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Meu TCC_ Alienação Parental

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10
INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA OBJETIVO - IEPO
CURSO DE DIREITO
ANA KAROLINNE COELHO PINHEIRO
ALIENAÇÃO PARENTAL NO ORDENAMENTO
JURÍDICO BRASILEIRO
Palmas
2019
ANA KAROLINNE COELHO PINHEIRO
ALIENAÇÃO PARENTAL NO ORDENAMENTO
JURÍDICO BRASILEIRO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto de Ensino e Pesquisa Objetivo como requisito parcial para obtenção de grau de Bacharel em Direito.
Orientador: Prof. André Cavalcante Guedes
Palmas
2019
ANA KAROLINNE COELHO PINHEIRO
ALIENAÇÃO PARENTAL NO ORDENAMENTO
JURÍDICO BRASILEIRO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto de Ensino e Pesquisa Objetivo como requisito parcial para obtenção de grau de Bacharel em Direito.
Orientador: Prof. Dr. André Cavalcante Guedes
APROVADO (A) EM _______/_______/________
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________
Prof. André Cavalcante Guedes
______________________________________________
Prof.
______________________________________________
Prof.
Palmas
2019
Dedico esse trabalho a todas as vítimas de alienação parental, toda força e muitas vibrações positivas, tudo vai ficar bem, sejam fortes.
AGRADECIMENTOS
Nos últimos dias, muitas pessoas tentaram me dizer como eu deveria escrever meus agradecimentos, outras tentaram me dizer para quem eu deveria direcioná-los, umas falaram de Deus, outras sobre força, outras de amor, algumas de coragem, fé e muitas outras coisas boas. Tendo isso como ponto de partida, a primeira pessoa a quem agradeço sou eu, não é fácil concluir uma graduação ainda mais quando você transfere sua faculdade, quando encontra má vontade em alguns lugares; hoje estava me perguntando se deveria agradecer a essas pessoas? Sim, devo. Elas também me deram motivação. 
Por falar em motivação, Mamãe, Papai, Kamilla, Renato, meu amado primo George Matheus e a minha pessoa favorita Bruna Araújo, meu coração bate mais forte toda vez que eu penso em como eu sou amada, apoiada e abençoada, se existe alguém nesse mundo que também merece agradecimento essas pessoas são vocês. Gostaria de poder citar o nome de cada pessoa que diretamente ou indiretamente contribuiu para que eu chegasse até aqui, não pensem que, por não citar, eu me esqueci, serei sempre imensamente grata. 
Não poderia deixar de agradecer a minha querida professora de Direito Penal, Andrea Cardinale Urani, motivo de muita inspiração e fonte de sabedoria. Obrigada pelas lições valiosas, suporte e por todo conhecimento repassado, você é maravilhosa. 
Por fim, para alguns familiares gostaria de deixar o agradecimento às críticas e às perguntas desnecessárias, às vezes isso também foi fonte de motivação e fez de mim uma pessoa melhor.
Muito obrigada e que Deus nos abençoe.
"Eu sustento com palavras o silêncio do meu abandono."
(Manoel de Barros)
RESUMO
O presente trabalho versa a respeito da Alienação Parental dentro do Ordenamento Jurídico Brasileiro, de acordo com o que é trazido pelo Código Civil brasileiro e o Direito de Família, a fim de debater um tema atual com concepções já antigas tendo em vista as transformações do conceito de família na sociedade moderna. O Ordenamento Jurídico também tem tentado mitigar as deficiências legais e regimentais dentro da temática do estudo e atender às necessidades do Instituto da Família dentro do Direito. O trabalho tem como base principal a análise da Lei nº. 12.318/2010, que dispõe sobre as condutas caracterizadoras da alienação parental, de acordo com o rol exemplificativo da lei, estabelecendo assim para estas condutas, medidas coercitivas e sancionatórias, além de estender os seus efeitos não apenas aos pais, mas também aos avós ou quaisquer outras pessoas que detenham a guarda ou vigilância do incapaz. Além disso, o trabalho ainda traz a concepção da legislação brasileira de modo a conceituar de forma ampla e genérica o tema, a fim de possibilitar a melhor aplicação do Direito nos casos concretos de alienação parental. Nesse sentido, o trabalho tem como objetivo analisar a Alienação Parental, dentro do Ordenamento Jurídico Brasileiro, discorrendo sobre os aspectos conceituais, históricos e de aplicação do Direito, tendo como problema de pesquisa a subjetividade do tema dentro do Ordenamento Jurídico Brasileiro, que pode culminar em diversas concepções e julgamentos, trazendo uma compreensão equivocada de inaplicabilidade ou ineficiência na execução da legislação respectiva. Desta forma, o trabalho foi realizado dentro da metodologia de pesquisa bibliográfica, numa abordagem qualitativa, tendo como base referências primárias e secundárias como: legislações; doutrinas, jurisprudências; dissertações; artigos e matérias relacionadas ao estudo, visando a apresentação e compreensão integral da matéria. O trabalho está organizado em: Introdução; Revisão Bibliográfica; Considerações Finais e Referências, apresentando como resultado a análise e reflexão acerca do tema para fins de aplicação na atualidade dentro do Ordenamento Jurídico Brasileiro, considerando as transformações no Instituto da Família na sociedade moderna.
Palavras-chave: Alienação Parental. Direito de Família. Ordenamento Jurídico Brasileiro.
ABSTRACT
The present paper is about the Parental Alienation within the Brazilian legal system, according to what is brought by the Family Law in order to discuss a current topic with anosas conceptions, therefore, the family of the transformation of the measure in modern society, the legal system has also tried to mitigate the legal and procedural deficiencies in the subject of study and meet the needs of the Family Institute within the law. The work is mainly based on the analysis of Law. 12,318 / 2010, which provides for the characterizing conduct of parental alienation, according to the exemplary role of the law, establishing for these behaviors, coercive and punitive measures, as well as extend its effects not only to parents but also grandparents or any other persons holding custody or supervision of the incapable. In addition, the work also brings the concept of Brazilian legislation to conceptualize broad and general terms the issue in order to enable better application of the law in specific cases of parental alienation. In this sense, the work aims to analyze the Parental Alienation within the Brazilian legal system, discussing the conceptual aspects, historical and application of law, with the research problem the theme of subjectivity within the Brazilian legal system, which may result in various conceptions and judgments, bringing a misunderstanding of inapplicability or inefficiency in the performance of their legislation. In this way, the work was done within the literature search methodology, a qualitative approach, based on primary and secondary references as: legislation; doctrines, jurisprudence; dissertations; articles and materials related to the study, aimed at presentation and full understanding of the matter. The paper is organized as follows: Introduction; Literature review; Final Considerations and References, presenting as a result of analysis and reflection on the theme for enforcement purposes at the present time within the Brazilian legal system, considering the changes in the Institute of the Family in modern society.
Key-Words: Parental Alienation. Family right. Brazilian legal system.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO	9
2. O DIREITO DE FAMÍLIA DENTRO DO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO	12
2.1 Os Princípios Constitucionais do Direito de Família	16
2.2 A Guarda da Criança e do Adolescente no Direito de Família	21
3. A ALIENAÇÃO PARENTAL E A SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL	27
3.1 Origem e Conceito	27
3.2 Diferença entre Síndrome de Alienação Parental e a Alienação Parental	35
4. A ALIENAÇÃO PARENTAL E SUAS CONSEQUENCIAS DENTRO DO ORDENAMENTO JURÍDICO	41
4.1 Aspectos Jurídicos da Alienação Parental	42
4.2 Aplicação da Lei nº 12.318/2010 – Da Alienação Parental	48
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS	57
REFERÊNCIAS	621. INTRODUÇÃO
Desta forma, é fato que, ao chegar ao fim os amores, os casais se separam e os filhos têm que aprender a viver e conviver com o desfazimento dos laços que mantinham os pais unidos, sendo afetados de maneira significativa em sua vida social e pessoal, uma vez que estão no meio da situação em desgaste, abrindo espaço aí para a matéria da Alienação Parental.
Assim, a Alienação Parental está presente desde muito tempo, quando um dos pais, geralmente o que se sente abandonado pelo o outro, que tomou a decisão de por fim à convivência conjugal, passa a manipular os filhos para que estes se sintam também abandonados, se afastando e, às vezes até execrar aquele que deixou o lar em comum.
Nesse contexto, a Alienação Parental acontece com frequência, em todos os tipos de estrutura familiar, já que é fato a existência de famílias pouco preparadas emocionalmente, as quais expõem os filhos às mágoas e ressentimentos que sobrevêm sobre a relação conjugal, e que, muitas vezes contribuem para o fim de estruturas familiares.
Dentro dessa realidade, atualmente, a Alienação Parental é nomeada e matéria de lei, sendo tratada, especificamente, a partir de 2010 através da Lei n. 12.318/2010, sendo, portanto, discutida até mesmo pela grande mídia, tornando evidente a absurda crueldade perpetrada contra pais e filhos, na tentativa do guardião em afastá-los como forma de punição e vingança pelo tal “abandono” daquele que foi, e muitas vezes ainda é, seu objeto de amor.
Assim, a Alienação Parental inicia com gestos e ações sutis, na medida em que o alienador procura desmerecer o outro genitor diante dos filhos, menosprezando-o e tornando evidentes suas fraquezas e desvalorizando suas qualidades enquanto pai ou mãe e ser humano.
Por conseguinte, aos poucos, as ações sutis praticadas pelo genitor alienador vão se tornando mais ostensivas, criando apatia dos filhos pelo outro genitor, impedindo o contato e rompendo os vínculos entre o alienado e os filhos, gerando consequências emocionais e sociais aos filhos e ao genitor alienado, caracterizando deste modo a Alienação Parental.
As mulheres são consideradas as maiores alienadoras, uma vez que a guarda deferida usualmente às mães, mas existem alguns comportamentos que são comuns e demonstram o grau de perversidade do alienador, tanto mãe, quanto pai tais como: impedimento de visitas, omissão de fatos relevantes da vida da criança, criação de histórias pejorativas sobre o alienado, mensagens contraditórias que deixam os filhos receosos na presença do genitor alienado, ameaças de abandono caso a criança “goste mais dele ou dela e de sua companhia”.
Nesse aspecto, a Alienação Parental gera consequências à saúde física e emocional das crianças e adolescentes que vivem sob a tortura psicológica de um genitor alienador, culminando assim em diversos distúrbios, tais como: na alimentação, no comportamento, na atenção e, até mesmo no desenvolvimento escolar e social, como forma de fuga à realidade massacrante e com a qual não conseguem lidar, em decorrência da imaturidade da idade, sendo, portanto, uma situação jurídica.
Desta forma, o art. 3º da Lei n. 12.318/2010 explicita as consequências danosas às crianças e adolescentes envolvidos na dinâmica alienante, entre elas os riscos a um desenvolvimento global saudável, uma vez que seu direito à convivência com ambos os genitores é desrespeitado por um deles.
Destarte, a alienação parental é, em si, um fator desestabilizante, que prejudica o desenvolvimento dos filhos envolvidos, bem como também o alienado e o alienador, impedindo que prossigam com suas vidas, digiram o desgosto pela separação e construam novos horizontes.
Nesse âmbito, a relevância do tema se apresenta na exposição detalhada sobre a matéria, no sentido de se trazer à reflexão e racionalidade sobre um comportamento tão pouco debatido até alguns anos atrás, quando a Alienação Parental era vivida e não se percebia, tampouco era desenvolvida dentro do Ordenamento Jurídico Brasileiro.
Contudo, faz-se necessário enfatizar que, deve se ter cuidado com a banalização da questão da Alienação Parental, daí o cunho subjetivo da matéria haja vista que, dentro do Ordenamento Jurídico é preciso serem apresentadas provas cabais da situação exposta, a fim de vislumbrar a face material da causa.
Esse cuidado deve ser tomado em decorrência da Alienação Parental estar em ênfase no Direito de Família atual, sendo exposta e discutida na mídia de forma exacerbada, podendo ser usada de maneira leviana, atribuindo a um genitor preocupado com atitudes verdadeiramente prejudiciais a seus filhos, o estigma de alienador.
Contextualmente, a Alienação Parental é o extremo da perversidade, caracterizando-se no desprezo pelo outro e na necessidade de vingança pelo desamor, tendo como centro crianças e adolescentes, que se tornam verdadeiros instrumentos de ataque àquele que decidiu seguir sua vida sem a companhia do alienador.
Assim, ao ser trazida para o campo legal, a Alienação Parental passou a ter um enfoque não só psicológico, mas também jurídico, pois o genitor guardião, pode, se constatada a alienação, sofrer sanções graves, inclusive com a inversão da guarda previamente estabelecida e a suspensão da autoridade parental, como disposto no art. 6º da Lei n.12.318/2010.
Portanto, antes mesmo de se falar em Alienação Parental é preciso que se conheça não só o conceito do instituto, como também suas consequências jurídicas, não apenas como matéria social, mas principalmente como matéria importante dentro do Ordenamento Jurídico Brasileiro, no que compete ao Direito de Família.
Desta forma, é preciso ter cautela quanto à alegação de forma indiscriminada quanto à ocorrência da Alienação Parental, no sentido de que essa não se torne uma bandeira ou argumento de vingança de casais em litígio, sendo imprescindível um olhar responsável, embasado na legislação respectiva.
Nesse contexto, o trabalho tem objetivo analisar a Alienação Parental dentro do Ordenamento Jurídico Brasileiro, a partir das concepções do Direito de Família, embasada principalmente na Lei n. 12.318/2010, tendo como metodologia a pesquisa bibliográfica, com abordagem qualitativa, no sentido de desenvolver a compreensão e a aplicação da matéria.
Assim, o trabalho discorre sobre os aspectos conceituais, históricos e de aplicação do Direito, tendo como problema de pesquisa a subjetividade do tema dentro do Ordenamento Jurídico Brasileiro, que pode culminar em diversas concepções e julgamentos, trazendo uma compreensão equivocada de inaplicabilidade ou ineficiência na execução da legislação respectiva.
Desta forma, o trabalho foi realizado dentro da metodologia de pesquisa bibliográfica, numa abordagem qualitativa, tendo como base referências primárias e secundárias como: legislações; doutrinas, jurisprudências; dissertações; artigos e matérias relacionadas ao estudo, visando à apresentação e compreensão integral da matéria.
O trabalho está organizado em: Introdução; Revisão Bibliográfica; Considerações Finais e Referências, apresentando como resultado a análise e reflexão acerca do tema para fins de aplicação na atualidade dentro do Ordenamento Jurídico Brasileiro, considerando as transformações no Instituto da Família na sociedade moderna.
2. O DIREITO DE FAMÍLIA DENTRO DO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO
O conceito de família se alterou muito no decorrer do tempo e vem sofrendo inúmeras transformações, alterando-se e variando os valores, as tradições, culturas e os costumes (VENOSA 2011). Atualmente, compete à família desenvolver e transferir valores morais, afetivos e de assistência recíproca (SILVA, 2010).
Umas das inovações adotadas pelo nosso sistema legislativo acerca da entidade familiar é o reconhecimento da comunidade formada por qualquer dos pais (apenas um dos pais e seus descendentes), chamada de família monoparental, conforme o § 4º do artigo 226, da Constituição Federal (MENDES, 2012).
Todas as alterações jurídicas devem-se ao fato das constantes mudanças e adaptações que a sociedade vem passando, pois até meadosdo século passado, a família era regulada quando exclusivamente a constituída pelo casamento modelo este patriarcal e hierarquizado (GONÇALVES, 2012).
A precursora dessa nova ordem de importância da família em nosso ordenamento foi a Constituição Federal de 1988, que privilegiou em seu texto a dignidade da pessoa humana, desempenhando assim papel de destaque para a verdadeira revolução do direito de família (LENZA, 2012).
A Carta Magna, em seu artigo 226, caput, cita que a: “[...] família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado”. É evidente assim, o amparo e proteção à família, vista atualmente como plural e não mais singular, possuindo várias formas de constituição e considerada a base da sociedade (RODRIGUES, 2004).
Com o advento da Constituição Federal que aborda todas estas transformações e percebendo a discrepância entre a nossa Lei Maior e o Código Civil de 1916, acabou-se tendo a necessidade de atualização e promulgando a Lei nº. 10.406/2002 – Novo Código Civil (MONTEIRO, 2004).
Estas alterações trazem no códex civilista a convocação dos pais para serem mais responsáveis em relação aos filhos, a ter uma assunção de uma realidade familiar concreta, onde os vínculos de afeto se sobrepõem à verdade biológica, sendo que agora a família é vista como o centro de preservação da existência do ser humano. 
Esse novo código traz que o Estado não pode se furtar em proteger a família, onde esta intervenção é dever constitucional e fundamental, entretanto, sempre no intuito de proteção devendo resguardar os direitos básicos de sua autonomia (RODRIGUES, 2004).
Ao ensejo de conclusão do tópico, tem-se que a família no direito é considerada como célula básica e alicerce da sociedade, devendo ser respeitada, fortalecida e preservada em seu âmbito familiar, devendo receber especial proteção do Estado, uma vez que estas normas são consideradas de ordem pública, portanto, intransferíveis.
A relação ou sociedade conjugal é um acordo de vontades entre o casal e é regulamentada pela lei, na qual se dará por matrimônio ou união estável. Nota-se que os casais terão direitos e deveres recíprocos materiais e morais, não só em relação a eles, mas igualmente em relação à criança e ou adolescente que vierem a compor esta família (LANE, 2006).
Nota-se que os casais geralmente unem-se para ter uma vida em comum, buscando entre si o sentimento de respeito, companheirismo, carinho e afeto para uma adequada convivência com o intuito de serem prósperos e constituírem uma família. Entretanto, alguns casais, por situações diversas, acabam rompendo o relacionamento, ocorrendo então a ruptura dessa entidade familiar.
Todavia, o que se percebe é que nossos tribunais estão sofrendo e abarrotados de lides onde o principal problema não é a separação em si, mas sim algumas pessoas que perante o sentimento de dor e perda pelo rompimento, no intuito prejudicar ao outro, busca o que de mais sólido existiu na relação que são os filhos (FIORELLI, 2011).
Assim, com a finalidade de prejudicar o outro se utiliza da prole que fica sendo o principal motivo de briga, geralmente pela guarda, onde o primeiro tenta obstar e prejudicar qualquer vínculo afetivo existente entre o filho e o ex-cônjuge, afastando-os do convívio como forma de puni-lo pela separação.
Antes de prosseguir, interessante se faz de mencionar acerca do termo ”poder familiar” aonde esse consiste em direitos e deveres dos pais, respectivo aos filhos menores de 18 anos ou incapazes, propondo-se a garantir o direito e dever de criação, educação, assistência da criança e do adolescente (RODRIGUES, 2004).
O poder familiar encontra-se amparado pelo art. 21 da Lei n. 8.069/1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente. Já o art. 22 da mesma lei instrui que: “Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais”, direito este que está constitucionalmente protegido pelo art. 229, caput, da CF.
Esse poder familiar é conceituado assim como um dever familiar, onde a competência destes pais é acompanhada de inúmeras incumbências e responsabilidades, compreendendo que este não é um direito protestativo (depende apenas da vontade de uma das partes imposta à outra), mas sim, há de ser praticado de forma limitada por ambos, sempre adotando e buscando ao melhor interesse dos menores.
Tem-se que o descumprimento deste dever familiar caracterizará um delito praticado pelo genitor, chamado de abandono material, previsto no art. 244, bem como abandono intelectual, previsto no art. 246, ambos do Decreto Lei n. 2.848/40 - Código Penal. Assim, para obstar esta conduta negligente realizada por este genitor, será aplicado como medida sancionatória a detenção e ou multa, podendo cumulativamente, acarretar a suspensão e destituição do poder familiar.
Ademais, o art. 1.631 do Código Civil, dita que: “[...] durante o casamento e a união estável, compete o poder familiar aos pais; na falta ou impedimento de um deles, o outro o exercerá com exclusividade”. Desse modo, será deferido o poder familiar ao genitor que detenha de fato condições de praticá-lo, ou seja, não necessariamente o poder familiar será exercido por ambos os pais, todavia, existirão casos, seja pela falta ou impossibilidade de um deles, onde a faculdade será manifestada de maneira exclusiva ao outro.
Destaca-se que estando os pais separados conservar-se-á o poder e dever familiar, não existindo alteração alguma quanto às relações existentes entre pais e filhos (art. 1.632 do Código Civil).
Já em alusão ao exercício do poder familiar, seu preceito legal encontra-se no art. 1.634 do Código Civil, sendo competência de os pais dirigirem a criação e educação dos filhos, bem como tê-los em sua companhia e guarda. Neste rol consta a intensa responsabilidade de dever dos pais, e quando excedendo as restrições abordadas pela lei, estes poderão ser suspensos ou mesmo destituídos do poder familiar (RODRIGUES, 2004).
Quanto ao termo extinção do poder familiar, este se encontra disciplinado no art. 1.635 do Código Civil. Já o parágrafo único do art. 1.637, do Código Civil adverte sobre o abuso da autoridade dos pais, na qual quando exagerada, poderá ser declarada a suspensão pelo magistrado, podendo cominar a aplicação das penalidades como forma de coibir esta atitude.
Inegável que, nos casos mais graves, circunstâncias estas previstas pelo art. 1.638 do Código Civil, este abuso de poder acarretará não a simples suspensão, mas sim, a perda efetiva do poder familiar, chamado de destituição do poder familiar, salientando que se dará por ato judicial e esse processo e seus procedimentos terá prioridade absoluta (art. 152, parágrafo único da Lei n. 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente).
Bem verdade que somente será possível a suspensão e destituição familiar por intermédio de sentença judicial, respeitando o direito do contraditório e ampla defesa (art. 24 da Lei n. 8.069/90 e o inciso LV do art. 5º, da Constituição Federal) (RODRIGUES, 2004).
Tem-se que o procedimento judicial para a decretação da perda e suspensão do poder familiar seguirá os trâmites da normativa do artigo 155 da Lei n. 8.069/90, onde nos casos considerados graves, a justiça, depois de ouvida a manifestação do Ministério Público, poderá decretar liminarmente ou incidentalmente (art. 157 da Lei n. 8.069/90).
Quanto aos recursos processuais da sentença de destituição, dar-se-á por apelação, que será recebida apenas no efeito devolutivo (artigo 199-B Estatuto da Criança e do Adolescente), tendo prioridade absoluta (art. 199 - C da Lei n. 8.069/90).
Assim sendo, a suspensão e a destituição do poder familiar implicam em medida coercitiva imposta para inibir o comportamento inadequado ou negligente praticado pelo progenitor, onde a suspensão é medida que pode ser revertida mais facilmente e na destituição deverá ser provado que o motivo que ensejou foi definitivamente exterminado.
2.1 Os Princípios Constitucionais do Direito de Família
Os princípiossão a base de todo ordenamento jurídico, e é por intermédio deles que a sociedade é direcionada aos caminhos para melhor aplicação da norma ao caso concreto e especifico. Assim, no Direito de família, não é diferente, pois os princípios orientam para efetiva e correta aplicação da norma.
Desta forma, a previsão dos princípios está disposta no Decreto-Lei nº. 4.657/42, alterado pela Lei n. 12.376/2010, que dispõe sobre a introdução às Normas do Direito Brasileiro – LINDB no art. 4º. Sendo que, os princípios são considerados como direitos fundamentais, estando protegidos pela Carta Magna.
Nessa perspectiva, Canotilho (1998) dispõe que:
Princípios são normas que exigem a realização de algo, da melhor forma possível, de acordo com as possibilidades fáticas e jurídicas. Os princípios não proíbem, permitem ou exigem algo em termos de <tudo ou nada>, impõem a otimização de um direito ou de um bem jurídico, tendo em conta a reserva do possível, fática ou jurídica). (CANOTILHO, 1998, p. 1.123).
Diante desse contexto, faz-se necessário destacar alguns princípios relativos ao Direito de Família, haja vista sua importância dentro da aplicação jurídica da matéria em estudo, sendo eles: os princípios da dignidade da pessoa humana, do melhor interesse da criança e adolescente, da paternidade responsável, da prevalência e convivência familiar e da afetividade.
As normas jurídicas devem obediência e submissão à Constituição Federal, sendo que esta submissão ocorre em decorrência do princípio da supremacia da Constituição Federal que tem o desígnio de estabelecer normas na qual as leis e atos normativos não podem contrariar as cláusulas constitucionais (SECCO, 2009).
Deste modo, para ter validade, a norma deve fundamentar ou derivar dos princípios previstos pela Constituição Federal, lei esta fundamental que estabelece os lineamentos gerais a ser obrigatoriamente seguidos, prevalecendo, deste modo, o princípio da máxima efetividade.
Sendo assim, discorre-se a seguir sobre cinco princípios constitucionais pertinentes ao tema em estudo:
I – Princípio da dignidade da pessoa humana
Está previsto no Inciso III do art. 1º, Inciso l do art. 5º, §6º do art. 226, e o art. 227 da Constituição Federal, bem como é corresponsável pela previsão legal o art. 15 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Sendo que, esse princípio é considerado a base da entidade familiar, advindo dele o respeito e a compreensão, permitindo o desenvolvimento psicossocial de cada partícipe. (DELFINO, 2009).
II – Princípio do melhor interesse da criança e do adolescente
Esse é um princípio que assegura a garantia do desenvolvimento pleno dos direitos da personalidade do menor, considerada diretriz para solução de conflitos oriundos da separação dos genitores. Assim, é originada pela Convenção Internacional dos Direitos da Criança, e posteriormente regulamentado no Estatuto da Criança e do Adolescente (DELFINO, 2009).
III – Princípio da prevalência e convivência familiar
São princípios regulamentados pela Lei n. 12.010/2009 - Nova Lei da Adoção, sendo que o alicerce para esses princípios está previsto no art. 227 da Constituição Federal e art. 19 da Lei n. 8.069/1990, estabelecendo que a criança e o adolescente são sujeitos de direitos, devendo ser tratados como tal, tendo o Estado o papel de empreender diligências suficientes para amparo dos direitos e garantias fundamentais de sobrevivência e desenvolvimento humano destes infantes. (DELFINO, 2009).
IV – Princípio da afetividade
Este princípio está respaldado, como a aplicação de todo e qualquer princípio, no § 2º do art. 5º da Constituição Federal. Sendo que, esse princípio fornece estrutura e apoio para a concepção das diferentes formas de família hoje existentes, tais como o reconhecimento da união estável, da família monoparental, das uniões homoafetivas, mostrando que a afetividade é capaz de unir e modificar.
Nesse vértice, ele é considerado como um princípio norteador no Direito de Família, e por intervenção dele, ocorreram grandes avanços em nossa legislação, adequando-se a norma jurídica às reais necessidades do nosso país. (SOUSA, 2012).
V – Princípio da paternidade responsável
Este é um princípio amparado pelo § 7º do art. 226, da Constituição Federal, orientando a intensa responsabilidade e a obrigação dos pais de proteger a convivência familiar, possuindo ligação com o princípio da dignidade da pessoa humana, o da convivência familiar e, principalmente, com o da afetividade. (SOUSA, 2012).
Assim, nota-se que a família é base da sociedade e como tal deve e é protegida pela nossa Constituição Federal, seja por princípios implícitos ou explícitos. Sendo que, por intervenção de seus dispositivos constitucionais assegura amparo especial às entidades familiares, dando extensão à assistência às crianças e adolescentes garantindo que seus direitos como indivíduos sejam respeitados. (SOUSA, 2012).
Doravante, o Estado tem um papel fundamental nesse processo, propondo-se como fiscalizador das normas jurídicas para que as crianças e adolescentes tenham um desenvolvimento psíquico, moral, ético, social e afetivo harmonioso e fraternal, na qual a família é o seio e pilar dessa formação. (SOUSA, 2012).
Nessa concepção, entende-se que, com o passar do tempo a evolução e o desenvolvimento do ser humano vão além de uma capacidade física ou instintiva. Ele aprende e toma iniciativas representando em seus atos os traços do conhecimento adquirido de certa forma no passado. (LOBO, 2013).
Assim, cada período histórico traz como consequência a assimilação das gerações passadas fazendo com que, dia após dia o conhecimento adquirido pelo homem seja, temporal e predeterminado em valores pressupostos em seu viver e em seu tempo. (LOBO, 2013).
Desta forma é no Direito e nas Ciências Jurídicas, que se enquadram ao momento social respectivo ao desenvolvimento da sociedade. Sendo que, tal desenvolvimento se dá mediante as mudanças e aos anseios do ser humano em conhecer novos caminhos. Tais caminhos trazem seus percalços, suas diferenças e um novo mundo abre-se em frente. (LOBO, 2013).
O processo de globalização, por exemplo, é um processo contínuo de inserção e aprendizagem humana. As novas tecnologias surgem de um dia para o outro e com elas novos direitos e deveres aparecem por consequência. Pessoas com outra forma de pensar e viver a vida a qual estávamos acostumados, que tem sua cultura diferente da nossa, onde se deve então pregar a alteridade. (LOBO, 2013).
Dessa forma, o legislador adotou algumas precauções ao redigir a Constituição Federal em 1988, considerando uma especial visão social e ampliando os deveres do Estado para com o cidadão, assim entendido em todas as áreas e ramos das ciências jurídicas. (LOBO, 2013).
O direito civil ao longo de sua história fora sempre identificado como a normatização do indivíduo e seus negócios, distanciando de tal maneira do direito constitucional. O constitucionalismo e a codificação, principalmente dos códigos civis, são contemporâneos do advento do Estado Liberal e da afirmação do individualismo jurídico, sendo que cada um cumpre seu papel: o de limitar as ações do Estado e o poder político, e o de assegurar o espaço de autonomia mais amplo do indivíduo. (LOBO, 2013).
Inicialmente, os códigos civis tiveram a visão e a aproximação paradigmática do indivíduo dotado de bens e patrimônio, em uma época de crescente e duradoura burguesia, onde se vivia longe do controle ou qualquer tipo de impedimento público. (LOBO, 2013).
Todavia com a Carta Magna sendo o fundamento de todo direito nacional, abrangendo questões sociais e acolhendo uma visão protetora do cidadão passou a influenciar o ordenamento infraconstitucional, ou seja, os códigos e normas devem necessariamente seguir os ensejos constitucionais e assim, respeitar os basilares princípios que o norteiam. (LOBO, 2013).
Dessa forma, todas outras normas se submetem ao fito constitucional e isso significa a constitucionalização do direito. A importância disso para Paulo Lobo é clara:
A perspectiva da Constituição,crisol das transformações sócias, tem contribuído para a renovação dos estudos do direito civil, que se nota, de modo alvissareiro, nos trabalhos produzidos pelos civilistas na atualidade, no sentido de reconduzi-lo ao destino histórico de direito de todas as pessoas humanas. (LOBO, 2013, p. 321)
Assim, é importante se abordar o princípio da dignidade da pessoa no direito constitucional, não apenas na esfera jurídica, mas também, como um objetivo a ser seguido por todos, pois, Capes (2009) dispõe que:
Verifica-se o Estado Democrático de Direito não apenas pela proclamação formal da igualdade entre todos os homens, mas pela imposição de metas e deveres quanto à construção de uma sociedade livre, justa e solidária; pela garantia do desenvolvimento nacional; pela erradicação da pobreza e da marginalização; pela redução das desigualdades sociais e regionais; pela promoção do bem comum; pelo combate ao preconceito de raça, cor, origem, sexo, idade e quaisquer outras formas de discriminação (CF, art. 3º, I a IV); pelo pluralismo político e liberdade de expressão das ideias; pelo resgate da cidadania, pela afirmação do povo como fonte única do poder e pelo respeito inarredável da dignidade humana. (CAPEZ, 2009. p. 59)
Dessa maneira o sentido de adequação das leis e normas aos princípios fundamentais aos quais a Constituição apregoa é necessário a fim de buscarmos uma sociedade mais justa e ampla, em prol do bem comum, conforme se apreende na concepção de (CAPES, 2009).
Nesse contexto, o direito ao mínimo existencial não é, como regra, referido expressamente em documento constitucionais ou internacionais, mas sua estatura constitucional tem sido amplamente reconhecida, o que não poderia ser diferente, pois, o mínimo existencial constitui o núcleo essencial dos direitos fundamentais em geral e seu conteúdo corresponde às pré-condições para o exercício dos direitos individuais e políticos, da autonomia privada e pública. (CAPES, 2009).
Assim, a dignidade da pessoa constitui-se em uma mescla de valores atemporais, que tem a dimensão e importância respeitada pela Carta Magna de 1988 e assim, seguida pelas leis infraconstitucionais. A definição de Immanuel Kant (1986) para a dignidade é:
No reino dos fins tudo tem um preço ou uma dignidade. Quando uma coisa tem um preço, pode-se pôr em vez dela qualquer outra como equivalente, mas quando uma coisa está acima de todo o preço, e, portanto, não permite equivalente, então ela tem dignidade. (KANT,1986, p. 77.)
Destarte, o Direito de Família no novo Código Civil de 2002 traz algumas alterações na lei quanto à guarda, tentando amenizar que as mudanças daquilo que a originou, o divórcio, e que estas não sejam tão sentidas para todos os envolvidos, naquilo que for possível.
Ademais, o processo do divórcio pode trazer sentimentos superestimados e de difícil assimilação por um dos cônjuges que não aceitam a nova vida do outro ou não aceitam o ato da separação, utilizando o menor como arma contra o cônjuge, causando sequelas que podem ser permanentes, tanto no menor, quanto no cônjuge, ferindo assim, os princípios da dignidade humana, tão bem apregoada pela Norma Suprema do Ordenamento Jurídico Brasileiro. (DIAS, 2013).
2.2 A Guarda da Criança e do Adolescente no Direito de Família
A guarda da criança e ou adolescente tem amparo nos artigos 226 e 227 da Constituição Federal, compondo direitos e deveres dos pais, sendo de suas obrigações e responsabilidade de cuidar e zelar pela educação, moradia, alimentação, fornecendo a prole uma boa convivência familiar (LENZA, 2012).
O art. 229 da Constituição Federal menciona que:
[...] Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores”. Colaborando para a conclusão do mencionado, Lobo (2008, p. 169) cita: “A guarda consiste na atribuição a um dos pais separados ou ambos dos encargos de cuidado, proteção, zelo e custódia do filho. (BRASIL, 1988).
Assim, é importante mencionar que o Código Civil é responsável pelo regulamento deste tema, e em seu art. 1.583 dispõe que na separação judicial por mútuo consentimento “a guarda será unilateral ou compartilhada”. Sendo importante frisar que, o genitor que em virtude de acordo por ele consolidado com o outro consorte, ou de decisão judicial, não possuir a guarda da criança, com exceções de perda do poder familiar, tem assegurado o direito de fiscalizar a educação, bem como o direito de visita constitucionalmente garantindo. (LENZA, 2012).
A Lei 11.698/2008 alterou alguns dispositivos do Código Civil que, antes compunha a guarda unilateral, onde apenas um dos pais era responsável pela efetiva guarda do filho nos casos de separação, criando a guarda compartilhada. Sendo que, com essa norma, altera-se o dispositivo dos artigos 1.583 e 1.584 do Código Civil/2002, inserindo legalmente a guarda compartilhada no mundo jurídico, de acordo com Dias (2013).
A guarda compartilhada possui o viés constitucional dos princípios básicos trazidos pelo constituinte, que se preocupa com a saúde emocional das vítimas da separação, sendo que, nessa concepção Dias (2013) diz que:
No momento em que ocorre o rompimento do convívio dos pais, a estrutura familiar resta abalada, deixando eles de exercer, em conjunto, as funções parentais. Não mais vivendo com ambos os genitores, acaba havendo uma redefinição de papeis. Tal resulta em uma divisão dos encargos. O maior conhecimento do dinamismo das relações familiares fez vingar a guarda compartilhada ou conjunta, que assegura maior aproximação física e imediata dos filhos com ambos, mesmo quando cessado o vínculo de conjugalidade. É o modo de garantir a forma efetiva a corresponsabilidade parental, a permanência da vinculação mais estrita e a ampla participação destes na formação e educação do filho, a que a simples visitação não dá espaço. O compartilhar da guarda do filho é o reflexo mais fiel do que se entende por poder familiar. (DIAS, 2013, p. 454).
Tal inovação serve de auxilio também aos magistrados, pois, conforme Dias (2013), agora possuem uma maior certeza jurídica e ampliação de seus poderes ao aplicar seguramente o expresso em lei. Assim, conforme nova redação:
Art. 1o. Os arts. 1.583 e 1.584 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Código Civil passam a vigorar com a seguinte redação:
Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada.
1o. Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o substitua (art. 1.584, § 5o) e, por guarda compartilhada a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns.
2o. A guarda unilateral será atribuída ao genitor que revele melhores condições para exercê-la e, objetivamente, mais aptidão para propiciar aos filhos os seguintes fatores:
I – afeto nas relações com o genitor e com o grupo familiar; II – saúde e segurança;
III – educação.
3o. A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a supervisionar os interesses dos filhos.
4o. (VETADO).
Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser:
I – requerida, por consenso, pelo pai e pela mãe, ou por qualquer deles, em ação autônoma de separação, de divórcio, de dissolução de união estável ou em medida cautelar;
– decretada pelo juiz, em atenção a necessidades específicas do filho, ou em razão da distribuição de tempo necessário ao convívio deste com o pai e com a mãe.
§ 1o. Na audiência de conciliação, o juiz informará ao pai e à mãe o significado da guarda compartilhada, a sua importância, a similitude de deveres e direitos atribuídos aos genitores e as sanções pelo descumprimento de suas cláusulas.
§ 2o. Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, será aplicada, sempre que possível, a guarda compartilhada.
§ 3o. Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e os períodos de convivência sob guarda compartilhada, o juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, poderá basear-se em orientação técnico-profissional ou de equipeinterdisciplinar.
§ 4o. A alteração não autorizada ou o descumprimento imotivado de cláusula de guarda, unilateral ou compartilhada, poderá implicar a redução de prerrogativas atribuídas ao seu detentor, inclusive quanto ao número de horas de convivência com o filho.
§ 5o. Se o juiz verificar que o filho não deve permanecer sob a guarda do pai ou da mãe, deferirá a guarda à pessoa que revele compatibilidade com a natureza da medida, considerados, de preferência, o grau de parentesco e as relações de afinidade e afetividade. (BRASIL, Lei 11.698/2008).
Assim, no Ordenamento Jurídico Brasileiro são aplicadas a guarda unilateral ou exclusiva e a compartilhada ou conjunta, na forma como pode-se discorrer a seguir, conforme Lôbo (2008):
I – A guarda unilateral ou exclusiva
Dar-se-á quando apenas um dos pais a exerce, onde este irá assumir as decisões concernentes à educação e aos cuidados ao filho, incumbindo ao outro genitor o direito de visitas e vistoria, conforme art.1.583 do Código Civil, primeira parte expressa do § 1º. Os critérios para esta fixação estão previstas no art. 1.583, 2º e 3º do Código Civil. Vale lembrar que este tipo de guarda em nosso ordenamento jurídico é a mais comum.
II – A guarda compartilhada ou conjunta
Está regulamentada pela Lei n. 6.350/2002, podendo ser fixada por consenso ou determinação judicial, conforme art. 1.583 do Código Civil, na segunda parte do § 1º. Sendo que, o doutrinador Lôbo (2008) assim define:
A guarda compartilhada é caracterizada pela manutenção responsável e solidária dos direitos-deveres inerentes ao poder familiar, minimizando-se os efeitos da separação dos pais. (LÔBO, 2008, p. 176).
Inegável que este tipo de guarda é a que melhor se ajusta aos interesses da criança e do adolescente, uma vez que, ela terá acesso contínuo com seus pais, contribuindo, para um melhor desenvolvimento, respeitando os sentimentos afetivos já existentes. (LÔBO, 2008).
Notório que em nosso ordenamento são previstas e aplicadas somente as guardas unilateral e ou compartilhada, e o magistrado irá analisar cada caso individualmente observando os dispositivos constitucionais e do Estatuto da Criança e do Adolescente, devendo prevalecer o melhor interesse da criança e o da convivência familiar.
Entretanto, observa-se que quando os tribunais concedem a guarda que não seja compartilhada, poderá estar colocando em risco o infante, uma vez que, o detentor da guarda poderá induzir falsas memórias a respeito do outro genitor, uma vez que a criança passará um longo período com apenas um dos pais, sendo ocasião autossuficiente para corromper a cabeça de fatos inexistentes a respeito do outro genitor, nascendo a Alienação Parental.
Para a doutrina de Grisard Filho (2002), a guarda compartilhada passou a ser utilizada pelo julgador em detrimento da guarda unilateral por reforçar os melhores interesses do menor:
Um plano de guarda onde ambos os genitores dividem a responsabilidade legal pela tomada de decisões importantes relativas aos filhos menores, conjunta e igualitariamente. Significa que ambos os pais possuem exatamente os mesmos direitos e as mesmas obrigações em relação aos filhos menores. Por outro lado, é um tipo de guarda no qual os filhos do divórcio recebem dos tribunais o direito de terem ambos os pais, dividindo, de forma mais equitativa possível, as responsabilidades de criar e cuidar dos filhos. Guarda jurídica compartilhada define os dois genitores, do ponto de vista legal, como iguais detentores da autoridade parental para tomar todas as decisões que afetem os filhos. (GRISARD FILHO, 2002, p. 79).
Assim, em casos de separação deve o magistrado priorizar o sistema da guarda compartilhada onde a responsabilidade de pai e mãe é conjunta, onde dividem o exercício do poder familiar em comum, ainda que ambos não estejam vivendo no mesmo lar. (DIAS, 2013).
Sendo que, anterior a esta alteração vigorava apenas o sistema da guarda unilateral e apenas um genitor teria a guarda, suportava e arcava com todas as responsabilidades decorrentes. Assim, essa alteração foi um dos marcos do direito civil que tende a respeitar à vontade tanto dos pais, quanto ao melhor interesse do menor, que são as maiores vítimas da situação. (DIAS, 2013).
Desta forma, o magistrado, como em qualquer ato judicial onde há a lide questiona a respeito de conciliação em primeiros atos, deve nesses casos, questionar e propor a guarda compartilhada, onde a responsabilidade dos genitores mutua, considerando o status quo anterior ao divórcio, mantendo o possível a convivência do menor com pai e mãe. (DIAS, 2013).
Tal medida visa proteger tanto a criança, quanto os pais, de possíveis ações que venham contra os princípios da dignidade humana e demais respectivo ao Direito de Família. Sendo que, a norma beneficia aquele que de fato quer participar da rotina do menor, mas pode vir a ser repelido pelo detentor da guarda unilateral, que acaba usando a criança como fonte de retaliação. (DIAS, 2013).
Não obstante, pode o genitor pedir a guarda compartilhada em ação em separado, solicitando de forma legal que sejam respeitados seus direitos e relevados os seus deveres quanto á guarda de seu filho. Pode ocorrer, todavia, que a mãe, ao sentir o afastamento do pai e que a criança estaria por isso sofrendo, pedir ação autônoma de guarda compartilhada para que exista uma maior participação do pai na vida de seu filho. (DIAS, 2013).
O magistrado por sua vez é aquele quem define sobre como se dará a guarda compartilhada, sempre atento aos interesses do menor e daquilo que seja mais saudável para a vida do infante. Essa forma de compartilhamento tem a tendência de variar e enseja comum acordo. (DIAS, 2013).
As variações dependem da rotina de pai e mãe, existem crianças que moram com a mãe poderem passam o dia inteiro com o pai, e vice-versa. Assim, baseado nas informações quanto as rotinas, o juiz estipula o acordo de como se dará a guarda compartilhada. (DIAS, 2013).
Nota-se aqui que existe igualdade de tratamento entre homens e mulheres, pais e mães. Para definir questões o juiz pode-se valer do auxílio de psicólogos e assistentes sociais, que realmente atestem a verdade encontrada no lar e na vida das pessoas envolvidas. (DIAS, 2013).
Por outro lado, ainda que a lei disponha ao magistrado o sistema da guarda compartilhada, o juiz deve analisar cada caso com parcimônia, e, ao entender que o melhor para criança seria a guarda unilateral, essa deve ser aplicada apropriadamente. (DIAS, 2013).
Geralmente em casos de descumprimento dos deveres por parte dos pais há a revisão por solicitação de um deles e assim, pode ser deferido uma nova forma de guarda, que sempre atenta aos melhores interesses do menor. Ao atribuir a guarda unilateral ao invés da guarda compartilhada, deve levar em consideração aquele que tenha melhor condições de exercê-la. (DIAS, 2013).
Assim, entende-se por condições o tempo que passará com a criança, o estudo, saúde, afeto e segurança. Além da proteção especial que o Estado oferece pai ou mãe são obrigados a supervisionar os interesses relativos aos seus filhos, conforme assim traz o artigo 227 da Carta Magna de 1988:
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (BRASIL, 1998).
Dessa forma, se o magistrado por ventura vier a entender no estudo do caso que a nenhum dos cônjuges deva recair a guarda do menor, esta guarda poderá ser atribuída a um terceiro elemento, que possua relação de afetividade e afinidade junto com grau de parentesco. Sendo que, se assim for, fica fixado ou para um dos pais ou para ambos, o pagamento da pensão alimentícia, realizado diretamente para aquele a quem agora detém a guarda da criança. (DIAS, 2013).De fato, a alteração que a lei traz regulariza o direito que implicitamente já ocorria nos julgados nacionais, trazendo uma maior segurança jurídica aos envolvidos. Assim, não se pode deixar de notar que, o real motivo de sua realização a conscientização dos pais sobre o bem-estar da criança, que é aquela que sofre com toda a mudança proposta pelo divórcio. (DIAS, 2013).
Com o intuito de servir como base sólida para a tentativa de manter a vida do menor sem as grandes mudanças e traumas causados se este for morar apenas com sua mãe sem a presença do pai, e vice-versa, a guarda compartilhada se mostra importante e a mais adequada. (DIAS, 2013).
Mesmo assim, existem aqueles que ainda tendo aceitado a guarda compartilhada (ou outro tipo de guarda) mantem seu rancor pelo antigo (a) parceiro (a) e inicia a trágica campanha da alienação parental. Na tentativa de evitar que isso ocorra foi criada a lei 12.318/10, objeto de estudo do presente trabalho, a qual será analisada na seção seguinte.
3. A ALIENAÇÃO PARENTAL E A SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL
3.1 Origem e Conceito
Ao iniciar um estudo tão importante é dever contemplar um pouco da história e o que esta nos traz a respeito de um dos mais sensíveis assuntos da atualidade no Direito de Família. Alienação por si só possui vários significados, mas no presente estudo teremos como base a concepção do estudioso Richard Gardner (1985), que foi o primeiro a analisar por este termo o assunto aqui tratado e o define como:
A Síndrome de Alienação Parental (SAP) é um distúrbio da infância que aparece quase exclusivamente no contexto de disputas de custódia de crianças. Sua manifestação preliminar é a campanha denegritória contra um dos genitores, uma campanha feita pela própria criança e que não tenha nenhuma justificação. Resulta da combinação das instruções de um genitor (o que faz a “lavagem cerebral, programação, doutrinação”) e contribuições da própria criança para caluniar o genitor-alvo. Quando o abuso e/ou a negligência parentais verdadeiros estão presentes, a animosidade da criança pode ser justificada, e assim a explicação de Síndrome de Alienação Parental para a hostilidade da criança não é aplicável. (DIAS, 2013).
Dessa forma, podemos notar que historicamente as mudanças propagadas pelo tempo e pelas lutas de classes, os novos direitos e liberdades asseguradas, a luta pela igualdade entre homem e mulher e acima de tudo, a independência financeira que tanto propaga o sistema econômico atual, transformou a cultura, mudaram os pensamentos e os estilos de vida. Em um novo mundo então, como Dias (2013) relata:
A evolução dos costumes, que levou a mulher para fora do lar, convocou o homem a participar das tarefas domésticas e a assumir o cuidado com a prole. Assim, quando da separação, o pai passou a reivindicar a guarda da prole, o estabelecimento da guarda conjunta, a flexibilização de horários e a intensificação das visitas. (DIAS, 2013).
Essa evolução tão bem desenhada trouxe consigo inúmeras formas de enxergar os caminhos por vir, consolidando assim novas expectativas e oportunidades
Assim, novos modelos internos dentro das famílias foram se consolidando, onde antes apenas o pai possuía tanto a obrigação moral quanto o dever em buscar subsidiar os seus, com a nova visão houve então uma divisão dessa tarefa, onde a mãe, outrora cuidadora de seus filhos e responsável pela educação destes e pelos afazeres do lar, passou também a laborar fora, buscando essa independência que apregoa o sistema econômico vigente. A cultura se foi alterando gradativamente e a aceitação desta maneira de vida foi tomando seu lugar fixo.
Com isso, as novas estruturas formadas passam a ser de pai e mãe que dividem as tarefas também em suas casas, ficando o pai mais próximo aos seus filhos. O que antes era visto como um desrespeito, o pai cuidando das crianças, passa a ser algo motivador da característica humana do apego, quanto mais juntos, mais apegados pais e filhos, bem como faziam as mães em tempos passados. Ademais, a ideia de que a mãe seria a mais apta a ter a guarda dos filhos é temporal, segundo Diniz (2011):
A sociedade moderna tinha a ideia de que em caso de dissolução da sociedade conjugal, a guarda dos filhos era preferencialmente da mãe. Isso porque havia a noção de que a mãe teria um instinto materno, que garantiria à criança um desenvolvimento saudável, daí criou-se o mito de que a mulher seria a mais apta a ficar com a guarda dos filhos. (DINIZ, 2011, p. 134)
Pode-se dizer então, que a origem da síndrome da alienação parental é histórica e moldada aos conflitos sociais e mudanças que ocorreram ao longo do tempo em constante evolução. Ademais, para que ocorra a alienação, ou pelas palavras de Maria Berenice Dias (2013), o “jogo de manipulações”, deve haver afeto.
Esse afeto por pais e filhos também é moldado naquilo que se transformou culturalmente ser a família que é hoje: pais e mães que buscam sua independência e ao mesmo, auxiliar na economia da casa. Na ausência da mãe há o pai e vice-versa.
Destarte, verifica-se que para casais com filhos o divórcio já se perfaz em grande dor e dificuldades, isso sem tentar mensurar a dor das crianças. Quando, motivada (o) por um sentimento de vingança, ódio ou intolerância, geralmente sentimentos encontrados na mãe que se sente abandonada, traída ou vilipendiada por seu marido, pode existir o início de situações criadas a fim de dificultar o envolvimento do pai com os filhos.
Senise (2012) traz para o conceito de alienação parental as palavras formação psicológica:
Alienação parental é o ato de interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente, a fim de que o menor seja induzido a repudiar o estabelecimento ou a manutenção da relação com o seu genitor. (SENISE, 2012, p.339)
Essa formação incute tanto no adulto quanto na criança, uma vez que ambos estão em um processo cognitivo da situação. Assim, ao usar o conceito de Senise (2012), concorda-se com Gardner quando traz sua perspectiva pautada na “lavagem cerebral” e que este é o grande dano causado pelo cônjuge nestes casos. Não obstante, a importância de uma análise detalhada da situação é necessária para que se possa definir os passos a seguir.
A origem de tal síndrome é o divórcio em desacordo. As desavenças que porventura existam passam então a fazer parte da vida de todos os envolvidos. Os conflitos ocorridos no divórcio transformam os atores da situação onde a guerra iminente ocorre entre pai e mãe, quando um dos genitores é o alienador que faz com que a criança esqueça, odeie e desista do outro genitor, que é o alienado. Com esse tipo de atitude há a crença do alienador que pode reunir forças com a criança com a finalidade de ganhar a guarda do menor.
Para Trindade (2007):
A SAP se caracteriza por um conjunto de sintomas pelos quais um genitor, denominado cônjuge alienador, transforma a consciência de seus filhos mediante diferentes formas e estratégias de atuação, com o objetivo de impedir, obstaculizar ou destruir seus vínculos com o outro genitor, denominado cônjuge alienado, sem que existam motivos reais que justifiquem essa condição. (TRINDADE, 2007, P.101).
Dessa forma, nada impede que novas realidades sejam implantadas na vida da criança e assim criando falsas memórias que tem o intuito de retirar um dos cônjuges da vida do menor, geralmente quem causa esse tipo de violência é a mãe, uma vez que é a detentora da guarda da criança.
Tal síndrome é geralmente utilizada quando um dos pais não deseja o fim da relação ou guarda rancores do outro, dessa forma, se inicia o processo de reprogramação mental da criança com o intuito real de romper vínculos afetivos com aquele que exerce a visita, na maioria dos casos, o pai. (SOUZA, 2008).
Assim, a Síndrome de Alienação Parental - SAP, também conhecida pela sigla em inglês PAS, é um termo proposto por Richard Gardner (1985) para a situação em que a mãe ou o pai de uma criança a treina para romper os laços afetivos com o outro genitor, criando fortes sentimentos de ansiedade e temor em relaçãoao outro genitor. (DIAS, 2013).
Os casos mais frequentes da Síndrome da Alienação Parental estão associados a situações geradas pela ruptura da vida conjugal, em um dos genitores, uma tendência vingativa muito grande. Quando este não consegue elaborar adequadamente a amargura da separação, desencadeia um processo de destruição, vingança, desmoralização e descrédito do ex-cônjuge. Neste processo vingativo, o filho é utilizado como instrumento da agressividade direcionada ao parceiro. (DIAS, 2013)
A Alienação Parental foi conceituada também pela doutrina como Síndrome da Alienação Parental – SAP e conhecida também como “Implantação de Falsas Memórias”, lembrando que esse tema é uma das muitas mudanças atualmente reconhecidas e ocorridas na sociedade moderna (ALMEIDA JUNIOR, 2010).
A definição dessa Síndrome é descrita pelo autor Maciel (2010):
Sintetizando, a síndrome de alienação parental é um modo de programar uma criança para que ela passe a odiar um de seus genitores, sem haver justificativa para isso, de modo que a própria criança ingresse na trajetória desmoralizadora desse mesmo genitor. (MACIEL, 2010, p. 12).
Assim, dentro da concepção de Senise (2012) na Alienação Parental deve ser conceituado os seguintes termos:
I – O Genitor Alienante
O genitor alienante é caracterizado como aquele que:
· Exclui o outro genitor da vida dos filhos;
· Não comunica ao outro genitor fatos importantes relacionados à vida dos filhos (escola, médico, comemorações, entre outros.).
· Toma decisões importantes sobre a vida dos filhos, sem prévia consulta ao outro cônjuge (por exemplo: escolha ou mudança de escola, de pediatra, entre outros.).
· Transmite seu desagrado diante da manifestação de contentamento externada pela criança em estar com o outro genitor;
· Interfere nas visitas;
· Controla excessivamente os horários de visita;
· Organiza diversas atividades para o dia de visitas, de modo a torná-las desinteressantes ou mesmo inibi-la;
· Não permite que a criança esteja com o genitor alienado em ocasiões outras que não aquelas prévia e expressamente estipuladas;
· Ataca a relação entre filho e o outro genitor;
· Recorda à criança, com insistência, motivos ou fatos ocorridos que levem ao estranhamento com o outro genitor;
· Obriga a criança a optar entre a mãe ou o pai, fazendo-a tomar partido no conflito;
· Transforma a criança em espiã da vida do ex-cônjuge;
· Quebra, esconde ou cuida mal dos presentes que o genitor alienado dá ao filho;
· Sugere à criança que o outro genitor é pessoa perigosa;
· Denigre a imagem do outro genitor;
· Faz comentários desairosos sobre presentes ou roupas compradas pelo outro genitor ou mesmo sobre o gênero do lazer que ele oferece ao filho;
· Critica a competência profissional e a situação financeira do ex-cônjuge;
· Emite falsas acusações de abuso sexual, uso de drogas e álcool.
Na maioria das vezes, dado o elevado índice de guardas de menores concedidas às mães (cerca de 95 a 98% no Brasil, segundo dados do IBGE), o alienador é a mãe, por ser a detentora da guarda monoparental, tem mais tempo para ficar com a criança, está movida pela raiva e ressentimentos pelo fim do relacionamento conjugal, e mistura sentimentos. (SENISE, 2012).
Mas, o alienador pode ser também: avós, familiares, padrasto/madrasta, o pai, amigos, que manipulam o pai/mãe contra o outro para envolver o (s) filho (s) menor (es) na rejeição ao outro pai/mãe. (SENISE, 2012).
O (a) alienador (a) age desta forma sórdida devido ao seu perfil psicológico: Papel de “vítima” perante os outros (profissionais, amigos, Judiciário); “esquizo-paranoide” ao fazer uma divisão rígida das pessoas em “boas” (a favor dela) e “más” (contra ela), e sente-se perseguida, injustiçada, indefesa; “psicopata”, na medida em que não sente culpa ou remorso; não tem a mínima consideração pelo sofrimento alheio - nem dos filhos -, e não respeita leis, sentenças, regras. (SENISE, 2012).
Os casais utilizam-se dos recursos judiciais para atacarem um ao outro, pois não se sentem capazes de lidar com os conflitos diários da convivência íntima nem de interrompê-los, preferindo mantê-los à distância através do Judiciário, processos judiciais e advogados causando o denominado “luto patológico”, uma elaboração inadequada do luto, o que o torna prolongado e doentio, um tipo de distúrbio que não pode ser resolvido apenas por meras mudanças no procedimento legal, e sim mediante intervenções terapêuticas. (SENISE, 2012).
Essa é uma utilização inadequada das leis e do sistema judiciário, porque a função original destas últimas é estabelecer regras de convivência e de procedimentos, e proteger os cidadãos, mas se tornam um instrumento de manutenção de vínculos neuróticos – assim, o casal estaria servindo-se do sistema jurídico para não modificar as leis internas (patológicas), apesar da separação. (SENISE, 2012).
Pode-se considerar que esses conflitos neuróticos que permeiam o inconsciente comum do casal (e que podem influenciar também na maneira como ocorre a separação), sirvam de modelo também aos filhos, através da manutenção dos pactos de lealdades destes com seus pais (e/ou com um deles), e desencadeiem dificuldades de relacionamento com o(a) pai(mãe) até que este(a) seja excluído(a) da relação. (SENISE, 2012).
A criança, envolvida pela simbiose do(a) genitor(a) alienador(a), assimila também suas dificuldades afetivas contra o(a) genitor(a) alienado(a), formando uma triangulação familiar; mais tarde, forma-se nova triangulação, em que a criança, unida simbioticamente (da “simbiose”, o tipo de vínculo de dependência extrema, que impede o outro de ser o que é mesmo) ao(à) genitor(a) alienador(a), demanda ações judiciais contra o(a) genitor(a) alienado(a), de execução de pensão alimentícia ou acusações (geralmente, falsas) de abuso sexual para destituir-lhe o poder familiar e assim excluí-lo(a) do vínculo, e o poder Judiciário passa a ocupar o terceiro vértice do triângulo, e passa a ser um mero instrumento de manipulação do(a) alienador(a) para outorgar a “Alienação Parental” por sentença (de destituição do poder familiar, ou de restrição de horários de visitas, ou ainda de regimes de visitas em locais inadequados monitoradas por equipes técnicas despreparadas). (SENISE, 2012).
II – A Criança ou Adolescente Alienado:
· Apresenta um sentimento constante de raiva e ódio contra o genitor alienado e sua família;
· Recusa-se a dar atenção, visitar, ou se comunicar com o outro genitor;
· Guarda sentimentos e crenças negativas sobre o outro genitor, que são inconsequentes, exageradas ou inverossímeis com a realidade;
· São propensas a apresentar distúrbios psicológicos como depressão, ansiedade e pânico;
· São mais vulneráveis a utilizar drogas e álcool como forma de aliviar a dor e culpa da alienação;
· São mais propensos de cometer suicídio;
· Apresentam baixa autoestima;
· Podem não conseguir uma relação estável, quando adultas;
· Podem apresentar problemas de gênero, em função da desqualificação do genitor atacado.
A informação sobre a síndrome da alienação parental é muito importante para garantir às crianças e adolescentes o direito ao desenvolvimento saudável, ao convívio familiar e a participação de ambos os genitores em sua vida. Sendo que, a Alienação Parental não é um problema somente dos genitores separados, é um problema social, que, silenciosamente, traz consequências nefastas para as gerações futuras. (SENISE, 2012).
A síndrome da alienação parental é um tema bastante discutido internacionalmente e, atualmente, no Brasil também é possível encontrar várias fontes que tratam sobre o assunto, sendo sites, livros e textos, buscando a informação e compreensão da matéria. (SENISE, 2012).
A vinculação simbiótica entre a criança e o (a) alienador transforma-a em um estado semelhante ao de uma criança psicótica: o (a) alienador (a) fala, faz e decide tudo por ela; não tem autonomia, independência; assume o discurso do alienador (fenômeno do “pensador independente”); e sua consciência de tudo o que aconteceu se surgir, será ausente ou tardia.(SENISE, 2012).
E assim, conforme Senise (2012), com a alienação, a criança aprende a:
· Mentir compulsivamente;
· Manipular as pessoas e as situações;
· Manipular as informações conforme as conveniências do (a) alienador (a), que a criança incorpora como suas (“falso self”);
· Exprimir emoções falsas;
· Acusar levianamente os outros;
· Não lidar adequadamente com as diferenças e as frustrações = Intolerância;
· Mudar seus sentimentos em relação ao pai/mãe-alvo: de ambivalência amor-ódio à aversão total;
· Ter dificuldades de identificação social e sexual com pessoas do mesmo sexo do pai/mãe-alvo;
· Exprimir reações psicossomáticas semelhantes às de uma criança verdadeiramente abusada.
Porém, quando a criança, a qualquer momento, percebe que tudo o que ela vivenciou até o momento era uma farsa que interessava ao alienador, pode sentir culpa e remorso por ter agido de forma tão hostil ou esquiva ao pai/mãe afastado (a), e ódio ao(à) alienador(a), por ter se considerado uma “marionete” deste(a), chegando mesmo a pedir para ir morar com aquele(a) pai/mãe de quem ficou afastada tanto tempo. Ou seja: a criança passa 10-15 anos de sua vida odiando um dos pais, e depois alguns outros anos odiando o outro. (SENISE, 2012).
3.2 Diferença entre Síndrome de Alienação Parental e a Alienação Parental
A síndrome da alienação parental, definida como SAP pelo psiquiatra infantil Richard Gardner nos anos 80, são as sequelas da alienação, uma vez que esta ocorre em um primeiro momento e depois, aquilo que permanece na estrutura psicológica do menor molda sua personalidade. (SENISE, 2012).
Assim, há o início de uma campanha que visa desmoralizar a figura do genitor ao utilizar o filho em comum como um instrumento para feri-lo, direcionando toda a agressividade na criação e figuração de um personagem diferente daquele que a criança conhece. (SENISE, 2012).
Dessa forma a implantação de falsas memorias faz com que o menor rejeite o pai, uma vez que esse passa a ser forçosamente, o inimigo em comum, causando o possível fim do vínculo pai e filho, que se encontra em um joguete nas mãos do alienador. De fato, toda a informação contra o genitor é válida, pondo em risco tanto a saúde psíquica do menor quanto física. (SENISE, 2012).
Já na concepção de (DIAS, 2013):
É preciso se ter presente que esta também é uma forma de abuso que põe em risco a saúde emocional e compromete o sadio desenvolvimento de uma criança. Ela acaba passando por uma crise de lealdade, o que gera um sentimento de culpa quando, na fase adulta, constatar que foi cúmplice de uma grande injustiça. (DIAS, 2013).
Destarte, esse distúrbio que assola crianças e também adolescentes possui uma real interferência psicológica que visa o repudio e o ódio, sentimentos esses que afetam a vida social dos indivíduos envolvidos. A utilização do filho como instrumento para tal finalidade acarreta ao menor feridas incuráveis e são essas marcas conhecidas como síndrome.
Fonseca (2009), em seus estudos sobre o caso traz sua contribuição dizendo:
A síndrome da alienação parental não se confunde, portanto, com a mera alienação parental. Aquela geralmente é decorrente desta, ou seja, a alienação parental é o afastamento do filho de um dos genitores, provocado pelo outro, via de regra, o titular da custódia. A síndrome da alienação parental, por seu turno, diz respeito às sequelas emocionais e comportamentais de que vem a padecer a criança vítima daquele alijamento. Assim, enquanto a síndrome refere-se à conduta do filho que se recusa terminante e obstinadamente a ter contato com um dos progenitores, que já sofre as mazelas oriundas daquele rompimento, a alienação parental relaciona-se com o processo desencadeado pelo progenitor que intenta arredar o outro genitor da vida do filho”. (FONSECA, 2009)
Essa nefasta concepção de vingança se perfaz de maneira ardilosa, corroendo a memória que existia em um passado que não mais vigora, uma vez determinado o divórcio. Ao passar do tempo, inúmeras táticas são utilizadas, até que venha o completo esquecimento do menor para com seu pai, muitas vezes, impossível de reverter. (DIAS, 2013).
Vale ressaltar ainda que essa ação por parte do alienador é considerada uma ação dolosa, uma vez que sabe o que está fazendo traçando inclusive métodos para isso, como a injuria, a calunia e muitas vezes a falsa afirmação de qualquer tipo de abuso sexual. (DIAS, 2013).
Segundo Meirelles (2009):
Assim, se o filho é manipulado por um dos pais para odiar o outro, aos poucos, suavemente se infiltrando nas suas ideias, uma concepção errônea da realidade, essa alienação pode atingir pontos tão críticos que a vítima do ódio, já em desvantagem, não consegue revertê-la. (MEIRELLES, 2009, p. 265.)
Gardner chama esse ato da manipulação de “disfuncionalidade parental seria” trazendo a concepção de que os riscos para as vítimas envolvidas não são apenas nos dias em que ocorrem, mas sim, para toda a vida, pois causam danos na psique da criança. (DIAS, 2013).
Assim, entende o médico que: “Em alguns casos, então, pode ser mesmo pior do que outras formas de abuso - por exemplo: abusos físicos, abusos sexuais e negligência”. (GARDNER, 2002 p. 10). Gardner afirma que o termo alienação parental é insuficiente para destacar o ocorrido com os envolvidos em casos similares, portanto define como síndrome, caracterizando assim uma doença especifica. (DIAS, 2013).
Os sintomas que são causados por diversos atos separados entre si matem uma mesma finalidade básica. Para ele, a síndrome apresenta um montante de sintomas que surgem em crianças que sofrem esse abuso, definindo-a como uma síndrome de fato:
Como é verdadeiro em outras síndromes, há na SAP uma causa subjacente específica: a programação por um genitor alienante, conjuntamente com contribuições adicionais da criança programada. É por essas razões que a SAP é certamente uma síndrome, e é uma síndrome pela melhor definição médica do termo (GARDNER. 2002, p.3).
Podemos notar que a alienação parental então é o ato de afastar o filho do genitor por aquele que detém a guarda e a síndrome da alienação são as sequelas emocionais que restam na personalidade da criança após todos os atos contrários ao genitor, que não são naturais. (DIAS, 2013).
Atos como obrigar a criança entre escolher pai ou mãe, uma vez que é a mãe quem tem a guarda do filho, ameaçando o menor das consequências no caso da escolha seja seu pai, ignorar o pai e seus presentes, engendrar atos mais importantes justamente para o dia da visita do genitor, entre outros, são os que causam a dúvida e consequentemente a síndrome. (DIAS, 2013).
De fato, é uma pressão tamanha em épocas de transformações e conhecimentos, onde a única preocupação do menor deveria ser seu aprendizado escolar. Aquele referencial de família já não existe mais e a instabilidade nas relações causa a morbidez no filho que se apoia exclusivamente no alienador, temendo também a rejeição por parte deste. Todavia, o divórcio não é causador da síndrome em si, uma vez que o problema é identificado a partir da não aceitação do rompimento por um dos cônjuges. Assim, o divórcio é apenas o ato da separação, a causa da síndrome vem a seguir deste. (TRINDADE, 2007).
Para Gardner, a síndrome pode sim ser configurada e aceita como uma doença, devido ao fato de que existe um grupo delimitado que sofre as suas causas e acusam respostas em consequência delas. Para ele, é imensurável o reconhecimento cientifico da doença tanto para os tribunais e a correta observação para os seus julgados, quanto para os autores e vítimas dessa manobra, que necessitam de toda ajuda possível para um correto tratamento, listando a síndrome como doença efetiva no desenvolvimento social mental, a lista das doenças de transtornos mentais
Porque listar no DSM assegura a admissibilidade nos tribunais de justiça, aqueles que usam o termo AP ao invés de SAP estarão diminuindo a probabilidade que a SAP seja listada no DSM-V. O resultado será que muitas famílias com SAP serão privadas do reconhecimento que apropriadamente merecemnos tribunais de justiça - que dependem frequente e pesadamente do DSM (GARDNER. 2002, p. 05).
Nesse sentido, a violência é tamanha que acarreta inúmeros transtornos na criança que a sofre, sendo que, para Dias (2013):
O fato é levado ao Poder Judiciário com o objetivo de que as visitas entre filho e o genitor alienado sejam suspensas. Diante da gravidade da situação, o juiz não encontra outra saída senão suspender qualquer contato entre ambos e determinar a realização de estudos psicossociais para aferir a veracidade do que lhe foi noticiado. (DIAS, 2013).
Como esses procedimentos são demorados, durante todo este período, cessa a convivência do pai com o filho. Inúmeras são as sequelas que a abrupta cessação das visitas pode trazer, bem como os constrangimentos gerados pelos testes e entrevistas a que a vítima é submetida na busca da identificação da verdade. (TRINDADE, 2007).
Assim, a suspensão das visitas cria uma espécie de um órfão com pai vivo, uma sequela que perdurará até o próximo encontro. Ao incutir a SAP, a síndrome é avaliada por profissionais e peritos que podem atestar a violência sofrida. (TRINDADE, 2007).
Ainda é desafiadora a descoberta da síndrome, uma vez que por atitudes tomadas pelo pai ao longo de sua vida, pode haver uma rejeição natural do filho pela figura paterna. (TRINDADE, 2007).
Vale ressaltar que o processo de alienação parental pode ser iniciado pelos avós, irmãos, tios, e não apenas pelo genitor, mas por outros membros da família, o que resulta em maiores dificuldades para a sua real constatação. Porém, quando a síndrome já está instalada passa a fazer parte do cotidiano da criança o seu discurso:
O detentor da guarda, ao destruir a relação do filho com o outro, comete uma forma de abuso, que gera um sentimento de culpa no menor caso venha a se relacionar com o outro genitor. Acrescente-se que, quando a síndrome está instalada, o menor passa a ser defensor abnegado do guardião, repetindo as palavras aprendidas do próprio discurso do alienador contra o “inimigo”. (DUARTE, Marcos. Alienação parental: a morte inventada por mentes perigosas. – Artigo apud TRINDADE, 2007)
Portanto, a diferença entre a síndrome da alienação e a alienação parental existe e deve ser vista com responsabilidade e não de forma a vilipendiar todo um estudo psicológico nos envolvidos, que deve ser realizado. (TRINDADE, 2007).
Entretanto, o legislador ao se deparar com elevado número de divórcio notou que não poderia tratar de assunto tão importante socialmente de forma superficial e engendrou importantes alterações no Código Civil sobre a guarda, num intuito maior de considerar a criança que vê seu mundo até então conhecido sendo transformado e muitas vezes esse sentimento pode perdurar para sempre causando sequelas inauditas.
Essas alterações em prol do menor surgem motivadas na conciliação da guarda, e deve ser considerada a real possibilidade de os genitores dividirem essa guarda, diminuindo dessa forma os grandes e possíveis traumas de uma separação e da mudança naquele que foi fruto de um amor passado, mas que, permanece necessitando do carinho e afeição dos pais para continuar sua jornada em busca de sua identidade e de sua felicidade. (TRINDADE, 2007).
Mesmo depois de mais de um ano de aprovação da Lei nº 11.698/08 (Guarda Compartilhada), ainda existiam pais/mães contrários à aplicação da Guarda Compartilhada aos seus casos concretos, lançando mão dos recursos da Alienação Parental de manipular emocionalmente seus filhos menores para que passem a odiar o outro pai/mãe, com argumentos inverídicos mas suficientemente graves e convincentes para mobilizar as autoridades para impedir as visitas (e até, suspender o poder familiar, anterior “pátrio poder”), com acusações de agressão física ou molestação sexual, procedentes ou não. (TRINDADE, 2007).
Além de ser um entrave à aplicabilidade da Guarda Compartilhada, será uma manobra sórdida para afastar o outro pai/mãe do convívio, objetivando a destruição definitiva dos vínculos parentais – causando graves prejuízos psíquicos aos filhos e a desmoralização do pai/mãe acusado e excluído.
A Alienação Parental pode ser conceituada como uma patologia psíquica gravíssima que acomete o genitor que deseja destruir o vínculo da criança com o outro, e a manipula afetivamente para atender motivos escusos. Quando a própria criança incorpora o discurso do (a) alienador (a) e passa, ela mesma, a contribuir com as campanhas de vilificação do pai/mãe-alvo, instaura-se a Síndrome de Alienação Parental (SAP). (TRINDADE, 2007).
A Alienação Parental deriva de um sentimento neurótico de dificuldade de individuação, de ver o filho como um indivíduo diferente de si, e ocorrem mecanismos para manter uma simbiose sufocante entre mãe e filho, como a superproteção, dominação, dependência e opressão sobre a criança. (TRINDADE, 2007).
A mãe acometida pela AP não consegue viver sem a criança, nem admite a possibilidade de que a criança deseje manter contatos com outras pessoas que não com ela. Para isso, utiliza-se de manipulações emocionais, sintomas físicos, isolamento da criança com outras pessoas, com o intuito de incutir-lhe insegurança, ansiedade, angústia e culpa. (TRINDADE, 2007).
Por fim, mas não em importância ou gravidade, pode chegar a influenciar e induzir da criança a reproduzir relatos de eventos de supostas agressões físicas/sexuais atribuídas ao outro genitor, com o objetivo único de afastá-lo do contato com a criança. (TRINDADE, 2007).
Na maioria das vezes, tais relatos não têm veracidade, dadas certas inconsistências ou contradições nas explanações, ou ambivalência de sentimentos, ou mesmo comprovação (por exemplo, resultado negativo em exame médico); mas se tornam argumentos fortes o suficiente para requerer das autoridades judiciais a interrupção das visitas e/ou a destituição do poder familiar do “suposto” agressor (o outro genitor). (TRINDADE, 2007).
Geralmente a SAP eclode após a separação, quando há disputa de guarda, regulamentação de visitas, em que o pai/mãe-alvo reivindica aumento de convívio com os filhos. Mas, pode surgir também durante a convivência marital, através de atitudes e palavras de um dos pais para desqualificar e desautorizar o outro na frente dos filhos. (TRINDADE, 2007)
4. A ALIENAÇÃO PARENTAL E SUAS CONSEQUENCIAS DENTRO DO ORDENAMENTO JURÍDICO
O ato de alienar o menor de seu genitor criando para isso falsas memórias, apagando o amor que possa existir entre os dois por via da mentira, da falsa acusação, em dificultar o encontro entre filho e pai (mãe) entre outros, é uma violência desproporcional. (DIAS, 2013).
Existem nuances históricas que influenciaram para que houvesse a criação de algumas alterações na lei com o intuito proporcionar uma maior assertiva quando se trata da guarda dos filhos. A lei n. 1698/2008 foi criada com o intuito de dar mais segurança ao magistrado ao aplicar a guarda compartilhada, e ao mesmo tempo, serviu como apoio ao decidir quem ficaria com tal guarda. (DIAS, 2013).
Antes de tudo, importante lembrar que o menor é a maior vitima da situação de separação, e, a temeridade por atos inconsequentes como a alienação parental e até o abandono são levadas em consideração pelo judiciário ao aplicar o institucionalizado pela lei da Guarda Compartilhada. (DIAS, 2013).
Importante mostrar como o divórcio aonde uma lide gera desconforto entre cônjuges pode causar danos ao menor ou adolescente, que se encontra em fase de estruturação/descoberta de sua personalidade. Esses atos, contrários aos princípios da dignidade humana, dispõem de ardis covardes como o afastamento do menor, motivado por um dos cônjuges frente ao outro, causando um maleficio que pode perdurar por muito tempo, que é a Síndrome da Alienação Parental.
Assim, é importante deixar claro as diferenças entre a Alienação Parental e a Síndrome da Alienação Parental. Sendo que a Alienação Parental são os atos que desabonam a imagem do outro genitor, como a criação de falsas memórias e até a imputação de calunia e o ato de dificultar o dia reservado para

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