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Análise Macroeconômica - Vol 1

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Cleber Barbosa
Análise Macroeconômica
Volume 1
2ª edição
Cleber BarbosaVolume 1
Análise Macroeconômica
2ª edição 
Apoio:
ELABORAÇÃO DE CONTEÚDO
Cleber Barbosa
COORDENAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO 
INSTRUCIONAL 
Cristine Costa Barreto
DESENVOLVIMENTO INSTRUCIONAL 
E REVISÃO 
Alexandre Rodrigues Alves
COORDENAÇÃO DE AVALIAÇÃO 
DO MATERIAL DIDÁTICO
Débora Barreiros
AVALIAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO
Letícia Calhau
Referências Bibliográfi cas e catalogação na fonte, de acordo com as normas da ABNT.
Copyright © 2006, Fundação Cecierj / Consórcio Cederj
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio 
eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Fundação.
Material Didático
2010/1
 
 B238a
Barbosa, Cleber.
 Análise macroeconômica. v. 1 / Cleber Barbosa. – 2. ed. 
 - Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2010.
158p.; 19 x 26,5 cm.
ISBN: 978-85-7648-422-3 
1. Macroeconomia. 2. Sistema monetário. I. Título.
 CDD: 339
EDITORA
Tereza Queiroz
REVISÃO TIPOGRÁFICA
Cristina Freixinho
Diana Castellani
Elaine Bayma
COORDENAÇÃO DE 
PRODUÇÃO
Jorge Moura
PROGRAMAÇÃO VISUAL
Andréa Dias Fiães
ILUSTRAÇÃO
Sami Souza
CAPA
Sami Souza
PRODUÇÃO GRÁFICA
Patricia Seabra
Departamento de Produção
Fundação Cecierj / Consórcio Cederj
Rua Visconde de Niterói, 1364 – Mangueira – Rio de Janeiro, RJ – CEP 20943-001
Tel.: (21) 2334-1569 Fax: (21) 2568-0725
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RIO DE JANEIRO
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DO RIO DE JANEIRO
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UFRJ - UNIVERSIDADE FEDERAL DO 
RIO DE JANEIRO
Reitor: Aloísio Teixeira
UFF - UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
Reitor: Roberto de Souza Salles
Aula 1 – Conhecendo a Macroeconomia .................................................... 7
Aula 2 – Medindo as atividades econômicas ...........................................35
Aula 3 – O PIB e os componentes da demanda agregada ...................... 53
Aula 4 – Determinação da renda e da produção de equilíbrio .....................71
Aula 5 – Os investimentos e as taxas de juros .........................................97
Aula 6 – O sistema monetário ..................................................................113
Aula 7 – A demanda por moeda ...............................................................135
Referências............................................................................................155
Análise Macroeconômica Volume 1 
SUMÁRIO
Todos os dados apresentados nas atividades desta disciplina são fi ctícios, assim como os nomes de empresas que não 
sejam explicitamente mencionados como factuais.
Sendo assim, qualquer tipo de análise feita a partir desses dados não tem vínculo com a realidade, objetivando apenas 
explicar os conteúdos das aulas e permitir que os alunos exercitem aquilo que aprenderam.
Conhecendo a Macroeconomia
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 
 identificar as quatro variáveis que 
acompanham o estudo da Macroeconomia;
 isolar as decorrências dessas variáveis
na dinâmica de um sistema econômico;
 articular duas ou mais variáveis a fim 
de solucionar problemas reais;
 identificar problemas econômicos nacionais 
de interesse da Macroeconomia;
 explicar o funcionamento de órgãos 
do governo, como o Banco Central.
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Meta da aula 
Apresentar as questões econômicas abordadas 
pelo campo da Macroeconomia através de quatro 
conceitos-chave: o crescimento econômico; a 
inflação; as relações externas (dívida externa); 
a distribuição de renda.
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Pré-requisitos 
Naturalmente, você se recorda do que estudou em 
Formação Econômica Brasileira. Pois os princípios 
abordados naquela matéria, vistos sob a ótica da 
escassez, que permeia o uso de todos os recursos 
econômicos, vão ajudá-lo a entender o que será 
discutido nesta aula. Pronto para aprender?
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Análise Macroeconômica | Conhecendo a Macroeconomia
INTRODUÇÃO 
Figura 1.1: Da tela de Albrecht Dürer, os Quatro Cavaleiros do Apocalipse: a 
Guerra, a Fome, a Peste e a Morte. No estudo da Macroeconomia, a Inflação, 
a Recessão, o Endividamento Externo e a Desigualdade Social.
Ao iniciarmos o estudo de algum fenômeno ou teoria, precisamos, em primeiro 
lugar, definir um ponto de partida. Provavelmente, você tem bastante claro 
que a Economia trata do comportamento do mercado. No entanto, se 
quiser se ocupar dessa reflexão por mais um momento, vai perceber que o 
conhecimento macroeconômico parte de princípios gerais que se aplicam a 
outros ramos do saber. 
O que é a Economia? 
O termo “economia” vem do grego, 
oikos = casa e nómos = distribuição, 
administração.!!
A Economia, grosso modo, é a arte de administrar a casa, o ambiente em que 
vivemos. Repare que conhecer a origem do termo nos ajuda a compreender 
nosso alvo de estudo como algo mais próximo, mais palpável. Ou você duvida 
de que a ecologia, por exemplo, também tem algo a nos dizer sobre a maneira 
como cuidamos de nossa casa, o planeta? 
A Economia lida, como princípio, com a noção de escassez, que permeia todas 
as atividades econômicas. Por escassez queremos dizer que não há recursos 
disponíveis suficientes para suprir todas as nossas necessidades, sendo 
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1necessário, portanto, que saibamos priorizar objetivos e lidar com todas as 
variáveis envolvidas no processo. 
Ainda sobre a origem dos termos, pense: será que economia e ecologia têm 
algo a oferecer uma à outra?
Economia ou sistema 
econômico?
Lembre-se: ao longo da aula, você vai 
conviver com um uso convencionado para o 
termo “economia”. Compreenda que, ao utilizar esse 
conceito, estamos nos referindo a um sistema econômico 
– ou ao conjunto de atividades, de bens e de serviços que 
movem uma economia. Essas atividades são exercidas 
pelas empresas e pelo governo, e envolvem todos 
os indivíduos (consumidores e produtores) 
concentrados em uma determinada região 
(um país, um estado, uma cidade). 
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O QUE É A MACROECONOMIA? 
Em termos gerais, a Macroeconomia representa o estudo das 
grandes variáveis econômicas. Mais precisamente, das variáveis 
econômicas agregadas. 
Observe: o termo “agregada” vem do verbo “agregar”, que 
significar somar, reunir. Assim, as variáveis econômicas agregadas são 
a soma dos valores de cada um dos elementos que contribuem para a 
formação de um panorama. 
Por exemplo: tomemos um gênero alimentício como o arroz. No 
mercado, o arroz tem seu preço, que varia conforme a dinâmica de todo 
o sistema. Quando estudamos a Macroeconomia, no entanto, não nos 
concentramos apenas no nível de preços do arroz. Estudamos como cada 
fator envolvido no sistema econômico afeta o nível de preços do arroz, 
do feijão, da carne, dos ovos. Ao longo desta aula, você será capaz de 
perceber que os preços – ou o nível de preços de um país – podem variar 
como um todo. Dessa forma, podemos considerar a variável agregada 
“preço” como um fator homogêneo. 
A Macroeconomia pode ser entendida segundoquatro variáveis 
agregadas: o nível de preços, o nível de emprego, a taxa de câmbio e 
a taxa de juros. Esses elementos se relacionam de forma que um afete 
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Análise Macroeconômica | Conhecendo a Macroeconomia
todos os outros. Como você verá mais adiante, as interações entre as 
variáveis macro trazem grandes efeitos à economia. 
Quatro importantes 
variáveis da macroeconomia
 – nível de preços;
 – nível de emprego;
 – taxa de câmbio;
 – taxa de juros.!!
MACROECONOMIA OU MICROECONOMIA?
A Macroeconomia consiste no estudo do comportamento da 
economia como um todo, ou seja, de maneira agregada, interdependente. 
A Microeconomia, por sua vez, concentra-se no comportamento dos 
consumidores e das empresas, sempre sob a ótica desagregada ou 
setorial. 
A Macroeconomia estuda a inflação como problema nacional. 
A Microeconomia se preocupa com os efeitos das variações de preços 
sobre as empresas e os consumidores. 
A Macroeconomia e a Microeconomia constituem a base da 
teoria econômica.
O PREÇO
Definidos os conceitos de Economia, Macro-
economia e Microeconomia, vamos analisar, uma a uma, 
cada variável econômica agregada. Para começarmos, 
apresento a você, neste momento, um importante 
conceito: o preço. 
Na forma agregada, o preço representa a soma 
de todos os preços de todas as empresas que operam 
em um mesmo sistema econômico (ou em uma mesma 
economia). Desse modo, encontra-se a variável agregada 
preço, ou, simplesmente, o nível de preço.
Figura 1.2: O preço das ervilhas é 
determinado pelo lucro do feirante e 
pelo nível do preço da vagem em todo 
o mercado.
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Figura 1.3: A inflação faz seu dinheiro 
perder o valor.
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Quanto custa hoje?
Ontem você saiu de casa com dois objetivos muito claros e bem distintos: comprar dez 
quilos de arroz para uma feijoada para a qual você vai contribuir e sondar o preço daquele 
automóvel importado que você sonha comprar. Ao passar por dois supermercados, você 
tem uma surpresa desagradável: o arroz está 10% mais caro. Ainda assim, você compra o 
arroz e parte em direção a uma revendedora da marca de automóveis que lhe interessa. 
Chegando à loja, você descobre que o preço do automóvel desejado subiu, embora as 
outras marcas nacionais tenham mantido seus preços. 
Dito isso tudo, com base no que vimos sobre preços e inflação, discorra sobre os casos 
do arroz e dos carros. Em algum ou em ambos os casos pode-se concluir que há um 
processo inflacionário?
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Atividade 1
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Sobre a variável preço, vale notar que um dos efeitos de sua 
dinâmica de alteração é a inflação. 
A INFLAÇÃO 
A inflação refere-se a um aumento no nível geral de preços. Opõe-se 
à deflação, que se refere à diminuição do nível geral dos preços. Ambos 
os conceitos são conseqüências da alteração do valor do dinheiro – da 
moeda – e não do valor dos bens. Um exemplo: um quilo de feijão que, 
na virada do mês, passe a custar 20% a mais em qualquer supermercado 
onde se procure é uma referência de inflação, caso os outros produtos 
tenham aumentado 20% em média.
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Análise Macroeconômica | Conhecendo a Macroeconomia
Resposta Comentada
Não há elementos suficientes para identificarmos com precisão se estamos diante de um 
processo inflacionário. Se observarmos uma grande quantidade e variedade de produtos 
poderíamos suspeitar que está havendo um aumento generalizado de preços. Quando o 
aumento ocorre em um ou poucos dos produtos, o caso pode ser de aumento de preços 
relativos. Isto é, alguns produtos ficaram mais caros em relação aos outros. Uma seca que 
tenha atingido a plantação de arroz pode ter prejudicado a colheita do arroz repercutindo 
para o mercado em elevação de preços. Isso não é inflação. Será se o aumento do preço 
do arroz causar aumento do preço de um almoço no restaurante, que por sua vez causar 
aumento no preço do táxi porque o taxista almoça naquele restaurante, e tal aumento no 
táxi implicar aumento na obturação do dente posto que o dentista vai para o trabalho de 
táxi e assim por diante. 
O EMPREGO
Uma economia, como um automóvel, precisa de combustível para 
funcionar. Se tomarmos as empresas como o ambiente onde a economia 
é impulsionada, vamos concluir que o trabalhador é um dos importantes 
fatores que movimenta a economia. Vale então definir de forma clara o 
conceito de emprego. 
O emprego se refere às posições destinadas ao trabalhador – ou à 
mão-de-obra – como fator de produção dentro de um sistema econômico. 
Dentro de uma economia, o nível de emprego depende das expectativas 
dos empresários em torno do que vão produzir (extensão do ambiente 
empresarial, do número e do tamanho) das empresas que operam ali e 
até da utilização de tecnologia que substitua o trabalho humano. A luta 
por melhores colocações no mercado de trabalho e por níveis mais altos 
de RENDA permeia toda a história do sistema de produção capitalista.
RENDA
Provavelmente você já ouviu falar em renda, embora talvez não consiga definir 
o conceito de forma clara. Pois a renda se refere aos ganhos provindos do 
trabalho. A renda depende também de inúmeras variáveis, desde a demanda 
do mercado por trabalhadores de um determinado setor até a oferta de 
trabalhadores disponíveis para determinada atividade. A desigualdade de renda 
dentro de uma economia é a base de nossa tão conhecida diferença de classes. 
Ao longo da História, teóricos dos mais diversos campos tentaram explicar e 
solucionar o problema da diferença de classes, provindo das diferentes funções que 
trabalhadores exercem dentro de um sistema econômico e dos diferentes níveis de renda que decorrem dessas 
atividades. Já houve os que defendessem uma igual remuneração para atividades bastante diferentes entre si, 
assim como houve os que entendessem o abismo que separa ricos e pobres como uma característica imutável do 
sistema produtivo. Essa é uma discussão em aberto, que vale ser travada com seus colegas, tutores e professores. 
Figura 1.4: Sua renda é 
quanto seu trabalho paga.
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Figura 1.5: O uso do vapor na produção industrial foi 
o primeiro grande avanço tecnológico em direção às 
economias modernas.
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Onde quer que precisem de mim
Você é um metalúrgico. Seu país está vivendo um surto de industrialização, e o mercado 
pede cada vez mais metalúrgicos. No entanto, sua esposa, agrônoma, recebeu uma oferta 
de trabalho irrecusável em outro país, onde a economia é principalmente rural. Ali, o 
pequeno mercado ligado à metalurgia fez aparecer cursos práticos ligados à sua profissão. 
Há metalúrgicos trabalhando, mas há poucas oportunidades de emprego. Suponhamos que, 
nesse novo país, você acabe conseguindo na sua área um emprego bastante semelhante 
ao que você tinha no Brasil. O que deve acontecer com a sua renda nesse novo emprego, 
em seu novo país? 
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Resposta Comentada
Provavelmente sua renda vai cair. Se há muitos trabalhadores disponíveis para uma mesmafunção e se há poucos postos de trabalho à disposição da categoria, provavelmente o empresário 
pagará menos aos trabalhadores. Como sua renda provém do trabalho assalariado, é seu 
valor no mercado que vai determinar seu nível de renda. 
Atividade 2
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CRESCIMENTO ECONÔMICO X RECESSÃO
O processo produtivo que se percebe dentro de uma economia é 
algo dinâmico: certos períodos podem apresentar desempenho melhor ou 
pior, em comparação a períodos anteriores. Daí perceba que, se sob um 
primeiro olhar trabalhadores e empresários encontram-se em oposição, 
é o desempenho da economia como um todo que vai determinar seus 
ganhos e suas perdas. Períodos de alto desempenho para a produção, em 
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Análise Macroeconômica | Conhecendo a Macroeconomia
princípio, beneficiam a todos e geram o que se chama de “crescimento 
econômico”.
O crescimento econômico representa o aumento das atividades 
econômicas de um país durante um período de tempo (normalmente um 
ano). Muitas vezes é medido pelo produto interno bruto (PIB), conceito 
que abordaremos em nossa segunda aula. 
Por ora, guarde que o contrário de crescimento econômico é a 
recessão. Em períodos de recessão, de um ano para o outro, ao invés 
de produzir mais, o país apresenta níveis de produção e emprego 
menores.
A TAXA DE CÂMBIO 
Outra de nossas importantes variáveis econômicas agregadas é a 
taxa de câmbio, ou o preço da moeda nacional em relação à estrangeira. 
A taxa de câmbio expressa quanto se deve pagar em moeda nacional para 
adquirir uma unidade monetária de outra moeda, ou seja, de quantos 
reais precisamos para comprar um dólar, por exemplo. 
Para cada moeda estrangeira haverá uma taxa de câmbio. Tudo 
se passa como se a moeda estrangeira fosse uma mercadoria qualquer. 
A desvalorização da taxa de câmbio significa que a moeda estrangeira 
encareceu. A valorização do câmbio nos diz que a moeda estrangeira 
está mais barata. 
No Brasil, esse equilíbrio entre moedas é administrado pelo Banco 
Central, em Brasília. Para entender a dinâmica do câmbio, podemos 
partir de um exemplo bastante simples: imagine que você coleciona um 
álbum de figurinhas. Você tem o álbum quase completo e tem na manga 
uma figurinha premiada, a ser trocada por uma outra que lhe falta para 
completar uma página. Mas então quanto vale aquela figurinha, no ato 
de trocá-la por outra? Depende. 
Figura 1.6: Em momentos de recessão, 
quem mais sofre com os baixos níveis 
de emprego são os jovens. Por quê?
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Entendendo a taxa de câmbio
Uma moeda fraca, desvalorizada, tem menor 
poder de compra, o que quer dizer que fica mais caro 
importar. Se um real vale um dólar, uma máquina fotográfica 
de 900 dólares custa 900 reais. Mas se dois reais são iguais a um dólar, 
a mesma máquina de 900 dólares sai pelo dobro do preço para nós, 
brasileiros: 1.800 reais. 
Por outro lado, uma moeda forte, valorizada, estimula a importação, ao mesmo 
tempo que desestimula a exportação. Se um real vale dois dólares, por exemplo, 
produtos brasileiros tendem a vender menos no exterior, já que quem 
trabalha em dólar precisa usar mais dinheiro para comprar um produto 
fabricado aqui. Voltemos à máquina fotográfica: uma máquina 
brasileira custa 900 reais. Um real vale dois dólares. Logo, um 
cidadão norte-americano que queira comprar uma 
máquina no Rio de Janeiro vai precisar pagar 
900 reais, ou 1.800 dólares. 
Depende de quantas figurinhas iguais àquela estão 
circulando entre seus amigos. Pois é basicamente assim que o 
Banco Central opera: se há muitos dólares circulando no país, 
o preço do dólar cai. Todo mundo tem dólares, ninguém quer 
comprar, então o valor do dólar vem abaixo. Pois se o Banco 
Central deseja elevar o preço do dólar, tornando o real mais 
barato, ele compra dólares no mercado e os soma à sua reserva. 
O exato oposto acontece quando há poucos dólares no mercado 
– o que equivale a dizer que o dólar está caro em relação ao 
real. Neste caso, o Banco Central vende dólares de sua reserva 
por valor mais baixo do que o praticado pelo mercado.
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Figura 1.7: O dólar, que era 
usado como moeda padrão nas 
negociações internacionais, vem 
perdendo terreno para o euro, a 
moeda da União Européia.
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CÂMBIO: O PREÇO DE SE NEGOCIAR EM OUTRA LÍNGUA
O valor e a aplicação de moedas estrangeiras em um país referem-se 
às nossas relações comerciais com o resto do mundo. Para entendermos 
melhor a função do câmbio, podemos nos reportar ao que aprendemos 
sobre preços e à sua função clássica em qualquer transação econômica: 
a de coordenar os papéis de compradores e vendedores e a de ajudar a 
elaborar as decisões de consumidores e produtores. 
O valor de uma moeda estrangeira então é seu preço. Pois se 
estamos falando em comércio entre dois países, podemos presumir que 
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Análise Macroeconômica | Conhecendo a Macroeconomia
cada país vai partir de sua própria moeda para 
calcular se vale a pena ou não “fazer negócio”. 
A atratividade de um país para o comércio 
exterior, assim como o controle que se exerce sobre 
o fluxo de entrada e saída de capitais, é determinado 
pelo que se chama de balanço de pagamentos.
O balanço de pagamentos é o registro 
sistemático de todas as transações econômicas 
envolvendo um país e o resto do mundo (países 
estrangeiros) durante determinado período. 
As exportações, as importações e o pagamento 
dos juros das dívidas contraídas no exterior são 
alguns dos itens contabilizados no balanço de 
pagamentos. 
Tomemos um exemplo prático: se ao Brasil interessa ampliar a 
venda de algodão ao exterior, por exemplo, e se o país encontra-se em 
um momento em que as importações em geral superam as exportações, 
vale a pena baixar o valor do real em relação ao dólar. Fazendo isso, 
compradores estrangeiros precisarão de menor volume de suas moedas 
para comprar um produto avaliado em reais. Se o valor do real está mais 
baixo, fica mais barato comprar algodão brasileiro.
Figura 1.8: Imagine que uma balança em 
equilíbrio tem, de um lado, as importações 
e, de outro, as exportações.
Câmbio Fixo x 
Câmbio Flutuante
A administração da taxa de câmbio 
depende de uma postura muito definida por 
parte do governo: a de se instituir o chamado 
“câmbio fixo”. Neste caso, o governo define um 
valor estável para a moeda, a partir do qual as 
operações vão ser realizadas. O contrário existe 
e chama-se “câmbio flutuante”. Em regimes 
de câmbio flutuante, o valor da moeda 
oscila segundo as tendências do 
mercado exterior.
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O gargalo das exportações
Você é o presidente do Banco Central. Em seu gabinete, uma comitiva de grandes 
produtores brasileiros de soja o aguarda. Eles estão furiosos: suas exportações caíram 
quase 30% nos últimos meses. Todos eles defendem que é preciso mexer na taxa de 
câmbio. O dólar, no patamar em que se encontra, inviabiliza a compra da soja por países 
estrangeiros. O que você faria? Elevaria ou derrubaria o valor do dólar? E como você 
faria isso, vendendo ou comprando dólares do mercado?
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Resposta Comentada
 A soja ou qualquer outra mercadoria a ser exportada está submetida a uma comparação 
entre duas moedas: a do exportador (aquele que vende para fora) e a do importador (aquele 
que compra de fora). Se o comprador está pagando muito caro pela soja, é sinal de que suamoeda está fraca em relação à do vendedor – ou do exportador (no caso, os produtores 
brasileiros de soja). A partir daí, conclui-se que é preciso desvalorizar a moeda do exportador, em 
relação à do importador. Derruba-se o real e valoriza-se o dólar. Assim fica mais fácil exportar. 
Duro será convencer a comitiva de importadores de automóveis, que o aguarda no lobby do 
banco, presidente. Já vimos também como se altera o valor de uma moeda: vendendo-a ou 
comprando-a no mercado. No nosso caso, queremos que o dólar tenha seu valor aumentado. 
Logo, precisamos retirar dólares do mercado. O que equivale a dizer que o Banco Central, 
nesse caso, deve comprar dólares.
Atividade 3
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A TAXA DE JUROS
Preço, emprego, taxa de câmbio. Uma quarta variável econômica 
que está no centro de nossas preocupações desta aula é a taxa de juros, 
ou, sob a ótica do consumidor, quanto o mercado embute no preço de 
produtos e serviços em função de compras a crédito. 
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Análise Macroeconômica | Conhecendo a Macroeconomia
Já estudamos o conceito de inflação. Vimos que ele se refere 
ao aumento da moeda circulante em um país, acompanhado de sua 
conseqüente desvalorização. Pois a taxa de juros é uma das formas que 
o mercado encontra para compensar perdas diante da inflação. 
Quando você deposita uma parte de seu salário em uma caderneta 
de poupança, sabe que aquela é uma aplicação segura e que rende sempre 
alguma coisa, por mais modesto que seja esse rendimento. Pois esse 
rendimento são os juros que você recebe do banco. Aqueles mesmos juros 
dos quais você reclama quando compra alguma coisa a prazo ou quando 
toma um empréstimo bancário. É que aí é você quem paga os juros. 
Vimos então que uma elevação da taxa de juros prejudica as 
pessoas que compram a prazo. Esses consumidores vão pagar mais 
caro por seus financiamentos. Por outro lado, aqueles que aplicam seus 
recursos no mercado financeiro ficarão muito contentes ao receber mais, 
graças ao aumento dos juros.
Comprando devagar
Deu no jornal: os juros subiram mais de dez por cento. Absurdo. E você ainda precisa 
comprar um fogão novo, é urgente. Na caderneta de poupança, você tem três vezes o 
valor do fogão, embora tenha se planejado para não usar esse dinheiro. Sua idéia era 
pagar prestações a partir do seu salário, já que em poupança não se mexe. Mas e agora? 
Será que com os juros muito mais altos do que aqueles que você viu no mês passado 
continua valendo a pena comprar a prazo?
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Resposta Comentada
Embora seu dinheiro aplicado na caderneta de poupança venha render o aumento dos juros, 
nas compras a prazo implicará pagar muito mais por um determinado produto. Se você tem 
o dinheiro para cobrir o preço do fogão, vale mais a pena comprar à vista e depositar na 
poupança o que você havia planejado usar nas prestações. 
Atividade 4
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1Mercado Financeiro e Especulação
No filme Rogue Trader (1999), do diretor inglês James Dearden, um operador da Bolsa de 
Valores do sudeste asiático joga de forma arriscada com tendências do mercado financeiro 
e acaba por causar a falência de um dos maiores bancos da Grã-Bretanha. A história é real e 
serve para ilustrar o funcionamento do mercado de ações.
A Economia em Desequilíbrio
Um bom exemplo do que acontece com uma economia em desequilíbrio está no documentário 
Roger & Me (1989), do diretor americano Michael Moore. No filme, uma cidade do interior 
dos Estados Unidos sente os piores efeitos de uma indústria especializada que fecha suas 
portas: desemprego, esvaziamento econômico, depreciação imobiliária; a economia local 
vem abaixo. 
Sugestão: visite ao site http://www.imdb.com/title/tt0131566/]
AS VARIÁVEIS E SUAS DECORRÊNCIAS
Essas quatro variáveis agregadas das quais a Macroeconomia se 
ocupa (guarde, vai ser útil: nível de preços, salários, taxa de câmbio, taxa 
de juros) irradiam seus efeitos sobre grandes questões nacionais, como o 
crescimento econômico do país, a inflação, o comércio exterior, representado 
pelo balanço de pagamentos, e a distribuição de renda.
Hoje, uma das maiores preocupações nacionais ao redor do 
mundo é a competição pelo ambiente industrial perfeito. No momento, 
as Américas encontram-se negociando acordos multilaterais, dentre os 
quais a Alca e o Nafta se destacam. A idéia, que segue a tendência atual 
de que países se organizem em blocos, tenta regular as relações comerciais 
e culturais entre os países da região, de modo que o crescimento e o 
desenvolvimento econômicos sejam sentidos por todas as nações 
envolvidas de forma relativamente eqüânime. A agilidade ou a lentidão 
desse processo está submetida a uma enormidade de fatores, dentre os 
quais e de forma prioritária os políticos. 
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Análise Macroeconômica | Conhecendo a Macroeconomia
O caso mexicano
Acompanhe um caso: nos últimos anos, 
o México assumiu uma posição mais próxima da economia 
americana, investindo nessa crença de que faria parte de um 
sistema econômico maior. Como as leis de defesa ambiental mexicanas 
são mais flexíveis do que as americanas, e como a mão-de-obra mexicana 
é mais barata do que a empregada nos Estados Unidos, o México acabou se 
tornando um belo ambiente para a instalação de indústrias dedicadas a finalizar 
produtos feitos nos Estados Unidos.
No México, essas indústrias receberam o nome de maquiladoras – ou 
“maquiadoras”, em bom português. As maquiladoras foram responsáveis pelo 
aquecimento da economia mexicana durante um determinado período. No 
entanto, diante da eterna busca pelo melhor ambiente industrial, o México vem 
perdendo terreno para países emergentes como a China, onde a mão-de-obra é 
ainda mais barata. O processo pode não ter fim. Enquanto isso, nos Estados 
Unidos, em áreas anteriormente dedicadas à produção industrial, já se 
fala no surgimento de um Cinturão de Ferrugem (Rust Belt). Para 
saber mais sobre esse tema, digite “cinturão de ferrugem” ou 
“rust belt” em um mecanismo de buscas da internet. 
Há artigos nos jornais O Estado de S. Paulo e 
The Washington Post.
??
Já está claro que a instalação de indústrias ou de qualquer outro 
incremento a sistemas econômicos locais está subordinada a variados 
fatores, desde regras de proteção ambiental até facilidade de transportes, 
preço da mão-de-obra, proximidade dos mercados consumidores, clima. 
Tudo influencia no desenvolvimento da economia. Então, ao ler jornais ou 
assistir à TV, fique atento para perceber que um surto de desenvolvimento 
local nunca acontece por acaso ou milagre. 
Figura 1.9: Quando uma grande indústria fecha suas por-
tas, não são só suas instalações que sentem os efeitos.
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1AS VARIÁVEIS APLICADAS
A taxa de juros sobre o mercado
A taxa de juros, ou seja, aquilo que se paga de juros por 
pegar dinheiro emprestado, afeta os investimentos dos empresários. 
Acompanhe: se houver elevação da taxa de juros, os empresários que 
precisarem recorrer aos bancos para conseguir dinheiro a fim de comprar 
novas máquinas, por exemplo, vão verificar que está mais caro investir. 
Logo, tendem a ficar desestimulados para tal. Ainda que eles tenham o 
dinheiro, poderão perceber que aplicar no mercado financeiro, ou poupar, 
em vez de investir na compra de máquinas, pode ser mais lucrativo.
Assim, a elevação dos juros inibe os investimentos em recursos 
produtivos (aqueles destinados a aumentar a produção) e estimula a 
poupança.
Muito bem: seos empresários investem menos, como conseqüência, 
a produção deverá crescer menos. E como produção menor implica 
menos emprego, percebemos como a taxa de juros pode afetar o nível 
de emprego de uma economia. Leia isso de novo. Visualize. 
Juros, para que te quero?
Atividade 5
2 3 4 5
Foi dado pelo Banco Central o sinal verde para 
mais um aumento na taxa 
de juros. Diferente do que 
havia declarado há uma 
semana o presidente do 
BC, Henrique Meirelles, 
a partir de amanhã o 
mercado opera com um 
aumento de 0,25 ponto 
percentual.
ECONOMIA
BC anuncia aumento de 0,25 ponto 
na taxa de juros
22 C E D E R J
Análise Macroeconômica | Conhecendo a Macroeconomia
Tomando por base os dois fragmentos de notícia, reflita e responda: de que maneira 
uma elevação da taxa de juros, acompanhada das restrições para a exportação, pode 
influenciar no preço da geladeira e na sua idéia de comprar uma geladeira?
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Resposta Comentada
Se os juros subiram, isso significa que o financiamento para as compras a prazo está mais caro. 
Logo, quem pretendia comprar a prazo vê-se estimulado a poupar mais para se beneficiar dos 
juros pagos pelo banco, até que possam comprar sua geladeira à vista. Ao mesmo tempo, se 
o mercado dos produtores brasileiros de geladeiras na Argentina foi limitado, isso equivale a 
dizer que a procura por geladeiras caiu, o que fará aumentar a oferta dela no Brasil. Se já há 
um estoque formado, é possível que os produtores sejam obrigados a baixar os preços, a fim 
de escoarem a produção. No meio disso, talvez você consiga até comprar a geladeira 
à vista. 
Em mais um capítulo da 
dura negociação comercial 
entre Brasil e Argentina, 
o presidente argentino 
Néstor Kirchner declarou 
ontem ser necessário frear 
o que classificou como 
uma “invasão brasileira”. 
O alvo da vez é o setor de 
eletrodomésticos, que tem 
na Argentina um de seus 
principais compradores. 
A partir de segunda-
feira, passam a vigorar 
naquele país taxas mais 
altas para a importação de 
refrigeradores brasileiros. 
Retornam hoje, pelo porto 
de Santos, dez cargueiros 
carregados de refrigeradores 
brasileiros que foram retidos 
na Argentina.
MUNDO
Argentina quer frear "invasão brasileira"
A RENDA E A QUESTÃO SALARIAL
Os salários são uma via de mão dupla: de um lado, representam a 
fonte de renda da maior parte da população. De outro, uma importante 
variável de custos para as empresas. Da mesma forma, um reajuste salarial 
estimula o consumo, ao mesmo tempo que eleva os custos da empresa.
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1Voltando ao caso do México e ao que explicamos sobre ambientes 
industriais perfeitos, perceba que países como a China hoje representam 
um bom espaço para montar uma indústria multinacional, inclusive 
porque ali a mão-de-obra é muito mais barata do que nos países de 
origem dessas empresas. 
Mais adiante: já vimos que um aumento salarial eleva os custos de 
produção. Agora perceba que esse aumento no custo pode ser repassado 
para os preços. Se isso se repetir como um processo contínuo e geral (em 
toda a economia), pode-se assistir ao início de um momento de inflação. 
A inflação, como você já viu, refere-se ao aumento da moeda 
circulante em um país. Então perceba: se você ganha mais e o empresário 
repassa para os preços o novo custo que você gerou, tudo fica mais 
caro. Se você ganha mais e tudo fica mais caro, o dinheiro vale menos. 
Acompanhou? 
Esse processo acaba retirando mais uma vez o poder aquisitivo dos 
trabalhadores, que, novamente, vão reivindicar outros reajustes. No final 
da bola de neve, pode se formar um círculo vicioso e inútil de “salários 
versus preços”, tal qual um cão que tenta morder a própria cauda.
A discussão mais detalhada sobre esse aspecto é um dos grandes 
temas da economia, mas não trataremos dele agora. O que nos interessa 
saber, no momento, é que os salários são fonte de renda para as famílias 
e custo para as empresas. Podem, em momentos de elevação, atrair 
novos empregos e gerar mais consumo. Porém, ao mesmo tempo, causar 
maiores custos e repasses aos preços.
Parabéns, você está um pouco mais rico. Este é seu contracheque. 
Dois salários mínimos. 
Atividade 6
1 2 4
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Análise Macroeconômica | Conhecendo a Macroeconomia
Esta é a geladeira dos seus sonhos:
Isso você leu hoje no jornal:
E agora? O que deve acontecer com o preço da sua geladeira Brasfreezer? Justifique sua 
resposta.
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Resposta Comentada
Provavelmente, o preço da sua geladeira vai subir junto com seu salário. Você é o consumidor 
do produto que ajuda a fabricar. Se o patrão precisa aumentar seu salário, ele vai passar por 
uma elevação em seus custos, o que precisa ser compensado de alguma forma. Logo, a 
menos que seu patrão esteja disposto a ver seu lucro diminuir, ele irá repassar o aumento 
do custo salarial para o preço da geladeira. Portanto, se de um lado você está ganhando 
mais, porém os preços das coisas estão mais elevados, é possível que seu poder 
de compra fique como antes. 
ECONOMIA
Novo salário mínimo é de 350 reais
Em pronunciamento em rede nacional de TV, o Presidente 
Luis Inácio Lula da Silva 
anunciou, na noite de 
ontem, um novo patamar 
para o salário mínimo. A 
partir desta segunda-feira, 
o mínimo passa a 350 reais, 
nível mais alto desde...
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1
Maior remuneração e 
menor inflação?
Talvez você esteja se perguntando se é possível 
que, em algum caso, um aumento na remuneração não 
seja inflacionário.
A resposta é: claro que sim.
Pense em um trabalhador produzindo, por dia, mil mercadorias que, 
vendidas, valem R$ 1.500,00 (desconsidere qualquer outro custo de 
produção que não seja o do trabalho). 
Se sua produtividade – ou quanto o trabalhador produz em média a cada 
período de trabalho – for dobrada (duas mil mercadorias por dia), o trabalhador 
pode receber um aumento de renda de até 100%, e tal aumento não será 
inflacionário. Isto porque ele está reivindicando para si apenas o acréscimo de lucro 
que sua produtividade gerou. 
Você está ganhando em cima de um crescimento econômico que gerou com seu 
trabalho.
Moral da história: os aumentos de remuneração em função da produtividade não 
representam aumento de custos. Portanto, não são inflacionários.
!!
A TAXA DE CÂMBIO E O BALANÇO DE PAGAMENTOS
A taxa de câmbio (ou o valor, o preço da moedanacional em 
relação ao da estrangeira) afeta o nível de preços e as exportações. Veja 
que quando o preço do dólar aumenta (nosso câmbio desvalorizado), 
comprar um produto importado no supermercado fica mais caro. 
Exemplo: suponha que a taxa de câmbio esteja assim: 1 dólar = 
1 real (U$ 1: R$ 1). Daí, um uísque importado ao preço de um dólar 
valerá, no supermercado, exatamente um real (desconsidere o lucro do 
supermercado e outros itens de custos). A partir daí, se houver uma 
desvalorização do real de forma a cotar 1 dólar = 2 reais, então você 
pagará 2 reais para adquirir o mesmo uísque. Como os preços dos 
importados aumentam, é de se esperar que aqui se comprem menos 
importados. Assim, diminuem as importações. 
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Análise Macroeconômica | Conhecendo a Macroeconomia
Agora, se a taxa fosse 2 dólares = 1 real (valorização 
cambial de nossa moeda), o uísque estaria custando 50 
centavos de real. Seria um produto importado mais barato 
do que o similar nacional, o que nos estimularia a comprá-lo, 
em detrimento daquele genérico brasileiro. 
Mas veja, a desvalorização do câmbio é um dos fatores 
que podem afetar a inflação. 
Eis um caso: o trigo é um insumo importado para a 
produção do pão, uma matéria-prima. Se houver desva-
lorização da moeda nacional, o preço do trigo importado 
aumenta, e, por conta disso, poderá haver o repasse desse 
aumento para os preços na padaria.
Em geral, com a desvalorização, todas as matérias-
primas importadas sofrerão aumento de preços, com repasses 
para os preços dos produtos manufaturados, finalizados. 
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Figura 1.10: O trigo que seca 
nos campos não vira pão, vira 
aumento de preço.
O salário é “imexível”
Você trabalha no Banco Central. O presidente, em reunião ministerial, anuncia sua 
intenção de reduzir a inflação. Só que ele não aceita instituir mecanismos de redução 
salarial, tampouco admite aumento nas taxas de juros. Através da taxa de câmbio, o 
que você pode sugerir? 
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Resposta Comentada
Ao vender dólares no mercado e ao valorizar a taxa de câmbio, o real subirá na cotação em 
relação ao dólar. Assim, tudo o que se compra em dólares precisará de menos reais na hora 
da conversão de uma moeda à outra (a taxa de conversão é a taxa de câmbio), ou seja: os 
produtos importados, as passagens aéreas ao exterior, as compras que se fazem quando se 
está em outros países etc. estarão mais baratos. Nos efeitos sobre a inflação, pode-se afirmar:
ela deverá diminuir. Os produtos importados que servem como matéria-prima ou como insumo 
à produção estarão mais baratos. Isto implica dizer que os custos com as compras de bens 
importados estarão menores, o que possibilita queda nos preços. Conclusão: a valorização 
cambial tem um efeito antiinflacionário, posto que os custos com matérias-primas e insumos 
importados diminuem. Pode-se, portanto, repassar essa diminuição de custos aos preços, 
ocasionando a redução da inflação.
Atividade 7
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1O nível de preços e seu bolso vazio
São vários são os efeitos da elevação de 
preços. Por ora, vamos citar a redução do poder 
de compra dos salários e a conseqüente queda na 
demanda agregada (a demanda total da população 
por um determinado item), ou seja: a redução dos 
níveis de compra.
OS CAVALEIROS DO APOCALIPSE
Recessão. Inflação. Dívida externa alta. Níveis complexos de 
concentração de renda. Ao falar desses problemas, você se recorda 
de algum país que esteja passando – ou que tenha passado – por tais 
situações?
Se pensou no Brasil, meus parabéns: você está atento ao que 
acontece ao seu redor. Ainda assim, posso dizer: dos cerca de 200 
países existentes no planeta, a ampla maioria enfrenta ou já enfrentou 
tais desafios. Vale também dizer que todos esses precisam da análise 
macroeconômica para ajudá-los a solucionar os problemas de baixo 
crescimento econômico, desemprego, dívidas externas e má distribuição 
de renda.
A recém-criada União Européia, por exemplo, está reorganizando 
os fluxos produtivos e populacionais do Velho Mundo. Cidades como 
Frankfurt, na Alemanha, têm suas ruas próximas às estações de trem 
tomadas por imigrantes do Leste europeu, que, liberados pelo fim da 
barreiras impostas pela extinta União Soviética, acorrem à Europa 
Ocidental em busca de oportunidades melhores de emprego. Muitos 
deles começam a formar uma nova população de desabrigados e 
desempregados (ver tabela). 
Tess
Figura 1.11: Se o nível de preços da economia 
sobe, os efeitos são sentidos nos mercados e em 
sua geladeira.
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Análise Macroeconômica | Conhecendo a Macroeconomia
Países da União Européia (EUR 15)
Taxas de desemprego e distribuição do emprego
Total pelos setores de agricultura, indústria e serviços – 1993
Tabela 1.1: Taxas de desemprego e de emprego por setores dos quinze países que integram a União Européia
País Taxa de 
Desemprego 
(%)
Emprego na 
Agricultura 
(%)
Emprego na 
Indústria (%)
Emprego nos 
Serviços(%)
Bélgica 9,4 2,9 30,9 66,2
Dinamarca 10,3 5,2 27,4 67,4
Alemanha 7,2 3,7 39,1 57,2
Grécia 7,7 21,9 25,4 52,8
Espanha 21,8 10,1 32,7 57,2
França 10,8 5,9 29,6 64,5
Irlanda 18,4 13,8 28,9 57,1
Itália 11,1 7,9 33,2 59,0
Luxemburgo 2,6 3,1 29,6 67,3
Holanda 8,8 3,9 25,2 70,9
Áustria 3,6 7,1 35,6 57,4
Portugal 5,1 11,5 32,6 56,0
Finlândia 17,9 8,6 27,8 63,5
Suécia 8,1 3,2 26,6 70,1
Reino Unido 10,4 2,2 30,2 67,5
Fonte: Eurostat/IPEA.
O Brasil já se consagrou 
campeão mundial de futebol, vôlei e 
boxe, não é mesmo? Mas é também medalhista 
em outros esportes: já foi campeão em maior 
inflação, maior taxa de juros, menor salário 
mínimo, maior concentração de renda...!!
TRADE-OFF: OS PÉS OU A CABEÇA? 
Você já ouviu falar do problema do “cobertor curto”? Numa 
noite de inverno, ao dormir com um desses ingratos elementos 
macroeconômicos, você passa por um difícil e nunca satisfatório dilema: 
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1ou bem cobre a cabeça, deixando os pés ao frio, ou faz o contrário. 
Isto significa que não há solução ótima. Pois na Macroeconomia isso 
também ocorre. 
O trade-off é uma expressão inglesa que, em economia, representa 
uma situação-dilema (ou um conflito de decisão), em que uma ação em 
proveito de alguma coisa dificulta uma outra. 
Você poderia pensar: basta que os economistas tomem medidas 
para baixar a inflação, estimular a iniciativa privada (nossos empresários), 
aumentar a produção e o emprego, elevar as exportações para adquirir 
dólares para saldar a dívida externa e distribuir a renda. O caso é que, 
infelizmente, há algo que complica um pouco essa história: é o chamado 
trade-off, que ocorre na hora de procurar resolver tais problemas 
econômicos. 
Creio que já reunimos os elementos básicos para entender um 
pouco da complexidade que envolve os problemas macroeconômicos. 
Pois se um país tem como metas diminuir a inflação, o desemprego, a 
dívida externa e melhorar a distribuição da renda, o que se deve fazer? 
Se utilizarmos as variáveis juros, câmbio, preços e salários, 
podemos até amenizar um desses problemas. No entanto, fatalmente a 
gravidade de algum dos outros irá se aprofundar. Como assim?
Suponha que a política econômica de um país seja a de elevar a taxa 
de crescimento econômico. Ao diminuir a taxade juros, os empresários 
irão investir mais, aumentando o emprego e a produção. Isso é positivo, 
mas outras coisas não tão positivas também podem ocorrer: taxas de 
juros mais baixas aumentam o consumo, o que estimula os empresários 
a aumentar os preços. Esta última relação será tanto mais forte quanto 
mais intenso for o crescimento da demanda pelos produtos e serviços. 
Quando os empresários produzem mais, além de contratar mais 
pessoas, eles também compram mais insumos importados. Desse modo, 
gastam dólares que poderiam ser utilizados para pagar a dívida externa. 
Tudo isso pode acontecer em maior ou menor grau de intensidade. 
Tudo depende de em que nível esteja o desenvolvimento do país em 
questão ou sua situação econômica.
Se o objetivo do país for baixar a inflação, então é preciso conter 
o nível salarial da população, para que não haja pressão de custos sobre 
os preços. Parece um pouco chocante, mas lembre-se de que, para a 
empresa, salário é custo. 
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Análise Macroeconômica | Conhecendo a Macroeconomia
A diminuição da margem de lucro dos empresários também 
contribui para reduzir a inflação. Essa diminuição pode ser feita com um 
volume maior de importações, já que isso impõe uma maior concorrência 
às empresas nacionais. Ao mesmo tempo, fazer isso é desestimular o 
crescimento econômico local. 
Outra séria conseqüência de uma redução no nível salarial é 
o aumento da concentração da renda da população, problema que 
conhecemos bem. 
Em suma, temos aí o trade-off do “cobertor curto”: ao se resolver 
um problema, quase sempre acentua-se algum outro. É preciso priorizar 
o que se quer: primeiro combater a inflação e depois fazer o país crescer? 
Ou o contrário?
Essa é uma discussão que permeia todos os momentos políticos 
dos países, e normalmente é solucionada nesse mesmo ambiente político. 
Vale notar que, até pela natureza do “cobertor curto”, não há solução 
puramente técnica para os impasses de que trata a Macroeconomia. 
CONCLUSÃO
Crescimento ou desenvolvimento?
Trecho retirado da edição 236 (25/11/02) da revista Época:
“Provocado a comparar suas idéias com as do ministro preferido dos 
militares, Delfim Netto, e as do ex-minstro Pedro Malan, o atual ministro 
da Fazenda Antonio Palocci faz uma didática culinária. ‘Nem acreditamos que 
primeiro é preciso crescer o bolo para depois repartir (tese dos anos verde-
oliva), nem que o bolo se divide sozinho (tese de Malan). Vamos dividir o 
bolo durante o crescimento.’ Em outras palavras: Palocci pode até 
usar o idioma de Malan e receber elogios de Delfim, mas 
promete ser diferente.”
??
Figura 1.12: Em Economia, 
há sempre um pé que fica 
de fora. A grande questão é 
decidir qual deles.
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1
Quatro problemas (macro) 
econômicos nacionais 
– inflação;
 – crescimento econômico baixo;
 – dívida externa alta;
 – má distribuição de renda.
!!
A Macroeconomia trata as questões econômicas de maneira 
agregada. Estas são inter-relacionadas e constituem um desafio à política 
econômica. Muitas vezes, ao se tentar resolver um problema macro, 
um outro pode surgir. Muitas vezes, esse dilema é posto de maneira 
a exigir uma escala de prioridades, já que não se consegue resolvê-los 
simultaneamente. 
Ao final desta aula, tendo visto os temas ligados à Macroeconomia 
e compreendido alguns dos processos de interação entre as variáveis 
macroeconômicas, eis algumas colocações no mercado de trabalho a 
serem ocupadas por economistas: 
• no Ministério da Fazenda, assessorando o ministro em questões 
nacionais;
• em empresas multinacionais, onde tenha a função de estudar o 
comportamento econômico das empresas concorrentes;
• no mercado financeiro, pois ali terá que verificar quais títulos 
financeiros darão maior rentabilidade com o menor risco;
• em bancos comerciais (ex.: Banco do Brasil), uma vez que 
sua tarefa diária será estimar o volume de recursos que podem ser 
emprestados aos setores público e privado;
• no setor imobiliário, no departamento de lançamentos de prédios 
de luxo.
Cada um desses itens, em maior ou menor intensidade, pode 
representar algo que utilize o conhecimento macro adquirido.
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Análise Macroeconômica | Conhecendo a Macroeconomia
(...) os indicadores da atividade mostram que a economia brasileira, 
com variação de mais de 5% do PIB em 2004, vive auspicioso momento 
expansionista que induz a maior investimento, maior emprego e maior 
consumo. Isso é tudo o que um governante torce para ter e o que toda 
sociedade almeja, desde que não implique na [sic] volta da espiral 
inflacionária (jornal Valor Econômico, editorial, p. A14; 18/12/05).
Com o que você estudou nesta aula e munido das informações contidas no texto, 
explique o porquê do risco da espiral inflacionária.
Resposta Comentada
A citada variação de mais de 5% do PIB significa a magnitude do crescimento econômico do Brasil 
em 2004. Como sabemos, quando a economia cresce, os empresários vendem mais e fazem mais 
investimentos. Claro que ao vender e investir mais, eles estão contratando mais funcionários. Com 
mais salários, o consumo aumenta no país. O risco da inflação está na pressão desse maior consumo 
sobre as vendas. Afinal, se há maior demanda, há maiores vendas e o risco de proporcionar maiores 
preços. Com o aumento de preços pode-se ter mais inflação, o que fará o poder aquisitivo dos 
salários diminuir. A partir daí, pode ser gerada uma corrida de reajustes de salários que acabem 
representando um aumento de custos e preços, ou seja: está presente na notícia do jornal a relação 
entre a meta de crescimento econômico e o efeito colateral de gerar inflação.
Atividades Finais
54
A Macroeconomia consiste no estudo e na análise das variáveis econômicas 
de forma agregrada (juros, salários, câmbio, preços) e dos principais 
problemas econômico-sociais (crescimento econômico, inflação, dívida 
externa, distribuição de renda). As variáveis tratadas aqui influenciam os 
problemas econômicos de maneira tal que podem, ao mesmo tempo, reduzir 
a gravidade de um e acentuar outro. 
Todo o estudo da Economia, seja a macro ou a micro, aborda o problema da 
escassez, princípio segundo o qual não há recursos suficientes para atender 
a todas as demandas geradas em um sistema econômico. 
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1
A Economia lida com a articulação entre suas variáveis, e é assim, de 
forma combinada, que tenta resolver problemas em um ou outro setor 
de atividades. 
Cada variável econômica agregada apresentada nesta aula interfere nas 
demais, e a forma como vão ser aplicados os conceitos econômicos vai ser 
sempre bastante particular, levando em conta as características próprias de 
cada sistema econômico. 
INFORMAÇÕES SOBRE A PRÓXIMA AULA
Ao longo desta disciplina, você terá uma visão geral do que se estuda em 
Macroeconomia, uma das mais importantes disciplinas estudadas pelo 
curso de Ciências Econômicas. Ali, a Macroeconomia está dividida em três 
semestres. Nós, por outro lado, preferimos enfocar esta matéria no nível 
do interesse e da importância que se observa para um futuro administrador 
de empresas. 
Na próxima aula, começaremos a abordar a produção e o crescimento 
econômico de um país. Veremos ainda como se mede seu nível de atividade 
econômica. Você já ouviu falar em PIB (Produto Interno Bruto) na disciplina 
Formação Econômica do Brasil, certo? Pois vamos voltar a falar disso na 
Aula 2. 
Medindo as atividades econômicas
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 
definir produto interno bruto (PIB);
verificar a utilidadedo PIB como indicador 
das atividades econômicas;
 diferenciar PIB real, PIB nominal, deflator 
do PIB e PIB per capita.
2
ob
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L
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Meta da aula 
Apresentar o conceito de Produto Interno 
Bruto, suas aplicações, suas variáveis e 
seus desdobramentos.
1
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Análise Macroeconômica | Medindo as atividades econômicas
INTRODUÇÃO 
Quem nunca se viu, mesmo quando bem jovem, diante de um lampejo de 
curiosidade sobre algum fato econômico? Ainda que nunca tenha estudado 
uma única linha sobre economia, quem nunca se perguntou, por exemplo, 
algo tão esdrúxulo quanto “qual seria o valor somado de todos os salários ou 
rendas do Brasil”? E se existisse um megamilionário tão afortunado quanto 
excêntrico que desejasse comprar tudo o que o Brasil produziu em um ano? 
Como você poderia chegar a esse valor? 
Por trás dessas inusitadas perguntas estão outras um pouco mais técnicas: 
como se avalia o crescimento econômico de um país? Por que a renda de um 
país é exatamente igual à despesa? Qual o peso da produção industrial ou 
agropecuária na produção total do país? 
O elemento básico para responder a tais perguntas está na sigla econômica 
mais popular de todos os tempos: de uma forma ou de outra, não há quem 
nunca tenha ouvido falar do PIB.
O QUE É O PIB?
O produto interno bruto (PIB) representa a estimativa do valor 
de tudo que foi produzido por um país em determinado período. Este 
valor é calculado com base nos preços de mercado, leva em conta apenas 
os bens e serviços finais (aqueles destinados diretamente ao consumidor 
final); o período tomado como base pode ser anual, semestral etc.
COMO SE CALCULA O PIB?
Tudo se passa como se contratássemos alguém para, desde o 
primeiro até o último dia de um ano, anotar os preços de todos os 
bens e serviços finais gerados dentro do território nacional. Nesse caso, 
teríamos o PIB anual do país.
 Figura 2.1: Carregamento embarcado em 
contêineres, rumo a mercados externos.
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2Para efeito ilustrativo, suponha que, no ano X, um país tenha 
produzido apenas três produtos (a, b, c), da seguinte forma:
Assim, o pib desse país seria:
PIB = (2 x 2) + (4 x 3) + (1 x 5) = R$ 21
Lembre-se de que o PIB se refere à soma de tudo o que foi produ-
zido em um país.
Assim, poderíamos dizer que o valor de tudo que foi produzido 
naquele país, durante o ano, foi de R$ 21,00.
O CONCEITO EM DETALHES
Vamos esmiuçar um pouco alguns dos termos que definem o que 
seja PIB. 
Para começo de conversa, é importante guardar que o PIB é 
avaliado em termos do valor de mercado, ou seja, a partir dos preços 
que são praticados no mercado de bens e serviços. Os preços que você 
vê nos supermercados, feiras, lojas etc.
Quando falamos em bens e serviços finais, queremos mostrar 
que nossa conta não inclui os bens intermediários, já que estes já estão 
inseridos nos preços dos bens finais. 
Por exemplo: o valor do trigo, que serve de matéria-prima à 
produção do pão, não é contabilizado no cálculo do PIB. Como no 
valor do pão já está embutido o valor do trigo, o trigo acaba sendo 
considerado indiretamente.
Perceba: se somássemos o valor do trigo (insumo do pão) ao do 
pão, estaríamos contando o trigo duas vezes. Isso acarretaria o que se 
chama de erro de dupla contagem no cálculo do PIB.
Produto Quantidade 
produzida (q)
Preço de 
mercado (p) R$
A 2 2
B 4 3
C 1 5
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Análise Macroeconômica | Medindo as atividades econômicas
QUAL O EFEITO DOS PREÇOS SOBRE O PIB?
A essa altura, você já guardou que o PIB é uma medida da atividade 
econômica ligada à produção de bens e serviços finais. Pois como este 
indicador é calculado com base nos preços dos bens e serviços, é coerente 
pensar que seu valor será influenciado pela variação de preços. 
Então note que, por ser um índice relacionado à produção e ao 
nível dos preços no mercado, a elevação dos preços irá afetar o valor 
do PIB, mesmo que a quantidade produzida permaneça a mesma de um 
ano para o outro. 
Voltemos à primeira tabela: 
Suponhamos novamente que, no ano x, um país tenha produzido 
apenas três produtos (a, b, c), da seguinte forma:
Produto Quantidade 
produzida (q)
Preço no 
mercado (p) R$
A 2 2
B 4 3
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Com quantos pneus se faz um carro
Uma montadora de automóveis compra de outra empresa os pneus para a produção 
de seus veículos. Cada carro, é importante lembrar, chega ao consumidor final com 
cinco pneus: um em cada roda, mais um estepe. O conjunto de cinco pneus é vendido 
à montadora por R$ 500. Os carros, depois de prontos, são cotados por R$ 5 mil. Agora 
responda: para o cálculo do PIB, qual será o montante a ser considerado na produção 
de dois automóveis? 
Resposta Comentada
No cálculo do PIB, o valor a ser considerado para a produção de dois automóveis é de R$ 10 
mil. Se o preço final de cada carro é de 5 mil e se os pneus são bens intermediários à produção 
dos carros, então os pneus já estão incorporados ao preço final dos carros. Caso somássemos 
a esses R$ 10 mil os bens intermediários (ou dez pneus, cinco para cada carro), teríamos para 
o cálculo do PIB o valor de R$ 11 mil, o que causaria certa discrepância na soma final. Este é 
um exemplo do erro da dupla contagem. Ou seja: neste caso, os pneus teriam sido contados 
duas vezes: na venda para a montadora e na venda para o consumidor final.
Atividade 1
1
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2Assim, o PIB desse país seria:
PIB = 2 x 2 + 4 x 3 + 1 x 5 = R$ 21,00
Agora suponha que todos os preços tenham dobrado, 
mas que a quantidade produzida tenha permanecido a 
mesma. Observe que, neste caso, o PIB terá dobrado (PIB 
= R$ 42). Essa discrepância causará uma grave distorção 
para um indicador com a função de informar a variação 
da produção total (agregada). 
COMO ISOLAR O PIB DO NÍVEL DE PREÇOS?
Uma forma de evitar a influência da variação de preços sobre o 
cálculo do produto interno bruto consiste em medir o PIB em termos 
reais. Daí, surgem dois conceitos de PIB: um seria o PIB nominal, 
que representa o PIB a preços correntes, ou o PIB baseado nos preços 
praticados pelos mercados. O outro, que denominamos PIB real, consiste 
no valor do produto interno bruto em termos de preços constantes, a 
partir de um ano considerado como base de referência.
Guarde então: suponha que, em 2003, a produção brasileira de 
bananas tenha chegado ao patamar recorde de x toneladas. Se em 2004 
o preço das bananas tiver dobrado no mercado, ainda que a produção 
tenha se mantido a mesma do ano anterior, nossa soma de todo o dinheiro 
gerado pela produção de bananas vai dobrar junto com os preços. Uma 
pessoa desavisada poderia olhar esse novo valor do PIB e concluir que 
o país alcançou novo recorde produtivo, mas, na verdade, o patamar 
da produção de bananas é exatamente o mesmo, o que se alterou foi o 
valor do PIB nominal. 
Se quisermos avaliar apenas o nível de produção de bananas 
brasileiras, precisaremos comparar pelo menos dois anos. Então 
contabilizamos a produção de 2003 e, em 2004, consideramos os preços 
de 2003. Assim se calcula o PIB real. 
Aumento na produção ou 
nos preços?
Se o PIB aumentou de um ano para o outro, pelo 
menos uma das duas coisas ocorreu: ou o país elevou 
a quantidade produzida em sua economia ou os 
bens e serviços sofreram aumentos 
de preços. !!
40 C E D E R J
Análise Macroeconômica | Medindo as atividades econômicas
Ano Bananas(QB) Preço (PB) 
R$
Veículos 
(Qv) 
Preço (Pv) 
R$
PIB= (PBQB+PVQV) 
R$
2002 100 1 20 50 1.100
2003 120 2 30 60 2.0402004 140 3 40 70 3.220
PIB REAL: UM EXEMPLO SIMPLES
Suponha que, ao longo de três anos, um país tenha produzido 
apenas dois bens (bananas e veículos). A quantidade produzida, os 
preços e, por conseguinte, o PIB nominal em cada um desses anos estão 
relacionados a seguir:
Sendo:
QB a quantidade de bananas produzidas; 
PB o preço das bananas; 
QV a quantidade de veículos produzidos; 
PV o preço dos veículos no mercado. 
Inicialmente, observe que o PIB nominal aumenta de um ano para 
o outro. Essa elevação deve-se ao crescimento da produção, mas também 
à elevação de preços. Se o nosso interesse for calcular o aumento real 
da produção, ou seja, aquele não-afetado pelo crescimento dos preços, 
temos que utilizar o conceito de PIB real. 
O primeiro passo será escolher um ano-base, ou de referência. 
Os preços dos produtos naquele ano é que serão utilizados como 
referência para o cálculo do PIB real nos anos subseqüentes. Para o 
cálculo do PIB real, portanto, não utilizamos os preços do ano vigente, 
mas sim os preços do ano de referência. De resto, procedemos da mesma 
maneira que procedíamos para o cálculo do PIB nominal (preço do 
produto x quantidade do produto).
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2
A partir da tabela abaixo, tome o ano de 2002 como seu ano-base. A partir daí, 
como você calcularia o PIB real em cada um dos períodos seguintes?
Resposta Comentada
Em 2002, o PIB real é 1.100. Como? (100 x 1) + (20 x 50) = 1.100; em 2003, é 1.620. Como? 
(120 x 1) + (30 x 50) = 1.620; e em 2004, o PIB real é 2.140, já que (140 x 1) + (40 x 50) = 
2.140. Como você já viu, o PIB nominal utiliza os preços vigentes em cada ano, enquanto o PIB 
real fixa os preços de um ano como base para calcular apenas as variações nas quantidades 
produzidas a cada período. Assim, o PIB real torna-se uma medida mais adequada para estimar 
a produção total de bens e serviços finais de um país.
Atividade 2
2
Ano Bananas Preço 
R$
Veículos Preço 
R$ 
PIB 
Real*(PBQB+PVQV) 
R$
2002 100 1 20 50
2003 120 2 30 60
2004 140 3 40 70
O DEFLATOR DO PIB
Como vimos até aqui, variações nos preços dos produtos 
representam um importante fator a ser considerado no cálculo do PIB 
de um país. Agora perceba que, quando comparamos um período a 
outro, somos capazes de identificar comportamentos e tendências dos 
mercados. Para que tenhamos uma medida da elevação média do nível 
de preços do final de um ano para o outro, basta que calculemos o que 
se denomina deflator do PIB. 
Na aula anterior, você viu que o conceito de inflação se refere 
a uma gradual perda de valor do dinheiro, diante de um aumento 
generalizado de preços. Agora note que o deflator do PIB é o índice 
destinado a isolar o fator inflação do cálculo do produto interno bruto 
de um país, em um determinado período. O deflator nos dirá qual parte 
do aumento do PIB nominal cabe somente ao crescimento dos preços e 
nos ajudará a perceber quanto do aumento do PIB se deve a uma elevação 
real no nível de produção. 
* Ano-Base 2002
42 C E D E R J
Análise Macroeconômica | Medindo as atividades econômicas
O que calcula cada PIB?
O PIB real calcula o crescimento econômico, a partir 
do aumento ou da diminuição do nível real de produção 
de um país. O deflator do PIB faz referência ao crescimento 
médio dos preços da economia. O PIB nominal capta 
tanto o crescimento do volume da produção 
quanto a variação de seus preços.!!
Note que, a partir do deflator do PIB, é possível inferir a taxa de 
inflação de um período. 
A fórmula de cálculo do deflator é:
DEFLATOR DO PIB = PIB nominal x 100
 PIB real
Veja como obter o deflator do PIB a partir dos valores já 
apresentados nas tabelas anteriores desta aula:
Por esses valores, no ano-base do PIB real (2002), o deflator do 
PIB é igual a 100. Por definição, em todo ano-base, o deflator será sempre 
100 (os preços do ano corrente são os preços do ano-base). 
Em 2003, o deflator do PIB é 125,92. Em 2004, é 150,46. 
Agora veja: de 2002 a 2003, o deflator passou de 100 para 125,92. 
Logo, pode-se inferir que os preços aumentaram, em média, 25,92%. 
Da mesma forma, em 2004, como o nível de preços passou de 
125,92 para 150,46, o nível médio de preços aumentou 19,48% em 
relação a 2003. 
Fica claro então que o deflator do PIB pode ser interpretado como 
um indicador da variação do nível médio de preços de um país. Isto é 
nada mais nada menos do que dizer que o deflator do PIB consiste em 
uma indicação da taxa de inflação do período.
Deflator do PIB
Ano deflator = (PIB nominal / PIB real) x 100
2002 deflator = R$ 1.100 / R$ 1.100 x 100 = 100
2003 deflator = R$ 2.040 / R$ 1.620 x 100 = 125,92
2004 deflator = R$ 3.220 / R$ 2.140 x 100 = 150,46
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2O PRODUTO NACIONAL BRUTO
Já vimos que o PIB expressa o total da produção, a soma de toda 
a renda criada dentro dos limites geográficos de um país. Pois parte dessa 
renda gerada dentro do país pode ser enviada ao exterior. Isso acontece 
quando parte da renda pertence a empresas estrangeiras que estejam 
produzindo no país. Nesse caso, essas empresas podem enviar parte de 
seu lucro para o exterior. 
O produto nacional bruto (PNB), por sua vez, representa a 
produção cuja renda correspondente é de propriedade dos indivíduos 
residentes no país de forma definitiva. Ou seja: o PNB é a soma de tudo 
o que é produzido aqui e fica aqui.
Portanto, a diferença entre PIB e PNB é a renda líquida enviada 
ao exterior (RLEE ou a renda que é mandada para o exterior menos 
aquela procedente do exterior).
Um exemplo: um país sul-americano cuja indústria seja exclusivamente 
dedicada à siderurgia tem um PIB de R$ 1 milhão. No entanto, suponha 
que, ao longo do ano, esse país tenha importado R$ 200 mil em minério 
de ferro e exportado R$ 300 mil em aço. Quando calcularmos o Produto 
Nacional Bruto, chegaremos ao valor de R$ 900 mil. 
Veja:
PNB = 1 milhão – 300 mil + 200 mil = 900 mil
Ou ainda: 
PNB = PIB – RLEE
O PRODUTO INTERNO LÍQUIDO
Parte do valor dos bens e dos serviços gerados em um determinado 
período pode ser perdida, seja pelo desgaste, pela perda de utilidade 
por uso, ação da natureza ou ainda por obsolescência. Pois o produto 
interno líquido é precisamente o produto interno bruto decrescido 
dessa depreciação. Assim, nem toda produção acrescenta uma maior 
quantidade de bens ou serviços à economia ou faz ela crescer. Com um 
aumento na produção, pode-se apenas estar repondo o que foi depreciado 
no período. 
Ou ainda: 
PIL = PIB – depreciações. 
44 C E D E R J
Análise Macroeconômica | Medindo as atividades econômicas
EXISTE PIB NEGATIVO?
Você já viu que o PIB é o somatório de todas as riquezas produzidas 
por um país em um determinado período. Compreendeu também que 
há uma sigla destinada a medir apenas o que é produzido e fica no país 
(PNB) e outra que considera ainda o que é perdido ou se torna obsoleto 
(PIL). Quando a taxa de crescimento do PIB é negativa – o PIB real de 
um ano é menor do que o do ano anterior, diz-se que houve recessão. 
Isto equivale a dizer que a atividade econômica diminuiu entre um ano 
e outro. Agora veja: se isso ocorreu, devem ter ocorrido também menor 
produção, mais baixo nível de empregos, falências de empresas etc.
Este quadro de baixa atividade econômica recebe também o nome 
de depressão. Não há uma determinada taxa de crescimento negativa 
que caracterize o processo de depressão. Para efeito de curiosidade, uma 
“piada econômica” define a expressão assim: “Recessão ocorrequando 
pessoas estão sendo desempregadas. Depressão é quando eu também 
perco o meu emprego”. 
O QUE O PIB NÃO MEDE?
Como já foi mencionado, o PIB mede o valor da produção de 
bens e serviços finais de uma economia. Todavia, há toda uma parcela 
da produção nacional que não é incluída no cálculo do produto interno 
bruto: é o que se convencionou chamar de economia informal. Drogas, 
jogos de azar e contrabando são atividades desconsideradas pelo PIB, 
como seria coerente supor, mas a produção informal não se refere 
Figura 2.2: Em 1929, com a quebra da 
Bolsa de Nova York, os Estados Unidos 
mergulharam no que ficou conhecido 
como “A Grande Depressão”, cujos 
efeitos foram sentidos ao redor de 
todo o mundo. O Brasil soube minimi-
zar os males da crise através de políti-
cas estatais que visavam a defender os 
preços do café no mercado interna-
cional. O governo brasileiro chegou a 
comprar e a queimar grandes volumes 
de grãos, a fim de reduzir a oferta 
do produto no mercado. Saiba mais 
no site www.culturabrasil.pro.br/
estadonovo.htm.
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2somente à ilegalidade. Pensemos, por exemplo, nas donas de casa ou nos 
vendedores ambulantes, que mantêm seus negócios à parte dos impostos 
e das contribuções. Esses não são contados quando se calcula o PIB. 
Hoje, estimativas apontam para uma equação assustadora: cerca 
de 50% da economia brasileira podem estar ligados à informalidade. 
Repare que as dimensões de uma economia informal podem significar 
a divisão de um país em dois: um real e um oficial. O crescimento da 
informalidade pode representar um verdadeiro problema administrativo 
no âmbito governamental, já que apenas uma parcela da população 
contribui com impostos, por exemplo, mas é a totalidade das pessoas 
que precisa ser beneficiada pelas políticas públicas. 
O PIB DESMEMBRADO
O PIB também pode ser desmembrado por setores de atividade. 
Na Tabela 2.1, você encontra o crescimento do PIB brasileiro por setores, 
em 2003 e 2004. 
Os dados mostram, por exemplo, que o PIB agropecuário – o 
valor da produção total de bens e serviços finais do setor agropecuário 
– cresceu 4,5% em 2003 e 5,3% em 2004. 
A tabela revela ainda que o PIB brasileiro cresceu 0,5% e 5,2% 
em 2003 e 2004, respectivamente.
A senhora do lar
Explique a razão da frase: “Se um patrão demitir sua empregada doméstica, 
que tinha carteira assinada, e casar-se com ela, reduz-se o valor do PIB”.
________________________________________________________
_________________________________________________________
_______________________________________________________
Resposta Comentada
O serviço de empregada doméstica é uma atividade profissional com valor de mercado. 
Logo, entra no cálculo do PIB. Demitida, passada à informalidade e casada com o patrão, a 
empregada passa a ser dona de casa e deixa de ser assalariada. Assim, o PIB cai de valor 
pelo cancelamento da despesa que o ex-patrão deixa de ter com a nova esposa. 
Atividade 3
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Análise Macroeconômica | Medindo as atividades econômicas
Tabela 2.1: Crescimento do PIB brasileiro total e por setores nos anos de 2003 
e 2004 (%)
O VALOR DA RENDA É IGUAL AO VALOR DO PRODUTO
Além do valor dos bens e dos serviços produzidos na economia, 
o PIB também mede a renda total gerada no processo da produção. Na 
verdade, o valor da renda é exatamente igual ao valor do produto. 
Como assim? 
Observe que tudo o que se gasta para produzir um bem encontra 
sempre contrapartida em alguém que está recebendo exatamente tal valor. 
Vamos a um exemplo: suponha que um refrigerante custe 
R$ 1,00. Nesse preço, estão embutidos o custo e o lucro. Se o custo de 
sua produção for de 80 centavos, o restante (20 centavos) será a renda 
do empresário. Os 80 centavos de custos são divididos em pagamento de 
funcionários (renda) e pagamento das matérias-primas. Essas matérias-
primas têm o mesmo aspecto do refrigerante, isto é, seu preço é composto 
de custo e lucro, que representarão futuras rendas, e assim por diante. Já 
os 20 centavos de lucro do comerciante serão pagos por você. 
Vamos explicar o mesmo fenômeno (valor da renda igual ao 
valor do produto) de uma maneira “macro”: em um sistema econômico 
simplificado, os consumidores compram bens e serviços nos mercados. 
O valor das vendas, que é recebido pelas empresas, é destinado ao 
pagamento dos seus funcionários, à remuneração dos indivíduos que 
alugaram o espaço físico das empresas e aos lucros dos empresários. 
Essas somas são transferidas para os chamados MERCADOS DOS FATORES 
D E P RO D U Ç Ã O – as imobiliárias, as agências de emprego etc. 
Setores 2003 2004
agropecuária 4,5 5,3
indústria 0,2 6,2
serviços 0,6 3,7
comércio -1,9 7,9
transporte 1,4 4,9
demais 1,0 2,9
PIB Total 0,5 5,2
O ME RC A D O 
D E FA T O RE S D E 
PRO D U Ç Ã O
Representa os locais 
onde se negociam a 
oferta e a procura 
por fatores de 
produção. São as 
agências de emprego, 
as imobiliárias, que 
vendem ou alugam 
imóveis comerciais etc.
Fonte: IPEA
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2Por outro caminho: o total da renda gerada nesse sistema 
econômico é reutilizado pelas famílias, por meio da compra de bens e 
serviços no mercado de produtos – os supermercados, as lojas etc. Estes, 
por sua vez, irão fluir novamente para o mercado de fatores de produção. 
Como num fluxo circular.
O PIB pode ser medido de duas formas: somando as rendas pagas 
pelas empresas dentro do mercado de fatores (de produção), ou pelo total 
dos gastos dos consumidores no mercado de bens e serviços.
Ainda que na prática haja mais complexidade (há impostos, as 
famílias não gastam tudo o que ganham, nem tudo o que é produzido é 
vendido etc.), cada transação tem uma espécie de comprador e vendedor, de 
forma que o valor do bem ou do serviço coincida com o valor da renda.
A seguir, vê-se um diagrama do fluxo circular da renda e dos 
bens e serviços de um sistema econômico. As setas externas ilustram o 
fluxo circular da renda. As setas internas representam o fluxo de bens 
e serviços.
Mercado de 
Produtos
Famílias 
(consumidores)
Despesa = 
PIB Empresas 
(Unidades 
Produtivas)
Salário, 
lucro e 
aluguel
Mercado de 
fatores de 
produção
Bens e 
Serviços
Bens e 
Serviços
Insumos
Trabalho
Capital
TerraRenda
 = PIB
Receita
 = PIB
Fluxo Circular da Renda e do Produto
Despesa
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Análise Macroeconômica | Medindo as atividades econômicas
Entre 2003 e 2004, o 
Brasil passou de 15º colocado 
no ranking mundial do PIB para 12º, 
ultrapassando a Índia, a Coréia do Sul e 
a Holanda. No entanto, em 1998, o Brasil 
estava em 8º lugar. Ou seja: mais próximo 
dos países de maior atividade 
econômica no mundo. !!
AS MAIORES ECONOMIAS DO PLANETA
Através do PIB, podemos relacionar os países de maior produção 
no mundo. Ou seja, as maiores economias do mundo. A Tabela 2.2, 
embora incompleta, dá o ranking para o ano de 2004.
Tabela 2.2: Os países de maior atividade econômica em 2004 
País Produto Interno 
Bruto (US$ 
trilhões)
1 Estados Unidos 11,757
2 Japão 4,780
3 Alemanha *
4 Reino Unido *
5 França *
6 Itália *
7 China 1,543
8 Espanha *
9 Canadá *
10 México *
11 Austrália *
12 Brasil 0,605
Fontes: IBGE; FMI; GRC Visão Consultoria
* Dados não disponibilizados.
Valores em US$
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2A RENDA PER CAPITA
A renda per capita é a quantia em reais que cada habitante 
receberia caso o PIB fosse dividido igualmente entre toda a população. 
Note que a renda per capita é uma média, uma estimativa, uma vez que 
desconsidera o fator distribuição de renda. 
Abaixo,

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