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• Clivagem é o nome dado a uma série de divisões mitóticas sucessivas sofridas pelo zigoto, sem que haja crescimento celular. Ela se diferencia de uma divisão celular, uma vez que ocorre de forma mais acelerada, sem passar pelas fases GAP (G1 e G2). • Além disso, nos mamíferos, a clivagem se difere das demais espécies, uma vez que: → Tem um processo mais lento, com duração de 5-6 dias → É rotacional e não sincronizada → É controlada por fatores do embrião → Apresenta pouco vitelo → Apresenta fenômeno de compactação A gametogênese é o processo de formação e desenvolvimento das células germinativas especializadas, os gametas a partir de células precursoras bipotentes. Diferentemente da gametogênese masculina na feminina, a divisão mitótica ocorre de maneira desigual, formando um corpúsculo polar e o ovócito II. Essa diferença de tamanho favorecem processos mais rápidos, devido o maior acúmulo de nutrientes e citoplasma. • Antes de analisar a clivagem em si, é válido ressaltar que o óvulo não é simétrico. O óvulo apresenta um corpúsculo polar e um cone de fertilização, determinado pela entrada do espermatozoide .A primeira clivagem parece estar relacionada com o polo animal e formato da célula. • Além disso, a clivagem pode se dar de diferentes formas de acordo com o ovo fecundado. → Holoblástica ou total: Quando apresenta divisões em todo o ovo e é caracterizada como igual (ocorre em ovos oligoléticos e é observada a formação de blastômeros relativamente do mesmo tamanho); e desigual (ocorre em ovos mesolécitos e é observada a formação de células pequenas no polo animal e células maiores no polo vegetal). → Meroblástica ou parcial: As divisões ocorrem exclusivamente na região sem vitelo • A fertilização ocorre quando há a união entre o ovócito e o espermatozoide, na tuba uterina. Nessa união, os cromossomos maternos e paternos se misturam formando o zigoto. • Esse zigoto, sofrerá diversas clivagens resultando em várias células-fillhas, denominadas blastômeros. Durante esse momento, o embrião não aumenta em tamanho e permanece envolto pela zona pelúcida, uma matriz de glicoproteínas importante na fertilização e na implantação adequada do embrião no útero, quando é degradada. As divisões se seguem até o estágio de mórula. • O blastocisto é conduzido até o útero devido aos movimentos de contração da musculatura uterina. • A partir da 4° clivagem, as células sofrerão um processo de compactação, que consiste na maximização de contato entre as células, dificultando sua delimitação. Esse evento marca o 1° momento de diferenciação do embrião. → Células externas: trofoblasto, a fonte primária do componente fetal da placenta → Células internas: embrioblasto/massa celular interna, que dá origem ao embrião propriamente dito • Nesse etapa, aparecem microvilosidades, anéis de actina, junções de oclusão (selam o interior da blástula em formação), E-caderinas (glicoproteínas de adesão), junções comunicantes nas células internas, reorganização do citoesqueleto. Inicialmente, há duas hipóteses para essa diferenciação: → Baseado no modelo interno-externo → Baseado no plano de divisão No estágio de mórula, os fatores de transcrição Oct4 e nanog são expressos uniformemente por todos os blastômeros. Entretanto, após a diferenciação, esses fatores de transcrição são expressados apenas no embrioblasto. De mesmo modo, outro fator de transcrição, Cdx2, é expresso no trofoblasto enquanto ele se forma, assim como o eomes (eomesodermina). Experimentos de perda de função mostram que a expressão desses fatores inibe a expressão de Oct4 e nanog. Por fim, a massa celular interna também expressa Sox2. Experimentos têm mostrado que Sox2 e Oct4 regulam a expressão da proteína Fgf4 na massa celular interna, que é necessária para a diferenciação do trofoblasto. Logo, ocorrem interações celulares entre as duas populações nascentes de células e isso é essencial para especificar seus destinos. • Além da compactação, ainda há outro processo que ocorre no estágio de mórula, a cavitação. Nesse momento, as células trofoblásticas secretam fluido para o interior da mórula (que também absorve fluidos do ambiente uterino), formando a cavidade blastocística (blastocele). • Isso ocorre porque ao longo da diferenciação do trofoblasto, ele se agrupa em um epitélio no qual as células estão fortemente aderidas umas às outras devido à presença de E-caderina. • Além disso, as células do trofoblasto em formação expressam uma ATPase transmembrânica polarizada basalmente, permitindo o transporte e a regulação da troca dos metabólitos. Essa ATPase bombeia sódio para o interior da mórula, e a água segue através da osmose, tornando-se o fluido blastocístico. • As células do embrioblasto formam, então, uma massa compacta em um dos lados dessa cavidade, e o trofoblasto se organiza em um delgado epitélio simples. O embrião é então denominado blastocisto, e se encontra no polo embrionário, enquanto o lado oposto é denominado polo abembrionário . • Um efeito da clivagem é aumentar a relação nucleocitoplasmática, ou seja, o volume do núcleo em comparação com o volume do citoplasma. Um ovócito – e, subsequentemente, um zigoto – tem uma relação nucleocitoplasmática baixa devido ao fato de ele conter um único núcleo e uma grande quantidade de citoplasma. Com cada clivagem, o citoplasma é dividido à medida que os núcleos são replicados e a relação nucleocitoplasmática se aproxima da relação de uma célula somática do organismo. • Segundo experimentos, posteriormente após a fertilização há um aumento na taxa transcricional, indicando as fases G1 e G2. Assim, quanto maior a quantidade núcleo, maior a frequência de transcrição, menor volume citoplasmático e menor é a taxa de clivagem. • O estoque de transcritos e proteínas no citoplasma do zigoto é de fundamental para o processo de maturação e, principalmente, para assegurar o desenvolvimento embrioário inicial. Quando há uma desestabilização com o mRNA materno, o genoma embrionário é ativado, e a síntese de nova s proteínas torna-se necessária, ocorre a chamada transição materno-zigótica (MZT). Isso é importante porque a expressão de certos genes durante esse período determinará o sucesso da embriogênese no estádio de pré- implantação. • Os ovócitos possuem reserva de material maternal (RNA e proteínas), importantes para o desenvolvimento e manutenção do embrião (zigoto) no primeiro momento. Neste momento, a expressão gênica do embrião ainda permanece inativo devido ao estado metilado que o DNA zigótico se encontra. • A metilação do DNA leva ao recrutamento de proteínas que causam a compactação da cromatina, impedindo que a enzima RNA-polimerase se ligue à molécula, impedindo a expressão gênica. Na sequência, a reserva maternal de RNAs e proteínas são degradadas de maneira gradual, havendo necessidade de reposição dessas estruturas, acarretando no início da expressão dos genes do zigoto.
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