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Psicologia Infantil: Tratamentos e Relacionamentos

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PPssiiccoollooggiiaa IInnffaannttiill 
 Módulo II 
 
 
Parabéns por participar de um curso dos 
Cursos 24 Horas. 
Você está investindo no seu futuro! 
Esperamos que este seja o começo de 
um grande sucesso em sua carreira. 
 
Desejamos boa sorte e bom estudo! 
 
Em caso de dúvidas, contate-nos pelo 
site 
www.Cursos24Horas.com.br 
 
Atenciosamente 
Equipe Cursos 24 Horas 
 
 
 
 
 Sumário 
 
Unidade 3 – Principais Tratamentos Psicológicos.......................................................... 3 
3.1 – O relacionamento interpessoal na infância e a psicologia .................................. 4 
3.2 – Stress infantil: causas, sintomas e soluções ..................................................... 12 
3.3 – Hiperatividade: o que é? ................................................................................. 21 
3.4 – Distúrbios alimentares na infância .....................................................................27 
3.5 – Distúrbios na educação e a dislexia................................................................. 39 
Unidade 4 – O Processo Psicoterapêutico Infantil ....................................................... 47 
4.1 – Os processos da consulta ................................................................................ 47 
4.2 – Sessões com os pais........................................................................................ 54 
4.3 – Visita domiciliar e visita escolar ..................................................................... 60 
Encerramento.............................................................................................................. 67 
Bibliografia................................................................................................................. 68 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3
 
 
 Unidade 3 – Principais Tratamentos Psicológicos 
 
 
Olá! 
 
 Como mostramos nos capítulos anteriores, a psicologia é uma ciência que estuda 
a mente e o comportamento humano, por ser muito importante, possui diversas 
especializações. 
 
 As crianças passam por três fases na infância e com a mudança de cada uma 
delas, costumam demonstrar problemas característicos da idade, como dificuldade em 
aprender, em se relacionar com os amigos, de aceitar um novo irmão, de se alimentar e 
até mesmo de brincar e se divertir. 
 
 Por isso, nesta unidade, discutiremos como é possível diagnosticar, tratar e 
avaliar cada problema que a criança pode ter. Além disso, apresentaremos algumas 
dicas que os psicólogos devem passar aos pais que têm filhos com distúrbios 
comportamentais e dificuldade de relacionamento. 
 
Bom estudo! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4
 
 
3.1 – O relacionamento interpessoal na infância e a psicologia 
 
Durante a infância, a criança 
precisa se relacionar com a família, com 
os amigos da escola, com os professores, 
com os pais, com os irmãos, sejam eles 
mais novos ou mais velhos e com o 
mundo. Embora pareça fácil, como 
vimos anteriormente, o mundo mudou. 
As crianças passam mais tempo na frente 
do computador e da televisão do que 
interagindo com outras crianças. 
 Não há dúvidas de que essa mudança tenha sido provocada pelo avanço 
tecnológico, porém, os altos índices da criminalidade e de violência contra as crianças 
também contribuíram para essa transformação, e nenhum pai pode ser cobrado por 
deixar o filho se entreter mais com a internet do que com os amigos. 
 Mesmo assim, todos os pais sabem que o relacionamento interpessoal é 
importante em todas as fases da vida. As crianças precisam brincar e se divertir para 
aprenderem e evoluírem. É claro, que a televisão e o computador são capazes de ensinar 
e de passarem valores. Mas, todos esses valores são tratados apenas na teoria e não na 
prática. 
 Mostrar à criança, dando como exemplo um desenho animando, o quanto é 
importante compartilhar o alimento com a outra coisa criança é fácil, mas não é eficaz. 
Uma parte das crianças da geração Z são individualistas, egoístas, não gostam de dividir 
e por causa disso, o exemplo do desenho não será captado. 
 Portanto, o correto é a família e os professores ensinarem a dividir na prática. 
Fazer brincadeiras que incentivem a troca de brinquedos, de comida, da importância do 
trabalho em equipe e da cooperação ajudam muito. 
 
 
5
 
 
 Além disso, os pais e professores precisam ficar atentos em relação ao 
isolamento da criança. Embora as tecnologias tenham dificultado a relação interpessoal 
é possível amenizar os efeitos dela sobre as crianças. 
 Crianças que não interagem com os familiares, com os parentes que tenham a 
mesma faixa etária e que não tem amigos na escola podem sofrer de isolamento social e 
ter sérios problemas na vida adulta. 
 Mas, será que todas as crianças podem sofrer com esse mal? Na verdade, estão 
propensas ao isolamento, crianças que passam muito tempo sozinhas e que pouco 
interagem ou praticam atividades com outras crianças. Geralmente, indivíduos que 
sofrem com esse problema costumam ter problema na linguagem e, consequentemente, 
na comunicação, não conseguem evoluir em valores morais e também passam a ser mais 
agressivos e tímidos. 
 Os problemas não param por aí, crianças que sofrem com o isolamento não 
gostam de frequentar a escola. Muitas delas não conseguem aprender e na adolescência 
decidem abandonar os estudos. Por isso, quando chegam à fase adulta só se relacionam 
após tratamento psicológico. 
 Mesmo que as crianças costumem se isolar por causa da falta de companhia ou 
pelo uso excessivo das novas tecnologias, existem outros fatores que levam as crianças 
ao isolamento, como: 
• Ser rejeitada pelos amigos; 
 
• Ser vítima de preconceito, racismo ou brincadeiras inadequadas; 
 
• Ser simplesmente ignorada, tratada como se não existisse. 
 O isolamento acontece porque as crianças costumam proferir palavras 
desrespeitosas, que magoam, levando muitas vezes a criança ao choro. Os resultados 
podem ser: 
 
 
6
 
 
• Crianças que sofrem rejeição ou brincadeiras desrespeitosas preferem 
não participar de atividades coletivas; 
 
• Ficam reservados e não possuem amigos; 
 
• Assustam-se com facilidade e choram por qualquer motivo; 
 
É importante lembrar que o isolamento é mais severo no ambiente escolar do 
que em casa, por isso, muitos pais não identificam quando a criança sofre com esse 
problema. Além disso, as crianças que sofrem com o isolamento costumam ser quietas e 
não atrapalham a aula, professores despreparados não detectam o distúrbio e deixam de 
avisar os pais ou de encaminharem o aluno ao psicólogo. 
 
 Então, como deve ser feito o trabalho do psicólogo? Primeiramente, o psicólogo 
escolar deve alertar os professores em relação ao problema, apresentar a eles os 
possíveis sintomas de isolamento. Depois, os profissionais da área precisam discutir o 
assunto com os pais e mostrar como o tratamento psicológico é importante para 
amenizar problemas futuros no desenvolvimento. 
 
 O passo seguinte é cuidar das crianças que sofrem com esse problema. O 
profissional deverá avaliar o indivíduo, identificar o motivo de seu isolamento, verificar 
se sofreu rejeição, se foi alvo de brincadeiras inadequadas ou se sofre preconceito. 
 
 Além disso, o psicólogo deve se atentar à personalidade da criança, entrevistar 
os pais e familiares para conhecer a rotina do aluno e também suas atitudes, as 
conversas etc. 
 
 A partir daí, o profissional pode aplicar as atividades para amenizar o 
isolamento. Proporcionar jogos em dupla é uma atividade interessante, porque 
possibilita que o psicólogo acompanhe o desenvolvimento individual e possa avaliar 
melhor. 
 
 
7
 
 
 Consulta individual, que consiste apenas na relação entre psicólogo e o paciente, 
não é recomendada neste caso. Apenas na primeira fase, quando o profissionalainda 
está conhecendo a personalidade da criança, as conversas são indicadas, mas os passos 
seguintes devem ser realizados em grupos pequenos de crianças. 
 Além dessa atividade, existe também a intervenção do psicólogo durante as 
aulas. Para estimular a participação das crianças que sofrem com isolamento, o 
profissional pode participar das atividades escolares e incentivar a participação de todos. 
 
 Crianças que não brincam em grupo devem ser chamadas para participar das 
brincadeiras e elogiadas com frequência. O profissional precisa reconhecer o esforço e 
demonstrar ao aluno que suas atitudes são corretas. 
 
 Em relação às crianças que não têm o costume de conversar ou falar em público, 
o psicólogo pode orientar o professor a fazer atividades de perguntas e respostas. Por 
exemplo, ele pode contar uma história e depois fazer perguntas sobre os personagens, 
sobre os acontecimentos como se fosse uma gincana. 
 
 As crianças que responderem corretamente deverão receber um prêmio, como 
lápis de cor, um caderno, canetas coloridas, um livro, entre outros. Essa atividade 
estimula a participação dos alunos, contribui no raciocínio, na memória e na atenção, 
resultando na comunicação e interação com os outros alunos. 
 
 Outro método eficaz é aproximar a criança isolada às outras crianças da turma. 
Por isso, é tão importante fazer o trabalho psicológico com toda a classe e com os 
professores. Por exemplo, o psicólogo pode auxiliar o professor a organizar um jogo de 
futebol para os meninos. 
 
 Como a criança isolada não vai participar, os outros alunos devem convidá-la 
pedindo para que ela jogue em determinada função. Caso ela rejeite, os outros alunos 
devem estar preparados para insistir, usando palavras de persuasão capazes de 
convencer a criança a participar do jogo. 
 
 
8
 
 
 
 
 Outra forma de estimular a interação entre as crianças é por meio da observação 
de modelos. Por exemplo, o psicólogo pode fazer um grupo que integre crianças 
isoladas com crianças de fácil interação. A partir daí, o profissional deverá passar 
atividades divertidas aos envolvidos como música, trabalhos artísticos, dança, entre 
outros. Com isso, deve-se mostrar à criança isolada como é divertido participar, brincar, 
jogar, dançar e cantar. Dessa forma, a criança passa a se interessar pelas atividades e 
começa a interagir com os outros membros do grupo. 
 
 Um problema evidente nas crianças que sofrem com o isolamento é a ansiedade. 
Muitas delas não conseguem controlar os sentimentos, os medos, as aflições e, por isso, 
têm dificuldade de se relacionar com outras crianças. Para amenizar esses sintomas, o 
psicólogo deve atuar na estrutura mental e estimulá-la a pensar antes de falar e agir, 
avaliar possíveis sintomas de baixa autoestima, tentando sanar todos os medos e 
inseguranças. 
 
 Embora o isolamento seja comum no ambiente escolar, em alguns casos, essa 
dificuldade em se relacionar pode surgir dentro de casa. É comum as crianças mudarem 
 
 
9
 
 
o seu comportamento durante o período gestacional da mãe ou até mesmo, após o 
nascimento da irmã ou do irmão. 
 
 
 
Muitas vezes, o ciúme pode gerar agressividade, desobediência, irritabilidade e 
em casos extremos, o isolamento. A criança não consegue manter diálogo com a mãe 
porque acha que não é mais importante, acredita que vai perder suas roupas e 
brinquedos para o novo membro da família e que não vai mais ter atenção. 
 
 Quando isso ocorre, os pais precisam procurar imediatamente um psicólogo 
especializado em crianças para solucionar o problema. É importante lembrar que as 
crianças costumam levar os problemas familiares para todos os ambientes de convívio, 
como escola, cursos, esportes que praticam etc. Por isso, a intervenção tem que ser 
realizada o mais rápido possível, evitando que o ciúme deixe sequelas na vida social e 
familiar da criança, ou que possa até mesmo, gerar conflitos entre os irmãos. 
 
 A intervenção imediata é necessária porque muitas crianças começam a agredir 
fisicamente o bebê. Alguns arranham, mordem e beliscam o irmão mais novo longe da 
presença dos pais. Em outros casos, a criança ao conviver com o irmão menor, volta a 
 
 
10
 
 
ter hábitos de bebê e querem usar fraldas, fazem xixi na cama, voltam a usar chupeta, 
não comem mais sozinhas etc. 
 
 Os psicólogos precisam alertar os pais que as crianças não fazem isso por um 
desvio de personalidade, egoísmo ou porque não gostam do irmão. Na verdade, essas 
atitudes são consideradas normais e os filhos só querem chamar a atenção para desviar o 
foco dos adultos em relação ao bebê que acabou de nascer. 
 
 Por isso, o castigo não deve ser aplicado. Os pais não devem dar broncas, privar 
a criança de brincar e de se divertir e, muito menos, agredi-la fisicamente. Na verdade, 
os pais devem ser orientados a: 
 
• Durante a gestação, os pais devem contar sobre o irmão que vai chegar e 
não podem ocupar o quarto da criança com o berço. É preciso esperar 
que a criança se acostume com a ideia e não se sinta abandonada; 
 
• Dar mais atenção ao filho mais velho; 
 
• Fazer atividades com ele como passear no parque, levá-lo à escola, ler 
um livro etc; 
 
• Conversar constantemente com a criança, mostrando-se interessado em 
sua vida; 
 
• Elogiar quando a criança fizer uma atividade escolar ou quando tirar boas 
notas etc; 
 
• Incentivar a relação com o irmãozinho, dizendo que o bebê vai gostar 
muito dele e terá ele como herói. Ressaltando à criança, que o filho mais 
velho deve cuidar do mais novo; 
 
 
 
11
 
 
• Permitir que a criança participe do cuidado com o bebê, deixando que ela 
auxilie no banho, na escolha a roupa do irmãozinho, no penteado o 
cabelo etc; 
 
• Não fazer comparações entre os irmãos para que o sentimento de 
rivalidade não seja intensificado; 
 
• Tratar os filhos da mesma forma: sempre que comprar um presente para 
um, compre para o outro também, evitando assim que o sentimento de 
ciúmes se agrave; 
 
• Cuidar do filho mais velho e não levá-lo para ficar na casa de outras 
pessoas. Quando a mãe, por excesso de atividade, permite que o filho 
maior se instale na casa de parentes, por exemplo, o sentimento de 
abandono e de rejeição é maior e a criança pode até mesmo desenvolver 
sentimento de ódio pelos pais; 
 
• Beijar e abraçar constantemente o filho maior na presença do menor para 
que ele se sinta querido e integrante da família; 
 
• Quando notar que o filho vai machucar o bebê, os pais devem conversar 
com ele, explicar que aquela atitude não é correta. Gritos e agressões 
físicas pioram o estado emocional da criança; 
 
• Com os passar dos anos os pais devem incentivar atividades juntas e 
trabalhos em equipe, possibilitando a união dos irmãos; 
 
• Dar ao filho mais velho alguns privilégios e não deixar que o irmão mais 
novo quebre seus brinquedos ou objetos; 
 
• Tratar os irmãos da mesma forma e não tomar partido. 
 
 
12
 
 
3.2- Stress infantil: causas, sintomas e soluções 
 
O excesso de tarefa, a falta de tempo para realizar atividades de lazer e de 
entretenimento são características comuns para a sociedade do século XXI. Embora 
todos pensem que apenas os adultos sofram com o stress, essa doença tem se tornado 
comum em pessoas de todas as idades. 
 
 As crianças que pertencem à geração Z começam a frequentar a escola desde 
bebês por causa do trabalho dos pais. Por isso, saem do conforto do ambiente doméstico 
e passam a viver, a maior parte do dia, no inseguro ambiente escolar. A relação com as 
outras crianças, a quantidade de atividades, a cobrança dos pais e professores, e o 
excesso de responsabilidades trazem como consequência o stress infantil. 
 
 Para comprovar essa afirmação, um estudo realizado pela Children´s Society, 
uma organização britânica especializada em proteção infantil, mostra que uma em cada 
onze criançascom mais de 8 anos sentem-se infelizes. 
 
Essa pesquisa foi aplicada na Europa, mas o Brasil não apresenta um quadro 
diferente. Uma pesquisa realizada em 2005, pelo Instituto da Criança do Hospital das 
Clínicas de São Paulo, apontou que as crianças brasileiras também apresentam sintomas 
de stress e infelicidade. 
 
 O estudo contou com a participação de 900 pessoas com idades entre 5 a 9 anos 
e revelou que 22% delas sofriam com ansiedade, 25% tinham déficit de atenção e 21% 
apresentavam mau comportamento. 
 
 Todos esses sintomas são resultantes não só do excesso de atividades, mas da 
antecipação das responsabilidades. O fato das crianças frequentarem a escola antes do 
tempo, de comprometerem-se com cursos de idioma e praticarem esportes antes do 
tempo ideal, desencadeiam o chamado stress tóxico que pode trazer muitos prejuízos 
para as próximas fases da vida infantil e adulta. 
 
 
13
 
 
 A imagem abaixo mostra quais são os mecanismos do stress tóxico. Veja: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14
 
 
 
Fonte: http://veja.abril.com.br/noticias/saude/por-que-qs-criancas-estao-cada-ve-mais-infelizes 
 
Especialistas da área afirmam que o excesso de atividades dificulta a realização 
plena. Isso significa que as crianças não conseguem cumprir todas as obrigações e 
acabam tirando notas baixas nos cursos, na escola, não conseguem reter o 
conhecimento, se sentem fracassadas e geram o stress tóxico que atua diretamente na 
diminuição da autoestima, problemas no sono, entre outros. 
 Como identificar se a criança sofre de stress? Alguns teóricos afirmam que o 
stress infantil pode ser resultado tanto de fatores físicos como de fatores mentais. 
Quando o problema tem como origem o cansaço ou o excesso de atividade física e 
pouco descanso, os sintomas são: 
• Dor de barriga; 
 
• Dores de cabeça; 
 
 
15
 
 
• Ânsia de vômito; 
• Problemas respiratórios; 
• Disfunção nas necessidades fisiológicas, como excesso de idas ao 
banheiro; 
• Pés e mãos frios e constantemente suados; 
• Insônia. 
Já os sintomas psicológicos são: 
• Ansiedade; 
• Pesadelo; 
• Isolamento; 
• Agressividade; 
• Choro excessivo e sem motivo; 
• Tristeza; 
• Medo; 
• Desobediência; 
• Falta de vontade de brincar, passear, ir à escola etc. 
Enganam-se aqueles que acham que o stress infantil é resultante apenas do 
excesso de atividades. Na verdade, as crianças podem sofrer problemas domésticos e 
escolares e não descarregarem todo o nervosismo. Por isso, acumulam os sentimentos, 
medos, complexos e mudam o comportamento. 
 
 
 
16
 
 
O que leva a criança a desenvolver stress, além do excesso de atividade, pode 
ser: 
• Morte de um familiar; 
 
• Brigas ou separação dos pais; 
 
• Mudança de cidade e de colégio; 
 
• Dificuldade no relacionamento entre os amigos da escola ou com o 
professor; 
 
• Viagens constantes e longas; 
 
• Nascimento de um irmão; 
 
• Familiares estressados. 
 
É importante lembrar que uma criança que sofre de stress precisa ter vários 
sintomas. Indivíduos que apresentam apenas um dos sintomas podem sofrer de outras 
doenças, mas não apresentam um nível relevante de stress. 
 
E por que tratar do stress é tão importante? Se o problema não for tratado 
adequadamente, o grau de stress pode evoluir e resultar em doenças físicas, como: asma, 
úlceras, desenvolver alergias, distúrbios nervosos, alimentares, entre outros. 
 
Os pais e psicólogos precisam ficar atentos, pois pesquisas demonstram que as 
meninas estão mais propensas a desenvolver stress ainda na infância e os níveis são 
considerados mais altos do que em adultos. Porém, especialistas acreditam que com o 
tempo esses níveis podem diminuir, apenas com a mudança natural da rotina. 
 
 
 
17
 
 
Mesmo que existam muitos problemas que geram a irritabilidade e a infelicidade 
nas crianças, profissionais da área costumam associar a escola como a principal 
causadora dos problemas na infância. Em relação ao stress também não é diferente, 
provas, excesso de conteúdo, lições, exercícios e outras atividades são os principais 
motivos que levam muitas crianças ao desespero e à agressividade. 
 
Porém, os problemas não acabam por aí. Da mesma forma que os pais refletem o 
stress nas crianças, os professores também descarregam toda a agressividade e 
infelicidade nos alunos. Muitos conseguem projetar problemas emocionais e pessoais, 
fazendo com que os alunos também sofram. 
 
Contudo, esse mal pode ser evitado, os psicólogos precisam orientar os pais e 
professores em relação a algumas atitudes. O ponto inicial é auxiliá-los em seus níveis 
de stress. Os adultos não devem demonstrar irritabilidade, falta de paciência e 
agressividade na frente das crianças. Além disso, os psicólogos devem dizer aos pais 
para: 
 
• Não cobrarem os filhos; 
 
• Não colocarem as crianças em muitas atividades; 
 
• Procurarem atividades que estejam de acordo com a idade da criança; 
 
• Darem mais atenção aos filhos; 
 
• Conversarem mais com a criança; 
 
• Perguntarem, principalmente, sobre as atividades realizadas na escola; 
 
• Verificarem constantemente a agenda escolar do filho, para saber se ele 
está com tempo adequado de descanso; 
 
 
 
18
 
 
• Frequentarem todas as reuniões escolares e conversarem com os 
professores sobre o desempenho e o comportamento da criança na 
escola; 
 
• Levarem periodicamente o filho ao pediatra e relatar comportamentos 
anormais, como fome em excesso ou falta de apetite, sono em excesso ou 
insônia, constantes dores de cabeça e de barriga etc. 
 
 É importante lembrar que as crianças que apresentam sintomas característicos 
não devem ser protegidas e muito menos deixar de realizar todas as atividades. Na 
verdade, os pais precisam reestruturar a agenda dos filhos. Analisar quais são as tarefas 
mais importantes, verificar quais dessas atividades estão de acordo com a idade de seus 
filhos e quais delas podem ser postergadas. Ter acesso ao desempenho das crianças e 
acompanhar as suas notas também são atitudes relevantes. 
 
 Para que o psicólogo consiga realizar o tratamento, é necessário conhecer e 
detectar qual é o estágio de stress que a criança se encontra. Existem três fases: 
 
• Fase de alerta: é uma fase que a criança precisa se dedicar mais para 
realizar a tarefa e passa mais tempo para cumprir o que se foi exigido; 
 
• Fase de resistência: é uma fase em que o organismo se desgasta muito 
para encontrar a harmonia interior. Se o organismo consegue se adaptar 
ao que causa o stress, existe uma melhora em relação ao problema. Mas 
se não consegue, a situação se agrava e evolui para a fase de exaustão; 
 
• Fase de exaustão: é quando os sintomas são mais intensos e o indivíduo 
não consegue lutar contra eles. Essa fase é muito perigosa e gera doenças 
graves, levando até à morte. 
 
 
 
19
 
 
 A partir da descoberta do nível em que se encontra a doença, o profissional pode 
estabelecer qual será o tratamento ideal para a criança. Em alguns casos, o psicólogo 
deve conversar com o paciente e com os pais em entrevistas individuais, ou seja, falar 
só com a criança e depois só com a família, em outros casos, poderá conversar com 
todos juntos. 
 
 Depois da conversa, o psicólogo pode fazer trabalhos de observação. Com isso, 
deverá solicitar que a criança faça desenhos, brinque ou jogue. Desta forma, o 
profissional irá verificar o comportamento da criança e com o tempo entenderá o porquê 
do stress. 
 
 Existem algumas crianças que não conseguem se abrir com os pais porque elas 
têm medo de sofrer agressões ou qualquer tipo de represália. Por isso, se abrem melhor 
com o psicólogo e conseguem transmitir as aflições, os medos, o que acontece na 
escola, problemas sociais, cansaço, excesso de atividades, entre outros. 
 
 Porém, existem crianças extremamente tímidas e que não conseguem se abrir 
com a famíliae nem mesmo com o profissional. Para esses casos, o mais indicado é o 
trabalho de observação com atividades lúdicas, citadas anteriormente. 
 
 Existem crianças que desenham nitidamente o foco do problema. Muitas delas 
fazem desenhos tristes representando a professora, o colega de escola e até mesmo os 
pais com feições de raiva e conseguem, ainda, desenhar a si próprias com lágrimas nos 
olhos ou com expressões de infelicidade. 
 
 É por esse motivo, que o psicólogo deve levar em consideração todos os detalhes 
do desenho, cada palavra dita pela criança, as expressões faciais e corporais para chegar 
a um diagnóstico. 
 
 Na maioria dos casos, a principal ferramenta do psicólogo para amenizar o stress 
infantil é a conversa com pais e familiares, orientando-os sobre a mudança dos hábitos 
 
 
20
 
 
da criança. Orientar professores sobre o problema, para encontrar formas de minimizá-
lo pode ser a solução também. 
 
 Por isso, cada caso deve ser tratado de maneira específica, por exemplo, se uma 
criança apresenta altos níveis de stress porque é maltratada ou rejeitada na escola, o 
psicólogo deve analisar o fato e aconselhar os pais a trocarem a criança de escola ou de 
sala. 
 
 Para os alunos que sofrem stress justamente porque mudaram de escola, os 
psicólogo precisa auxiliá-lo no relacionamento com as outras crianças, incentivar o 
paciente a fazer novas amizades e alertar os pais sobre o problema. Para solucionar o 
distúrbio não há uma receita exclusiva, o profissional deve apenas avaliar e usar o bom 
senso priorizando sempre o bem-estar de cada indivíduo. 
 
 Os pais, professores e psicólogos precisam estar atentos em relação ao stress 
porque esse distúrbio pode agravar a ansiedade e gerar depressão, uma doença comum 
na infância, mas que na maioria das vezes é diagnosticada apenas na fase adulta. Caso a 
depressão não seja tratada, pode resultar na utilização exagerada de álcool e drogas na 
adolescência e levar o indivíduo ao suicídio. 
 
 Além do stress e a sobrecarga de atividades, predisposição genética, castigos e 
restrições podem levar a criança a desenvolver depressão. Mas quais são os sintomas 
dessa doença? Para que a criança seja diagnosticada com depressão, ela precisa 
apresentar: 
 
• Sentimento constante de infelicidade e tristeza profunda; 
 
• Ansiedade; 
 
• Falta de atenção; 
 
• Dificuldade em aprender e mau rendimento escolar; 
 
 
21
 
 
• Sentimento de rejeição e perseguição; 
 
• Choros sem causa e sem motivo. 
 
 Os sintomas são parecidos, o stress e a depressão costumam andar juntos e são 
muito perigosos. Por isso, os pais e professores precisam ficar atentos a irem buscar 
ajuda o mais rápido possível. 
 
 
 
3.3 – Hiperatividade: o que é? 
 
 
As crianças que pertencem à geração Z são 
bem informadas, comunicativas, gostam de fazer 
várias atividades e são também hiperativas. A 
hiperatividade, em alguns casos, pode ser considerada 
até um distúrbio. 
 
 Conhecida também como déficit de atenção, a 
hiperatividade é uma palavra utilizada para designar 
comportamentos agitados e inquietos, geralmente está 
associada às crianças. 
 
 Para entender melhor o que é hiperatividade, podemos exemplificar da seguinte 
forma: crianças que acordam agitadas, não conseguem se concentrar, realizam 
atividades o tempo todo, balançam as mãos e os pés ao comer, não conseguem prestar 
atenção no que fazem, possuem dificuldade em assistir televisão, ler livros ou fazer 
qualquer tarefa em repouso sofrem de hiperatividade. 
 
 De acordo com a Organização Mundial de Saúde, essa doença é denominada 
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e afeta mais de 10% da 
 
 
22
 
 
população mundial e não tem cura. As pessoas que sofrem desse distúrbio, levam-no 
para toda a vida. 
 
 As principais características de uma pessoa que possui hiperatividade é a 
desatenção, a inquietude e a impulsividade. Por isso, crianças que sofrem com essa 
doença podem ter alterações comportamentais com vários grupos de convívio com a 
família, com os pais, os irmãos, os professores, os colegas etc. 
 
 Por exemplo, como as crianças hiperativas não conseguem ficar paradas, 
costumam gritar, chamar a atenção e muitos parentes não gostam de recebê-las em casa. 
Por isso, os pais sentem grande necessidade de repreendê-las e acabam piorando o grau 
de agressividade e inquietude. 
 
 Além disso, crianças hiperativas não conseguem ficar paradas também no 
ambiente escolar. Como consequência, os professores acabam chamando atenção e 
colocam o aluno em situações de constrangimento perante os outros alunos. É comum 
que as crianças que possuam essa doença, tenham dificuldades de aprender e de se 
relacionar com outras crianças. 
 
 Como esse transtorno é mais comum em meninos, os pais e professores têm 
dificuldades em detectar o problema, já que por uma questão biológica, os meninos são 
normalmente mais agitados do que as meninas. Mesmo que essa dificuldade exista, o 
psicólogo precisa capacitar os pais e professores com relação aos principais sintomas da 
doença, que são: 
 
• Ter dificuldade em esperar a vez; 
 
• Falar constantemente e interromper a conversa dos adultos; 
 
• Não se interessar por atividades que exigem concentração e raciocínio; 
 
• Perder objetos pessoais com frequência; 
 
 
23
 
 
• Não respeitar datas e não se lembrar de fazer tarefas escolares; 
 
• Não ouvir o que as outras pessoas dizem e não cumprir ordens; 
 
• Não enxergar detalhes; 
 
• Não ficar sentada por muito tempo; 
 
• Não conseguir andar, mas correr o tempo todo; 
 
• Não conseguir ficar em silêncio; 
 
• Ser inquieta e distrair-se com facilidade; 
 
• Ter dificuldade de se planejar e de organizar tarefas; 
 
• Baixa autoestima; 
 
• Responder qualquer pergunta antes mesmo de ser formulada. 
 
O transtorno que tem origem nas alterações do sistema central é considerado 
genético. Isso porque 75% das pessoas que sofrem com a doença têm familiares 
hiperativos ou foram vítimas de problemas durante o período gestacional. 
 
Especialistas afirmam que mulheres que usam substâncias químicas como 
cigarro e álcool, adquiriram doenças durante a gravidez ou têm problemas durante o 
parto podem ter filhos com o transtorno. 
 
Geralmente, os sintomas aparecem ainda na primeira infância, ou seja, aos 2 ou 
3 anos de idade, mas poucos pais percebem o problema e só buscam tratamento quando 
o filho está com, aproximadamente, 7 anos. Isso porque essa é a denominada fase de 
 
 
24
 
 
alfabetização, mas as crianças hiperativas não conseguem aprender e precisam de 
tratamento. 
 
Para amenizar a hiperatividade, os psicólogos devem orientar os pais e 
professores a: 
 
• Repetirem várias vezes a mesma informação para ter certeza de que a 
criança entendeu a mensagem; 
 
• Fazerem frases curtas e a falarem devagar; 
 
• Conversarem olhando no rosto da criança, incentivando-a a prestar 
atenção na mensagem; 
 
• Verificarem se a criança evita participar de atividades em grupo; 
 
• Deixarem a criança confortável sem obrigá-la a fazer além de suas 
possibilidades; 
 
• Não enfeitarem o quarto da criança ou a sala de aula para que ela não se 
disperse com quadros, animais de pelúcia, desenhos, televisão, 
videogame, entre outros objetos; 
 
• Estabelecerem rotina para as crianças, uma vez que elas têm dificuldade 
em memorizar e não se adaptam com facilidade as mudanças; 
 
• Colocarem limites e regras; 
 
• Elogiarem as atitudes da criança para estimulá-la a melhorar sempre e 
elevar sua autoestima; 
 
 
 
25
 
 
• Não permitirem que a criança fique perto de portas e janelas, evitando 
assim, dispersões durante a realização de uma atividade; 
 
• Compreenderem o problema da criança e não fazerem exigências além da 
expectativa; 
 
• Incentivarem a criança a realizar atividades em casa e na escola. Nomeá-
lacomo ajudante é uma alternativa; 
 
• Darem carinho e muita atenção, e não repreenderem sem necessidade. 
 
Como os principais problemas da criança estão relacionados à aprendizagem, o 
psicólogo deve fazer o seu tratamento baseado nos princípios da psicopedagogia. Isso 
significa que, além das conversas e da realização de atividades em grupo, os psicólogos 
devem trabalhar de formar multidisciplinar, ou seja, buscar apoio de médicos e 
pedagogos para tentar amenizar os sintomas e efeitos. 
 
Geralmente, o tratamento é muito longo e não proporciona a cura do distúrbio, 
mas ajuda o indivíduo a melhorar a atenção, a memória, o comportamento, a se acalmar, 
a se relacionar melhor com as outras pessoas e aprender. 
 
 E por que a figura do médico é tão importante? Em alguns casos, a 
hiperatividade é tão grave, que a criança só consegue se acalmar, prestar atenção, 
memorizar as informações e acontecimentos por meio do uso de medicamentos orais. 
Por isso, apenas médicos especializados estão aptos a prescreverem calmantes ou 
qualquer remédio. 
 
 O pedagogo é importante na elaboração da adaptação dos processos de 
aprendizagem, ao aluno que não consegue memorizar e nem prestar atenção nas aulas. 
Com isso, ele pode usar ferramentas capazes de ensinar efetivamente o aluno que possui 
déficit de atenção e hiperatividade. 
 
 
 
26
 
 
 Vale lembrar que nem todas as crianças agitadas ou que têm dificuldade em 
aprender são hiperativas porque, como mostramos anteriormente, os sintomas de 
ansiedade, depressão, stress e hiperatividade são muito semelhantes e facilmente 
confundidos. 
 
 Por isso, para que o diagnóstico seja realizado corretamente, o psicólogo deve 
fazer vários testes com a criança, verificar se ela não tem problemas físicos que 
resultam em agressividade, se não sente dores e por causa disso choram com frequência 
etc. Além disso, precisam verificar como é seu comportamento e relacionamento na 
escola e na família, para que a partir daí, possa aplicar o tratamento correto. 
 
 Durante o tratamento, o profissional deve ajudar a criança a mudar os seus 
hábitos, estimulá-la a se tornar mais calma, atenta e paciente, focando também na área 
da comunicação, incentivando a mudança nas formas de comunicação e na relação com 
o mundo. 
 
 É importante lembrar aos profissionais da área, que o TDAH evoluiu com o 
passar dos anos e apresenta algumas variações, como: 
 
• Déficit de atenção sem hiperatividade: afeta as crianças com dificuldade 
de prestar atenção, memorizar e aprender, mas que não são inquietas e 
nem mesmo agressivas; 
 
• TDAH tipo desatento: afeta as crianças que possuem dificuldade em se 
concentrar, que se distraem com facilidade e que têm dificuldades em 
seguir instruções, fazer uma atividade até o fim, entre outras; 
 
• TDAH tipo hiperativo-impulsivo: é típica em crianças que não 
conseguem pensar antes de falar, fazem tudo por impulso, realizam 
várias atividades ao mesmo tempo, como ler um livro, ouvir música e 
ainda assistir à televisão. São intolerantes, explosivas e não costumam 
cumprir o que prometem. Agem sem se preocupar com as consequências; 
 
 
27
 
 
• TDAH misto-combinado: é quando a criança possui sintomas tanto do 
TDAH desatento quanto do TDAH hiperativo-impulsivo. 
 
 
3.4 – Distúrbios alimentares na infância 
 
O mundo passou por diversas transformações 
no decorrer dos séculos e não há dúvidas que os 
alimentos, e a forma de se alimentar também 
mudaram. Produtos industrializados, com excesso de 
sódio, corantes e conservantes ocupam cada vez mais 
as prateleiras dos supermercados, chegando aos 
armários e mesas de todos nós. 
Esses alimentos em excesso fazem mal à 
saúde. O consumo exagerado de guloseimas têm 
resultado em crianças obesas. Muitos pais acham que 
a obesidade é um fator genético e que mesmo com 
tratamentos a criança não perderá peso. Outros pais acreditam que a obesidade é 
resultado de uma alimentação desregrada, pobre em frutas e legumes, e sim, rica em 
doces, chocolates e frituras. 
 
 Porém, são raros os pais que percebem um distúrbio na alimentação, que 
enxergam que a compulsão por comida não está relacionada à fome em si, mas que pode 
representar problemas em outras áreas como na rejeição, preconceito, dificuldade de se 
relacionar, ansiedade, stress etc. 
 
 Crianças que comem em excesso podem se sentir sozinhas, abandonas, sofrer de 
baixa autoestima e, por isso, descontam suas tristezas, medos e aflições na comida como 
se o alimento fosse o remédio mais indicado para amenizar esses sentimentos. 
 
 
28
 
 
 Pais desinformados procuram ajuda de nutricionistas e endocrinologistas, mas se 
esquecem de procurar o psicólogo infantil. Dessa forma, o problema se agrava porque 
os médicos passam dietas restritivas, ou seja, proíbem a criança de comer os alimentos 
prediletos e não tratam da real causa do distúrbio, a mente. 
 
 Como consequência, há piora no sentimento de solidão e ansiedade, porque sem 
o alimento, se sentem ainda mais tristes, inseguras e desamparadas. Em vez de 
emagrecerem, elas ganham peso e além dos problemas psicológicos, ganham também 
problemas de saúde como o colesterol alto, a hipertensão etc. 
 
 Quais são as doenças psicológicas que podem resultar em excesso de apetite? A 
ansiedade, a depressão, o stress, a rejeição dos amigos e familiares são casos que podem 
levar a criança a comer compulsivamente. Porém, crianças superprotegidas pelos pais 
ou vítimas de violência sexual também podem ter o problema. 
 
 Os pais devem ficar atentos em relação à situação do filho. Porém, apenas o 
psicólogo está capacitado para avaliar e dizer o porquê do excesso de apetite. O 
psicólogo é quem deverá conversar com a criança, com os pais e familiares, e ao aplicar 
brincadeiras lúdicas, tentará buscar respostas para o problema. Desta forma, ele estará 
apto a dizer quais serão as atividades para amenizar o sentimento de depressão, stress e 
solidão. 
 
 Na maioria das vezes, estimular a criança a fazer algum tipo de esporte é a 
melhor saída. Ao jogar futebol, basquete, voleibol, handebol ou qualquer esporte em 
equipe, a criança passa a extravasar o stress e a depressão, faz novos amigos, diminui o 
sentimento de solidão, perde peso e ainda levanta a autoestima. 
 
 Geralmente, crianças que sofrem de obesidade não gostam de se relacionar com 
as outras crianças. Muitas delas vivem isoladas e têm vergonha da própria aparência. 
Por isso, elas não aceitam, na primeira tentativa, praticar algum esporte. Mas os pais e 
psicólogos não podem desistir. Esse ainda é o melhor caminho para que a criança se 
liberte de alguns comportamentos indevidos e melhore a sua saúde. 
 
 
29
 
 
 Para que o tratamento traga resultado positivo, os pais precisam ser orientados 
sobre o uso da tecnologia. Como falamos anteriormente, as crianças da geração Z estão 
antenadas no mundo tecnológico e não conseguem viver longe da televisão, do 
computador e do celular. 
 
 Por isso, muitas delas deixam de brincar com os amigos, jogar futebol na rua ou 
dançar balé e acabam passando o maior tempo livre em frente ao videogame, comendo 
bolachas recheadas e salgadinhos. Embora muitos pais não percebam, as crianças 
ganham peso, se afastam ainda mais dos amigos e da realidade. 
 
 É claro que o uso excessivo da tecnologia não é considerado uma doença 
psicológica, mas pode causar alguns efeitos nas crianças. Por exemplo: 
 
• Ter amigos no mundo virtual é mais fácil e não necessita de um 
deslocamento para conversar. Tudo é feito de casa e sem muitos 
esforços. Essa facilidade faz com que a criança foque sua vida nos 
amigos da internet. Com isso, se acostumam com o isolamento e com a 
solidão, e não conseguem mais viver relacionamentos interpessoais. Elas 
perdem a capacidade de conviver socialmente com as outras pessoas, têm 
mais dificuldade em fazer amigos e de se adaptar às mudanças,o que 
acaba gerando problemas psicológicos graves que serão levados por toda 
a vida; 
 
• Além de causar isolamento, a tecnologia pode causar frustração. Nem 
sempre o mundo real é tão bonito como o mundo virtual. As crianças, 
que não possuem ajuda familiar, amigos e nem mesmo diálogo dentro de 
casa passam a se dedicar ao mundo virtual, àquele que existe apenas 
dentro do computador e que não está de acordo com o mundo real. Esse 
sentimento de frustração gera um sentimento de compulsão, levando as 
crianças a consumirem comida em excesso sem perceberem. 
 
 
 
30
 
 
Para resolver esse problema, os pais precisam ser orientados a dosar o uso da 
tecnologia. Da mesma forma que comida em excesso prejudica a saúde, a tecnologia em 
excesso também prejudica a saúde mental e pode ter consequência na saúde física da 
criança. 
 
O correto não é proibir o videogame, a TV ou a internet, mas estipular um tempo 
para cada atividade como ir à escola, brincar com os amigos, fazer um curso extra, 
praticar um esporte, navegar na internet, ler um bom livro com a ajuda ou não dos pais, 
assistir um desenho ou filme infantil, conversar com os pais e familiares. 
 
Dessa forma, a criança aprende a usufruir corretamente de tudo o que lhe é 
apresentado, ou seja, a comunicação na internet permite que as crianças conversem com 
os amigos e se integrem em comunidades virtuais e/ou reais. Isso significa que a 
amizade e a comunicação com os amigos da escola, do futebol, do balé, do inglês ou de 
qualquer outro grupo podem ser estendidas ou intensificadas, fazendo com que o 
relacionamento se estreite ainda mais. 
 
Além disso, a tecnologia amplia o conhecimento das crianças, estimula a 
memória, o raciocínio, ela é uma ferramenta para ajudar a realizar os trabalhos da 
escola, um mundo capaz de estimular a imaginação e o aprendizado de todos. 
 
 Mas as doenças psicológicas podem gerar sintomas contrários ao do excesso de 
apetite. Em alguns casos, as crianças perdem totalmente a fome. A ansiedade, a 
depressão e o stress fazem com que as crianças sintam-se cheias e percam totalmente a 
vontade de comer. 
 
 Em outros casos, o que leva à falta de apetite é uma infelicidade com a aparência 
ou com as exigências do grupo onde estão inseridas. Meninas que fazem balé ou que 
são modelos infantis precisam manter o peso e não conseguem comer porque têm medo 
de engordar. Porém, existem também aquelas crianças que já estiveram acima do peso e 
que sofreram preconceito dos amigos da escola ou dos próprios familiares e, por causa 
disso, desenvolvem a anorexia e a bulimia. 
 
 
31
 
 
 
 
 
 
 Embora muitas pessoas acreditem que a bulimia e a anorexia são transtornos 
alimentares que ocorrem apenas na fase adulta, especialistas afirmam que em muitos 
casos, essa doença se desenvolveu na infância e se perdurou até a fase adulta. Além 
disso, são mais comuns em meninas do que em meninos e o grau de periculosidade é tão 
alto que podem levar à morte. 
 
 Mas por que as meninas são as mais afetadas? Na sociedade do século XXI, as 
mulheres são cobradas em relação à aparência desde crianças. A rivalidade é muito 
grande e os próprios familiares incentivam a busca incessante pela beleza. Toda menina 
aprende que para ser bonita precisa ser magra. 
 
 Já os meninos não se preocupam com o peso porque eles seguem outro padrão 
de beleza. Para que sejam considerados bonitos, eles precisam ser fortes, porque a 
maioria das mulheres não se interessa por homens pequenos e magros. Por isso, muitos 
deles comem adequadamente e fazem exercícios regularmente. 
 
 E é justamente essa diferença comportamental que facilita o processo de 
identificação de distúrbios alimentares nos meninos. Se o filho está sem apetite e deixou 
 
 
32
 
 
de almoçar, de jantar ou recusou seus alimentos preferidos é porque ele pode estar 
passando por problemas, como ansiedade, depressão, stress, rejeição, preconceito, enfim 
ele está infeliz e perdeu a vontade de comer. 
 
 É claro que para ser considerada uma doença, a inibição de apetite precisa ser 
constante, observada por vários dias e provocar uma mudança física visível na criança. 
É preciso lembrar que existem outros fatores que fazem as pessoas perderem a fome e 
que não estão relacionados à doença psicológica, como dores de garganta, dores no 
estômago etc. 
 
 Por esse motivo, os pais precisam ficar atentos. Se a criança não demonstrou 
nenhuma doença física e está com a sua rotina regular, mas ainda assim passa longos 
períodos sem comer e joga o alimento no lixo, é preciso procurar um psicólogo para 
avaliar e diagnosticar a causa da perda do apetite. 
 
 Mesmo que as meninas estejam mais propensas à bulimia e anorexia, nem 
sempre a falta de apetite está relacionada a essas doenças. Na verdade, a morte de um 
familiar importante, a separação dos pais, a ansiedade ou qualquer mudança pode trazer 
infelicidade e gerar a inibição de apetite. 
 
 Por isso, diagnosticar o motivo da falta de fome é tão difícil. Para evitar erros, o 
profissional precisa ser cauteloso, conversar com a criança e com os pais, tentando 
chegar a uma solução. 
 
 Se for bulimia ou anorexia, a criança vai dizer que sofreu preconceito e que foi 
chamada de gorda, por isso, não quer comer mais. Se for stress, depressão ou ansiedade, 
conversando com os familiares, analisando desenhos produzidos pelas crianças e a 
execução de atividades lúdicas, poderão trazer a resposta. 
 
 E o que é bulimia e anorexia? Como essas doenças se desenvolvem nas 
crianças? A bulimia é uma doença na qual o indivíduo se alimenta em excesso, mas 
 
 
33
 
 
após se arrepender de ter comido, provoca em si o vômito. Geralmente, as pessoas que 
sofrem com essa doença têm baixa autoestima e estão insatisfeitas com o corpo. 
 
 Essa doença pode causar alguns efeitos físicos, como: 
 
• Arritmia cardíaca; 
 
• Inflamação na garganta; 
 
• Cáries; 
 
• Gastrite; 
 
• Desidratação; 
 
• Anemia; 
 
• Sangramento no esôfago; 
 
• Perda da menstruação; 
 
• Problemas intestinais. 
 
Porém, além dos efeitos físicos, o transtorno pode causar cansaço em excesso, 
oscilações no humor e depressão. Muitas pessoas não percebem que os filhos ou 
familiares possuem a doença porque, na maioria das vezes, os indivíduos afetados pelo 
distúrbio não perdem peso em excesso, já que comem compulsivamente e também 
provocam vômitos escondidos, evitando fazer barulhos. 
 
Já a anorexia é uma doença que afeta totalmente o psicológico da pessoa, ou 
seja, embora sejam magros e estejam abaixo do peso, eles se olham no espelho e veem 
imagens distorcidas. Na maioria das vezes, se enxergam gordos. Muitos especialistas 
 
 
34
 
 
consideram a anorexia mais perigosa do que a bulimia. Isso porque os pacientes 
anoréxicos não conseguem comer, fazem exercícios em excesso, costumam passar 
longas horas sem se alimentar, tomam medicamentos emagrecedores por conta própria e 
não percebem que estão abaixo do peso, por isso, morrem. 
 
A morte pode ser resultado de diversos fatores. Muitos anoréxicos sabem que 
estão doentes, mas se recusam a procurar tratamento médico e psicológico. Outros 
morrem porque não tiveram o diagnóstico da doença, ou seja, não foram ajudados por 
amigos e familiares. Falecem por causa da falta de alimentação e pelo mau 
funcionamento dos órgãos e, por último, há casos em que a depressão e a infelicidade 
com o corpo são tão graves que levam o indivíduo ao suicídio. 
 
Para alertar os pais e psicólogos sobre os transtornos alimentares que ocorrem 
ainda infância, uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Pernambuco, em 
2010, apontou que 90% das meninas entre 10 a 14 anos se achavam gordas e faziam 
regimes. 
 
Fazer dieta nesta fase é preocupante não só por causa dos transtornos 
alimentares, mas também pelo desenvolvimento da criança. Comer bem e praticar 
esporte são princípiosbásicos para uma criança crescer saudável. Por isso, os pais e 
psicólogos precisam ficar atentos. A má alimentação na infância gera doenças físicas e 
psicológicas, que podem ser levadas por toda a vida e até mesmo, como foi dito 
anteriormente, causar a morte. 
 
É importante lembrar que essas doenças não têm cura e o paciente deve ser 
tratado por toda a vida. Uma vez que se descobre o distúrbio, o indivíduo deve passar 
por tratamento psicológico e acompanhamento com nutricionista, cardiologistas etc. O 
trabalho desses profissionais é essencial. Para amenizar os sintomas dessas doenças, o 
paciente precisa tomar remédios controlados como antidepressivos, estimuladores de 
apetite, entre outros. 
 
 
 
35
 
 
Os pais, familiares e médicos não podem de maneira nenhuma, forçar a criança a 
comer. A internação e alimentação por meio de sonda também não são aconselháveis e 
só devem ser realizadas em pacientes que apresentam quadros graves por falta de 
alimentação. 
 
Mas como os pais e psicólogos podem detectar se as crianças realmente estão 
com bulimia ou anorexia? As crianças afetadas pelo distúrbio, além de não comerem e 
de emagrecerem, apresentam as seguintes características: 
 
• Conhecem todas as informações nutricionais dos alimentos e costumam 
falar sobre as calorias; 
 
• Têm medo de engordar e evitam comer até mesmo os alimentos 
preferidos; 
 
• Falam mal de pessoas gordas, principalmente dos amigos que estão com 
sobrepeso; 
 
• Apresentam dores de barriga, náuseas, falta de apetite e não conseguem 
engolir os alimentos; 
 
• Em alguns casos, inventam doenças, dores ou se mostram indispostas 
porque não querem almoçar ou jantar. 
 
Os pais precisam ficar atentos, porque muitas crianças que sofrem com os 
transtornos alimentares tomam laxantes e diuréticos escondidos. Além disso, as crianças 
que já se encontram na última fase da infância e estão chegando a adolescência, podem 
ter acesso a bebidas alcoólicas ou drogas, por causa da falsa informação de que essas 
substâncias químicas inibem a fome. 
 
Mesmo que o foco esteja nas atitudes dos filhos, os adultos devem se 
autoavaliarem. Muitos pais são preconceituosos e deixam transparecer que não gostam 
 
 
36
 
 
de pessoas gordas, refletindo esse sentimento na criança. Então, o filho pensa: “Se eu 
for gordo, meus pais não vão gostar de mim, a minha família vai ter vergonha e meus 
amigos vão rir e colocar apelidos”. Dessa forma, a criança desenvolve o distúrbio 
alimentar. 
 
 A obesidade, a bulimia e a anorexia são os distúrbios alimentares mais 
conhecidos e divulgados pela mídia. Porém, não são os únicos distúrbios que podem 
afetar as crianças. Durante a primeira infância, o distúrbio mais comum é o Pica do 
Lactente ou da Criança. Este transtorno tem como característica o consumo de 
substâncias que não são nutritivas e que podem trazer graves doenças. Crianças que 
sofrem com este distúrbio costumam comer terra, barro, cinzas de cigarro ou objetos 
que encontram pelo chão, como: papel, plástico e até mesmo insetos. 
 
 
 
 Existe também o Transtorno de Ruminação ou Regurgitação que é observado 
quando o alimento que já foi engolido volta para ser remastigado. Embora esse 
transtorno seja muito raro, ele existe e muitos médicos não conseguem explicar o que 
causa a volta do alimento, porque a criança não faz esforços físicos para que isso ocorra 
 
 
37
 
 
e muito menos provoca o vômito. Na maioria dos casos, o alimento volta à boca logo 
após ser engolido. 
 
 Esse distúrbio é muito comum em bebês de até um ano, mas pode ser recorrente 
em crianças que sofrem de doenças mentais. Os principais sintomas são: 
 
• Irritação; 
 
• Excesso de apetite; 
 
• Desnutrição; 
 
• Fraqueza; 
 
• Perda de peso; 
 
• Tristeza aparente. 
 
As crianças que sofrem com esta doença costumam ficar durante horas sem se 
mexer. E ela pode resultar de diversos fatores, mas os médicos afirmam que sua causa 
está diretamente ligada a alguns problemas psicológicos, como: stress, falta de 
estímulos, baixa autoestima, problema na relação com os pais etc. Quando o distúrbio 
acontece em crianças mais velhas ou em pessoas adultas, ela está associada ao retardo 
mental. 
 
A única forma de tratamento é procurar um médico especialista no assunto ou 
em casos de bebês, os pais precisam procurar ajuda psicológica para aprender como 
lidar com o problema para que com os passar dos anos, a doença não deixe sequelas nas 
crianças. 
 
 
 
38
 
 
Para finalizar, podemos citar o transtorno Seletividade Alimentar, que ocorre 
quando a criança come determinado grupo de alimento e não aceita fazer mudanças no 
cardápio, ou seja, incluir ou retirar qualquer tipo de comida. 
Embora muitas crianças tenham o costume de rejeitar frutas, legumes e prefiram 
comer doces e guloseimas, essa atitude não é considerada seletividade alimentar. Na 
verdade, o distúrbio é um caso extremo no qual a criança decide comer apenas um 
alimento e ela fica fraca, vulnerável e perde peso. 
 
Como a seletividade traz 
consequências sérias à saúde, os pais precisam 
procurar um médico ou nutricionista para 
tentar estabelecer uma dieta capaz de 
solucionar a desnutrição. Porém, obrigar a 
criança a comer não é melhor forma para 
resolver o problema, por isso, os psicólogos 
precisam estar preparados e criar ferramentas 
que facilitem a mudança de hábito das 
crianças. 
 
Não há dúvidas de que a melhor 
maneira para amenizar os efeitos do distúrbio é conversar com pais e tentar mudar os 
hábitos de toda a família, facilitando assim, a mudança e a aceitação da criança. Por 
isso, vamos dar algumas dicas: 
 
• Nunca force a criança a comer; 
 
• Dê a ela o quanto ela consegue comer, o que está de acordo com a sua 
idade. Alimento em excesso causa obesidade e pouca comida deixa a 
criança fraca e sem disposição; 
 
• Incentive a criança a participar do preparo da refeição, peça opinião, 
ensine-a, sem obrigá-la a nada. Mas para isso, tome cuidado com o fogão 
 
 
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e evite que a criança se queime. O ideal é ensiná-la a fazer sanduíches, 
pedir que ela pegue os ingredientes, alertá-la sobre os perigos da faca e 
do fogo. Com o passar dos anos, os pais podem ensiná-la a preparar o 
próprio alimento; 
 
• Use a criatividade e faça alimentos diferentes; 
 
• Não ofereça comida como recompensa, muito menos doces e 
sobremesas. Alimento é algo essencial e não deve ser visto como prêmio; 
 
• Faça as refeições sempre nos mesmos horários e converse com o seu 
filho. Tente fazer desse momento uma experiência agradável e feliz; 
 
• Coma alimentos saudáveis e estimule a criança a comer verdura, legumes 
e frutas. Com o tempo, ela se acostuma e passa a enxergar esses 
alimentos de uma forma mais natural, cotidiana, como algo que faz parte 
da vida. 
 
3.5 – Distúrbios na educação e a dislexia 
 
 
 
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 Além dos distúrbios alimentares, que são muito comuns na infância, problemas 
de aprendizagem também se desenvolvem e são descobertos nesta fase. Um transtorno 
que pode trazer problemas no período escolar e prejudicar a alfabetização das crianças é 
a dislexia. 
 
 Embora muitos não conheçam este transtorno ou poucos ouvem falar, ele existe 
e é mais comum do que podemos imaginar. Mas o que é dislexia? Dislexia é um 
distúrbio considerado pelos especialistas como um problema de linguagem. Isso 
significa que os disléxicos têm dificuldade de ler, soletrar e escrever. 
 
 Na maioria das vezes, crianças que sofrem com este distúrbio são chamadas 
pelos pais e professores de preguiçosas, desinteressadas e irresponsáveis. Porém, 
ninguém percebe que a criança não consegue aprender por causa de um problema 
cerebral. 
 
 Na verdade, uma pessoa disléxica não tem a capacidade de associar um símbolo, 
ou seja, as letras com o som que elas representam. Desta forma, ela não tem a 
capacidade de organizara palavra na sequência correta. Na leitura, o problema se 
agrava, por exemplo, em vez de ler superinteressante, o disléxico leria 
suprinteressãmt. 
 
 Para entender um pouco mais sobre este transtorno, os sintomas que aparecem 
ainda na primeira infância são: 
 
• Atraso motor e na fala; 
 
• Dificuldade de interpretar a mensagem; 
 
• Choros sem motivo; 
 
• Agressividade e inquietude; 
 
 
 
41
 
 
• Dificuldade de adaptação na escola. 
 
 Como os sintomas são muito parecidos com os sintomas de outros transtornos 
como hiperatividade, stress, ansiedade, o psicólogo deve ser cauteloso ao fazer o 
diagnóstico. O ideal é criar uma equipe multidisciplinar, que além do psicólogo, atue os 
médicos neurologistas, os professores e os fonoaudiólogos. 
 
 O tratamento correto pode ser feito com exercícios de assimilação de fonemas e 
memorização das palavras que com o tempo, podem trazer resultados positivos e 
evolução na aprendizagem. 
 
 As pessoas disléxicas não podem ser consideradas analfabetas, preguiçosas ou 
doentes. Elas são normais e têm a capacidade de aprender, trabalhar e de se comunicar 
normalmente. Veja abaixo a lista que pessoas conhecidas e importantes que sofrem com 
o distúrbio: 
 
 
 
Disléxicos conhecidos: 
 
Agatha Christie (escritora); 
Charles Darwin (cientista); 
Albert Einstein (um dos mais importantes físicos do século XX); 
Franklin D. Roosevelt (32° presidente dos Estados Unidos); 
George Washington (1º presidente dos Estados Unidos); 
Napoleão Bonaparte (imperador da França); 
Pablo Picasso (artista plástico); 
Robin Williams (ator); 
Thomas A. Edison (inventor da lâmpada); 
Tom Cruise (ator); 
Vincent van Gogh (pintor); 
Winston Churchill (primeiro-ministro britânico); 
Walt Disney (fundador dos estúdios Disney); 
Leonardo Da Vinci (artista e inventor;) 
Whoopi Goldberg (atriz). 
 
 
Fonte:htt://www1.folha.uol.com.br/folha/ciência/ult306u334709.shtml 
 
 
 
 
 
42
 
 
Como mostra a tabela, os disléxicos costumam ser pessoas muito inteligentes e 
de destaque. Por isso, os pais precisam ficar atentos se a criança apresentar inteligência 
acima da média, mas tem dificuldade de falar, conversar, andar, neste caso é preciso 
procurar um médico. Especialistas afirmam que a melhor idade para começar o 
tratamento psicológico é aos 5 anos, mas os profissionais da psicologia podem começar 
a tratar até mesmo antes de atingir esta idade. 
 
 Os psicólogos podem orientar a família a ajudar no tratamento. Por exemplo, 
quando as crianças estão na fase de aprender a falar, elas têm dificuldade em pronunciar 
as palavras, mas como a memória auditiva dos portadores de dislexia costuma ser muito 
boa e acima da média, os pais podem exercitar a memória dos filhos falando devagar e 
pronunciando corretamente as palavras para que eles aprendam, aos poucos, os 
fonemas, porque esse é justamente o principal desafio para o disléxico: identificar 
corretamente a composição da palavra, ou seja, cada sílaba. 
 
 Além disso, os psicólogos devem orientar os pais sobre os acidentes que a 
criança disléxica pode ter. Como um dos sintomas do distúrbio é a dificuldade em 
andar, os pais costumam usar andadores para incentivar o desenvolvimento motor. 
 
 Porém, essa atitude pode ser arriscada e gerar acidentes. O uso de andadores não 
leva a criança a obter equilíbrio, mas dificulta o processo. Especialistas afirmam que 
crianças que não usam andador conseguem andar sozinhas antes mesmo daquelas que o 
utilizam. Isso se dá pelo fato de que elas aprendem a se equilibrar, ao contrário das que 
usam andador, que se acostumam a ter apoio e não exercitam o equilíbrio. O correto é 
incentivar a criança a fazer exercícios físicos e a andar sozinha, contando com o apoio 
apenas de um adulto. 
 
 
 
 
 
 
43
 
 
 
É importante alertar os psicólogos também, que com o passar dos anos, os sintomas 
desse distúrbio mudam. A criança se desenvolve, aprende com dificuldade a falar, a 
andar e na terceira infância apresenta outros sintomas, como: 
 
• Lentidão para fazer as atividades impostas, como ajudar em casa ou 
lições da escola; 
 
• A caligrafia está melhor, mas ainda não compreende o que escreveu; 
 
• Não consegue ler e para entender o que escreveu precisa ler em voz alta; 
 
• Costuma inverter a ordem das sílabas e das letras; 
 
• Tem memória fraca e muitas vezes não se lembra do que acabou de 
aprender; 
 
• Não consegue fazer provas escritas; 
 
 
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• Não gosta de frequentar a escola; 
 
• Não consegue se concentrar; 
 
• Costuma confundir com os opostos, como direita e esquerda, em cima e 
embaixo, entre outros; 
 
• Apresenta dificuldade em aprender matemática, não consegue diferenciar 
as datas e nem as horas; 
 
• Apresenta dificuldade de fazer atividades simples, como abotoar a 
camisa, amarrar o sapato, entre outros. 
 
 Como essas crianças não têm problemas sérios em relação ao comportamento, 
muitas vezes os pais e professores não conseguem notar a presença do distúrbio. A falta 
de tratamento adequado pode trazer sérias dificuldades futuras. Segundo especialistas, 
80% das pessoas que têm o distúrbio não conseguem ler corretamente e a maioria delas 
apresenta problemas para escrever, costumam ter a caligrafia ilegível e não sabem 
respeitar as linhas e margens do caderno. 
 
 Para uma criança ter o diagnóstico do transtorno, ela precisa apresentar vários 
dos sintomas citados acima. Mas há casos em que a criança apresenta muitos sintomas, 
porém, em outros casos, o distúrbio só é notado por causa da dificuldade em ler e 
escrever. Vale lembrar que algumas crianças aprendem a andar e a falar tardiamente, e 
isso, não está relacionado à dislexia. 
 
 Como mostramos anteriormente, Leonardo Da Vinci, uma personalidade famosa 
do século XV, foi diagnosticado com a doença, assim como outros grandes importantes 
ícones da história mundial, demonstrando que o distúrbio foi descoberto há muitos 
séculos atrás. 
 
 
 
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 Mas a medicina só passou a fazer referências à dislexia no século XIX, quando 
alguns médicos decidiram estudar as causas e possíveis tratamentos para o transtorno. 
No começo, os pesquisadores associaram a doença a possíveis problemas de visão. 
Depois, eles perceberam que essa síndrome era causada por diversos fatores cerebrais e 
que para ser tratada, deveria ter o trabalho de profissionais pertencentes a diferentes 
áreas. 
 
 Os médicos perceberam que a maior incidência da dislexia era a genética. Por 
isso, para avaliar a criança, o psicólogo precisa fazer entrevistas com os pais e tentar 
identificar se existem casos semelhantes na família. 
 
 Após essa identificação, o profissional deve tentar avaliar o potencial intelectual 
da criança, verificando se ela apresenta boa memória, se consegue ler, identificar letras 
e sílabas etc. O próximo passo é dizer se o paciente apresenta nível intelectual de acordo 
com a média, se tem dificuldade de aprender e se apresenta os sintomas citados 
anteriormente. 
 
 Embora pareça fácil, o diagnóstico psicológico é muito complexo precisando ser 
realizado com cautela. Por exemplo, o psicólogo precisa investigar se os sintomas 
apresentados pela criança são provenientes de problemas emocionais, ou seja, a 
dificuldade de aprender e de memorizar as informações pode ser resultado do déficit de 
atenção e hiperatividade, stress, depressão, ansiedade ou problemas familiares. 
 
 Caso fique comprovado pelo profissional que a criança realmente tem dislexia, 
médicos de outras áreas devem ser incluídos no tratamento. É importante lembrar que 
essa síndrome é muito comum e, segundo a Associação Brasileira de Dislexia, quase 
10% da população tem o distúrbio. Por isso, os pais devem se preocupar e procurar um 
profissional da área para fazer o diagnóstico. 
 
 
 
 
 
 
46
 
 
 Para finalizar, veja abaixo as classificações do distúrbio: 
 
 Dislexia disfonética,que está relacionada à audição. Isso significa que a pessoa 
que sofre com esse transtorno troca fonemas, sílabas, letras, tem dificuldade de ler, de 
escrever e troca as palavras por sinônimos. 
 
 Dislexia deseidética, que está relacionada à visão. A pessoa que sofre desse 
distúrbio tem pouca noção de espaços, confunde as direções e tem mais dificuldade na 
leitura do que na escrita. 
 
 A imagem abaixo mostra como as crianças com dislexia costumam escrever: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: http://trabalhinhos.blogspot.com.br/2011/02/dislexia-o-que-e-e-como-identificar.html 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Unidade 4 – O Processo Psicoterapêutico Infantil 
 
 
Olá! 
 
 O curso está chegando ao final e para completar nosso estudo, nesta unidade 
discutiremos os processos básicos para que o psicólogo realize consultas com crianças e 
mostraremos ainda, a importância dos pais durante o tratamento do filho. 
 
 Além disso, vamos falar sobre a presença do psicólogo infantil em ambientes 
externos, como nas escolas e residências, por exemplo, com a finalidade de alcançar 
melhores resultados em relação ao problema da criança. 
 
 
Bom estudo! 
 
 
 
4.1 – Os processos da consulta 
 
 
 Durante todo o curso, falamos da 
importância do psicólogo para tratar dos problemas 
infantis. Destacamos como a entrevista com pais e 
com as crianças é importante, podendo trazer 
informações relevantes para o diagnóstico e o 
tratamento. Mas como deve ser realizada essa 
consulta? Como podemos organizar a sala 
adequadamente? 
 
 Primeiramente, vamos falar sobre o espaço 
que o psicólogo vai ocupar. Seja em um hospital ou 
 
 
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em uma clínica, a sala de psicologia infantil precisa ser colorida, ter muitos brinquedos, 
e, ainda, disponibilizar elementos para que a criança possa desenhar, escrever, pintar, 
entre outros. 
 
 Como falamos anteriormente, as atividades aplicadas para diagnosticar os 
problemas são as brincadeiras lúdicas, ou seja, atividades que divirtam as crianças, 
como jogos e desenhos. 
 
 Por isso, é aconselhável que a sala seja ampla, que tenha uma mesa, uma cadeira 
para que as crianças possam desenhar e fazer trabalhos artísticos, uma cadeira para o 
psicólogo e uma estante, abastecida com: 
 
• Bonecas e ursos de pelúcia; 
 
• Carrinhos; 
 
• Jogos de raciocínio como dama e xadrez; 
 
• Jogos de tabuleiro; 
 
• Quebra-cabeça e brinquedo de montar, como Lego, por exemplo; 
 
• Livros infantis que sejam coloridos e ilustrados; 
 
• Papel, lápis de cor, canetas coloridas, massinha, tinta e outros materiais 
artísticos. 
 
 Além da estante, da mesa para as crianças e da mesa para o psicólogo, a sala 
deve ter também sofás e almofadas para que a criança fique relaxada, confortável e 
possa passar as informações ao brincar e ao se distrair. 
 
 
 
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 Para que o ambiente não fique triste e lembre um hospital, é aconselhável que os 
acessórios tenham cores vibrantes e alegres, como: roxo, vermelho, laranja, amarelo, 
azul e verde. Desse jeito, a sala fica mais alegre e atrativa, e as crianças passam a ter 
mais vontade de frequentá-la. 
 
 A imagem abaixo mostra como a sala pode ser organizada. Veja: 
 
 
 
Fonte: http://www.consultoriodepsicologia.net/59/index.html?*session*id*key*=*session*id*val* 
 
 Após a organização do espaço, o psicólogo deve estabelecer como será a 
consulta. O tempo indicado para a duração dos encontros é de 50 minutos. Porém, não é 
possível estipular um prazo exato para a finalização do tratamento. 
 
 Geralmente, os quatro primeiros encontros são realizados para que o psicólogo 
possa conhecer o paciente, entender o seu problema e fazer o diagnóstico. Vale lembrar 
que a avaliação em crianças pode demorar e que quatro encontros, às vezes, não são 
suficientes. Isso acontece porque muitos distúrbios infantis apresentam os mesmos 
sintomas. 
 
 Por isso, os psicólogos precisam analisar com cautela, verificar todas as 
possibilidades, tentar conversar com a criança e aplicar alguns testes para ter certeza do 
diagnóstico. Como foi dito anteriormente, uma criança que sofre de dislexia pode 
 
 
50
 
 
apresentar os mesmos sintomas que uma criança que sofre de hiperatividade, porém, o 
tratamento é totalmente diferente e as consequências que cada distúrbio traz também são 
diferenciadas. 
 
 Para facilitar o diagnóstico, o psicólogo deve conversar com os pais e familiares 
da criança, mas de forma isolada, explicando quais serão os seus métodos e suas 
atividades. Caso a intenção do profissional seja utilizar as atividades lúdicas, ele deverá 
explicar para os pais o que são essas atividades, como elas são realizadas e os resultados 
que podem trazer. 
 
 Após conversar com os pais e diagnosticar o problema, o profissional deve 
estabelecer as ferramentas que ele vai utilizar para amenizar os sintomas. Não há 
dúvidas de que o psicólogo precisa conversar com os pais durante o tratamento. 
Apresentar a evolução, a conduta da criança e os procedimentos realizados são 
informações básicas, que devem ser constantemente atualizadas. 
 
 Uma das ferramentas mais utilizadas é a interpretação dos desenhos. 
Geralmente, as crianças que apresentam problemas comportamentais, de 
relacionamento, stress, ansiedade ou depressão preferem desenhar, a brincar. Por isso, 
para diagnosticar a causa do problema ou até mesmo fazer o tratamento, os psicólogos 
se baseiam na interpretação dos traços infantis. 
 
 Mas como é possível fazer essa interpretação? Não há dúvidas de que o desenho 
é uma forma de expressar os sentimentos interiores, que ficam escondidos e muitas 
vezes são desconhecidos. Para que a análise do desenho seja positiva e traga resultados 
satisfatórios, o psicólogo precisa analisar: 
 
• A posição do desenho, ou seja, em qual parte da folha a criança desenhou 
o principal elemento. Se ela colocou na parte superior, está relacionado 
com a sua imaginação, curiosidade e com a vontade de aprender. Se for 
na parte inferior, indica que a criança possui necessidades físicas e 
 
 
51
 
 
materiais. O lado direito está ligado ao futuro, enquanto o esquerdo está 
ligado ao passado. Já o centro da folha está relacionado ao presente. 
 
• Tamanho do desenho, ou seja, desenhos grandes demonstram segurança e 
desenhos pequenos refletem insegurança; 
 
• Quando a criança faz desenhos completos e usa traços contínuos significa 
que ela está calma, dócil. Porém, desenhos que apresentam traços 
falhados ou interrompidos demonstram impulsividade; 
 
• Quando a criança desenhar com boa pressão, apertar bem o lápis para 
definir os detalhes, ela demonstra felicidade. Porém, se o traço for muito 
forte pode indicar raiva, agressividade. Caso o desenho tenha o traço leve 
ela demonstra falta de vontade e cansaço; 
 
• A utilização das cores pode indicar determinados sentimentos, por 
exemplo: 
 
 Felicidade, vontade; 
 Impaciência, inquietação; 
 Paz, tranquilidade; 
 Intuição, sensibilidade; 
 Inconsciente; 
 Curiosidade, alegria; 
 Segurança e planejamento; 
Uma cor Preguiça, infelicidade, descontentamento; 
 
 
 É importante lembrar que os desenhos de meninos e de meninas costumam ser 
bem diferentes. Por exemplo, os meninos gostam de desenhar sobre futebol, lutas, 
carros e tudo o que envolve o mundo masculino. Por isso, os traços costumam ser mais 
agressivos e escuros. Já as meninas costumam fazer traços mais delicados, desenham 
bonecas, flores, amigas, corações, natureza, sol, nuvem, entre outros. Geralmente, o 
desenho é mais colorido e apresenta elementos imaginários, como fadas, anjos etc. 
 
 
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 A partir dessas informações, o psicólogo pode entender quando algo está errado. 
Se uma menina faz desenhos tristes, usa apenas uma cor, faz traços muito fortes e 
apresenta elementosagressivos. O desenho reflete as insatisfações sentimentais e 
também distúrbios comportamentais. 
 
 Além dos elementos que citamos acima, os psicólogos precisam estar atentos em 
relação a outros aspectos, como: 
 
• As cores utilizadas são vivas ou a criança pintou levemente a figura? 
 
• A criança fez sombras nos objetos ou personagens? 
 
• Existe algum elemento isolado, ou seja, preso em um quadrado? 
 
• Quando representou a família ou os amigos, alguém estava ausente? 
 
• As feições dos personagens são agressivas? 
 
• Há elementos violentos como armas, espada ou faca? 
 
• Ela costuma fazer sempre o mesmo desenho? 
 
• Ao finalizar o trabalho, ela costuma amassar o papel, jogar fora ou 
rabiscar algum elemento? 
 
• Todos os personagens têm rosto? 
 
• O desenho está adequado a sua idade? 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Embora as atividades lúdicas, inclusive o desenho, sejam importantes para o 
tratamento, o psicólogo pode utilizar ferramentas que vão além do trabalho no 
consultório. Por isso, existem as chamadas Lições de Casa. 
 
Essa lição é bem parecida como as da escola. O psicólogo pode incentivar a 
criança a escrever um texto, um poema, escutar uma música, ler um livro ou até mesmo 
observar algo. Mas essa atividade não é obrigatória nem para o psicológico e muito 
menos para o seu paciente. 
 
Porém, elas são importantes para agilizar o tratamento, para ajudar na avaliação 
do psicólogo, para que a criança comece a realizar mudanças em algumas áreas da vida, 
auxiliando tanto o profissional como o paciente a alcançar o objetivo estabelecido: a 
qualidade de vida e a felicidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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4.2 – Sessões com os pais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Durante todo o curso, discutimos como os psicólogos podem ajudar os pais em 
relação aos problemas com os filhos. Passamos algumas dicas e informações básicas, 
que todos os profissionais precisam saber para orientar os familiares do paciente. 
 
Por que a família é tão importante para o tratamento? A maioria das crianças vê 
os pais como heróis e os têm como exemplo. Mas muitos desses pais não sabem educar 
corretamente os filhos e falam coisas indevidas, tratam as crianças com indiferença, 
agridem e os castigam por causa de determinados acontecimentos. 
 
Mesmo que os pais amem seus filhos e tomem essas atitudes porque as acham 
educativas e eficazes, eles não imaginam que estão seguindo o caminho contrário e 
podem prejudicar ainda mais os problemas psicológicos das crianças. 
 
É por isso, que os psicólogos precisam entender que o tratamento começa com 
os pais. Eles devem, primeiramente, mudar de atitude para que depois o tratamento 
foque nas crianças. 
 
 
 
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Mas é claro que fazer os pais mudarem de atitude não é tarefa fácil e, 
geralmente, eles não aceitam trocar os métodos de educação. Os pais costumam seguir 
os passos de sua família e usam os mesmos mecanismos utilizados na educação deles. 
Isso significa que as pessoas que tinham o hábito de apanhar quando faziam algo errado 
seguem o mesmo método e também agridem os seus filhos. 
 
É como um ciclo vicioso, uma cultura, da qual as crianças sofrem com as 
consequências. São raros os casos em que os pais admitem que estejam agindo de forma 
incorreta e que precisam mudar. Por isso, também são incomuns tratamentos 
psicológicos que trazem resultados em curto espaço de tempo. 
 
Isso porque as consultas só podem ser consideradas benéficas se houver 
mudança dentro de casa, na relação com a família. Por exemplo, crianças que sofrem 
com stress precisam cumprir menos responsabilidades, fazer menos atividades, serem 
menos cobradas e ter tempo para descansar. 
 
Porém, caso os pais não aceitem essa proposta e não façam mudanças em 
relação à agenda do filho, por mais que a criança passe por terapia, dificilmente 
apresentará um quadro de melhora. 
 
Se a criança tem dislexia e os pais não compreendem os mecanismos da doença 
e ainda chamam-na de preguiçosa e desatenta, os sintomas podem evoluir e passar de 
um problema na linguagem para depressão, ansiedade, isolamento e stress, fazendo com 
que a criança tenha ainda mais dificuldade de aprender e de se relacionar com os 
colegas. 
 
Com o tempo, o resultado será o desinteresse pelo ambiente escolar, o 
descontentamento com a família e com a vida, podendo se transformar em síndromes 
perigosas como a síndrome do pânico, por exemplo. 
 
Por isso, o intuito de integrar os familiares mais próximos, é incentivar 
mudanças de pensamento e de atitude dos pais. Tentar diminuir preconceitos, 
 
 
56
 
 
agressividade e falta de compostura, que muitos deles deixam transparecer no ambiente 
doméstico e na presença dos filhos. 
 
Mas como devem ser conduzidas as consultas com os pais? A maior parte dos 
tratamentos psicológicos infantis inicia-se na entrevista com pais. Assim, os 
profissionais devem orientar os adultos a deixar a criança em casa, na companhia de um 
familiar e não leva-lá ao consultório. 
 
Essa informação é importante porque os pais costumam achar que a conversa 
será com todos os membros da família juntos. Porém, não é isso que acontece. Para 
conhecer melhor o cenário em que se encontra a criança, o psicólogo precisa conversar 
isoladamente com pais para que eles se sintam a vontade, confortáveis e possam falar 
tudo sobre a criança. 
 
Nesse primeiro encontro o psicólogo deve perguntar: 
 
• Por que vocês procuraram a minha ajuda? 
 
• O que acontece com o filho de vocês? 
 
• Quais são os seus sintomas? 
 
• O que ele fez de tão grave para que vocês chegassem a procurar ajuda 
psicológica? 
 
• Houve alguma mudança recentemente, como morte, separação, mudança 
de escola, de cidade, entre outras? 
 
• Qual é a história do filho de vocês? Com quantos anos entrou na escola, 
por que foi para a escola? Quantos irmãos? Como é a rotina? 
 
 
 
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• Qual é a história de vocês? Brigam com frequência? Possuem algum tipo 
de doença ou vício? 
 
• Quais são as atividades que vocês realizam junto com a criança? Ajudam 
o filho a fazer a lição de casa? Leva para o parque, zoológico, praça, casa 
de amigos, shoppings, restaurantes ou festas de familiares? 
 
• Como vocês costumam educar a criança? Conversam com frequência, 
agridem, aplicam castigos restritivos ou não fazem nada? 
 
• Como foi a educação de vocês? 
 
• Como é a relação de todos os parentes? 
 
 São muitos os aspectos a serem notados pelos psicólogos. Por isso, muitas vezes, 
a conversa com os pais pode ser extensa e concluída em dois encontros ou mais. É 
comum os profissionais perceberem que o problema não está na criança, mas na 
estrutura familiar. 
 
 Pais que bebem, maridos que agridem as esposas, adultos agressivos e 
estressados que batem e castigam os filhos são, na maioria das vezes, os causadores dos 
problemas infantis. 
 
 É por esse motivo que muitos pais, quando alertados por professores, não 
buscam ajuda psicóloga para o filho. Na verdade, eles sabem que os problemas foram 
causados por suas próprias atitudes e ficam constrangidos de assumir isso ao 
profissional. 
 
 Vale lembrar que as consultas psicológicas aos pais não devem ser realizadas 
como um questionário, no qual o profissional segue cada pergunta, obtém a resposta e 
faz o diagnóstico. 
 
 
 
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 Essa entrevista se constitui em uma ferramenta capaz de detectar o ambiente em 
que a criança está inserida, por isso, deve ser feita cautelosamente, levando em 
consideração todos os detalhes, cada palavra utilizada pelo familiar, cada gesto, feição, 
olhar etc. 
 
 Por meio dessa conversa é que os pais podem avaliar, por si só o filho, tentando 
procurar os motivos e as saídas para o problema. Por exemplo, é comum os pais 
chegarem ao consultório e dizer que após brigar, agredir ou aplicar um castigo, o filho 
passou a comer em excesso, começou

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