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COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 1 COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 2 Sumário INTRODUÇÃO ....................................................................................... 3 1. Regras constitucionais a respeito da violação do sigilo de informações. ........................................................................................ 4 2. Conceito de interceptação telefônica. ............................................... 9 2.1 Abrangência. ................................................................................ 14 3. Ordem judicial: ............................................................................... 16 3.1.1. Teoria do juízo aparente .......................................................... 19 3.2. Juiz de ofício. .............................................................................. 22 3.3 Ministério Público e Autoridade Policial........................................ 22 3.4 Querelante e vítima. ..................................................................... 23 3.5 Réu/investigado........................................................................... 24 4.1 Indícios razoáveis de autoria ou participação. ............................. 25 4.2. Indisponibilidade de outro meio de prova. .................................. 25 4.3.1 Serendipidade. .......................................................................... 29 5. Segredo de Justiça. ........................................................................ 33 6. Duração da interceptação telefônica .............................................. 38 7. Crimes relacionados à lei de interceptação telefônica. ................... 41 Bateria de questões: .......................................................................... 42 COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 3 COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS - 2016 LEI DE INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA - LEI N. 9.296/96. INTRODUÇÃO A “Coleção Leis Resumidas” é um compêndio das principais leis brasileiras. Ela é especialmente destinada ao estudante que deseja relembrar e rever todo o conteúdo estudado nas obras doutrinárias e cursos preparatórios para as principais carreiras jurídicas. O objetivo da “Coleção Leis Resumidas” é permitir que o pretendente aos cargos públicos consiga rememorar todos os conteúdos do edital, de forma ágil e dinâmica. Apresentamos os pontos importantes de cada lei, as jurisprudências relacionadas, as atualizações e principalmente questões objetivas e discursivas sobre o assunto. Esse resumo contém: a) DOUTRINA: Abordagem sobre todos os conceitos básicos da legislação, e enfrentamento dogmáticos dos temas centrais. b) JURISPRUDÊNCIA: Em cada item da matéria será apresentada a jurisprudência acerca do tema. A leitura é importantíssima, uma vez que muitas das questões objetivas e dissertativas são extraídas de julgados. c) QUESTÕES COMENTADAS: São apresentadas questões objetivas e dissertativas comentadas ao longo da obra. Data: 25/06/2016 COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 4 1. Regras constitucionais a respeito da violação do sigilo de informações. Em primeiro lugar é necessário conhecer os dispositivos legais que fundamentam e permitem a restrição do direito ao sigilo das comunicações. Na Carta Magna existe previsão no art. 5º, XII: XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. O dispositivo trata do acesso às informações: de correspondência; das comunicações telegráficas; de dados e; das comunicações telefônicas. A primeira parte do dispositivo traz a expressão “é inviolável”, isto não quer dizer que a correspondência e a comunicação telegráfica e de dados tenham cláusula de reserva absoluta. a) Quanto ao sigilo de correspondência e comunicações telegráficas, essa é a comunicação realizada por meio de telegrama a qual atualmente encontra-se em desuso face os meios de comunicação mais eficientes que existem. O STF já decidiu que esta cláusula de reserva jurisdicional não é absoluta: A administração penitenciária, com fundamento em razões de segurança pública, de disciplina prisional ou de preservação da ordem jurídica, pode, sempre excepcionalmente, e desde que respeitada a norma inscrita no art. 41, parágrafo único, da Lei 7.210/1984, proceder à interceptação da correspondência remetida pelos sentenciados, eis que a cláusula tutelar da inviolabilidade do sigilo epistolar não pode constituir instrumento de salvaguarda de práticas ilícitas.” (HC 70.814, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 1º-3-1994, Primeira Turma, DJ de 24-6- 1994.) COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 5 O STJ admite a restrição a este direito quando a prova for necessária para a investigação criminal: Não viola o sigilo de correspondência da Paciente simples menção, no julgamento plenário, à apreensão de cartas que provam o relacionamento extraconjugal entre a Paciente e o corréu, acusados do homicídio da vítima. A prova foi obtida com autorização judicial, fundada no interesse das investigações, justamente para apurar a motivação do crime. STJ- HC 203.371 / RJ Relator(a) Ministra LAURITA VAZ Órgão Julgador. Data do Julgamento 03/05/2012. A Corte cidadã entendeu que a encomenda de produtos ilícitos não pode ser confundida com a correspondência: 1. Correspondência, para os fins tutelados pela Constituição da República (art. 5º, VII) é toda comunicação de pessoa a pessoa, por meio de carta, através da via postal ou telegráfica. (Lei nº 6.538/78). 2. A apreensão pelo Juiz competente, na agência dos Correios, de encomenda, na verdade tigre de pelúcia com cocaína, não atenta contra a Constituição da República, art. 5º, VII. Para os fins dos valores tutelados, encomenda não é correspondência. STJ- RHC 10537 / RJ Relator(a) Ministro EDSON VIDIGAL. j . 13/03/2001. b) Quanto ao sigilo de dados, os quais podem ter diversas naturezas como bancários, fiscais e informações gerais, em regra precisam de autorização judicial para que se possa obtê-los, como o STF já decidiu: Embora a regra seja a privacidade, mostra-se possível o acesso a dados sigilosos, para o efeito de inquérito ou persecução criminais e por ordem judicial, ante indícios de prática criminosa.” ( HC 89.083, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 19-8-2008, Primeira Turma, DJE de 6-2-2009.) Atualmente pode haver quebra de sigilo bancário e fiscal realizados diretamente pelos órgãos da Receita Federal e CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito). COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 6 O Art. 6º da LC 105/01, possui redação legal permitindo as autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras. Porém, esse acesso só pode ocorrer quando: Houver processo administrativo instaurado ou procedimentofiscal em curso; Os exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. O parágrafo único deste dispositivo afirma que o resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere esse artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária. De forma oportuna cita-se o entendimento da Corte Superior sobre o tema: Em regra as instituições financeiras (art. 1º, §§ 1º e 2º da LC 105/01) devem manter sigilo sobre as informações financeiras que possuem que tratam do direito à intimidade, à luz dos artigos 5º, X, XII, LIV, LV; da Constituição Federal, no entanto, este direito não pode ser considerado absoluto, incidindo normas específicas que permitem o acesso aos dados, para resguardar a segurança pública e evitar o cometimento deliberado de crimes, estas restrições encontram-se estabelecidas na Lei Complementar nº 105/2001, a qual teve seus dispositivos questionados através das ADIs 2390, 2386 e 2397, 2859 e Recurso Extraordinário 601314. O Supremo por 9 votos favoráveis contra 02 contrários no dia 24 de fevereiro de 2016, considerou constitucional normas da lei em apreço, permitindo acesso direto do Fisco, desde que observada algumas regras devidamente estabelecidas. (Informativo- STF- 815, Plenário). Trata-se, desse modo, de uma transferência de dados sigilosos de um determinado portador, que tem o dever de sigilo, para outro, que mantém a obrigação de sigilo. Note-se que, ao se dizer que há mera transferência de informações, não se está por desconsiderar a possibilidade de utilização dos dados pelo Fisco. Está-se, contudo, a dizer que essa utilização não desnatura o caráter COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 7 sigiloso da movimentação bancária do contribuinte, e, dessa forma, não tem o condão de implicar violação de sua privacidade. Para essa conclusão, vale recordar o real intuito da proteção constitucional à privacidade, prevista no art. 5º, X, da CF/88. Entende-se que: I - A quebra do sigilo bancário não afronta o artigo 5, X e XII da Constituição Federal (Precedente: PET.577). II - O princípio do contraditório não prevalece na fase inquisitória (RE 136.239). Agravo regimental não provido” (Inq 897-AgR, Relator o Ministro Francisco Rezek, Tribunal Pleno, DJ de 24/3/95). O STF se manifestou favoravelmente a permissão de utilização de informações extraídas do fisco diretamente em inquéritos policiais: CONSTITUCIONALIDADE DA EXPRESSÃO “DO INQUÉRITO OU” CONTIDA NO ART. 1º, § 4º, DA LEI COMPLEMENTAR Nº 105/2001. Quanto à alegação de inconstitucionalidade da expressão “do inquérito ou”, contida no § 4º do art. 1º da Lei Complementar nº 105/2001, esclareço que a norma não cuida da transferência de informações bancárias ao Fisco, questão que está no cerne das ações diretas. Trata-se, conforme bem definiu a Advocacia-Geral da União e a Presidência da República, de norma referente à investigação criminal levada a efeito no inquérito policial, em cujo âmbito há muito se admite a quebra de sigilo bancário, quando presentes indícios de prática criminosa. 1. Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a autorização do afastamento dos sigilos fiscal e bancário deverá indicar, mediante fundamentos idôneos, a pertinência temática, a necessidade da medida, ‘que o resultado não possa advir de nenhum outro meio ou fonte lícita de prova’ e ‘existência de limitação temporal do objeto da medida, enquanto predeterminação formal do período’ (MS 25812 MC, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, publicado em DJ 23-2-2006). 2. No caso, o pedido de afastamento dos sigilos fiscal e bancário encontra-se embasado, em síntese, em declarações feitas no âmbito de colaboração premiada, em depoimento prestado por pessoa supostamente envolvida nos fatos COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 8 investigados e em relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF). (AC 3.872/DF-AgR, Relator o Ministro Teori Zavascki, Tribunal Pleno, DJe de 13/11/15). Trata-se, de uma transferência de dados sigilosos de um determinado portador, que tem o dever de sigilo, para outro, que mantém a obrigação de sigilo. Quanto à possibilidade da CPI obter diretamente dados sem autorização judicial (quebra do sigilo telefônico) o STF decidiu nesse caso não há clausula de reserva de jurisdição: 1. As investigações parlamentares podem figurar como ato preparatório ou auxiliar do processo legislativo e das demais ações do Congresso Nacional, na medida em que o direito ao conhecimento constitui pressuposto à realização de suas atividades deliberativas. 2. A Comissão Parlamentar de Inquérito detém atribuição para investigação de atos praticados em âmbito privado, desde que revestidos de potencial interesse público e cujo enfrentamento insira-se, ao menos em tese, dentre as competências do Congresso Nacional ou da respectiva Casa Legislativa que lhe dá origem. 3. A autonomia das Comissões Parlamentares de Inquérito não subtrai os direitos e garantias individuais assegurados na Constituição Federal. Poder instrutório ao qual são oponíveis idênticos limites formais e substanciais impostos ao Poder Judiciário. No caso concreto, a decisão de quebra de sigilo encontra-se razoavelmente fundamentada, com observância do figurino exigido pelo artigo 93, IX, da CF. (STF- MS 33751 / DF. Relator(a): Min. EDSON FACHIN. Julgamento: 15/12/2015) A jurisprudência firmada pela Corte, ao propósito do alcance da norma prevista no art. 58, § 3º, da Constituição Federal, já reconheceu a qualquer Comissão Parlamentar de Inquérito o poder de decretar quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico, desde que o faça em ato devidamente fundamentado, relativo a fatos que, servindo de indício de atividade ilícita ou irregular, COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 9 revelem a existência de causa provável, apta a legitimar a medida, que guarda manifestíssimo caráter excepcional (MS n. 23.452-RJ, Rel. Min. Celso de Mello; MS n. 23.466-DF, Rel. Min. Sepúlveda Pertence; MS n. 23.619-DF, Rel. Min. Octavio Gallotti; MS n. 23.639-DF, Rel. Min. Celso de Mello; etc.). Por fim, cabe ressaltar que a primeira parte do inciso XII do art. 5º não trata especificamente da interceptação telefônica, porém, a segunda parte traz as exceções em que a violação das comunicações telefônicas poderá ser utilizada. São elas: ordem judicial; forma que a lei estabelecer; fins de investigação criminal ou instrução processual penal. Estes direitos podem sofrer restrições durante situações excepcionais como no Estado de Defesa (CF, art. 136, § 1º, II e III) e Estado de Sítio (CF, art. 139, III) 2. Conceito de interceptação telefônica. Antes da Lei 9.296/96, as interceptações que foram deferidas pelo poder judiciário, com fundamento no art. 57, II, e, Código Brasileiro de Telecomunicações (Lei nº 4.197/42), foram consideradas inconstitucionais, vide trecho da decisão do STJ: A escuta telefônica realizada antes da Lei n.º 9.296/96, ainda que calcada em ordem judicial, não estava juridicamente amparada, acarretando prova obtida por meio ilícito. REsp 225450 / RJ. Relator(a) Ministro FELIX FISCHER Órgão Julgador Data do Julgamento 15/02/2000. Neste ponto utilizaremos a consagrada lição de Renato Brasileiro de Lima (2014, p. 136) para diferenciar a Interceptação Telefônica da Escuta Telefônica e Gravação telefônica ou clandestina. Interceptação telefônica Escuta telefônica. Gravação telefônica ou gravação clandestina: COLEÇÃOLEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 10 (sentido estrito). Consiste na captação da comunicação telefônica alheia por um terceiro, sem o conhecimento de nenhum dos comunicadores. É a captação da comunicação telefônica por terceiro, com o conhecimento de um dos comunicadores e desconhecimento do outro. É a gravação da comunicação telefônica por um dos comunicadores, ou seja, trata-se de uma autogravação (ou gravação da própria comunicação). São submetidas à aplicação da lei de interceptação telefônica: Interceptação telefônica (sentido estrito) e a Escuta telefônica. O STF separa as três modalidades, afirmando o que se estabeleceu nos quadros citados: Escuta gravada da comunicação telefônica com terceiro, que conteria evidência de quadrilha que integrariam: ilicitude, nas circunstâncias, com relação a ambos os interlocutores. A hipótese não configura a gravação da conversa telefônica própria por um dos interlocutores – cujo uso como prova o STF, em dadas circunstâncias, tem julgado lícito – mas, sim, escuta e gravação por terceiro de comunicação telefônica alheia, ainda que com a ciência ou mesmo a cooperação de um dos interlocutores: essa última, dada a intervenção de terceiro, se compreende no âmbito da garantia constitucional do sigilo das comunicações telefônicas e o seu registro só se admitirá como prova, se realizada mediante prévia e regular autorização judicial. A prova obtida mediante a escuta gravada por terceiro de conversa telefônica alheia é patentemente ilícita em relação ao interlocutor insciente da intromissão indevida, não importando o conteúdo do diálogo assim captado. A ilicitude da escuta e gravação não autorizadas de conversa alheia não aproveita, em princípio, ao interlocutor que, ciente, haja aquiescido na operação; aproveita- lhe, no entanto, se, ilegalmente preso na ocasião, o seu aparente assentimento na empreitada policial, ainda que existente, não seria válido. A extensão ao interlocutor ciente da exclusão processual do registro da escuta telefônica clandestina – ainda COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 11 quando livre o seu assentimento nela – em princípio, parece inevitável, se a participação de ambos os interlocutores no fato probando for incindível ou mesmo necessária à composição do tipo criminal cogitado, qual, na espécie, o de quadrilha.” (HC 80.949, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 30-10- 2001, Primeira Turma, DJ de 14-12-2001.) A gravação telefônica não se subordina aos imperativos da lei de 9.296/96 segundo o STF, podendo se admitida a sua licitude desde que: Não haja causa legal específica de sigilo; Nem reserva de conversação. 2. Gravação clandestina (Gravação de conversa telefônica por um interlocutor sem o conhecimento do outro). Licitude da prova. Por mais relevantes e graves que sejam os fatos apurados, provas obtidas sem a observância das garantias previstas na ordem constitucional ou em contrariedade ao disposto em normas de procedimento não podem ser admitidas no processo; uma vez juntadas, devem ser excluídas. O presente caso versa sobre a gravação de conversa telefônica por um interlocutor sem o conhecimento de outro, isto é, a denominada “gravação telefônica” ou “gravação clandestina”. Entendimento do STF no sentido da licitude da prova, desde que não haja causa legal específica de sigilo nem reserva de conversação. HC 91613 / MG Relator(a): Min. GILMAR MENDES. Julgamento: 15/05/2012. Não se pode confundir interceptação telefônica com quebra do sigilo telefônico, é necessário citar as o entendimento de Renato Brasileiro (2014, p. 141): Interceptação telefônica Quebra do sigilo telefônico Algo que está acontecendo. (PRESENTE) Relação com chamadas telefônicas pretéritas, já realizadas. (PASSADO) Conhecimento do conteúdo da conversa estabelecida entre duas Registros documentados e armazenados pelas companhias telefônicas, tais como data da COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 12 ou mais pessoas chamada telefônica, horário da ligação, número do telefone chamado, duração do uso ("lista- régua"), etc. Mais rica quanto ao conteúdo probatório Menos rica quanto ao conteúdo probatório Submetida a clausula de Reserva jurisdicional Não está submetido, pode ser realizado por CPI. No caso da Lei de Lavagem de Capitais1 pode ser obtido diretamente por autoridades. A Lei de Organização Criminosa permite o acesso direto pelo Ministério público e pela polícia a dados telefônicos de acordo com a literalidade dos artigos 15 e 17: Art. 15. O delegado de polícia e o Ministério Público terão acesso, independentemente de autorização judicial, apenas aos dados cadastrais do investigado que informem exclusivamente a qualificação pessoal, a filiação e o endereço mantidos pela Justiça Eleitoral, empresas telefônicas, instituições financeiras, provedores de internet e administradoras de cartão de crédito. Art. 17. As concessionárias de telefonia fixa ou móvel manterão, pelo prazo de 5 (cinco) anos, à disposição das autoridades mencionadas no art. 15, registros de identificação dos números dos terminais de origem e de destino das ligações telefônicas internacionais, interurbanas e locais. Existe previsão no mesmo sentido na Lei de Lavagem de Capitais: Art. 17-B, Lei 9613/98: A autoridade policial e o Ministério Público terão acesso, exclusivamente, aos dados cadastrais do investigado que informam qualificação pessoal, filiação e endereço, independentemente de autorização judicial, mantidos pela Justiça Eleitoral, pelas empresas telefônicas, pelas instituições financeiras, pelos provedores de internet e pelas administradoras de cartão de crédito. Pergunta: Determinado individuo é preso em flagrante pela polícia e a autoridade policial resolve verificar os registros telefônicos do seu aparelho móvel, se for encontrado algum elemento informativo que leve a prova esta será lícito? Para entender melhor apresenta-se o caso em espécie: Após a prisão em flagrante do corréu, os policiais, ao apreenderem dois aparelhos de celular, procederam à análise dos 1 COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 13 últimos registros telefônicos. Pois bem. O inquérito policial é procedimento administrativo, inquisitório e preparatório, cuja finalidade precípua é a colheita de informações quanto à autoria e à materialidade do delito, a fim de subsidiar a propositura de eventual ação penal. Daí, dispor o art. 6º do CPP que a autoridade policial tem o dever de proceder à coleta do material comprobatório da prática da infração penal, impondo-lhe determinar, se for o caso, que se proceda a exame de corpo de delito, apreender os objetos que tiverem relação com o fato delituoso, colher as provas que servirem para esclarecimento do fato e suas circunstâncias, ouvir o ofendido, ouvir o indiciado, dentre outras diligências. Em princípio, foi como agiu a autoridade policial que, ao prender em flagrante delito o corréu, tomou a cautela de colher todo material com potencial interesse para investigação. E ao proceder à pesquisa na agenda eletrônica dos aparelhos devidamente apreendidos — meio material indireto de prova —, a autoridade policial, cumprindo o seu mister, buscou, unicamente, colher elementos de informação hábeis a esclarecer a autoria e a materialidade do delito. Dessa análise, logrou encontrar ligações entre o executordo homicídio e o ora paciente. Consigno que os números — registros de ligação no aparelho — estavam acessíveis à autoridade policial, mediante simples exame do objeto apreendido, circunstância que, de fato, diferencia do acesso a informações registradas na empresa de telefonia. Saliento que o exame do objeto — aparelho celular — indicou apenas o número de um telefone. Esse dado, número de telefone, por si só, conecta-se com algum valor constitucionalmente protegido? Penso que não. É que o dado, como no caso, mera combinação numérica, de per si nada significa, apenas um número de telefone.(...) Os policiais, após a prisão em flagrante do corréu, terem realizado a análise dos últimos registros telefônicos dos dois aparelhos celulares apreendidos. Não se confundem comunicação telefônica e registros telefônicos, que recebem, inclusive, proteção jurídica distinta. Não se pode interpretar a cláusula do artigo 5º, XII, da CF, no sentido de proteção aos dados enquanto registro, depósito registral. A proteção constitucional é da comunicação de dados e não dos dados. HC 91867 / PA. Relator(a): Min. GILMAR MENDES Julgamento: 24/04/2012. COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 14 Em síntese: o registro de ligações telefônicas, não está acobertado pela clausula de reserva de jurisdição. Por outro lado, se os dados visarem o acesso ao conteúdo das conversas, do aparelho telefônico como as utilizadas no aplicativo do whatsapp, seria necessária autorização judicial, como pontualmente decidiu recentemente o STJ: Ilícita é a devassa de dados, bem como das conversas de whatsapp, obtidas diretamente pela polícia em celular apreendido no flagrante, sem prévia autorização judicial. (STJ. RHC 51.531/RO, 6ª Turma, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 19/04/2016) 2.1 Abrangência. Nos termos do art. 1º, paragrafo único da Lei 9.296/96: “O disposto nesta Lei aplica-se à interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática”. O STF confirmou a constitucionalidade do dispositivo ao julgar a ADI "Ação direta de inconstitucionalidade. Parágrafo único do art. 1º e art. 10 da Lei 9.296, de 24-7-1996. Alegação de ofensa aos incisos XII e LVI do art. 5º da CF, ao instituir a possibilidade de interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática. Relevantes os fundamentos da ação proposta. Inocorrência de periculum in mora a justificar a suspensão da vigência do dispositivo impugnado. Ação direta de inconstitucionalidade conhecida. Medida cautelar indeferida." (ADI 1.488-MC, Rel. Min. Néri da Silveira, julgamento em 7-11-1996, Plenário, DJ de 26-111999.) Faz-se necessário expandir o conceito da aplicação da lei de interceptação telefônica, para os novos meios tecnológicos e culturais de acordo com o entendimento de Renato Brasileiro de Lima (2014, p. 140). Pode ser incluído os serviços ligados a telecomunicação que estão definidos no art. 60, §1º da Lei 9.472/97: COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 15 Serviço de telecomunicações é o conjunto de atividades que possibilita a oferta de telecomunicação. § 1° Telecomunicação é a transmissão, emissão ou recepção, por fio, radioeletricidade, meios ópticos ou qualquer outro processo eletromagnético, de símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informações de qualquer natureza. O STJ admite a aplicação da lei nos casos de intercepção de fluxos de comunicação telemática e informática: O Superior Tribunal de Justiça tem decidido no sentido de "ser legal, ex vi do art. 1º, parágrafo único, da Lei nº 9.296/96, a interceptação do fluxo de comunicações em sistema de informática e telemática, se for realizada em feito criminal e mediante autorização judicial, não havendo qualquer afronta ao art. 5º, XII, da CF" (STJ, RHC 25.268/DF, Rel. Ministro VASCO DELLA GIUSTINA (Desembargador Convocado do TJ/RS), SEXTA TURMA, DJe de 11/04/2012). HC 160662 / RJ Relator(a) Ministra ASSUSETE MAGALHÃES. Data do Julgamento 18/02/2014. Em outras hipóteses como a utilização da sala de bate-papo da internet, o tribunal entende que não é necessária autorização judicial e consequentemente não está abrangido pela Lei 9.296/96, pois, e ambiente virtual acessível ao público: A conversa realizada em "sala de bate papo" da internet, não está amparada pelo sigilo das comunicações, pois o ambiente virtual é de acesso irrestrito e destinado a conversas informais. RHC 18116 / SP Relator(a) Ministro HÉLIO QUAGLIA BARBOSA Data do Julgamento 16/02/2006. COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 16 3. Ordem judicial: É necessária a submissão da diligência de interceptação telefônica e escuta telefônica a clausula de reserva jurisdicional, para que se tenha acesso lícito ao conteúdo das comunicações que são transmitidos em data presente. A Lei 9.296/96 reproduz esta regra no art. 1º, caput e posteriormente estabelece algumas regras no art. 3º quanto a possibilidade de decretação da medida: Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento: I - da autoridade policial, na investigação criminal; II - do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução processual penal. Em caso de descumprimento deste dispositivo poderá ocorrer crime previsto no art. 10º da Lei. 9.296/96 e a prova será considerada ilícita e consequentemente contaminará as demais provas que sejam provenientes dela. (QUESTÃO: OAB – FGV – 2014) O Delegado de Polícia, desconfiado de que Fabiano é o líder de uma quadrilha que realiza assaltos à mão armada na região, decide, com a sua equipe, realizar uma interceptação telefônica sem autorização judicial. Durante algumas semanas, escutaram diversas conversas, por meio das quais descobriram o local onde a res furtiva era armazenada para posterior revenda. Com essa informação, o Delegado de Polícia representou pela busca e apreensão a ser realizada na residência suspeita, sendo tal diligência autorizada pelo Juízo competente. Munidos do mandado de busca e apreensão, ingressam na residência encontrando diversos objetos fruto de roubo, como joias, celulares, documentos de identidade etc., tudo conforme indicou a interceptação telefônica. Assim, Fabiano foi conduzido à Delegacia, onde se registrou a ocorrência. Acerca do caso narrado, assinale a opção correta. a) A realização da busca e apreensão é admissível, tendo em vista que houve autorização prévia do juízo competente, existindo justa causa para ajuizamento da ação penal. COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 17 b) A realização da busca e apreensão é admissível, apesar da interceptação telefônica ter sido realizada sem autorização judicial, existindo justa causa para ajuizamento da ação penal. c) A realização da busca e apreensão não é admissível porque houve representação do Delegado de Polícia, não existindo justa causa para o ajuizamento da ação penal. d) A realização da busca e apreensão não é admissível, pois derivou de uma interceptação telefônica ilícita, aplicando- se a teoria dos frutos da árvore envenenada, não existindo justa causa para o ajuizamento da ação penal. Gabarito: d As provas ilícitas violam disposições de direito material ou princípios constitucionais penais, existe vedação legal quanto a sua utilização prevista no art. 5º, LVI da CF e art. 157 do CPP. Cabe ressaltar quede acordo com doutrina majoritária as provas ilegítimas violam normas de natureza processual, como é o caso apresentado na questão. Os produtos originados das provas ilícitas, denominadas provas ilícitas por derivação são proibidos, pois, advém de fonte originariamente ilegal, mesmo que posteriormente obtenham aparência de legalidade. Trata-se da aplicação da teoria norte-americana dos “frutos da árvore envenenada” (fruits of the poisonous tree). A sua tipificação encontra-se presente no art. 157, § 1º do CPP. A autoridade policial deveria ter representado pela interceptação telefônica nos termos do art. 5º XII, da CF e art. 1º da L. 9.296/96, ou seja, as informações produzidas através desta interceptação telefônica encontram-se contaminadas pela ilicitude do procedimento realizado pelo Delegado, portanto as alternativas “a e b” encontram-se equivocadas, mesmo que posteriormente o cumprimento de mandado de busca e apreensão possui determinação judicial, a ilicitude contaminou o procedimento na origem. O Delegado possui legitimidade para representar face a interceptação telefônica (art. 3º, I do CPP) e referente a busca e apreensão (art. 240 e ss do CPP), portanto, a alternativa “c” encontra-se errada. COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 18 (AGU - Advogado da União – 2015- CESPE). Ao receber uma denúncia anônima por telefone, a autoridade policial realizou diligências investigatórias prévias à instauração do inquérito policial com a finalidade de obter elementos que confirmassem a veracidade da informação. Confirmados os indícios da ocorrência de crime de extorsão, o inquérito foi instaurado, tendo o delegado requerido à companhia telefônica o envio de lista com o registro de ligações telefônicas efetuadas pelo suspeito para a vítima. Prosseguindo na investigação, o delegado, sem autorização judicial, determinou a instalação de grampo telefônico no telefone do suspeito, o que revelou, sem nenhuma dúvida, a materialidade e a autoria delitivas. O inquérito foi relatado, com o indiciamento do suspeito, e enviado ao MP. Nessa situação hipotética, considerando as normas relativas à investigação criminal, a interceptação telefônica efetuada poderá ser convalidada se o suspeito, posteriormente, confessar espontaneamente o crime cometido e não impugnar a prova. Gabarito: ERRADO. A prova não perdeu seu caráter ilícito, pois, a interceptação foi realizada de forma ilícita sem autorização judicial, pois, se chegou no suspeito através desta medida, neste caso não tem como convalidar a prova, tornando a confissão espontânea prova ilícita por derivação. (Delegado PCCE – 2015. VUNESP - ADAPTADA) Assinale alternativa que contempla todas as hipóteses de decretação de interceptação telefônica (art. 3º , Lei no 9.296/96). Pelo juiz, de ofício, ou a requerimento da autoridade policial, na investigação criminal; ou a requerimento do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução processual penal. Gabarito: CORRETA. COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 19 3.1.1. Teoria do juízo aparente Quanto a competência do juízo para autorizar a medida, deve ser utilizado como regra as normas relativas a competência previstas na Constituição Federal e no Código de Processo Penal, porém, nem sempre em um primeiro momento é possível prever qual será o juízo que fará o julgamento do processo. Aplica-se a teoria do juízo aparente a qual é corroborada pelo STJ: A sentença de pronúncia pode ser fundamentada em indícios de autoria surgidos, de forma fortuita, durante a investigação de outros crimes no decorrer de interceptação telefônica determinada por juiz diverso daquele competente para o julgamento da ação principal. STJ. 5ª Turma. REsp 1.355.432- SP, Rel. Min. Jorge Mussi, Rel. para acórdão Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 21/8/2014 (Info 546). A Corte Cidadã também já entendeu que não há nulidade da interceptação inicialmente admitida por juiz incompetente, que posteriormente leva a autoridade com prerrogativa de função, permitindo o posterior encaminhamento ao Tribunal Competente, pede-se vênia ao leitor para transcrição dos trechos do julgado do STJ com destaques nossos: Durante interceptação telefônica deferida em primeiro grau de jurisdição, a captação fortuita de diálogos mantidos por autoridade com prerrogativa de foro não impõe, por si só, a remessa imediata dos autos ao Tribunal competente para processar e julgar a referida autoridade, sem que antes se avalie a idoneidade e a suficiência dos dados colhidos para se firmar o convencimento acerca do possível envolvimento do detentor de prerrogativa de foro com a prática de crime. A simples captação de diálogos de quem detém foro especial com alguém que está sendo investigado por práticas ilícitas não pode conduzir, tão logo surjam conversas suspeitas, à conclusão de que a referida autoridade é participante da atividade criminosa investigada ou de outro delito qualquer, COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 20 sendo mister um mínimo de avaliação quanto à idoneidade e à suficiência de dados para desencadear o procedimento esperado da autoridade judiciária responsável pela investigação. Isso se justifica pela própria natureza da interceptação telefônica, que, ao monitorar diretamente a comunicação verbal entre pessoas, necessariamente acaba por envolver terceiros, em regra não investigados, no campo de sua abrangência. E, somente com a continuidade por determinado período das interceptações, afigura-se concreta a possibilidade de serem alcançados resultados mais concludentes sobre o conteúdo das conversas interceptadas. A remessa imediata de toda e qualquer investigação em que noticiada a possível prática delitiva de detentor de prerrogativa de foro ao órgão jurisdicional competente: a) Pode implicar prejuízo à investigação de fatos de particular e notório interesse público, b) Representar sobrecarga acentuada aos tribunais. Até mesmo quando há desrespeito aos prazos procedimentais em processos envolvendo réus presos, é consolidado o entendimento jurisprudencial no sentido de não ser reconhecido o constrangimento ilegal, ante critérios de razoabilidade, sobretudo quando se cuida de processos ou investigações com particular complexidade, envolvendo vários réus ou investigados. A lei não estabelece prazo peremptório para o envio dos elementos de prova obtidos por meio da interceptação telefônica. STJ- HC 307.152-GO, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. para acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 19/11/2015, DJe 15/12/2015. Em situação semelhante e de repercussão Nacional o STF decidiu no seguinte sentido, com destaques nossos: É certo que eventual encontro de indícios de envolvimento de autoridade detentora de foro especial durante atos instrutórios subsequentes, por si só, não resulta em violação de competência desta Suprema Corte, já que apurados sob o crivo de autoridade judiciária que até então, por decisão da Corte, não violava competência de foro superior. http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=HC307152 COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 21 Embora a interceptação telefônica tenha sido aparentemente voltada a pessoas que não ostentavam prerrogativa de foro por função, o conteúdo das conversas – cujo sigilo, ao que consta, foi levantado incontinenti, sem nenhuma das cautelasexigidas em lei – passou por análise que evidentemente não competia ao juízo reclamado: Enfatiza-se que, segundo reiterada jurisprudência desta Corte, cabe apenas ao Supremo Tribunal Federal, e não a qualquer outro juízo, decidir sobre a cisão de investigações envolvendo autoridade com prerrogativa de foro na Corte, promovendo, ele próprio, deliberação a respeito do cabimento e dos contornos do referido desmembramento. No caso em exame, não tendo havido prévia decisão desta Corte sobre a cisão ou não da investigação ou da ação relativamente aos fatos indicados, envolvendo autoridades com prerrogativa de foro no Supremo Tribunal Federal, fica delineada, nesse juízo de cognição sumária, quando menos, a concreta probabilidade de violação da competência prevista no art. 102, I, b, da Constituição da República. (MEDIDA CAUTELAR NA RECLAMAÇÃO 23.457 PARANÁ RELATOR : MIN. TEORI ZAVASCKI. Brasília, 22 de março de 2016). QUESTÃO: DELEGADO PCPE – 2016. (ADAPTADA) De acordo com a doutrina majoritária e com o entendimento dos tribunais superiores, assinale a opção correta relativamente à prova no processo penal. É nula a prova colhida em interceptação telefônica deferida por juiz estadual no curso de investigação criminal que, a posteriori, venha a se declarar incompetente por entender que a causa deverá ser processada e julgada no âmbito federal. Errada. Vide STJ- REsp 1.355.432-SP citado no inicio deste título. Eventualmente pode pairar algumas dúvidas quanto à inciativa para a decretação da interceptação telefônica, para isto é necessário a atuação de quem? A resposta será apresentada a seguir. COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 22 3.2. Juiz de ofício. Apesar da previsão literal do artigo 3º permitir a decretação de ofício pelo Juiz, esta hipótese e criticada por parte da doutrina, Fábio Roque, Nestor Távora e Rosmar Alencar (2016, p. 433-434) afirmam que há violação do principio acusatório vigente no sistema processual penal brasileiro: “Não faz sentido permitir-se ao julgador a decretação da interceptação telefônica de ofício na fase pré-processual”. Em 2005 houve ajuizamento de ADI para que fosse considerada em partes inconstitucional a iniciativa do juiz para a decretação da medida de ofício, seguem as informações extraídas do sitio oficial do STF2: Fonteles pede que se exclua a possibilidade de o juiz, na fase de investigação criminal, determinar de ofício a interceptação de comunicações telefônicas sem que seja feito o requerimento da autoridade policial ou do membro do Ministério Público. Ele entende que o juiz só poderia decretar a interceptação de ofício no curso do processo. Para o procurador-geral, a iniciativa do juiz durante o inquérito policial ofende o devido processo legal, pois compromete a imparcialidade do magistrado. Além disso, usurpa a atribuição investigatória do Ministério Público e das Polícias Civis e Federal. 3.3 Ministério Público e Autoridade Policial. Ambos podem requerer a medida nos termos do art. 3º, I e II da L. 9.296/96. Cabe ressaltar que apesar da redação legal, a terminologia a ser utilizada para a autoridade policial deveria ser: “representar”. Autoridade policial Ministério Público Investigação criminal Investigação criminal e processo De forma excepcional já foi autorizado a Polícia Rodoviária Federal ( STJ- HC 45630 / RJ Relator(a) Ministro FELIX FISCHER (1109) Data do Julgamento 2 http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=64514 COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 23 16/02/2006), bem como a Polícia Militar, já fora admitido o acompanhamento das diligências pelos órgãos desde que o requerimento tivesse emanado do Ministério Público e para situações excepcionais como decidiu o STF: 3. Interceptação telefônica realizada pela Polícia Militar. Nulidade. Não ocorrência. 4. Medida executada nos termos da Lei 9.296/96 (requerimento do Ministério Público e deferimento pelo Juízo competente). Excepcionalidade do caso: suspeita de envolvimento de autoridades policiais da delegacia local. HC 96986 / MG. Relator(a): Min. GILMAR MENDES Julgamento: 15/05/2012 O STJ possui precedentes admitindo a participação da PM nas diligências de interceptação telefônica. Os Tribunais Superiores firmaram entendimento no sentido de que não se pode interpretar de maneira restrita o artigo 6º da Lei 9.296/1996, de modo que se admite que agentes da Polícia Militar acompanhem a interceptação telefônica, procedimento que não pode ser acoimado de ilegal, sob pena de se inviabilizar a efetivação da medida. (STJ - RHC 53432 / RJ Relator(a) Ministro JORGE MUSSI Data do Julgamento 16/12/2014). 3.4 Querelante e vítima. A lei não trata especificamente o tema, porém, Renato Brasileiro de Lima (2014, p. 158-159) apresenta solução doutrinária para o impasse: Por analogia, na ação penal de iniciativa privada, deve-se conferir ao querelante legitimidade para requerer a interceptação. Nos crimes de ação penal pública, a lei não confere legitimidade à vítima para requerer a interceptação telefônica, independentemente de ela ter-se habilitado (ou não) como assistente no processo. Se a vítima não tem legitimidade para requerê-la, queremos crer, porém, que pode sugerir à autoridade policial ou ao órgão do Ministério Público que requeiram a diligência. COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 24 3.5 Réu/investigado. De acordo com Paulo Rangel (2014, p. 487), o investigado não possui legitimidade legal para requerer a interceptação telefônica. Porém, se a fizer de forma ilícita para salvaguardar sua liberdade de locomoção, estaria ele em estado de necessidade, pois a necessidade de salvar o interesse maior (liberdade de locomoção), sacrificando o menor (sigilo das comunicações telefônicas) em uma situação não provocada de conflito extremo, justifica a conduta do réu. 4. Forma que a lei estabelecer. Com a edição da Lei n° 9.296/96 foram estabelecidos os parâmetros de aplicação da lei. Vide a redação do art. 1º: “A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em investigação criminal e em instrução processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá de ordem do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça”. O artigo 2º da respectiva lei estabelece parâmetros objetivos para que o diploma seja utilizado: Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses: I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal; II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção. Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da investigação, inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta, devidamente justificada. QUESTÃO - Delegado de Polícia - Concurso: PCMG - Ano: 2008 - Banca: ACADEPOL - Disciplina: Direito Processual Penal: A Lei n. 9.296, de COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 25 24/07/1996, que regulamentou o inciso XII do art. 5º da Constituição Federal, estabeleceu os critérios relativos à interceptação telefônica, dispondo sobre sua permissão e vedação quando utilizada como prova de investigação criminal.Assim sendo, de que forma e em que circunstâncias são ou não permitidas provas obtidas por esse meio? 4.1 Indícios razoáveis de autoria ou participação. É o requisito que se refere ao fummus comissi delicti, relacionado diretamente a eventual sujeito ativo do crime. Cabe ressaltar que é necessário ao menos indícios de autoria, elemento de informação que não possui a robustez para uma condenação criminal de forma isolada. A lei não exige: prova definitiva quanto à autoria ou participação; a identificação do investigado. Interessante é a observação apontada por Fábio Roque, Nestor Távora e Rosmar Alencar (2016, p. 429): “A interceptação recai sobre o interlocutor, isto é, o usuário da linha, e não, necessariamente, seu titular”. Nem sempre é possível identificar o usuário, pois, este pode utilizar linha telefônica registrada no nome de terceiros, portanto, a redação do paragrafo único do artigo 2º permite a utilização da diligência sem a obrigatoriedade da identificação do usuário. 4.2. Indisponibilidade de outro meio de prova. Não é possível determinar a interceptação telefônica sem a tentativa de outras formas de buscar o arcabouço probatório que sejam menos invasivas a intimidade do investigado, no requerimento para a diligência devem ser apresentadas estas medidas, é o entendimento do STJ: A quebra do sigilo telefônico não foi a primeira medida efetivada pela autoridade policial. Pelo contrário, tal providência teve suporte em elementos já colhidos e que COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 26 demonstravam que as investigações em curso levantaram indícios da prática criminosa e apontavam para a imprescindibilidade do deferimento da medida excepcional, segundo o disposto no art. 2º da Lei n. 9.296/1996. HC 132788 / RJ. Relator(a) Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR Data do Julgamento 19/11/2012. Deve-se observar ainda o respectivo lapso temporal, pois, a interceptação telefônica é considerada prova cautelar: Existe risco de desaparecimento do objeto da prova em razão do decurso do tempo, se não for produzida naquele momento não haverá outra oportunidade idêntica, está sujeita a cláusula rebus sic standibus. Necessita de autorização judicial de forma prévia; Refere-se a evento futuro e incerto. O contraditório é diferido, o investigado só tomará conhecimento da prova após o encerramento da diligência. (inaudita altera pars). Entretanto, a diligência de interceptação telefônica é meio de obtenção de prova (recursos diretos ou indiretos utilizados para alcançar a verdade dos fatos, possui o objetivo de encontrar elementos materiais de prova ou fontes de prova) e não fonte de prova (pessoas ou coisas das quais emanam a prova. Ex: transcrição da interceptação telefônica). Sobre a necessidade da realização da diligência é necessário observar o art. 4º da Lei 9.296/96, que dispõe: Art. 4° O pedido de interceptação de comunicação telefônica conterá a demonstração de que a sua realização é necessária à apuração de infração penal, com indicação dos meios a serem empregados. § 1° Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado verbalmente, desde que estejam presentes os pressupostos que autorizem a interceptação, caso em que a concessão será condicionada à sua redução a termo. § 2° O juiz, no prazo máximo de vinte e quatro horas, decidirá sobre o pedido. COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 27 A regra é o pedido escrito de interceptação telefônica, no entanto, este poderá ser excepcionalmente realizado de forma verbal e a concessão será escrita - reduzida a termo, o juiz tem o prazo máximo de 24 horas para decidir sobre o pedido. 4.3 Fins de investigação criminal ou instrução processual penal. A Constituição permite apenas a interceptação telefônica para fins criminais, mesmo que anteriormente a instauração do inquérito policial e durante a instrução processual, independentemente da modalidade da inciativa da ação penal, seja pública ou privada. Cabe ressaltar que os crimes devem ser punidos ao menos com pena de reclusão é o que estabelece a leitura do art. 5º, XII da CF em conjunto com o art. 2, III da Lei. 9.296/96. Em regra, não pode ser utilizado à interceptação telefônica para: Contravenções penais; Crimes punidos com pena de detenção ou isoladamente com multa; Crimes de Responsabilidade; Atos de Improbidade administrativa; Infrações de tributárias, que dependem do encerramento do procedimento administrativo para a configuração do crime; Infrações de outras naturezas (civil, administrativa, tributária, trabalhista e etc...) Porém, eventualmente podem ser encontrados fortuitamente elementos informativos ou provas de outras infrações que estavam ligadas a diligência de interceptação realizada. Questões: 1)Analista do MPE/RJ Ano: 2016 Banca: FGV) Carlos é investigado pela prática do crime de homicídio culposo na direção de veículo automotor (art. 302, CTB – pena: detenção, de 2 a 4 anos, e COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 28 suspensão ou proibição de se obter a permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor). No curso das investigações, o Ministério Público encontra dificuldades na obtenção da justa causa, mas constam informações de que Carlos conversa e ri dos fatos com amigos ao telefone, admitindo o crime. Diante disso, o delegado representa pela interceptação de comunicações telefônicas. Sobre os fatos narrados, é correto afirmar que a interceptação: a) não deverá ser decretada, pois ainda na fase de inquérito policial; b) poderá ser decretada, mas não poderá ultrapassar o prazo de 30 dias, prorrogável por igual período; c) não deverá ser decretada em razão da pena prevista ao delito investigado; d) poderá ser decretada e a divulgação de seu conteúdo sem autorização judicial configura crime; e) poderá ser decretada, sendo que o conteúdo interceptado deverá ser, necessariamente, integralmente transcrito. 2) (OAB – FGV- 2015) Determinada autoridade policial recebeu informações de vizinhos de Lucas dando conta de que ele possuía arma de fogo calibre .38 em sua casa, razão pela qual resolveu indiciá-lo pela prática de crime de posse de arma de fogo de uso permitido, infração de médio potencial ofensivo, punida com pena de detenção de 01 a 03 anos e multa. No curso das investigações, requereu ao Judiciário interceptação telefônica da linha do aparelho celular de Lucas para melhor investigar a prática do crime mencionado, tendo sido o pedido deferido. De acordo com a situação narrada, a prova oriunda da interceptação deve ser considerada a) ilícita, pois somente o Ministério Público tem legitimidade para representar pela medida. b) válida, desde que tenha sido deferida por ordem do juiz competente para ação principal. c) ilícita, pois o crime investigado é punido com detenção. d) ilícita, assim como as dela derivadas, ainda que estas pudessem ser obtidas por fonte independente da primeira. COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 29 Gabarito: 1)c. A pena do Crime a ser investigado é de detenção, o que não é permitido pelo art. 2º da Lei. 9.296/96. 2) c. No caso em apreço verifica-se que não era possível ter realizado a interceptação telefônica, pois, o crime deve ter como requisito a pena em abstrato de reclusão, não sendo admitida interceptação telefônica para crimes apenados com detenção, tornandoa prova ilícita. O MP não é o único legitimado para representar pela medida, a autoridade policial também tem esta legitimidade. Existem exceções das provas ilícitas previstas no art. 157, §§ 1º e 2º do CPP, verifica-se que se as provas fosse produzidas por fonte independente poderia plenamente ser utilizadas. Em respeito ao art. 2º,III da L. 9.296/96 a alternativa correta é a letra “c”. 4.3.1 Serendipidade. O encontro fortuito de provas relativas a fato delituoso diverso daquele que era inicialmente objeto de investigações, ocorre quando no cumprimento de uma diligência encontra-se casualmente provas ou elementos informativos relacionados a outra infração que não estavam no desdobramento previsto da investigação originária. A respeito da teoria leciona Távora e Alencar (2014, p. 518 e 519), que durante a investigação a polícia pode se deparar com: a) descoberta de prova relativa a outro crime, conexo ou continente com o objeto das investigações; b) constatação de provas ou fontes alusivas a crime diverso do objeto da investigação sem conexão e continência; c) revelação de coautores e/ou participantes (com ou sem prerrogativa de função) que ainda não eram investigados. Desdobra-se em duas espécies: Os Tribunais permitem a utilização da interceptação telefônica em algumas exceções não previstas na Lei, através da mitigação. COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 30 Eventualmente se houver a conexão probatória com outras infrações penais, punidas com pena de detenção ou prisão simples esses elementos descobertos poderão ser utilizadas é o que já decidiu o STJ: 2. Considerando a existência de conexão entre os crimes puníveis com detenção e reclusão, não há falar-se em nulidade da interceptação telefônica. (HC 173080 / RS Relator(a) Ministro NEFI CORDEIRO Data do Julgamento 27/10/2015) 1. Se a autoridade policial, em decorrência de interceptações telefônicas legalmente autorizadas, tem notícia do cometimento de novos ilícitos por parte daqueles cujas conversas foram monitoradas ou mesmo de terceiros, é sua obrigação e dever funcional apurá-los, ainda que não possuam liame algum com os delitos cuja suspeita originariamente ensejou a quebra do sigilo telefônico. Doutrina. Precedentes. 2. Tal entendimento é aplicável ainda que as infrações descobertas fortuitamente sejam punidas com detenção, pois o que a Lei 9.296/1996 veda é o deferimento da quebra do sigilo telefônico para apurar delito que não seja apenado com reclusão, não proibindo, todavia, que o referido meio de prova seja utilizado quando há, durante a implementação da medida, a descoberta fortuita de eventuais ilícitos que não atendem a tal requisito. Precedentes do STJ e do STF. 3. No caso dos autos, em processo em que se apura a prática de crimes apenados com reclusão, foi deferida a interceptação telefônica dos investigados, prova cujo compartilhamento foi autorizado pela magistrada singular e que resultou na deflagração de ação penal contra o ora recorrente pelo suposto cometimento de ilícito punido com detenção, o que revela a legitimidade dos elementos de convicção que deram ensejo à persecução penal em apreço. STJ- RHC 56744 / RS Relator(a) Ministro LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE) Data do Julgamento 02/06/2015. COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 31 De forma excepcional o STJ já decidiu que é desnecessário em alguns casos que exista a conexão entre as infrações penais, com a apresentação dos seguintes argumentos (destaque e separação nossa): (...)havendo o encontro fortuito de notícia da prática futura de conduta delituosa, durante a realização de interceptação telefônica devidamente autorizada pela autoridade competente não se deve exigir a demonstração da conexão entre o fato investigado e aquele descoberto: a uma, porque a própria Lei nº 9.296/96 não a exige; a duas, pois o Estado não pode se quedar inerte diante da ciência de que um crime que vai ser praticado; e a três, tendo em vista que se por um lado o Estado, por seus órgãos investigatórios, violou a intimidade de alguém, o fez com respaldo constitucional e legal, motivo pelo qual a prova se consolidou lícita" (HC 69.552/PR, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 06/02/2007,DJ 14/05/2007, p. 347) AgRg no AREsp 233305 / RS Relator(a) Ministro JORGE MUSSI Data do Julgamento 25/06/2013. Eventualmente, se for deferida a interceptação telefônica em um Estado da Federação, e através da diligência for descoberto infrações penais em outros Estados, estes elementos poderão ser informados ao estado interessado, foi o que decidiu o STF: “Os dados alusivos a interceptação telefônica verificada em outra unidade da Federação, ante ordem judicial, para elucidar certa prática delituosa, podem ser aproveitados em persecução criminal diversa”. HC 128102 / SP Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO Julgamento: 09/12/2015. Quanto a possibilidade da utilização do resultado da interceptação em procedimento administrativo já foi decidido favoravelmente sobre a possibilidade da diligência: A Primeira Turma, em conclusão de julgamento e por maioria, deu provimento a agravo regimental em que se discutia a possibilidade de compartilhar provas colhidas em sede de investigação criminal com inquérito civil público, bem COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 32 como outras ações decorrentes dos dados resultantes do afastamento do sigilo financeiro e fiscal e dos alusivos à interceptação telefônica — v. Informativos 780 e 803. O Colegiado, ao assentar a viabilidade do compartilhamento de provas, reiterou o que decidido no Inq 2.424 QO-QO/RJ (DJe de 24.8.2007) e na Pet 3.683 QO/MG (DJe de 20.2.2009), no sentido de que “dados obtidos em interceptação de comunicações telefônicas e em escutas ambientais, judicialmente autorizadas para produção de prova em investigação criminal ou em instrução processual penal, podem ser usados em procedimento administrativo disciplinar, contra a mesma ou as mesmas pessoas em relação às quais foram colhidos, ou contra outros servidores cujos supostos ilícitos teriam despontado à colheita dessa prova”. (trecho) (STF - Inq 3305 AgR/RS, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, 23.2.2016. (Info 815)) Por outro lado, o procedimento de extradição não permite a Interceptação telefônica: A natureza do processo extradicional não comporta a diligência de interceptação telefônica. É que a providência por ela pretendida em sede de extradição (interceptação telefônica, que constitui fonte de prova penal) não se destina a viabilizar investigação criminal nem a instruir processo penal de condenação instaurados no Brasil (Ext 1021/República Francesa, Informativo STF 458, transcrições). QUESTÃO: (Delegado - Concurso: PCGO - Ano: 2013 - Banca: UEG - Disciplina: Direito Processual Penal) A interceptação das comunicações telefônicas é técnica especial de investigação sigilosa, marcada pelo contraditório diferido, tendo inegável conteúdo cautelar. Assim, explique, analisando a valoração das provas, em que consiste, em relação às interceptações telefônicas, a serendipidade de primeiro e segundo graus. http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=3305&classe=Inq&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=3305&classe=Inq&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=3305&classe=Inq&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=MCOLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 33 5. Segredo de Justiça. A diligência deverá ser realizada sobre segredo de justiça de acordo com o art. 8º da Lei 9.296/96: “A interceptação de comunicação telefônica, de qualquer natureza, ocorrerá em autos apartados, apensados aos autos do inquérito policial ou do processo criminal, preservando-se o sigilo das diligências, gravações e transcrições respectivas”. Quem conduz a diligência é a autoridade policial encarregada da investigação sob segredo de justiça, porém, esse segredo não é aplicado ao juiz que deferiu a medida e nem ao membro do Ministério Público que deverá estar ciente do andamento da diligência, nos termos do artigo 6º do mesmo diploma legal: Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os procedimentos de interceptação, dando ciência ao Ministério Público, que poderá acompanhar a sua realização. (...) § 2° Cumprida a diligência, a autoridade policial encaminhará o resultado da interceptação ao juiz, acompanhado de auto circunstanciado, que deverá conter o resumo das operações realizadas. § 3° Recebidos esses elementos, o juiz determinará a providência do art. 8° , ciente o Ministério Público. E quanto ao acesso das informações pelo investigado e a defesa? Durante o andamento dessas o investigado e a defesa não poderão ter acesso as diligências, pois, o resultado desta ficaria frustrado. Vide a Súmula Vinculante n. 14: “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”. O artigo 7º do Estatuto da OAB (Lei 8.906/96) sofreu alterações pela Lei 13.245, de 2016, delineando o acesso do advogado as diligências que estejam sob segredo de justiça e o acesso dos respectivos autos: XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 34 investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital; § 10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o exercício dos direitos de que trata o inciso XIV. § 11. No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente poderá delimitar o acesso do advogado aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e ainda não documentados nos autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das diligências. § 12. A inobservância aos direitos estabelecidos no inciso XIV, o fornecimento incompleto de autos ou o fornecimento de autos em que houve a retirada de peças já incluídas no caderno investigativo implicará responsabilização criminal e funcional por abuso de autoridade do responsável que impedir o acesso do advogado com o intuito de prejudicar o exercício da defesa, sem prejuízo do direito subjetivo do advogado de requerer acesso aos autos ao juiz competente. Pergunta: A transcrição da gravação do áudio obtida pela interceptação telefônica é obrigatória? A resposta é dada pela redação do §1º do art. 6º da Lei 9.296/96: “Art. 6º, § 1° No caso de a diligência possibilitar a gravação da comunicação interceptada, será determinada a sua transcrição”. Pela redação literal percebe-se que a transcrição é obrigatória quando for possível a gravação. Se for possível ela deve ser integral? Se o conteúdo total for disponibilizado para a defesa, só é necessário a degravação dos trechos que subsidiam a exordial e condenação. Foi o que já decidiu o STF: 2. Não se vislumbra nenhuma irregularidade ou nulidade das transcrições realizadas nos autos do inquérito policial, capazes de comprometer o acervo probatório e a COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 35 condenação do paciente. Consta que todos os diálogos captados por meio das escutas telefônicas autorizadas judicialmente foram disponibilizados nos autos da ação penal, mesmo antes do oferecimento da denúncia, de modo que a defesa poderia ter solicitado a transcrição de tudo ou da parte que entendesse necessário, o que não foi providenciado por nenhum dos causídicos. STF- HC 109708 / SP - Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI Julgamento: 23/06/2015. 1. O conteúdo dos autos, incluídos aí todas as decisões e os áudios das interceptações telefônicas utilizadas pela acusação, foi disponibilizado para a defesa, o que basta para que sejam garantidos o contraditório e a ampla defesa. Eventuais irregularidades no processo de cópia das peças podem ser facilmente sanadas com mero pedido do interessado. 2. À luz dos precedentes do STF, o art. 6º, § 1º, da Lei 9.296/1996 deve ser interpretado no sentido de que a transcrição integral é somente de tudo aquilo que seja relevante para esclarecer os fatos da causa penal (Inq 2.424, DJe de 26/3/2010). Não há notícia de que a defesa tenha solicitado a juntada de transcrição de algum trecho específico ou de que lhe fora negado amplo acesso ao conteúdo integral das interceptações realizadas. STF- Inq 4022 / AP - AMAPÁ Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI Julgamento: 08/09/2015 As informações que não forem interessantes para o procedimento devem ser inutilizadas por decisão judicial através de requerimento da parte, é a redação do art. 9º da Lei. 9.296/96: Art. 9° A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial, durante o inquérito, a instrução processual ou após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público ou da parte interessada. Parágrafo único. O incidente de inutilização será assistido pelo Ministério Público, sendo facultada a presença do acusado ou de seu representante legal. COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 36 (QUESTÃO Escrivão de Polícia Civil - CE Ano: 2015 VUNESP) Segundo o disposto na Lei no 9.296/96 (Interceptação Telefônica), a gravação dos áudios decorrente da interceptação telefônica que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial a) somente durante a execução da pena imposta na condenação ou após o trânsito em julgado da decisão que absolveu o acusado. b) após a instrução processual independentemente de requerimento do Ministério Público ou da parte interessada. c) durante o inquérito, a instrução processual ou após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público ou da parte interessada. d) somente após a instrução processual, em virtude de requerimento do Ministério Público ou da parte interessada. e) somente durante a instrução processual ou após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público ou da parte interessada. Gabarito: c Recentemente em emblemático caso envolvendo diversas autoridades conhecidas no cenário Nacional, alguns trechos de áudio que foram gravados ilicitamente através de interceptação telefônica se tornaram de conhecimento público, violando a garantia fundamental ao sigilo, sobre o episódio decidiu o STF: Em segundo lugar, porque a divulgação pública das conversações telefônicas interceptadas, nas circunstâncias em que ocorreu, comprometeu o direito fundamental à garantia de sigilo, que tem assento constitucional. O art. 5º, XII, da Constituição somente permite a interceptação de conversações telefônicas em situações excepcionais,“por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal”. Há, portanto, quanto a essa garantia, o que a jurisprudência do STF denomina reserva legal qualificada. A lei de regência (Lei 9.269/1996), além de vedar expressamente a divulgação de qualquer conversação interceptada (art. 8º), determina a inutilização das gravações que não interessem à investigação COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 37 criminal (art. 9º). Não há como conceber, portanto, a divulgação pública das conversações do modo como se operou, especialmente daquelas que sequer têm relação com o objeto da investigação criminal. Contra essa ordenação expressa, que – repita-se, tem fundamento de validade constitucional – é descabida a invocação do interesse público da divulgação ou a condição de pessoas públicas dos interlocutores atingidos, como se essas autoridades, ou seus interlocutores, estivessem plenamente desprotegidas em sua intimidade e privacidade. Cumpre enfatizar que não se adianta aqui qualquer juízo sobre a legitimidade ou não da interceptação telefônica em si mesma, tema que não está em causa. O que se infirma é a divulgação pública das conversas interceptadas da forma como ocorreu, imediata, sem levar em consideração que a prova sequer fora apropriada à sua única finalidade constitucional legítima (“para fins de investigação criminal ou instrução processual penal”), muito menos submetida a um contraditório mínimo. A esta altura, há de se reconhecer, são irreversíveis os efeitos práticos decorrentes da indevida divulgação das conversações telefônicas interceptadas. Ainda assim, cabe deferir o pedido no sentido de sustar imediatamente os efeitos futuros que ainda possam dela decorrer e, com isso, evitar ou minimizar os potencialmente nefastos efeitos jurídicos da divulgação, seja no que diz respeito ao comprometimento da validade da prova colhida, seja até mesmo quanto a eventuais consequências no plano da responsabilidade civil, disciplinar ou criminal. (MEDIDA CAUTELAR NA RECLAMAÇÃO 23.457 PARANÁ RELATOR : MIN. TEORI ZAVASCKI. Brasília, 22 de março de 2016). As informações transmitidas por meios telemáticos ou de informática também recebem proteção legal quanto ao sigilo: Lei 9.472/97: Art. 3º. O usuário de serviços de telecomunicações tem direito: V - à inviolabilidade e ao segredo de sua comunicação, salvo nas hipóteses e condições constitucional e legalmente previstas"; COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 38 Lei 12.965/14: Art. 7º. O acesso à internet é essencial ao exercício da cidadania, e ao usuário são assegurados os seguintes direitos: I - inviolabilidade da intimidade e da vida privada, sua proteção e indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; II - inviolabilidade e sigilo do fluxo de suas comunicações pela internet, salvo por ordem judicial, na forma da lei; III - inviolabilidade e sigilo de suas comunicações privadas armazenadas, salvo por ordem judicial"; 6. Duração da interceptação telefônica Pergunta: Qual é o prazo para a duração da interceptação telefônica? A resposta encontra-se no art. 5º da Lei 9.296/96: “Art. 5° A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, indicando também a forma de execução da diligência, que não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova”. Se for necessário, quantas vezes este prazo pode ser renovado? Atualmente prevalece que pode ser renovado sucessivamente de acordo com a necessidade do caso concreto. É a orientação jurisprudencial apresentada pelo STJ: 1. Este Superior Tribunal de Justiça tem o entendimento de que não há óbice legal ao prosseguimento das investigações por meio da interceptação telefônica, se as provas que dela decorrem forem reconhecidamente imprescindíveis ao deslinde da causa e ao indiciamento do maior número de envolvidos na prática delitiva. 2. "Segundo jurisprudência pacífica do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal, o disposto no art. 5º da Lei n. 9.296/1996 não limita a prorrogação da interceptação telefônica a um único período, podendo haver sucessivas renovações, desde que devidamente fundamentadas. (HC COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 39 121.212/RJ, Rel. Min. SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, DJe 05/03/2012). AgRg no AREsp 188197 / SP Relator(a) Ministro JORGE MUSSI Data do Julgamento 25/03/2014. E qual é o termo inicial para o inicio da contagem do tempo? Novamente o STJ responde esta indagação através do seguinte julgado: Consoante jurisprudência consolidada nesta Superior Instância, o prazo de 15 dias autorizado para a interceptação telefônica inicia-se com a efetivação da medida, tendo por parâmetro de contagem o art. 10 do Código Penal por envolver a restrição de uma garantia constitucional. Verificando-se a existência de captação de áudio fora do período autorizado, por certo que nula é a prova colhida, devendo ser extraída dos autos da ação penal. STJ- RHC 63005 / DF Relator(a) Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA. Data do Julgamento 15/12/2015. Questões: 1) Juiz Substituto/ MS – 2015. VUNESP. Com relação ao pedido de interceptação telefônica, disciplinado pela Lei no 9.296/96, assinale a alternativa correta. a) Poderá ser formulado verbalmente, desde que presentes os pressupostos autorizadores e demonstrada a excepcionalidade da situação, caso em que a concessão será reduzida a termo. b) Na investigação criminal, será formulado ao representante do Ministério Público, e na instrução processual penal, ao juiz, com prazo de 24 horas para decisão. c) Deferido o pedido, o juiz conduzirá os procedimentos de interceptação, dando ciência ao Ministério Público, que poderá acompanhar a sua realização. d) Conterá prova de materialidade e indícios de autoria ou participação em crime apenado com detenção ou reclusão, além de demonstração da indispensabilidade do meio de prova. e) Na decisão de deferimento, será consignado, para a execução da diligência, o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por uma vez, comprovada a indispensabilidade do meio de prova. COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA www.portaljurisprudencia.com.br 40 2) (Juiz Federal Substituto/ TRF – 2015. CESPE). Com relação ao afastamento do sigilo fiscal, bancário e de dados e às interceptações de comunicação, assinale a opção correta. a) Nos casos de quebra de sigilo fiscal e bancário, cabe à autoridade policial, sob a fiscalização do promotor e do defensor, descartar os elementos que não se relacionem com os fatos apurados. b) A quebra de sigilo dos dados telefônicos submete-se ao princípio constitucional da reserva de jurisdição, de modo a se preservar a esfera de privacidade das pessoas. c) Pode ser afastada a exigência legal de declaração de segredo de justiça nos feitos criminais em que tenham ocorrido interceptações de comunicação, quando houver solicitação de comissão parlamentar de inquérito, por exemplo. d) Para que seja autorizada a interceptação telefônica, não é necessário que haja instauração de inquérito policial, bastando que fique demonstrada a possibilidade de autoria ou participação em infração penal. e) O réu não está legitimado a postular a medida cautelar de intercepção telefônica no interesse de sua defesa. Entretanto, se esta for produzida de forma clandestina, demonstrando sua
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