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SAVA 6 2 - Direitos e deveres do preso

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01/06/2023, 16:27 Direitos e deveres do preso
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04036/index.html# 1/56
Direitos e deveres do preso
Prof.ª Luciana Costa Fernandes
Descrição
Análise dos aspectos gerais dos direitos e dos deveres da pessoa no âmbito das execuções penais.
Propósito
Interpretar de maneira contextual e crítica os direitos e os deveres da pessoa em execução penal é um tema
fundamental para a teoria e a prática sobre o sistema de justiça criminal atentas ao compromisso da defesa
de direitos humanos.
Preparação
Antes de iniciar a leitura deste conteúdo, tenha em mãos a Constituição Federal (CF), o Código Penal e Lei
nº 7.210/84.
Objetivos
01/06/2023, 16:27 Direitos e deveres do preso
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Módulo 1
Direitos das pessoas presas em execução penal
Reconhecer os direitos das pessoas em execução penal.
Módulo 2
Deveres das pessoas presas em regime de execução de
pena
Identificar os deveres da pessoa em execução penal.
Módulo 3
Faltas e o poder disciplinar em fase de execução penal
Debater o procedimento de responsabilização por infração ao longo da execução penal.
Na fase da execução penal, falamos no exercício de todo um aparato estatal que implementa o
controle e a disciplina contra os corpos para, em tese, cumprir uma sentença condenatória ou fazer
com que alguém responda a uma instrução penal em situação de prisão cautelar. No período
passado nessas instituições totais, onde os maiores atentados à vida humana são cometidos, torna-
se basilar a construção de todo um arcabouço jurídico-normativo que salvaguarde direitos e imponha
limites ao exercício coativo do Estado.
É nesse sentido que estudaremos, nos limites deste material, a teoria e a prática dos direitos, dos
deveres e do procedimento disciplinar, levando em consideração como o debate dessa temática
Introdução
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https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04036/index.html# 3/56
1 - Direitos das pessoas presas em execução
penal
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os direitos das
pessoas em execução penal.
Ligando os pontos
Você conhece os direitos da pessoa presa em execução penal? Conseguiria aplicá-los de forma correta?
Para entender esses procedimentos na prática, vamos analisar um caso fictício.
precisa passar tanto pela crítica do ordenamento atualmente disponível quanto por uma real defesa
da dignidade e do respeito aos direitos humanos.
01/06/2023, 16:27 Direitos e deveres do preso
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Bárbara foi condenada a cinco anos de pena privativa de liberdade em regime fechado pela suposta prática
de tráfico de drogas. Mesmo tendo ingressado no sistema grávida, o complexo prisional onde ela estava não
tinha uma vaga disponível na unidade materno-infantil (UMI), nem havia ginecologistas para fazer o
acompanhamento de sua gestação.
Quando estava com oito meses de gravidez, ela passou a sentir os efeitos de ter estado todo o tempo
acautelada em celas inóspitas e não ter mais os alimentos e os produtos que sua mãe levava, tendo
contraído uma doença infectorrespiratória grave que lhe fazia temer pela sua vida e pela de seu filho. Além
disso, Bárbara não mantinha contato com qualquer advogado, muito embora, no início da instrução, seus
familiares tivessem contratado um profissional para pedir a revogação de sua prisão.
Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos?
Questão 1
Alguns dos direitos expressamente previstos na Lei de Execução Penal (LEP) foram violados pela
situação narrada. Após a sua análise, qual das alternativas a seguir, sabendo que ela está prevista na
LEP, é a correta?
A Constituição de pecúlio.
B Entrevista pessoal e pública com o advogado.
C Visita do cônjuge, da companheira, dos parentes e dos amigos diariamente.
D Assistência material, à saúde e jurídica.
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Parabéns! A alternativa D está correta.
Segundo o artigo 41, VII, da LEP, o pecúlio não foi explorado no caso. Além disso, as demais alternativas
apresentam imprecisões em comparação à redação dessa lei, pois a entrevista com advogado deve ser
reservada. Já a visita é em dias determinados, enquanto a igualdade é salvaguardada quanto às
exigências da individualização da pena. Dessa forma, a resposta correta é a alternativa D, sendo um
direito das pessoas em restrição de liberdade a assistência de material e o atendimento médico e
jurídico, conforme previsto no artigo 41 da LEP.
Questão 2
Ao analisar as alternativas adiante, marque a que você entende como correta em relação à disposição
sobre a forma como o direito à assistência jurídica poderia ter sido contemplado.
E Igualdade irrestrita de tratamento.
A
Trata-se de um caso que descreve uma situação de vulnerabilidade jurídica presumida
ante as graves denúncias descritas e que atrai a possibilidade de atuação da Defensoria
como órgão da execução penal.
B
Em caso de inexistência formal da instituição da Defensoria Pública, cabe ao Ministério
Público a assistência jurídica da apenada.
C
Segundo o Título III, Capítulo IX, da LEP, à assistência jurídica caberia zelar pelos direitos
e requerer a regularidade exclusivamente quantitativa da pena.
D
Embora não seja um órgão da execução penal, caberia à Defensoria Pública assumir o
caso a fim de reverter o estado de violações suportado por Bárbara.
E
Uma vez presumida a representação válida do advogado particular, à Defensoria Pública
não caberia atuar, dependendo o peticionamento de uma renúncia formalizada nos
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Parabéns! A alternativa A está correta.
Em caso de inexistência da Defensoria, cabe a nomeação de advogados dativos. Além disso, a
assistência jurídica também tem como objeto a regularidade qualitativa da pena. Já a Defensoria é um
órgão da execução penal: cabe a sua atuação em toda situação de presumida vulneração, como a
descrita pelo enunciado, independentemente da renúncia formalizada. Dessa forma, a resposta correta
é a alternativa A, porque, conforme o caso da Bárbara se desenvolveu, se ela possuísse uma defesa
mais aproximada, com entrevista pessoal e reservada com um advogado, consequentemente teria
gozado os direitos de proteção contra qualquer forma de sensacionalismo e todos os outros que
estavam em seu direito e não foram usufruídos.
Questão 3
Ao analisar a situação experenciada por Bárbara, diga, para você, o que afeta o princípio da transcendência
mínima da pena e que normativas podem ter sido violadas pela gestão prisional.
Digite sua resposta aqui
Exibir solução
Vários são os fatores que afetam o princípio da transcendência mínima da pena e a violação de
normativas, como, por exemplo, a escolha da geografia distante, o horário de visitação impróprio, a
prática da revista vexatória e a inexistência de local para visitas íntimas. Esses fatores impactam no
princípio e violam os seguintes artigos: 5º, LXIII, da CF; 41, VI, VII, X e XV, da LEP; e 1º e 2º da
Resolução CNPCP nº 5/2014.
autos.
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Direitos das pessoas ao longo da execução
penal
Notas gerais
Você já sabe que a responsabilização criminal e a consequente imposição de uma sanção penal implicam
um sequencial de violações a direitos que tem como centro, por exemplo, a liberdade. Diante desse conjunto
de possíveis atentados à dignidade que uma pessoa sofre ao passar por uma persecução penal, o legislador
prevê uma série de direitos explicitamente resguardados.
O artigo 3º da Lei de Execução Penal (LEP) começa a trabalhar o tema replicando aquilo o que, em uma
primeiraleitura, pode parecer óbvio, embora represente exatamente a base mais fundamental dessa
matéria:
Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos
não atingidos pela sentença ou pela lei.
(BRASIL, 1984)
O próprio Código Penal, no artigo 38, já trazia desde antes uma disposição similar ao prever que o “preso
conserva todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade, impondo-se a todas as autoridades o
respeito à sua integridade física e moral” (BRASIL, 1940). Por isso, segundo o artigo 185 da LEP, o excesso
ou o desvio de execução ocorrerá “sempre que algum ato for praticado além dos limites fixados na
sentença, em normas legais ou regulamentares” (BRASIL, 1984).
Essa é justamente a pedra de toque dos direitos da pessoa em matéria de execução penal. Ela, afinal, está
intimamente relacionada com o princípio da legalidade e do ne bis in idem: uma pessoa só pode, em tese,
sofrer os impactos que sejam uma decorrência direta e exata dos termos fixados na sentença em normas
legais ou regulamentares (CARVALHO, 2020).
Atenção!
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É preciso grifar com atenção essa regra, pois, muito embora haja um título específico dedicado a tais
direitos (Seção II da LEP), o qual abordaremos mais à frente, os termos da redação de cada um são vagos e
incompletos. Além disso, deve-se atentar para o fato de que muitos desses direitos têm previsão em normas
de status internacional.
Esse é o caso dos seguintes regramentos:
Regras mínimas das Nações Unidas para o tratamento de presos;
Regras mínimas para o tratamento do preso no Brasil;
Regras penitenciárias europeias;
Regras de Bangkok;
Regra regulamentar com resoluções e portarias importantes que regem tais assuntos em âmbito local e
nacional.
O rol desses direitos encontra-se especificamente nos artigos 40 e 41 da LEP (BRASIL, 1984):
Impõe-se a todas as autoridades o respeito à integridade física e moral dos condenados e dos
presos provisórios.
Constituem direitos do preso:
I. alimentação suficiente e vestuário;
II. atribuição de trabalho e sua remuneração;
III. Previdência Social;
IV. constituição de pecúlio;
V. proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a recreação;
VI. exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde que
compatíveis com a execução da pena;
Art. 40 
Art. 41 
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VII. assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa;
VIII. proteção contra qualquer forma de sensacionalismo;
IX. entrevista pessoal e reservada com o advogado;
X. visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados;
XI. chamamento nominal;
XII. igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da individualização da pena;
XIII. audiência especial com o diretor do estabelecimento;
XIV. representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de direito;
XV. contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros meios
de informação que não comprometam a moral e os bons costumes.
XVI. atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da responsabilidade da autoridade
judiciária competente. (Incluído pela Lei nº 10.713, de 2003)
Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X e XV poderão ser suspensos ou restringidos
mediante ato motivado do diretor do estabelecimento.
Todos eles importam e fixam a execução penal nos limites do estado democrático de direito, mas, para fins
pedagógicos, selecionamos alguns dos mais importantes para trabalharmos em blocos com afinidade
temática.
Direitos das pessoas na execução penal
Neste vídeo, você verá uma apresentação geral dos direitos das pessoas ao longo da execução penal.

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Direitos em execução penal: saúde e
convívio social
Direitos relacionados à saúde
A saúde da pessoa em execução de pena está contemplada, entre outros lugares do nosso ordenamento, no
artigos 40 e nos incisos I e VII do artigo 41 da LEP. Assevera-se nesse ponto que o Estado precisa cuidar de
todos os aspectos da saúde da pessoa acautelada:
O físico
O emocional
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O psicológico
É nesse ponto que ocorrem debates, por exemplo, sobre:
Qualidade de alimentação.
Racionamento de água.
Atenção às condições de salubridade do ambiente que impactam na saúde física e moral
(como, entre outros exemplos, ventilação, luminosidade, condicionamento térmico,
capacidade, acesso a sanitários e itens de higiene pessoal).
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Tais condições precisam ser atendidas em todo complexo penitenciário e em seus equipamentos. É isso o
que acontece com os transportes responsáveis pelo deslocamento da pessoa acautelada, por exemplo, para
receber um atendimento médico ou comparecer a uma audiência, destaca o MEPCT/RJ (2020).
São inúmeros os relatos de desrespeito às condições básicas concernentes aos múltiplos espectros da
saúde. Elencaremos alguns modos de coerção:
Superlotação;
Falta de profissionais da saúde para atendimentos emergenciais;
Presídios em condições inóspitas e repletos de infiltração e pragas;
Celas que não dispõem de dormitórios ou sequer de sanitários;
Fornecimento irregular de quentinhas de alimentação e, muitas vezes, até com alimentos vencidos;
Transporte feito em ônibus sem condições mínimas de ventilação, assim como o uso excessivo de
algemas ao longo dos trajetos.
Atenção com a integridade psicológica e emocional (um exemplo é o uso autoritário de meios
de coerção, como as algemas).
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Quanto à disciplina das algemas, aliás, são plenamente aplicáveis, ao longo da execução penal, os termos
da excepcionalidade de seu uso delimitados pela Súmula Vinculante 11 do Supremo Tribunal Federal (STF):
Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de
fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou
de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de
responsabilidade disciplinar, civil e penal, do agente ou da autoridade e de
nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da
responsabilidade civil do Estado.
(SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, 2008)
Populações que precisam de alguma atenção especial à saúde biopsicológica também são extremamente
violadas. Esse é o caso dos seguintes grupos:
Soropositivos;
Que enfrentam algumas infecções sexualmente transmissíveis (ISTs);
Com doenças infectocontagiosas;
Em tratamento de patologias que necessitam de acompanhamento, como as broncorrespiratórias, as
cardíacas e as neurológicas;
Transexuais que fazem uso de hormônio;
Mulheres em situação de gestação;
Idosas e idosos.
Segundo o MEPCT/RJ (2020), aqui também se destacam:
As condições dos hospitais psiquiátricos, cujas denúncias recaem sobre uma medicalização excessiva;
A ausência de atividades multidisciplinares e de outras condições pautadas pela agenda da reforma
antipsiquiátrica;
O uso excessivo de recursos de coação;
O abandono.
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Direitos relacionados ao convívio social
Um dos mais basilares em matéria de execução penal, o princípio da transcendência mínima da pena nos
informa que os efeitos de uma sanção criminal devem restringir-se à pessoa que agiu com a culpabilidade
em um fato comrelevância penal. Mas é quase impossível que tais impactos não recaiam contra todo o
círculo social da pessoa e especialmente contra aquelas/es que mantêm um vínculo afetivo de maior
proximidade com ela.
As condições de manutenção do convívio social, além disso, são imprescindíveis para o resguardo da
intimidade e da integridade psicológica das pessoas segregadas de sua liberdade, sendo inclusive a
assistência familiar um direito de natureza constitucional (art. 5º, LXIII, CF).
Em suma, a vida social muitas vezes se apresenta como um ponto de apoio e esperança a partir do qual a
vida, mesmo entre muros, passa a fazer sentido, o que justifica a urgência da matéria. Os direitos aqui
tratados informam sobre esse conjunto de relações.
Exemplo
No artigo 41, VI, VII, X e XV, da LEP, eles expressam a necessidade de se garantir que, em espaços prisionais,
o Estado possibilite condições mínimas para que relacionamentos não se desfaçam.
Desse modo, são decorrências e direitos fundamentais implicados por tal conjunto:
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Violações costumazes estão colocadas, por exemplo, no emprego da proibição ou da restrição de visita
como forma de sanção disciplinar (arts. 41, parágrafo único, e 53, III, da LEP). Isso precisa ser urgentemente
debatido, pois ainda compõe o rol de possibilidade de sanções disciplinares.
O mesmo ocorre com:
O regime disciplinar diferenciado
Ele torna possível que todo espaço de convívio de alguém seja completamente excluído, manifestando-se
como pena cruel a despeito da proibição constitucional (art. 5º, XLVII, CF) às limitações da prisão domiciliar.
As revistas vexatórias
Mesmo muito combatidas, as revistas manuais são permitidas pelo ordenamento, mas, segundo a
normatividade, devem restringir-se a casos excepcionais (art. 1º, parágrafo único, da Resolução CNPCP nº
A escolha da geografia de alocação dos presídios, isto é, que eles sejam em locais não tão
distantes dos centros e acessíveis por transporte público;
A gestão dos períodos de visitação para possibilitar às pessoas que laboram conciliar os
turnos de trabalho e de visita, assim como dos procedimentos correlatos a tal gestão;
A visita íntima, importante para qualquer forma de relacionamento afetivo e para a saúde
sexual das pessoas envolvidas;
A possibilidade de saídas temporárias (art. 122 e seguintes da LEP), especialmente em datas
culturalmente importantes, como Natal e Dia das Mães e dos Pais.
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5/2014).
A revista é um caso paradigmático, uma vez que, na prática, muitas direções das instituições totais tornam
sua prática uma regra e impõem condições absolutamente degradantes às/aos visitantes.
Exemplo
Obrigatoriedade de nudez (parcial ou total) e ordem para que eles fiquem em posições constrangedoras sob
o pretexto de fiscalização da entrada de materiais ilícitos e/ou proibidos.
O artigo 2º da Resolução CNPCP nº 5/2014 veda a prática do exemplo, assim como diversas outras
portarias em âmbito local/regional.
Ela constitui uma das violações aos direitos humanos que mais afronta
o direito à manutenção das relações sociais da pessoa acautelada.
Direitos em execução penal: identidade e
trabalho
Direitos relacionados à identidade
São muitos os efeitos a nível identitário da chamada prisionização, que impacta na forma como a pessoa
percebe a si mesma, bem como todo o círculo social dela. Nas instituições totais, existem inúmeros
mecanismos de disciplina e controle que contribuem para que ela deixe de se entender como alguém que
guarda uma individualidade, uma história e uma cultura que não se limitam ao que ela cometeu no passado.
Tais mecanismos também são parte essencial do projeto de encarceramento em massa da
contemporaneidade (GOFFMAN, 1988; GODOI, 2011). Desse modo, medidas que asseguram a preservação
da intimidade e da identidade são urgentes, mesmo que sua atuação se dê de diferentes formas em
determinados grupos.
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São, afinal, agendas de proteção desse conjunto de direitos aquelas que tutelam sobretudo o direito da
população LGBTQIA+, por exemplo. Nesse caso, são colocadas em pauta:
A necessidade da preservação do cabelo e do uso de roupas, inclusive íntimas, conforme o gênero (art. 5º
da Res. Conj. CNPCP/CNCD nº 1/2014);
A visita íntima, mesmo com internos ou internas de outros estabelecimentos penais (Portaria MJ nº
1.190/2008, Resolução CNPCP nº 4/2011 e art. 6º da Res. Conj. CNPCP/CNCD nº 1/2014);
O direito à não transferência compulsória entre celas e alas ou quaisquer outros castigos ou sanções em
razão da condição de pessoa LGBTQIA+ (art. 8º da Res. Conj. CNPCP/CNCD nº 1/2014).
Direitos relacionados ao trabalho
Em uma sociedade capitalista, crescemos nos relacionando com a importância do trabalho em diferentes
níveis além do aspecto material. É desde essa perspectiva que o labor da pessoa presa, como direito e
garantia social (art. 6º da CF), além de um direito humano constante da Declaração universal dos direitos
humanos, tem de emergir.
Comecemos pela natureza do trabalho de pessoas em situação de cárcere. Trata-se de um ponto de
divergência entre autores, porque muitos deles oscilam entre o entendimento de se tratar de:
Direito
Art. 41, II, da LEP
Dever

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Art. 39 da LEP
Uma das consequências da adesão ao segundo entendimento (constituir um dever) é sujeitar a pessoa que
não queira desempenhar algum labor a um procedimento administrativo disciplinar – que será objeto de
nosso estudo mais à frente – e de inevitavelmente implicar a adesão ao “trabalho forçado”, o que, aliás, é
vedado constitucionalmente (art. 5º, XLVII, CF).
Trata-se também de uma posição que desconsidera a importância (a nível cultural, social e identitário) do
trabalho, relegando-o a uma mera obrigação, e que, portanto, pelo contraste com todo o viés humanitário e
constitucional do trabalho, tem ressoado pouco (CARVALHO, 2020).
Outra condição a ser pontuada é que a LEP, ao afirmar que as normas da Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT) são inaplicáveis nesses casos, não reconhece o caráter de relação de trabalho (art. 28, §2º, da LEP).
Não obstante, isso não afasta toda uma sistemática de proteção que deve alcançar todas as pessoas,
incluindo-se as segregadas de sua liberdade. Nesse sentido, é defensável que todas as normas do art. 7º da
CF sejam aplicáveis, sendo necessário inclusive corrigir as discrepâncias da legislação infraconstitucional.
Exemplo
É o caso da remuneração, cujo artigo 29 da LEP, de modo inconstitucional, prevê que ela tenha valor inferior
ao do salário-mínimo (ROIG, 2020, p. 176).
Segundo a LEP, em consonância com as Regras mínimas das Nações Unidas para o tratamento de presos, o
trabalho precisa ser exercido na medida das aptidões e da capacidade do preso (art. 31 da LEP). A
normativa internacional é até bastante farta na agenda de ampliar a oferta de trabalhos com potencial de
efetivamente se conectar com as demandas das diferentes pessoas que ocupam os cárceres.
Mesmo assim, o direito ao trabalho é um dos principais itens de denúncia por parte da população presa no
Brasil. Reunimos alguns deles a seguir:
A oferta de cargos de trabalho é baixa;
O salário – quando existente – é ínfimo;
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Além disso, os trabalhos, em geral, são repetitivos e pouco agregam a nível cultural e educacional. Muitas
vezes, eles espelham somente a inserção do capital, que está interessado em baixar o custo de seus
produtos por meio da exploração da mão deobra de pessoas encarceradas na gestão pública prisional.
Mesmo com a baixa oferta, o trabalho pode remir a pena. Tal cálculo precisa ser feito em dias, apontam os
artigos 33 e 126, §1º, II, da LEP. Essa característica tem gerado um intenso debate, já que a falta de vagas
faz com que poucas pessoas possam efetivamente usufruir do direito à remição.
Tal realidade ainda abre um espaço para o longo colóquio – que apenas pontuaremos – sobre a
possibilidade do trabalho externo (art. 37 da LEP). Trata-se, portanto, de mais um direito que precisa de
atenção por conta da tendência de seu esvaziamento na atual conjuntura.
Direitos em execução penal: assistência
jurídica
Direitos relacionados à assistência jurídica
A assistência jurídica é o último rol de direitos não afetados e previstos que veremos, sendo certo que, no
campo criminal, ela tem a Defensoria Pública como a principal legitimada. Instituição que recebe disciplina
própria no Título III, Capítulo IX, da LEP, o órgão da execução penal tem como função, em termos gerais,
zelar pelos direitos e requerer a regularidade quantitativa ou qualitativa da pena (art. 186 da LEP).
Há poucas modalidades de labor que a gestão pública tende a possibilitar.
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Há ainda o dever de atuação em âmbito coletivo e individual, inclusive em qualquer caso em que haja um
patrocínio particular. No entanto, isso se dá em face de desídia, como aponta Roig:
Além da função primária de defesa dos interesses dos egressos necessitados,
caberá ainda à Defensoria Pública, na qualidade de órgão da execução penal
(art. 61, VIII, da LEP) e em cumprimento do objetivo de conferir efetividade aos
direitos humanos (art. 3º-A, III, da Lei Complementar nº 80/1994) e da função
institucional de exercer a defesa dos interesses individuais e coletivos de
grupos sociais vulneráveis que mereçam proteção especial do Estado (art. 4º,
XI, da Lei Complementar nº 80/1994), atuar em defesa de todos os apenados
que se encontrem em situação de vulnerabilidade, inclusive jurídica.
(ROIG, 2020, p. 300)
Nas comarcas onde a instituição não estiver organizada, a nomeação de defensores dativos se revelará uma
medida fundamental, sendo indelegável a assistência jurídica, integral e gratuita (art. 16, LEP). Em última
linha, a garantia da assistência judiciária, incluída como direito, representa o reconhecimento por parte do
legislador de que o amparo legal de um/a advogado/a implica a possibilidade de uma pessoa em situação
de cárcere ver-se mais perto da fruição da sua liberdade e de diversos outros direitos capturados pelas
instituições totais.
Por isso, também é imprescindível garantir como práxis a sua atuação plena, independente e engajada,
ficando ela muito além das previsões legais que reiteradamente vêm sendo esvaziadas.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
(DPE/RR - 2021) São direitos do preso expressamente previstos na Lei de Execução Penal:
A Previdência Social e visita íntima homoafetiva.
B banho de sol de, pelo menos, seis horas e constituição de pecúlio.
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Parabéns! A alternativa E está correta.
Embora as demais alternativas também constituam, em vários casos, itens importantes para a tutela da
dignidade da pessoa em execução, estando muitos deles elencados na legislação (art. 41, XI e XII, LEP),
somente os dois itens da alternativa E estão literalmente previstos no art. 41, I e VIII, da LEP.
Questão 2
Sobre o trabalho da pessoa apenada, é correto afirmar que:
C chamamento numérico e igualdade de tratamento.
D obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva se relacionar.
E proteção contra qualquer forma de sensacionalismo e alimentação suficiente.
A
tem natureza exclusiva de dever, sendo forma de custeio dos gastos que a pessoa
acautelada representa para o Estado.
B
como direito e garantia social, o trabalho deve ser exercido na medida das aptidões e da
capacidade do preso.
C tem natureza ambivalente, embora não seja possível a remição da pena pelo trabalho.
D não obstante sua natureza dúplice, é inaplicável a disciplina do art. 7º da CF.
E
sem equivalência na disciplina de direito internacional e direitos humanos, o trabalho
constitui uma obrigação exclusivamente explorada pela legislação interna.
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Parabéns! A alternativa B está correta.
O trabalho tem natureza eminentemente de direito, muito embora haja quem defenda, nos termos da
LEP, que ele também configura um dever. Ele é uma matéria explorada em diversos acordos de direitos
humanos, confere direito à remição da pena e atrai a disciplina do artigo 7º da CF.
2 - Deveres das pessoas presas em regime de
execução de pena
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os deveres da pessoa
em execução penal.
Ligando os pontos
Você sabia que há deveres que recaem sobre as pessoas presas em regime de execução penal? Sabe
identificar quais são eles? Para entender esses procedimentos na prática, analisaremos a seguir um caso
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fictício.
Bruno estava cumprindo pena privativa de liberdade quando soube que seus companheiros de cela estavam
planejando um ato coletivo de fuga. Temeroso com alguma retaliação, inclusive porque soubera de casos
parecidos que resultaram na morte dos delatores, ele não comunicou às autoridades e aguardou a data
próxima do Dia dos Pais, na qual teria direito à saída temporária, a fim de retornar um dia depois do prazo
regulamentar justamente para não estar no presídio no dia da fuga.
Desconfiado das movimentações, um agente penitenciário começou a constrangê-lo, mantendo-o algemado
como forma de coação e exigindo que ele trabalhasse na limpeza dos espaços compartilhados do
complexo por 10 horas diárias. No dia anterior ao da saída, ele recusou-se a ser algemado, assim como a
trabalhar, exigiu uma oitiva com as autoridades e, depois de explicar-se ao diretor, manteve o direito à saída.
O movimento de fuga, como estava previsto, aconteceu. Por Bruno não comunicar o plano coletivo e
retornar após o dia regulamentar, foi aberto um procedimento administrativo por ele ter supostamente
descumprido deveres previstos na legislação.
Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos?
Questão 1
Sobre o “dever de obediência ao servidor”, algo por trás da situação vivida por Bruno e previsto no
ordenamento jurídico, marque a alternativa correta.
A
Pela ausência de equivalente na LEP, é inaplicável a disciplina das excludentes, inclusive
de culpabilidade, ao longo da execução penal.
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Parabéns! A alternativa D está correta.
O dever de obediência está previsto em alguns incisos, mas especialmente no artigo 39, II, da LEP,
sendo exigido também das pessoas presas provisoriamente, como dispõe o parágrafo único desse
artigo. A disciplina das excludentes, embora sem previsão expressa, vem sendo aplicada aos
procedimentos em fase de execução, inclusive para contemplar o princípio da analogia in bonan partem.
Questão 2
Como você pôde observar, o caso descrito coloca em perspectiva alguns deveres da pessoa em
execução penal. Sobre o tema, assinale a alternativa correta.
B
O dever de obediência está exclusivamente previsto no inciso VI do artigo 39 da LEP,
segundo o qual é dever da pessoa condenada a “submissão à sanção disciplinar
imposta”.C
Embora não previsto expressamente pela LEP, extrai-se o dever das normativas
internacionais e da razão de controle e disciplina do Código Penal.
D
Nenhuma pessoa pode, em um estado democrático de direito, ser constrangida a
obedecer ordem ilegal e/ou atentatória à dignidade humana.
E O dever de obediência está ressalvado aos presos provisórios.
A
É inescusável o descumprimento do dever de manter conduta oposta aos movimentos
individuais ou coletivos de fuga.
B
O uso de algemas, mesmo na fase de execução, deve estar circunscrito à
excepcionalidade e aos termos da Súmula Vinculante 11.
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Parabéns! A alternativa B está correta.
Aplica-se à disciplina dos deveres as escusas também denominadas excludentes. Por isso, o caso
descrito ilustra um possível excludente de culpabilidade. O trabalho é dever e direito, estando limitado
pela própria LEP quanto à jornada, conforme o artigo 33. Por fim, é ilegal o uso de algemas de modo
abusivo, sendo plenamente aplicáveis os limites da Súmula Vinculante 11.
Questão 3
Alguns tribunais, inclusive o STJ, vêm opinando sobre a fuga como o descumprimento de um dever da
pessoa em execução e o atraso no retorno de, por exemplo, saídas temporárias. Analise o caso de Bruno
considerando tal divergência.
Digite sua resposta aqui
Exibir solução
Muito embora haja, em tese, uma infringência do artigo 39, IV, os tribunais têm revisto os
procedimentos administrativos que consideram como fuga o atraso irrisório e os casos em que a
C
O trabalho da pessoa presa, como possui natureza exclusiva de dever, não está limitado
a qualquer interpretação que possa aludir à disciplina do limite temporal da jornada de
trabalho.
D
Pela previsão normativa, a “execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas” é
um dever intransponível.
E
Em virtude da situação de acautelamento, torna-se possível, de modo injustificado, o uso
de algemas para garantia da segurança.
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demora no retorno seja justificada (como a do caso apontado, já que Bruno tinha a intenção de
preservar-se frente ao movimento das pessoas de sua cela).
Deveres das pessoas ao longo da execução
penal
Notas gerais
O Capítulo IV, Seção I, da LEP, é dedicado aos chamados “deveres” da pessoa em execução penal. Os dois
artigos que regulam a matéria preveem que (BRASIL, 1984):
Cumpre ao condenado, além das obrigações legais inerentes ao seu estado, submeter-se às normas
de execução da pena.
Constituem deveres do condenado:
I. comportamento disciplinado e cumprimento fiel da sentença;
II. obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva relacionar-se;
III. urbanidade e respeito no trato com os demais condenados;
IV. conduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos de fuga ou de subversão à ordem ou à
disciplina;
V. execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas;
VI. submissão à sanção disciplinar imposta;
Art. 38 
Art. 39 
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VII. indenização à vitima ou aos seus sucessores;
VIII. indenização ao Estado, quando possível, das despesas realizadas com a sua manutenção,
mediante desconto proporcional da remuneração do trabalho;
IX. higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento;
X. conservação dos objetos de uso pessoal.
Parágrafo único. Aplica-se ao preso provisório, no que couber, o disposto nesse artigo.
Apresentado anteriormente, o estado de violações dos direitos das pessoas acauteladas deveria, ao menos
em tese, relativizar bastante a matéria dos “deveres”. Não obstante, ele ainda recai em uma prática muito
normativista e que reproduz as lógicas de vigilância e controle que a matéria pode induzir, principalmente
em virtude dos efeitos disciplinares do descumprimento de cada dever.
Tomando em conta essa contextualização – e sem perder a possibilidade de uma leitura crítica que paute
uma agenda constitucional da LEP –, apresentaremos adiante os principais itens desse rol de deveres.
Deveres da pessoa presa
Neste vídeo, uma especialista discorre acerca da existência de deveres aos presos, esclarecendo sobre os
deveres de obediência e os itens de controle.
Dos deveres de obediência e dos itens de
controle

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O art. 39, II, primeira parte, da LEP, menciona o dever de “obediência” que as pessoas em regime de
execução penal devem ter aos servidores em geral. É importante notar que o legislador sequer qualifica a
ordem, mas deve-se notar que até mesmo o Código Penal prevê um excludente de culpabilidade em virtude
do descumprimento de ordem manifestamente ilegal nos casos de obediência hierárquica.
Esse raciocínio replica a possibilidade de, em um regime democrático, haver uma contestação, de forma
geral, de comandos em descompasso com o ordenamento jurídico constitucional. Como aponta Rodrigo
Roig (2020, p. 192), a obediência a qualquer ordem, sem que dela se extraia qualquer atributo, “se
assemelha ao art. 79 do regulamento carcerário fascista da Itália, de 1931, o qual estabelece, entre outros, o
dever de pronta e respeitosa obediência”.
Na mesma linha caminha o inciso V, que impõe a “execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas”
(BRASIL, 1984). Aqui os apontamentos anteriores também são válidos, merecendo destaque a primeira
parte, já que o trabalho no ambiente prisional é um direito (e não um dever), mesmo porque a nossa
Constituição Federal (CF) garante como direito fundamental o trabalho livre (art. 5º, XIII) e veda a pena de
trabalho forçado (art. 5º, XLVII, c).
Dessa forma, a própria LEP prevê alguns limites expressos que sempre precisam ser respeitados (BRASIL,
1984):
O trabalho do condenado, como dever social e condição de dignidade humana, terá finalidade
educativa e produtiva.
§1º Aplicam-se à organização e aos métodos de trabalho as precauções relativas à segurança e à
higiene.
§2º O trabalho do preso não está sujeito ao regime da Consolidação das Leis do Trabalho.
Art. 28 
Art. 31 
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O condenado à pena privativa de liberdade está obrigado ao trabalho na medida de suas aptidões e
capacidade.
Parágrafo único. Para o preso provisório, o trabalho não é obrigatório e só poderá ser executado no
interior do estabelecimento.
Na atribuição do trabalho deverão ser levadas em conta a habilitação, a condição pessoal e as
necessidades futuras do preso, bem como as oportunidades oferecidas pelo mercado.
§1º Deverá ser limitado, tanto quanto possível, o artesanato sem expressão econômica, salvo nas
regiões de turismo.
§2º Os maiores de 60 (sessenta) anos poderão solicitar ocupação adequada à sua idade.
§3º Os doentes ou deficientes físicos somente exercerão atividades apropriadas ao seu estado.
A jornada normal de trabalho não será inferior a 6 (seis) nem superior a 8 (oito) horas, com descanso
nos domingos e feriados.
Parágrafo único. Poderá ser atribuído horário especial de trabalho aos presos designados para os
serviços de conservação e manutenção do estabelecimento penal.
É importante perceber como essa definição da natureza do trabalho da pessoa em execução penal
conforma a percepção que temos de seus direitos. A defesa de um “dever de trabalho” imporia uma
objetificação dos sujeitos, já que a dispensa do consentimento acaba por desprezar a própria relação
subjetiva que temos com o labor, implicando uma verdadeira “obrigação” que pode tornar ainda mais
doloroso o tempo da restrição de direitos.
Seu efeito seria como o sancionamento duplo para uma pessoa que se
recusasse por qualquermotivo a trabalhar, o que parece inadmissível
em um estado democrático de direito.
Art. 32 
Art. 33 
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Vale dizer ainda que, como direito, o trabalho não deve ser estressante ou aplicado em regime de escravidão
ou servidão (regra 97 das novas Regras mínimas das Nações Unidas para o tratamento de presos), tendo de
ser exercido na medida das aptidões e da capacidade do preso (art. 31 da LEP).
Essa normativa internacional inclusive tem importantes considerações sobre o trabalho durante a execução
penal, conectando-se, assim, com uma visão prospectiva e humanitária do labor:
Regra 98
1. Quando possível, o trabalho realizado deve manter ou aumentar a habilidade dos presos para
que possam viver de maneira digna após sua liberação;
2. Os presos devem receber treinamento vocacional em profissões úteis, das quais possam tirar
proveito, especialmente os presos jovens;
[...]
Regra 99
1. A organização e os métodos de trabalho nas unidades prisionais devem ser os mais parecidos
possíveis com aqueles realizados fora da unidade, para, dessa forma, preparar os presos para as
condições de uma vida profissional normal.
(ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, s.d.)
A realidade da oferta dos trabalhos nos espaços prisionais é bastante diversa das já apontadas, pois, em
geral, são escassas aquelas vagas relacionadas a trabalhos precarizados em nossa sociedade, desvelando
o quanto os cárceres conformam a manutenção do sistema de perpetuação das hierarquizações em nossa
sociedade. Por conta disso, a defesa do direito a trabalhos que possam romper com tal estado de coisas
também é urgente para qualquer proposta de redução de danos nas instituições totais.
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Dos deveres com as demais pessoas e de
indenização
Dos deveres com as demais pessoas em
execução
Na segunda parte do artigo 39, II, da LEP, existe o dever de “respeito a qualquer pessoa com quem deva
relacionar-se”, que está conectado com o inciso III sobre a “urbanidade e respeito no trato com os demais
condenados” (BRASIL, 1984). Encontra-se aqui mais uma manifestação do viés tutelar da lei, demandando
que a convivência a população acautelada seja, em termos bastante abstratos, “respeitosa”.
Sempre é preciso lembrar que tais incisos amparam a resposta disciplinar que o poder público pode ter
diante de qualquer alegação de afronta. Por isso, sua redação vaga é extremamente problemática.
Exemplo
A afronta à convivência harmoniosa, em termos muito abertos, poderia ensejar desde o sancionamento
disciplinar de pequenas discussões até brigas que resultam em violações à saúde e à integridade física,
cabendo à estrutura inteira do sistema penitenciário e à do Judiciário a aferição da razoabilidade com a qual
a direção está lidando com a interferência na sociabilidade das pessoas em execução penal.
Em termos gerais, o que se espera, a partir dessa normativa, é poder gerir o controle da forma pública com
que a convivência entre pessoas em situação de restrição de liberdade passa a ter.
O inciso IV fala sobre a necessidade de se manter “conduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos
de fuga ou de subversão à ordem ou à disciplina” (BRASIL, 1984), o que também pode ser criticado, uma vez
que enseja a resposta estatal àqueles que não sejam delatores dos possíveis movimentos de insurgência
e/ou fuga, ainda que, como se sabe, a não adesão ou a denúncia possa ser uma questão de vida e morte.
Dos deveres de indenização
01/06/2023, 16:27 Direitos e deveres do preso
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Os incisos VII e VIII do artigo 39 da LEP abordam o dever de indenização: no primeiro caso, à vítima do
crime; no segundo, ao próprio Estado. A indenização da pessoa que figura como sujeito passivo de um ato
em conflito, segundo a lei, é matéria que tem de estar resguardada pela ampla defesa e pelo contraditório
(art. 5º, LV). Por conta disso, ela precisaria estar circunscrita aos direitos que apenas uma instrução própria
– nesse caso, atinente ao juízo cível – deveria trazer.
Comentário
A tratativa do assunto como um “dever” também precisa ser criticada, mesmo porque isso poderia ensejar
reparação automática que não pode ser negada a ninguém em um estado democrático.
Quanto à indenização do Estado, “não há sentido em se cobrar da pessoa presa a estadia em um sistema
que lhe é imposto por força da sentença condenatória para o cumprimento de uma política pública definida
pelo Estado” (ROIG, 2020, p. 194). Nesse caso, chega-se à escatologia de cogitar a possibilidade de
demandar de alguém que financie a restrição dos vários espectros da dignidade humana.
Esses são os principais itens referentes à disciplina de deveres, a qual, como frisamos, inaugura a
possibilidade de agir do Estado para impor as sanções disciplinares. Mais adiante, conheceremos seus
principais procedimentos.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Aponte a alternativa correta sobre o trabalho da pessoa em execução penal.
A
O trabalho também será obrigatório para o preso provisório e só poderá ser executado
no interior do estabelecimento.
B
A jornada normal de trabalho não será inferior a 4 nem superior a 8 horas, com
descanso em domingos e feriados.
C
Não há ressalvas trazidas pela LEP ao trabalho das pessoas com deficiência, o que fica
a cargo de um estatuto próprio.
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Parabéns! A alternativa D está correta.
O trabalho da pessoa presa provisoriamente não é obrigatório, segundo o artigo 31 da LEP. Já a jornada
de trabalho para as pessoas presas é de 6 a 8 horas (artigo 33) e não é regulamentado pela CLT. A LEP,
no artigo 33, §3º, ressalva o trabalho das pessoas com deficiência. Com isso, a resposta correta é a
alternativa D: de acordo com a redação do artigo 28 da LEP, o trabalho da pessoa em execução penal
deve ser entendido como direito, e não dever, pois se defende um trabalho livre que garanta dignidade e
faça o condenado se sentir parte da sociedade, tendo como resultado disso um trabalho com uma
finalidade educativa e produtiva.
Questão 2
Indique a alternativa correta a respeito das indenizações previstas como deveres à pessoa acautelada.
D O trabalho do condenado, como dever social e condição de dignidade humana, terá uma
finalidade educativa e produtiva.
E
O trabalho do preso não está sujeito ao regime da Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT).
A
É incontestável que a indenização à vítima ou aos seus sucessores deve ser erigida à
condição de dever e arcada inclusive pelos sucessores em caso de falecimento do
executando.
B
É controversa a natureza de dever da indenização da vítima, pois ela depende de
circunstâncias alheias à execução da pena e que necessitam do debate e das garantias
próprias da esfera cível.
C
O entendimento da indenização da vítima como dever não esbarra na impossibilidade
constitucional da prisão por dívida fora das hipóteses previstas no art. 5º, LXVII, da
Constituição de 1988.
D
É inegável a constitucionalidade do dever de indenização ao Estado, quando possível,
das despesas realizadas com a sua manutenção mediante desconto proporcional da
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Parabéns! A alternativa B está correta.
As referidas indenizações são extremamente controvertidas. Em primeiro lugar, à vítima, porque esbarra
na necessidade de se implementar mediante o contraditório e a ampla defesa próprios da esfera cível.
Em segundo lugar,ao Estado, pois trata-se de despesas alheias impostas à vontade da pessoa em
execução. Muitas vezes erigidas sob erro judiciário, elas emplacariam a impossibilidade constitucional
da prisão por dívida caso fossem efetivadas ao longo dessa fase.
3 - Faltas e o poder disciplinar em fase de
execução penal
Ao �nal deste módulo, você será capaz de debater o procedimento de
responsabilização por infração ao longo da execução penal.
remuneração do trabalho.
E
O pagamento ao Estado da indenização é devido e endossado pelos tribunais nacionais
ainda que a estadia seja um sistema imposto por força da sentença condenatória para o
cumprimento de uma política pública definida pelo Estado.
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Ligando os pontos
Você está ciente de que existe um poder disciplinar sobre as pessoas presas em regime de execução penal?
Saberia identificar quais são esses poderes? Para você entender esses procedimentos na prática,
analisaremos adiante um caso fictício.
José e João dividiam a mesma cela em determinado presídio, cumprindo cada qual uma pena própria por
um delito praticado. Certo dia, os agentes penitenciários flagraram José com um aparelho celular sem
bateria; João, com um aparelho funcional; e cada um deles, com uma caneta.
Encaminhados para a direção do presídio, ambos foram ouvidos. João afirmou que havia conseguido o
celular para ter notícias de sua esposa, que passara por um procedimento cirúrgico grave, além de o
estabelecimento onde ela estava não possibilitar a comunicação. Os dois também explicaram que vinham
escrevendo de próprio punho cartas para uma organização internacional para denunciar o cotidiano em que
viviam.
O celular e as canetas foram apreendidas. Após as oitivas, eles foram obrigados a fornecer material para a
catalogação de seu perfil genético, muito embora nenhum deles houvesse consentido sobre isso.
A infração de ambos foi catalogada como grave, tendo o despacho dito que:
Estava anulado o livramento condicional que eles estavam prestes a obter;
A visitação para ambos foi suspensa;
Foi interrompido o prazo para fim indulto.
Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos?
Questão 1
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Após sua análise sobre o caso e considerando a prática de João, é possível dizer que ele:
Parabéns! A alternativa C está correta.
Segundo o artigo 50, VII, da LE, apesar de ser infração prevista e grave, ela não interrompe o prazo para
o livramento, o indulto e a comutação, embora interrompa o da progressão.
Questão 2
O que você pode afirmar quanto à conduta de José?
A
praticou infração grave, que interrompe o prazo para a obtenção de livramento
condicional, do indulto e da comutação.
B
praticou infração leve. Definida nos termos da LEP, ela interrompe a contagem do prazo
para a obtenção do benefício da progressão de regime.
C
praticou infração grave, sendo imprescindível a instauração de procedimento
administrativo pelo diretor do estabelecimento prisional, além de assegurado o direito
de defesa.
D
praticou infração média, segundo a redação da LEP, que pode ensejar a regressão
cautelar do regime prisional sem a prévia oitiva do condenado.
E não praticou infração por ausência de previsão legal regulamentar.
A
Praticou indiscutivelmente infração grave por “ter, em sua posse, utilizar ou fornecer
aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos
ou com o ambiente externo” (BRASIL, 1984), caso em que se pune a tentativa com a
sanção correspondente à falta consumada.
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Parabéns! A alternativa E está correta.
Há controvérsias quanto à tipificação justamente pela falta da bateria do aparelho. Com isso, tornam-se
discutíveis tanto a classificação nos termos abertos trazidos pelo legislador quanto a ausência de
potencialidade lesiva da caneta. De toda forma, a advertência verbal e a repreensão são consequências
das infrações leves e médias – e a cela escura não é admitida e sequer prevista pelo nosso
ordenamento.
Questão 3
Tendo em vista o exemplo do caso concreto, explique o que você entende acerca da controvérsia a respeito
do inciso VIII do artigo 50 da LEP, que prevê como infração grave “recusar submeter-se ao procedimento de
identificação do perfil genético” (BRASIL, 1984). Aponte ainda se é possível a sua aplicação retroativa.
B Praticou infração grave definida nos termos da LEP, tendo como consequência o
isolamento em cela escura ou a inclusão no regime disciplinar diferenciado.
C
Praticou infração grave por “possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a
integridade física de outrem”, sendo possível a suspensão ou restrição de direitos
(BRASIL, 1984, art. 41, parágrafo único).
D Praticou infração grave, tendo como efeito a advertência verbal e a repreensão.
E
Há controvérsia quanto à definição de sua conduta, já que o aparelho sem a bateria, nos
termos trazidos pela LEP para a definição, não “permite a comunicação com outros
presos ou com o ambiente externo”, enquanto a caneta não possui a lesividade referente
a “instrumento capaz de ofender a integridade física de outrem” (BRASIL, 1984).
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A obrigatoriedade de identificação do perfil genético sob pena de falta grave representa ofensa ao
princípio da não autoincriminação (nemo tenetur se detegere), que é tutelado pelo Pacto de San Jose
da Costa Rica. Isso só é aplicável aos fatos cometidos após a vigência da Lei nº 13.964, de 2019, em
respeito ao princípio da legalidade.
Poder disciplinar na execução penal
Notas gerais
Esta seção inaugura uma outra possibilidade, em tese, de exercício de poder sancionatório do Estado. Ela é
justificada a partir da definição de “disciplina” trazida pelo artigo 44 da LEP:
A disciplina consiste na colaboração com a ordem, na obediência às
determinações das autoridades e seus agentes e no desempenho do
trabalho
(BRASIL, 1984)
A tal poder, segundo o parágrafo único, estão sujeitas todas as pessoas condenadas à pena privativa de
liberdade ou à restritiva de direitos e presas provisoriamente. Porém, inclusive por expressa exclusão dessa
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lei, não estão passíveis a ele as pessoas em cumprimento de medida de segurança.
Como todo exercício de poder, o disciplinar, em um estado democrático, também precisa (BRASIL, 1984, art.
45):
Ser exercido por meio do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório;
Estar balizado pelo princípio da legalidade: “não haverá falta nem sanção disciplinar sem expressa e
anterior previsão legal ou regulamentar” (BRASIL, 1984, art. 45).
Ser exercido por meio do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório;
Estar balizado pelo princípio da legalidade: “não haverá falta nem sanção disciplinar sem expressa e
anterior previsão legal ou regulamentar”.
É necessário falar ainda sobre a possibilidade de as agências em atuação ao longo de uma execução penal
sancionarem as pessoas acauteladas pelo descumprimento de algum de seus deveres por meio de um
procedimento administrativo que apura a existência de uma falta (arts. 47 e 48, LEP).
Atenção!
Compete à autoridade administrativa o julgamento de tal procedimento; no entanto, em razão do princípio
da inafastabilidade de jurisdição (artigo 5º, inciso XXXV, CF), o exercício do controle judicial é possível.
Além disso, segundo a própria LEP, as sanções devem ser limitadas, estando o legislador proibido de aplicar
qualquer medidaque coloque “em perigo a integridade física e moral do condenado”, assim como a “cela
escura” e “as sanções coletivas” (BRASIL, 1984, art. 45).
Embora a LEP e a legislação local devam especificar os termos do exercício desse poder, podem ser
aplicadas por analogia as disposições da legislação penal em benefício do réu, uma consequência da
possibilidade geral em qualquer instrução criminal da chamada analogia in bonan partem.
Esse é o caso, entre outros exemplos, de:
Atenuantes de pena (arts. 65 e 66, CP);
Causas excludentes de punibilidade (art. 107, CP);
Suspensão condicional do processo administrativo disciplinar (em moldes análogos ao previsto no art. 89
da lei nº 9.099/1995).
Vamos, portanto, conhecer um pouco mais sobre esse procedimento.
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Faltas disciplinares
Dando ensejo ao exercício do poder disciplinar, as faltas disciplinares são classificadas como:

Leves

Médias

Graves
Seus termos precisam estar especificados em legislação local (art. 49, LEP), mas todas elas afetam em
alguma medida os referidos deveres da pessoa em execução (vistos no tópico anterior).
As faltas graves impedem subjetivamente:
A fruição dos diversos direitos em sede de execução (progressão de regime, livramento condicional,
comutação de pena e indulto, entre outros, conforme as súmulas 441, 534 e 535 do STJ);
O isolamento na própria cela ou em “local adequado”;
A inclusão no regime disciplinar diferenciado (incisos III a V do art. 53).
Embora muito problematizado, o parágrafo único do art. 49 da LEP prevê a punição da “tentativa com a
sanção correspondente à falta consumada”. Tais punições estão definidas no artigo seguinte da LEP:
Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que:
I – incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina;
II – fugir;
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III – possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a integridade física de outrem;
IV – provocar acidente de trabalho;
V – descumprir, no regime aberto, as condições impostas;
VI – inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta lei.
VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a
comunicação com outros presos ou com o ambiente externo. (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007)
VIII – recusar submeter-se ao procedimento de identificação do perfil genético. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019).
(BRASIL, 1984)
Selecionamos alguns de seus incisos controversos para podermos comentar mais detidamente:
Inciso I
Trata-se de um dos incisos mais debatidos, já que possui uma redação extremamente vaga. Quais seriam,
afinal, os ditos “movimentos subversivos” que poderiam ensejar o sancionamento? Uma greve de fome?
Uma luta corporal?
Seus termos vêm sendo definidos casuisticamente. Ainda assim, sempre se considera que, pela natureza
eminentemente punitiva desse dispositivo, uma leitura redutora de danos e que apenas possibilite a
responsabilização para os casos mais graves tem de ser prestigiada.
Exemplo
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) já se manifestou no sentido de que a luta corporal não configuraria a
infração (HC 51102/RS).
Inciso II
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A segunda hipótese é a “fuga”, termo também bastante aberto. Suponha, portanto, que uma pessoa tenha
obtido o direito da saída temporária e que retorne ao estabelecimento, só que com atraso.
Isso configuraria uma falta grave? O retorno, mesmo fora do prazo, poderia ser considerado como
arrependimento posterior (arts. 16 e 65, III, CP)?
Tendo em vista esse debate, a título ilustrativo, o STJ já se manifestou no sentido de que “o retorno
espontâneo do foragido três dias após não permite o reconhecimento da falta grave, principalmente quando
ausentes consequências do ato indisciplinar” (SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, 2008).
Uma leitura mais taxativa desse inciso, portanto, deveria considerar os casos de evasão dolosa sem
perspectiva de retorno ao estabelecimento penal.
Inciso III
A terceira hipótese também foi construída com vagueza, uma vez que não estabelece que “instrumento
capaz de ofender a integridade física de outrem” teria relevância suficiente para ensejar a responsabilização
nem se, por exemplo, seria necessária a comprovação de que a pessoa tinha a intenção efetiva de utilizá-lo
para a prática de uma conduta ilícita ou que o objeto tinha potencialidade lesiva. Com isso, ela abre espaço
tanto para valorações diversas por parte da direção do presídio a respeito dos objetos referidos quanto para
o sancionamento sem lesividade demonstrada.
Mais uma vez, a sugestão é limitar as hipóteses disciplinares e – em vista de uma leitura constitucional do
ordenamento jurídico penal – demandar a comprovação da intenção e da potencialidade.
Inciso IV
Por falta de disposição, pode ser limitado às hipóteses dolosas da prática.
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Inciso V
Ele é claro, pois demanda o descumprimento de condições expressas quando da imposição do regime
aberto.
Inciso VI
Tal inciso replica o modelo de autoritarismo da disciplina e do controle que mencionamos no módulo
anterior, incorrendo em vagueza e possibilitando que qualquer ato de insubordinação basicamente possa
encaixar-se no inciso VI: “inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta lei” (BRASIL,
1984). Dessa forma, ele também desperta muitas críticas e precisa ser interpretado com bastante cautela.
Inciso VII
Sanciona quem “tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita
a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo” (BRASIL, 1984).
Uma das principais problemáticas dessa hipótese é de�nir quais
seriam os objetos “similares” na fórmula aberta da redação.
Considerando a integração do dispositivo, diz-se que a interpretação deve acompanhar a própria instrução
legislativa de instrumentos “que possibilitem a comunicação com o ambiente externo” (BRASIL, 1984).
Nesse sentido, embora ainda controverso (vide o HC 105973/RS do STF), a apreensão de baterias,
carregadores e chips desacompanhados dos aparelhos, assim como de instrumentos sem um laudo pericial
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que demonstre a capacidade de comunicação de tais aparelhos, pode ser entendida como atípica, destaca
Roig (2020, p. 224-225).
Ainda recai sobre essa modalidade a controvérsia sobre a responsabilidade do Estado em garantir que
pessoas acauteladas consigam se comunicar com seus familiares e advogados, inclusive para garantir o
princípio da transcendência mínima que tanto debatemos nos assuntos referentes à execução. A presunção
de que as ligações são feitas necessariamente para organizar outros atos em conflito com a lei pode ser
bastante contestada, sobretudo diante de ambientes prisionais que não garantem, em regra, qualquer
possibilidade de manutenção de laços afetivos entre as pessoas encarceradas e seu círculo social-afetivo
(CARVALHO, 2020).
Inciso VIII
A oitava modalidade de infração grave prevista, muito embora esteja em vigor, enseja muita dúvida, uma vez
que a obrigatoriedade de identificação do perfil genético há tempos é considerada uma conduta que implica
a violação ao princípio da não autoincriminação (nemo tenetur se detegere), o qual, como já apontamos, tem
previsão na Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San Jose da Costa Rica) e status, já que
tutela direitos humanos, supralegal.
Atenção!
É inclusive por esse motivo que a Leide Abuso de Autoridade prevê como típica a conduta de obrigar a
pessoa presa a produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro (art. 13, inciso III, da Lei nº 13.869/2019).
Esse tema, porém, ainda permanece aberto para o debate.
Por fim, vale notar que, em respeito ao princípio da legalidade, essa infração só é válida para a
caracterização de atos cometidos posteriormente à sua vigência legal, em 2019, pela impossibilidade da
retroatividade da lei penal mais gravosa. Essa mesma lei trouxe, para a redação do artigo 52 da LEP, a
prática de “fato previsto como crime doloso” como falta grave (BRASIL, 1984).
Nessa hipótese, sabe-se que a pessoa responderá de forma autônoma pelo fato (ação penal), assim como
pelo procedimento administrativo. A dupla forma de punição coloca em cheque o princípio do ne bis in idem
quando há identidade fática, sendo uma das maiores críticas feitas a esse dispositivo – o qual, contudo,
permanece sendo aplicado.
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Diferentemente do rol estudado, cada estado regulamenta as práticas que são consideradas como faltas
leves e médias, assim como as respectivas sanções (art. 49, LEP), ficando ainda a subsunção do fato à
norma, conforme entendimento do STJ, a cargo “do diretor do presídio, em razão de ser o detentor do poder
disciplinar”, segundo o REsp nº 1.378.557/RS.
Sanções secundárias e recompensas
Sanções disciplinares
Por conta da existência de um procedimento finalizado que apura a existência de falta, abre-se a
possibilidade das sanções secundárias regulamentadas pelos estados, sendo as mais comuns a
transferência de estabelecimento e a apreensão de valores ou objetos.
As sanções principais:
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Art. 53. Constituem sanções disciplinares:
I – advertência verbal;
II – repreensão;
III – suspensão ou restrição de direitos (artigo 41, parágrafo único);
IV – isolamento na própria cela, ou em local adequado, nos estabelecimentos
que possuam alojamento coletivo, observado o disposto no artigo 88 desta lei.
V – inclusão no regime disciplinar diferenciado.
(BRASIL, 1984)
Desse grupo de sanções, a inclusão no regime disciplinar diferenciado requer um prévio e fundamentado
despacho do juiz competente precedido de manifestação do Ministério Público e da defesa, enquanto as
demais são aplicadas por ato motivado do diretor do estabelecimento apurado em procedimento
administrativo (art. 54, LEP).
Os termos de determinação da escolha entre uma sanção e outra são extremamente imprecisos, o que abre
margem para um forte aparelhamento da discricionariedade. “Na aplicação das sanções disciplinares, levar-
se-ão em conta a natureza, os motivos, as circunstâncias e as consequências do fato, bem como a pessoa
do faltoso e seu tempo de prisão” (BRASIL, 1984, art. 57). Veja os casos de falta:
Para os casos de falta grave, as pessoas podem receber a sanção de:
Suspensão ou restrição de direitos (art. 41, parágrafo único);
Isolamento na própria cela (ou em local adequado) nos estabelecimentos que possuam
alojamento coletivo e inclusão no regime disciplinar diferenciado.
Faltas graves 
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Já para as faltas médias, a sanção inclui:
Suspensão ou restrição de direitos (art. 41, parágrafo único, da LEP);
Isolamento na própria cela (ou em local adequado) nos estabelecimentos que possuam
alojamento coletivo.
Para as faltas leves, pode haver duas sanções:
Advertência verbal;
Repreensão.
Faltas graves
Neste vídeo, a especialista aborda as diferentes faltas disciplinares graves.
Recompensas
A LEP estabelece a possibilidade da existência de “recompensas” por conta do “bom comportamento
reconhecido em favor do condenado, de sua colaboração com a disciplina e de sua dedicação ao trabalho”
Faltas médias 
Faltas leves 

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(BRASIL, 1984, art. 55). Segundo o artigo 56 dessa lei, tendo em vista esses atos, torna-se possível o “elogio”
ou tais “recompensas”, ficando a definição de ambos a cargo das normativas locais.
Exemplo
Algumas direções de presídio costumam oferecer sessões de filmes ou transmissões de jogos de futebol
em televisores colocados de forma improvisada nos espaços prisionais. Existe até mesmo a permissão para
participar de atividades com algumas instituições organizadas. Todos eles funcionam como a contrapartida
de um “bom comportamento”.
Vale frisar, porém, que se trata de um campo amplamente discricionário, já que fica a cargo de cada gestão
pública a atribuição das benesses. É notável a forma como a fruição dos direitos é matéria infinitamente
mais enxuta que a disciplina do sancionamento, material simbólico da própria forma com que os espaços
prisionais replicam em inúmeros graus a punição ao longo da resposta penal e dificultam a fruição de
direitos e a manutenção de garantias.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
(DPE/RO-2017) Em relação à disciplina do preso, assinale a alternativa correta.
A
O poder disciplinar, na execução da pena privativa de liberdade, será exercido pelo juiz
da execução.
B
A prática de fato previsto como crime doloso não constitui falta grave, sob pena de, em
assim sendo, haver caracterização de bis in idem.
C A falta grave interrompe o prazo para a obtenção de livramento condicional.
D
O preso sujeito ao regime disciplinar diferenciado pode ficar sujeito ao cumprimento de
parte de sua pena em cela escura, desde que se observe o limite de 10% do quantum da
pena a se cumprir em referida cela.
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Parabéns! A alternativa E está correta.
Conforme prevê o artigo 47 da LEP, o poder será exercido pela autoridade administrativa. Além disso, a
prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave. Para o STJ, essa falta não interrompe o
prazo para o livramento. É peremptória a vedação ao emprego de cela escura, mesmo no regime
disciplinar diferenciado. Dessa forma, a resposta correta é a alternativa E, pois, de acordo com a
redação do artigo 49 da LEP, o poder disciplinar pode ser classificado como leve, médio ou grave. É
responsabilidade da legislação local classificar o ato, bem como suas respectivas sanções.
Questão 2
(DPE/AM-2018) Sobre a disciplina na execução penal, é correto afirmar que:
E Pune-se a tentativa com a sanção correspondente à falta disciplinar consumada.
A
o emprego de cela escura é permitido apenas em regime disciplinar diferenciado desde
que autorizado pelo juiz competente.
B
a tentativa é impunível em razão de escolha legislativa de minoração dos efeitos
criminógenos do cárcere.
C
comete falta disciplinar de natureza grave aquele que causa acidente de trabalho no
cumprimento de pena de prestação de serviços à comunidade.
D
a concessão de regalias ao preso como forma de recompensa ao seu bom
comportamento é proibida em razão da violação do princípio da igualdade.
E
o direito de receber visitas pode ser suspenso como consequência da prática de falta
grave em ato fundamentado do diretor da unidade prisional.
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Parabéns! A alternativa E está correta.
A vedação à cela escura está prevista no artigo 45 da LEP. Embora controvertida, a tentativa na falta
grave, segundo o artigo 49, parágrafo único, é punida “com a sanção correspondente à falta
consumada” (BRASIL, 1984).O artigo 50, por sua vez, prevê a hipótese no inciso IV do acidente de
trabalho. Por fim, no artigo 56, estão previstas as recompensas mencionadas na alternativa E. Embora
também seja contestada, a restrição à visitação pode acontecer conforme os artigos 41 e 53 da LEP.
Considerações �nais
Pontuamos, neste conteúdo, as principais colocações sobre os limites ao poder punitivo e as balizas para a
fruição de direitos das pessoas em situação de restrição de liberdades, bem como para o próprio exercício
de controle, que se perfaz no binômio tutelar do sancionamento-recompensa em meio à execução penal.
Destacamos ainda o caráter simbólico da natureza de vigilância e de controle de espaços prisionais por
conta da existência de tamanha discricionariedade de seus termos, como, por exemplo, a imprecisão do rol
de garantias, a (in)definição do que constitui a falta, a determinação dos limites ao sancionamento e a
possibilidade de “recompensas”. Por fim, frisamos que tais termos devem ser cada vez mais matéria de
apropriação por uma dogmática ancorada na dignidade e no respeito aos direitos humanos, sendo
disputada ao menos para a fixação de uma leitura menos inconstitucional das atuais práticas presentes
nesse âmbito.
Podcast
Neste podcast, a especialista destacará alguns dos direitos e deveres das pessoas presas em execução
penal.

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Para saber mais sobre os tópicos tratados neste texto, pesquise na Internet:
a) Dois artigos
ANDRADE, B. de O. A. de; GERALDO, P. H. B. “Esperteza” e “bom comportamento” na execução penal.
Antropolítica. v. 0. n. 48. Publicado em: 2 abr. 2020.
Com o texto de Andrade e Geraldo, é possível refletir sobre a prática das autoridades que gerem a execução
penal.
SANCHES, J. Disciplina no cárcere: a punição por falta grave pela posse, utilização ou fornecimento de
aparelho celular. Boletim - Revista do Instituto Baiano de Direito Processual Penal. ano 4. n. 15. jun. 2021.
b) Um documentário
SEM pena. Direção de Eugenio Puppo. São Paulo: Heco Produções; Espaço Filmes e Prefeitura de São Paulo,
2014. Documentário (86 min.).
c) Uma dissertação de mestrado
OLIVEIRA, N. A. de et al. Execução penal e dignidade da mulher no cárcere: uma visão por trás das grades.
Dissertação de mestrado. PPGD-UERJ. Rio de Janeiro: UERJ, 2018.
Referências
BRASIL. Casa Civil. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal.
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BRASIL. Casa Civil. Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal.
CARVALHO, S. de. Penas e medidas de segurança no direito penal brasileiro. São Paulo: Saraiva Educação,
2020.
GODOI, R. Para uma reflexão sobre os efeitos sociais do encarceramento. Revista brasileira de segurança
pública. v. 5. n. 1. 2011.
GOFFMAN, E. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade. v. 4. Tradução: Mathias Lambert. Rio de
Janeiro: LTC, 1988.
MECANISMO ESTADUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE À TORTURA DO RIO DE JANEIRO. Relatório anual
2020. Rio de Janeiro: MEPCT/RJ, 2020.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Regras mínimas das Nações Unidas para o tratamento de presos.
UNODC - Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime. (s.d.).
ROIG, R. D. E. Execução penal-teoria crítica. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Recurso especial nº 1.052.342 - RS. Relator: ministro Arnaldo Esteves
Lima. 2008.
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Súmula vinculante 11. Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência
e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de
terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal
do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da
responsabilidade civil do Estado. Publicado em: 22 ago. 2008.
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