunturu do vd ho Adolfo se esconderia, com efeito, o filho Lionello, 
, "I'"''''' 11110~ ativo colaborador da revis ta L'Arte e decididamente mais 
H oi• , , 11dn do que u pai nos aspectos metodológicos da his tória da arte. 
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48 • Gustavo Giovaunoni. Textos E scolhidos 
estética crociana {basta pensm· em figuras como Pane, 
Bonelli, Zevi, Argan) - é possível, com efeito, retraçar 
uma explfcita continuidade de mé todos, mesmo com as 
devidas transformações, no âmbito da chamada "escola 
romana" de história da arquitetura. Essa continuida-
de foi evidenciada várias vezes pelos atuais expoentes 
da escola romana em diversos congressos - a partir de 
1987 até a mais recente jornada de estudos dedicada a 
Giovannoni em 2005 - e pode ser definida, de modo ex-
tremamente s intético, numa prevalente atenção à le itura 
direta do objeto arquitetônico37• 
Definitivamente, mesmo com os inevitáveis de-
senvolvime ntos disciplinares, o legado multiforme ele 
Ciovannoni nos campos do res tauro, do urbanismo e 
da história da arquite tura parece ainda hoje de notável 
atualidade. A despeito de tudo isso, a sua fortuna crfti ca, 
no entanto, foi marcada por um longo perfodo por pre -
conceitos e silêncios - devidos em grande par~e ao seu 
controvertido envolvimento com o regime fascista e à sua 
37. O tema foi objeto de um congresso específico realizado em Roma eml992 
(Principi e i'rletodi de/la Storia dell'Architettura e l 'Ere<litl'l delta "Scuola 
Romana''. op. cit.). Cf. Também G. Simoncini (org.), "L' Intiegnamcnto 
de lia . toria dell'Architettura", Atti dei Seminario (Roma, 4·6 novembre 
1993), Bollettino del Centro di Stucli per la Storia dell'Architeltltm. 1995, 
n. 37; V. Franchetti Pardo (org.), La Facoltà di Architettura dell'Uniuersità 
di Rom(t "La Sapienza" dalle Origini al Duemila. DiscLjJline, Docenti, Stu-
denti, Roma, Gangemi, 2001 . Ver também as reflexões de A. Bruschi , C. 
Bozzoni, G. Carbonara, P. Fancelli, F. P. Fiore na mesa redonda da jornada 
de estudos sobre Giovannoni de 2003, e ainda o posfácio ao volume das 
atas de V. Franchetti Pardo (Gustavo Giouannoni: Riflessioni agli Alho ri 
del XXI secolo , op. cit., pp. 223-259) . 
Atualidade dc Gu stavo Giovannoni • 49 
opos ição à arquitetura moderna - bem evidentes desde 
"" unos que imediatamente sucederam à sua morte33, 
qtH' atingiram em particular a parte mais inovadora de 
111a contribuição, ou seja, a referente à conservação do 
nnbiente urbano. É somente a partir do final dos anos 
IIJ(,() que o nome ele Giovannoni começou a aparecer 
ttoHtmente nas histórias ela arquitetura do século XX e 
1111" textos de restauro e de urbanismo. Esse processo, 
''""Lante lento, acelerou-se a partir de 1987, ano em 
•ptl' o Centro de Estudos de His tória da Arquite tura 
l""n1oveu um prime iro congresso sobre Giovannoni e 
' \ o.;sociação Artística dos Cultores de Arquitetura39• A 
I ' ui i r dessa data apareceram numerosos escritos sobre a 
nltJ 11 do estudioso- entre as quais a citada antologia Dal 
r •ttJitello alla Città, organizada por Zucconi e publicada 
, ttt 19<)7 - enquanto era reimpresso, com prefácio de 
I • • tlt ~·oise Ch oay e um ensaio e Francesco Ventura, o 
, " ''lttt(' Vecchie Città ed Edilizia Nuova40• 
1-:m anos mais recentes, em junho de 2003 , foi 
•, d t/ uda uma jornada de estudos dedicada a Giovan-
tll• tll - para a qual Cae tano Miarelli Mariani, morto 
'"' 11 11o precedente, havia ins istido muitíssimo -, no 
f, , 11 t n ·r da qual diversos estudiosos evidenciaram o 
\ l'oll l<', " I Jt F01tuna Critica di Gustavo Giovannoni'' , op. cit., pp. 207-
' 11> 
I •• t•tztone Artística trai Cultori di Architettura e Gustavo Giova111wni, ,, 
t • 1 " " ' u"'"'ui, J!ecchie Città ed Edilizia NtLova , Torino, Utet, 1931; 
'I li "'"• r:tt t ~stud i , 199.'i (2• ed.). 
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50 • G us tavo Giovannoni. Textos Escolhidos 
estado dos estudos, trazendo também pesquisas inéditas 
provenientes da consulta de seu arquivo no Cen tro de 
Estudos, objeto de uma longa reorganização a partir do 
final dos anos 1970. Por ocasião da publicação das a las 
do encontro, redigi uma bibliografia dos escritos sobre 
Ciovannoni, a tualizada em 2005, que mostra o notável 
despertar do interesse pela personagem, desenvolvido 
a partir do final dos anos 19804t . Ainda mais recente-
mente, apareceram alguns aprofundamentos específicos 
da contribuição ele Ciovannoni, no âmbito de algumas 
peculiares realidades locais na Itália, fruto ele pesquisas 
tópicas em seu arquivo, como para a cidade de ápoles, 
onde a influência do estudioso marcou por pelo menos 
duas décadas os campos do restauro, do urbanismo e da 
hi stória da arquitetura42• No todo, porém, a vastidão ela 
obra de Giovannoni ainda está longe de ser perscrutada 
de modo exaus tivo e a possibilidade ele, no futuro , con-
sultar seus arquivos sistematicamente cons tituirá uma 
passagem imprescindível para uma real evoiução dos 
estudos sobre sua obra. 
De resto, como bem testemunha o presente volume, 
a figura ele Giovannoni já há certo tempo transpôs as 
41. A. Pane (org.), "Bibliografia degli Scrilli su Gustavo Giovannoni'', in M. 
P. c llc (org.), op. cit. , pp. 261-2í 9. 
42. A. Pa ne, "I.:Infiuenza di Gustavo Giovannoni a Napoli tra Restauro dei 
Monumenti e Urbanis tica. 11 Piano dell926 e la Questione cJella ' vecchia 
città"', em R. Amore, A. Pane, C. Vitagliano, Restallro, Monllmerrti e 
Citul. Teorie ed Esperienze del Novecento in ltalia, Quaderni di Restauro 
dei Dipmtimento di Storia deli 'Architettura e Restauro dell'Università di 
N!lpoli "Fedcrico li", 4, Napoli, Elec ta Napoli, 2008, pp. 13-93. 
At uuliducJe de Gustavo Giovannoni • 51 
ftnHit• iras italianas. Esse processo teve início antes de 
111.lo na França, graças aos estudos ele Françoise Choay, 
'1111' t ' ll t 1992, em seu célebre A Alegoria do Patrimônio, 
111 dlllfa a Giovannoni o papel fundamental de figura 
lu >~ lo rial" para o patrimônio urbano43• O interesse ele 
I ltntty pelo estudioso romano prosseguiu, depois, com 
1 publicação da primeira tradução francesa do volume 
I. , •ltit• Città ed Edilizia Nuom - aparecida em 1998 
11111 um longo ensaio introdutório da estudiosa, qu e 
11 1! <' li IH também o controverso " infortúnio" crítico de 
t In\ 1111 non i H - e ainda com a antologia Le Patrimoine 
,, (ltll'slions. Antlwlogie pour un Combat, publicada por 
1 ''""~ ,.m 2009 com uma explícita intenção militante, 
111 •JI It• aparecem alguns trechos de Giovannoni sobre o 
•· 111.1 du eonservação das velhas c idades45• Nesse meio 
r. '"I"'• lambém em ambiente an glo-saxão a figura de 
1 lo t\ ltl lllotti passou por um primeiro aprofundamento, 
111 'I"'' Hobressai certamente o volume Modemism in 
I ""'" lrf'lâtecture, 1890-1940, publicado por Richard 
I I ltu "· I '11/t<gorie dn Putrimoine, Pari•, Seuil, 1992 , 1999 (3 • ed.). pp. 
I I 1 I , I I "'u lmduçJo brasileira de Luciano Vieira Machado: F. Choay, 
I 1/ '"'' do Patrimúnia. São Paulo, t.Jnesp, 2001, pp. 186-203. N. da 
l i 
I f h1 " ''luttudllt tion". t'nt G. Giovannoni, L'L'rbanisme Face au.t Filies 
I ""• ''/'·r it .. pp. 7-32. 
I 11 1 • • 11 1 puo·lieulur. de trechos retirados dos dois artigos de 1913 
1 I lo

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