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Manutenção Mecânica Sumário 51 Seção 3 - Recuperação de mancais 52 Seção 4 - Recuperação de Engrenagens 52 Seção 5 - Recuperação de roscas 13 Seção 1 - Introdução 14 Seção 2 - Um breve histórico 14 Seção 3 - Evolução da manu- tenção 18 Seção 4 - Manutenção estra- tégica 20 Seção 5 - Produtos da manu- tenção 21 Seção 6 - Gestão estratégica da manutenção 23 Seção 1 - Sistemas de manu- tenção 25 Seção 2 - Manutenção cor- retiva 26 Seção 3 - Manutenção pre- ventiva 28 Seção 4 - Manutenção pre- ditiva 29 Seção 5 - Manutenção detectiva 30 Seção 6 - Administração da manutenção 31 Seção 7 - Planejamento e programação da manuten- ção (PCM) 35 Seção 1 - Cuidados prelimi- nares 36 Seção 2 - Etapas para des- montagem de conjuntos mecânicos 37 Seção 3 - Etapas para monta- gem de conjuntos mecânicos 39 Seção 1 - Introdução 39 Seção 2 - Ferramentas de encaixe externo 43 Seção 3 - Ferramentas de encaixe interno 44 Seção 4 - Alicates 45 Seção 5 - Ferramentas especiais 49 Seção 1 - Análise situacional 49 Seção 2 - Recuperação de eixos 55 Seção 1 - Manutenção de sistemas hidráulicos 58 Seção 2 - Manutenção de sistemas pneumáticos 61 Seção 1 - Conceito 62 Seção 2 - Tipos de lubrifi- cantes 62 Seção 3 - Lubrificantes líqui- dos (óleos) 64 Seção 4 - Lubrificantes pas- tosos (graxas) 65 Seção 5 - Lubrificantes sóli- dos e gasosos 66 Seção 6 - Aditivos 66 Seção 7 - Sistemas de lubri- ficação 67 Seção 8 - Generalidades 38 Unidade de estudo 4 Ferramentas e Dispositivos para a Execução da Manutenção 48 Unidade de estudo 5 Técnicas de Recuperação de Peças 22 Unidade de estudo 2 Sistema de Manutenção 54 Unidade de estudo 6 Manutenção de Sistemas Hidráuli- cos e Pneumáticos 12 Unidade de estudo 1 Introdução à Manutenção Apresentação 11 34 Unidade de estudo 3 Técnicas de Desmontagem e Montagem de Acessórios e Equi- pamentos Conteúdo Formativo 9 60 Unidade de estudo 7 Lubrificantes Finalizando 71 Referências 73 8 CURSOS TÉCNICOS SENAI Unidade de estudo 1 Seções de estudo Seção 1 – Introdução Seção 2 – Um breve histórico Seção 3 – Evolução da manutenção Seção 4 – Manutenção estratégica Seção 5 – Produtos da manutenção Seção 6 – Gestão estratégica da manu- tenção Introdução à Manutenção Seção 1 Introdução Os últimos 25 anos têm se ca- racterizado pela globalização da economia com a queda constante das barreiras econômicas e co- merciais. Dessa forma, a busca da qualidade total de serviços e produtos, bem como a crescen- te preocupação com os aspec- tos ambientais, passou a ser uma constante nas empresas. Sendo assim, a grande questão que vem tomando corpo nas organizações é definir o papel da manutenção no contexto da competitividade das organizações no mercado em que atuam. A manutenção, direta ou indire- tamente, faz parte desse contex- to, principalmente porque não se permite mais a existência de uma organização competitiva sem que seja otimizada a disponibilida- de de máquinas, a maximização da lucratividade, a satisfação dos clientes e a confiabilidade dos produtos traduzidas no conceito dos seis sigma (ou defeito zero). Há, aproximadamente 10 anos, eu trabalho em uma empresa de injeção de plásticos e uma das máquinas produzia baldes de 8 litros de capacidade. Baldes são os produtos mais simples de se- rem produzidos em injeção, pois a fabricação de moldes é relativa- mente barata e simples. Pois bem, para que eu venha a manter meus clientes e conquistar outros pre- cisarei retirar o máximo de rendi- mento de minhas máquinas para oferecer baldes “bons, bonitos e baratos”. Neste sentido, os cronogramas de fabricação e de entrega dos meus produtos devem ser cumpridos de forma perfeita não sendo per- mitido, neste tipo de mercado, qualquer falha, principalmente de perda de prazo de entrega. Pergunta: com toda essa pressão, máquina produzindo no máximo de sua capacidade, otimização de tempo de produção, é aceitável eu não ter implantado na empresa um programa de manutenção pe- riódica de minhas máquinas e que eu sempre esteja somente focado em tirar “110%” do rendimento delas? MANUTENÇÃO MECÂNICA 13 Otimização: No sentido de redução. Saiba Mais Saiba o que significa o concei- to Seis Sigma acessando o link abaixo. Vamos! Acesse logo! http://www.softexpert.com. br/norma-seis-sigma.php http://www.softexpert.com/ Não existe pensamento mais er- rado e que dê mais prejuízo que esse. Máquinas se desgastam com o tempo, peças sofrem de- sajustes periódicos e máquinas não são “seres” inanimados que ficam livres de cargas dinâmicas. Se eu não tiver um bom progra- ma de manutenção, os prejuízos serão inevitáveis, pois máquinas com defeitos ou quebradas são as causadoras da diminuição ou interrupção da produção, o que gera atrasos das entregas e per- das financeiras. Além disso, se as máquinas não operam de forma ajustada aumentam os custos de produção, pois gastam mais ener- gia e recursos e os produtos têm grandes possibilidades de apre- sentar defeitos de fabricação. Tudo isso junto gera a insatisfação dos clientes e a consequente per- da de mercado que em situações extremas pode levar a empresa à falência. Sendo assim, para evitar esse fim desastroso, é condição obrigatória estabelecer e manter um rigoroso programa de manutenção preven- tiva para garantir que os produtos da empresa sejam produzidos na quantidade correta e com a qua- lidade requerida pelo mercado sempre prevendo a maximização da vida útil de minhas máquinas e equipamentos. Todos esses aspectos mostram a importância que se deve dar à manutenção de minhas máqui- nas, equipamentos, ferramentas e pessoal. Sim, pessoal! Porque não adianta nada eu ter o melhor pro- grama de manutenção sem levar em conta que, para realizar esse programa de manutenção de for- ma adequada, eu preciso ter pes- soal capacitado e treinado, tanto para a execução da manutenção, quanto para a operação das má- quinas. Seção 2 Um breve histórico “Manutenção é isto: quando tudo vai bem, ninguém lembra que existe. Quando algo vai mal, dizem que não existe. Quando é para gastar, acha-se que não é preciso que exista. Porém, quando realmente não existe, todos concordam que de- veria existir.” A manutenção que conhecemos hoje se iniciou com o surgimento dos primeiros relógios mecânicos, por volta do século XVI. Antes disto era despercebida. Com a criação dos primeiros relógios, foi criado um plano de manutenção para essas máquinas, chamado de programa de revisões, que garan- tisse o perfeito funcionamento dos relógios. Com o surgimento das máquinas, principalmente durante a Revo- lução Industrial, tornou-se cada vez mais necessário seu uso, tanto para garantir o seu funcionamen- to, como também para prevenir possíveis quebras. Durante a Segunda Guerra Mun- dial o monitoramento no proces- so produtivo tornou-se quase que totalitário por necessidade de um perfeito funcionamento de armas e munições durante as batalhas. Para isso acontecer as máquinas deviam estar bem reguladas e mo- nitoradas. Já no princípio da reconstrução pós-guerra, Inglaterra, Alemanha, Itália e, principalmente, Japão alicerçaram seu desempenho in- dustrial nas bases da engenharia e da manutenção. Destaque funda- mental para o Japão que, por estar sob o domínio dos Estados Uni- dos e ter seus processos produti- vos baseados nesses sistemas de produção, aproveitoua oportuni- dade para adotar, pelos recursos escassos disponíveis, programas efetivos de manutenção com o objetivo de prolongar ao máximo a utilização de seus equipamentos, dentro de padrões cada vez mais exigentes de produção. Essa visão parte do pressuposto principal de que máquina parada por quebras imprevistas é prejuízo completo no processo produtivo, podendo levar, em alguns casos, à falência de algumas empresas. Imagine se um alto-forno de uma empresa siderúrgica, por falta de manutenção em seus sistemas, apresentar uma fissura, mínima que seja, que obrigue a empresa a interromper seu processo pro- dutivo. Só para constar: para des- ligar um alto-forno é necessária uma semana de operações e para religá-lo e colocá-lo em funciona- mento pleno são necessárias mais duas semanas de operação. Com o passar dos anos, a comple- xidade de máquinas e equipamen- tos fez do setor de manutenção um forte aliado do setor produti- vo, no qual cada minuto é trans- formado em dinheiro, precisando cada vez mais de uma atuação rápida e eficaz do setor de manu- tenção. Com a evolução das tecnologias empregadas nas máquinas, a ma- nutenção também evoluiu, a qual se refere ao: gerenciamento, fer- ramental e instrumental. Vejamos, a seguir, um pouco so- bre essa evolução histórica. 14 CURSOS TÉCNICOS SENAI Seção 3 Evolução da manuten- ção Desde a década de 1930, a evo- lução da manutenção pode ser dividida em três gerações. Não se pode necessariamente afirmar que cada uma delas teve início e fim bem definidos visto que, em alguns casos, pode-se afirmar que muitas empresas ainda estão de- sempenhando suas funções sob a ótica de uma ou outra geração, ou ainda num misto entre elas. Porém, de modo geral, pode-se descrevê-las da seguinte forma: Divisão das gerações por períodos Primeira Geração (antes da Se- gunda Guerra Mundial): Caracte- rizou-se pela pouca utilização das máquinas, pelo seu superdimen- sionamento e pela simplicidade dessas máquinas. A manutenção era efetuada basicamente no siste- ma quebra-conserta (manutenção corretiva). Segunda Geração (depois da Se- gunda Guerra Mundial até a déca- da de 1960): Caracterizou-se pelo aumento da demanda de produtos industrializados, com a escassez de mão de obra, principalmente a masculina uma vez que a indús- tria buscava cada vez mais a me- canização de seus parques fabris. Controles de peças, de defeitos e de tempo eram manuscritos para posterior análise, início da manu- tenção preventiva. Terceira Geração (depois da dé- cada de 1970): No setor indus- trial circulava uma tendência mundial às mudanças, tanto na área gerencial como também na comportamental. Nas indústrias, começou-se a usar ferramentas de gerenciamento, como just in time e kanban, que pregavam a dou- trina do estoque zero. As horas que as máquinas ficavam paradas para manutenção começaram a prejudicar a produtividade, mui- tas aguardavam longos períodos paradas à espera das peças de reposição. A partir dessas situa- ções começou no setor de manu- tenção uma revolução no modo de pensar dos responsáveis pela manutenção: a partir de dados co- letados pela manutenção forma- ram-se bancos de dados referen- tes a cada máquina e equipamento com o intuito de prever a próxi- ma quebra e se antecipar a ela. A palavra análise então começou a circular no meio da manutenção através da análise de vibrações, análise de ruído, análise de óleos e lubrificação (ferrógrafo), entre outras. Também a preocupação com o meio ambiente fica cada vez mais evidente. Sendo assim, considerando-se de forma esquemática, mas não dife- rente, a evolução da manutenção passa pelas seguintes fases: ▪ operação até a falha; ▪ manutenção baseada em períodos; ▪ manutenção planejada; ▪ manutenção baseada em con- dição; ▪ manutenção proativa ou de- tectiva. Discorreremos, agora, sobre cada uma das fases descritas. Acompa- nhe! Operação até a falha O equipamento é posto em opera- ção não tendo sobre ele nenhum acompanhamento com o objetivo de manter suas condições opera- cionais que preservem ou aumen- tem a sua vida útil. É o quebra-conserta. Esse mode- lo de manutenção durou, como estratégia única, até o fim da dé- cada de 1940, e as ocorrências de falhas nos equipamentos ficavam sujeitas a impactar o processo produtivo. Nesse período, o grau de meca- nização não era alto e as quebras então não causavam impactos relevantes na produção. Da mes- ma maneira, era menor o grau de complexidade dos equipamentos, não demandando serviços siste- máticos e de rotina tais como lu- brificação e limpeza. MANUTENÇÃO MECÂNICA 15 Na Terceira Geração reforçou- se o conceito de uma manu- tenção preditiva. Ou seja, ga- rantia-se que o equipamento correria mínimos riscos de falha. Manutenção baseada em períodos O equipamento sofre troca periódica de componentes, independente- mente de sua condição, eliminando previamente as possibilidades de falhas que o equipamento poderia apresentar, minimizando assim os impactos no processo produtivo. Esse modelo teve início na década de 1950, após a Segunda Guerra Mundial, quando se verificou um processo de mecanização mais intenso nas indústrias. Manutenção planejada A partir da década de 1960, inicia-se uma estratégia de manutenção com base em planejamento de atividades, com visão voltada para a prevenção de falhas através da elaboração de planos sistemáticos de manutenção, a partir da tomada de consciência das perdas devido às falhas de manu- tenção. Como as máquinas vão ficando mais complexas, o seu custo de aquisição e sua vida útil passam a ter muita importância, face ao custo do capital investido. Nessa época os custos de manutenção começaram a crescer e a se des- tacar dentre os custos de operação, provocando a necessidade de se medirem tais custos, acompanhando-os frequentemente, na tentativa de mantê-los sob controle. Dá-se início então ao planejamento e à programação de manutenção. Manutenção baseada em condição Inicia-se na década de 1980, sendo uma estratégia de manutenção ba- seada em técnicas de monitoramento das condições dos equipamentos, visando detectar sinais de falha iminente. Dessa forma é possível acompanhar os estágios de desgaste nas máqui- nas e aumentar o grau de previsibilidade do momento de ocorrências indesejáveis, antecipando ações antes da falha. Permite eliminar também trocas desnecessárias como acontece no caso da manutenção baseada em períodos, vista anteriormente. Esse tipo de manutenção, corretamente empregada, permite a redução dos pesados custos ligados à troca sistemática, gerando um melhor apro- veitamento das partes e componentes dos equipamentos. Manutenção proativa ou detectiva Forma sofisticada de manutenção baseada também no acompanhamen- to das condições das máquinas, na qual o controle do equipamento é de- terminado por múltiplas medidas interpretadas por sistemas inteligentes, computadores, instrumentos de medição, frequentemente acoplados aos equipamentos. 16 CURSOS TÉCNICOS SENAI Nesse tipo de manutenção existe o objetivo claro de prolongar a vida útil do equipamento, através da avaliação dos seus componentes, mini- mizando a necessidade de fazer manutenção, através da engenharia de manutenção e da aplicação de várias tecnologias. Nos últimos anos, cada vez mais se agregam aos aspectos tradicionais de manutenção os aspectos relativos a segurança e meio ambiente como fatores críticos de sucesso, nos quais os complexos parques industriais devem ser gerenciados com alta confiabilidade. A interação entre as fases de implantaçãode um sistema e a dispo- nibilidade/confiabilidade torna-se cada vez mais evidente e necessária para o bom desempenho da indústria. A interação entre as fases Como vimos anteriormente, a evolução da manutenção ao longo dos anos, fez com que cada uma das fases da existência de uma máquina e/ ou equipamento assumisse um papel com importância crescente nos processos de fabricação. Sendo assim, da correta realização, do apro- fundamento e do domínio de cada fase – projeto, fabricação, instalação, operação e manutenção – dependem a maximização da disponibilidade e a total confiabilidade do sistema. Já da interação correta entre as fases, pode-se afirmar com toda a certeza que a disponibilidade e a confiabilidade dos sistemas tendem a trazer maiores retornos financeiros e de produtividade para as empresas. A figura a seguir ilustra de forma esquemática essa relação. Observe-a. Figura 1 – Interação entre as fases Fonte: Kardec e Xavier, 2002. No quadro que segue, apresentamos um resumo dos principais pontos das diferentes gerações da manutenção. Veja! MANUTENÇÃO MECÂNICA 17 DISPONIBILIDADE CONFIABILIDADE Implantação de um sistema: Projeto, fabricação, instala- ção e manutenção. Primeira Geração Segunda Geração Terceira Geração Períodos Antes da 2ª Guerra Mundial Depois da 2ª Guerra Mundial até a década de 1960 Depois da década de 1970 Características Maior disponibilidade Maior disponibilidade e confiabilidade Análise de riscos Maior produtividade Início da manutenção preditiva Quebra-Conserta Controles manuais Manutenção Corretiva Início da manutenção preventiva Quadro 1 – Gerações por períodos Seção 4 Manutenção estratégica A manutenção existe para que não haja manutenção, este é o concei- to moderno da manutenção em que a satisfação do cliente vem em primeiro lugar, não se paga mais por serviços, mas sim pela solução do problema. No setor de manutenção o cliente pode ser o setor ao qual ele dá apoio (setor produtivo). Para que esse conceito vire rea- lidade, o pessoal da manutenção tem de estar cada vez mais qualifi- cado e o setor mais equipado. No que se refere ao mantenedor, ele deverá se atualizar tecnicamente para se equiparar mercado, estar aberto às mudanças quando ele passará de simples trocador de peças para especialista em manu- tenção. Para aplicar este conceito o geren- te da área deverá ser o principal responsável pela disseminação e aplicação das diversas ferramen- tas gerenciais aplicáveis à manu- tenção, tais como: CCQ, GQT, TPM, terceirização e reengenharia em outros. Com a aplicação dessas ferramen- tas é possível ter reflexo direto no resultado da empresa ou do setor, aumentando: ▪ disponibilidade; ▪ faturamento e lucro; ▪ segurança pessoal e das insta- lações; ▪ preservação ambiental. E reduzindo: ▪ demanda de serviços; ▪ lucro cessante; ▪ custos. Sendo assim: ▪ busca-se atualmente cada vez mais eficiência; ▪ nenhum setor está fora do ciclo de competitividade; ▪ clientes exigem cada vez mais com melhor qualidade e rapidez na entrega, com preços mais acessíveis de aquisição. Os acionistas, por sua vez, para apostar em um negócio exigem retorno do investimento compatí- vel com o grau de risco envolvido, exigindo geração de valor em cada empreendimento. A comunidade exige melhores práticas de convivência, em que o respeito pelo meio ambiente e a responsabilidade social estejam inseridos fortemente na visão das empresas. É nesse contexto de confiabilida- de operacional que a manutenção se insere para garantir a condição para que as empresas entreguem seus produtos com a qualidade requerida, no tempo exigido, com boas práticas de saúde, segurança e meio ambiente. Os clientes cada vez mais querem operar no modelo just in time, ou seja, sem estoques em suas plan- tas, e isso passa a exigir altíssima confiabilidade, com demanda de efetividade direta na gestão da manutenção. 18 CURSOS TÉCNICOS SENAI É importante frisar que, às vezes, muitos gerentes usam essas ferramentas de modo exagerado obtendo resulta- dos desastrosos. Mas o uso correto dessas ferramentas pode apresentar ótimos re- sultados para a organização. Uma boa estratégia de manuten- ção deve conter os seguintes pon- tos importantes: ▪ contexto operacional do negócio em que está inserida, considerando fortemente os de- sejos do cliente final da empresa, os requisitos das instalações em confiabilidade para atender a esse mercado; ▪ visão de curto, médio e longo prazo para as práticas de manu- tenção; ▪ práticas de saúde, segurança e meio ambiente adequadas, para assegurar o desenvolvimento sus- tentado das práticas operacionais; ▪ identificação seletiva nas instalações, determinando qual a importância de cada equipamen- to do ponto de vista operacional (impacto na produção) e práti- cas de saúde, segurança e meio ambiente; ▪ definição do tipo de manuten- ção aplicada em cada equipamen- to e sua respectiva confiabilidade requerida: ▪ preventiva/preditiva; ▪ preventiva/sistemática; ▪ corretiva. É parte fundamental dessa es- tratégia a construção dos planos mestres de manutenção que se constituem nas listas das ordens de serviços específicas (OSs) para cada máquina. Para a formatação das ordens de serviços e seus procedimentos de execução, deverão ser levados em consideração os seguintes fatores, como fontes de informações para obtenção de pleno êxito na elabo- ração dos planos de manutenção: ▪ requisitos técnicos previs- tos nos manuais das máquinas, fornecidos pelos fabricantes dos equipamentos; ▪ experiência técnica dos pro- fissionais da própria empresa adquirida ao longo de anos de convivência com os tipos de equipamentos; ▪ histórico de máquinas existen- tes, similares às máquinas para as quais se está pretendendo montar um plano mestre de manutenção. Reunidos todos esses requisitos, é possível iniciar um gerenciamen- to estratégico, girando o ciclo dos processos do sistema de manuten- ção, que se constitui em PLANE- JAMENTO, PROGRAMAÇÃO, EXECUÇÃO e GERÊNCIA DE DESEMPENHO, sendo este último o índice de controle para avaliação dos resultados de con- fiabilidade e custos, validando a qualidade da estratégia implantada e considerando as metas estabele- cidas para as instalações. Doenças graves das or- ganizações ▪ Perda de conhecimento – A perda de conhecimento, ou mesmo a não aquisição de conhecimentos que suportem o futuro, tem levado à perda de competitividade. Fala-se muito em depreciação do hard, mas muito pouco sobre a depreciação do conhecimento. ▪ Satisfação dos colaborado- res – Se a “saúde” dos colabo- radores não está bem, pode-se esperar que haverá perda grave de competitividade. ▪ Visão crítica da comu- nidade – A maneira como a sociedade vê as empresas e sua contribuição para a “saúde” do planeta é, hoje, outro fator crítico de sucesso empresarial. Não vai existir empresa excelente empre- sarialmente se não for, também, excelente em questões de saú- de, meio ambiente e segurança (SMS). MANUTENÇÃO MECÂNICA 19 tenção passa a ter, cada vez mais, uma função estratégi- ca no contexto empresarial, vidade dos negócios em que está inserida. paradigma do passado: “o homem de manutenção sente-se bem quando execu- ta um bom reparo”. paradigma moderno: “o homem de manutenção sente-se bem quando conse- gue evitar todas as falhas não previstas”. O resultado positivo apresentado pelas empresas passa, necessaria- mente, pela simplesrelação entre o faturamento e os custos apre- sentados pelas organizações. Essa relação é denominada produtivi- dade, e quanto mais elevada é a produtividade, maior a competiti- vidade apresentada pela empresa, uma relação simples mas que deve ser perseguida constantemente pelas empresas. O papel do Departamento de Ma- nutenção nesse contexto é de fun- damental importância visto que é ele que dará as condições ideais, através dos planos de manutenção de disponibilidade, confiabilidade e qualidade dos equipamentos. Seção 5 Produtos da manutenção A produção é, de maneira básica, composta pelas atividades de ope- ração, manutenção e engenharia. Existem outras atividades que dão suporte à produção: suprimentos, inspeção de equipamentos, se- gurança industrial, entre outros. Mas, em suma, as três primeiras são a base de qualquer processo produtivo. Sendo assim, pode-se afirmar que essas atividades básicas são e sem- pre serão complementares entre si e que a falha de uma delas acarre- tará no colapso de todo o sistema produtivo da empresa. Dessa forma, e levando em con- sideração as atividades de supor- te da produção, pode-se concluir que o principal produto da ma- nutenção é fornecer MAIOR DISPONIBILIDADE CONFI- ÁVEL AO MENOR CUSTO. Com todos esses dados em mãos e realizando uma reflexão mais aprofundada, podemos nos ar- riscar a desenvolver um conceito moderno de manutenção. lidade da função dos equipamentos e instalações de modo a atender a um processo de produção ou de serviço, com confiabilidade, segu- rança, preservação do meio am- biente e custos adequados. Redução da demanda de serviços Pode ser dividida nos seguintes tópicos. ▪ Qualidade da manutenção Tem como ponto principal a qua- lidade do trabalho. Por outro lado, a sua falta provocará um retraba- lho (falha prematura). ▪ Qualidade da operação Tem como principal ponto a qua- lidade da operação. Do mesmo modo, uma má qualidade na ope- ração do equipamento também pode provocar uma falha prema- tura e a imediata perda de produ- ção. ▪ Problemas crônicos Problemas decorrentes do pró- prio equipamento e do projeto de instalação podem levar a falhas e defeitos crônicos. Às vezes, por se tratar de um problema conhecido, não se dá a devida importância. Simplesmente é feito o restabe- lecimento da funcionalidade da máquina. 20 CURSOS TÉCNICOS SENAI Manutenção é garantir a disponibi- Esse tipo de atitude reflete muito bem a cultura conservadora que certos mantenedores teimam em fazer, cultura esta que precisa ser mudada. ▪ Problemas tecnológicos Repete exatamente o conceito an- terior, mudando somente o que diz respeito à solução, pois, nes- se caso, a causa do defeito é re- almente desconhecida, havendo necessidade de uma ação tecno- lógica mais aprofundada sobre a causa do defeito, possibilitando melhorias nos sistemas e equipa- mentos. ▪ Serviços desnecessários O homem de manutenção ou mantenedor, muitas vezes por inexperiência ou medo, realiza a manutenção preventiva em exces- so, sem considerar o histórico de defeito da máquina aumentando muito o custo-benefício do equi- pamento. Seção 6 Gestão estratégica da manutenção Na gestão estratégica da manu- tenção, várias ferramentas da ges- tão pela qualidade total (GQT) têm se mostrado bastante eficazes quando aplicadas corretamente, levando a uma grande melhoria dos resultados. Dessa forma, é comum atualmente não se falar apenas em planos de manutenção, mas sim em sistemas de manu- tenção, focados na engenharia da manutenção, que é uma evolução dos processos até hoje utilizados nas indústrias para definir o setor de manutenção. Nesse sentido, o Departamento de Manutenção atualmente passa a ter papel estratégico e de vital importância nas organizações, não sendo mais o lugar onde se encontram profissionais sem ca- pacitação técnica para se tornar um ambiente onde todo o pro- fissional tem de ter capacidade técnica para identificar, analisar e resolver problemas, garantindo que não se realize apenas um con- serto, mas se eliminem problemas presentes e futuros. Na GQT, diversos outros instru- mentos têm se revelado impor- tantes para sistematizar e profis- sionalizar cada vez mais o setor de manutenção. Quais sejam: ▪ gerência da rotina; ▪ padronização; ▪ 5 S; ▪ TPM; ▪ ISO 9000; ▪ CCQ. Fatores adicionais im- portantes num sistema es- tratégico de manutenção. ▪ Implantar uma sistemática orçamental para os serviços de manutenção; ▪ Alocar aos solicitantes os cus- tos dos serviços de manutenção correspondentes; ▪ Reavaliar a frequência de problemas em equipamentos e decidir, com base na análise do custo-benefício, sobre a viabili- dade da sua substituição; ▪ Identificar equipamentos que estejam operando fora de suas condições de projeto, gerando elevada demanda de serviços, e analisar a conveniência de sua recapacitação ou mesmo a sua substituição; ▪ Rever, continuamente, os programas de manutenção pre- ventiva, visando à otimização de sua frequência, considerando as novas tecnologias de manutenção preditiva que são normalmente mais vantajosas; ▪ Implantar um programa de desativação de equipamentos e sistemas inoperantes, desde que a análise de custo-benefício se mostre adequada; é o sistema 5S na instalação industrial; ▪ Rever a metodologia de inspe- ção e procurar aumentar o tempo de campanha das unidades ou sistemas, evitando ocorrências não planejadas; ▪ Evitar operar equipamen- tos fora das suas condições de projeto, a menos que os resul- tados empresariais mostrem ser vantajoso; ▪ Incrementar o acompanha- mento de parâmetros preditivos, visando trabalhar mais próximo dos limites estabelecidos e, com isso, aumentar o tempo de cam- panha com confiabilidade; ▪ Estudar métodos para aumen- tar a previsibilidade das inspeções antes das paradas das unidades, inclusive com as novas tecnolo- gias de inspeção; ▪ Aumentar o uso de métodos de manutenção com o equipa- mento ou sistema em operação. Nessa primeira unidade de estu- dos, você teve uma noção introdu- tória do que vem a ser a manuten- ção a partir de uma compreensão histórica de seu desenvolvimento. Prepare-se, agora, para conhecer os sistemas de manutenção e as estratégias empregadas em cada item de manutenção. Vamos lá! MANUTENÇÃO MECÂNICA 21 Unidade de estudo 2 Seções de estudo Seção 1 – Sistemas de manutenção Seção 2 – Manutenção corretiva Seção 3 – Manutenção preventiva Seção 4 – Manutenção preditiva Seção 5 – Manutenção detectiva Seção 6 – Administração da manuten- ção Seção 7 – Planejamento e programação da manutenção (PCM) Sistema de Manutenção Seção 1 Sistemas de manutenção Um sistema de manutenção para uma planta ou uma unidade in- dustrial específica compreende toda a formulação de estratégias para cada item de manutenção e os respectivos planos mestres contendo as ordens de serviços necessárias para a garantia do desempenho desejado na formu- lação da estratégia. Além disso, um sistema deve contemplar as ferramentas de análise e solução de problemas aliadas às técnicas de análises de dados históricos de problemas e soluções, realizadas com o intuito de abastecer o sis- tema de informações suficientes para auxiliar na tomada de deci- sões de novos investimentos em máquinas e equipamentos, bem como a otimização da utilização dos recursos necessários para o bom funcionamento de uma in- dústria ou setor. Dessa forma, a definição da estra- tégia a ser adotada e seguida, no que se refere ao tipo demanuten- ção, é de vital importância para o bom funcionamento do sistema. A figura anterior mostra os passos a serem seguidos no estabeleci- mento da estrutura de um sistema de manutenção em uma indústria ou setor da fábrica. O plano mestre de manutenção é o conjunto de ordens de serviço necessárias para cada equipamen- to a fim de cumprir seu programa de manutenção, onde devem ser definidas as atividades que serão desenvolvidas, a carga de horas homens previstas, a frequência com que a atividade deve ser exe- cutada e assim por diante. Nesse ponto é definido o tipo de manutenção que deverá ser segui- do prioritariamente no sistema, de acordo com o grau de importân- cia e/ou prioridade que o equipa- mento tem no processo produtivo da fábrica, além do custo-benefí- cio apresentado para se efetuar ou não sua manutenção, conserto ou simplesmente troca. Figura 2 – Estrutura de um plano mestre de manutenção Fonte: Kardec e Xavier, 2002. MANUTENÇÃO MECÂNICA 23 Manutenção Preditiva Manutenção Sistemática Manutenção Corretiva Figura 3 – Tipos de manutenção Fonte: Kardec e Xavier, 2002. Quando construímos uma estratégia para um sistema de manutenção, temos a nosso dispor três possibilidades para escolher a que melhor atende as nossas condições de performance em custo, qualidade, segurança e meio ambiente. No momento da escolha devemos fazer os seguintes questionamentos: 1. Que requisitos de confiabilidade as instalações requerem? 2. Qual é o melhor tipo de manutenção para cada equipamento? 3. Como definir esta estratégia ao melhor custo? 4. Que critérios estabelecer para cada caso? APLICAÇÕES - Onde existe equipamentos em Stand By; -Onde não é possível prevenir falha; -O impacto da quebra é quase nulo; -O custo do reparo é baixo. - Onde o controle por tempo é eficaz; -A monitoração da condição não é possível. - Máquinas críticas (Custo de reparo Alto/tempo de reparo longo) -A falha tem alto impacto de produção, segurança e meio ambiente. Figura 4 - Aplicações dos tipos de manutenção Fonte: Kardec e Xavier, 2002. 24 CURSOS TÉCNICOS SENAI Baseada no da máquina possibilitando intervenções mais precisas. Atuação em intervalos regulares; Pode apresentar custos altos devido a trocas desnecessárias (prematuras). Estratégia de atuação do tipo quebra-conserta; Altos custos de reparo; Baixa confiabilidade; Grandes esforços de recursos para resolver falhas. Vale ressaltar ainda, que no comparativo para a definição de qual sistema utilizar e a auxiliar a responder a pergunta dois, a tabela abaixo pode ser decisiva no processo de definição. Nele é apresentado o custo por uni- dade de potência instalada por ano para cada sistema de manutenção e é importante ressaltar o quão caro é o custo da adoção do conceito: “Nos- sa fábrica não pode parar para efetuar manutenção. Quando quebrar, arrumamos”... e, quem sabe, poderíamos completar com a expressão: “ou quebramos junto com a máquina”. TIPO DE MANUTENÇÃO Custo R$/(HP/ano) Corretiva não planejada 34 a 36 Preventiva 22 a 26 Preditiva e corretiva planejada 14 a 18 Tabela 1 – Tabela comparativa de custos de manutenção Fonte: Kardec E Nassif (2006). Seção 2 Manutenção corretiva A sistemática da manutenção corretiva se caracteriza pelo ciclo “quebra- conserta”. Além disso, a manutenção corretiva pode ser dividida em dois tipos: a. CORRETIVA PROGRAMADA – Aquela em que a falha apresen- tada pelo equipamento não faz com que este sofra uma parada obri- gatória nem apresente prejuízos importantes no rendimento da má- quina. São os casos de fissuras em carcaças de motores ou pequenas folgas em determinados componentes da máquina. Nesses casos, o conserto pode ser efetuado no momento em que o equipamento apresentar uma parada por falta de produção ou por não funciona- mento em determinado turno ou período. b. CORRETIVA NÃO PROGRAMADA – É o tipo de falha mais co- mumente conhecido e se caracteriza pela falha completa do equi- pamento, pela quebra ou falha de um componente que impede seu funcionamento total ou parcialmente. São as quebras de rolamentos, mancais, correntes, etc. Nesses casos, a parada é imediata e a necessi- dade de manutenção é imperativa. Ou seja, não há escolha: ou se faz o conserto ou o equipamento simplesmente não funciona. A manutenção corretiva, independentemente do tipo que acontecer é a forma mais cara de manutenção, visto que se caracteriza principalmente pela utilização dos componentes até seu limite extremo, não levando em consideração seu funcionamento, nem os efeitos colaterais que seu de- sempenho fora da especificação pode levar a outras partes da máquina. Seus principais efeitos são: ▪ baixo índice de utilização de máquinas e equipamentos visto que, com o passar do tempo, o rendimento destes passa a ser muito inferior ao projetado pelo fabricante, devido principalmente ao desgaste excessivo dos com- ponentes; ▪ diminuição da vida útil de equipamentos, máquinas e insta- lações visto que, ao se optar pela não parada periódica para a veri- ficação e ajustes necessários, os componentes vão se desgastando e desajustando cada vez mais e transmitindo esses desajustes a outros componentes, iniciando um efeito “cascata” de desgastes e desajustes que levam em de- terminado momento ao colapso de um componente que pode ter prejudicado outros; ▪ paradas aleatórias e nem sem- pre no melhor momento. Aliás, quase sempre no pior momento e – mais grave ainda – de forma totalmente imprevisível em todos os sentidos, seja para a preserva- ção da máquina ou equipamento, seja para a segurança do opera- dor; ▪ ao optar por esse tipo de ma- nutenção não são analisados os defeitos gerados para se verificar se podem estar sendo causados por falhas na operação ou por fa- lhas no projeto do próprio equi- pamento, o que leva ao desperdí- cio financeiro para a empresa que utiliza esses equipamentos; ▪ finalmente, mas não menos importante principalmente nos dias atuais, nesse tipo de manu- tenção os riscos à segurança dos operários é imenso. Os defeitos podem acarretar sérios danos aos operadores e, até mesmo, às ins- talações físicas da empresa. Além disso, equipamentos sem a devida manutenção podem ser sérios contribuintes à poluição do meio MANUTENÇÃO MECÂNICA 25 ambiente pela liberação de gases, partículas ou componentes noci- vos ao ecossistema, gerando uma imagem antipática à comunidade na qual se encontra inserida. Seção 3 Manutenção preventiva Esse tipo de manutenção se ba- seia na prevenção de defeitos que possam originar a parada ou o bai- xo rendimento dos equipamentos em operação. É feita, basicamen- te, levando-se em consideração a análise de: ▪ estudos estatísticos; ▪ estado do equipamento; ▪ local de instalação; ▪ dados fornecidos pelo fa- bricante (condições ótimas de funcionamento, pontos e periodi- cidade de lubrificação, etc.) Nos estudos estatísticos, são considerados todos os históricos levantados do equipamento, com base em indicadores de manuten- ção que serão vistos mais adiante. Exemplos desses indicadores são o TMEF apresentado pelo equi- pamento para que determinada peça entre em colapso ou perca seu rendimento ideal e aceitável. Aqui entra também a possibili- dade de se utilizar a ferramenta CEP para se realizar a análise dos dados coletados no equipamento, para se determinar se os compo- nentes estão trabalhando dentro de um regime aceitável de tole- rância de variação de rendimento. O estado do equipamento baseia-se naconsideração de vá- rios aspectos visuais e em infor- mações obtidas durante a vida de funcionamento da máquina. As condições gerais apresentadas pelo equipamento vão determinar maior ou menor atenção no mo- mento das paradas para as verifi- cações de rotina. O local da instalação é um dos principais fatores a serem con- siderados quando da utilização dessa metodologia de manuten- ção, vistas as condições externas ao funcionamento. A temperatura do local da instalação e os conta- minantes, como poeira, umidade, gases tóxicos (ácidos ou básicos), determinarão o nível de insalubri- dade do ambiente e interferem de forma direta na definição da vida útil de utilização dos equipamen- tos. Exemplos bastante comuns são os equipamentos que trabalham numa linha de fiação da indústria têxtil. As felpas em suspensão no ambiente podem acarretar um acúmulo de poeira nos sistemas de refrigeração de motores e pro- vocar o superaquecimento destes, diminuindo, em muito, a vida útil dos rotores, além de contaminar as graxas de lubrificação de man- cais e rolamentos. Podem ocasio- nar também queda de rendimento significativa no funcionamento dos motores pelo esforço adicio- nal necessário para a movimenta- ção dos eixos de transmissão. Finalmente, e talvez a informação de maior importância, os dados fornecidos pelo fabricante são invariavelmente o ponto de parti- da para se estabelecer o primeiro ciclo de manutenção preventiva no equipamento. 26 CURSOS TÉCNICOS SENAI TMEF: Tempo médio entre falhas. processo. Dados fornecidos pelo fa- de funcionamento, pontos ção, etc. As informações são importantes para, em conjunto com outras informações de instalação e de dados estatísticos de equipamen- tos semelhantes, determinarem o tempo, os tipos de materiais a serem aplicados, bem como os custos envolvidos nessa operação. Alguns fatores devem ser levados em consideração para se determi- nar a adoção desse tipo de ma- nutenção. Dentre eles, podemos destacar os seguintes: ▪ a possibilidade da implementa- ção de uma sistemática de manu- tenção preditiva se mostra muito onerosa em relação aos benefí- cios trazidos, não justificando tal investimento pelo posicionamen- to estratégico do equipamento na produção; ▪ os aspectos relacionados à se- gurança pessoal ou da instalação tornam obrigatória a intervenção, normalmente para substituição de componentes; ▪ a necessidade de se programar a retirada de produção de equi- pamentos que vitais ao processo, mas que não justificam a adoção da sistemática preditiva, e que não podem ser utilizados de forma a adotar uma sistemática de manutenção corretiva; ▪ os riscos de agressão ao meio ambiente por problemas no ajus- te e na regulagem do equipamen- to que fazem com que este emita poluentes de forma indesejada, gerando, além dos danos ambien- tais, danos à imagem da empresa junto à comunidade onde está inserida e aos seus clientes; ▪ em sistemas complexos ou de operação contínua, em que as paradas devem ser rigorosamente programadas por utilizarem sis- temas que exigem muito tempo para colocar fora de operação os sistemas e para religá-los. As principais vantagens da ado- ção de uma sistemática de manu- tenção preventiva são: ▪ a mínima intervenção correti- va, porque as paradas programa- das diminuem consideravelmente os riscos de quebras inesperadas e imprevistas; ▪ a possibilidade de planejamen- to das paradas para momentos oportunos, evitando que nos mo- mentos de maior necessidade do equipamento ele se torne indis- ponível por quebras indesejadas; ▪ o aumento da taxa de utiliza- ção do sistema de produção devi- do à possibilidade da otimização do uso do equipamento pela vantagem de se saber quando ele estará disponível para a produção e pela redução da necessidade de paradas para manutenções corretivas. Alguns pontos negativos, porém, devem ser levados em considera- ção quando da adoção da siste- mática da manutenção preventiva. Dentre eles podemos destacar: ▪ falha humana, pois as inter- venções e verificações serão mais constantes e a utilização de mão de obra inadequadamente preparada pode acarretar ajus- tes errados que podem causar desgastes prematuros e quebras indesejadas; ▪ falha de sobressalentes, prin- cipalmente quando se utilizam peças de reposição diferentes do original recomendado pelo fabricante; ▪ contaminações introduzidas no sistema de lubrificação pelo MANUTENÇÃO MECÂNICA 27 manejo inadequado de produtos e do óleo, permitindo a inserção de contaminantes; ▪ danos durante as partidas e paradas dos equipamentos; ▪ falhas dos procedimentos de manutenção devido à elaboração por pessoal despreparado ou pela utilização por pessoal que não siga rigorosamente as instruções contidas nesses procedimentos. As condições básicas para a ado- ção de uma sistemática de manu- tenção preventiva devem levar em consideração se o equipamento permite algum tipo de monitora- mento e se a avaliação custo-be- nefício é favorável à adoção de tal sistemática. Outro aspecto impor- tante a ser considerado é a pos- sibilidade de se realizar a análise das falhas que permita rastrear as causas originais, dando condições adequadas de elimina-las e de se adotar ações corretivas que eli- minem definitivamente eventuais problemas através do estabeleci- mento de programa de acompa- nhamento, análise e diagnósti- co sistematizado. Seção 4 Manutenção preditiva A manutenção preditiva é o tipo de manutenção que é realizada levando-se em consideração as modificações encontradas na con- dição e no desempenho do equi- pamento, cujo acompanhamento no tempo obedece a parâmetros de aceitabilidade previamente es- tabelecidos. É considerada uma grande evo- lução e uma quebra de paradigma na manutenção por levar em con- sideração o estado real do equi- pamento para prevenir as falhas e atuar na troca ou no ajuste, per- mitindo a operação contínua do equipamento pelo maior tempo possível. A manutenção preditiva está li- gada ao conceito de predição da ocorrência de um fato ou falha no equipamento. Ou seja, esse tipo de sistemática de manuten- ção privilegia a maximização da disponibilidade do equipamento à medida que não promove a inter- venção visto que o monitoramen- to e as medições são efetuadas com o equipamento em operação. A monitoração e os procedimen- tos determinados em consequên- cia dessa monitoração são uma das formas mais eficientes e mais baratas de estratégia de manuten- ção em unidades industriais nas quais o custo da falha gera prejuí- zos e perdas consideráveis. As condições básicas para a ado- ção de uma sistemática de manu- tenção preditiva passam pelos se- guintes pontos: ▪ o equipamento ou sistema deve aceitar algum tipo de mo- nitoramento a custos aceitáveis e com tecnologia acessível e de fácil utilização; ▪ o equipamento deve ser consi- derado estratégico a tal ponto de compensar os custos-benefícios envolvidos; 28 CURSOS TÉCNICOS SENAI de mão de obra qualificada em análise e formulação de de problemas. ▪ as falhas devem poder ser mo- nitoradas, avaliadas e mensuradas de maneira correta e fidedigna; ▪ as equipes envolvidas em tal sistemática devem ter capacidade de montar uma sistemática de acompanhamento, análise e diag- nóstico sistematizado das falhas. Ao se analisar a viabilidade da ado- ção de um sistema de manutenção preditiva, devem-se levar em con- sideração os aspectos de segu- rança pessoal e operacional, visto que a falta de um monitoramento doestado do equipamento pode acarretar sérios danos à saúde do pessoal envolvido, bem como longos períodos do equipamento fora de produção. Além disso, o acompanhamento constante das condições do equipamento deve levar em consideração a redu- ção dos custos, evitando paradas desnecessárias, e que é o grande diferencial entre esse tipo de sis- temática de manutenção e o de manutenção preventiva. Um dos grandes fatores da análise é tam- bém a possibilidade de maximi- zação do tempo de equipamento em operação sem paradas para in- tervenções, o que aumenta signi- ficativamente a produtividade do equipamento. Seção 5 Manutenção detectiva São geralmente dispositivos ou sistemas integrados de proteção que detectam automaticamente falhas imperceptíveis ao operador e ao mantenedor. Um exemplo clássico é o circuito que comanda a entrada em fun- cionamento de um gerador de hospital. Se houver falta de ener- gia e o circuito tiver uma falha, o gerador não entrará em funciona- mento. Este tipo de falha é inad- missível, visto que vidas depen- dem do perfeito funcionamento desse sistema. A identificação de falhas ocultas é primordial para garantir a confiabilidade. Em sis- temas complexos, essas ações só podem ser operacionalizadas por pessoal especializado e devida- mente treinado. A principal diferença entre esse tipo de sistema e o sistema de ma- nutenção preditiva é que o nível de permissão de atuação automa- tizado deve ser elevado, permitin- do ao usuário leituras constantes e em tempo real da situação dos sistemas. Ou seja, enquanto que na manutenção preditiva os dados são colhidos e analisados após o acontecimento, na manutenção detectiva são lidos em tempo real, apresentando o comportamento do sistema no momento em que ele ocorre, possibilitando corrigir o problema assim que ele é detec- tado. A manutenção detectiva caminha junto com a evolução de equipa- mentos, instrumentos e automati- zação dessas máquinas no âmbi- to industrial, criando sistemas de monitoramento individuais e in- terligados, utilizados para assegu- rar a integridade da máquina, do operador e do ambiente, forçando cada vez mais a garantirem a con- fiabilidade e segurança do sistema e da unidade industrial. Vale salientar que esses sistemas de monitoramento são independentes e têm por finalidade garantir que o sistema não venha a ter falhas du- rante o processo. Segundo Kardec e Nassif (2006, p. 45), para escolher qual o tipo de manutenção será utilizada, a deci- são será focada na confiabilidade. Para a adoção de um sistema de manutenção detectiva, devem ser levadas em consideração certas particularidades que assim eles descrevem: MANUTENÇÃO MECÂNICA 29 Um fator extremamente im- tipo de manutenção é que o ção deve ser muito bem trei- e solução de problemas. A é fator essencial para o bom funcionamento deste tipo de sistema. [...] Os sistemas de trip ou shut-down são a última fron- teira entre a integridade e a falha. Graças a eles as máqui- nas, equipamentos, instalações e até mesmo plantas inteiras estão protegidos contra falhas e suas consequências meno- res, maiores ou catastróficas; Esses sistemas são proje- tados para atuar automa- ticamente na iminência de desvios que possam compro- meter as máquinas, a produ- ção, a segurança no seu aspec- to global ou o meio ambiente; Os componentes dos sistemas de trip ou shut-down, como qualquer componente, tam- bém apresentam falhas e es- tas podem acarretar em dois tipos de situação, quais sejam: o sistema não atua ou atua de forma indevida. Em ambos, os problemas gerados podem ser de efeitos indesejáveis (KAR- DEC E NASSIF, 2006, p. 45). Nesse tipo de manutenção, o grande diferencial está na capa- cidade de verificação do sistema sem retirá-lo de operação, pela sua capacidade de detectar e iden- tificar a falha oculta no sistema e possibilitar a sua correção man- tendo o equipamento ainda em pleno funcionamento. Seção 6 Administração da ma- nutenção A manutenção industrial tem sido vista cada vez mais, nas indústrias de ponta ou nos grandes conglo- merados industriais, como estraté- gica e um pilar fundamental para a competitividade das organiza- ções. Na cadeia produtiva é fator de confiabilidade e de melhorias na produtividade, cumprindo sua função de confiabilidade, manten- do as condições ideais dos equipa- mentos, modernizando e/ou oti- mizando as instalações industriais. Assim, a gestão ou administração da manutenção passa a ser foco de destaque das empresas, refle- tindo nas estruturas hierárquicas, em que há uma variação enorme na forma ou tipo de manutenção a se inserir. De qualquer maneira, cada vez mais a hierarquia fica menos im- portante e a manutenção deve ser flexível e veloz o bastante para atender às exigências a que está submetida. Para uma administra- ção eficaz, velocidade e flexibili- dade são palavras-chave, para uma gestão focada em resultados. A manutenção deve refletir na maneira de sua gestão a visão dos resultados finais do negócio em que está inserida, não sendo um fim em si mesmos, ou seja, suas prioridades são as prioridades do negócio para o qual ela trabalha. O primeiro ponto que deve ser enfatizado é a gestão do princi- pal ativo de qualquer empresa ou área de trabalho, que são as pessoas que formam o time da manutenção e que produzem os resultados auferidos pela empre- sa. Essas equipes devem estar ali- nhadas com a visão e os conceitos de administração da manutenção e deverão ser os grandes pratican- tes no dia a dia de uma filosofia moderna de manutenção. Todo o processo de desenvolvi- mento das pessoas, desde a corre- ta seleção, passando pelo consis- tente programa de treinamento e desenvolvimento, gerando opor- tunidades de carreiras, cresci- mento profissional e a geração de um clima de trabalho harmônico, deve ser o primeiro foco de um gerente de manutenção. O segundo aspecto é o desenvol- vimento de um modelo de gestão, compreendendo o processo de planejar, programar, executar e controlar o desempenho, no qual esteja clara, e seja do conhecimen- to de todos, a forma como o de- sempenho será medido e avaliado. A gestão do desempenho, no caso da manutenção, é formada basica- mente por um ciclo que pode ser: ▪ virtuoso; ▪ vicioso. 30 CURSOS TÉCNICOS SENAI DICA Portanto, equipe motivada, bem treinada, valorizada e conhecedora de sua missão gera resultados de alto de- sempenho. DICA Uma estrutura de relaciona- mento flexível e fácil, sem barreiras administrativas, dará sustentação a um mo- derno modelo de gestão com alto desempenho e assertivi- dade. No ciclo virtuoso: ▪ cada pilar gera um resultado positivo crescente que se fecha de tal forma que existe uma influ- ência em cadeia, gerando uma melhoria crescente nos demais índices e assim por diante; ▪ uma manutenção que possua forte pilar de planejamento e programação gera boas condi- ções para se fazer a intervenção com qualidade, garantindo menor nível de intervenções não progra- madas, reduzindo a ocorrência de horas extras e liberando a equipe para fazer melhor planejamento e programação, reforçando nova- mente o ciclo. No ciclo vicioso: ▪ são necessárias estruturas grandes, para atender grandes manutenções não planejadas, aumentando os custos em todos os sentidos; ▪ deve-se ter em mente que os índices são consequência de uma boa política de manutenção e a base para a obtenção de resulta- dos consistentes é possuir uma equipe motivada e uma direção clara em termos deestratégia geral para a busca de resultados duradouros. Seção 7 Planejamento e Pro- gramação da Manuten- ção (PCM) O processo de planejamento é de fundamental valor para lograr êxito e atingir metas propostas de forma estruturada e segura, garantindo o melhor aproveita- mento dos recursos nas melhores condições possíveis. A qualidade do planejamento pode variar bastante e disso de- pende do que se busca em termos de resultado e da competência das pessoas que estão desenvolvendo essa ferramenta. Em toda boa estratégia de manu- tenção, o custo e a qualidade são objetivos primordiais a serem al- cançados nos melhores padrões. Quando se fala em manutenção de classe mundial, esses objeti- vos se somam a: baixo número de horas extras, zero acidentes e au- sência de impactos ambientais nas instalações. Para a otimização dos custos e a elevação do padrão de performance da manutenção, temos de pensar em um sistema de manutenção es- pecífico para cada instalação. Qualquer planta industrial pos- sui uma necessidade própria com características muito particulares e, portanto, exige uma estratégia inteiramente específica para cada caso. Para cumprir seus objetivos, é necessário montar uma estraté- gia com base em suas necessida- des de confiabilidade, porém, para cada estratégia, existe uma con- junção onde se encontra o melhor (ou menor) custo da manutenção. Esse ponto denominamos de ponto ideal de manutenção. Devemos, com o planejamento, garantir a eficiência da gestão da mão de obra, da gestão dos ser- viços terceirizados, do foco dos equipamentos que representam os maiores custos de manutenção, objetivando o nível ótimo de cus- tos, agregado a uma visão de con- fiabilidade, segurança, meio am- biente e atendimento ao cliente. Os objetivos gerais do planeja- mento da manutenção passam necessariamente pelos seguintes pontos, que são fundamentais para o sucesso da implantação: a. redução/otimização de custos; b. eficiência do uso da mão de obra e otimização dos tempos de execução; c. revisão contínua do sistema de manutenção (reduzir/eliminar ou aumentar a necessidade de fazer manutenção); d. garantia da confiabilidade; e. redução de estoques de manu- tenção e peças reservas; f. excelência das práticas de qua- lidade, saúde, segurança e meio ambiente; g. busca constante de padrões de classe mundial. Para um bom planejamento da manutenção é necessário que a equipe, ou as pessoas responsá- veis pela implementação e opera- cionalização do sistema/progra- ma de manutenção, efetue várias atividades iniciais e de acompa- nhamento contínuo que envolve: MANUTENÇÃO MECÂNICA 31 O planejamento deve ser a lo- comotiva que puxa, com seu esforço, todos os recursos ao melhor ponto para o melhor desempenho da manutenção e, consequentemente, do ne- gócio. a. planejamento das atividades; b. planejamento de tempos e movimentos; c. planejamento de custos/orçamentos; d. planejamento de pessoal; e. planejamento de recursos de apoio; f. planejamento de serviços externos; g. criação e desenvolvimento de procedimentos operacionais de alta qualidade; h. engenharia de manutenção. Esses planejamentos, quando bem efetuados, subsidiam os administra- dores de forma efetiva para analisar a viabilidade e a importância de se manter sistemas de manutenção em vigor dentro das empresas. A título de informação, vamos nos ater ao planejamento de custos/orça- mentos e fazer algumas considerações. Os custos de manutenção podem ser divididos em três grandes famílias: custos diretos, custos de perda de produção e custos indiretos. 32 CURSOS TÉCNICOS SENAI MANUTENÇÃO MECÂNICA 33 ▪ Custos Diretos – Como o próprio nome já diz, é aquele que reflete diretamente sobre a funcionalidade dos equipamentos. Inclui gastos com peças de reposição, manutenção, mão de obra, etc. ▪ Custos de Perda de Produção – Causados pela parada da má- quina. Máquina parada não produz e, geralmente, o custo é de hora máquina. ▪ Custos Indiretos – Geralmente incluídos pela área de apoio como a administrativa e a tecnológica. Exemplo: gastos com análise de defei- to ou melhorias no sistema. Podemos concluir, então, que para termos uma indústria ou produto competitivo no mercado temos de ter um planejamento adequado e de- talhado da manutenção, considerando-a área estratégica da empresa. Visto tudo isso, que tal agora conhecermos as técnicas de desmontagem e montagem de acessórios e equipamentos? Vamos juntos! Unidade de estudo 3 Seções de estudo Seção 1 – Cuidados preliminares Seção 2 – Etapas para desmontagem de conjuntos mecânicos Seção 3 – Etapas para montagem de conjuntos mecânicos Técnicas de Desmontagem e Monta- gem de Acessórios e equipamentos Seção 1 Cuidados preliminares Primeiramente temos de ter em mente que qualquer máquina ou equipamento instalado correta- mente e funcionando conforme as recomendações do fabricante, como pontos de lubrificação, uso de lubrificante recomendado, ma- nutenções e revisões periódicas sempre em dia, é capaz de fun- cionar bem por um longo perío- do, sem a necessidade de grandes intervenções. Temos de considerar, porém, que qualquer máquina ou equipamen- to está sujeito a quebras. E ao ocorrer essas paradas teremos de efetuar a desmontagem a fim de realizar a manutenção. Para isto, devemos seguir um cronograma de análise do problema antes de iniciar a desmontagem propria- mente. Deverá ser baseada nos seguintes pontos: ▪ primeiro, pelo relato do operador, então pelo histórico da máquina tipo de operação que estava sendo efetuada pela máquina. ▪ na observação dos instrumen- tos de controle da própria máqui- na ou realizar teste na máquina para verificar a real importância da desmontagem. Ex.: 1- Verificar se a rotação do motor está dentro da normalidade com um tacógrafo. 2- Utilizar o manômetro para ve- rificar se a pressão da rede de ar- comprimido está dentro das espe- cificações técnicas do fabricante. 3- Através do multímetro, verifi- car se a tensão da rede de abaste- cimento da máquina está correta. Verificando que realmente é ne- cessária a desmontagem, o man- tenedor deverá obedecer a uma sequência de procedimentos que irão garantir sua saúde e seu tra- balho: ▪ primeira providência: desligar a fonte de energia e circuitos elétricos em geral. ▪ consultar o manual técnico da máquina, a fim de identificar as peças, a correta remoção delas e conseguir uma boa visualização das peças inacessíveis. ▪ remover as carenagens, como: proteções externas e acessórios. ▪ efetuar a limpeza da máquina com pincéis, estopas, desengra- xantes, etc. Deixar a máquina limpa, sem possíveis contami- nantes, como areia, barro, graxas contaminadas com partículas sólidas, cavacos de metal, etc. ▪ retirar os fluidos, óleo de caixas, líquido de arrefecimento, etc., evitando assim acidentes, como o derramamento de óleo no piso ou em circuitos elétricos. ▪ remover a fiação elétrica e seus circuitos melhora a limpe- za. Devem ser levados ao setor de manutenção elétrica a fim de serem testados. ▪ remover mangueiras, manípu- los, volantes, alavancas e man- gueiras. ▪ colocar calços apropriados em peças pesadas que possam se soltar ou danificar outras peças. Desse modo você evita inconve- nientes como empenamento de eixos, por estarem ainda fixos a essas peças, e acidentes. Obedecida essa sequência, o man- tenedor deveráprosseguir a opera- ção de desmontagem. MANUTENÇÃO MECÂNICA 35 Observação – Colocar uma placa avisando o motivo do desligamento (EM MANU- TENÇÃO) ou uma trava para que não haja o risco de reli- gamento da energia evita aci- dentes. Seção 2 Etapas para desmon- tagem de conjuntos mecânicos ▪ Retirada dos parafusos. Para parafusos travados, deve-se colocar óleo desoxidante. Esse micro-óleo penetra entre a rosca e o parafuso atuando sobre a fer- rugem. Não sendo suficiente para soltar o parafuso, o mantenedor pode aquecer o parafuso a fim de queimar alguma cola que, por ventura, esteja inserida na rosca. Usa-se normalmente uma chama oxiacetilênica ou um maçarico a gás GLP. ▪ Procure saber no manual do equipamento a sequência de aberto dos parafusos. Para soltá-los, é só seguir a sequência contrária. Observação – Mui- tos manuais trazem somente a sequência de aberto e torque dos parafusos. Verifique a posição e o local dos componentes da máquina antes de desmontar. Se não possuir o manual com foto ou sequência, fazer um croqui ou tirar uma foto da parte da máquina a ser des- montada. ▪ Retirar as peças e colocá-las de forma ordenada sobre a bancada facilita a montagem. ▪ Efetuar marcações que re- gistrem informações úteis para posterior montagem; ▪ Retirar sobras de cola, junta ou outros elementos de vedação do conjunto desmontado, dei- xando as superfícies de contato bem limpas, sem poeira, óleo ou resíduos da junta antiga. Caso isso não seja feito poderá haver vazamento após a montagem. ▪ Retirar a graxa ou sujeira das peças, deixando-as limpas, utilizando para isso a máquina de lavar peça com produtos desen- graxantes e pincel. Esse procedi- mento é muito importante para verificar possíveis defeitos ou falhas. Procedimentos para a cor- reta lavagem das peças ▪ Sempre que utilizar a máquina de lavar peça, utilizar os E.P.I. obrigatórios, que são os seguin- tes: óculos de proteção e luvas. ▪ Colocar as peças na máquina de lavar, utilizando desengraxan- tes específicos para a limpeza de peças, evitando o uso de gasoli- na, solventes, álcool automotivo ou diesel, pois esses produtos podem causar irritações e até doenças de pele. ▪ Utilizar pincel de cerdas duras para auxiliar a limpeza e no esgui- cho fazer a lavagem final. ▪ Secagem das peças. Retirar as peças da máquina e, por alguns minutos, deixá-los escorrer em um recipiente limpo. Usar ar-comprimido para terminar a secagem das peças Cuidados ao utilizar o ar- comprimido na secagem das peças ▪ Utilizar pressão baixa, em torno de 4 bar. ▪ Utilizar sempre óculos de proteção. ▪ Não usar o jato de ar-compri- mido no corpo, pode provocar a entrada de pequenas partículas nos poros da pele; ▪ Após a limpeza, resguardar (proteger) conjuntos mecânicos expostos, conexões, aberturas para lubrificação, etc.; 36 CURSOS TÉCNICOS SENAI ▪ Separação das peças em lotes, conforme o estado em que se en- contram. Essa separação se dará conforme o grau de reaproveita- mento da peça. Exemplo: 1. peças reaproveitáveis, que não possuem defeitos; 2. peças com defeito com possi- bilidade de recuperação; 3. peças com defeito sem possibi- lidade de reaproveitamento; 4. peças que deverão ser analisa- das no laboratório. Normalmente as máquinas ou equipamentos possuem manuais técnicos informando: a sua devida utilização, o modo de instalação, os circuitos elétricos, hidráulicos e pneumáticos, fotos ou desenhos de peças e conjuntos, sequência de montagem, plano de lubrifica- ção, plano de manutenção e espe- cificações técnicas. Pode acontecer, também – até de- mais da conta –, falta de manual ou manual incompleto, de inter- pretação difícil, escrito em língua estrangeira, adverso à compreen- são do operador ou mantenedor. Muitas vezes isso acontece por se tratar de maquinário antigo ou por falta de conhecimento do pessoal da área de compras das leis do co- mércio internacional que obriga o fabricante de qualquer máquina ou equipamento a fornecer o ma- nual com todas as informações na língua do comprador, isto na hora da compra do equipamento novo. Falta então um pouco de cons- cientização e cobrança pelo com- prador na hora da compra deste item tão importante para o pesso- al da manutenção e da produção. Com os conjuntos mecânicos já desmontados e com as peças lim- pas e separadas conforme o grau de defeito, inicia-se a etapa de re- cuperação das peças que têm pos- sibilidade de recuperação e substi- tuição de peças ou conjuntos. Itens a serem verificados antes da montagem ▪ ajuste e usinagem de novas peças ou parte delas; ▪ recuperação de roscas exter- nas ou internas; ▪ troca de elementos de fixação danificados; ▪ substituição de peças ou conjuntos sem condições de utilização; ▪ verificação da limpeza das peças; ▪ aplicação de uma fina cama- da de óleo nas peças antes da montagem; Seção 3 Etapas para montagem de conjuntos mecânicos Existem dois tipos de montagem no ambiente industrial. 1. Montagem em série – Uti- lizada nas indústrias em que ocorre a montagem seriada de peças em conjuntos mecâni- cos. 2. Montagem não seriada – É a montagem realizada na ban- cada, peça a peça, feita pelo mantenedor. É a que vamos abordar neste capítulo. Montagem não seria- da Após a conclusão das etapas de desmontagem e limpeza das pe- ças, o passo seguinte é a monta- gem das peças e dos conjuntos. O principal objetivo é restabelecer a funcionalidade da máquina ou equipamento, lembrando que o mantenedor é o principal respon- sável pelo perfeito desempenho da máquina após a montagem, devendo ele ter atenção redobra- da nesse momento, focando sua atenção: ▪ na sequência correta das pe- ças, acompanhando pelo manual técnico a ordem de montagem na seção de desenhos de conjunto; ▪ na verificação da qualidade das peças novas ou recuperadas a serem utilizadas, principalmente o dimensional; ▪ na verificação da limpeza das peças e do local da montagem; ▪ no exame de todas as peças antes da montagem, verificando suas posições nos conjuntos a serem montados; ▪ na verificação de marcações ou referências que ajudem a loca- lizar o lado correto das peças que serão montadas, tendo o cuidado de não inverter a posição da peça; ▪ em efetuar teste de funcio- namento dos subconjuntos e conjuntos, de acordo com o andamento da montagem, verifi- cando o perfeito funcionamento das partes. A nossa discussão, agora, tem como foco o estudo das ferra- mentas e dos dispositivos para a execução da manutenção. Conti- nue antenado! MANUTENÇÃO MECÂNICA 37 Unidade de estudo 4 Seções de estudo Seção 1 – Introdução Seção 2 – Ferramentas de encaixe externo Seção 3 – Ferramentas de encaixe interno Seção 4 – Alicates Seção 5 – Ferramentas especiais Seção 6 – Recomendações finais Ferramentas e Dispositivos para execução da Manutenção Seção 1 Introdução Vimos até o momento alguns conceitos básicos de manutenção e também os diferentes tipos de manutenção que existem e que podem ser aplicados na empresa. Além disso, vimos também que, dependendo da necessidade da empresa, um sistema de manu- tenção pode e deve inserir vários tipos de manutenção em seu pla- nejamento. Outro fator importante que foi abordado, e que veremos com mais detalhes na unidade de estu- do referente à construção de um plano mestre de manutenção, é a necessidade de se realizar o plane- jamento detalhado do sistema de manutenção a ser implementado na organização, que se refletirá de forma diretanos custos envolvi- dos na operação do processo. A partir de agora, antes de en- trar nos tipos de manutenção e de componentes de manutenção, devemos conhecer algumas das ferramentas mais utilizadas no desenvolvimento da manutenção. Seção 2 Ferramentas de encaixe externo É comum na manutenção o uso de ferramentas para aperto e de- saperto. Normalmente utilizadas em porcas e parafusos, suas medi- das são padronizadas. O bom mantenedor deve saber que para retirar ou colocar um parafuso com medidas em pole- gadas deverá utilizar uma ferra- menta também com medidas em polegadas, evitando com isso o espanamento da cabeça do para- fuso. O uso correto das ferramentas assegura seu longo e perfeito fun- cionamento e também dos ele- mentos de fixação nos quais serão utilizadas. Modo adequado de utilização e armazenamento das ferramentas ▪ Ao utilizar uma ferramenta de encaixe, deve-se observar se realmente esta encaixou perfeita- mente até o fundo e perpendicu- larmente ao parafuso. ▪ Para facilitar a retirada de um parafuso, deve-se utilizar toda a extensão da ferramenta a fim de aproveitar ao máximo o torque que o cabo da ferramenta pode produzir, sem o uso de prolon- gadores. ▪ Toda ferramenta é produzida de acordo com sua utilização, não devendo o usuário utilizar artifícios para prolongar o cabo a fim de aumentar a força (torque). Esse tipo de procedimento pode acarretar danos às ferramentas, à peça e pôr em risco a segurança do mecânico. ▪ Toda a ferramenta danificada deverá ser descartada, a fim de não provocar acidentes. ▪ É dever do mecânico, deixar a caixa de ferramentas limpa e or- ganizada. Ao finalizar um serviço, deverá limpar suas ferramentas e guardá-las. MANUTENÇÃO MECÂNICA 39 DICA É importante você pedir ao professor que mostre essas ferramentas e que o deixe praticar um pouco com al- gumas delas a fim de se fa- miliarizar com seu manuseio e cuidados na sua utilização, conservação e guarda. Observação – Todo parafuso ou porca ao ser produzido segue uma norma internacio- nal de construção. Para tanto, também as ferramentas se- guem essa padronização. Tipos de ferramentas de encaixe externo Chave de boca fixa Tem como finalidade o aperto e o afrouxamento de parafusos e porcas com geometria definida (perfil sextavado ou quadrado). Sua principal característica é a rapidez com que é feito o encaixe. Não é aconselhado seu uso em locais em que é necessário um maior esforço. Chave combinada Combina a chave de boca fixa com a chave estrela. É a chave ideal para o mecânico, pois a mes- ma ferramenta propicia a rapidez do encaixe da chave de boca e a segurança da chave estrela para situações que necessitem mais força. Figura 5 – Chave fixa Fonte: Penteado (1997). Chave estrela Utilizada em porcas e parafusos que necessitam de um esforço maior no aperto ou na retirada. Por ser totalmente fechada garante uma distri- buição mais equilibrada da força envolvida, concentrando o esforço em um ponto central. Muitas vezes é utilizada em conjunto com a chave de boca, para dar o aperto final ou no começo da retirada. Apresenta uma grande variedade de tipos e aplicações. Figura 6 – Chave estrela Fonte: Penteado (1997). 40 CURSOS TÉCNICOS SENAI Na linha profissional, em que se encontram as máquinas elétricas e pneumática, deve-se utilizar so- quetes específicos para altas ro- tações e impactos causados por essas máquinas. Os soquetes de impacto são os ideais para essas situações por apresentarem uma geometria perfeita (concentrici- dade), que evitam vibrações, e paredes reforçadas, que garantem segurança contra os esforços tan- genciais. Figura 7 – Chave combinada Fonte: Penteado (1997). Chave de bater Em situações que necessitem o emprego de mais força para a retirada ou o aperto de porcas ou parafusos, deve-se utilizar equipamentos mais robustos como as chaves de bater. Especialmente projetada para levar pancadas na extremidade do cabo reforçado, esta chaves é usada em conjunto com martelos ou marretas. Figura 8 – Chave de bater Fonte: Penteado (1997). Soquetes Vendidos separadamente ou em conjunto, se tornou uma ferramenta muito versátil. Apresenta uma vasta lista de acessórios que a tornam prá- tica, conforme a necessidade de profundidade, perfil, força, mobilidade e encaixe. Adapta-se facilmente a máquinas elétricas ou pneumáticas e manuais como, manivelas, prolongadores, torquímetros, catracas e jun- tas universais. MANUTENÇÃO MECÂNICA 41 Figura 9 – Soquetes, catracas e extensores Fonte: Penteado (1997). Chave tipo biela Também conhecida como chave L, pode ser maciça, com dois lados sextavados, ou com um lado com furo passante, permitindo a saída de parafusos com comprimento maior. Muito utilizada em parafusos e por- cas alojadas em rebaixos. Figura 11 – Chave de boca ajustável Fonte: Penteado (1997). Chave para tubos e canos (Griff) Como o próprio nome diz, é utili- zada para aperto ou afrouxamen- to de tubos de flanges em sistemas hidráulicos. Conhecida também pelo nome de chave Griff. É uma ferramenta projetada para realizar serviços em peças com geometria circular, como tubula- ções. Por esse motivo não deve- mos utilizar essa ferramenta em porcas ou parafusos com geome- tria sextava ou quadrada. Figura 10 – Chave tipo biela Fonte: Ferramentas... (2010). Chave de boca ajustável A chave de boca de encaixe externo ajustável tem a boca ajustável con- forme a medida da cabeça do parafuso ou da porca. É conhecida tam- bém como chave inglesa. É fornecida em diversos tipos e tamanhos. Figura 12 – Chave para tubos Fonte: Ferramentas... (2010). 42 CURSOS TÉCNICOS SENAI Figura 14 – Chave Allen Fonte: Ferramentas... (2010). Figura 13 – Modo de utilização da chave para tubos Fonte: Ferramentas... (2010). Seção 3 Ferramentas de encaixe interno São utilizadas em parafusos que apresentam na cabeça ou no corpo do parafuso encaixe específico para essas ferramentas. Tipos de ferramentas para encaixe interno Chave hexagonal ou chave Allen O tipo de chave Allen mais conhecido apresenta o perfil do corpo em L, o que possibilita o efeito de alavanca durante o aperto ou desaperto de parafusos. É utilizada em parafusos com encaixe interno sextavado. O encaixe deverá ser perfeito sem folga. Limpe bem o encaixe interno do parafuso, retirando todo e qualquer tipo de sujeira. Uma chave mal encaixada pode escapar e causar um acidente ao mantenedor. Não se esqueça de que para parafuso com bitola em milímetros a chave também deverá ser em milímetros. Exemplo: em parafusos M5, usar uma chave 4 de mm. Em parafusos com bitola em polegadas, a chave também deverá ser em polegadas. Exemplo: em parafusos BSW 3/8”, usar uma chave 1/4”. Chave de fenda simples e cruzada A chave de fenda é geralmente constituída de um cabo em uma extremidade de uma haste e na outra extremidade uma ponta que pode ser simples ou cruzada. É utilizada para aperto ou desaperto de parafusos que não necessitem de muita força de aperto, como parafusos de fenda simples ou cruzada. Cuidados com as chaves de fen- das ▪ Não utilizá-las como talhadei- ra. ▪ A ponta da ferramenta deverá ter o mesmo comprimento da fenda da cabeça do parafuso. ▪ Não esmerilhar a ponta da chave de fenda para não haver perda das propriedades mecâni- cas do metal por aquecimento. ▪ Se houver a necessidade de refazer a ponta da ferramenta proceda conforme a seguinte recomendação: MANUTENÇÃO
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