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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO DEPARTAMENTO DE CIENCIAS DOMÉSTICAS DISCIPLINA: Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável Prof.ª :Juliana Chagas Discentes: Anderson Andrade; Otoniel Galdino Segurança Alimentar e Nutricional: Fome e Desnutrição RECIFE –PE/ 2019 Introdução O contexto alimentar e nutricional no Brasil, vem sendo discutido através de diferentes nuances que, de maneira complexa e diferenciada, demonstram seu determinismo histórico-estrutural perante o modelo de desenvolvimento econômico e social. Sob um ponto de vista histórico e social o problema relacionado a fome entra na agenda política brasileira a partir de Josué de Castro um dos maiores intelectuais brasileiros no tema da alimentação e nutrição. Josué de Castro afirmava que a fome e a má alimentação e nutrição não são fenômenos naturais, mas sociais e, portanto, somente por meio de ações sociais e coletivas como a implantação progressiva de políticas públicas de segurança alimentar e nutricional poder-se-ia transformar em realidade o direito humano universal à alimentação. (PINHEIRO E CARVALHO, 2010). Fome e desnutrição apesar de estarem estreitamente relacionados não podem ser considerados sinônimos ou conceitos equivalentes, uma vez que toda a fome leva obrigatoriamente ao quadro clínico de desnutrição, porém nem toda desnutrição é resultante da deficiência energética das dietas, sobretudo tudo a infantil. Segundo Jimenez (2010) a deficiência específica de macro e micronutrientes, o desmame precoce, a higiene alimentar precária e a ocorrência excessiva de infecções são causas bastante comuns da desnutrição infantil. No entanto não se pode ignorar o fato de que as áreas da saúde como nutrição em conjunto com as ciências sociais tem a contribuir no cenário de insegurança alimentar e nutricional que carece de políticas públicas que transforme o meio social, reduzindo parâmetros de fome e de desnutrição, garantindo o DHAA (Direito Humano a Alimentação Adequada) desde o nascimento da criança. Sendo assim, o presente trabalho tenciona fazer uma revisão bibliográfica sobre a fome e desnutrição abordando sua relação e seus principais impactos causados na população e no público infantil. 1 – Fome: Um Problema Social e Político A fome é um problema ocasionada pela desigualdade social, que desencadeia o surgimento de outros fatores, como a falta da dignidade humana ao acesso a alimentação adequada de qualidade, levando a maioria das pessoas a venderem sua força de trabalho ao custo baixo, para tentar alimentar-se. No Brasil os governantes têm criado vários programas sociais para tentar reduzir o número de famintos no país. Segundo Pinheiro e Carvalho (2010) as políticas nacionais de alimentação e nutrição do Brasil têm início com a criação dos Serviços de Alimentação e Previdência Social (SAPS), no início da década de quarenta, cujo objetivo era prestar assistência alimentar e nutricional a um grupo populacional específico: os trabalhadores. Nesse contexto, o Estado assume o papel de mediador das relações entre as empresas (iniciativa privada) e os trabalhadores, para otimizar o acesso à alimentação. As principais atividades implantadas pelos SAPS foram os restaurantes populares, os postos de comercialização de gêneros de primeira necessidade (subsistência) a preços de custo e as campanhas de educação nutricional nos locais de trabalho para divulgar as vantagens de uma boa alimentação. Para tentar diminuir o problema da fome os representantes políticos criaram alguns programas socias como o bolsa escola criado em 1994 pelo prefeito de Campinas José Roberto Magalhães Teixeira, com o objetivo de pagar uma bolsa às famílias de jovens e crianças de baixa renda para frequentarem a escola regularmente; o Programa Fome Zero foi criado pelo Governo Federal em 2003 com o objetivo de combater a fome e as suas causas; em 2004 foi criado o Programa Bolsa Família incorporado no Programa Bolsa Escola este criado sob o Decreto Nº 5.209 de setembro de 2004 é a transferência direta da renda do governo para as famílias pobres, ou seja, uma ajuda financeira às famílias pobres com renda per capita de até R$ 140,00. Em junho de 2011 a Presidente Dilma Rousseff anunciou a expansão do programa Brasil sem Miséria, este com o objetivo de inserir os cidadãos no mercado de trabalho para aumentar a produtividade nas áreas rurais e incluindo-os em atividades econômicas os que vivem na pobreza. De qualquer forma a fome só existe, em decorrência do sistema capitalista e da concentração de renda para uma classe hegemônica. 2- A Dimensão da Fome e da Pobreza A fome e a pobreza são fatores que sempre estão interligados, no entanto o conceito de pobreza corresponde as necessidades humanas elementares como comida, abrigo, vestuário, educação, assistência à saúde, entre várias outras. Segundo Monteiro (2003) A fome é certamente o problema cuja definição se mostra mais controversa. Haveria inicialmente que se distinguir a fome aguda, momentânea, da fome crônica. A fome aguda equivale à urgência de se alimentar, a um grande apetite. A fome crônica, permanente, ocorre quando a alimentação diária, habitual, não propicia ao indivíduo energia suficiente para a manutenção do seu organismo e para o desempenho de suas atividades cotidianas. Nesse sentido, a fome crônica resulta em uma das modalidades de desnutrição: a deficiência energética crônica. 3 – O Reflexo da Desnutrição Infantil A desnutrição continua sendo uma das causas mais comuns de morbimortalidade entre crianças de todo o mundo. Cerca de 9% das crianças menores de cinco anos de idade estão em risco de morte ou de grave comprometimento do seu crescimento e desenvolvimento psicológico (RENNER et al., 2013). O reflexo da desnutrição infantil durante a fase de desenvolvimento ocorre principalmente em famílias de baixo poder aquisitivo, a falta de proteína de alto valor biológico pode acarretar a desnutrição energética proteica, o que pode desencadear doenças como marasmo e kwashiorkor que pode ser classificada como aguda e crônica dependendo da duração nutricional. A avaliação clínica destas crianças com desnutrição inclui a distinção entre marasmo e kwashiorkor, analisando a gravidade da desnutrição e identificando as complicações agudas potencialmente fatais, inclusive sepse e desidratação aguda. De acordo com Renner, et al. (2013) a desnutrição prolongada na infância pode levar a diferentes síndromes clínicas de desnutrição grave: edematosa (kwashiorkor e kwashiorkor marasmática) e não-edematosa (marasmo). O marasmo é caracterizado pelo enfraquecimento da massa muscular e da depleção dos estoques de gordura do corpo. É a forma mais comum de desnutrição proteico energética e é causada pela ingestão inadequada de nutrientes e de calorias totais. Classicamente, as crianças com marasmo podem apresentar constipação severa e fome voraz, uma vez que a realimentação está em andamento. Crianças com kwashiorkor apresentam atrofia muscular imporante, com gordura corporal normal ou aumentada. O kwashiorkor puro é caracterizado pela ingestão inadequada de proteínas, na presença de consumo calórico adequado. A presença de anorexia é quase global, e geralmente se observa edema, dermatoses, preservado crescimento linear, e infecções secundárias. Percebe-se que a desnutrição severa representa um grave problema de saúde pública, já que apenas o tratamento paliativo não melhora a qualidade de vida e gera gastos; portanto, a melhor atitude diante à desnutrição é a sua prevenção. Conclusão Diante dos fatos discutidos percebe-se que a fome e a desnutrição é um problema social e político que representa um problema de saúde pública emergencial a ser resolvido, com políticas públicas que contemplem todas asfamílias em situação de pobreza, pois medidas paliativas não são eficazes e nem melhora o quadro nutricional, sendo assim faz-se necessário a suplementação e o fornecimento de alimentos de boa qualidade de forma constante para que de fato ocorra uma mundaça na qualidade de vida dessas pessoas. Referências BORGES, P.F. Fome um problema grave. 2012 Disponível em: <http://gestaouniversitaria.com.br/artigos/fome-no-brasil-um- problema-grave> Acessado em: 15/11/2019 JIMINIIZ, T, A, M. A dimensão da pobreza, da fome e da desnutrição nas regiões brasileiras a luz da segurança alimentar: Uma abordagem nos restaurantes populares de MANAUS – AM. 2010. 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