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Microbiota hospitalar e IRAS IRAS Infecções Relacionadas com Assistência à Saúde Grave problema de saúde pública Prevalência Estados Unidos da América - 4% Brasil - 11% Problemas em países em desenvolvimento ✔ Recursos humanos e financeiros limitados ✔ Poucos hospitais possuem CCIH ativa ✔ Uso intenso, inapropriado e inadequado de antimicrobianos ✔ Relutância do profissional em mudar comportamento ✔ Falta de material e equipamentos sem manutenção ✔ Água contaminas ✔ Suporte microbiológico inexistente/inadequado ✔ Esterilização/desinfecção inadequada ✔ Falta de medicamentos ✔ Infraestrutura hospitalar inadequada ✔ Treinamento inadequado no controle de infecção Definição Não está presente nem incubando, quando da admissão hospitalar, manifestando-se 72 horas de internação ou 48 horas, quando associada a procedimento invasivpo Pode se manifestar até 48 horas Após alta de UTI 30 dias Após cirurgia sem colocação de prótese 1 ano Após cirurgia com colocação de prótese ♦ IRAS estão associadas com ↑morbidade, ↑mortalidade, ↑tempo de intrnação e ↑cu$tos do tratamento ♦ Incidência 3 a cada 10 pacienter internados m UTIs (taxas de infecções 5-10x maiores que demais unidades) ♦ 45% das IRAS ocorrem em pacientes internados nas UTIs ♦ UTIs Taxas de infecções 5-10x maiores que outras unidades, correspondem a menos de 10% dos leitos hospitalares Classificação (sítio anatômico) Urinárias 33% (geral) e 24% (UTI) Pneumonias 15% (geral) e 40% (UTI) Sítio cirúrgico 15% (geral) e 8% (UTI) Corrente sanguínea 13% (geral) e 11% (UTI) Outras localizações 24% (geral) e 26% (UTI) Patógenos mais frequentes em IRAS S. aureus (30%) P. aeruginosa (29%) Estafilococos coagulase negativos (19%) Leveduras (17%) E. coli (13%) Enterococos (12%) Acinetobacter spp. (9%) Klebsiella spp. (8%) Fatores de risco Estado de saúde do paciente ✔ Idade avançada ✔ Má nutrição ✔ Alcoolismo e tabagismo ✔ Doenças crônicas pulmonares ✔ Trauma e queimaduras ✔ Diabetes e outras co-mobirdades Procedimentos Invasivos ✔ Intubação nasal/endotraqueal ✔ Caterização vascular central ✔ Suporte renal extracorpóreo ✔ Drenos ✔ Sondas nasogástricas ✔ Traqueostomia/cricotireoidotomia ✔ Cateter urinário Tratamento ✔ Transfusões sanguíneas ✔ Terapia antimicrobiana prévia ✔ Tratamento com agentes imunossupressores ✔ Nutrição parenteral ✔ Profilaxia de úlceras ✔ Cirurgias Transmissão e Patogenia Infecções Endógenas Autoinfecção Infecções Exógenas Contato, aerógena, fonte comum, vetores ♦ A lavagem de mãos é a principal medida preventiva contra IRAS ♦ Infecção do Trato Urinário (ITU) IRA mais comum (~40%) Segunda IRA mais frequente em UTIs 70% dos casos assintomáticos ↓ Mortalidade ↓ Custo ♦ Pode ser foco de bacteremias secundárias (1-5%) ♦ *Reservatório de patógenos resistentes aos antimicrobianos Fatores de risco Intrínsecos Idade, sexo ♀, diabetes mellitus, transplante renal, anemia falciforme, má nutrição, ↓imunidade, doença policística renal Extrínsecos Cateterismo prolongado (80%), pacientes em hospitais gerais (15-25%), sonda com uso maior a seis dias Patogênese Microrganismos se multiplicam na urina retida na bexiga → cistite Fontes Microbiotas do intestino grosso e períneo, mãos de profissionais de saúde Vias de acesso em pacientes com sonda Extralumial Colonização em células epiteliais do meato uretral Intralumial Abertura do sistema fechado de drenagem e contaminação pelo recipiente coletor ♦ As vias hematogênicas e linfática podem desencadear ITU ♦ Diagnóstico de ITU hospitalar Infecções Sintomáticas Após 48 horas para pacientes com sonda vesical e 72 horas da admissão hospitalar Critérios clínicos Hipertermia, disúria, dor lombar, dor suprapúbica, urgência miccional com ↑frequência Critérios laboratoriais Piúria, leucocitose, bactérias no esfregaço de urina recente não centrifugada corada pelo Gram Infecções Assintomáticas Uso de sonda vesical até sete dias antes da cultura → contagem maior ou igual a 10⁵ UFC/mL e não mais que duas espécies Sem uso de sonda vesical até sete dias antes da cultura (duas culturas positivas com contagem maior ou igual a 10⁵ UFC/ mL, não mais que duas espécies ♦ Cultivo primário em ágar CLED, ágar sangue 5% e ágar MacConkey ♦ Prognóstico de ITU hospitalar Infecção Assintomática Infecção sintomática (fator de risco) Infecção Sintomática Pielonefrite (fator de risco) e sepse (fator de risco) ITU complicada Indivíduos com anormalidade anatômica ou funcional do aparelho geniturinário, na vigência de cateterismo ou instrumentação do TU, presença de cálculos renais/prostáticos e resistencia antimicrobiana Tratamento Antimicrobianos de amplo espectro, empírica Avaliar retirada de sonda vesical Infecções assintomáticas devem ser tratadas (exceção: pacientes conscientes, com cateter in situ) Pneumonia Hospitalar Segunda IRA mais comum, sendo a primeira em pacientes internados na UTI Taxa de mortalidade 20 a 50%, infecção grave Custo médio por infecção US$ 5.683/paciente ♦ Pode ser fonte de bacteremia secundária ♦ Espécimes clínicos para avaliação microbiológica Lavado broncoalveolar Bronquíolos (10.000 UFC/mL) Escovado protegido Bronquíolos (10³ UFC/mL) Aspirado endotraqueal ↓Custo, boa sensibilidade, ↓especificidade → 1.000.000 UFC/mL Infecção de Corrente Sanguínea (ICS) Infecção de Sítio Cirúrgico (ISC) Outras IRAS ✔ Infecções do Trato Superior (ITS) ✔ Infecções do Trato Gastrointestinal (ITGI) ✔ Infecções cutâneas ✔ Infecções do Sistema Nervoso Central (ISNC) ✔ Endometrites ✔ Infecções abdominais decorrentes de procedimentos invasivos ✔ Supercolonizações intestinais por C. difficile ✔ Infecção em neonatos (exceto as congênitas) Pode ocorrer até 30 dias após cirurgia e até um ano após implante ou prótese Taxa de mortalidade 2,5-40% Custo médio por infecção US$ 3.152 Necessidade de procedimentos cirúrgicos subsequentes Classificação das ICS Incisionais (66%) e órgão/espaço (34%) Terceira IRA mais comum em UTI Taxa de mortalidade 30-57%, infecção grave Custo médio por infecção US$ 3.517/paciente Bacteremias/Fungemias Primárias Fonte de infecção não conhecida (50%) → Relacionadas com cateter (hemocultura positiva com microrganismo presente na ponta do cateter e ausência clínica e microbiológica de outra fonte de infecção - 75%) e associadas ao cateter (hemocultura positiva com manifestação clínica de sepse, sem confirmação laboratorial da colonização da ponta do cateter) Secundária Foco de infecção fora do sistema vascular Pneumonia Associada à Ventilação (PAV) 83% das pneumonias hospitalares 9-24% dos pacientes sob ventilação mecânica Hospitalar após 48 horas de prótese ventilatória Patogênese Disseminação hematogênica, microaspiração de secreções da orofaringe, macroaspiração do conteúdo gástrico e compromeimento dos mecanismos de defesa Fatores de Risco ✔ Tempo de ventilação prolongado ✔ Idade avançada ✔ Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica ✔ Queimaduras e profilaxia de úlcera gastrica ✔ Cirurgia gastro-torácica ✔ Nutrição enteral/parenteral ✔ Sonda nasogástrica ✔ Uso de antimicrobianos ✔ Traqueostomia ✔ ↓Nível de consciência Classificação Precoce menor ou igual a quatro dias de ventilação mecânica. Causada por S. pneumoniae, H. influenzae e MSSA Tardia Após quatro dias de ventilação mecânica. Causada por P. aeruginosa, A. baumannii, Enterobacteriaceae e MRSA ♦ A resistência antimicrobiana é responsável pelo aumento nas taxas de morbimortalidade ♦ Vigilância e controle (PAV e eventos associados à ventilação mecânica) ✔ Alteração no status respiratório ✔ Temperatura < 36ºC ou > 38ºC ✔ Leucócitos menor ou igual a 4000/mm³ OU maior ou igual a 12.000/mm³ ✔ Novo antimicrobiano iniciado e mantido por ao menos quatro dias ✔ Gram do aspirado endotraqueal ou lavado broncoalveolar com igual ou mais que 25 neutrófilos e menor ou igual a dez células epiteliais/campo na objetiva 10x ✔ Cultura positiva Diagnóstico Considera critérios clínicos, radiológicos e laboratoriais ♦ O exame microbiológico provê maior especificidade e o cultivo primário ocorre em ágar sangue, ágar chocolate e ágarMacConkey ♦ Tratamento Rápido e empírico com antimicrobiano de amplo espectro ♦ PAV podem ter vários agentes etiológicos, ser polimicrobianas ou envolverem microrganismos multirresistentes ♦ Descalonamento ↓Espectro mesmo se houve boa resposta à terapia inicial Definições Sepse Hemocultura positiva e dois ou mais odo sinais/ sintomas → FR > 20 mrm, FC > 90 bpm, hipertermia (maior ou igual a 38ºC) OU hipotermia (menor ou igual a 35ºC), leucocitose (maior ou igual a 10.000 mm³) OU leucopenia (menor ou igual a 4.000 mm³) Sepse clínica Sem comprovação microbiológica Sepse grave Associada à hipotensão, PAS < 90 mmHg, que pode ser revertida com administração de fluidos e sem necessidade de agentes vasopressores Choque séptico Hipotensão resulta em perfusão tissular anormal, acidose metabólica, oligúria e status mental alterado (necessário medicamentos vasoativos) Tipos de cateter ✔ Cateter periférico ✔ Cateter de artéria pulmonar ✔ Cateter Central de Inserção Periférica ✔ Cateter venosa cental → curta ou longa permanência ✔ Cateter umbilical Vias de migração e fonte do microrganismos ✔ Intraluminal → cateteres de longa duração ✔ Extraluminal → cateteres de curta duração ✔ Via hematogênica → a partir de outros focos de infecção ou translocação a partir do lúmen intestinal ✔ Contaminação intrínseca do sistema → solução infundida Diagnóstico Critérios clínicos Sinais e sintomas Critérios microbiológicos Hemocultura positia Agentes etiológicos Staphylococcus coagulase negativos, S. aureus, Enterococcus spp., Streptococcus spp., E. coli, Enterobacter spp., K. pneumoniae, Salmonella spp., P. aeruginosa, A. baumannii Tratamento Empírico com antimicrobianos de amplo espectro, baseado na epidemiologia local Descalonamento ↓Espectro mesmo se houve boa resposta à terapia inicial Classificação das cirurgias por potencial de contaminação Cirurgias limpas ✔ Não envolvem contato com sistemas respiratório, gastrintestinal, genital, urinário e cavidade orofaríngea ✔ Feitas eletivamente, local primariamente fechado, descontaminado, sem inflamação e não há quebra de cadeia asséptica ✔ Risco de infecção entre 1,5-5,1% (monomicrobiana) Cirurgias potencialmente contaminadas ✔ Envolvem tratos respiratórios, digestivo (exceto cólon), genital ou urinário e a cavidade orofaríngea, em condições cirúrgicas controladas e sem contaminação externa ✔ Quebra da cadeia asséptica pequena (pode não ocorrer) ✔ Cirurgias realizadas em tecidos com microbiota residente pouco numerosa, fácil descontaminação ✔ Risco entre 7,7-10,8% (infecções mistas) Cirurgias contaminadas ✔ Realizadas em tecidos com microbiota residente numerosa, difícil descontaminação e com importante quebra de assepsia ✔ Feridas abertas, traumáticas, recentes (< 6 horas) e acidentais ✔ Risco varia de 15,2-16,3% (infecções mistas) ✔ Cirurgias odontológicas, no cólon, reto e ânus → microbiota residente abundante Cirurgias infectadas ou sujas ✔ Tecidos com supuração local, feridas traumáticas com mais de seis horas, ou sobre tecidos desvitalizados e retidos ou com corpos estranhos ou matéria fecal ✔ Risco entre 28-40% (infecções mistas) Fatores de Risco Paciente ✔ Status nutricional e imunológico ✔ Diabetes e obesidade ✔ Tabagismo ✔ Tempo de internação ✔ Colonização por patógenos hospitalares e colonização nasal por S. aureus Cirurgia ✔ Duração da cirurgia, ar e movimentação de pessoas na sala de cirugia ✔ Depilação do campo cirúrgico ✔ Local da incisão cirúrgica ✔ Profilaxia antimicrobiana ✔ Presença de drenos ✔ Corpo estranho no sítio cirúrgico ✔ Esterilização inadequada do instrumental ✔ Antissepsia da pele inadequada Diagnóstico Critérios clínicos Drenagem de pus dentro de 30 dias após cirurgia Critérios microbiológicos ✔ Dose infectante → 100.000 UFC/g de tecido, 10² UFC/g (corpo estranho) ✔ Coleta de pus → Swab (infecções incisionais), seringa e tubo estéril (infecções de órgão/espaço, abscessos) ✔ Cultivo primário → Ágar sangue e MacConkey *Feridas consideradas infectadas quando material purulento drena das memas, mesmo sem confirmação da cultura → uso de antimicrobiano antes da coleta, técnica de coleta ou cultura inadequada (microrganismo fastidioso) ♦ A cultura positiva não necessariamente indica infecção ♦ Pacientes granulocitopênicos podem não ter supuração em feridas infectadas Etiologia Microbiota endógena primária ou secundária (hospitalar) → Microbiota da pele, mucosas nasal e intestinal Microbiota exógena → Equipe cirúrgica, instrumental e ar Cocos Gram-positivos Cirurgias limpas, torácicas Bacilos Gram-negativos Cirurgias do trato gastrointestinal, gênito-urinário, oftalmológias e ortopédicas Anaeróbios Cirurgias do trato gastrointestinal, ginecológicas, cabeça e pescoço Agentes etiológicos ✔ S. aureus → 11,2% (crítica) e 20% (geral) ✔ ECoagNeg → 12,6% (crítica) e 14% (geral) ✔ Enterococcus spp. → 15,3% (crítica) e 12% (geral) ✔ P. aeruginosa → 10,3% (crítica) e 8% (geral) ✔ Enterobacter spp. → 9,5% (crítica) e 7% (geral) ✔ E. coli, B. fragilis e micobactérias de crescimento rápido Tratamento ✔ Inicialmento local com antimicrobianos de amplo espectro ✔ Avaliar necessidade de tratamento sistêmico ✔ ↓Espectro após cultura ✔ Avaliar necessidade de abertura da incisão, drenagem, debridamento e retira de próteses Mapa conceitual sobre vídeo aula "Microbiota Hospitalar e Infecções Relacionadas com Assistência à Saúde" ministrada pelo professor dr. Michel Moreira na disciplina Microbiologia Aplicada às Análises Clínicas (Farmácia - UFJF/GV) | Letícia Guedes M. G. de Souza, novembro de 2020
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