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MURILO MENEZES DE FARIAS – Nº MATRÍCULA: 26096781 Disciplina: TEORIA DA PENA Professor: IVANILDO FERREIRA ALVES RESUMO DO LIVRO “O CRIME PRECIPTADO PELA VÍTIMA” Belém Abril/2020 Resumo: O crime precipitado pela vítima. Inicialmente, cumpre ressaltar que leitura do presente texto é pautada em todos os aspectos das ciências criminais, bem como o estudo e investigações relacionadas aos delinquentes e as vítimas no que tange as infrações delituosas, isto é, colocando esses tipos específicos de vítimas sob a análise da causa à estrutura do delito, ocasionando colaboração a conduta criminosa. Devido às diversas modificações no âmbito da política criminal e da reforma penal, a chamada deviance recebeu foco principal por expressar o relacionamento direto entre a vítima e o delinquente, facilitando a individualização das partes e consequentemente a identificação da responsabilidade ou não do autor do delito bem como a representação da vítima na produção do crime, ou seja, fornecendo a igualdade na aplicação da culpabilidade. Diante disso, foi possível analisar casos semelhantes em algumas cidades dos Estados Unidos, entretanto um fato isolado chamou bastante atenção na cidade de Philadelphia, que ao total foram contabilizados 588 casos de Homicídios, onde somente 150 homicidas se enquadravam nos casos de homicídio precipitado pela vítima, ou seja, casos em que a vítima era a causadora do primeiro ato da violência física. Destarte as diversas fases que atravessam o delito, desde a premeditação até a consumação do mesmo, nos casos de crime passional, podem ser observadas uma grande demanda de culpabilidade ocasionada pela vítima, uma vez que a mesma se coloca na posição de vitimação, coordenando e deliberando o objeto da paixão e impedindo seu autocontrole. Assim, o posicionamento do psicanalista alemão Karl Menninger, desenvolveu em sua obra o estudo da personalidade daquele sujeito que busca pelo suicídio. Dessa forma, podemos dizer que a motivação que leva ao cometimento do ato delituoso pode acontecer de forma licita entre o sujeito ativo e o passivo, de maneira suscetível derivadas de situações anormais até aquelas geradas por doenças mentais. Outra espécie de suicídio abordado na respectiva leitura é aquela ocasionada por acidentes de trânsito, uma vez observados os fatores psicológicos e sentimentais do indivíduo que praticou o ato danoso para si, podendo se estender a lesão a terceiros que não tem nada a ver com aquele determinado problema. Quando se trata de lesões corporais em conjunto com a atitude precipitada da vítima, podemos dizer que apresentam características similares do homicídio, suicídio e da eutanásia, onde a distinção é feita conforme a consequência apresentada pela menor gravidade. Já na temática das violações sexuais, tema este que tem recebido bastante atenção dos Tribunais, em matéria de prova para identificar as vítimas que de fato são inocentes, fazendo a distinção daquelas que precipitaram a oportunidade de sua vitimação. Estudos de casos feitos na cidade de Philadelphia apresentaram 646 casos de violações sexuais, onde 53% desses casos restaram comprovados que os agentes do ato danoso, nada mais nada menos, possuíam relações de convivência com a vítima e somente 19% desses casos eram considerados “precipitados”. Levando em consideração a individualização das condutas, deixando a mercê o estudo da reação da vítima no sentido de constatar se a mesma em algum momento faz simulação, ou seja, torna-se necessário analisar se houve uma manifestação clara de repúdio por parte da vítima. Outra modalidade recorrente à precipitação da vítima diz respeito à forma de estelionato, onde a interação da vítima e do delinquente pode se sobressair, aparentemente porque a vítima aparece na figura de inocência, mas na medida em que os fatos são apresentados, oferecem uma estatística de culpabilidade onde o sujeito passivo permite se envolver nesses atos fraudulentos, demonstrando em sua plenitude de estar no momento certo, ser abordado dentro de seu “espaço”. Destarte o comportamento do delinquente é de ter aquele primeiro contato, se infiltrando na vida da vítima, demonstrando sensibilidade e preocupações com os seus problemas, envolvendo a vítima num cenário e em uma relação baseada na confiança, permitindo a liberdade do delinquente de utilizar desse artifício contra si próprio, e somente na consumação do crime é que a vítima percebe que contribuiu para o ato delituoso. Vale ressaltar nesse cenário, encontra-se também o crime de colarinho branco, um crime cometido por pessoas de alto poder econômico, status elevado e no exercício de sua profissão. Ocorre que nesses casos, surge uma impossibilidade de identificar a precipitação da vítima, uma vez não haver o contato direto entre o sujeito ativo e o passivo. Entretanto é de suma importância a tratativa e o estudo do comportamento nesses casos, em virtude das condutas da vítima e do delinquente serem semelhantes. Quando se trata de extorsão e chantagem, a figura do delinquente aparece como aquele que recebe uma vantagem econômica indevida, ou a custa de algum constrangimento, imputando a vítima uma ameaça cujos fatos podem vir e lhe prejudicar, seja na honra, seja na reputação. Na atualidade é possível observar que tal prática é comum em virtude da ausência de cuidados e prevenções no que tange a exposição pessoal sustentada em marketing, isto é, uma realidade totalmente oposta daquela de fato vivenciada. É exatamente nesse momento que a figura do delinquente aparece, forçando as vítimas a pagarem um preço não somente financeiro, mas como psicológico. Por fim, dentre as demais variáveis apresentadas nessa leitura surge o questionamento sobre processar ou não o delinquente, cenário este em que a vítima visualiza possíveis e eventuais ganhos. Dessa forma, foi possível constatar que as vítimas acabam por não procurar as instâncias informais, em virtude da análise de alguns pontos: o primeiro é que em algum momento ela reconhece que não possui cem por cento de inocência, fazendo a correlação da sua responsabilidade com a função da sua concorrência para o crime. No segundo momento é observada a repercussão do fato pela imprensa, que é o oposto pregado pela vítima. Em terceiro momento aparece a morosidade do Poder Judiciário em sanar seus litígios. Quarto, o Estado não aparece como ente responsável pela proteção e garantia dos direitos fundamentais e da proteção da dignidade da pessoa humana, uma vez que não oferece o suporte necessário para as vítimas desse tipo de delito. Destarte, foi constatado que o fato que afastar a vítima de procurar proteção jurídica, são pautadas em zonas de vitimação, como meio de coagir, ou até mesmo pelo uso da “força” dobrar a vítima em face de uma pseudotutela ou proteção garantida pelo delinquente.
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