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Cópia de Lei de Interceptação Telefônica - Porta Jurisprud�ncia

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COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA 
 
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COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA 
 
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Sumário 
INTRODUÇÃO ....................................................................................... 3 
1. Regras constitucionais a respeito da violação do sigilo de 
informações. ........................................................................................ 4 
2. Conceito de interceptação telefônica. ............................................... 9 
2.1 Abrangência. ................................................................................ 14 
3. Ordem judicial: ............................................................................... 16 
3.1.1. Teoria do juízo aparente .......................................................... 19 
3.2. Juiz de ofício. .............................................................................. 22 
3.3 Ministério Público e Autoridade Policial........................................ 22 
3.4 Querelante e vítima. ..................................................................... 23 
3.5 Réu/investigado........................................................................... 24 
4.1 Indícios razoáveis de autoria ou participação. ............................. 25 
4.2. Indisponibilidade de outro meio de prova. .................................. 25 
4.3.1 Serendipidade. .......................................................................... 29 
5. Segredo de Justiça. ........................................................................ 33 
6. Duração da interceptação telefônica .............................................. 38 
7. Crimes relacionados à lei de interceptação telefônica. ................... 41 
Bateria de questões: .......................................................................... 42 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS - 2016 
LEI DE INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA - LEI N. 9.296/96. 
 
INTRODUÇÃO 
 
A “Coleção Leis Resumidas” é um compêndio das principais leis 
brasileiras. Ela é especialmente destinada ao estudante que deseja relembrar e 
rever todo o conteúdo estudado nas obras doutrinárias e cursos preparatórios 
para as principais carreiras jurídicas. 
O objetivo da “Coleção Leis Resumidas” é permitir que o pretendente 
aos cargos públicos consiga rememorar todos os conteúdos do edital, de forma 
ágil e dinâmica. 
Apresentamos os pontos importantes de cada lei, as jurisprudências 
relacionadas, as atualizações e principalmente questões objetivas e discursivas 
sobre o assunto. 
 
Esse resumo contém: 
 
a) DOUTRINA: Abordagem sobre todos os conceitos básicos da 
legislação, e enfrentamento dogmáticos dos temas centrais. 
b) JURISPRUDÊNCIA: Em cada item da matéria será apresentada a 
jurisprudência acerca do tema. A leitura é importantíssima, uma vez que 
muitas das questões objetivas e dissertativas são extraídas de julgados. 
c) QUESTÕES COMENTADAS: São apresentadas questões objetivas 
e dissertativas comentadas ao longo da obra. 
 
Data: 25/06/2016 
 
 
 
 
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1. Regras constitucionais a respeito da violação do sigilo de 
informações. 
 
Em primeiro lugar é necessário conhecer os dispositivos legais que 
fundamentam e permitem a restrição do direito ao sigilo das comunicações. Na 
Carta Magna existe previsão no art. 5º, XII: 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações 
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no 
último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a 
lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução 
processual penal. 
 
O dispositivo trata do acesso às informações: 
 de correspondência; 
 das comunicações telegráficas; 
 de dados e; 
 das comunicações telefônicas. 
A primeira parte do dispositivo traz a expressão “é inviolável”, isto 
não quer dizer que a correspondência e a comunicação telegráfica e de dados 
tenham cláusula de reserva absoluta. 
a) Quanto ao sigilo de correspondência e comunicações 
telegráficas, essa é a comunicação realizada por meio de telegrama a qual 
atualmente encontra-se em desuso face os meios de comunicação mais 
eficientes que existem. O STF já decidiu que esta cláusula de reserva 
jurisdicional não é absoluta: 
A administração penitenciária, com fundamento em razões de 
segurança pública, de disciplina prisional ou de preservação da 
ordem jurídica, pode, sempre excepcionalmente, e desde que 
respeitada a norma inscrita no art. 41, parágrafo único, da Lei 
7.210/1984, proceder à interceptação da correspondência 
remetida pelos sentenciados, eis que a cláusula tutelar da 
inviolabilidade do sigilo epistolar não pode constituir instrumento 
de salvaguarda de práticas ilícitas.” (HC 70.814, Rel. Min. Celso 
de Mello, julgamento em 1º-3-1994, Primeira Turma, DJ de 24-6-
1994.) 
 
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O STJ admite a restrição a este direito quando a prova for necessária 
para a investigação criminal: 
Não viola o sigilo de correspondência da Paciente simples 
menção, no julgamento plenário, à apreensão de cartas que 
provam o relacionamento extraconjugal entre a Paciente e o 
corréu, acusados do homicídio da vítima. A prova foi obtida com 
autorização judicial, fundada no interesse das 
investigações, justamente para apurar a motivação do crime. 
STJ- HC 203.371 / RJ Relator(a) Ministra LAURITA VAZ Órgão 
Julgador. Data do Julgamento 03/05/2012. 
 
A Corte cidadã entendeu que a encomenda de produtos ilícitos não pode 
ser confundida com a correspondência: 
1. Correspondência, para os fins tutelados pela Constituição da 
República (art. 5º, VII) é toda comunicação de pessoa a pessoa, 
por meio de carta, através da via postal ou telegráfica. (Lei nº 
6.538/78). 2. A apreensão pelo Juiz competente, na agência dos 
Correios, de encomenda, na verdade tigre de pelúcia com 
cocaína, não atenta contra a Constituição da República, art. 5º, 
VII. Para os fins dos valores tutelados, encomenda não é 
correspondência. STJ- RHC 10537 / RJ Relator(a) Ministro EDSON 
VIDIGAL. j . 13/03/2001. 
 
b) Quanto ao sigilo de dados, os quais podem ter diversas naturezas 
como bancários, fiscais e informações gerais, em regra precisam de 
autorização judicial para que se possa obtê-los, como o STF já decidiu: 
Embora a regra seja a privacidade, mostra-se possível o acesso a 
dados sigilosos, para o efeito de inquérito ou persecução criminais 
e por ordem judicial, ante indícios de prática criminosa.” ( HC 
89.083, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 19-8-2008, 
Primeira Turma, DJE de 6-2-2009.) 
 
Atualmente pode haver quebra de sigilo bancário e fiscal 
realizados diretamente pelos órgãos da Receita Federal e CPI 
(Comissão Parlamentar de Inquérito). 
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O Art. 6º da LC 105/01, possui redação legal permitindo as autoridades 
e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, 
inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras. Porém, 
esse acesso só pode ocorrer quando: 
 Houver processo administrativo instaurado ou procedimentofiscal em curso; 
 Os exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade 
administrativa competente. 
O parágrafo único deste dispositivo afirma que o resultado dos exames, 
as informações e os documentos a que se refere esse artigo serão conservados 
em sigilo, observada a legislação tributária. De forma oportuna cita-se o 
entendimento da Corte Superior sobre o tema: 
 Em regra as instituições financeiras (art. 1º, §§ 1º e 2º da LC 105/01) 
devem manter sigilo sobre as informações financeiras que possuem 
que tratam do direito à intimidade, à luz dos artigos 5º, X, XII, LIV, LV; 
da Constituição Federal, no entanto, este direito não pode ser considerado 
absoluto, incidindo normas específicas que permitem o acesso aos 
dados, para resguardar a segurança pública e evitar o cometimento 
deliberado de crimes, estas restrições encontram-se estabelecidas na Lei 
Complementar nº 105/2001, a qual teve seus dispositivos questionados 
através das ADIs 2390, 2386 e 2397, 2859 e Recurso Extraordinário 601314. 
 O Supremo por 9 votos favoráveis contra 02 contrários no dia 24 de 
fevereiro de 2016, considerou constitucional normas da lei em apreço, 
permitindo acesso direto do Fisco, desde que observada algumas 
regras devidamente estabelecidas. (Informativo- STF- 815, Plenário). 
 Trata-se, desse modo, de uma transferência de dados sigilosos de 
um determinado portador, que tem o dever de sigilo, para outro, que 
mantém a obrigação de sigilo. 
 Note-se que, ao se dizer que há mera transferência de informações, 
não se está por desconsiderar a possibilidade de utilização dos dados pelo 
Fisco. Está-se, contudo, a dizer que essa utilização não desnatura o caráter 
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sigiloso da movimentação bancária do contribuinte, e, dessa forma, não 
tem o condão de implicar violação de sua privacidade. 
 Para essa conclusão, vale recordar o real intuito da proteção 
constitucional à privacidade, prevista no art. 5º, X, da CF/88. 
Entende-se que: 
I - A quebra do sigilo bancário não afronta o artigo 5, X e XII da 
Constituição Federal (Precedente: PET.577). 
II - O princípio do contraditório não prevalece na fase inquisitória (RE 
136.239). Agravo regimental não provido” (Inq 897-AgR, Relator o Ministro 
Francisco Rezek, Tribunal Pleno, DJ de 24/3/95). 
O STF se manifestou favoravelmente a permissão de utilização de 
informações extraídas do fisco diretamente em inquéritos policiais: 
CONSTITUCIONALIDADE DA EXPRESSÃO “DO INQUÉRITO OU” 
CONTIDA NO ART. 1º, § 4º, DA LEI COMPLEMENTAR Nº 
105/2001. Quanto à alegação de inconstitucionalidade da 
expressão “do inquérito ou”, contida no § 4º do art. 1º da Lei 
Complementar nº 105/2001, esclareço que a norma não cuida da 
transferência de informações bancárias ao Fisco, questão que 
está no cerne das ações diretas. Trata-se, conforme bem definiu a 
Advocacia-Geral da União e a Presidência da República, de norma 
referente à investigação criminal levada a efeito no 
inquérito policial, em cujo âmbito há muito se admite a 
quebra de sigilo bancário, quando presentes indícios de prática 
criminosa. 1. Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal 
Federal, a autorização do afastamento dos sigilos fiscal e bancário 
deverá indicar, mediante fundamentos idôneos, a pertinência 
temática, a necessidade da medida, ‘que o resultado não possa 
advir de nenhum outro meio ou fonte lícita de prova’ e ‘existência 
de limitação temporal do objeto da medida, enquanto 
predeterminação formal do período’ (MS 25812 MC, Relator(a): 
Min. CEZAR PELUSO, publicado em DJ 23-2-2006). 2. No caso, o 
pedido de afastamento dos sigilos fiscal e bancário 
encontra-se embasado, em síntese, em declarações feitas 
no âmbito de colaboração premiada, em depoimento 
prestado por pessoa supostamente envolvida nos fatos 
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investigados e em relatório do Conselho de Controle de 
Atividades Financeiras (COAF). (AC 3.872/DF-AgR, Relator o 
Ministro Teori Zavascki, Tribunal Pleno, DJe de 13/11/15). 
 
Trata-se, de uma transferência de dados sigilosos de um determinado 
portador, que tem o dever de sigilo, para outro, que mantém a obrigação de 
sigilo. 
Quanto à possibilidade da CPI obter diretamente dados sem 
autorização judicial (quebra do sigilo telefônico) o STF decidiu nesse caso 
não há clausula de reserva de jurisdição: 
1. As investigações parlamentares podem figurar como ato 
preparatório ou auxiliar do processo legislativo e das demais 
ações do Congresso Nacional, na medida em que o direito ao 
conhecimento constitui pressuposto à realização de suas 
atividades deliberativas. 2. A Comissão Parlamentar de Inquérito 
detém atribuição para investigação de atos praticados em âmbito 
privado, desde que revestidos de potencial interesse público e 
cujo enfrentamento insira-se, ao menos em tese, dentre as 
competências do Congresso Nacional ou da respectiva Casa 
Legislativa que lhe dá origem. 3. A autonomia das Comissões 
Parlamentares de Inquérito não subtrai os direitos e garantias 
individuais assegurados na Constituição Federal. Poder instrutório 
ao qual são oponíveis idênticos limites formais e substanciais 
impostos ao Poder Judiciário. No caso concreto, a decisão de 
quebra de sigilo encontra-se razoavelmente 
fundamentada, com observância do figurino exigido pelo 
artigo 93, IX, da CF. (STF- MS 33751 / DF. Relator(a): Min. 
EDSON FACHIN. Julgamento: 15/12/2015) 
 
A jurisprudência firmada pela Corte, ao propósito do alcance da 
norma prevista no art. 58, § 3º, da Constituição Federal, já 
reconheceu a qualquer Comissão Parlamentar de Inquérito o 
poder de decretar quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico, 
desde que o faça em ato devidamente fundamentado, relativo a 
fatos que, servindo de indício de atividade ilícita ou irregular, 
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revelem a existência de causa provável, apta a legitimar a 
medida, que guarda manifestíssimo caráter excepcional (MS n. 
23.452-RJ, Rel. Min. Celso de Mello; MS n. 23.466-DF, Rel. Min. 
Sepúlveda Pertence; MS n. 23.619-DF, Rel. Min. Octavio Gallotti; 
MS n. 23.639-DF, Rel. Min. Celso de Mello; etc.). 
 
Por fim, cabe ressaltar que a primeira parte do inciso XII do art. 5º não 
trata especificamente da interceptação telefônica, porém, a segunda parte 
traz as exceções em que a violação das comunicações telefônicas poderá ser 
utilizada. São elas: 
 ordem judicial; 
 forma que a lei estabelecer; 
 fins de investigação criminal ou instrução processual penal. 
 Estes direitos podem sofrer restrições durante situações excepcionais 
como no Estado de Defesa (CF, art. 136, § 1º, II e III) e Estado de Sítio (CF, 
art. 139, III) 
 
 
2. Conceito de interceptação telefônica. 
 
Antes da Lei 9.296/96, as interceptações que foram deferidas pelo 
poder judiciário, com fundamento no art. 57, II, e, Código Brasileiro de 
Telecomunicações (Lei nº 4.197/42), foram consideradas inconstitucionais, 
vide trecho da decisão do STJ: 
A escuta telefônica realizada antes da Lei n.º 9.296/96, ainda que 
calcada em ordem judicial, não estava juridicamente amparada, 
acarretando prova obtida por meio ilícito. REsp 225450 / RJ. 
Relator(a) Ministro FELIX FISCHER Órgão Julgador Data do 
Julgamento 15/02/2000. 
Neste ponto utilizaremos a consagrada lição de Renato Brasileiro de 
Lima (2014, p. 136) para diferenciar a Interceptação Telefônica da Escuta 
Telefônica e Gravação telefônica ou clandestina. 
Interceptação 
telefônica 
Escuta telefônica. Gravação telefônica ou 
gravação clandestina: 
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(sentido estrito). 
Consiste na captação da 
comunicação telefônica 
alheia por um 
terceiro, sem o 
conhecimento de 
nenhum dos 
comunicadores. 
É a captação da 
comunicação telefônica 
por terceiro, com o 
conhecimento de um 
dos comunicadores e 
desconhecimento do outro. 
É a gravação da comunicação 
telefônica por um dos 
comunicadores, ou seja, 
trata-se de uma 
autogravação (ou gravação 
da própria comunicação). 
São submetidas à aplicação da lei de interceptação telefônica: Interceptação 
telefônica (sentido estrito) e a Escuta telefônica. 
O STF separa as três modalidades, afirmando o que se estabeleceu nos 
quadros citados: 
Escuta gravada da comunicação telefônica com terceiro, que 
conteria evidência de quadrilha que integrariam: ilicitude, nas 
circunstâncias, com relação a ambos os interlocutores. A hipótese 
não configura a gravação da conversa telefônica própria 
por um dos interlocutores – cujo uso como prova o STF, em 
dadas circunstâncias, tem julgado lícito – mas, sim, escuta 
e gravação por terceiro de comunicação telefônica alheia, 
ainda que com a ciência ou mesmo a cooperação de um 
dos interlocutores: essa última, dada a intervenção de 
terceiro, se compreende no âmbito da garantia 
constitucional do sigilo das comunicações telefônicas e o 
seu registro só se admitirá como prova, se realizada 
mediante prévia e regular autorização judicial. A prova 
obtida mediante a escuta gravada por terceiro de conversa 
telefônica alheia é patentemente ilícita em relação ao interlocutor 
insciente da intromissão indevida, não importando o conteúdo do 
diálogo assim captado. A ilicitude da escuta e gravação não 
autorizadas de conversa alheia não aproveita, em princípio, ao 
interlocutor que, ciente, haja aquiescido na operação; aproveita-
lhe, no entanto, se, ilegalmente preso na ocasião, o seu aparente 
assentimento na empreitada policial, ainda que existente, não 
seria válido. A extensão ao interlocutor ciente da exclusão 
processual do registro da escuta telefônica clandestina – ainda 
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quando livre o seu assentimento nela – em princípio, parece 
inevitável, se a participação de ambos os interlocutores no fato 
probando for incindível ou mesmo necessária à composição do 
tipo criminal cogitado, qual, na espécie, o de quadrilha.” (HC 
80.949, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 30-10-
2001, Primeira Turma, DJ de 14-12-2001.) 
 
A gravação telefônica não se subordina aos imperativos da lei de 
9.296/96 segundo o STF, podendo se admitida a sua licitude desde que: 
 Não haja causa legal específica de sigilo; 
 Nem reserva de conversação. 
2. Gravação clandestina (Gravação de conversa telefônica por um 
interlocutor sem o conhecimento do outro). Licitude da prova. Por 
mais relevantes e graves que sejam os fatos apurados, provas 
obtidas sem a observância das garantias previstas na ordem 
constitucional ou em contrariedade ao disposto em normas de 
procedimento não podem ser admitidas no processo; uma vez 
juntadas, devem ser excluídas. O presente caso versa sobre a 
gravação de conversa telefônica por um interlocutor sem o 
conhecimento de outro, isto é, a denominada “gravação 
telefônica” ou “gravação clandestina”. Entendimento do STF no 
sentido da licitude da prova, desde que não haja causa legal 
específica de sigilo nem reserva de conversação. HC 91613 / MG 
Relator(a): Min. GILMAR MENDES. Julgamento: 15/05/2012. 
 
Não se pode confundir interceptação telefônica com quebra do 
sigilo telefônico, é necessário citar as o entendimento de Renato Brasileiro 
(2014, p. 141): 
 
Interceptação telefônica Quebra do sigilo telefônico 
Algo que está acontecendo. 
(PRESENTE) 
Relação com chamadas telefônicas pretéritas, já 
realizadas. (PASSADO) 
Conhecimento do conteúdo da 
conversa estabelecida entre duas 
Registros documentados e armazenados pelas 
companhias telefônicas, tais como data da 
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ou mais pessoas chamada telefônica, horário da ligação, número 
do telefone chamado, duração do uso ("lista-
régua"), etc. 
Mais rica quanto ao conteúdo 
probatório 
Menos rica quanto ao conteúdo probatório 
Submetida a clausula de 
Reserva jurisdicional 
Não está submetido, pode ser realizado por CPI. 
No caso da Lei de Lavagem de Capitais1 pode ser 
obtido diretamente por autoridades. 
A Lei de Organização Criminosa permite o acesso direto pelo Ministério 
público e pela polícia a dados telefônicos de acordo com a literalidade dos 
artigos 15 e 17: 
Art. 15. O delegado de polícia e o Ministério Público terão acesso, 
independentemente de autorização judicial, apenas aos dados 
cadastrais do investigado que informem exclusivamente a 
qualificação pessoal, a filiação e o endereço mantidos pela Justiça 
Eleitoral, empresas telefônicas, instituições financeiras, 
provedores de internet e administradoras de cartão de crédito. 
Art. 17. As concessionárias de telefonia fixa ou móvel manterão, 
pelo prazo de 5 (cinco) anos, à disposição das autoridades 
mencionadas no art. 15, registros de identificação dos números 
dos terminais de origem e de destino das ligações telefônicas 
internacionais, interurbanas e locais. 
 
Existe previsão no mesmo sentido na Lei de Lavagem de Capitais: 
Art. 17-B, Lei 9613/98: A autoridade policial e o Ministério Público 
terão acesso, exclusivamente, aos dados cadastrais do 
investigado que informam qualificação pessoal, filiação e 
endereço, independentemente de autorização judicial, mantidos 
pela Justiça Eleitoral, pelas empresas telefônicas, pelas 
instituições financeiras, pelos provedores de internet e pelas 
administradoras de cartão de crédito. 
 
Pergunta: Determinado individuo é preso em flagrante pela polícia e a 
autoridade policial resolve verificar os registros telefônicos do seu aparelho 
móvel, se for encontrado algum elemento informativo que leve a prova esta 
será lícito? Para entender melhor apresenta-se o caso em espécie: 
 Após a prisão em flagrante do corréu, os policiais, ao 
apreenderem dois aparelhos de celular, procederam à análise dos 
 
 
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últimos registros telefônicos. Pois bem. O inquérito policial é procedimento 
administrativo, inquisitório e preparatório, cuja finalidade precípua é a colheita 
de informações quanto à autoria e à materialidade do delito, a fim de subsidiar 
a propositura de eventual ação penal. Daí, dispor o art. 6º do CPP que a 
autoridade policial tem o dever de proceder à coleta do material comprobatório 
da prática da infração penal, impondo-lhe determinar, se for o caso, que se 
proceda a exame de corpo de delito, apreender os objetos que tiverem relação 
com o fato delituoso, colher as provas que servirem para esclarecimento do 
fato e suas circunstâncias, ouvir o ofendido, ouvir o indiciado, dentre outras 
diligências. Em princípio, foi como agiu a autoridade policial que, ao prender 
em flagrante delito o corréu, tomou a cautela de colher todo material com 
potencial interesse para investigação. E ao proceder à pesquisa na agenda 
eletrônica dos aparelhos devidamente apreendidos — meio material 
indireto de prova —, a autoridade policial, cumprindo o seu mister, buscou, 
unicamente, colher elementos de informação hábeis a esclarecer a autoria e a 
materialidade do delito. Dessa análise, logrou encontrar ligações entre o 
executordo homicídio e o ora paciente. Consigno que os números — registros 
de ligação no aparelho — estavam acessíveis à autoridade policial, 
mediante simples exame do objeto apreendido, circunstância que, de 
fato, diferencia do acesso a informações registradas na empresa de 
telefonia. Saliento que o exame do objeto — aparelho celular — indicou 
apenas o número de um telefone. Esse dado, número de telefone, por si 
só, conecta-se com algum valor constitucionalmente protegido? Penso que 
não. É que o dado, como no caso, mera combinação numérica, de per si nada 
significa, apenas um número de telefone.(...) 
 Os policiais, após a prisão em flagrante do corréu, terem realizado a 
análise dos últimos registros telefônicos dos dois aparelhos celulares 
apreendidos. Não se confundem comunicação telefônica e registros telefônicos, 
que recebem, inclusive, proteção jurídica distinta. Não se pode interpretar a 
cláusula do artigo 5º, XII, da CF, no sentido de proteção aos dados enquanto 
registro, depósito registral. A proteção constitucional é da comunicação de 
dados e não dos dados. HC 91867 / PA. Relator(a): Min. GILMAR MENDES 
Julgamento: 24/04/2012. 
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Em síntese: o registro de ligações telefônicas, não está acobertado pela 
clausula de reserva de jurisdição. 
 Por outro lado, se os dados visarem o acesso ao conteúdo das conversas, 
do aparelho telefônico como as utilizadas no aplicativo do whatsapp, seria 
necessária autorização judicial, como pontualmente decidiu recentemente o 
STJ: 
Ilícita é a devassa de dados, bem como das conversas de 
whatsapp, obtidas diretamente pela polícia em celular 
apreendido no flagrante, sem prévia autorização judicial. 
(STJ. RHC 51.531/RO, 6ª Turma, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado 
em 19/04/2016) 
 
2.1 Abrangência. 
 
Nos termos do art. 1º, paragrafo único da Lei 9.296/96: “O disposto 
nesta Lei aplica-se à interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de 
informática e telemática”. O STF confirmou a constitucionalidade do dispositivo 
ao julgar a ADI 
"Ação direta de inconstitucionalidade. Parágrafo único do art. 1º e 
art. 10 da Lei 9.296, de 24-7-1996. Alegação de ofensa aos 
incisos XII e LVI do art. 5º da CF, ao instituir a possibilidade de 
interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de 
informática e telemática. Relevantes os fundamentos da ação 
proposta. Inocorrência de periculum in mora a justificar a 
suspensão da vigência do dispositivo impugnado. Ação direta de 
inconstitucionalidade conhecida. Medida cautelar indeferida." (ADI 
1.488-MC, Rel. Min. Néri da Silveira, julgamento em 7-11-1996, 
Plenário, DJ de 26-111999.) 
 
Faz-se necessário expandir o conceito da aplicação da lei de 
interceptação telefônica, para os novos meios tecnológicos e culturais de 
acordo com o entendimento de Renato Brasileiro de Lima (2014, p. 140). Pode 
ser incluído os serviços ligados a telecomunicação que estão definidos no art. 
60, §1º da Lei 9.472/97: 
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Serviço de telecomunicações é o conjunto de atividades que 
possibilita a oferta de telecomunicação. 
§ 1° Telecomunicação é a transmissão, emissão ou recepção, por 
fio, radioeletricidade, meios ópticos ou qualquer outro processo 
eletromagnético, de símbolos, caracteres, sinais, escritos, 
imagens, sons ou informações de qualquer natureza. 
 
O STJ admite a aplicação da lei nos casos de intercepção de fluxos de 
comunicação telemática e informática: 
 
O Superior Tribunal de Justiça tem decidido no sentido de "ser 
legal, ex vi do art. 1º, parágrafo único, da Lei nº 9.296/96, a 
interceptação do fluxo de comunicações em sistema de 
informática e telemática, se for realizada em feito criminal e 
mediante autorização judicial, não havendo qualquer afronta ao 
art. 5º, XII, da CF" (STJ, RHC 25.268/DF, Rel. Ministro VASCO 
DELLA GIUSTINA (Desembargador Convocado do TJ/RS), SEXTA 
TURMA, DJe de 11/04/2012). HC 160662 / RJ Relator(a) Ministra 
ASSUSETE MAGALHÃES. Data do Julgamento 18/02/2014. 
 
Em outras hipóteses como a utilização da sala de bate-papo da internet, 
o tribunal entende que não é necessária autorização judicial e 
consequentemente não está abrangido pela Lei 9.296/96, pois, e ambiente 
virtual acessível ao público: 
A conversa realizada em "sala de bate papo" da internet, não está 
amparada pelo sigilo das comunicações, pois o ambiente virtual é 
de acesso irrestrito e destinado a conversas informais. RHC 
18116 / SP Relator(a) Ministro HÉLIO QUAGLIA BARBOSA Data do 
Julgamento 16/02/2006. 
 
 
 
 
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3. Ordem judicial: 
 
É necessária a submissão da diligência de interceptação telefônica e 
escuta telefônica a clausula de reserva jurisdicional, para que se tenha acesso 
lícito ao conteúdo das comunicações que são transmitidos em data presente. A 
Lei 9.296/96 reproduz esta regra no art. 1º, caput e posteriormente estabelece 
algumas regras no art. 3º quanto a possibilidade de decretação da medida: 
Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser 
determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento: 
I - da autoridade policial, na investigação criminal; 
II - do representante do Ministério Público, na investigação 
criminal e na instrução processual penal. 
 
 Em caso de descumprimento deste dispositivo poderá ocorrer crime 
previsto no art. 10º da Lei. 9.296/96 e a prova será considerada ilícita e 
consequentemente contaminará as demais provas que sejam provenientes 
dela. 
(QUESTÃO: OAB – FGV – 2014) O Delegado de Polícia, desconfiado de que 
Fabiano é o líder de uma quadrilha que realiza assaltos à mão armada na 
região, decide, com a sua equipe, realizar uma interceptação telefônica sem 
autorização judicial. Durante algumas semanas, escutaram diversas conversas, 
por meio das quais descobriram o local onde a res furtiva era armazenada para 
posterior revenda. Com essa informação, o Delegado de Polícia representou 
pela busca e apreensão a ser realizada na residência suspeita, sendo tal 
diligência autorizada pelo Juízo competente. Munidos do mandado de busca e 
apreensão, ingressam na residência encontrando diversos objetos fruto de 
roubo, como joias, celulares, documentos de identidade etc., tudo conforme 
indicou a interceptação telefônica. Assim, Fabiano foi conduzido à Delegacia, 
onde se registrou a ocorrência. 
Acerca do caso narrado, assinale a opção correta. 
a) A realização da busca e apreensão é admissível, tendo em vista que houve 
autorização prévia do juízo competente, existindo justa causa para 
ajuizamento da ação penal. 
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b) A realização da busca e apreensão é admissível, apesar da interceptação 
telefônica ter sido realizada sem autorização judicial, existindo justa causa 
para ajuizamento da ação penal. 
c) A realização da busca e apreensão não é admissível porque houve 
representação do Delegado de Polícia, não existindo justa causa para o 
ajuizamento da ação penal. 
d) A realização da busca e apreensão não é admissível, pois derivou de uma 
interceptação telefônica ilícita, aplicando- se a teoria dos frutos da árvore 
envenenada, não existindo justa causa para o ajuizamento da ação penal. 
 
Gabarito: d 
As provas ilícitas violam disposições de direito material ou princípios 
constitucionais penais, existe vedação legal quanto a sua utilização prevista no 
art. 5º, LVI da CF e art. 157 do CPP. Cabe ressaltar quede acordo com 
doutrina majoritária as provas ilegítimas violam normas de natureza 
processual, como é o caso apresentado na questão. 
Os produtos originados das provas ilícitas, denominadas provas ilícitas por 
derivação são proibidos, pois, advém de fonte originariamente ilegal, mesmo 
que posteriormente obtenham aparência de legalidade. Trata-se da aplicação 
da teoria norte-americana dos “frutos da árvore envenenada” (fruits of the 
poisonous tree). A sua tipificação encontra-se presente no art. 157, § 1º do 
CPP. 
A autoridade policial deveria ter representado pela interceptação telefônica nos 
termos do art. 5º XII, da CF e art. 1º da L. 9.296/96, ou seja, as informações 
produzidas através desta interceptação telefônica encontram-se contaminadas 
pela ilicitude do procedimento realizado pelo Delegado, portanto as 
alternativas “a e b” encontram-se equivocadas, mesmo que posteriormente o 
cumprimento de mandado de busca e apreensão possui determinação judicial, 
a ilicitude contaminou o procedimento na origem. 
O Delegado possui legitimidade para representar face a interceptação 
telefônica (art. 3º, I do CPP) e referente a busca e apreensão (art. 240 e ss do 
CPP), portanto, a alternativa “c” encontra-se errada. 
 
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(AGU - Advogado da União – 2015- CESPE). Ao receber uma denúncia 
anônima por telefone, a autoridade policial realizou diligências investigatórias 
prévias à instauração do inquérito policial com a finalidade de obter elementos 
que confirmassem a veracidade da informação. Confirmados os indícios da 
ocorrência de crime de extorsão, o inquérito foi instaurado, tendo o delegado 
requerido à companhia telefônica o envio de lista com o registro de ligações 
telefônicas efetuadas pelo suspeito para a vítima. Prosseguindo na 
investigação, o delegado, sem autorização judicial, determinou a instalação de 
grampo telefônico no telefone do suspeito, o que revelou, sem nenhuma 
dúvida, a materialidade e a autoria delitivas. O inquérito foi relatado, com o 
indiciamento do suspeito, e enviado ao MP. 
Nessa situação hipotética, considerando as normas relativas à investigação 
criminal, 
 a interceptação telefônica efetuada poderá ser convalidada se o suspeito, 
posteriormente, confessar espontaneamente o crime cometido e não impugnar 
a prova. 
 
Gabarito: ERRADO. 
A prova não perdeu seu caráter ilícito, pois, a interceptação foi realizada de 
forma ilícita sem autorização judicial, pois, se chegou no suspeito através 
desta medida, neste caso não tem como convalidar a prova, tornando a 
confissão espontânea prova ilícita por derivação. 
 
(Delegado PCCE – 2015. VUNESP - ADAPTADA) Assinale alternativa que 
contempla todas as hipóteses de decretação de interceptação telefônica (art. 
3º , Lei no 9.296/96). 
Pelo juiz, de ofício, ou a requerimento da autoridade policial, na investigação 
criminal; ou a requerimento do representante do Ministério Público, na 
investigação criminal e na instrução processual penal. 
 
Gabarito: CORRETA. 
 
 
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3.1.1. Teoria do juízo aparente 
 
Quanto a competência do juízo para autorizar a medida, deve ser 
utilizado como regra as normas relativas a competência previstas na 
Constituição Federal e no Código de Processo Penal, porém, nem sempre em 
um primeiro momento é possível prever qual será o juízo que fará o 
julgamento do processo. Aplica-se a teoria do juízo aparente a qual é 
corroborada pelo STJ: 
A sentença de pronúncia pode ser fundamentada em indícios de 
autoria surgidos, de forma fortuita, durante a investigação de 
outros crimes no decorrer de interceptação telefônica 
determinada por juiz diverso daquele competente para o 
julgamento da ação principal. STJ. 5ª Turma. REsp 1.355.432-
SP, Rel. Min. Jorge Mussi, Rel. para acórdão Min. Marco Aurélio 
Bellizze, julgado em 21/8/2014 (Info 546). 
 
A Corte Cidadã também já entendeu que não há nulidade da 
interceptação inicialmente admitida por juiz incompetente, que posteriormente 
leva a autoridade com prerrogativa de função, permitindo o posterior 
encaminhamento ao Tribunal Competente, pede-se vênia ao leitor para 
transcrição dos trechos do julgado do STJ com destaques nossos: 
 Durante interceptação telefônica deferida em primeiro grau de 
jurisdição, a captação fortuita de diálogos mantidos por autoridade 
com prerrogativa de foro não impõe, por si só, a remessa imediata dos 
autos ao Tribunal competente para processar e julgar a referida 
autoridade, sem que antes se avalie a idoneidade e a suficiência dos 
dados colhidos para se firmar o convencimento acerca do possível 
envolvimento do detentor de prerrogativa de foro com a prática de 
crime. 
 A simples captação de diálogos de quem detém foro especial com alguém 
que está sendo investigado por práticas ilícitas não pode conduzir, tão logo 
surjam conversas suspeitas, à conclusão de que a referida autoridade é 
participante da atividade criminosa investigada ou de outro delito qualquer, 
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sendo mister um mínimo de avaliação quanto à idoneidade e à 
suficiência de dados para desencadear o procedimento esperado da 
autoridade judiciária responsável pela investigação. 
 Isso se justifica pela própria natureza da interceptação telefônica, 
que, ao monitorar diretamente a comunicação verbal entre pessoas, 
necessariamente acaba por envolver terceiros, em regra não 
investigados, no campo de sua abrangência. E, somente com a 
continuidade por determinado período das interceptações, afigura-se 
concreta a possibilidade de serem alcançados resultados mais 
concludentes sobre o conteúdo das conversas interceptadas. 
A remessa imediata de toda e qualquer investigação em que noticiada 
a possível prática delitiva de detentor de prerrogativa de foro ao órgão 
jurisdicional competente: 
a) Pode implicar prejuízo à investigação de fatos de particular e 
notório interesse público, 
b) Representar sobrecarga acentuada aos tribunais. 
 Até mesmo quando há desrespeito aos prazos procedimentais em 
processos envolvendo réus presos, é consolidado o entendimento 
jurisprudencial no sentido de não ser reconhecido o constrangimento 
ilegal, ante critérios de razoabilidade, sobretudo quando se cuida de 
processos ou investigações com particular complexidade, envolvendo 
vários réus ou investigados. A lei não estabelece prazo peremptório 
para o envio dos elementos de prova obtidos por meio da 
interceptação telefônica. STJ- HC 307.152-GO, Rel. Min. Sebastião Reis 
Júnior, Rel. para acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 
19/11/2015, DJe 15/12/2015. 
Em situação semelhante e de repercussão Nacional o STF decidiu no 
seguinte sentido, com destaques nossos: 
É certo que eventual encontro de indícios de envolvimento de 
autoridade detentora de foro especial durante atos instrutórios subsequentes, 
por si só, não resulta em violação de competência desta Suprema 
Corte, já que apurados sob o crivo de autoridade judiciária que até 
então, por decisão da Corte, não violava competência de foro superior. 
http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=HC307152
COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA 
 
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Embora a interceptação telefônica tenha sido aparentemente voltada 
a pessoas que não ostentavam prerrogativa de foro por função, o 
conteúdo das conversas – cujo sigilo, ao que consta, foi levantado 
incontinenti, sem nenhuma das cautelasexigidas em lei – passou por 
análise que evidentemente não competia ao juízo reclamado: 
Enfatiza-se que, segundo reiterada jurisprudência desta Corte, cabe 
apenas ao Supremo Tribunal Federal, e não a qualquer outro juízo, decidir 
sobre a cisão de investigações envolvendo autoridade com 
prerrogativa de foro na Corte, promovendo, ele próprio, deliberação a 
respeito do cabimento e dos contornos do referido desmembramento. 
No caso em exame, não tendo havido prévia decisão desta Corte sobre 
a cisão ou não da investigação ou da ação relativamente aos fatos indicados, 
envolvendo autoridades com prerrogativa de foro no Supremo Tribunal 
Federal, fica delineada, nesse juízo de cognição sumária, quando menos, a 
concreta probabilidade de violação da competência prevista no art. 102, I, b, 
da Constituição da República. (MEDIDA CAUTELAR NA RECLAMAÇÃO 23.457 
PARANÁ RELATOR : MIN. TEORI ZAVASCKI. Brasília, 22 de março de 2016). 
QUESTÃO: DELEGADO PCPE – 2016. (ADAPTADA) 
De acordo com a doutrina majoritária e com o entendimento dos tribunais 
superiores, assinale a opção correta relativamente à prova no processo penal. 
É nula a prova colhida em interceptação telefônica deferida por juiz estadual 
no curso de investigação criminal que, a posteriori, venha a se declarar 
incompetente por entender que a causa deverá ser processada e julgada no 
âmbito federal. 
 
Errada. Vide STJ- REsp 1.355.432-SP citado no inicio deste título. 
Eventualmente pode pairar algumas dúvidas quanto à inciativa para a 
decretação da interceptação telefônica, para isto é necessário a atuação de 
quem? A resposta será apresentada a seguir. 
 
 
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3.2. Juiz de ofício. 
 
 Apesar da previsão literal do artigo 3º permitir a decretação de 
ofício pelo Juiz, esta hipótese e criticada por parte da doutrina, Fábio Roque, 
Nestor Távora e Rosmar Alencar (2016, p. 433-434) afirmam que há violação 
do principio acusatório vigente no sistema processual penal brasileiro: “Não faz 
sentido permitir-se ao julgador a decretação da interceptação telefônica de 
ofício na fase pré-processual”. 
 Em 2005 houve ajuizamento de ADI para que fosse considerada em 
partes inconstitucional a iniciativa do juiz para a decretação da medida de 
ofício, seguem as informações extraídas do sitio oficial do STF2: 
Fonteles pede que se exclua a possibilidade de o juiz, na fase de 
investigação criminal, determinar de ofício a interceptação de 
comunicações telefônicas sem que seja feito o requerimento da 
autoridade policial ou do membro do Ministério Público. Ele 
entende que o juiz só poderia decretar a interceptação de ofício 
no curso do processo. 
Para o procurador-geral, a iniciativa do juiz durante o inquérito 
policial ofende o devido processo legal, pois compromete a 
imparcialidade do magistrado. Além disso, usurpa a atribuição 
investigatória do Ministério Público e das Polícias Civis e Federal. 
 
3.3 Ministério Público e Autoridade Policial. 
 
 Ambos podem requerer a medida nos termos do art. 3º, I e II da L. 
9.296/96. Cabe ressaltar que apesar da redação legal, a terminologia a ser 
utilizada para a autoridade policial deveria ser: “representar”. 
Autoridade policial Ministério Público 
Investigação criminal Investigação criminal e processo 
 De forma excepcional já foi autorizado a Polícia Rodoviária Federal ( STJ- 
HC 45630 / RJ Relator(a) Ministro FELIX FISCHER (1109) Data do Julgamento 
 
 
2 http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=64514 
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16/02/2006), bem como a Polícia Militar, já fora admitido o acompanhamento 
das diligências pelos órgãos desde que o requerimento tivesse emanado do 
Ministério Público e para situações excepcionais como decidiu o STF: 
3. Interceptação telefônica realizada pela Polícia Militar. Nulidade. 
Não ocorrência. 4. Medida executada nos termos da Lei 9.296/96 
(requerimento do Ministério Público e deferimento pelo Juízo 
competente). Excepcionalidade do caso: suspeita de 
envolvimento de autoridades policiais da delegacia local. HC 
96986 / MG. Relator(a): Min. GILMAR MENDES Julgamento: 
15/05/2012 
 
 O STJ possui precedentes admitindo a participação da PM nas diligências 
de interceptação telefônica. 
Os Tribunais Superiores firmaram entendimento no sentido de 
que não se pode interpretar de maneira restrita o artigo 6º da Lei 
9.296/1996, de modo que se admite que agentes da Polícia 
Militar acompanhem a interceptação telefônica, procedimento que 
não pode ser acoimado de ilegal, sob pena de se inviabilizar a 
efetivação da medida. (STJ - RHC 53432 / RJ Relator(a) Ministro 
JORGE MUSSI Data do Julgamento 16/12/2014). 
 
3.4 Querelante e vítima. 
 
 A lei não trata especificamente o tema, porém, Renato Brasileiro de Lima 
(2014, p. 158-159) apresenta solução doutrinária para o impasse: 
Por analogia, na ação penal de iniciativa privada, deve-se 
conferir ao querelante legitimidade para requerer a 
interceptação. Nos crimes de ação penal pública, a lei não 
confere legitimidade à vítima para requerer a 
interceptação telefônica, independentemente de ela ter-se 
habilitado (ou não) como assistente no processo. Se a vítima não 
tem legitimidade para requerê-la, queremos crer, porém, que 
pode sugerir à autoridade policial ou ao órgão do Ministério 
Público que requeiram a diligência. 
 
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3.5 Réu/investigado. 
 
 De acordo com Paulo Rangel (2014, p. 487), o investigado não possui 
legitimidade legal para requerer a interceptação telefônica. Porém, se a fizer 
de forma ilícita para salvaguardar sua liberdade de locomoção, estaria ele em 
estado de necessidade, pois a necessidade de salvar o interesse maior 
(liberdade de locomoção), sacrificando o menor (sigilo das comunicações 
telefônicas) em uma situação não provocada de conflito extremo, justifica a 
conduta do réu. 
 
4. Forma que a lei estabelecer. 
 
Com a edição da Lei n° 9.296/96 foram estabelecidos os parâmetros de 
aplicação da lei. Vide a redação do art. 1º: “A interceptação de comunicações 
telefônicas, de qualquer natureza, para prova em investigação criminal e em 
instrução processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá de 
ordem do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça”. 
O artigo 2º da respectiva lei estabelece parâmetros objetivos para 
que o diploma seja utilizado: 
Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações 
telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses: 
I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em 
infração penal; 
II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; 
III - o fato investigado constituir infração penal punida, no 
máximo, com pena de detenção. 
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com 
clareza a situação objeto da investigação, inclusive com a 
indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade 
manifesta, devidamente justificada. 
 
QUESTÃO - Delegado de Polícia - Concurso: PCMG - Ano: 2008 - Banca: 
ACADEPOL - Disciplina: Direito Processual Penal: A Lei n. 9.296, de 
COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA 
 
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24/07/1996, que regulamentou o inciso XII do art. 5º da Constituição Federal, 
estabeleceu os critérios relativos à interceptação telefônica, dispondo sobre 
sua permissão e vedação quando utilizada como prova de investigação 
criminal.Assim sendo, de que forma e em que circunstâncias são ou não 
permitidas provas obtidas por esse meio? 
 
4.1 Indícios razoáveis de autoria ou participação. 
 
 É o requisito que se refere ao fummus comissi delicti, relacionado 
diretamente a eventual sujeito ativo do crime. Cabe ressaltar que é necessário 
ao menos indícios de autoria, elemento de informação que não possui a 
robustez para uma condenação criminal de forma isolada. 
 A lei não exige: 
 prova definitiva quanto à autoria ou participação; 
 a identificação do investigado. 
 Interessante é a observação apontada por Fábio Roque, Nestor Távora e 
Rosmar Alencar (2016, p. 429): “A interceptação recai sobre o interlocutor, 
isto é, o usuário da linha, e não, necessariamente, seu titular”. Nem sempre é 
possível identificar o usuário, pois, este pode utilizar linha telefônica registrada 
no nome de terceiros, portanto, a redação do paragrafo único do artigo 2º 
permite a utilização da diligência sem a obrigatoriedade da identificação do 
usuário. 
 
 
4.2. Indisponibilidade de outro meio de prova. 
 
 Não é possível determinar a interceptação telefônica sem a tentativa de 
outras formas de buscar o arcabouço probatório que sejam menos invasivas a 
intimidade do investigado, no requerimento para a diligência devem ser 
apresentadas estas medidas, é o entendimento do STJ: 
A quebra do sigilo telefônico não foi a primeira medida 
efetivada pela autoridade policial. Pelo contrário, tal 
providência teve suporte em elementos já colhidos e que 
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demonstravam que as investigações em curso levantaram indícios 
da prática criminosa e apontavam para a imprescindibilidade do 
deferimento da medida excepcional, segundo o disposto no art. 
2º da Lei n. 9.296/1996. HC 132788 / RJ. Relator(a) Ministro 
SEBASTIÃO REIS JÚNIOR Data do Julgamento 19/11/2012. 
 
Deve-se observar ainda o respectivo lapso temporal, pois, a 
interceptação telefônica é considerada prova cautelar: 
 Existe risco de desaparecimento do objeto da prova em razão do decurso 
do tempo, se não for produzida naquele momento não haverá outra 
oportunidade idêntica, está sujeita a cláusula rebus sic standibus. 
 Necessita de autorização judicial de forma prévia; 
 Refere-se a evento futuro e incerto. 
 O contraditório é diferido, o investigado só tomará conhecimento da 
prova após o encerramento da diligência. (inaudita altera pars). 
 Entretanto, a diligência de interceptação telefônica é meio de obtenção 
de prova (recursos diretos ou indiretos utilizados para alcançar a verdade dos 
fatos, possui o objetivo de encontrar elementos materiais de prova ou fontes 
de prova) e não fonte de prova (pessoas ou coisas das quais emanam a 
prova. Ex: transcrição da interceptação telefônica). 
 Sobre a necessidade da realização da diligência é necessário observar o 
art. 4º da Lei 9.296/96, que dispõe: 
Art. 4° O pedido de interceptação de comunicação telefônica 
conterá a demonstração de que a sua realização é necessária à 
apuração de infração penal, com indicação dos meios a serem 
empregados. 
§ 1° Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja 
formulado verbalmente, desde que estejam presentes os 
pressupostos que autorizem a interceptação, caso em que a 
concessão será condicionada à sua redução a termo. 
§ 2° O juiz, no prazo máximo de vinte e quatro horas, decidirá 
sobre o pedido. 
 
COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA 
 
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 A regra é o pedido escrito de interceptação telefônica, no entanto, 
este poderá ser excepcionalmente realizado de forma verbal e a 
concessão será escrita - reduzida a termo, o juiz tem o prazo máximo 
de 24 horas para decidir sobre o pedido. 
 
 
4.3 Fins de investigação criminal ou instrução processual penal. 
 
A Constituição permite apenas a interceptação telefônica para fins 
criminais, mesmo que anteriormente a instauração do inquérito policial e 
durante a instrução processual, independentemente da modalidade da inciativa 
da ação penal, seja pública ou privada. 
Cabe ressaltar que os crimes devem ser punidos ao menos com pena de 
reclusão é o que estabelece a leitura do art. 5º, XII da CF em conjunto com o 
art. 2, III da Lei. 9.296/96. 
Em regra, não pode ser utilizado à interceptação telefônica para: 
 Contravenções penais; 
 Crimes punidos com pena de detenção ou isoladamente com 
multa; 
 Crimes de Responsabilidade; 
 Atos de Improbidade administrativa; 
 Infrações de tributárias, que dependem do encerramento do 
procedimento administrativo para a configuração do crime; 
 Infrações de outras naturezas (civil, administrativa, tributária, 
trabalhista e etc...) 
 Porém, eventualmente podem ser encontrados fortuitamente elementos 
informativos ou provas de outras infrações que estavam ligadas a diligência de 
interceptação realizada. 
 
Questões: 
1)Analista do MPE/RJ Ano: 2016 Banca: FGV) 
Carlos é investigado pela prática do crime de homicídio culposo na direção de 
veículo automotor (art. 302, CTB – pena: detenção, de 2 a 4 anos, e 
COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA 
 
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suspensão ou proibição de se obter a permissão ou habilitação para dirigir 
veículo automotor). No curso das investigações, o Ministério Público encontra 
dificuldades na obtenção da justa causa, mas constam informações de que 
Carlos conversa e ri dos fatos com amigos ao telefone, admitindo o crime. 
Diante disso, o delegado representa pela interceptação de comunicações 
telefônicas. Sobre os fatos narrados, é correto afirmar que a interceptação: 
a) não deverá ser decretada, pois ainda na fase de inquérito policial; 
b) poderá ser decretada, mas não poderá ultrapassar o prazo de 30 dias, 
prorrogável por igual período; 
c) não deverá ser decretada em razão da pena prevista ao delito investigado; 
d) poderá ser decretada e a divulgação de seu conteúdo sem autorização 
judicial configura crime; 
e) poderá ser decretada, sendo que o conteúdo interceptado deverá ser, 
necessariamente, integralmente transcrito. 
 
2) (OAB – FGV- 2015) 
Determinada autoridade policial recebeu informações de vizinhos de Lucas 
dando conta de que ele possuía arma de fogo calibre .38 em sua casa, razão 
pela qual resolveu indiciá-lo pela prática de crime de posse de arma de fogo de 
uso permitido, infração de médio potencial ofensivo, punida com pena de 
detenção de 01 a 03 anos e multa. No curso das investigações, requereu ao 
Judiciário interceptação telefônica da linha do aparelho celular de Lucas para 
melhor investigar a prática do crime mencionado, tendo sido o pedido deferido. 
De acordo com a situação narrada, a prova oriunda da interceptação deve ser 
considerada 
a) ilícita, pois somente o Ministério Público tem legitimidade para representar 
pela medida. 
b) válida, desde que tenha sido deferida por ordem do juiz competente para 
ação principal. 
c) ilícita, pois o crime investigado é punido com detenção. 
d) ilícita, assim como as dela derivadas, ainda que estas pudessem ser obtidas 
por fonte independente da primeira. 
 
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Gabarito: 
1)c. A pena do Crime a ser investigado é de detenção, o que não é permitido 
pelo art. 2º da Lei. 9.296/96. 
2) c. No caso em apreço verifica-se que não era possível ter realizado a 
interceptação telefônica, pois, o crime deve ter como requisito a pena em 
abstrato de reclusão, não sendo admitida interceptação telefônica para crimes 
apenados com detenção, tornandoa prova ilícita. O MP não é o único 
legitimado para representar pela medida, a autoridade policial também tem 
esta legitimidade. Existem exceções das provas ilícitas previstas no art. 157, 
§§ 1º e 2º do CPP, verifica-se que se as provas fosse produzidas por fonte 
independente poderia plenamente ser utilizadas. Em respeito ao art. 2º,III da 
L. 9.296/96 a alternativa correta é a letra “c”. 
 
 
4.3.1 Serendipidade. 
 
 O encontro fortuito de provas relativas a fato delituoso diverso daquele 
que era inicialmente objeto de investigações, ocorre quando no cumprimento 
de uma diligência encontra-se casualmente provas ou elementos informativos 
relacionados a outra infração que não estavam no desdobramento previsto da 
investigação originária. A respeito da teoria leciona Távora e Alencar (2014, p. 
518 e 519), que durante a investigação a polícia pode se deparar com: 
a) descoberta de prova relativa a outro crime, conexo ou continente com o 
objeto das investigações; 
b) constatação de provas ou fontes alusivas a crime diverso do objeto da 
investigação sem conexão e continência; 
c) revelação de coautores e/ou participantes (com ou sem prerrogativa de 
função) que ainda não eram investigados. 
 
 Desdobra-se em duas espécies: 
 Os Tribunais permitem a utilização da interceptação telefônica em 
algumas exceções não previstas na Lei, através da mitigação. 
COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA 
 
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 Eventualmente se houver a conexão probatória com outras infrações 
penais, punidas com pena de detenção ou prisão simples esses elementos 
descobertos poderão ser utilizadas é o que já decidiu o STJ: 
2. Considerando a existência de conexão entre os crimes 
puníveis com detenção e reclusão, não há falar-se em 
nulidade da interceptação telefônica. (HC 173080 / RS Relator(a) 
Ministro NEFI CORDEIRO Data do Julgamento 27/10/2015) 
 
1. Se a autoridade policial, em decorrência de interceptações 
telefônicas legalmente autorizadas, tem notícia do cometimento 
de novos ilícitos por parte daqueles cujas conversas foram 
monitoradas ou mesmo de terceiros, é sua obrigação e dever 
funcional apurá-los, ainda que não possuam liame algum com os 
delitos cuja suspeita originariamente ensejou a quebra do sigilo 
telefônico. Doutrina. Precedentes. 
2. Tal entendimento é aplicável ainda que as infrações 
descobertas fortuitamente sejam punidas com detenção, 
pois o que a Lei 9.296/1996 veda é o deferimento da quebra do 
sigilo telefônico para apurar delito que não seja apenado com 
reclusão, não proibindo, todavia, que o referido meio de prova 
seja utilizado quando há, durante a implementação da 
medida, a descoberta fortuita de eventuais ilícitos que não 
atendem a tal requisito. Precedentes do STJ e do STF. 
3. No caso dos autos, em processo em que se apura a prática de 
crimes apenados com reclusão, foi deferida a interceptação 
telefônica dos investigados, prova cujo compartilhamento foi 
autorizado pela magistrada singular e que resultou na deflagração 
de ação penal contra o ora recorrente pelo suposto cometimento 
de ilícito punido com detenção, o que revela a legitimidade dos 
elementos de convicção que deram ensejo à persecução penal em 
apreço. STJ- RHC 56744 / RS Relator(a) Ministro LEOPOLDO DE 
ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE) 
Data do Julgamento 02/06/2015. 
 
COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA 
 
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 De forma excepcional o STJ já decidiu que é desnecessário em alguns 
casos que exista a conexão entre as infrações penais, com a apresentação dos 
seguintes argumentos (destaque e separação nossa): 
(...)havendo o encontro fortuito de notícia da prática futura de 
conduta delituosa, durante a realização de interceptação 
telefônica devidamente autorizada pela autoridade competente 
não se deve exigir a demonstração da conexão entre o fato 
investigado e aquele descoberto: 
 a uma, porque a própria Lei nº 9.296/96 não a exige; 
 a duas, pois o Estado não pode se quedar inerte diante 
da ciência de que um crime que vai ser praticado; e 
 a três, tendo em vista que se por um lado o Estado, por seus 
órgãos investigatórios, violou a intimidade de alguém, o fez 
com respaldo constitucional e legal, motivo pelo qual a prova 
se consolidou lícita" 
(HC 69.552/PR, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, 
julgado em 06/02/2007,DJ 14/05/2007, p. 347) AgRg no AREsp 
233305 / RS Relator(a) Ministro JORGE MUSSI Data do 
Julgamento 25/06/2013. 
 
 Eventualmente, se for deferida a interceptação telefônica em um Estado 
da Federação, e através da diligência for descoberto infrações penais em 
outros Estados, estes elementos poderão ser informados ao estado 
interessado, foi o que decidiu o STF: “Os dados alusivos a interceptação 
telefônica verificada em outra unidade da Federação, ante ordem judicial, 
para elucidar certa prática delituosa, podem ser aproveitados em 
persecução criminal diversa”. HC 128102 / SP Relator(a): Min. MARCO 
AURÉLIO Julgamento: 09/12/2015. 
 Quanto a possibilidade da utilização do resultado da interceptação em 
procedimento administrativo já foi decidido favoravelmente sobre a 
possibilidade da diligência: 
A Primeira Turma, em conclusão de julgamento e por maioria, 
deu provimento a agravo regimental em que se discutia a 
possibilidade de compartilhar provas colhidas em sede de 
investigação criminal com inquérito civil público, bem 
COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA 
 
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como outras ações decorrentes dos dados resultantes do 
afastamento do sigilo financeiro e fiscal e dos alusivos à 
interceptação telefônica — v. Informativos 780 e 803. O 
Colegiado, ao assentar a viabilidade do compartilhamento de 
provas, reiterou o que decidido no Inq 2.424 QO-QO/RJ (DJe de 
24.8.2007) e na Pet 3.683 QO/MG (DJe de 20.2.2009), no sentido 
de que “dados obtidos em interceptação de comunicações 
telefônicas e em escutas ambientais, judicialmente autorizadas 
para produção de prova em investigação criminal ou em instrução 
processual penal, podem ser usados em procedimento 
administrativo disciplinar, contra a mesma ou as mesmas 
pessoas em relação às quais foram colhidos, ou contra 
outros servidores cujos supostos ilícitos teriam 
despontado à colheita dessa prova”. (trecho) (STF - Inq 3305 
AgR/RS, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto 
Barroso, 23.2.2016. (Info 815)) 
 
 Por outro lado, o procedimento de extradição não permite a 
Interceptação telefônica: 
A natureza do processo extradicional não comporta a diligência 
de interceptação telefônica. É que a providência por ela 
pretendida em sede de extradição (interceptação telefônica, que 
constitui fonte de prova penal) não se destina a viabilizar 
investigação criminal nem a instruir processo penal de 
condenação instaurados no Brasil (Ext 1021/República Francesa, 
Informativo STF 458, transcrições). 
 
QUESTÃO: (Delegado - Concurso: PCGO - Ano: 2013 - Banca: UEG - 
Disciplina: Direito Processual Penal) A interceptação das comunicações 
telefônicas é técnica especial de investigação sigilosa, marcada pelo 
contraditório diferido, tendo inegável conteúdo cautelar. Assim, explique, 
analisando a valoração das provas, em que consiste, em relação às 
interceptações telefônicas, a serendipidade de primeiro e segundo graus. 
 
 
http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=3305&classe=Inq&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M
http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=3305&classe=Inq&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M
http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=3305&classe=Inq&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=MCOLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA 
 
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5. Segredo de Justiça. 
 
 A diligência deverá ser realizada sobre segredo de justiça de acordo com 
o art. 8º da Lei 9.296/96: “A interceptação de comunicação telefônica, de 
qualquer natureza, ocorrerá em autos apartados, apensados aos autos do 
inquérito policial ou do processo criminal, preservando-se o sigilo das 
diligências, gravações e transcrições respectivas”. 
 Quem conduz a diligência é a autoridade policial encarregada da 
investigação sob segredo de justiça, porém, esse segredo não é aplicado ao 
juiz que deferiu a medida e nem ao membro do Ministério Público que deverá 
estar ciente do andamento da diligência, nos termos do artigo 6º do mesmo 
diploma legal: 
Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os 
procedimentos de interceptação, dando ciência ao Ministério 
Público, que poderá acompanhar a sua realização. (...) 
§ 2° Cumprida a diligência, a autoridade policial encaminhará o 
resultado da interceptação ao juiz, acompanhado de auto 
circunstanciado, que deverá conter o resumo das operações 
realizadas. 
§ 3° Recebidos esses elementos, o juiz determinará a providência 
do art. 8° , ciente o Ministério Público. 
 
 E quanto ao acesso das informações pelo investigado e a defesa? 
 Durante o andamento dessas o investigado e a defesa não poderão ter 
acesso as diligências, pois, o resultado desta ficaria frustrado. Vide a Súmula 
Vinculante n. 14: “É direito do defensor, no interesse do representado, ter 
acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento 
investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam 
respeito ao exercício do direito de defesa”. 
 O artigo 7º do Estatuto da OAB (Lei 8.906/96) sofreu alterações pela Lei 
13.245, de 2016, delineando o acesso do advogado as diligências que 
estejam sob segredo de justiça e o acesso dos respectivos autos: 
XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir 
investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de 
COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA 
 
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investigações de qualquer natureza, findos ou em 
andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo 
copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou 
digital; 
§ 10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado 
apresentar procuração para o exercício dos direitos de que 
trata o inciso XIV. 
§ 11. No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente 
poderá delimitar o acesso do advogado aos elementos de 
prova relacionados a diligências em andamento e ainda 
não documentados nos autos, quando houver risco de 
comprometimento da eficiência, da eficácia ou da 
finalidade das diligências. 
§ 12. A inobservância aos direitos estabelecidos no inciso XIV, o 
fornecimento incompleto de autos ou o fornecimento de 
autos em que houve a retirada de peças já incluídas no 
caderno investigativo implicará responsabilização criminal 
e funcional por abuso de autoridade do responsável que 
impedir o acesso do advogado com o intuito de prejudicar 
o exercício da defesa, sem prejuízo do direito subjetivo do 
advogado de requerer acesso aos autos ao juiz competente. 
 
Pergunta: A transcrição da gravação do áudio obtida pela 
interceptação telefônica é obrigatória? 
A resposta é dada pela redação do §1º do art. 6º da Lei 9.296/96: “Art. 
6º, § 1° No caso de a diligência possibilitar a gravação da comunicação 
interceptada, será determinada a sua transcrição”. 
Pela redação literal percebe-se que a transcrição é obrigatória 
quando for possível a gravação. Se for possível ela deve ser integral? 
Se o conteúdo total for disponibilizado para a defesa, só é necessário a 
degravação dos trechos que subsidiam a exordial e condenação. Foi o que já 
decidiu o STF: 
2. Não se vislumbra nenhuma irregularidade ou nulidade 
das transcrições realizadas nos autos do inquérito policial, 
capazes de comprometer o acervo probatório e a 
COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA 
 
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condenação do paciente. Consta que todos os diálogos 
captados por meio das escutas telefônicas autorizadas 
judicialmente foram disponibilizados nos autos da ação 
penal, mesmo antes do oferecimento da denúncia, de modo que 
a defesa poderia ter solicitado a transcrição de tudo ou da parte 
que entendesse necessário, o que não foi providenciado por 
nenhum dos causídicos. STF- HC 109708 / SP - Relator(a): Min. 
TEORI ZAVASCKI Julgamento: 23/06/2015. 
 
1. O conteúdo dos autos, incluídos aí todas as decisões e os 
áudios das interceptações telefônicas utilizadas pela 
acusação, foi disponibilizado para a defesa, o que basta 
para que sejam garantidos o contraditório e a ampla 
defesa. Eventuais irregularidades no processo de cópia das peças 
podem ser facilmente sanadas com mero pedido do interessado. 
2. À luz dos precedentes do STF, o art. 6º, § 1º, da Lei 
9.296/1996 deve ser interpretado no sentido de que a 
transcrição integral é somente de tudo aquilo que seja 
relevante para esclarecer os fatos da causa penal (Inq 
2.424, DJe de 26/3/2010). Não há notícia de que a defesa tenha 
solicitado a juntada de transcrição de algum trecho específico ou 
de que lhe fora negado amplo acesso ao conteúdo integral das 
interceptações realizadas. STF- Inq 4022 / AP - AMAPÁ 
Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI Julgamento: 08/09/2015 
 
As informações que não forem interessantes para o procedimento 
devem ser inutilizadas por decisão judicial através de requerimento da parte, é 
a redação do art. 9º da Lei. 9.296/96: 
Art. 9° A gravação que não interessar à prova será inutilizada por 
decisão judicial, durante o inquérito, a instrução processual ou 
após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público ou 
da parte interessada. 
Parágrafo único. O incidente de inutilização será assistido pelo 
Ministério Público, sendo facultada a presença do acusado ou de 
seu representante legal. 
COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA 
 
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(QUESTÃO Escrivão de Polícia Civil - CE Ano: 2015 VUNESP) Segundo o 
disposto na Lei no 9.296/96 (Interceptação Telefônica), a gravação dos áudios 
decorrente da interceptação telefônica que não interessar à prova será 
inutilizada por decisão judicial 
a) somente durante a execução da pena imposta na condenação ou após o 
trânsito em julgado da decisão que absolveu o acusado. 
b) após a instrução processual independentemente de requerimento do 
Ministério Público ou da parte interessada. 
c) durante o inquérito, a instrução processual ou após esta, em virtude de 
requerimento do Ministério Público ou da parte interessada. 
d) somente após a instrução processual, em virtude de requerimento do 
Ministério Público ou da parte interessada. 
e) somente durante a instrução processual ou após esta, em virtude de 
requerimento do Ministério Público ou da parte interessada. 
 
Gabarito: c 
Recentemente em emblemático caso envolvendo diversas autoridades 
conhecidas no cenário Nacional, alguns trechos de áudio que foram gravados 
ilicitamente através de interceptação telefônica se tornaram de conhecimento 
público, violando a garantia fundamental ao sigilo, sobre o episódio decidiu o 
STF: 
Em segundo lugar, porque a divulgação pública das 
conversações telefônicas interceptadas, nas circunstâncias 
em que ocorreu, comprometeu o direito fundamental à 
garantia de sigilo, que tem assento constitucional. O art. 5º, 
XII, da Constituição somente permite a interceptação de 
conversações telefônicas em situações excepcionais,“por ordem 
judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins 
de investigação criminal ou instrução processual penal”. Há, 
portanto, quanto a essa garantia, o que a jurisprudência do STF 
denomina reserva legal qualificada. A lei de regência (Lei 
9.269/1996), além de vedar expressamente a divulgação de 
qualquer conversação interceptada (art. 8º), determina a 
inutilização das gravações que não interessem à investigação 
COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA 
 
www.portaljurisprudencia.com.br 37 
criminal (art. 9º). Não há como conceber, portanto, a 
divulgação pública das conversações do modo como se 
operou, especialmente daquelas que sequer têm relação 
com o objeto da investigação criminal. Contra essa 
ordenação expressa, que – repita-se, tem fundamento de 
validade constitucional – é descabida a invocação do interesse 
público da divulgação ou a condição de pessoas públicas dos 
interlocutores atingidos, como se essas autoridades, ou seus 
interlocutores, estivessem plenamente desprotegidas em sua 
intimidade e privacidade. 
Cumpre enfatizar que não se adianta aqui qualquer juízo sobre a 
legitimidade ou não da interceptação telefônica em si mesma, 
tema que não está em causa. O que se infirma é a divulgação 
pública das conversas interceptadas da forma como ocorreu, 
imediata, sem levar em consideração que a prova sequer fora 
apropriada à sua única finalidade constitucional legítima (“para 
fins de investigação criminal ou instrução processual penal”), 
muito menos submetida a um contraditório mínimo. A esta altura, 
há de se reconhecer, são irreversíveis os efeitos práticos 
decorrentes da indevida divulgação das conversações 
telefônicas interceptadas. Ainda assim, cabe deferir o pedido 
no sentido de sustar imediatamente os efeitos futuros que ainda 
possam dela decorrer e, com isso, evitar ou minimizar os 
potencialmente nefastos efeitos jurídicos da divulgação, seja no 
que diz respeito ao comprometimento da validade da prova 
colhida, seja até mesmo quanto a eventuais consequências no 
plano da responsabilidade civil, disciplinar ou criminal. (MEDIDA 
CAUTELAR NA RECLAMAÇÃO 23.457 PARANÁ RELATOR : MIN. 
TEORI ZAVASCKI. Brasília, 22 de março de 2016). 
 
 As informações transmitidas por meios telemáticos ou de informática 
também recebem proteção legal quanto ao sigilo: 
Lei 9.472/97: 
Art. 3º. O usuário de serviços de telecomunicações tem direito: 
V - à inviolabilidade e ao segredo de sua comunicação, salvo nas 
hipóteses e condições constitucional e legalmente previstas"; 
COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA 
 
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Lei 12.965/14: 
Art. 7º. O acesso à internet é essencial ao exercício da cidadania, 
e ao usuário são assegurados os seguintes direitos: 
I - inviolabilidade da intimidade e da vida privada, sua proteção e 
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua 
violação; 
II - inviolabilidade e sigilo do fluxo de suas comunicações pela 
internet, salvo por ordem judicial, na forma da lei; 
III - inviolabilidade e sigilo de suas comunicações privadas 
armazenadas, salvo por ordem judicial"; 
 
 
6. Duração da interceptação telefônica 
 
 Pergunta: Qual é o prazo para a duração da interceptação telefônica? 
A resposta encontra-se no art. 5º da Lei 9.296/96: “Art. 5° A decisão será 
fundamentada, sob pena de nulidade, indicando também a forma de execução 
da diligência, que não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por 
igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova”. 
 Se for necessário, quantas vezes este prazo pode ser renovado? 
Atualmente prevalece que pode ser renovado sucessivamente de acordo 
com a necessidade do caso concreto. É a orientação jurisprudencial 
apresentada pelo STJ: 
1. Este Superior Tribunal de Justiça tem o entendimento de que 
não há óbice legal ao prosseguimento das investigações por meio 
da interceptação telefônica, se as provas que dela decorrem 
forem reconhecidamente imprescindíveis ao deslinde da causa e 
ao indiciamento do maior número de envolvidos na prática 
delitiva. 
2. "Segundo jurisprudência pacífica do Superior Tribunal de 
Justiça e do Supremo Tribunal Federal, o disposto no art. 5º da 
Lei n. 9.296/1996 não limita a prorrogação da interceptação 
telefônica a um único período, podendo haver sucessivas 
renovações, desde que devidamente fundamentadas. (HC 
COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA 
 
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121.212/RJ, Rel. Min. SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, DJe 
05/03/2012). AgRg no AREsp 188197 / SP Relator(a) Ministro 
JORGE MUSSI Data do Julgamento 25/03/2014. 
 E qual é o termo inicial para o inicio da contagem do tempo? Novamente 
o STJ responde esta indagação através do seguinte julgado: 
Consoante jurisprudência consolidada nesta Superior Instância, o 
prazo de 15 dias autorizado para a interceptação telefônica 
inicia-se com a efetivação da medida, tendo por parâmetro 
de contagem o art. 10 do Código Penal por envolver a 
restrição de uma garantia constitucional. Verificando-se a 
existência de captação de áudio fora do período autorizado, por 
certo que nula é a prova colhida, devendo ser extraída dos autos 
da ação penal. STJ- RHC 63005 / DF Relator(a) Ministra MARIA 
THEREZA DE ASSIS MOURA. Data do Julgamento 15/12/2015. 
 
Questões: 
1) Juiz Substituto/ MS – 2015. VUNESP. 
Com relação ao pedido de interceptação telefônica, disciplinado pela Lei no 
9.296/96, assinale a alternativa correta. 
a) Poderá ser formulado verbalmente, desde que presentes os pressupostos 
autorizadores e demonstrada a excepcionalidade da situação, caso em que a 
concessão será reduzida a termo. 
b) Na investigação criminal, será formulado ao representante do Ministério 
Público, e na instrução processual penal, ao juiz, com prazo de 24 horas para 
decisão. 
c) Deferido o pedido, o juiz conduzirá os procedimentos de interceptação, 
dando ciência ao Ministério Público, que poderá acompanhar a sua realização. 
d) Conterá prova de materialidade e indícios de autoria ou participação em 
crime apenado com detenção ou reclusão, além de demonstração da 
indispensabilidade do meio de prova. 
e) Na decisão de deferimento, será consignado, para a execução da diligência, 
o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por uma vez, comprovada a 
indispensabilidade do meio de prova. 
 
COLEÇÃO LEIS RESUMIDAS- INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA 
 
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2) (Juiz Federal Substituto/ TRF – 2015. CESPE). 
Com relação ao afastamento do sigilo fiscal, bancário e de dados e às 
interceptações de comunicação, assinale a opção correta. 
a) Nos casos de quebra de sigilo fiscal e bancário, cabe à autoridade policial, 
sob a fiscalização do promotor e do defensor, descartar os elementos que não 
se relacionem com os fatos apurados. 
b) A quebra de sigilo dos dados telefônicos submete-se ao princípio 
constitucional da reserva de jurisdição, de modo a se preservar a esfera de 
privacidade das pessoas. 
c) Pode ser afastada a exigência legal de declaração de segredo de justiça nos 
feitos criminais em que tenham ocorrido interceptações de comunicação, 
quando houver solicitação de comissão parlamentar de inquérito, por exemplo. 
d) Para que seja autorizada a interceptação telefônica, não é necessário que 
haja instauração de inquérito policial, bastando que fique demonstrada a 
possibilidade de autoria ou participação em infração penal. 
e) O réu não está legitimado a postular a medida cautelar de intercepção 
telefônica no interesse de sua defesa. Entretanto, se esta for produzida de 
forma clandestina, demonstrando sua

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