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• Autofagia é uma estratégia celular de sobrevivência, em alguns casos, que entra em vigor em resposta a situações de estresse, como carência nutricional, hipóxia, estresse de RE, privação de fatores tróficos. A célula, então, favorece a degradação de proteínas e organelas, bem como a reciclagem de componentes celulares. • No entanto, a autofagia também pode constituir um mecanismo de morte celular e câncer. Defeitos na via de autofagia estão associados ao aumento da tumorigênese. Esses tumores têm alta frequência de perda alélica do gene BECN1, que codifica a beclina-1, proteína essencial para o funcionamento da via autofágica. • Esse processo tem início com o englobamento de porções citoplasmáticas por meio de uma estrutura vesicular de dupla membrana, formando o autofagossomo. Este, por sua vez, se funde com um lisossoma, que apresenta proteases lisossomais responsáveis por degradar os componentes celulares presentes no interior do autofagossomo. • Tal evento ocorre, por exemplo, para o processamento de antígenos, um mecanismo da defesa imune inata contra a invasão de microrganismos. Tanto a autofagia quanto o bloqueio desse processo têm sido associados a doenças neurodegenerativas e ao câncer. mecanismo molecular • A principal via de regulação da autofagia é a IGF-1-Akt-mTOR. Fatores de crescimento celular ativam a cascata da proteína quinase Akt, dependente da ativação de PI3-K e leva à ativação da mTOR. mTOR regula a atividade dos processos anabólicos e catabólicos para sustentar a sobrevivência celular, crescimento e proliferação. • A privação de nutrientes ou energia pode ativar a AMPK, regulando negativamente mTOR, que suprime a autofagia. A atividade de mTORC1 é anatgônica à indução de autofagia e a rapamicina, um inibidor de mTORC1, induz autofagia mesmo na presença de nutrientes. • A via da proteína quinase PI3K de classe I/Akt, que ativa a mTOR e leva à inibição da autofagia, está, em geral, mais ativada em células tumorigênicas do que em células normais, reforçando o papel supressor de tumor da autofagia. • A nucleação das vesículas é regulada de maneira positiva e negativa por quinases da família PI3K. Outra proteína que participa dessa regulação é a beclina-1, um supressor de tumor, que apresenta papel singular na formação de autofagossomos, e forma um complexo com a PI3 quinase classe III (PI3KC3). • O estímulo da PI3K classe I inibe a atividade de autofagia na fase de sequestro de componentes citoplasmáticos, enquanto que a atividade da PI3K classe III é necessária para acionar a etapa de sequestro desses componentes durante a autofagia. • Uma outra proteína quinase, a Atg1, é crucial para a autofagia. Em humanos, foram identificados ULK1 e ULK2 como ortólogos de Atg1. A ativação da Atg1 quinase inicia a formação do fagóforo. A atividade dessa quinase é regulada pela associação com Atg13, proteína que é fosforilada pela proteína quinase mTOR, que tem papel inibidor sobre a autofagia. • O início da autofagia consiste na nucleação vesicular, ou seja, formação do fagóforo (ou pré-autofagossomo). O fagóforo, então, se alonga e engloba componentes celulares para formar o autofagossomo. Para essa formação inicial do pré-autofagossomo, é requerida a atuação de genes Atg, que codificam proteínas que controlam a autofagia • Assim, a proteína Atg 7 ativa Atg12, que é transferida para Atg10. A partir disso, as proteínas Atg 12 e Atg 5 se ligam irreversivelmente. • A proteína Atg16 se liga ao complexo Atg12-Atg-5, formando o complexo Atg12-Atg-5/Atg16, que se associa à estrutura de membrana isolada. Essa associação é ocorre para promover a ligação de Atg8 (ou LC3) com fosfatidiletanolamina (PE) e sua inserção na membrana do autofagossomo. • O revestimento das vesículas formadas pelo complexo Atg12-Atg-5/Atg16 impede a fusão prematura da vesícula em formação com lisossomos. De mesmo modo, a proteína Atg8 conjugada a PE, localizada na superfície externa da vesícula autofágica, pode servir para o mesmo propósito. • Posteriormente, Atg8 é clivado por Atg4, se dissociando da vesícula autofágica. • O autofagossomo, por sua vez, se funde com um lisossomo, que contém uma variedade de enzimas que atuam em pH ácido. Uma vez que o conteúdo do autofagossomo é endereçado aos lisossomos, as enzimas lisossômicas degradam seu conteúdo, que podem ser, então, reciclados e reutilizados. marcadores morfologicos • O LC3-I é uma proteína citosólica que se conjugado à PE, é convertido a LC3-II, propiciando seu ancoramento à membrana dos autofagossomos. A proteína LC3-II se ancora tanto do lado interno quanto externo dos autofagossomos. • Uma vez que a diminuição na expressão de Atg8 gera autofagossomos menores, é sugerido que Atg8/LC3-II desempenhe um papel na expansão dos autofagossomos. • Uma maneira de identificar a ocorrência de autofagia é a a detecção de LC3 com anticorpos específicos por imunofluorescência e posterior análise por microscopia, que permite a identificação de autofagossomos. Ademais, a expressão exógena de proteína GFP (proteína fluorescente verde) conjugada a LC3 também é uma ferramenta valiosa para a identificação de autofagia.
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