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Livro do professor Livro didático Língua Portuguesa 9o. ano Volume 2 © Sh ut te rs to ck /M et am or w or ks © Sh u © Sh ut te r tte rs to c st oc k/ M e k/ M e M ta m o ta m or w or r ks Livro do professor 4 5 6 Reportagem: o aprofundamento das informações 2 Artigo de opinião 31 Cenário poético da África 57 2 4 © Sh ut te rs to ck /N iP p ho to gr ap hy 1. Você conhece algum youtuber? 2. Costuma acompanhar o trabalho de algum deles? Por quê? 3. Quais temáticas são mais comuns nos vídeos postados por youtubers? 4. Se você tivesse a oportunidade de ser um youtuber por um dia, sobre o que gostaria de falar? Reportagem: o aprofundamento das informações © Sh ut te rs to ck /N iP p ho to ggr ap hy © Sh ut te rs to ck /N iP ph ot ogg ra ph y 3 • Conhecer as características do gênero textual reportagem. • Reconhecer o predicado verbo-nominal. • Identificar a derivação imprópria. • Dominar os principais casos de regência verbal. • Empregar adequadamente o acento denotativo da crase. Objetivos Reportagem Para início de conversa, leia um trecho de uma reportagem sobre os youtubers, novos profissionais de sucesso. JÊNIFER, Érica; HENEMMAN, Ligia; MANCE, Paulo. Youtuber, a nova profissão. Disponível em: <https://agreportagens.wordpress.com/2016/12/19/ youtuber-a-nova-profissao/>. Acesso em: 7 jan. 2019. 1. Você concorda que os youtubers são influenciadores de opinião? Por quê? 2. Você acha que a atividade dos youtubers pode ser considerada uma profissão? Por quê? 3. O público que acompanha os youtubers é composto somente de jovens? 4. Qual é a “fórmula” utilizada pelos youtubers para chamar a atenção do público? 5. Cite alguns canais de youtubers que têm muitos inscritos. Discuta essas questões com seu professor antes de ler o próximo texto. 1 https://agreportagens.wordpress.com/2016/12/19/youtuber-a-nova-profissao/ YOUTUBER, A NOVA PROFISSÃO Certamente você já ouviu falar do website YouTube: Broadcast yourself, que é, sem dúvida, uma referência em seu ramo no mundo inteiro, destinado à postagem de vídeos online dos mais variados gêneros. Fundado em fevereiro de 2005, o site, que hospeda vídeos em formato digital, já é o mais acessado do Brasil com esta especialidade. A plataforma, que foi comprada pela gigante Google em meados de 2006, tem se tornado parte do cotidiano de pessoas no mundo inteiro. Os youtubers, como são conhecidos os criadores de conteúdo do website, são a grande febre do momento, conquistando centenas de milhares de visualizações mensalmente, lançando livros e até mesmo filmes. Talvez você não conheça nenhum desses tais youtubers, mas com certeza já ouviu o nome de algumas destas celebridades que estão em alta na mídia. Atualmente, os grandes produtores de conteúdo digital do website podem ser considerados como webcelebridades em meio ao público jovem, principalmente pelo seu grande poder de influência. De acordo com a pesquisa “Os novos influenciadores: quem brilha na tela dos jovens brasileiros”, publicada na revista “Meio & Mensagem”, em janeiro de 2016, os youtubers ocupam 10 posições do Top 20 mais influentes entre os jovens, o que aponta a força dessas novas celebridades. Painel de leitura A reportagem a seguir faz referência à atividade dos youtubers e a um problema vivido por esses profissio- nais. Leia-a. 2 © Ag ên ci a O G lo bo verborrágico: em que há verborragia; que fala muito, mas com poucas ideias no falar e no discutir. achincalhando: ridicularizando. 9o. ano – Volume 24 CISCATI, Rafael. Eles não curtem o Facebook. Época, São Paulo, ed. 898, p. 62-63, 24 ago. 2015. © Ag ên ci a O G lo bo Língua Portuguesa 5 1. A reportagem Eles não curtem o Facebook pode despertar a atenção de qualquer pessoa, mas há um público que pode demonstrar mais interesse pela leitura do texto. Que público é esse e por que, prova- velmente, tem mais interesse pelo conteúdo do texto? Em geral, são os jovens que se interessam por youtubers e por redes sociais. 2. Para atingir o público-alvo, o autor da reportagem escolheu uma linguagem com marcas de informalida- de ou totalmente formal? Dê exemplos. O autor da reportagem utiliza, predominantemente, uma linguagem formal; contudo, mescla passagens de informalidade ao longo do texto, estratégia que aproxima o público-alvo do conteúdo publicado. Ex.: “a bronca é a seguinte:”; “‘dar uma mãozinha’”. 3. Releia o título do texto e assinale a resposta correta. 3 Eles não curtem o Facebook a) O fato de o verbo curtir ter sido utilizado em um título de reportagem sugere que ele pode ser empregado em qualquer contexto formal da língua, como em um texto científico ou um discurso político. Afinal, o referido verbo é bastante formal. X b) O autor da reportagem fez uma escolha linguística bastante apropriada, já que o verbo curtir é co- mum em redes sociais, como o Facebook. c) O verbo curtir não apresenta nenhuma relação com as redes sociais. 4. A alternativa que melhor descreve o significado da expressão “conquistar desafetos” é a) conquistar amigos. X b) passar a ter inimigos. c) ser visto com indiferença pelas pessoas. d) ser visto como um ídolo pelos adolescentes. 5. O autor da reportagem, ao analisar o comportamento do youtuber Felipe Neto, comenta: “A estratégia de metralhadora deu certo”. Explique o significado dessa frase, considerando as informações do primeiro parágrafo do texto. O autor da reportagem, ao mencionar que “A estratégia de metralhadora deu certo”, faz referência ao fato de que o youtuber ganhou notoriedade em virtude de críticas que fez, em que chamou as fãs de Fiuk de retardadas e ridicularizou a série de filmes Crepúsculo. Essa notoriedade lhe proporcionou dinheiro, e ele fundou o Paramaker – uma rede brasileira que reúne 5 mil canais do YouTube. 6. No segundo parágrafo, qual palavra foi utilizada com sentido figurado? a) Neto. X b) Encabeça. c) Protesto. d) Youtuber. e) Facebook. • Qual o significado dessa palavra no contexto em que aparece? No contexto em que aparece, “encabeça” significa “é líder, representa os demais na luta pelos direitos dos youtubers”. 7. Reescreva o trecho “A bronca é a seguinte” utilizando a palavra que melhor substitui o termo “bronca”. elogio indiferença solução problema descaso O problema é o seguinte. 9o. ano – Volume 26 8. No terceiro parágrafo, o autor relata, com detalhes, o “descaso do Facebook”, que gera insatisfação nos youtubers. Organize as informações na ordem em que aparecem na reportagem. a) ( 2 ) Publicação do vídeo no Facebook. b) ( 5 ) O Facebook lucra com as visualizações do vídeo. c) ( 1 ) Publicação do vídeo no YouTube. d) ( 3 ) Falta de remuneração do Facebook aos criadores do vídeo. e) ( 4 ) Falta de visualização do vídeo no YouTube. 9. A expressão “A cereja do bolo” pode ser compreendida como “o melhor que poderia acontecer; algo muito bom, etc.”. No contexto da entrevista, pode-se afirmar que essa expressão a) foi uma maneira que o autor escolheu para tornar a reportagem engraçada. X b) foi utilizada ironicamente pelo autor, uma vez que o fato de o Facebook lucrar com a pirataria preju- dica os youtubers. c) demonstra que o autor está triste pelo fato de os youtubers, que são seus amigos, não receberem os créditos de seu trabalho. 10. No trecho “Os youtubers se ressentem”, o verbo ressentir-se poderia ser substituído por a) se sentem culpados ou se entristecem. X b) se chateiam ou se sentem prejudicados. c) se animam ou se enchem de esperança. d) se calam ou se escondem. 11. No quinto parágrafo do texto, o autor utiliza a expressão “dar uma mãozinha”. Explique seu significado e esclareça a quem ela é direcionada. O significado dessa expressão é “ajudar, favorecer”, e ela é direcionada a “vídeos colocados no publicador do Facebook”. 12. Releia o trecho a seguir, atentando-se ao uso da palavra “passado”. No passado, o YouTube também teve dificuldades paralidar com o plágio. a) Quantas palavras há na expressão “No passado”? Quais são elas? A expressão é composta de três palavras: preposição em + artigo o + substantivo passado. As regras de conduta de usuários no Facebook condenam a prática. Os youtubers se ressen- tem porque, segundo eles, o Facebook faz pouco para evitá-la. Em Práticas de reflexão sobre a língua, você aprenderá mais so- bre a derivação imprópria. b) Originalmente, passado é o particípio do verbo passar; contu- do, na frase em destaque, a palavra está sendo utilizada como um substantivo. Essa ocorrência recebe o nome de derivação imprópria, que envolve mudança de classe gramatical. Agora, responda: O que torna “passado” um substantivo no tre- cho em destaque? Os pronomes destacados retomam quais palavras, respectivamente? Resposta: Eles: youtubers; la: prática. 4 ( ) A posição da expressão “No passado”, que está no início da oração. ( X ) A utilização do artigo “o” antes da palavra “passado”. ( ) A indicação de tempo expressa por “No passado”. 13. Releia o trecho a seguir e responda à pergunta. Língua Portuguesa 7 14. Ao longo dos parágrafos, o autor se refere às razões da insatisfação dos youtubers. Assinale as informa- ções que as representam. a) “Neto conquistava desafetos entre os ídolos adolescentes.” (1º. parágrafo) b) “A estratégia de metralhadora deu certo.” (1º. parágrafo) c) “São os youtubers – pessoas que produzem vídeos e que ganham dinheiro com publicidade.” (1º. parágrafo) d) “As reclamações deles se repetem em todo o mundo:” (2º. parágrafo) X e) “seus vídeos, que demandam tempo e dinheiro para ser feitos, circulam de graça pela rede em versões pirateadas.” (2º. parágrafo) X f) “O vídeo circula sem gerar curtidas na página do autor.” (3º. parágrafo) X g) “‘Uma pessoa que assiste a seu vídeo no Facebook não vai querer rever no YouTube.’” (3º. parágrafo) X h) “o Facebook faz pouco caso para evitá-la.” (4º. parágrafo) i) “Páginas de empresas e de celebridades usam a técnica para atrair fãs.” (5º. parágrafo) j) “No passado, o YouTube também teve dificuldades para lidar com o plágio.” (6º. parágrafo) k) “O Facebook afirma que trabalha em uma solução parecida.” (7º. parágrafo) 15. O site YouTube ganhou a admiração dos youtubers. Descreva, resumidamente, a principal razão para que isso tenha acontecido. Para tanto, recorra às informações do 6º. parágrafo do texto. Na seção Prática de escrita, você aprenderá mais sobre como fazer um resumo. 16. Em diversos momentos da reportagem, são inseridas falas do youtuber. Que recurso linguístico é utiliza- do para identificar essas falas? As falas são registradas entre aspas. 17. Na reportagem lida, há registros de fatos e opiniões. A seguir, separe as informações conforme o solicitado. a) “[...] dos 1 000 vídeos mais populares vistos no Facebook no primeiro trimestre deste ano.” b) “Neto ganhou audiência, dinheiro e fundou o Paramaker.” c) “Neto arrumou um poderoso rival: o Facebook.” d) “O Facebook age com descaso pelo nosso trabalho.” e) “O vídeo circula sem gerar curtidas na página do autor.” f) “Esse tipo de pirataria incomoda [...]” g) “[...] segundo eles, o Facebook faz pouco para evitá-las.” h) “Quem pirateia não lucra, mas atrai mais atenção.” i) “O Facebook lucra com a pirataria.” j) “Dá para entender a bronca de Felipe Neto e seus youtubers.” Fato Opinião “[...] dos 1 000 vídeos mais populares vistos no Facebook no primeiro trimestre deste ano.” “O Facebook age com descaso pelo nosso trabalho.” “Neto ganhou audiência, dinheiro e fundou o Paramaker.” “Esse tipo de pirataria incomoda [...]” “Neto arrumou um poderoso rival: o Facebook.” “[...] segundo eles, o Facebook faz pouco para evitá-las.” “O vídeo circula sem gerar curtidas na página do autor.” “Quem pirateia não lucra, mas atrai mais atenção.” “O Facebook lucra com a pirataria.” “Dá para entender a bronca de Felipe Neto e seus youtubers.” Sugestão: Tendo problemas com muitos plágios, o site YouTube passou a dividir parte da receita publicitária com os youtubers. Caso sejam postados materiais protegidos por direito autoral, o au- tor será alertado, podendo solicitar a remoção do vídeo ou o recebimento da receita publicitária. 9o. ano – Volume 28 18. O trecho a seguir deixa claro que o autor apoia a rede social Facebook no que diz respeito à postagem de vídeos de youtubers. Essa afirmação está correta? Justifique sua resposta. Em 2015, o Facebook, uma empresa de mais de US$ 250 bilhões, diz que tem dificuldades para fazer o que o YouTube conseguiu há mais de cinco anos. Dá para entender a bronca de Felipe Neto e seus youtubers. A afirmação acima está incorreta. O autor da reportagem deixa claro que não apoia o Facebook no que diz respeito à postagem de vídeos pirateados. Essa ideia fica evidente quando ele menciona que o Facebook é uma empresa que tem muito dinheiro, mas que, mesmo assim, acha difícil controlar o problema do plágio. Ao final do trecho em destaque, o autor afirma “entender a bronca de Felipe Neto e seus youtubers”. 19. O texto lido tem um propósito comunicativo, ou seja, uma intenção. Ele também é direcionado mais especificamente a um tipo de público. Partindo dessa afirmação, marque as alternativas corretas. a) O texto é uma denúncia muito grave. A intenção é que as pessoas deixem de usar o Facebook. b) O texto tem a intenção de fazer com que os leitores vejam os youtubers como vítimas de um grave problema social. X c) O texto tem a intenção de informar o leitor sobre o problema que envolve a pirataria dos vídeos dos youtubers. d) O texto tem a intenção de chamar a atenção para o comportamento indevido dos youtubers. Afinal, na visão do autor, eles estão sendo injustos com o YouTube. e) O texto foi escrito para um público rigorosamente selecionado, ou seja, as pessoas que gostam do YouTube e do Facebook. X f) O texto pode ser lido por um público bastante variado, mas é direcionado, especialmente, aos usuá- rios do YouTube e do Facebook, que têm interesse por vídeos postados nesses dois ambientes. 20. Você sabe quais são as diferenças entre uma reportagem e uma notícia? Observe o quadro a seguir e compare esses dois gêneros textuais. Notícia Reportagem Texto mais curto, mais conciso. Texto mais extenso, mais detalhado. Centrada no fato. Pesquisa aprofundada do tema, levantamento de dados, entrevistas, depoimentos, citações, etc. Relata o fato ocorrido na véspera ou no dia da edição. Abordagem de um tema sem ligação direta com o dia da edição. Registro dos fatos, em geral, sem juízo de valor. Interpretação dos fatos relatados. Considerando as características apresentadas, registre, nas linhas a seguir, por que o texto lido pertence ao gênero textual reportagem. O texto lido é considerado uma reportagem porque é extenso e apresenta informações detalhadas, com dados, informações adicionais, citações, etc. Trata de um tema atual, mas, diferentemente da notícia, não está ligado a fatos ocorridos na véspera ou no dia da edição. Por fim, há, ao longo do texto, um posicionamento claro do autor, como em: “Dá para entender a bronca de Felipe Neto e seus youtubers”. 5 Língua Portuguesa 9 Fernanda Bassette, Marina Rappa e Daniel Bergamasco 21. Além dos aspectos registrados anteriormente, há outros que caracterizam o gênero reportagem, como o “olho”, que evidencia um trecho importante do texto, e as informações adicionais, que ampliam a discus- são. Considerando as informações do texto, transcreva, no quadro abaixo, o “olho” da reportagem. Texto que acrescenta informações relacionadas à imagem ou con- firma a informação apresentada visualmente. Pode, também, reto- mar alguma informação essencial do texto. 6 Epidemia de mentiras Praga na política, as fake news também se tornaram um caso grave de saúde pública. Emagrecimento, câncer e diabetes são os temas preferenciais das enganações Ao ser diagnosticado com diabetes, em 2013, o comerciante*, hoje com 59 anos, ouviu a orientação de tomarcomprimidos diariamente, equilibrar a alimentação e fazer exercícios. Com o nível de glicemia em jejum na alarmante casa dos 600 miligramas por decilitro de sangue (seis vezes o limite para uma pessoa saudável), * não pôs em prática as recomendações. Mas seguiu à risca uma dica que achou na internet: ingerir um copo de baba de quiabo com água todas as manhãs. “Parecia uma gosma com clara de ovo, então eu respirava fundo e bebia numa golada só”, rememora ele. A fórmula mágica, que eliminaria a doença, naturalmente não funcionou. No início deste ano, a desinformação lhe custou caro: * teve um dedo do pé esquerdo amputado, depois que uma pequena ferida, “menor que um grão de feijão”, não Dos 1000 vídeos mais populares do Facebook no primeiro trimestre, 725 eram piratas 22. No canto superior direito da reportagem, há informações adicionais. Que informações são essas e como elas contribuem para a ampliação da reportagem? No canto superior direito, foram inseridas informações adicionais sobre “Como os youtubers fazem dinheiro”. Durante a reportagem, é mencionado, de modo bastante positivo, o posicionamento do site YouTube com relação à divisão da receita publicitária. Essa informação é ampliada por meio de outro recurso visual, em destaque no texto. Essa estratégia, além de tornar o texto mais dinâmico, responde a uma possível dúvida do leitor. 23. Explique de que forma a imagem de Felipe Neto se relaciona ao conteúdo do texto. A imagem de Felipe Neto tem relação direta com o conteúdo da reportagem, pois o youtuber transmite uma expressão de indignação com o que está acontecendo com os vídeos produzidos por ele e seus colegas. A máquina filmadora faz referência direta à atividade de Felipe Neto. 24. Leia as características da legenda e explique que conteúdo é regis- trado nela. Na legenda, é retomada uma informação essencial do texto, isto é, a de que Felipe Neto “representa seus colegas” na luta pelos direitos dos youtubers. Leia a reportagem a seguir, a qual faz referência a outro problema que envolve as redes sociais: as notícias falsas (fake news), que podem causar grandes transtornos às pessoas que acreditam nelas. 9o. ano – Volume 210 cicatrizou devido à glicemia sem controle. Grave em qualquer área de co- nhecimento, a profusão digital de textos e vídeos enganadores pode se tornar letal quando o alvo é saúde. Só a mentira da baba milagrosa teve mais de 485 000 compartilhamen- tos (sim, quase meio milhão!) [...]. As fake news transformaram- -se em uma grave questão de saúde pública. Por redes sociais, sites de busca e aplicativos de mensagens espalham-se milhares de receitas in- falíveis, alimentos superpoderosos, estudos inexistentes ou distorcidos e outras enganações. O Ministério da Saúde, que monitora notícias falsas desde o surto da gripe H1N1 em 2009, montou no ano passado uma equipe com a função exclusiva de escarafunchar, ao longo do dia, tudo o que é publicado sobre enfermida- des na web. Em 2017, o time identi- ficou 2 200 invenções. No primeiro semestre deste ano, cerca de metade disso já caiu no pente-fino. O mais perverso: as doenças graves, que assolam e matam mi- lhões de brasileiros, são justamente as mais usadas para fisgar leitores desavisados. Um levantamento iné- dito feito por VEJA recolheu 3 000 notícias sobre saúde em seis páginas do Facebook que se notabilizaram por difundir falsidades na área da medicina. Destas, VEJA selecionou cerca de 1 000 que tiveram maior número de compartilhamentos. En- tre elas, descobriu-se, com a ajuda de médicos consultados pela revis- ta, que cerca de um terço divulga- va falsidades inquestionáveis. Os temas mais frequentes na lista de fake news foram dieta para ema- grecer, câncer e diabetes [...]. O Facebook argumenta que trabalha em parceria com agências de checa- gem de dados e universidades para identificar mentiras na rede e re- BASSETE, Fernanda; RAPPA, Marina; BERGAMASCO, Daniel. Epidemia de mentiras. Veja, São Paulo, ed. 2 590, ano 51, p. 63-69, n. 28, 11 jul. 2018. duzir o alcance dessas publicações. Claramente, é um trabalho que dei- xa a desejar. [...] Quem sai das redes sociais e se aventura pelo Google, o maior site de buscas da internet, encontra o mesmo ambiente infectado por mentiras. VEJA fez uma procura com os termos “cura do diabetes”. Para evitar que o algoritmo do Google levasse em conta o histórico de navegação da reportagem de VEJA, a pesquisa foi feita através de uma janela anônima. Resultado imediato: dois vídeos perigosos. O primeiro deles, com mais de 3 milhões de visualizações, aplica um truque explícito. Para ganhar credibilidade, abre com um depoimento do respeitado médico Drauzio Varella, mas, em seguida, apresenta informações sobre a cura definitiva através de uma dieta que envolve o consumo de óleo de coco – uma completa invenção. O segundo vídeo vende a cura (“em poucos dias”) ao misturar uma insólita lista de ingredientes, como pimenta dedo-de-moça, ovos crus e sal do Himalaia. Na busca por “cura do câncer”, dois dos cinco primeiros links ofe- recidos pelo Google são mentiras. [...] Consultado sobre sua respon- sabilidade, o Google afirma que adota medidas como a redução do fluxo de audiência e publicidade em sites mal-intencionados. Além disso, a companhia mantém no Brasil uma parceria com o Hospital Albert Einstein, que produz qua- dros com informações relevantes sobre doenças pesquisadas. O re- sultado, porém, é bastante tímido: o espaço do Einstein não destaca o nome do centro médico nem diz que, ali, as informações são 100% confiáveis. [...] Essa crise de comunicação na saúde pública tem um importante ponto cego: as mensagens que se alastram por WhatsApp, no qual é impossível medir o tamanho dos boatos. Por isso o aplicativo é co- nhecido no meio digital como dark social (rede social escura). Para mi- nimizar o problema, o WhatsApp anunciou um teste: o destinatário é informado se o texto que recebeu foi escrito por seu remetente ou está apenas sendo encaminhado. É um tímido paliativo, como tem acon- tecido com medidas adotadas pelo Facebook e pelo Google, pois as mentiras não deixam de circular nem são rastreadas. “As iniciativas são positivas, mas, na prática, o nú- mero de notícias verificadas a cada dia não faz nem cócegas perto de tudo que é falso”, pondera o pesqui- sador Pablo Ortellado, da Universi- dade de São Paulo, referência acadê- mica do país no tema. O único remédio realmente efi- caz contra esse mal é o acesso a da- dos confiáveis. [...] Há alguns espaços para enviar dúvidas específicas [...]. Nada, é claro, substitui a conversa entre médico e paciente. Também é pre- ciso atentar para o veículo que está difundindo a informação. Num am- biente conectado, no entanto, a res- ponsabilidade é sempre coletiva. Se o Google ou o Facebook ainda não conseguiram enfrentar a praga das fake news, os usuários da rede que as compartilham também estão aju- dando a manter o problema. Estudo realizado pelo Instituto Reuters, da Universidade de Oxford, em dezem- bro de 2016, mostrou que 60% dos entrevistados compartilham notícias pelas redes sociais depois de ler ape- nas a manchete. Agir assim hoje em dia é correr o risco de fazer mal à saúde de alguém. Língua Portuguesa 11 25. No primeiro parágrafo da reportagem, relata-se o caso de uma pessoa que sofria de diabetes. O que aconteceu com ela? Ela se tratou seguindo uma dica que viu na internet – beber um copo de baba de quiabo com água todas as manhãs – e sua doença se agravou, levando à amputação de um dedo do pé. 26. Por que os repórteres decidiram iniciar o texto com esse caso? Para mostrar ao leitor as consequências drásticas que uma notícia falsa pode ter e, assim, motivá-lo a continuar a leitura. 27. Leia o trecho a seguir. Ao ser diagnosticado com diabetes, em 2013, o comerciante*, hoje com 59 anos, ouviu a orienta- ção de tomar comprimidos diariamente, equilibrara alimentação e fazer exercícios. Com base nessa leitura, é possível concluir que a) um médico receitou medicamentos para a pessoa citada. X b) alguém indicou medicamentos para a pessoa citada. Esse trecho não explicita que foi um médico que re- ceitou os medicamentos. Informa-se apenas que a pessoa “ouviu a orientação”, mas não quem a trans- mitiu. Causa estranheza essa omissão do texto. 28. O título da reportagem é Epidemia de mentiras. Considerando o significado de epidemia, responda às questões a seguir. a) Qual é a “doença” abordada pela reportagem? As fake news (notícias falsas) sobre saúde. Doença que ataca grande número de pessoas ao mesmo tempo. b) Que efeitos essa “doença” causa nas pessoas? Ela impede que as pessoas doentes procurem tratamento médico para suas enfermidades, o que acaba por agravá-las. c) Qual informação presente no segundo parágrafo mostra que essa “doença” ataca um grande número de pessoas? A informação sobre o número de compartilhamentos (485 mil) da “mentira da baba milagrosa”. 29. Analisando o título e a linha-fina, pode-se prever se a reportagem adotará uma atitude neutra ou crítica sobre o tema? Justifique sua resposta. Sim. As palavras e os sintagmas empregados no título e na linha-fina, como “epidemia”, “praga”, “caso grave de saúde pública” e “enganações”, permitem prever que a reportagem adotará uma atitude crítica sobre o tema. 30. O texto da reportagem mantém a mesma atitude que se percebe no título e na linha-fina? Aponte exemplos. Sim. O aluno pode citar como exemplos: “textos e vídeos enganadores” e “mentira da baba milagrosa”, no segundo parágrafo, e “ambiente infectado por mentiras”, “vídeos perigosos”, “truque explícito” e “uma completa invenção”, no quinto parágrafo. 31. A reportagem informa que “as doenças graves, que assolam e matam milhões de brasileiros, são justa- mente as mais usadas para fisgar leitores desavisados”. Os sites que difundem notícias falsas escolhem doenças que acometem um grande número de pessoas. O que eles ganham com isso? Ao escolherem esses tipos de doenças, um grande número de visitantes acessa os sites, o que lhes gera receita de publicidade. 7 Modalizadores são elementos linguísticos que mostram a ati- tude do emissor (de aprovação, crítica, dúvida, etc.) em relação a um enunciado. Entre as classes de palavras que exprimem tal atitude estão o substantivo, o adjetivo e o advérbio. 9o. ano – Volume 212 32. No quinto parágrafo da reportagem, há comentários sobre vídeos falsos. Releia-o e responda às seguintes questões: a) Qual é o “truque” usado no primeiro vídeo mencionado? O vídeo apresenta, primeiramente, um depoimento do renomado médico Drauzio Varella e, em seguida, informações sobre a “cura definitiva” do diabetes. b) Como as pessoas que assistiram ao vídeo poderiam evitar cair nesse “truque”? Realizando pesquisas sobre Drauzio Varella para descobrir se ele endossa a “cura definitiva” apresentada no vídeo. 33. Releia este trecho da reportagem: As fake news transformaram-se em uma grave questão de saúde pública. Por redes sociais, sites de busca e aplicativos de mensagens espalham-se milhares de receitas infalíveis, alimentos superpoderosos, estudos inexistentes ou distorcidos e outras enganações. a) O repórter fala sério quando usa os sintagmas “receitas infalíveis” e “alimentos superpoderosos”? Justifique sua resposta. Não. O repórter está sendo irônico. O leitor pode perceber essa ironia considerando o que foi apresentado anteriormente no texto sobre as curas propostas nos sites de notícias falsas sobre saúde. b) Quais sintagmas nominais expressam diretamente a opinião revelada na reportagem? “Estudos inexistentes ou distorcidos” e “outras enganações”. c) Por meio de que canais as notícias falsas sobre saúde se espalham? De redes sociais, sites de busca e aplicativos de mensagens. 34. Sublinhe, a seguir, os trechos que contêm a opinião dos autores da reportagem sobre as medidas que esses canais tomam para combater as notícias falsas. O Facebook argumenta que trabalha em parceria com agências de checagem de dados e uni- versidades para identificar mentiras na rede e reduzir o alcance dessas publicações. Claramente, é um trabalho que deixa a desejar. 35. Segundo a reportagem, além das redes sociais, dos buscadores e dos aplicativos de mensagens, quem é responsável pelo problema das notícias falsas? Os usuários que compartilham as notícias falsas. Consultado sobre sua responsabilidade, o Google afirma que adota medidas como a redução do fluxo de audiência e publicidade em sites mal-intencionados. Além disso, a companhia man- tém no Brasil uma parceria com o Hospital Albert Einstein, que produz quadros com informações relevantes sobre doenças pesquisadas. O resultado, porém, é bastante tímido: o espaço do Einstein não destaca o nome do centro médico nem diz que, ali, as informações são 100% confiáveis. Para minimizar o problema, o WhatsApp anunciou um teste: o destinatário é informado se o texto que recebeu foi escrito por seu remetente ou está apenas sendo encaminhado. É um tímido paliativo, como tem acontecido com medidas adotadas pelo Facebook e pelo Google, pois as men- tiras não deixam de circular nem são rastreadas. Língua Portuguesa 13 36. Observe o boxe Tira-teima. Que informação é dada nele? São indicadas algumas fontes em que o leitor pode tirar dúvidas sobre notícias que viu na internet. 37. Anote outras recomendações citadas na reportagem para verificar a veracidade de uma notícia sobre saúde. Conversar com o médico e observar qual é o veículo em que a notícia foi publi- cada. 38. Muitas reportagens apresentam intertítulos, elementos que não são exclusivos desse gênero textual. No exemplo a seguir, sublinhe aquilo que se caracteriza como intertítulo. TIRA-TEIMA Leu uma informação duvidosa so- bre saúde na web? Escolha o canal para confirmar se ela procede. MINISTÉRIO DA SAÚDE Ligue para o Disque Saúde (136) ou acesse o chat do site do minis- tério (abr.ai/chat-saude) ou a pá- gina da pasta no Facebook (www. facebook.com/minsaude). INSTITUTO ONCOGUIA Uma equipe de profissionais treinados responde a questões específicas sobre câncer pelo WhatsApp: (11) 98790-0241. O prazo para resposta é de 48 horas. ME ENGANA QUE EU POSTO O blog da Veja especializado em desmentir fake news aceita suges- tões de pauta por WhatsApp: (11) 99967-9374. Palavra ou expressão utilizada para sinalizar ao leitor que será iniciado um novo grupo de informações a respeito do tema da reportagem. Serve também para organizar a leitura. www.conjur.com.br/2018-jul-14/facebook-busca-ferramentas-tentar-combater-fake-news DISSEMINAÇÃO PROBLEMÁTICA Facebook busca ferramentas e parcerias para combater bicho-papão das fake news O problema é mais grave no Facebook. Notícias falsas são tão comuns e antigas quanto as verdadeiras, mas foram os mecanismos da rede social de impulsionamento e direcionamento de posts conforme o comportamento on-line dos usuários que as transformaram em novidade. Uma simples mentira torna-se epidemia se ela consegue alcançar milhões de pessoas já dispostas a acreditar nelas. [...] Checagem de fatos No momento a principal ferramenta é a parceria com as agências de checagem de fatos – que, no rastro das fake news, se chamam de agências de fact checking. Em cada país, o Facebook escolhe agências que estejam de acordo com critérios estabelecidos pelo Poynter Institute, escola de jornalismo dos EUA. [...] Bicho-papão As notícias falsas se tornaram um bicho-papão para o Estado brasileiro. Em 2017, o Tribunal Superior Eleitoral convocou o Ministério da Defesa e as Forças Armadas para monitorar redes sociais em busca de notícias falsas durante as eleições de 2018. MARTINES, Fernando. Facebook busca ferramentas e parcerias para combater bicho-papão das fake news. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2018-jul-14/facebook-busca-ferramentas- tentar-combater-fake-news>. Acesso em: 19 set. 2018. 39.Releia o trecho anterior e proponha outros intertítulos para a reportagem. Pessoal. 8 9o. ano – Volume 214 40. Relembre o que se afirma sobre as fake news na reportagem Epidemia de mentiras e complete a frase a seguir. A reportagem Epidemia de mentiras sustenta que as notícias falsas se originam ou se espalham nas redes sociais, nos buscadores de informação e nos aplicativos de mensagens. Leia o texto a seguir para resolver as questões 41 e 42. O jornalismo hegemônico encontrou na batalha contra as fake news uma forma de expressar a sua pretensa “superioridade” moral ante as mídias alternativas que cresceram com o advento da inter- net. Para isto, utilizaram duas ordens de argumentos: 1) que o jornalismo que praticam é “profissio- nal” (e, portanto, o praticado pela mídia alternativa é “amador”), pois ele ocorre a partir de estruturas empresariais cristalizadas, com redações profissionalizadas e cujo objetivo não é fazer “ativismo polí- tico”, mas sim “prestar um serviço ao seu público”; 2) que a internet, em especial as plataformas das redes sociais, possibilita uma equivalência de narrativas produzidas em condições diferentes, possibi- litando então que qualquer pessoa (sem a qualificação necessária) possa repercutir informações [...] OLIVEIRA, Dennis de. De quem é a responsabilidade pela disseminação das fake news? Disponível em: <https://revistacult.uol.com.br/home/ responsabilidade-pela-disseminacao-das-fake-news/>. Acesso em: 16 dez. 2018. 41. Pesquise o significado das palavras “hegemônico” e “advento”. Hegemônico: que tem supremacia; preponderante / advento: aparecimento; chegada. 42. No texto anterior, os argumentos 1 e 2 são utilizados para ( ) criticar o jornalismo hegemônico. ( X ) defender o jornalismo hegemônico. 43. Assinale as recomendações que seriam úteis para verificar se uma notícia na internet é falsa ou verdadeira. a) Se a notícia teve muitos compartilhamentos, significa que ela é verdadeira. X b) Buscar informações sobre o site em que a notícia foi publicada, a fim de descobrir se ele é sério ou sensacionalista. c) Se a notícia foi publicada somente em um site, trata-se de um furo jornalístico. Então, ela provavel- mente é verdadeira. X d) Verificar todas as letras do endereço do site. Para enganar os leitores, os sites de notícias falsas costu- mam criar endereços parecidos com os de sites sérios, com apenas uma ou duas letras trocadas. X e) Ler a mesma notícia nos outros sites em que ela foi publicada, realizando uma comparação, a fim de descobrir se os pontos mais importantes coincidem ou se há diferenças gritantes. 44. Observe as frases. I. As medidas das redes sociais são insuficientes. II. A reportagem considera as medidas insuficientes. jornalismo hegemônico: jornalismo que faz parte dos grandes grupos de mídia. a) Classifique o predicado da frase I. Predicado nominal. b) Qual é a função sintática de “insuficientes” na frase I? Predicativo do sujeito. c) Na frase II, “insuficientes” qualifica Há frases em que o predicativo não se refere ao sujeito, mas ao objeto direto. Saiba mais em Práticas de reflexão sobre a língua. ( ) o sujeito. ( X ) o objeto direto. Língua Portuguesa 15 Predicado verbo-nominal Leia parte de uma entrevista concedida pelo youtuber Whindersson Nunes para a revista Trip. Práticas de reflexão sobre a língua TRIP: O que seus pais fazem? WHINDERSSON: [...] eles eram representantes comerciais, [...] agora não trabalham mais. TRIP: Às vezes você acorda e pensa que tá vivendo uma vida que não é a sua, que você está num conto de fadas? WHINDERSSON: Não, não. Eu acho tudo [...] real, até por- que sou eu que faço tudo e acaba com meu físico – eu morro de cansaço, de sono, de isso, de aquilo, então acho que é bem real pra mim. LACOMBE, Milli. Você não conhece Whindersson Nunes? Disponível em: <https://revistatrip.uol.com. br/trip/entrevista-com-o-youtuber-whindersson-nunes-humorista-do-piaui>. Acesso em: 6 dez. 2018. 45. Classifique os seguintes predicados: a) “eles eram representantes comerciais.” Predicado nominal. b) “agora não trabalham mais.” Predicado verbal. 46. E quanto à oração a seguir? Vamos refletir um pouco? Eu acho tudo [...] real a) Qual é o predicado da oração em destaque? Acho tudo real. b) Como se classifica o verbo da oração: verbo de ligação ou ver- bo significativo? Trata-se de um verbo significativo. c) Qual é a função sintática da palavra “tudo” na oração em desta- que? Na oração em destaque, tudo funciona como complemento verbal (objeto direto). d) A palavra “real” refere-se a qual termo da oração? Refere-se à palavra tudo, que é o objeto direto da oração. e) Nesse caso, em que não há verbo de ligação, mas a oração apresenta uma qualidade ou um estado do objeto direto, o predicado é ( ) nominal. ( ) verbal. ( X ) verbo-nominal. Relembrando Verbo de ligação: tem a função de ligar o sujeito a uma caracterís- tica ou a uma condição. Ex.: Sandra está/parece cansada. Nesse caso, temos predicado no- minal, cujo núcleo é um nome (cansada). Verbo significativo: também chamado de nocional, exprime ação, acontecimento, desejo, ativi- dade mental, etc. Ex.: A criança brincou muito. Nesse caso, temos predicado ver- bal, cujo núcleo é um verbo. Há casos em que o predicado é verbo-nominal. Isso ocorre quando o predicado é composto de um verbo significativo ou no- cional (VTD ou VI), mas há um pre- dicativo, que se refere ao sujeito ou ao objeto direto da oração. Ex.: 1. Maria (sujeito) voltou (verbo sig- nificativo – VI) cansada (predicati- vo do sujeito). 2. João (sujeito) achou (verbo signi- ficativo – VTD) a prova (OD) compli- cada (predicativo do objeto). Obs.: Esse tipo de predicado costuma ocorrer com o verbo considerar ou com os que têm significado equivalente: julgar, su- por, declarar, achar, entre outros. Importante: O predicado verbo- -nominal se compõe de dois núcleos: o próprio verbo e o predicativo. 9o. ano – Volume 216 47. Para reforçar o entendimento do predicado verbo-nominal, leia algumas frases relacionadas à primeira reportagem e faça o que se pede. I. A internet é uma fábrica de mentiras. a) Classifique o predicado da oração. Predicado nominal. b) Qual é a função sintática de “uma fábrica de mentiras”? Predicativo do sujeito. II. A reportagem aborda o tema fake news. a) Classifique o predicado da oração. Predicado verbal. b) Como se classifica o verbo dessa oração quanto à transitividade? Verbo transitivo direto. c) Qual é a função sintática de “o tema fake news”? Objeto direto. III. A reportagem considera a internet uma fábrica de mentiras. a) Considerar é ( ) verbo de ligação. ( X ) verbo significativo. b) Quanto à regência, o verbo considerar é ( ) transitivo indireto. ( X ) transitivo direto. c) Identifique o complemento de considerar. Trata-se de um objeto direto ou indireto? O complemento é “a internet”. Trata-se de um objeto direto. d) A expressão “uma fábrica de mentiras” refere-se ( ) ao sujeito. ( X ) ao complemento verbal (objeto direto). e) Como se classifica o predicado da oração III? Por quê? O predicado da oração III é verbo-nominal, pois há um verbo significativo – VTD (considera) + um objeto direto (a internet) + um predicativo do objeto (uma fábrica de mentiras). Derivação imprópria Você já sabe que o processo de derivação consiste basicamente na formação de palavras pelo acréscimo de prefixo, de sufixo ou de prefi- xo e sufixo simultaneamente. A derivação imprópria é diferente, pois não forma novas palavras, apenas muda as palavras de classe gramatical. Observe: Esta camisa é verde. O verde das florestas me encanta. adjetivo substantivo 48. Leia as orações a seguir. Explique o caso de derivação imprópria nos exemplos acima. Nesse caso, ocorreu a derivação imprópria, pois um adjetivo passou a ser utilizado como um advérbio (de intensidade). Algumas possibilidades de deriva- ção imprópria são: I. Adjetivo parasubstantivo Os bons serão recompensados. II. Advérbio para substantivo O amanhã é incerto. III. Substantivos comuns para substantivos próprios Carlos Pereira esteve presente. IV. Adjetivos para advérbios Eles falavam baixo. I. Este é um produto caro. II. No início deste ano, a desinformação lhe custou caro. Língua Portuguesa 17 49. E nos casos a seguir, como podemos explicar a derivação imprópria? a) “principalmente pelo seu grande poder de influência.” O verbo poder está sendo utilizado como substantivo. b) “ocupam 10 posições do Top 20 mais influentes entre os jovens.” O adjetivo jovens está sendo utilizado como substantivo. Fique atento! A palavra que repre- senta derivação imprópria pode ser antecedida de outros vocábu- los diferentes do artigo. Por exem- plo: Seu poder é indiscutível. / Aqueles jovens são simpáticos. 50. Marque a alternativa em que a palavra “desavisados” constitui um exemplo de derivação imprópria. X a) Os desavisados são as maiores vítimas das notícias falsas. b) Cidadãos desavisados não poderiam ser prejudicados por informações falsas. O estudo da regência verbal envolve a relação entre o verbo e seu complemento. Saiba + Regência de alguns verbos de uso fre- quente – norma-padrão Verbo Transitivo direto Transitivo indireto agradar = fazer agrado “agradar o cachorro” = ser agradável, contentar “agradar ao amigo” (complemento “pessoa”) agradecer “agradecer um favor” “agradecer ao chefe” (complemento “pessoa”) aspirar = inspirar “aspirar o perfume da manhã” = desejar “aspirar a uma vida melhor” assistir = ajudar “assistir o doente” = presenciar “assistir ao filme” obedecer – x – “obedecer aos pais” visar = mirar “visar o alvo” = pôr o visto “visar o passaporte” = pretender “visar ao sucesso” preferir Transitivo direto e indireto: “João prefere arroz a macarrão”. Regência verbal 51. Leia as frases a seguir, extraídas da primeira re- portagem lida, e numere as orações, conforme as seguintes indicações: I. O verbo não necessita de complemento. II. O verbo necessita de complemento sem preposição. III. O verbo necessita de complemento com preposição. a) ( III ) “No passado, o YouTube também teve dificuldades para lidar com o plágio. b) ( I ) “Esse tipo de pirataria incomoda [...]” c) ( II ) “O YouTube remunera o criador.” d) ( II ) “O site ganhou apreço entre os youtu- bers [...].” Como você observou, a relação entre o verbo e seu complemento pode acontecer de maneiras dife- rentes. Veja mais estes exemplos: • “A fórmula mágica [...] naturalmente não funcio- nou [verbo sem complemento – intransitivo].” • “Em 2017, o time identificou [o verbo exige complemento sem preposição – transitivo direto] 2200 invenções [complemento sem preposição].” 9o. ano – Volume 218 52. A regência verbal usada nos textos a seguir está em desacordo com a recomendada pela norma-padrão. Consulte o Saiba mais e faça as alterações necessárias para adequar os textos à norma-padrão. a) FÁBRICAS DE PANETONES INVESTEM EM NOVOS SABORES PARA AGRADAR CONSUMIDORES Disponível em: <https://noticias.r7.com/fala-brasil/videos/fabricas-de-panetones-investem-em-novos-sabores-para-agradar- consumidores-27102017>. Acesso em: 15 ago. 2018. Fábricas de panetones investem em novos sabores para agradar aos consumidores. b) JOGADORES E TREINADOR FAZEM ATO PARA AGRADECER A TORCIDA Disponível em: <https://www.acidadeon.com/ribeiraopreto/NOT,0,0,1346058,jogadores+e+treinador+fazem+ato+para+agradecer+a+tor cida.aspx>. Acesso em: 15 ago. 2018. Jogadores e treinador fazem ato para agradecer à torcida. c) Disponível em: <https://esporte.uol.com.br/ultimas-noticias/efe/2018/08/07/nesta-temporada-podemos-aspirar-muitas-coisas-diz- griezmann.htm?cmpid=copiaecola>. Acesso em: 15 ago. 2018. Nesta temporada podemos aspirar a muitas coisas. d) ATIVIDADE FÍSICA NO TRABALHO DEVE VISAR PROMOÇÃO DA SAÚDE “NESTA TEMPORADA PODEMOS ASPIRAR MUITAS COISAS”, DIZ GRIEZMANN Disponível em: <http://www.usp.br/agen/?p=1696>. Acesso em: 15 ago. 2018. Atividade física no trabalho deve visar à promoção da saúde. Crase Crase é a fusão de duas vogais a. Para indicar a ocorrência de crase, coloca-se um acento grave sobre o a. E quando ocorre a fusão de duas vogais a? Basicamente, quando a palavra antecedente exige o a e a palavra seguinte aceita o a. Veja este exemplo: Substituição por uma palavra masculina. Em muitos casos, para verificar se há crase, é possível substituir a palavra feminina por uma masculina. Se aparecer ao antes da palavra masculina, deve- rá ser empregado o acento grave no a. Ex.: Vou à loja. Vou ao mercado.“[...] não cicatrizou devido à glicemia sem controle.” Observe que, no exemplo anterior, houve a fusão da preposição a, exigida pela palavra “devido” (devido a), com o artigo a, aceito pela palavra “glicemia” (a glicemia). Para marcar essa fusão, utilizamos o acento grave (indicador de crase). Veja, também, estes outros casos: I. O aluno alertou a classe. II. O paciente recorreu à Justiça. 53. Explique por que, na segunda frase, há um acento grave sobre o a. Porque a preposição a, requerida pelo verbo recorrer, funde-se com o artigo a, aceito por “Justiça”. Língua Portuguesa 19 Uso obrigatório Além do caso exemplificado pela frase II (página 19), o emprego do acento grave indicador de crase é obrigatório nas seguintes situações: I. Na fusão do artigo a (as) e do a- inicial dos demonstrativos aquele, aquela, aquilo: Ex.: Referiu-se àquele site de notícias falsas. Dirigiu o olhar àquela gôndola com preços baixos. Assistir àquilo o incomodava. II. Diante da palavra casa, quando acompanhada de expressão especificativa: Ex.: Refiro-me à casa de meus pais. III. Em locuções adverbiais femininas: Ex.: às vezes, às claras, às ocultas, às escondidas, à força, à noite, à tarde, à vela. IV. Em indicação de horas: Ex.: às três da manhã, às 10 horas. Uso facultativo O emprego do acento grave indicador de crase é facultativo nas seguintes situações: I. Diante de pronome possessivo: Ex.: Dirigiu-se à/a sua classe. II. Diante de nome próprio feminino: Ex.: Todas as críticas eram feitas à/a Denise. • Note que o uso do artigo diante do pronome possessivo e do nome próprio feminino é facultativo. Há muitos casos em que não ocorre crase, sendo, portanto, inadequado o acento grave. Ob- serve-os: 1. Antes de palavra mas- culina: Andei a cavalo. 2. Antes de verbo: Começamos a assistir ao filme. 3. Antes de pronomes em geral: Já nos referimos a isso. / O assunto a que você faz referência é complexo. 4. Antes de nomes de lugares (cidades, estados, etc.) que não admitem artigo: Vou a Campinas. Obs.: Se o nome da ci- dade estiver especificado, haverá crase: Vou à Curitiba dos lindos parques. 5. Antes de palavras no plural (se a preposição estiver no singular): Referi-me a cidades do interior. 6. Antes da palavra terra, com sentido oposto a mar: Os ma- rinheiros não retornaram a terra. 7. Entre palavras repetidas.: Dia a dia, observamos seu crescimento. 8. Antes da palavra casa, sem ex- pressão especificativa: Voltaram a casa rapidamente. Obs.: Note que, depois da preposição a, está presente um a que equivale a aquela, que se trata de um pro- nome demonstrativo. Essa ocorrência se dá, em geral, antes das pa- lavras que e de, como mostram os exemplos II e III. E diante de pronomes demonstrativos: Uso com pronomes Fique atento ao uso do acento grave antes de pronomes relativos: I. A decisão à qual você se refere já foi tomada. (se refere a + a qual) II. Esta senha é igual à que você já tinha. (igual a: preposição + a: pronome demonstrativo, representado pelo a) Outro exemplo: III. Esta imagem é semelhante à de ontem. (preposição a + pronome demonstrativo a) 9o. ano – Volume 220 54. A seguir, estão reproduzidos vários trechos de uma reportagem sobre supermercados, presente na revista Superinteressante, ed. 392, ago. 2018, p. 24-27. Leia-os e, nocaderno, substitua os asteriscos por a(s) ou à(s), explicando a regra que se aplica a cada caso. a) Não faltam produtos querendo enganar você no supermercado. E o pior: quase sempre, com * permissão da lei. Conheça alguns deles e saiba quais cuidados tomar para não ser pas- sado para trás quando for * compras. Quem gosta de água de coco não precisa ir * praia. Afinal, existem diversos produtos industrializados, vendidos em caixinhas, que garantem oferecer o mesmo líquido do fruto. b) No Brasil, o risco de ser ludibriado quando se vai * compras é grande. E * enganações nem sempre estão escondidas. “É importante atentar para a ordem dos ingredientes no rótulo. O primeiro está sempre em maior quantidade”, explica Laís Amaral, nutricionista do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). c) Nas próximas páginas, apontamos 20 mentiras ou meias verdades que você encontra * venda por aí. d) Há duas justificativas principais para a indústria alimentícia pulverizar sal e açúcar * rodo nos produtos. A primeira é aumentar o tempo de validade na prateleira, pois os dois ingre- dientes ajudam * conservar os alimentos. O outro motivo? Enganar o paladar. O açúcar que- bra a acidez e o amargor de alguns alimentos, enquanto o sal realça sabores. Prática de oralidade Seminário escolar O seminário escolar é um gênero composto de uma exposição oral, que é seguida pela participação do auditório (a classe). Primeiramente, um grupo apresenta sua exposição oral e, depois, o auditório faz questiona- mentos ou comentários sobre o assunto em pauta. Nossa proposta é que, em grupo, vocês apresentem um seminário sobre aspectos abordados nas reporta- gens lidas ou sobre aspectos mais gerais que envolvam a internet. Preparação 1. O primeiro passo é pensar em temas que possam ser pesquisados com profundidade por vocês. Cada grupo pode escolher um tema diferente. Não há problema se mais de um grupo escolher o mesmo tema. Alguns temas possíveis são: o uso indevido da internet, novas profissões relacionadas à internet, perigos do mundo virtual, fake news e redes sociais. A rodo (não ocorre crase pelo fato de o a estar diante de palavra masculina); a conservar (não ocorre crase pelo fato de o a estar diante de verbo). A permissão (somente artigo a); for às compras (o verbo ir exige a preposição a, e o substantivo compras aceita o artigo as); ir à praia (o verbo ir exige a preposição a, e o substantivo praia aceita o artigo a). Às compras (o verbo ir exige a preposição a, e o substantivo compras aceita o artigo as); As enganações (somente artigo a). À venda (locução adverbial feminina). Língua Portuguesa 21 Produção 4. Façam um roteiro da exposição, com base na reunião de resumos e notas produzidos após a leitura/escu- ta dos textos. Uma exposição oral se divide em abertura, desenvolvimento e retomada. O roteiro consiste em tópicos, que mostram a sequência da exposição, e palavras-chave, que relembram ao expositor o que ele deve dizer. 5. A partir do roteiro, distribuam as tarefas entre os membros do grupo – é o momento de definir quem ficará responsável por qual parte da exposição. 6. Na abertura, informem ao público o assunto da exposição, por que ele é importante e o modo como será desenvolvido. 7. O desenvolvimento geralmente é feito com o apoio de recursos visuais, como slides. a) Não coloquem nas telas tudo o que será falado. A leitura é mais rápida do que a fala. Então, se fizerem isso, o auditório lerá o texto da tela rapidamente e perderá o interesse pela fala de vocês. b) Insiram, em cada tela, tópicos e uma palavra-chave, para se lembrarem do que devem dizer durante a exposição. Complementem a tela com uma imagem, que pode ser uma foto, um desenho, um mapa ou um gráfico. Evitem telas “poluídas”, isto é, cheias de texto e imagens. 8. A exposição oral se encerra com uma retomada do assunto abordado, recapitulando rapidamente os pontos principais. Após essa retomada, agradeçam a todos pela atenção e passem a palavra ao auditório, para que os ouvintes possam fazer comentários ou apresentar dúvidas sobre o assunto. Vocês precisam estar preparados para responder a todas elas. 9. Façam alguns ensaios da exposição, observando os seguintes aspectos: a) A exposição não deve ultrapassar o tempo estipulado pelo professor. Portanto, se os ensaios durarem mais do que o tempo previsto, será necessário fazer cortes. b) Estabeleçam uma sincronia entre a fala e as telas projetadas. Decidam quem vai projetar as telas enquan- to um membro do grupo estiver falando. O expositor deve fazer referência às imagens com frases como: “Vocês podem ver na imagem um exemplo desse processo” e “Esta foto mostra que...”. c) Ensaiem a passagem da palavra entre os membros do grupo. Para isso, utilizem construções como: “Na sequência, a Marta vai falar sobre...”, “Mas isso nós vamos conhecer com o João” e “Quem vai explicar isso é o Carlos”. 10. No dia estipulado, façam a apresentação, colocando em prática tudo o que foi preparado. Pronunciem, com boa articulação, as palavras e falem em voz alta para que toda a classe possa ouvi-los. Não fiquem de costas para os colegas quando se referirem às telas projetadas; no máximo, fiquem de lado. Se forem consultar o roteiro, não tapem o rosto com a folha de papel; mantenham-na a uma boa distância dos olhos e consultem-na rapidamente, apenas para se lembrarem do que devem dizer. Apresentação 2. É fundamental que vocês entendam com profundidade o assunto. Para tanto, busquem informações em fontes diversas, como vídeos, notícias e reportagens. A leitura/escuta do conteúdo dessas fontes poderá lhes garantir domínio do tema escolhido. Dessa forma, vocês estarão preparados para responder às dúvi- das da classe depois da exposição. 3. Tomem nota do que ouvirem e elaborem um texto sintetizando as principais informações. Assim, a base da exposição oral estará pronta. d) Ensaiem também a postura corporal. Evitem mascar chicletes durante a ex- posição. Não fiquem encostados na parede. Não façam movimentos repeti- dos e não balancem as pernas. Por fim, caprichem na aparência, escolhendo bem a roupa que vão usar e o penteado. 9o. ano – Volume 222 Avaliação 12. Avalie sua participação nesta atividade preenchendo o quadro a seguir. Sim Em parte Não 1. Li/ouvi vários textos sobre o assunto selecionado? 2. Participei ativamente da escrita dos resumos e da elaboração das notas? 3. Mostrei empenho nos ensaios? 4. Mantive o foco durante a apresentação? Segui à risca o roteiro combinado com os colegas do grupo? 5. Meu desempenho foi satisfatório nos quesitos postura corporal, tom de voz e pronúncia? Prática de escrita Resumo Nesta seção, você vai estudar e produzir resumos. Mas, antes de mais nada, reflita sobre esta pergunta: Para que resumir? Há duas respostas possíveis. Primeiramente, podemos observar que o resumo aparece como componente de outros gêneros, como a resenha crítica. O resenhista costuma fazer um resumo dos eventos de uma nar- rativa (filme, romance, conto, etc.) no início do texto. Em seguida, desenvolve sua argumentação e, geralmente no final, emite sua opinião sobre a obra resenhada. No entanto, as obras ficcionais não são os únicos objetos de resenhas críticas. Livros teóricos sobre os mais diversos temas também são resenhados. Nesse caso, o resenhista apresenta um resumo das ideias da obra ou dos processos explicados nela. O resumo como componente de outros gêneros aparece também nas notícias e nas reportagens. Em segundo lugar, há o resumo escolar, que é um texto independente, geralmente solicitado pelo professor para verificar se os alunos leram um texto ou um livro que ele indicou. O mais comum é a solicitação de resumos de textos informativos. Dada sua importância no contexto escolar, é esse tipo de resumo que abordaremos a seguir. Leia esta reportagem de divulgação científica sobre um tipo de hambúrguer diferente. 11. Respondam às dúvidas da classe com tranquilidade e segurança. 9 Ohambúrguer impossível Um grupo de cientistas recebeu US$ 250 milhões do Google e de Bill Gates para perseguir uma meta improvável: criar um hambúrguer feito de plantas que seja realmente idêntico à carne. Ele foi batizado de “Impossible Burguer” – e nós experimentamos. O cardápio não tem nada de anormal. A lan- chonete, que se chama Bareburger e fica na rua 14, em Nova York, também não. O garçom logo aparece e, sem muita paciência, pergunta qual é o pedido. Escolhemos o penúltimo item do menu, escondido em meio às quase 20 opções de sanduí- che oferecidas pela casa (tem até carne de bisão). É o “Impossible Burguer: hambúrger, queijo, ce- bola caramelizada, alface, mostarda e ketchup no pão integral. US$ 13,95”. O garçom não pergunta Língua Portuguesa 23 se queremos o hambúrguer ao ponto ou malpas- sado, porque ele não tem ponto – nem carne. O Impossible poderia ser apenas mais uma das op- ções vegetarianas que têm proliferado nas lancho- netes; mas, como seu nome sugere, é diferente. O produto que vamos provar daqui a pouco é a combinação de nove anos de pesquisas, US$ 250 milhões (vindos de Bill Gates e do Google, entre outros investidores), engenharia genética e um ingrediente revolucionário e polêmico. Tudo para tentar criar uma carne “de mentira” idêntica à bo- vina. Quem conseguir fazer isso para valer, afi- nal, poupará animais, ficará milionário e salvará o planeta – pois hoje existem 1,5 bilhão de bois e vacas, cuja criação emite tanto CO2 quanto todos os carros do mundo. Não dá muito tempo de refletir sobre isso e o Impossible logo chega à mesa, perfurado por um pequeno espeto. Ele é largo (tem o diâmetro dos sanduíches do Burger King), mas o ham- búrguer em si é um pouco mais alto, como nas lanchonetes gourmet. A primeira mordida não deixa dúvida: ele é gostoso. Bem gostoso. É tos- tado por fora, rosado por dentro, e realmente tem gosto de carne. Mas não exatamente carne de hambúrguer: ela lembra mais a carne moí- da das almôndegas e dos bolinhos, inclusive na textura. O Impossible é mais mole do que um hambúrguer real (até um pouco mole demais, quase pastoso), e também fica devendo o sabor defumado característico. Mas, ao contrário dos burgers vegetarianos comuns, feitos de grão de bico, feijão, soja ou lentilha, ele realmente pare- ce carne bovina. Daria tranquilamente para se acostumar – e, quem sabe, passar a comer só esse tipo de “car- ne”. Esse é o sonho do geneticista Pat Brown, professor da Universidade Stanford. Ele ficou famoso na década de 1990, quando inventou o microarray: uma ferramenta que facilita a análise do DNA e hoje é usada em grande parte dos estu- dos sobre genética. Brown tirou um ano sabático, e logo descobriu o que queria fazer: diminuir o consumo de carne no mundo (ele é vegetariano desde a década de 1970). Começou organizando um congresso acadêmico para tentar conscien- tizar a sociedade, mas ninguém deu a mínima. Então Brown percebeu que seria mais inteligente colocar a mão na massa – e inventar um novo tipo de carne artificial, que fosse idêntica à de boi e que as pessoas quisessem comer. “É mais fácil mudar o comportamento do que a cabeça das pessoas”, declarou à revista Pacific Standard. Ele levantou dinheiro, contratou 25 funcio- nários e começou a analisar todos os aspectos da carne bovina: as proteínas responsáveis pela textura, os 150 compostos voláteis que produ- zem seu cheiro e gosto, as transformações que a carne sofre quando é aquecida etc. Começou a tentar reproduzir tudo aquilo com uma mistu- ra de trigo e massa de batata (os dois principais componentes do Impossible Burger), óleo de coco (que fornece os 13 g de gordura do produ- to, mesmo teor de um hambúrguer comum) e um pouco de goma xantana: uma massa gruden- ta, de milho fermentado, que está presente em muitos alimentos industrializados e serve para “dar liga”. Mas aquilo não parecia um hambúrguer de verdade. Faltava alguma coisa. E o segredo es- tava justamente no elemento mais simbólico da carne, que mais incomoda os vegetarianos e ilustra o sacrifício de animais abatidos: o sangue. Fungo transgênico O sangue é vermelho por causa da hemoglobi- na, a proteína que serve para transportar oxigênio pelo corpo. E a hemoglobina tem esse nome, e essa cor, porque contém moléculas chamadas he- mes. Eles são verdadeiros ônibus biológicos, que carregam mais de 100 átomos de carbono, hidro- gênio, oxigênio, nitrogênio e ferro. Sem os hemes, a vida como a conhecemos não existiria – além de transportar oxigênio no sangue dos animais, eles também ajudam as plantas a extrair o nitrogênio, um nutriente essencial, do solo. E, como Brown e seus colegas acabaram percebendo, os hemes – e, portanto, o sangue – são o que dá à carne seu sa- bor característico. Você já deve ter percebido isso, instintivamente, ao morder um pedaço de chur- rasco: é o sangue que deixa a carne rosada e macia. Para reproduzir a carne de verdade, os cientistas teriam de reproduzir o sangue também. Começaram tentando extrair o heme de uma planta: a soja, cujas raízes contêm pequena quantidade dessa molécula. Mas, para conseguir heme na quantidade necessária, eles teriam de criar enormes lavouras de soja, causando pro- blemas ambientais. “Não seria organicamente 9o. ano – Volume 224 viável, nem responsável”, diz o engenheiro Nick Halla, diretor da Impossible Foods, que é a em- presa criada para produzir o burger (e recebeu os US$ 250 milhões de Gates e do Google). Então os cientistas apelaram para a engenha- ria genética. Pegaram um fungo chamado Pichia pastoris e inseriram nele um gene tirado da soja: o mesmo que, na planta, regula a produção de heme. Deu certo. O fungo começou a crescer e produzir fartas quantidades dessa molécula, que é extraída e usada nos hambúrgueres. Em setem- bro do ano passado, a empresa inaugurou sua primeira fábrica, que fica na Califórnia e culti- va o fungo em tanques de fermentação. Ela já fornece seu produto para 800 lanchonetes dos EUA, e sua meta para 2018 é chegar a 5 milhões de hambúrgueres vendidos por mês (a empre- sa também está desenvolvendo versões vegetais da carne de porco, frango e peixe). Segundo os criadores do Impossible Burger, sua produção usa três vezes menos água e emite 80% menos CO2 do que a carne comum, ocupando uma área 20 vezes menor. A empresa diz que sua molécula de heme é idêntica à natural. Mas, como os alimentos transgênicos sempre encontram resistência en- tre os consumidores, ela pediu a aprovação da Food & Drug Administration (FDA), que regula os alimentos e medicamentos nos EUA. Foi um ato voluntário: por uma tecnicalidade da lei, o Impossible Burguer não precisa de autorização da FDA. De início, a agência não quis endossar o produto, alegando que o consumo do heme transgênico não havia sido testado em animais. O caso levantou certa polêmica, e então a empre- sa fez um estudo com ratos de laboratório, que foram alimentados com doses altíssimas dessa molécula (o equivalente a um ser humano comer 5 kg de Impossible Burgers por dia) e não apre- sentaram qualquer anormalidade. A FDA apro- vou o Impossible Burguer – mas aí foi a vez de a ONG internacional Peta (People for Ethical Treat- ment of Animals) começar uma campanha contra a empresa, a quem acusa de crueldade. Ela diz que, como o Impossible foi testado em animais, não pode ser considerado um produto vegano. Seja como for, ele pode ser a chave para con- vencer a maioria da população, que não é vega- na, a comer menos carne – de forma bem mais convincente do que qualquer apelo, protesto ou receita caseira. O segredo é conquistar as pes- soas pelo estômago. E, para fazer isso, o melhor ingrediente é o mesmo de todas as grandes in- venções humanas: a ciência. GARATTONI, Bruno; PESSOA, Flavio; DIDINI, Fernanda. O hambúrguer impossível. Superinteressante, São Paulo, p. 39-41, maio 2018. 1. O tema do texto é a) a visita do repórter a uma lanchonete para provar o Impossible Burguer e relatarsuas impressões sobre esse hambúrguer. X b) o processo científico que resultou na criação de um hambúrguer vegetariano idêntico ao de carne. 2. Registre, nas linhas a seguir, o nome dos autores da reportagem e o veículo onde o texto foi publicado. Autores: Bruno Garattoni, Flavio Pessoa e Fernanda Didini. O texto foi publicado na revista Superinteressante, na edição de maio de 2018. 3. Resumir consiste em eliminar as informações secundárias de um texto e manter apenas as essenciais. Sabendo disso, resuma os dois primeiros parágrafos do texto. Mantenha somente as informações que apresentam relação direta com o tema abordado. Sugestão: O Impossible Burger é resultado de nove anos de pesquisas, investimentos de US$ 250 milhões e um ingrediente revolucionário e polêmico. Os repórteres provaram o Impossible Burger em uma lanchonete e afirmaram que o hambúrguer realmente tem gosto de carne. Língua Portuguesa 25 O produto que vamos provar daqui a pouco é a combinação de nove anos de pesquisas, US$ 250 mi- lhões (vindos de Bill Gates e do Google, entre outros investidores), engenharia genética e um ingrediente revolucionário e polêmico. Tudo para tentar criar uma carne “de mentira” idêntica à bovina. Quem conse- guir fazer isso para valer, afinal, poupará animais, ficará milionário e salvará o planeta – pois hoje existem 1,5 bilhão de bois e vacas, cuja criação emite tanto CO2 quanto todos os carros do mundo. 4. Assinale a alternativa que apresenta o melhor resumo desse trecho. a) Além de evitar a morte de muitos animais, quem conseguir criar o hambúrguer vegetariano enriquecerá e contribuirá para melhorar o meio ambiente, pois a pecuária bovina emite a mes- ma quantidade de CO2 que toda a frota de veículos do mundo. X b) Os autores da reportagem afirmam que, além de evitar a morte de muitos animais, quem conseguir criar o hambúrguer vegeta- riano enriquecerá e contribuirá para melhorar o meio ambiente, pois a pecuária bovina emite a mesma quantidade de CO2 que toda a frota de veículos do mundo. c) Os autores da reportagem supõem que, além de evitar a morte de muitos animais, quem conseguir criar o hambúrguer vegeta- riano contribuirá para melhorar o meio ambiente, pois a pecuá- ria bovina emite grande quantidade de CO2. Tipos de apagamento Ao resumir um texto, recomenda-se o apagamento de: Um bom resumo é construído, o máximo possível, com nossas palavras. É importante, também, fazer constantemente referência ao autor do texto, denominando-o de diversas maneiras: o autor, o espe- cialista, etc. Resumo e a atribuição de verbos Releia este trecho da reportagem: 1. circunstâncias em geral (lugar, tempo, modo, etc.); 2. detalhes descritivos; 3. exemplos; 4. sinônimos ou explicações. O mais importante, porém, é ter sempre em mente o tema do texto. É o tema que determi- nará o que pode e o que não pode ser apagado. © Sh ut te rs to ck /L or el yn M ed in a 9o. ano – Volume 226 5. O quadro a seguir contém, na coluna da esquerda, trechos retirados da reportagem e, na coluna da direi- ta, resumos desses trechos. Substitua o asterisco dos resumos por um dos verbos entre parênteses. Trechos da reportagem Resumos Em 2009, Brown tirou um ano sabático, e logo descobriu o que queria fazer: diminuir o consumo de carne no mundo (ele é vegetariano desde a década de 1970). Começou organizando um congresso acadêmico para tentar conscientizar a sociedade, mas ninguém deu a mínima. Os autores da reportagem * que Brown organizou um congresso acadêmico para convencer a sociedade a se tornar vegetariana, mas não obteve sucesso. (duvidam, informam) informam Então Brown percebeu que seria mais inteligente colocar a mão na massa – e inventar um novo tipo de carne artificial, que fosse idêntica à de boi e que as pessoas quisessem comer. “É mais fácil mudar o comportamento do que a cabeça das pessoas”, declarou à revista Pacific Standard. Os autores da reportagem * que Brown resolveu, então, criar um tipo de carne artificial que despertasse o apetite das pessoas. (alegam, relatam) relatam Ele levantou dinheiro, contratou 25 funcionários e começou a analisar todos os aspectos da carne bovina: as proteínas responsáveis pela textura, os 150 compostos voláteis que produzem seu cheiro e gosto, as transformações que a carne sofre quando é aquecida etc. Prosseguindo, os autores da reportagem * os passos seguintes de Brown: obtenção de recursos, contratação de funcionários e análise de todos os componentes da carne bovina. (enumeram, definem) enumeram Começou a tentar reproduzir tudo aquilo com uma mistura de trigo e massa de batata (os dois principais componentes do Impossible Burger), óleo de coco (que fornece os 13 g de gordura do produto, mesmo teor de um hambúrguer comum) e um pouco de goma xantana: uma massa grudenta, de milho fermentado, que está presente em muitos alimentos industrializados e serve para “dar liga”. Os autores da reportagem * que Brown tentou reproduzir a carne bovina misturando trigo, massa de batata, óleo de coco e goma xantana. (acrescentam, discriminam) acrescentam Mas aquilo não parecia um hambúrguer de verdade. Faltava alguma coisa. E o segredo estava justamente no elemento mais simbólico da carne, que mais incomoda os vegetarianos e ilustra o sacrifício de animais abatidos: o sangue. Os autores da reportagem * que o componente que faltava era o sangue. (abordam, enfatizam) enfatizam Saiba + Organizadores textuais Entre os vários tipos de organizadores textuais estão as palavras ou as expres- sões que indicam a sequência em que os fatos de um processo ocorrem. No resu- mo, esses organizadores textuais são uti- lizados para assinalar momentos do texto resumido: Os autores da reportagem iniciam o rela- to sobre o hambúrguer vegetariano contando por que o geneticista Pat Brown teve a ideia de criar esse produto. Em seguida, narram as tentativas fracassadas e concluem citando a estratégia que deu certo: produzir a molé- cula heme por meio da engenharia genética. 6. Releia este trecho da reportagem e sublinhe as palavras que indicam o início e a etapa seguinte do processo: Para reproduzir a carne de verdade, os cien- tistas teriam de reproduzir o sangue também. Começaram tentando extrair o heme de uma planta: a soja, cujas raízes contêm pe- quena quantidade dessa molécula. Mas, para conseguir heme na quantidade necessária, eles teriam de criar enormes lavouras de soja, causando problemas ambientais. “Não seria organicamente viável, nem responsável”, diz o engenheiro Nick Halla, diretor da Impossible Foods, que é a empresa criada para produzir o burger (e recebeu os US$ 250 milhões de Gates e do Google). Então os cientistas apelaram para a enge- nharia genética. Língua Portuguesa 27 Sim Em parte Não 1. O resumo informa a fonte do texto (título, autor e veículo)? 2. As informações secundárias foram eliminadas, restando somente as informações essenciais? 3. Foram utilizadas construções próprias? 4. Foram atribuídos verbos adequados ao autor da reportagem? 5. Os organizadores textuais deixam clara a sequência dos acontecimentos? 15. Passe seu resumo a limpo e entregue-o ao professor. Agora que você já conhece os procedimentos para fazer um resumo, propomos que elabore um resumo da reportagem Eles não curtem o Facebook. Preparação 7. Releia a reportagem inteira. 8. Recapitule os procedimentos estudados na seção Prática de escrita. 9. No primeiro parágrafo, informe o título e o autor do texto e o veículo em que foi publicado. 10. Faça os apagamentos necessários para que seu resumo contenha somente as informações essenciais. 11. Redija o resumo das informações essenciais. 12. Atribua verbos adequados ao autor da reportagem (argumenta, expõe, registra, defende, etc.). 13. Indique a sequência dos fatos por meio dos organizadores textuais. 14. Avalie seu resumo preenchendo o quadro abaixo. Produção Avaliação Organize as ideias Projeto de escrita1. Conforme as regras mencionadas no quadro a seguir, classifique o uso da crase como obrigatório ou facultativo. Regras Crase obrigatória Crase facultativa A palavra antecedente exige o a e a palavra seguinte aceita o a. X Diante de pronome possessivo. X Diante de nome próprio feminino. X Fusão da preposição a e do a- inicial dos demonstrativos aquele, aquela, aquilo. X Diante da palavra casa, quando acompanhada de expressão especificativa. X Em locuções adverbiais femininas. X 9o. ano – Volume 228 Hora de estudo 29 2. Assinale a frase em que há predicado verbo-nominal. a) O professor leu o trabalho atentamente. X b) O professor considerou o trabalho excelente. c) O professor considera adiar a data de entrega dos trabalhos. 3. Escreva uma frase usando o verbo agradecer como transitivo indireto. Pessoal. Sugestão: Os jogadores agradeceram à torcida. 4. Explique o caso de derivação imprópria em “Os fortes vencerão o desafio”. “Fortes”, que pertence à classe dos adjetivos, está sendo utilizado como substantivo. Café verde instantâneo acelera metabolismo em 3 x: faz emagrecer O café verde pode não ser tão gostoso quanto o café feito com os grãos torrados e moídos, mas faz o metabolismo trabalhar triplicado. É o que mostra um artigo do nutricionista Rick Hay, baseado em um estudo feito na Noruega. Ele mostra evidências de que o segredo da redução de peso está nos compostos da bebida, que combatem a gordura. O estudo norueguês, publicado há mais de uma década no The Journal of International Medical Research, investigou os benefícios do extrato de grãos de café verde e descobriu que a versão instantânea da bebida fez pacientes perderem três vezes mais peso do que um café instantâneo comum. Motivo Hay explica que “O extrato de grãos de café verde é um estimulante natural que é uma versão menos processada do café e contém menos cafeína que o café comum”. Ele acrescentou que os grãos de café são “carregados” com antioxidantes e ácido clorogênico. Acredita-se que o ácido clorogênico seja o principal ingrediente dos grãos de café verde, que produz efeitos de perda de peso, garantiu Hay. O estudo Trinta indivíduos com excesso de peso foram acompanhados durante 12 semanas e 3 meses para o ensaio, publicado no The Journal of International Medical Research. Metade consumia café regular, o resto, um café instantâneo enriquecido com 200 mg de extrato de grão de café verde. Ambos os grupos foram instruídos a não mudar sua dieta ou hábitos de exercício pela equipe do ETC Research and Development de Oslo, na Noruega. O estudo descobriu que o grupo que tomou o café instantâneo com extrato de grão de café verde perdeu 5,4 kg, em média. CAFÉ verde instantâneo acelera metabolismo em 3 x: faz emagrecer. Disponível em: <http://www.sonoticiaboa.com.br/2018/08/21/cafe-verde- instantaneo-acelera-metabolismo-em-3-x-faz-emagrecer/>. Acesso em: 22 out. 2018. 1. Lendo apenas o título, você acha que essa notícia pode ser útil a pessoas que desejam emagrecer? Você a compartilharia com essas pessoas sem ler o texto inteiro? Pessoal. Espera-se que os alunos respondam, com base nas atividades do Painel de leitura, que nenhum texto deve ser compartilhado apenas por causa de seu título. É preciso lê-lo integralmente para se certificar de que pode realmente ser útil às pessoas que desejam emagrecer. E essas pessoas devem submeter o texto a seu médico ou nutricionista antes de inserir o café verde em sua dieta. 2. O texto menciona um artigo científico. Quem é o autor desse artigo? Quando e onde ele foi publicado? O autor é o nutricionista Rick Hay, e o artigo foi publicado há mais de uma década no The Journal of International Medical Research. 3. Por que esse estudo se tornou tema de uma notícia veiculada em 2018? Pessoal. Sugestão: Pela necessidade que os sites noticiosos têm de oferecer diariamente notícias “novas” a seus leitores, mesmo que requentadas. 4. O texto informa que o artigo foi baseado em um estudo. a) Descreva esse estudo. Trinta indivíduos com excesso de peso foram acompanhados durante 12 semanas e 3 meses. Metade consumia café regular, e o restante, um café instantâneo enriquecido com 200 mg de extrato de grão de café verde. b) Qual foi a conclusão do estudo? O estudo concluiu que o grupo que tomou o café instantâneo com extrato de grão de café verde perdeu 5,4 kg, em média, ou seja, três vezes mais do que o grupo que consumiu café instantâneo simples, que perdeu, em média, 1,7 kg. c) A notícia não informa se o grupo estudado fazia dieta, mas o leitor pode inferir que sim. Por quê? O grupo estudado era composto de 30 pessoas com excesso de peso, as quais, ao final do período, haviam perdido peso. Infere-se, portanto, que elas faziam alguma dieta para emagrecer. d) Compare o título da notícia com o que você descobriu nas questões anteriores. O título corresponde ao conteúdo do texto? Justifique sua resposta. Não, pois o título dá a entender que o café verde, tomado isoladamente, é que faz emagrecer. Porém, infere-se do texto que essa bebida não foi um fator isolado, já que os participantes do estudo faziam dieta. A análise dessa notícia evidencia que não somente as notícias falsas podem induzir a comportamentos equivocados. Uma notícia verdadei- ra, quando mal-escrita e servindo a propósitos escusos (oferecer uma notícia requentada como se fosse atual), também pode causar danos. 11 Isso foi três vezes mais do que o grupo que consumiu café instantâneo simples, que perdeu, em média, 1,7 kg. Além de ajudar na perda de peso, Hay disse que o extrato de café verde pode ajudar na produção de energia e na circulação sanguínea. Hay, que é diretor nutricional da Healthista, que é um canal de saúde, também acrescentou que a bebida pode impulsionar o sistema imunológico, porque está repleta de polifenóis antioxidantes. A dosagem recomendada é entre 200-400 mg de pó de café verde diariamente devido ao seu teor de cafeína. O café verde instantâneo pode ser encontrado em casas de produtos naturais. [...] 30 31 5 Artigo de opinião 1. Como você faz para expressar sua opinião sem ser mal-educado com as pessoas que têm pontos de vista contrários aos seus? 2. Entre os tipos de argumentos já estudados (raciocínio lógico, argumento de autoridade, argumento baseado em provas concretas), quais você considera mais eficientes para convencer alguém? 3. Se uma pessoa xinga alguém, é porque ela não tem argumentos? 1 © Sh ut te rs to ck /G ra ph ic fa rm • Analisar o fenômeno da disseminação do discurso de ódio nas redes sociais. • Dominar os principais casos de regência no- minal. • Identificar o complemento nominal e com- preender sua função. • Identificar a oração subordinada substan- tiva completiva nominal, nas formas de- senvolvida e reduzida, e compreender sua função. • Produzir um artigo de opinião. • Realizar uma entrevista. Objetivos Artigo de opinião O discurso de ódio se manifesta por meio do xingamento, que nada tem a ver com a crítica. Entenda a dife- rença entre xingamento e crítica lendo o artigo a seguir. Painel de leitura 2 Teoria geral do xingamento Marcia Tiburi 17 de maio de 2018 Talvez seja necessário fundar uma nova ciência para dar conta de um fenômeno que tem se tornado crucial em nossa cultura co- municacional na era das tecnologias digitais e das redes sociais. O objeto dessa ciência seria o fenômeno do xingamento: a conspur- cação do outro em forma verbal, que surge em profusão nas redes, por meio de palavras, emoticons e outros sinais gráficos. Nossa nova ciência, na base de uma antropologia e uma socio- logia, deve habitar o intervalo entre o mundo da pesquisa e o mun- do da vida simples. Geografia e estatística nos revelariam o estado da linguagem de ódio que sustenta o ato generalizado de xingar. A antropologia digital e a psicanálise poderiam auxiliar com a análise da cultura atual que surge na internet, mas também com a compreensão do tipo subjetivo do xingador. O xingamento
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