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Luysa Gabrielly de Araujo Morais – Medicina - @lugaaraujo Sexologia Forense AULA 04 Parte da medicina legal que estuda as perícias em casos de crimes contra a liberdade sexual. Violência sexual → É a violência praticada mediante ofensa à liberdade sexual de outrem, seja qual for o sexo (FRANÇA, 2008). ESTUPRO (ART. 213) Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso Pena de reclusão de 6-10 anos. Se resultar em lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 anos ou maior de 14 → 8-12 anos de reclusão Se resultar em morte → 12-30 anos Se a vítima é menor de 14 → 8-15 anos Se do estupro resultar em lesão corporal de natureza grave → 10-20 anos de reclusão Se resultar em morte → 12-30 anos. OBJETO JURÍDICO → liberdade sexual da pessoa AÇÃO NUCLEAR (tem que estar presente para caracterizar) Constranger, forçar, compelir, coagir Conjunção carnal ou outro ato libidinoso Violência efetiva ou presumida ou grave ameaça. SUJEITO ATIVO → homem ou mulher SUJEITO PASSIVO → homem ou mulher Considera indispensável realização do exame pericial para devida comprovação da conjunção carnal ou de outro ato libidinoso e dos demais elementos que caracterizam o referido delito. ATO LIBIDINOSO, além da conjunção carnal, manifesta-se nas mais variadas situações: Coito ectópido → anal, oral... Masturbação Toques e palpação das mamas, coxas, vagina e nádegas CONJUNÇÃO CARNAL → introdução completa ou incompleta do pênis na cavidade vaginal ocorrendo ou não ejaculação, não se tendo como tal a cópula entre coxas, coito oral ou anal (são considerados atos libidinosos). ESTURPO DE VULNERÁVEL Estupro mediante violência presumida passa a ser chamado de “estupro de vulnerável” em que são as vítimas menores de 14 anos e os portadores de enfermidade ou deficiência mental sem o devido discernimento para a prática do ato ou que, por qualquer outra causa não possam oferecer resistência. Art. 224 → presunção de violência Vítima com idade igual ou inferior a 14 anos Vítima alienada mental, e o agente conhecia essa circunstância Vítima impossibilidade, por qualquer razão, de oferecer resistência PERÍCIA NOS CRIMES SEXUAIS Exame do local dos fatos → perícia criminal Exame da vítima Histórico Exame físico o Coito vaginal, coito anal, coito oral, introdução de objetos, etc. Luysa Gabrielly de Araujo Morais – Medicina - @lugaaraujo o Ato libidinoso o Violência física – vulva, nádegas, pescoço, mamas, região anal, etc. o Gravidez. Exame do agressor EXAME FÍSICO Rotura do hímen Esperma na vagina Fosfatase ácida e glicoproteína p30 na vagina Material genético do agressor na vagina Doença venérea profunda Gravidez ROTURA DO HÍMEN Coloca-se a vítima em posição ginecológica, examinando-se a genitália externa, em seguida, apreende-se os pequenos e grandes lábios entre os dedos polegar e indicador, bilateralmente, e traciona-se na direção do examinador para expor o hímen. Procurar rotura A completa quer dizer que foi do bordo livre ao preso/ inserção. E a incompleta não chega até a borda presa ou de inserção. As roturas himenais são classificadas de acordo com o horário de relógio (rotura há tantas horas) → método cronométrico; Mas também pode ser usado o sistema de quadrantes Descrição: Aspecto: Mucoso Óstio → único, médio e centralizado Orla → média Elasticidade → Não complacente o Elasticidade durante o tracionamento – aumento considerável do óstio durante a tração → Dificulta a caracterização porque permite a conjunção carnal sem rotura. Integridade Diferençar de entalhe o São bilaterais e simétricas o Tem um ãngulo mais aberto que as roturas Luysa Gabrielly de Araujo Morais – Medicina - @lugaaraujo o As roturas normalmente vão até a inserção da vagina, bordas irregulares e assimétricas, justaposição completa das bordas e ângulo de rotura em V (caso presença de rotura) Número → única ou carúnculas mirtiforme (mulheres que tiveram parto normal tem apenas resquícios himenais) Localização → junção dos quadrantes inferiores Aspecto → antiga ou recente Lâmpada de wood → analisar a presença de sangue e, portanto, uma rotura recente. Tempo o Recente – menos de 21 dias o Sangramento até 3 dias o Período de orvalho sanguíneo e equimose – 2 a 6 dias o Período de supuração ou exsudação de 6-12 dias o Período de cicatrização recente – até 21 dias Rotura às 18 horas COITO ANAL Esfíncter anal Rágades -> fissuras causadas pelo ato sexual Esperma no reto Fosfatase ácida e glicoproteína p30 no reto Material genético do agressor no reto Doença venérea profunda A área perianal deve ser examinada com a criança de decúbito lateral esquerdo, com os joelhos fletidos junto as costelas e a cabeça em um travesseiro. Realiza-se a separação das nádegas com as mãos, observa-se por 30 segundos, após a tração, a abertura do canal (teste da separação lateral das nádegas e a abertura do canal → reflexo anal dilatação) Regiões hiperemiadas no palato → indicativo de sexo oral e infecção venérea. CONCLUSÃO A perícia médico-legal deve concluir pela existência ou não da conjunção carnal, observando: Rupturas Gravidez Luysa Gabrielly de Araujo Morais – Medicina - @lugaaraujo Presença de esperma na cavidade vaginal Constatação da presença de fosfatase ácida ou glicoproteína p30 (líquido prostático) Contaminação venérea profunda Integridade himenal Descrever as rupturas, caso presentes, de forma simples e objetiva. HÍMEN COMPLACENTE → permite a cópula sem deixar vestígios, não é possível afastar com segurança a prática do coito completo, todavia o hímen está integro; trata-se de um hímen de conformação complacente, não podendo-se afirmar nem negar a conjunção carnal. Não é função dos peritos tipificar delitos ou capitular dispositivos do código penal. Essa é uma tarefa do julgador. Não é função do médico legal tipificar se ocorreu ou não estupro, ao médico legista cabe informar se ocorreu ou não conjunção carnal/ ato libidinoso.
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