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• Tanto os mecanismos de produção e desenvolvimento, quanto os mecanismos de destruição celular são importantes para a homeostasia. • Em casos que uma célula apresenta um defeito ou foi infectada por um patógeno ou toxina, a morte celular ocorre em uma sequência de eventos programados, em que a célula se autodestrói e é fagocitada por outras células, o que consiste na apoptose. • Ao sofrer apoptose, uma célula condensa seu núcleo e citoplasma, há o colapso do citoesqueleto, formação de circunvoluções na membrana e a célula embora mantenha suas organelas intactas, se fragmenta, formando corpos apoptóticos. Esses corpos apoptóticos são engolfados por células vizinhas ou macrófagos. • Alguns mecanismos da própria célula permitem que ela sinalize às células vizinhas que está em colapso. Um exemplo disso é a exposição de fosfatidilserina. Esse fosfolipídeo, ordinariamente, está localizado apenas na folha interna da bicamada lipídica da membrana plasmática, mas se vira para a folha externa em células apoptóticas. • A apoptose pode ser causada por danos ao DNA, infecções virais e mau enovelamento proteico. Mas ela também atua como um controle de qualidade embrionário, fazendo com que estruturas anormais, de posicionamento inadequado, potencialmente perigosas, ou não funcionais desapareçam, como é o caso da cauda do girino quando a rã alcança a fase adulta. • Proteases intracelulares clivam sequências específicas em várias proteínas presentes na célula, emitindo a informações que levem à morte da célula e ao seu engolfamento. Assim, a apoptose é disparada. Essas proteases apresentam uma cisteína em seu sítio ativo e clivam suas proteínas-alvo em ácido aspártico, sendo chamadas de caspases. • Elas são divididas em capazes iniciadoras e efetoras. • As caspases iniciadoras existem como monômeros inativos no citosol, no entanto, ao receber os sinais apoptóticos, essas caspases formam dímeros que se autoclivam, resultando na ativação da protease • As caspases iniciadoras ativam as caspases efetoras, que existem, comumente, na forma de dímeros em inatividade. As caspases efetoras são ativadas quando uma iniciadora cliva seu domínio de protease, de forma que seu sítio se reorganize e ative. Ao serem ativadas, as caspases efetoras catalisam diversos eventos que vão culminar na morte da célula. • Existem 2 mecanismos de ativação para explicar como os eventos de morte ocorrem: a via extrínseca e a via intrínseca. • A via extrínseca é disparada por sinalização extracelular, através de receptores na superfície celular. Esses receptores são proteínas apoptose transmembrana, pertencentes a família do fator de necrose tumoral (TNF), que inclui um receptor próprio TNF e um receptor de morte Fas/CD95, que interage com Fas ligante (Fas L). • Quando ativado pela ligação do ligante Fas, os domínios de morte do receptor Faz L recruta de proteínas adaptadoras como a Fas-associated death domain (Fadd) que, por sua vez, recrutam pró-caspase-8, formando-se assim uma plataforma proteica que leva à aproximação de moléculas de pró-caspases iniciadoras, sua dimerização e ativação. Isso forma um complexo de sinalização indutor de morte (DISC). • No DISC, duas caspases-8 iniciadoras adjacentes interagem e clivam uma a outra para formar um dímero de protease ativo, que então se autocliva na região de ligação da protease ao domínio efetor de morte. Isso estabiliza e libera o dímero ativo da caspase no citosol. Assim, as caspases-8 ativadas clivam seus parceiros e então ativam caspases efetoras para induzir apoptose. • A morte celular também pode ser induzida por eventos ocorrentes dentro da célula, mais precisamente nas mitocôndrias, em resposta ao estresse, tal como o dano do DNA ou em resposta a sinais de desenvolvimento. • Ao ser liberado para o citosol, o citocromo C associa- se a uma proteína adaptadora chamada de APAF-1 (fator 1 de ativação da protease apoptótica). Sete proteínas Apaf1 ativadas formam um grande complexo na forma de um anel chamado apoptossoma. Cada proteína Apaf1 contém um domínio de recrutamento da caspase (CARD), que se ligam em domínios similares em múltiplas moléculas de pró-caspase-9, recrutando- as para o apoptossoma e ativando-as. Essa associação forma um apoptossomo que recruta a caspase-9 e a ativa. Com as caspases 9 ativadas, elas ativam as caspases efetoras, como a caspase-3, que irá promover a via apoptótica. família bcl2 • A via intrínseca da apoptose é firmemente regulada pela classe de reguladores intracelulares, a família de proteínas Bcl2, a fim de que células cometam suicídio apenas quando necessário. • Essa família age, principalmente, controlando a saída do citocromo C da mitocôndria para o citosol, bem como de outras proteínas mitocondriais intermembranas. • A família BCL2 pode ser classificada em dois grupos: de proteínas pró-apoptóticas e antiapoptóticas. Essas duas classes de proteínas podem se ligar umas às outras, formando heterodímeros, que irá gerar um balanço entre as atividades dessas duas classes funcionais de proteínas da família Bcl2, o que determina se células de mamíferos vivem ou morrem pela via intrínseca do apoptose. • As proteínas antiapoptóticas da família Bcl2, incluindo a própria Bcl2 e BclXL, compartilham quatro domínios (BH1-4). As proteínas pró-apoptóticas da família Bcl2 consistem em duas subfamílias – as proteínas efetoras da família Bcl2, sendo Bax e Bak as principais e as proteínas BH3-only. • As proteínas BH3-only fazem a mediação da inibição pró/antiapoptótica. Sendo a maior subclasse de proteínas da família Bcl2, a célula tanto as produz como as ativa em resposta a um estímulo apoptótico. • As BH3-only promovem a apoptose principalmente pela inibição de proteínas antiapoptóticas. Seus domínios BH3 ligam-se a uma fenda hidrofóbica longa nas proteínas da família Bcl2 antiapoptóticas, neutralizando sua atividade. Uma vez que as proteínas da família Bcl2 antiapoptóticas inibem a apoptose principalmente pela ligação e inibição de proteínas da família Bcl2 pró-apoptóticas (Bax e Bak), impedindo sua oligomerização e, por conseguinte, impedindo a saída do citocromo C para o citosol; sua inibição permite o agregamento de Bax e Bak na superfície da mitocôndria, o qual dispara a liberação de citocromo C para o citosol, o que induze a apoptose. Algumas proteínas BH3-apenas podem ligar-se diretamente a Bax e Bak para ajudar a estimular sua agregação. • Similarmente, em resposta ao dano do DNA que não pode ser reparado, as proteínas p53 supressoras de tumor se acumulam e ativam a transcrição de genes que codificam proteínas BH3-only Puma e Noxa. Essas proteínas BH3-only disparam a via intrínseca, eliminando, desse modo, uma célula potencialmente perigosa, que, caso contrário, poderia se tornar cancerosa. A proteína BH3-only Bim tem localização subcelular regulada por sua fosforilação pela proteína quinase JNK, ativada em diversas situações de estresse celular. Uma vez fosforilada pela JNK, a proteína Bim se desliga do citoesqueleto e fica livre para se ligar às proteínas antiapoptóticas, o que favorece a ocorrência de apoptose. Todavia, a fosforilação de Bim por ERK sinaliza a degradação de Bim pelo sistema de ubiquitina- proteassoma (UPS), favorecendo não só a proliferação celular como também a sobrevivência celular. • A expressão de genes que codificam as proteínas antiapoptóticas da família Bcl-2, como a Mcl-1, pode ser induzida por citocinas e fatores de crescimento. A expressão de vários membros da família Bcl-2 é regulada por micro-RNAs. A transcrição dos genes que codificam as proteínas NOXA e PUMA, proteínas BH3- only, é ativada após estímulos pró-apoptóticos, tais como danos no DNA que ativam a proteína p53. Esse supressor de tumor, por sua vez, atua se ligando a sequências específicas nos genes de PUMA e NOXA, e elevando a expressãodessas proteínas pró- apoptóticas. via intrínseca-extrínseca • Em alguns casos, a via apoptótica extrínseca recruta a via intrínseca para amplificar a cascata de caspase e propiciar a morte da célula. A conexão entre as duas vias é a proteína BH3-only Bid, que normalmente está inativa. • Em algumas células, quando receptores de morte ativam a via extrínseca, a caspase iniciadora (caspase- 8), cliva Bid, produzindo uma forma ativa de Bid que se transloca para a membrana externa mitocondrial. Lá, Bid inibe as proteínas antiapoptóticas da família Bcl2, o que favorece a ação das proteínas pró-apoptóticas. Nesse momento, a via intrínseca é ativada, há a liberação do citocromo C e a via segue até resultar em morte. • Outros fatores podem levar a morte celular. O estresse de retículo endoplasmático, embora não caracterize a morte (podendo até favorecer a sobrevivência), afeta na vida celular. • A UPR é uma resposta adaptativa ativada pelo acúmulo de proteínas mal/não enoveladas no lúmen do RE, o que configura o estresse de RE. Assim, o estresse de RE, bem como a ativação da UPR podem levar às mortes celulares apoptótica e autofágica. • A ativação da UPR induz a transcrição do gene que codifica a proteína CHOP/GADD153. Essa proteína é um fator de transcrição que participa do controle da expressão de genes da família Bcl-2. É descrito que a proteína CHOP/ GADD153 bloqueia a transcrição do gene de Bcl-2 e aumenta a transcrição da proteína pró-apoptótica da subfamília BH3-only Bim. • Foi verificado experimentalmente que a proteína Bim superexpressa endereçada para o RE pode provocar a ativação de caspase-12 e o seguimento da via apoptótica.
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