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Direito humanos e ressocialiazação

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MATERIAL DIDÁTICO 
 
 
DIREITOS HUMANOS E 
RESSOCIALIZAÇÃO 
 
 
 
 
 
CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA 
PORTARIA Nº 1.004 DO DIA 17/08/2017 
 
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Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
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SUMÁRIO 
 
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ............................ ......................................................... 3 
UNIDADE 2 – DIREITOS FUNDAMENTAIS ................. .............................................. 4 
2.1 OS DIREITOS FUNDAMENTAIS ................................................................................ 4 
2.2 GARANTIAS FUNDAMENTAIS DOS PRESOS ............................................................... 4 
2.3 PRINCÍPIOS APLICÁVEIS ....................................................................................... 12 
2.4 RESPONSABILIDADE DO ESTADO EM RELAÇÃO AOS DETENTOS ............................... 13 
2.5 AS CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS PELA AFRONTA AO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DO 
DETENTO ................................................................................................................. 14 
UNIDADE 3 – DEVERES DOS PRESIDIÁRIOS .............. ......................................... 21 
UNIDADE 4 – RESTRIÇÃO DE DIREITOS ................. ............................................. 27 
UNIDADE 5 – REABILITAÇÃO MORAL .................... .............................................. 30 
UNIDADE 6 – PRESTAÇÕES PREVIDENCIÁRIAS ............ .................................... 33 
UNIDADE 7 – ASSISTÊNCIA PESSOAL ................... .............................................. 38 
UNIDADE 8 – CUIDADOS SANITÁRIOS ................... .............................................. 41 
UNIDADE 9 – REINTEGRAÇÃO / REINSERÇÃO / RESSOCIALIZ AÇÃO .............. 43 
9.1 TRABALHO E RENDA ............................................................................................ 47 
9.2 “BOAS PRÁTICAS” ............................................................................................... 50 
9.3 ÉTICA E MORAL ................................................................................................... 51 
9.4 VALORES E AFETIVIDADE ..................................................................................... 54 
9.5 OBJETIVOS DA RESSOCIALIZAÇÃO ........................................................................ 58 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 61 
 
 
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UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO 
 
Grosso modo, os direitos do homem são os direitos naturais, intrínsecos ao 
homem e reconhecidos em documentos internacionais, já os direitos fundamentais 
têm a marca da positivação, isto é, é um direito reconhecido pelo sistema. 
Os direitos humanos além de fundamentais são inatos, absolutos, 
invioláveis, intransferíveis, irrenunciáveis e imprescritíveis, porque participam de um 
contexto histórico, perfeitamente delimitado. 
Sobre eles e outros direitos como reabilitação moral, prestações 
previdenciárias, assistência pessoal, cuidados sanitários, bem como deveres e 
restrições de direito aos presos que trataremos neste módulo. 
Reintegração, reinserção e ressocialização utilizando trabalho, renda, ética, 
moral, valores, afetividade e boas práticas fecham a unidade. 
Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como 
premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um 
pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados 
cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, 
deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, 
incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma 
redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas 
opiniões pessoais. 
Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se 
outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo, 
podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos 
estudos. 
 
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UNIDADE 2 – DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 
2.1 Os Direitos Fundamentais 
Um dos mais relevantes direitos do preso é o da preservação de sua 
dignidade, cidadania e civilidade, uma vez que a prisão cerceia o exercício de muitos 
dos poderes da individualidade, em particular o da liberdade física. 
Com limitações inerentes à sua condição penal, outras idealizações do ser 
humano permanecem à sua disposição; muitas dessas garantias serão examinadas 
em particular nos capítulos seguintes. Excetuadas aquelas garantias próprias do 
privado das liberdades físicas, os presidiários gozam de todas as demais faculdades 
humanas. Em seu art. 3º, a LEP diz: “Ao condenado e ao internado serão 
assegurados todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei”. 
Vimos em outro momento do curso que, em vez de condenado, o certo é ler 
“preso” ou “apenado”. Após consagrar “o respeito à integridade física e moral dos 
condenados e dos presos provisórios” (art. 40), a LEP enuncia 16 “direitos do preso” 
(LEP, art. 41, l a XVI). Entre esses benefícios do cidadão não está o de fugir. Aliás, a 
tentativa e a consumação da evasão, ao contrário, constituem infrações disciplinares 
graves. 
No entendimento de Martinez (2010), como a sociedade evolui e 
materialmente logra alcançar alguns benefícios conquistados pela tecnologia, 
amanhã se discutirá quais são os limites dessas intenções dos presidiários. Com 
certeza, no início prevalecerá a ideia enraizada na mente dos povos de que eles não 
fazem jus aos supérfluos. 
 
2.2 Garantias fundamentais dos presos 
Os direitos fundamentais do preso justificam as seguintes considerações: 
a) Vida – afirmar o direito dos presos à vida, uma garantia óbvia devida a 
todo ser humano, avulta na medida em que ele permanece ameaçado, no comum 
dos casos, pelos próprios colegas de infortúnio (a despeito do dever da autoridade 
de zelar pela sua segurança pessoal). Pouco significando agora o que eles tenham 
feito para serem apenados, melhor dizendo, exatamente por isso. Destacando-o 
como um dos principais, Barros (2006) assinala que essa defesa fundamental está 
insculpida lapidarmente na Carta Magna. 
 
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b) Segurança – no seu art. 38, o Código Penal diz que “o preso conserva 
todos os direitos não atingidos pela perda de liberdade, impondo-se a todas as 
autoridades o respeito à sua integridade física e moral”. Quandoa situação requerer, 
o preso será beneficiado pelas normas de proteção à testemunha. 
c) Dignidade – o respeito à dignidade da pessoa humana é uma exigência 
potencializada quando de sua prisão. Daí, todo o tempo, precisamos nos lembrar da 
teoria jurídica do dano moral. 
d) Igualdade – significa pouco o que aconteceu antes da condenação; todos 
os presos iguais têm de receber o mesmo tratamento. Brasileiros e estrangeiros 
usufruem os mesmos direitos. Serem brancos, mulatos ou negros, nada disso é 
relevante. Evidentemente, essa regra é excepcionada quando houver exigência da 
individualização da pena que o distinga de outros colegas (LEP, art. 41, XII). A 
igualdade é uma conquista do ser humano. As distinções que beneficiam as 
mulheres, os idosos, os doentes e os deficientes não quebram esse princípio da 
igualdade, válido para cada um desses segmentos. 
e) Individualidade – a personalidade do preso há de ser respeitada. Ainda 
que use uniforme, ele deve ser identificado pelo seu nome (LEP, art. 41, XI). Não 
pode ser considerado um número como nas histórias que ridicularizam as pessoas. 
f) Segregação – nas mesmas condições da necessidade de proteção, quem 
tem sua vida ameaçada ou é jurado de morte cumprirá a pena em cela ou pavilhão 
separado, com maior segurança. A autoridade que não promove essa garantia 
mínima comete ilicitude seriíssima e pode ser responsabilizada. 
g) Remoção – sempre que perfeitamente justificada e nos termos da lei 
exigir-se-á a transferência do preso para outro local em que cumprirá a pena, 
preferivelmente no Estado de origem ou nas proximidades da residência familiar. 
h) Consciência – o preso tem o poder de pensar e de se manifestar sobre o 
que quiser. Escolherá o partido de sua preferência, o clube de futebol de sua paixão, 
será ateu, gnóstico ou religioso. Enfim, desfruta de toda a liberdade de pensamento 
garantida pela Carta Magna para os brasileiros. 
i) Sexualidade – a Constituição Federal veda a discriminação a qualquer 
pessoa por conta de sua orientação sexual. Significa que os homossexuais 
 
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receberão visita íntima de parceiro do mesmo sexo nas mesmas condições que os 
heterossexuais (MARTINEZ, 2008). 
j) Religião – a escolha da religião, seita ou convicção de qualquer ordem, ou 
mesmo a adoção de um novo pensamento filosófico depois de ter sido preso, são 
asseguradas dentro da liberdade de ter a crença que deseja. Não é obrigado a 
participar de cultos e optar pelo absenteísmo religioso, pois isso faz parte do seu 
direito. 
k) Mulheres – as mulheres cumprem as penas separadas dos homens. 
Mantê-las numa cela masculina, ainda que por pouco tempo e sob a alegação de 
não existir espaço, delegacia ou presídio adequado, não é justificativa, devendo ser 
severamente responsabilizada a autoridade que adotar essa prática. 
1) Cultura – o acesso à cultura deve ser diversificado, operado mediante 
estudo, empréstimo de livros, leitura de jornais e revistas, oitiva de rádio e TV, e 
também a utilização da internet. Todo presídio é obrigado a possuir uma biblioteca, 
permitindo que o presidiário consulte as obras ou as leve para a cela (RIEP – 
Regime Interno dos Estabelecimentos Penitenciários, art. 127). 
m) Educação – não apenas se profissionalizar; o presidiário precisa educar-
se em todos os sentidos dessa pretensão ou de melhorar o seu nível de convivência 
social. 
n) Ressocialização – sem embargo de ser difícil nos tempos atuais ou ser 
quase impossível em face das desídias penitenciárias, a ressocialização é um 
mecanismo importante para a recuperação do apenado. Ela implica em: 1) opção 
política, filosófica ou religiosa; 2) desenvolvimento profissional; 3) trabalho interno ou 
externo; 4) aquisição de conhecimento humanístico; 5) compreensão do papel 
inibidor da pena, etc. 
o) Reabilitação – a reabilitação, um processo de recuperação do apenado, 
em relação a uma infração penal deve ser considerada todo o tempo. Não só no que 
diz respeito à atitude contrária ao regime disciplinar, como no que se refere à própria 
punição. 
p) Profissionalização – a mais adequada forma de recuperação do indivíduo 
legado às celas, de ocupá-lo e de reabilitá-lo socialmente, preparando-o para o 
 
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reingresso na sociedade, é torná-lo apto para o exercício de profissão, se ele não 
tinha um ofício, e aperfeiçoar a ocupação que exercia. 
Os direitos políticos são bastante cerceados, limitados a algumas hipóteses. 
O direito democrático de se candidatar não é estendido ao presidiário. Como 
não pode exercer todas as atividades profissionais ou tomar posse como servidor, é 
descabido pensar em concurso público, mas não o será em relação a quem está 
próximo de cumprir a pena. 
Diz o art. 15 da CF/88, que é: “Vedada a cassação de direitos políticos, cuja 
perda ou suspensão só se dará nos casos de: (. ..) III - condenação criminal 
transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos”. Logo, o preso não 
condenado tem o direito de votar. Isso já foi regulamentado em alguns Estados 
brasileiros. 
a) Sindicalização – embora trabalhe, ainda não se pode pensar em 
sindicalização, mas manterá a filiação ao órgão de classe ao qual pertencia, se o 
Estatuto Social não contiver norma impeditiva. 
b) Filiação – a filiação partidária não é impossível. 
Os direitos civis são inúmeros. 
a) Casamento – a LEP permite a cerimônia do casamento civil de 
presidiários entre si ou com pessoas em liberdade. 
b) União estável – caso o presidiário mantenha uma união estável (CF, art. 
226, § 3º), heterossexual ou homossexual, ela poderá ser continuada na prisão, 
inclusive com o direito de solicitar à direção do presídio que declare a ocorrência de 
visitas familiares e íntimas para os fins de Direito (Ação Civil Pública nº 
2000.00.71.09347-0). 
c) Adoção – tendo em vista as severas obrigações respeitantes à educação 
diuturna de menores, os apenados não têm condição para adotar nem serem 
adotados (Lei nº 8.069/90). 
d) Reparação – provada a inocência parcial ou total, o Estado fica à mercê 
de uma ação reparatória por erro judiciário. Enfatizando a liberdade como um bem 
supremo, Meirelles (2004) ressalta o direito do preso ilegalmente de processar o 
Estado. O preso receberá a indenização de um processo iniciado antes da execução 
da pena por intermédio dos procuradores. 
 
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e) Representação – requerer e representar são faculdades plenamente 
asseguradas. 
f) Propriedades – exceto no que diz respeito ao sequestro do valor 
correspondente a eventual reparação por crime cometido, o patrimônio do 
condenado permanece íntegro e ao seu dispor, administrado conforme as 
circunstâncias de cada caso. Por intermédio de procurador, comprar ou vender os 
seus bens; terá autorização para exercer qualquer ato civil que preserve a família e 
o seu patrimônio (RIEP, art. 23, IV). 
 
A penade um detento ou recluso aliviar-se-á na medida em que ele possa 
comunicar-se com o que o rodeia. 
a) Mundo exterior – nada impede o contato com o mundo fora das grades, 
por meio de mídia, leituras, recepção de correspondência, etc. O uso de celular tem 
sido vedado. 
b) Audiências – para se informar, tomar conhecimento de fatos, 
especialmente no regime disciplinar, representar verbalmente, denunciar alguma 
irregularidade penitenciária, o preso estará a sós com o Diretor do Presídio (LEP, 
art. 41, XIII). 
c) Defensor – o mínimo da assistência judiciária é permitir periodicamente 
uma visita do defensor do preso ou com ele manter correspondência. A Lei nº 
4.214/63, em seu art. 89, II, já assegurava esse potencial e ele foi mantido no 
Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB (LEP, art. 41, IX). 
d) Correspondência – o sigilo da correspondência é garantido pelo art. 5º, 
XII, da CF, disciplinado no art. 3º, c, da Lei nº 4.958/62 e contemplado no art. 151 do 
Código Penal. Como muitos autores, Miguel Lucena associa-se àqueles que 
entendem que os presos não têm esse direito porque as cartas podem se constituir 
em meios que atentam contra os demais presos e a segurança dos presídios e 
põem em risco as pessoas. Observadas as regras de segurança do regime prisional, 
é direito do preso comunicar-se e receber as missivas (RIEP, arts. 124/126). 
e) Visitas – são autorizadas visitas familiares, inclusive as íntimas (LEP, art. 
41, X). 
 
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Em relação à assistência individual, quem está preso carece de atenção de 
variada ordem. Saber que não foi esquecido pelos familiares, pelos amigos e pelas 
autoridades é de grande importância para resistir ao duro regime prisional. 
a) Judiciária – aspecto de suma importância consiste na assistência 
judiciária, do Estado ou particular. Possuir livros de Direito, entrevistar-se com seu 
defensor e saber das mudanças da legislação é o mínimo desejável. 
b) Sanitária – em vários momentos a norma jurídica destaca o dever do 
Estado de ministrar cuidados sanitários aos que estão sob sua custódia. Conforme o 
art. 23, XIII, do RIEP, é garantido: “tratamento médico-hospitalar e odontológico 
gratuito, com os recursos humanos e materiais da própria unidade ou do Sistema 
Unificado de Saúde Pública”. Carente de atendimento médico especializado, o preso 
doente contratará facultativo particular de sua confiança. 
O art. 43 da LEP diz que “é garantida a liberdade de contratar médico de 
confiança pessoal do internado ou do submetido a tratamento ambulatorial, por seus 
familiares ou dependentes, a fim de orientar e acompanhar o tratamento”. 
c) Social – o Serviço Social lhe é assegurado, sendo estendido à sua família, 
que deve ser informada de todos os direitos, em especial do auxílio-reclusão 
previdenciário. 
Sobre o trabalho do educando, repetindo o que já foi dito em outros 
momentos, o esforço físico pessoal é muito eficaz na recuperação social do 
apenado. 
a) Trabalho – o labor remunerado interno ou externo é um direito subjetivo 
do apenado. 
b) Divisão – o estabelecimento penal é obrigado a dividir proporcionalmente 
o tempo dedicado às atividades, aos descansos diurno e noturno e à recreação. 
c) Higiene – todas as disposições compatíveis das Normas 
Regulamentadoras do Trabalho - NR (Lei nº 6.514/77) são invocadas em favor dos 
presidiários que trabalhem interna ou externamente. 
 
Em relação à previdência social, se antes da prisão era um segurado, 
poderá contribuir como facultativo e, trabalhando, como contribuinte individual, 
 
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conforme dita a Instrução Normativa do lNSS nº 20/07. Desejando, o preso celebrará 
um contrato de seguro privado, inclusive contra acidentes do trabalho. 
O presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) celebrou um protocolo 
de intenções que vai possibilitar a concessão de benefícios da Previdência Social 
aos detentos e seus familiares. 
De variados modos o cumprimento da pena pode ser afetado, podendo ser 
diminuída ou aumentada. 
a) Revisão – todo o tempo, respeitadas as normas processuais, subsiste o 
direito do sentenciado de ter sua pena revista. 
b) Perdão – o perdão judicial, o indulto e a anistia são regulados na LEP. 
c) Regalias – é vedada prática de jogos de azar no estabelecimento penal. O 
presidiário autorizado a jogar na loteria ou participar de um concurso assumirá a 
propriedade do prêmio. 
d) Regressividade – em cada caso, da mesma forma como disciplinada a 
progressividade, a lei garante mudanças no regime prisional com a regressividade 
da pena (LEP, art. 112). 
e) Remição – atendido a LEP com o seu trabalho ou o estudo, o apenado 
tem a pena diminuída (art. 126). 
f) Prescrição – a prescrição põe fim à punibilidade e liberta alguém preso 
indevidamente. 
g) Livramento – segundo o CPP, o livramento condicional se dá nas 
hipóteses legais. 
h) Cela especial – existem casos em que se imporá o cumprimento da pena 
em celas especiais, vedado o uso de solitárias ou celas escuras. 
i) Saídas – a legislação regula as diferentes hipóteses em que são possíveis 
as saídas autorizadas. 
j) Pecúlio – quem tem renda constituirá um pecúlio. 
k) Fiança – nas condições previstas na lei, a pessoa pagará a fiança 
estabelecida pela autoridade policial e responderá ao processo em liberdade. 
l) Recursos – todos os remédios jurídicos previstos na CF e no CPP ficam à 
disposição de quem está com a sua liberdade restringida. 
 
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m) Inocência – ainda que tenha sido condenado em sentença transitada em 
julgado, um dos mais relevantes direitos do presidiário é o de tentar provar a sua 
inocência. 
n) Sensacionalismo – o Diretor do Presídio tomará todas as providências 
para evitar que o presidiário seja objeto de sensacionalismo, especialmente da mídia 
televisionada. Se não quiser, este último não é obrigado a dar entrevistas a 
ninguém. 
o) Dano moral – provado que o Estado é responsável pela diminuição do 
patrimônio material ou moral do indivíduo, nas inúmeras hipóteses em que isso é 
possível de acontecer num presídio, impõe-se o processo de dano moral 
(MARTINEZ, 2007). 
Quanto à soltura e reabilitação, à evidência, no dia seguinte, ao término da 
pena, o presidiário deve ser libertado. Não será preso nem um só dia a mais, 
respondendo o culpado por sua retenção. 
A norma, impondo condições, regula as hipóteses, circunstâncias e casos 
em que aquele que foi penalizado possa tentar reabilitar-se moralmente perante a 
sociedade. 
Por fim, sobre as condições carcerárias, é importante saber: 
a) Alimentação – no mínimo, os presos farão jus a três refeições diárias 
(LEP, art. 41, I). Quando elas provierem de terceiros deverão ser previamente 
examinadas (RIEP, art. 23, II, a). 
b) Vestuário – as roupas devem se adequadas às condições do presídio e à 
estação do ano (RIEP, art. 23, II, b). 
c) Repouso – odescanso noturno é assegurado na medida do possível. 
Quem trabalha faz jus a descanso diário. 
d) Habitabilidade – será ofertada em condições normais “conforme padrões 
estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde” (RIEP, art. 23, II, c). 
e) Recreação – o entretenimento diuturno é saudável para o cumprimento da 
pena. 
f) Atividades esportivas – praticar esportes, preferivelmente coletivos, é 
sempre recomendado. 
 
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g) Guarda de bens – a unidade prisional incumbe-se da preservação dos 
bens do presidiário, liberando-os quando de sua soltura. 
 
2.3 Princípios aplicáveis 
Para os operadores do Direito, os termos usados em vários momentos deste 
curso são conhecidos e corriqueiros, mas com certeza, para você educador, em se 
tratando de educação no sistema prisional, mesmo não sendo de seu domínio, eles 
tem seu lugar, uma vez que os presos, na maioria das vezes, conhecem seus 
direitos e deveres e em muitas situações conversará com você utilizando-se desses 
conhecimentos. 
Em cada ramo do direito encontramos princípios próprios, mas todos os 
ramos seguem primeiro aos princípios comuns a todos os ramos que são os 
princípios gerais (CINTRA; GRINOVER; DINAMARCO, 2006). 
Princípios são normas que fornecem coerência e ordem a um conjunto de 
elementos sistematizando-o, são fundamentos que servem para regular as relações 
entre as pessoas. São proposições que se colocam na base da Ciência Jurídica 
Processual e auxiliam na compreensão do conteúdo e extensão do comando 
inserido nas normas jurídicas e em caso de lacuna da norma, servem como fator de 
integração. 
A palavra princípio, em sua raiz latina última, significa “aquilo que se toma 
primeiro” (primum capere), designando início, começo, ponto de partida. Princípios 
de uma ciência, segundo Cretella Júnior (1989, p. 129), “são as proposições 
básicas, fundamentais e típicas que condicionam todas as estruturas subsequentes”. 
Pois bem, em se tratando do regime dos presídios, os princípios que o regem 
praticamente são os mesmos do Direito Penal e Processual Penal, adaptados 
quando convier. 
Falaremos brevemente sobre eles: 
Princípio da absoluta legalidade – uma vez que a população carcerária é 
enorme e subjetivos são os seus desejos e anseios, é premissa básica para se 
buscar uma convivência pacífica, ou seja, definir regras de comportamento e formas 
de inibição da transgressão que sejam seguidas dentro da legalidade. 
 
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Seguir o princípio da dignidade humana também é imprescindível, pois 
mesmo tendo cometido um delito, o presidiário é um ser humano. Este é um dos 
chamados princípios estruturantes do Estado Democrático de Direito. 
Princípio da integridade física, embora haja disputa de poder e busca por 
privilégios dentro das prisões, que podem levar a violência entre presos, esta não 
deve prevalecer e o preso tem direito de viver e conviver preservando-se sua 
integridade corporal e moral. 
O presidiário tem o direito de recorrer da condenação da pena e eventual 
punição que sofre por força do regime repressivo do presídio, respeitando-se o 
princípio da inconformidade jurídica. 
A preservação da personalidade é outro princípio que deve ser respeitado, 
por exemplo, deve o presidiário ser chamado pelo nome, de preferência de senhor. 
Afinal, como já dito, ele não é um número, mas um indivíduo do grupo. 
Outros princípios seriam: individualização da disciplina; tratamento igualitário; 
recuperação o apenado e participação do juízo, ou seja, conhecer as normas, os 
regulamentos penitenciários para compreender sua situação (MARTINEZ, 2010). 
 
2.4 Responsabilidade do Estado em relação aos Deten tos 
O preso não tem somente deveres a cumprir, mas é sujeito de direitos, que 
devem ser reconhecidos e amparados pelo Estado. Quando o sentenciado estiver 
recluso, seja por qualquer motivo, não está sem direitos, exceto aqueles limitados 
em face da sua condenação (KLOCH; MOTTA, 2008). Por isso, a sua condição 
jurídica não é suprimida, mas sim, é igual a das pessoas não condenadas. 
Quando o apenado estiver sob a custódia do Estado, passa a ser deste a 
responsabilidade de manter a integridade e a dignidade do detido, bem como, 
salvaguardar seus direitos e deveres. 
O desrespeito à integridade física e psíquica deprecia a personalidade do 
apenado sem motivo justificável e aplica inconscientemente a pena de tortura, 
tornando-se instrumento para solicitar indenização por danos morais, devidos pelo 
Estado. Para Carrara (2002, p. 419), “é a tortura a mais bárbara, a mais execrável e 
a mais ilógica das sugestões reais”. O Estado é responsável pela prática da tortura, 
 
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quando realizada por seus agentes ou por intermédio de terceiros, quando o 
ofendido estiver sob sua custódia. 
A constante insegurança nas celas; o fato de ser atacado por outro detento; 
as lesões; a morte; a perda dos sentidos; são atos considerados desumanos, não 
previstos em nenhuma lei brasileira vigente como forma de castigo. Por isso, é 
verdadeiramente uma afronta aos princípios fundamentais da dignidade humana, 
não resguardando os direitos da personalidade, positivados na legislação brasileira. 
Manter a integridade física e psíquica do detento é dever indelével do 
Estado; sua violação gera responsabilidade civil, por atos de seus agentes, seja pela 
ação ou omissão. 
Se é dever do Estado re(educar), (re)socializar e (re)inserir o condenado 
(preso) ao convívio social, evitando que reincida na criminalidade, então é de sua 
responsabilidade indenizá-lo quando não efetivou sua obrigação. 
A partir do momento em que o preso reivindicar indenizações, por 
ineficiência da execução penal, o Poder Público certamente admitirá que a forma em 
que está sendo executada a pena, na maioria dos casos, é inoperante, falida, 
antiética e onerosa. 
Se o Estado enclausura um delinquente analfabeto por quase dez anos, 
deveria transformá-la num profissional culto, mas quando consegue mantê-lo 
aprisionado, apenas o deixa apreender as artimanhas da criminalidade organizada. 
 
2.5 As Consequências Jurídicas pela Afronta ao Prin cípio da Dignidade do 
Detento 
Segundo estudos de Kloch e Mattos (2008), o descaso com a tutela do 
direito à personalidade do detento, especialmente com relação à integridade física e 
psicológica, reflete em vários segmentos sociais, pois são tidos como atos negativos 
no tocante à recuperação e até para a punição do apenado. As consequências 
geradas pelo desrespeito à dignidade do apenado podem refletir: 
� em reincidência, gerando aumento da criminalidade, como instrumento de 
repúdio ao ato praticado pelo Poder Público; 
� em desrespeito ético-legal, perante a sociedade; 
 
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15
 
� em prejuízos financeiros ao Estado, em face da indenizabilidade dos danos 
causados aos condenados que cumprem pena sob cárcere; 
� na instigação social da exclusão e a brutalidade, pois é praticado em nome do 
Estado; 
� em afronta aos direitos do Estado Democrático de Direito; 
� como sinônimo de falência do Estado Disciplinador, gerando uma revolta 
social em razão da insegurança pública. 
O condenado que cumpre sua pena sob tortura ou qualquer ato que atenta 
contra sua dignidade, não absorverá sua punição como educativa. Terá sim, 
enriquecido seu desejo de vingança contra uma sociedade falsa e sem princípios 
éticos. Certamente, este sujeito maltratado será mais um reincidente à criminalidade. 
Os atos praticados serão levados a cabo, com a teleologia de revidar àqueles 
praticados pelo Poder Público, seja por omissão ou por ação. 
Quanto ao desrespeito à integridade do detento, além de ser ilegal, é 
abusivo e antiético. A sociedade, em geral, verá como um Estado impotente, que 
tenta intimidar pela brutalidade e não pela norma ou pelo exemplo disciplinador. 
Consequentemente, tais atos resultam em inúmeros prejuízos ao Estado, 
inclusive financeiro, pois tem o dever de indenizar os danos causados aos 
condenados segregados, seja por valores atribuídos à moral, estético ou material. 
A afronta ao direito à integridade expressada na lei em vigor gera uma 
sensação de vingança, agravada por ser praticada em nome do Estado. Tal fato 
poderá levar à instigação da exclusão e à brutalidade, pois traz consequências 
sociais imprevisíveis. 
O descumprimento das normas que guarnecem o Direito à Personalidade, 
gera condutas atentatórias contra a dignidade da pessoa humana, afrontando aos 
princípios gerais do Estado Democrático de Direito e os alicerces daquilo que se 
busca como justo. 
Estão resguardados os direitos inerentes à personalidade a todos os seres 
humanos, inclusive aos delinquentes apenados, pois somente lhes é tolhido o direito 
à liberdade. 
 
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16
 
A principal consequência pela afronta ao princípio da dignidade do detento é 
a demonstração real da falência do Estado Disciplinador, que por si só gera uma 
revolta social e a perda do controle do sistema. 
As consequências são evidentes, dentro e fora do Sistema Prisional, como 
as rebeliões em massa, as fugas, o aumento do terror pelos crimes organizados e os 
ataques às instituições públicas que deveriam garantir a segurança. 
Tanto a doutrina como a jurisprudência são pacíficas com relação aos danos 
causados por atos decorrentes de afrontas ao princípio da dignidade do detento, 
seja praticada pelos agentes penitenciários, pelos policiais, por erro judiciário ou até 
mesmo pelos outros detentos, pois o apenado quando segregado está sob a 
responsabilidade do Estado. 
Os danos podem ser físicos, psíquicos ou intelectuais, causados muitas 
vezes pela falta de ética, por um serviço não efetivo, pela brutalidade e descontrole 
do poder disciplinador do Estado-Penal. 
O compromisso ético e valorativo é definido com propriedade por Zeni (2006, 
p. 15), ao ensinar que: 
 
A propósito do direito, considera-se um arsenal de normas jurídicas 
logicamente concatenadas e hierarquizadas, representando a vontade do 
contrato social, que, por ficção, decorre da vontade da maioria, merecendo 
uma interpretação restritiva diante dos mitos de certeza e segurança jurídica 
que procuram encampar via positivação. Quando não, captam-se fatos e o 
tornam, por si só, direito, sem um compromisso ético e valorativo 
descomprometido com fins, senão com fórmulas racionais engendradas à 
padronização dos comportamentos sociais. 
 
Para Stoco (1997, p. 413), “é o que poder-se-ia denominar de 'erro 
judiciário', que não se confunde com o erro judicial em processos criminais e previsto 
no art. 5º, LXXV, da CF/88, e no art. 630 do Código de Processo Penal”. 
O erro judiciário é aquele advindo de ato jurisdicional que ocorre por 
equivocada apreciação dos fatos ou do Direito aplicável, levando o juiz a proferir 
sentença passível de revisão. Enquanto o excesso de prisão ocorre no período da 
execução da pena, quando o condenado não é liberto, após regular cumprimento da 
pena estabelecida na sentença. 
 
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17
 
O art. 37, § 6º, da CF/88, estabelece essa responsabilidade, quando 
expressa que as pessoas jurídicas de Direito Público responderão pelos danos que 
seus agentes causarem a terceiros. 
Por intermédio de seus agentes, o Estado é responsável quando 
desencadeia um infortúnio por erro, e lança uma pessoa e/ou seus familiares em 
descrédito, que fere a honra, que transforma e abala um convívio social e familiar, 
que produz traumas e sequelas invariáveis. 
Havendo inércia do Estado e se esta for a causa direta do não impedimento 
do evento, causadora da afronta à integridade física, psíquica e intelectual do 
segregado, será de sua responsabilidade a reparabilidade do dano causado 
(KLOCH; MATTOS, 2008). 
O fato de o preso ter sido agredido por outro detento não caracteriza ato de 
terceiro, uma vez que a obrigação do Estado decorre do dever de vigilância e de 
cuidado em relação a quem está sob sua custódia. O Estado responde civilmente, 
independentemente da culpa do agente público. 
O Estado responderá não pelo fato que diretamente gerou o dano, mas sim 
por não ter ele providenciado ações suficientes para evitar o dano ou mitigar seu 
resultado, quando o fato for notório ou perfeitamente previsível. 
O Poder Público tem o dever legal de zelar pela segurança, pela vida e pela 
integridade física e moral do preso, enquanto se encontra acautelado ao seu poder. 
O apenado perde tão somente a liberdade, devendo ser resguardada sua vida e sua 
dignidade, bens inerentes ao direito da personalidade. 
Os direitos ligados à personalidade são de maneira perpétua e permanente, 
especialmente o direito à vida e à integridade. São direitos não patrimoniais e, por 
conseguinte, inalienáveis, intransmissíveis, imprescritíveis e irrenunciáveis. Nesses 
termos, todos da sociedade devem respeito a esses direitos oponíveis. A sua 
violação está a exigir uma sanção e/ou uma indenização pelo dano causado ao 
custodiado. 
O dano moral resulta da dor intensa, da frustração causada e da humilhação 
a que foi submetida a vítima. É certo que sua fixação deve levar em consideração a 
natureza de real reparação do abatimento psicológico causado (KLOCH; MATTOS, 
2008). 
 
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18
 
Em 1988, a Constituição Federal passou a admitir com relevância o dano 
moral, especificamente nos incisos V e X do art. 5º, que relacionou, entre os direitos 
e garantias fundamentais, consideradas como cláusulas pétreas(art. 60, § 4º, 
CF/88): “o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano 
material, moral ou à imagem”, e declarou serem invioláveis “a intimidade, a vida 
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo 
dano material ou moral decorrente de sua violação”. 
Constatada a hipótese de deficiência do serviço estatal, que tem 
compromisso com uma justiça de qualidade, cumpre seja restabelecido o status quo 
ante, ou seja, o modo em que se encontrava antes, compensando-se 
economicamente quem sofreu o dano. 
A indenização deve conter o valor que possibilite a reintegração social, 
dando-se ao injustamente condenado, ou que sofreu por erro, uma reparação 
patrimonial proporcional à privação de sua liberdade e às lesões morais e 
econômicas sentidas, atingido em sua honra, reputação, liberdade, crédito, estima, 
dignidade, enfim os direitos da personalidade. 
A agressão física, psicológica e intelectual, praticada por agentes públicos, é 
ofensa ao direito da personalidade, ou seja, atinge a honra, a imagem e a dignidade 
do ser humano, portanto deve ser indiscutivelmente reparável, quando a prova é 
concreta e o nexo de causalidade é verificado. 
Quando a integridade física de uma pessoa for maculada, por ter sido 
submetido à tortura, seja nas delegacias de polícia, nas unidades prisionais, pelas 
condições aviltantes da cela em que foi detido, mesmo que sejam psicológicas, será 
o poder público responsabilizado. Em consequência de tais fatos, torna-se 
depressivo o ato praticado em nome do Estado ou não, devendo arcar com as 
consequências nos termos do artigo 5º, incisos XLIX e LXI, da CF/88. 
De qualquer sorte, abstraída uma maior discussão a respeito, o certo é que 
a obrigação de indenizar é inescusável, quando o Estado, representado por seus 
agentes, ofende a integridade física e emocional de um cidadão que se encontrava 
sob sua tutela direta, causando-lhe sequelas psíquicas irreversíveis. Assim, a 
Constituição Federal e o Código Civil em vigor asseguram a integridade física e 
moral, reservando o direito à liberdade quando suprimida por sentença condenatória. 
 
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19
 
A doutrina vem estabelecendo certos parâmetros a serem observados 
quando do arbitramento do valor pelo dano moral. Carlos Alberto Bittar (1993, p.220) 
afirma que: 
 
A indenização por danos morais deve traduzir-se em montante que 
represente advertência ao lesante e à sociedade de que se não se aceita o 
comportamento assumido, ou o evento lesivo advindo. Consubstancia-se, 
portanto, em importância compatível com o vulto dos interesses em conflito, 
refletindo-se, de modo expresso, no patrimônio do lesante, a fim de que 
sinta, efetivamente, a resposta da ordem jurídica aos efeitos do resultado 
lesivo produzido. Deve, pois, ser quantia economicamente significativa, em 
razão das potencialidades do patrimônio do lesante. 
 
É tormentosa a quantificação da reparação de dano por erro do Judiciário, 
em razão da subjetividade que lhe é característica, mas é sabido que a ele deve ser 
a responsabilidade de reparar. 
Quanto à valoração da indenização por dano moral, em decorrência de um 
dever violado, seja pela ação ou omissão do Estado, Reis (2003, p. 26) afirma com 
propriedade que 
 
diante da posição firmada pelos Tribunais Brasileiros, observamos 
incongruências quanto ao conteúdo da valoração dos danos morais. As 
decisões proclamam que nas indenizações dos danos morais deverá ser 
observado o binômio pena-compensação, o que constitui uma situação 
contraditória em relação ao verdadeiro sentido do processo indenizatório. 
 
Portanto, a condenação sob a ótica da responsabilidade civil não deve ser 
confundida com o efeito punitivo e repreensivo, pois este pertence à esfera dos 
danos penais. “A indenização dos danos morais, não possuindo função punitiva, 
senão essencialmente indenizatória, deverá proporcionar ao lesado uma ideia de 
restituição ao status quo ante [...]”. (REIS, 2003, p. 230). 
Na fixação do quantum indenizatório, há de se considerar que o abalo moral 
diz respeito aos fatos provocados pela inércia ou ineficiência do Estado para com o 
autor. Se este, esteve preso ilegalmente, o nexo causal confirma-se por si só, 
devendo ser levados em consideração o tempo e a forma em que permaneceu 
segregado. 
Em se tratando de violação aos direitos inerentes à dignidade do apenado, 
as circunstâncias devem ser sopesadas quando do arbitramento do valor a título 
 
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indenizatório, a evidenciar a manutenção do Estado anterior em que se encontrava o 
lesionado. 
Cabe ao Estado a responsabilidade decorrente da atividade administrativa 
de guarda dos presos, não somente porque a lei determina, mas por questão ética e 
moral (KLOCH; MOTTA, 2008). 
 
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UNIDADE 3 – DEVERES DOS PRESIDIÁRIOS 
 
As relações das pessoas recolhidas à prisão entre elas, com as visitas e em 
face das autoridades penitenciárias, são atípicas. O regime de condutas imposto a 
quem está apenado, insatisfeito com a prisão, não vendo a hora de ser livre, impõe 
regras de comportamento cujo lema é a disciplina (MARTINEZ, 2010). 
Os deveres do apenado quando do cumprimento de sua pena estão 
inseridos nos arts. 38 e 39 da LEP que dizem: 
Art. 38. Cumpre ao condenado, além das obrigações legais inerentes ao seu 
estado, submeter-se às normas de execução da pena. 
Art. 39. Constituem deveres do condenado: 
I - comportamento disciplinado e cumprimento fiel da sentença; 
II - obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva 
relacionar-se; 
III - urbanidade e respeito no trato com os demais condenados; 
IV - conduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos de fuga ou de 
subversão à ordem ou à disciplina; 
V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas; 
VI - submissão à sanção disciplinar imposta; 
VII - indenização à vitima ou aos seus sucessores; 
VIII - indenização ao Estado, quando possível, das despesas realizadas com 
a sua manutenção, mediante desconto proporcional da remuneração do trabalho; 
IX - higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento; 
X - conservação dos objetos de uso pessoal. 
Parágrafo único. Aplica-se ao preso provisório, no que couber, o disposto 
neste artigo. 
Analisando os deveres do apenado a começar pelo comportamento 
disciplinado e o fiel cumprimento de sua sentença, temos que a disciplina é 
obrigação do apenado, assim como sua resignação diante de sua pena, após o seu 
trânsito em julgado, assim, a participação do apenado em rebeliões ou qualquer 
forma de desrespeito às normas do estabelecimento prisional, o que não quer dizer 
que o apenado não possa protestar contra abusos ou restrições aos seus direitos, 
mas esses devem ser feitos pelos meios legais. 
 
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A segunda e terceira obrigações previstas pela LEP dizem respeito ao trato 
com os servidores e demais apenados, que deve pautar-se pelos princípios de 
respeito e cordialidade, que deve ser mútua, devendo o servidor por sua vez, 
também tratar o apenado com cordialidade e respeito. 
A quarta obrigação ao apenado trata do dever de, além de não participar de 
qualquer movimento subversivo ou com o intuito de evadir-se do estabelecimento 
prisional, deve opor-se a estes e inclusive comunicar à administração e aos 
servidores do estabelecimento prisional sobre eventuais tentativas dos outros 
presos. 
Esse tema é bastante controverso, pois dentro do nosso estabelecimento 
prisional é sabido que existe um código de ética entre os presos, e dentro deste a 
punição para o preso delator é a morte, e assim, sempre deve ser preservada a 
fonte das informações obtidas pela administração entre os presos. 
A obrigação de cumprir os trabalhos, tarefas e ordem recebidas deve 
receber a ressalva de que as ordens que não possuam previsão legal ou atentem 
contra os direitos do preso ou qualquer outro direito não devem ser cumpridas, bem 
como as ordens com o intuito de colocar o detento em situação de risco ou vexatória 
e humilhante, devendo, nesse caso, comunicar o juiz da execução sobre a 
desobediência e o seu motivo. 
Constitui-se ainda em dever do apenado a indenização da vítima e de sua 
família, e ao Estado pelas despesas decorrentes de sua manutenção. Esses 
deveres na grande maioria dos casos não são cumpridos, uma vez que na nossa 
realidade carcerária, a grande maioria dos apenados não possuía condições de 
manter o seu sustento com dignidade fora dos presídios, o que dirá dentro destes, 
constituindo-se na maioria dos casos esse dever em letra morta diante da 
impossibilidade de sua execução, o que não quer dizer que perdeu sua validade, 
devendo sempre ser aplicada quando o apenado possuir condições financeiras de 
reparar a vítima ou seus familiares como custear as suas despesas. 
E por fim, como já dissemos, deve o preso manter a ordem e a higiene de 
sua cela e conservar os seus objetos de uso pessoal, essa limpeza e ordem de sua 
cela e objetos fica prejudicada diante da superlotação de nossos estabelecimentos 
prisionais onde os presos em sua maioria são mantidos em ambientes superlotados 
 
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23
 
e sem as mínimas condições de humanidade, fica difícil a cobrança dessas 
obrigações (MARTINEZ, 2010). 
Diante dessas obrigações, quando não observadas as mesmas pelos 
apenados estes poderão sofrer sanções disciplinares com o intuito de manter a 
disciplina do estabelecimento prisional, de acordo com o disposto no art. 44 da LEP. 
(IANOWICH FILHO, SILVA, PORTO JUNIOR, 2006). 
O RIEP fixa as garantias dos presidiários (art. 23) e também as suas 
obrigações, que chama de deveres (art. 27). São enumerativos, específicos e 
minuciosos. 
� AUTORIDADE PENITENCIÁRIA – um dos polos da relação, a direção do 
presídio exerce certa liderança na condução da disciplina e carece de se 
impor administrativamente. Nesse sentido, os deveres dos presos são: 
a) respeitar as autoridades, servidores e companheiros presos. 
b) acatar as determinações emanadas de qualquer servidor no desempenho 
de suas funções. 
c) observar as normas contidas no Regimento Interno, referentes às visitas. 
d) submeter-se às normas disciplinadoras da concessão de saídas externas 
previstas em lei. 
e) cumprir à requisição das autoridades judiciais, policiais e administrativas. 
f) atender à requisição dos profissionais de qualquer área técnica para 
exames ou entrevistas. 
g) dar atendimento às condições das medidas cautelares. 
 
� ÍNDOLE PESSOAL – alguns dos ônus próprios dos presidiários são bastante 
pessoais: 
a) zelar pela higiene pessoal e ambiental. 
b) não fazer de sua cela uma cozinha. 
c) aceitar a revista pessoal, de sua cela e dos seus pertences. 
d) submeter-se às normas que disciplinam áreas de saúde, assistência 
jurídica, psicologia, serviço social, diretoria, serviços administrativos em geral, 
atividades escolares, desportivas, religiosas, de trabalho e de lazer e assistência 
religiosa. 
 
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24
 
e) não utilizar objetos, para fins de decoração ou proteção de vigias, portas, 
janelas e paredes, que prejudiquem a vigilância. 
f) devolver ao setor competente os objetos fornecidos pela unidade e 
destinados ao uso próprio. 
g) não desviar, para uso próprio ou de terceiros, materiais dos diversos 
setores da unidade prisional. 
h) não negociar objetos de sua propriedade, de terceiros ou do patrimônio do 
Estado. 
i) não preparar ou ceder bebida alcoólica ou substância que possa provocar 
reações adversas às normas de conduta ou dependência física ou psíquica. 
j) não apostar em jogos de azar de qualquer natureza. 
k) zelar pelos bens patrimoniais e materiais que lhe forem destinados, 
reparando o Estado ou terceiros por danos materiais que causar, de forma culposa 
ou dolosa. 
l) informar-se sobre as normas a serem observadas na unidade prisional, 
respeitando-as. 
m) manter comportamento adequado em todo o decurso da execução da 
pena, progressiva ou não. 
n) acatar a sanção disciplinar imposta. 
 
� SEGURANÇA PRÓPRIA E DE TERCEIROS – diante do tipo de 
relacionamento interno nos presídios, a segurança física é muito importante: 
a) abster-se de fazer ou possuir instrumentos capazes de ofender a 
integridade física de terceiros. 
b) evitar procedimentos que possam contribuir para ameaçar ou obstruir a 
segurança das pessoas e da unidade prisional. 
c) adotar quaisquer práticas que possam causar transtornos aos demais 
presos, bem como prejudicar o controle de segurança e disciplina. 
d) não transitar ou permanecer em locais não autorizados. 
e) não dificultar ou impedir a vigilância. 
f) acatar a ordem de contagem da população carcerária, respondendo ao 
sinal convencionado para o controle de segurança e disciplina. 
 
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25
 
g) não participar de movimento individual ou coletivo de tentativa e 
consumação de fuga. 
h) não liderar, participar ou favorecer movimentos de greve e subversão da 
ordem e da disciplina. 
 
� CIRCULAÇÃO E MOVIMENTAÇÃO – a entrada e a saída do estabelecimento 
penal é tema que diz respeito à segurança de todos. Daí: 
a) submeter-se às normas de transferência e remoção de ordem judicial, 
técnico-administrativa e às solicitadas. 
b) cumprir rigorosamente o horário de retorno quando de saídas 
temporárias. 
c) observar a segurança imposta pela Polícia Militar e outras autoridades 
incumbidas de efetuar a escoltaexterna. 
 
� DESENVOLVIMENTO DA CULTURA – todos os aspectos que envolvam a 
cultura devem ser estimulados, por isso o apenado tem de respeitar as regras 
da biblioteca no que diz respeito ao empréstimo de livros. Assistir às palestras 
educativas é muito importante para o aperfeiçoamento cultural dos 
presidiários. 
 
� ATIVIDADES ESCOLARES – submeter-se ao regular funcionamento das 
atividades escolares do estabelecimento prisional condiz com a intenção de 
se recuperar, de aprender e de se profissionalizar. 
 
� PRÁTICAS DESPORTIVAS – podendo, é relevante para a comunidade dos 
aprisionados que cumpram as condições para as práticas desportivas e de 
lazer. 
 
� EMPENHO LABORAL – ninguém é forçado a trabalhar, mas o apenado deve 
colaborar com a política de labor do regime prisional, esforçando-se por 
participar das atividades laborais internas e externas. 
 
 
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26
 
� CULTOS RELIGIOSOS – não só respeitar as opções religiosas dos demais 
detentos como submeter-se às condições para a prática religiosa coletiva ou 
individual. 
 
� PARTICIPAÇÃO GERAL – alguns aspectos da convivência pacífica devem 
ser ressaltados. Observar as condições para a posse e uso de aparelho de 
radiodifusão e aparelho de TV e atender às condições das sessões 
cinematográficas, teatrais, artísticas e socioculturais (MARTINEZ, 2010). 
 
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27
 
UNIDADE 4 – RESTRIÇÃO DE DIREITOS 
 
A substituição da pena privativa da liberdade por outro tipo de sanção 
jurídica constitui um avanço em termos de execução penal. Efetivamente, diante do 
elevado número de infrações sociais, com menor ou maior poder ofensivo, a serem 
inibidas, entendeu o legislador de tentar coibir essas condutas antissociais com 
punições alternativas do regime carcerário (MARTINEZ, 2010). Neste momento, a lei 
está se referindo a algum tipo de delinquente, aquele que justifica um tratamento 
diferenciado. 
Somente no sentido lato aqui adotado podemos chamar esses indivíduos de 
presos. São sentenciados, mas não são recolhidos à prisão, cumprem o seu débito 
penal em liberdade e mediante políticas públicas de respeitável interesse para a 
comunidade. 
Somente numa hipótese o autor da ilicitude será preso, na verdade detido, e 
por curto espaço de tempo (“limitação de fim de semana”, CP, art. 43, VI). 
Considera-se pena restritiva de direitos a decorrente de uma condenação 
judicial que obsta o usufruto de algumas das garantias elementares de cidadão (que 
ele prefere abster-se em favor de uma punição mais severa). 
Uma das exigências para esse relevante benefício é não ser reincidente 
(CP, art. 44, II). 
Quando o apenado não cumpre o que lhe fora recomendado, a restrição de 
direitos pode ser tornar pena restritiva de liberdade (CP, art. 44, § 4º). 
Em seu art. 43 o Código Penal fixa cinco restrições: 
a) Valor pecuniário. 
b) Perda de bens e valores. 
c) Prestação de serviços. 
d) Interdição temporária de direitos. 
e) Limitações no fim de semana. 
 
a) VALOR PECUNIÁRIO – trata-se de um montante em dinheiro (ou outra forma 
acordada) a ser entregue à vítima, aos seus dependentes ou a alguma entidade 
pública ou privada, não inferior a um salário mínimo nem superior a 360 salários 
mínimos (CP, art. 45, § 1º). Em 2010, era de R$ 510,00 a R$ 183.600,00. 
 
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b) PERDA DE BENS E VALORES – certa quantia fixada pela autoridade competente 
a ser entregue ao Fundo Penitenciário Nacional, correspondendo ao “prejuízo 
causado ou ao provento obtido pelo agente ou por terceiro, em consequência da 
prática do crime” (CP, art. 45, § 3º). 
 
c) PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS – quando a pena a que foi condenado é superior a 
seis meses, ele pode cumpri-la na modalidade substitutiva de privação de certos 
direitos (LEP, art. 149). O trabalho será gratuito, com oito horas semanais, 
preferivelmente aos sábados, domingos e feriados. 
 
d) INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS – quase todas as restrições estão 
envolvidas com o trabalho e suscitam o princípio constitucional correspondente. O 
Código Penal prevê quatro tipos de interdições: 
i) Proibição do exercício de cargo público – o apenado não poderá exercer 
qualquer cargo público. Pela importância da restrição, a hipótese reclama 
justificativa. 
ii) Proibição do exercício privado que dependa de “habilitação especial, de 
licença ou autorização do poder público” (CP, art. 47) – eis aqui outra severa 
restrição, aplicável quando fundadas as razões para isso. 
iii) Suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo – da 
mesma forma como a vedação ao exercício de atividade laboral pode atingir um 
motorista profissional. 
iv) Proibição de frequentar certos lugares – esta é uma pena de grande 
interesse social especialmente no que diz respeito aos crimes cometidos contra as 
mulheres. 
e) LIMITAÇÕES NO FIM DE SEMANA – é uma obrigação de permanecer na Casa 
do Albergado ou em outro local indicado pela autoridade por cinco horas aos 
sábados e domingos (LEP, art. 151). As pessoas condenadas a comparecem à 
Casa do Albergado terão de participar de cursos, palestras ou atividades educativas. 
 
f) MODIFICAÇÃO DA PENA – a qualquer momento, a autoridade competente 
poderá alterar a pena de prestação de serviços à comunidade ou de limitação de fim 
 
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de semana, ajustando-as às condições pessoais do sentenciado e às características 
do estabelecimento. Um médico poderá trabalhar num hospital, um advogado na 
assistência jurídica e assim por diante. 
 
g) INDEPENDÊNCIA DAS PUNIÇÕES – as penas restritivas de direito são 
autônomas, ou seja, um réu poderá compativelmente ser condenado também à pena 
restritiva de liberdade. 
 
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UNIDADE 5 – REABILITAÇÃO MORAL 
 
Qualquer que seja ela, atendidas algumas condições, quem cumpriu a pena 
tem permissão para requerer a reabilitação de sua personalidade, seu nome e sua 
reputação. 
À evidência, não se trata mais de um preso, mas de alguém que já se 
desobrigou perante a sociedade. A hipótese de um apenado, durante o recolhimento 
à prisão, tentar reabilitar-se em relação a um crime anterior será rejeitada se ele for 
novamente condenado. 
O que fundamentaa reabilitação é o bom comportamento da pessoa 
humana na vida em sociedade. 
O Decreto nº 6.049/07, em seu art. 81, trata da reabilitação carcerária, 
fixando prazos para a reabilitação: 
a) 3 meses para faltas leves. 
b) 6 meses para faltas médias. 
c) 12 meses para faltas graves. E, 
d) 24 meses para faltas graves com violência (art. 81, I / IV). 
 
a) IDEALIZAÇÃO MÍNIMA – por intermédio da reabilitação, o indivíduo tentará 
apagar de sua vida todos os consectários, desdobramentos e efeitos possíveis dos 
processos anteriores, da prisão e do cumprimento da pena. Para o art. 748 do CPP: 
“A condenação ou condenações anteriores não serão mencionadas na folha de 
antecedentes do reabilitado, nem em certidão extraída dos livros do juízo, salvo 
quando requisitadas por juiz criminal”. O Código Penal reserva o Capítulo VII – Da 
Reabilitação (arts. 93/95), para tratar do tema. No Código de Processo Penal, os 
arts. 743/750 também dispõem sobre o assunto. 
 
b) ALCANCE DA PROVIDÊNCIA – não há distinção quanto às punições que 
possam ser objeto da reabilitação (CP, art. 93). Ela se estende às penas de restrição 
de direito. Vale também para as ilicitudes cominadas da Lei das Contravenções 
Penais. 
 
 
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c) INICIATIVA PROCESSUAL – o interessado é quem tem a iniciativa de promover 
sua reabilitação. Trata-se de uma relação intuitu personae, ou seja, em relação à 
pessoa, mas que, a rigor, também poderá ser intentada pelos seus sucessores. 
Sobrevindo os efeitos próprios em relação a um falecido. Da decisão concessória há 
recurso de ofício (CPP, art. 746). 
 
d) REEDIÇÃO DA CONCESSÃO – exceto na hipótese de o indeferimento ter 
decorrido da falta ou insuficiência de documentos, negada a reabilitação, um novo 
pedido somente será instruído após dois anos e com a apresentação de novos 
elementos convincentes. 
 
e) CONDIÇÕES ADMINISTRATIVAS – as exigências materiais e formais para que 
tenha o direito à reabilitação são as seguintes: 
a) Residência no País há pelo menos dois anos. 
b) Tenha tido efetiva e constantemente um bom comportamento público e 
privado. 
c) Prove que ressarciu a vítima ou que não tem condições de fazê-lo. 
 
f) DOCUMENTOS NECESSÁRIOS – o art. 744 do CPP elenca os documentos 
exigidos: 
a) Certidão comprobatória de processos penais em andamento. 
b) Atestado de autoridades policiais persuasórias de bom comportamento. 
c) Atestado de bom comportamento firmado por pessoas para quem tenha 
trabalhado ou servido. 
d) Quaisquer documentos que demonstrem a sua regeneração. 
e) Prova de haver ressarcido o dano causado pelo crime ou persistir a 
impossibilidade de fazê-lo. 
 
g) PRAZO PARA O REQUERIMENTO – o Código Penal fala em dois anos (art. 94), 
desde que: “I - tenha tido domicílio no País no prazo acima referido; II - tenha dado, 
durante esse tempo, demonstração efetiva e constante de bom comportamento 
público e privado; III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre a 
 
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absoluta impossibilidade de o fazer, até o dia do pedido, ou exiba documento que 
comprove a renúncia da vítima ou novação da dívida”. 
Conforme “se trate de condenado ou reincidente, contados do dia em que 
houver terminado a execução da pena principal ou da medida de segurança 
detentiva”, “a reabilitação será requerida ao juiz da condenação”, após o decurso de 
quatro ou oito anos (CPP, art. 743). Se a solicitação for negada ela poderá ser 
reeditada a qualquer tempo (CP, art. 94, parágrafo único). 
 
h) DILIGÊNCIAS JUDICIAIS – o juiz poderá determinar a apuração dos atos que 
envolvem a concessão da reabilitação (CPP, art. 745). Tendo em mãos todos os 
elementos processuais necessários, o juiz decidirá sobre a concessão ou não da 
reabilitação. 
 
i) REVOGAÇÃO DA MEDIDA – quando se impuser, a revogação será decretada 
pelo juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público (CPP, art. 750). 
 
j) CONSECTÁRIOS PRÁTICOS – para algumas finalidades, é como se a 
condenação anterior não tenha existido. Para o art. 202 da LEP: “Cumprida ou 
extinta a pena, não constarão da folha corrida, atestado ou certidões fornecidas por 
autoridade policial ou por auxiliares da Justiça, qualquer notícia ou referência à 
condenação, salvo para instruir processo pela prática de nova infração penal ou 
outros casos expressos em lei”. Praticamente o mesmo se colhe no art. 748 do CPP. 
 
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UNIDADE 6 – PRESTAÇÕES PREVIDENCIÁRIAS 
 
Na oportunidade de disciplinar a ocupação do presidiário, o art. 39 do 
Código Penal diz que “o trabalho do preso será sempre remunerado, sendo-lhe 
garantidos os benefícios da Previdência Social”. 
Como se vê, esse dispositivo de 1940 trata apenas dos direitos 
previdenciários do reeducando que trabalha e não amplamente dos direitos 
previdenciários do preso ocioso. Pretensões parcamente disciplinadas na legislação 
e carentes de doutrina especializada (MARTINEZ, 2010). 
Embora já em 1960 a Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS) falasse da 
qualidade de segurado do preso livre da cadeia, o tema só interessou ao legislador 
jusprevidenciarista com a Lei nº 10.666/03. Entretanto, de longa data, o Ministério da 
Previdência Social (MPS) havia se manifestado sobre a filiação e a contribuição. 
No que diz respeito ao recluso, releva também definir os direitos dos seus 
dependentes, enfaticamente no caso de fuga, recaptura ou morte. Cuida-se aqui 
daquele recolhido à prisão, já que em outras situações como do regime semiaberto, 
da liberdade condicional, da prisão domiciliar, etc., a pessoa tem mais possibilidade 
de se organizar em matéria de previdência social. 
Aposentado presidiário que esteja cumprindo pena mantém os direitos antes 
assegurados pelo INSS. Os seus dependentes, evidentemente, não farão jus ao 
auxílio-reclusão cujo pressuposto é a não percepção de renda. 
Caso queira, o presidiário celebrará um contrato de seguro de vida ou de 
outro tipo, que seja praticado por companhia seguradora. Claro que o segurador 
levará em conta as condições atípicas do apenado. 
Ainda que não trabalhe, o presidiário é mantido pelo Estado e, nessas 
condições, raramente reunirá os requisitos da Lei nº 8.742/93. 
 
a) FILIAÇÃO E INSCRIÇÃO – a situação do presidiário deve ser considerada em 
três momentos básicos: i) antes; ii) durante o processo penal; e, iii) depois do 
recolhimento à prisão. Isto é, o que ele perde e o que ele adquire após essas datas-
bases. 
Se filiado, regulamentado e inscrito como segurado obrigatório ou facultativo, 
portanto com qualidade de segurado, avaliar-se-á a manutenção desse status 
 
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jurídico após a detenção. Pelo menos na condição de facultativo ele pode continuar 
contribuindo e somando tempo de serviço para fins de benefícios. 
Caso não seja, pode filiar-se como facultativo (se não trabalhar no presídio) 
por sua vontade ou obrigatoriamente como contribuinte individual (se trabalhar 
dentro ou fora do presídio). 
Normativamente, o correto parece ser o legislador definir um tipo de 
segurado, designado como presidiário, como fez com outros protegidos (MARTINEZ, 
2010). 
 
b) QUALIDADE DE SEGURADO – quem foi preso perderá a qualidade de segurado 
nos termos do art. 15 do Plano de Benefício da Previdência Social (PBPS). Mas 
poderá contribuir como facultativo ou contribuinte individual (se trabalhar). Se já 
possuía, conforme o inciso IV, manterá essa qualidade “até 12 (doze) meses após o 
livramento, o segurado retido ou recluso”. 
Quer dizer, cumprida a pena mesmo sem apartar contribuições, o ex-
apenado fará jus ao auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez durante 12 
meses + 45 dias (PBPS, art. 15, § 4º), caso atenda aos demais regulamentos da lei. 
Note-se o desenvolvimento da qualidade de segurado: a) podia ser tida 
antes de ser preso; b) ser mantida durante o cumprimento da pena; e, c) estendida 
por 12 meses + 45 dias. Quem não a tinha não se beneficia dos 12 meses + 45 dias 
(caso não tome a iniciativa de contribuir dentro da prisão). 
Não detendo a condição de contribuinte individual, o detento ou recluso, 
caso queira, filiar-se-á como segurado facultativo, fazendo jus a todos os benefícios 
inerentes a essa condição de ocioso. 
A alíquota é de 20% e a base de cálculo é de sua escolha, variando de R$ 
678,00 até R$ 4.159,00, em 2013. Sua família poderá preencher o Carnê de 
Pagamento e ir à rede bancária fazer os recolhimentos mensais. Vale relembrar que 
o presidiário não é empregado do Estado, do presídio nem da empresa para a qual 
eventualmente preste algum serviço externo; em raras hipóteses, a CLT será 
invocada em seu favor. 
 
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Enquadrado no art. 12, V, h, do PCSS, a Lei nº 9.876/99 abrigou “a pessoa 
física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com 
fins lucrativos ou não”. 
Olvidando essa desnecessária “natureza urbana”, o RPS o tem como 
contribuinte individual e igual se colhe na Instrução Normativa do INSS nº 20/07. Na 
condição de contribuinte individual, a empresa reterá 11% da remuneração e a 
recolherá ao FPAS, juntamente com a parte patronal (20%). 
Em raríssimos casos, não fica descartada a possibilidade de ser entendido 
como empregado de uma empresa, se preencher com precisão os requisitos do art. 
3º da CLT. 
 
c) BENEFÍCIOS POR INCAPACIDADE – ficando incapaz para o trabalho 
penitenciário, o presidiário fará jus ao auxílio-doença ou à aposentadoria por 
invalidez. A inaptidão para o trabalho poderá sobrevir no ambiente prisional ou nas 
empresas (trabalho externo). Ou de trajeto, do estabelecimento penal até a 
empresa. 
Caso ele tenha alguns dependentes e eles estejam recebendo o auxílio-
reclusão terá de optar conforme a Lei nº 10.666/03. 
No ordenamento brasileiro, é impossível um dependente fazer jus ao 
benefício outorgado por segurado (como o auxílio-reclusão) se ele, ao mesmo 
tempo, estiver auferindo uma prestação. 
Contribuindo (como facultativo), ainda que não esteja trabalhando, esse 
segurado poderá requerer os benefícios se estiver incapaz para um trabalho (que 
não exerce). 
A possibilidade de haver reabilitação profissional depende apenas da 
vontade do Estado e da organização penitenciária materialmente poder oferecer 
esses serviços pessoais de recuperação da aptidão para o trabalho. 
 
d) APOSENTADORIAS POSSÍVEIS – preenchidos os requisitos legais subsiste o 
direito à aposentadoria por tempo de contribuição e por idade. Raramente fará jus à 
aposentadoria especial. Esses direitos podem ser inteiramente realizados no 
presídio, pelo menos para quem está condenado a 30 anos de prisão. Nenhum 
 
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desses benefícios agora lembrados exige exame médico pericial e bastará ao 
segurado preencher os requisitos legais. 
 
e) SALÁRIO-MATERNIDADE – mulher sentenciada cumprindo pena que se filiou à 
previdência social fará jus ao salário-maternidade na condição de contribuinte 
individual ou facultativa. 
 
f) SALÁRIO-FAMÍLIA – em virtude do recluso não ser empregado é difícil configurar 
o direito ao salário-família. Recebendo benefício em razão de filhos e de um contrato 
de trabalho (que foi suspenso ou até extinto), cessará a remuneração laboral e o 
benefício previdenciário. 
 
g) PRESTAÇÕES ACIDENTÁRIAS – trabalhando, um detento ou recluso pode 
sofrer quatro tipos de infortúnios: i) acidente típico (traumático); ii) doença do 
trabalho; iii) doença profissional; e, iv) acidente de qualquer natureza ou causa. 
Os três primeiros no exercício de atividade profissional; o último, fora dessa 
atividade (por exemplo, durante o entretenimento esportivo). Durante o transporte de 
ida da cela para a empresa ou desta de volta à cela, poderá ser vítima de acidente. 
São devidos, portanto, o auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez acidentária 
e o auxílio-acidente. 
 
h) AUXÍLIO-RECLUSÃO – o auxílio-reclusão, um direito dos dependentes do preso, 
é o benefício mais polêmico, principalmente por ocasião da fuga ou da percepção de 
remuneração ou benefício. A Lei nº 10.666/03 fornece duas informações: a) o 
benefício é acumulável com a remuneração do presidiário e b) não há direito ao 
auxílio-doença (o legislador esqueceu-se da aposentadoria por invalidez) ou à 
aposentadoria combinada com o auxílio-reclusão. 
i) PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR – a Lei Básica da Previdência Complementar - 
LBPC (LC nº 109/01) não enfoca assinaladamente os presidiários. Entende-se que 
afastado temporariamente da empresa patrocinadora em virtude do recolhimento à 
prisão, ele poderá continuar contribuindo como autopatrocinado com aportes 
mensais que serão materialmente operados pelos seus dependentes. 
 
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Com a internação no presídio, sobrevindo ruptura do vínculo trabalhista, 
pensar-se-á no art. 14, l/IV (autopatrocínio, vesting, portabilidade ou resgate). No 
caso do assistido, continuará auferindo a complementação antes devida. Estando 
em risco iminente, requererá o benefício a qualquer tempo. Nada impede que um 
presidiário filie-se a um plano aberto de previdência complementar. Da mesma 
forma, sacará os valores correspondentes como foi convencionado. 
 
j) SEGURO-DESEMPREGO – enquanto estiver recolhido à prisão e na condição de 
presidiário não há direito a essa prestação securitária; o desempregado vive 
custeado pelo Estado. Se já auferia o benefício, os pagamentos serão suspensos 
com o recolhimento

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