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AULA 4 ESTIMULAÇÃO COGNITIVA NO TEA Prof.ª Grazielle Tavares 2 TEMA 1 – ANÁLISE DO COMPORTAMENTO APLICADA (ABA) ABA é a abreviação de Applied Behavior Analysis. Em português, sua tradução significa Análise do Comportamento Aplicada, seu método refere-se à intervenção e ao ensino de aptidões necessárias para viver em uma sociedade. Ela é responsável por aplicar princípios comportamentais a situações sociais realmente relevantes. 1.1 Histórico da ABA A constituição histórica de uma ciência nem sempre é vista de forma simplista, muitas vezes ela é controversa, por esse motivo é preciso verificar e estudar o seu princípio histórico como meio de se basear em evidências mais fidedignas possíveis para descobrir sua origem. Applied Behavior Analysis (ABA) é um termo do campo científico do behaviorismo que observa, analisa e explica a associação entre o ambiente, o comportamento humano e a aprendizagem (Lear, 2004, p. 10). Alguns autores fazem relatos diferentes sobre a origem da ABA. De modo geral, sua origem oficial está vinculada à publicação do Journal of Applied Behavior Analysis (JABA). Artigos a respeito do assunto ganhariam espaço desde que o estudo contemplasse a aplicação comportamental e analítica. Além disso, exigia-se que a pesquisa fosse tecnológica, conceitualmente sistemática, efetiva e demonstrasse que poderia ser generalizada (Sella; Ribeiro, 2018). A ABA, desde sua origem, procurou aliar a base científica com publicações em periódicos. “As intervenções de análise do comportamento aplicada desenvolveram-se a partir de pesquisas básicas conduzidas ao longo dos últimos 80 anos com seres humanos e animais” (Whitman, 2015, p.172). Em conjunto com essas aplicações, surgiram teorias importantes que contribuíram com o desenvolvimento e aprendizados dos indivíduos. Conhecer essas linhas é de fundamental importância quando se trabalha com autistas. Vale salientar que o termo ABA “descreve uma abordagem científica que pode ser usada para tratar muitas questões diferentes e cobrir muitos tipos diferentes de intervenções. Educação, especificamente Educação Especial para crianças com autismo, é uma das aplicações dessa ciência” (Lear, 2004, p. 11). Por apresentar tal abordagem, é importante conhecer seu conceito para aplicá-la de modo pertinente e adequado nas práticas que envolvam indivíduos com 3 diferentes especificidades. De acordo com Whitman (2015, p. 172), “essas técnicas têm sido usadas há mais de 30 anos em contextos domésticos, nas escolas e nas comunidades para ensinar às crianças e aos adultos uma grande variedade de comportamentos, incluindo diferentes habilidades motoras, de linguagem, sociais, acadêmicas”. A aplicação da ABA demonstrou sua eficácia no que concerne à utilização em diferentes meios como escolas, empresas e situações diferenciadas. Depois, ela foi empregada com diversos tipos de indivíduos, como as crianças típicas e as que apresentavam comportamento atípico, bem como adolescentes, jovens, adultos e idosos com e sem doenças crônicas. A amplitude de situações em que a ABA foi aplicada tinha como foco dos pesquisadores o âmbito social, talvez seja por isso que a área referente ao autismo tenha sido foco de interesse desses estudiosos, com o intuito de colaborar com ações que favorecessem a aplicação da teoria em ações que realmente trouxessem resultados para os envolvidos nesse processo (Sella; Ribeiro, 2018). Alguns pesquisadores procuraram fazer a interseção entre o programa ABA e o autismo e levaram essa teoria para aplicações que auxiliariam no desempenho desses sujeitos. Ole Ivar Lovaas (1927-2010), influenciado por inúmeros pesquisadores ao longo de sua carreira, foi um dos psicólogos que se dedicou à aplicação da Análise do Comportamento em crianças com necessidades educacionais especiais e com atrasos no desenvolvimento linguístico. Ao buscar esse público, o pesquisador se deparou com autistas, o perfil dessas pessoas era o ideal para seu trabalho (Sella; Ribeiro, 2018). Em 1987, Lovaas publicou o resultado de sua pesquisa, em que demonstrou os seguintes resultados: Em um grupo de 19 crianças, 47% dos que receberam tratamento atingiram níveis normais de funcionamento intelectual e educacional, com QIs na faixa do normal e uma performance bem-sucedida na 1ª série de escolas públicas. 40% do grupo tratado foram depois diagnosticados como portadores de retardo leve e frequentaram classes especiais de linguagem, e os 10% remanescentes do grupo tratado foram diagnosticados como portadores de retardo severo. Comparativamente, em um grupo de 40 crianças, somente 2% do grupo controle (aqueles que não receberam o tratamento de ABA usado por Lovaas), atingiram funcionamento educacional e intelectuais normais, 45% foram diagnosticados como portadores de retardo leve e 53% foram diagnosticados como portadores de retardo severo. (Lear, 2004, p. 12) Diante de tais resultados o pesquisador tornou-se referência nesse procedimento. É bom deixar claro que os reforços utilizados nessa terapia não apresentam enfoque aversivo. Utiliza-se reforço positivo antes de qualquer 4 intervenção. Dessa forma, conquistas são alcançadas dentro do programa aplicado. TEMA 2 – CONCEITOS DA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO APLICADA Conhecer as diferentes abordagens que a área da psicologia aborda é de grande valia para entendê-la como ciência complexa que possui diferentes caracterizações de fenômenos de estudo, bem como métodos diferenciados que levam à investigação. Essa abordagem foi apresentada inicialmente pelo psicólogo norte-americano B. F. Skinner (1904-1990), posteriormente desenvolvida por analistas do comportamento. 2.1 Princípios da análise do comportamento aplicada Conhecer as especificidades referentes à Análise do Comportamento Aplicada não é uma tarefa fácil, uma vez que tal conhecimento demanda tempo, conhecimento e trabalho. Esses profissionais empregam seu conhecimento para ajudar as pessoas a modificar seu comportamento. Por isso, sua função é modificar comportamentos sociais relevantes. Brites e Brites (2019, p. 110) apontam que ABA é um modelo científico de intervenção comportamental considerado o mais eficaz para a redução de sintomas autísticos e de seus comportamentos inadequados e poucos adaptados ao ambiente. Baseado no princípio de Skinner, alicerça ações em uma análise detalhada dos comportamentos iniciais da criança, em conjunto com fatores do ambiente de seus cuidadores, que favorecem ou prejudicam o modo de ela agir. Primeiramente, é necessário pensar sobre o conceito de comportamento, que é “o que uma pessoa faz e diz. É uma ação (chorar) e não uma característica da pessoa (alta). Aquelas coisas que estão ‘na sua cabeça’, como pensamentos, intenções, ideias, planos etc. não são comportamentos” (Lear, 2004, p. 26). Ressalta-se que, quando a pessoa apresenta algum limite ao se comunicar, é necessário buscar entender quais são as nuances que não são visivelmente apresentadas, para ajudá-la a modelar esse comportamento e contribuir com pedidos cotidianos, tais como sono, fome e dor. O analista pode atuar em diferentes áreas, a única exigência é que haja um comportamento que necessita ser alterado. A interação entre os estímulos provocados no sujeito envolvido em determinada situação, aliado à resposta 5 obtida por meio dessa interação, é o que provoca um estímulo antecedente e uma resposta que poderá ser definida como comportamento operante ou respondente (Sella; Ribeiro, 2018). Quando se trata da Análise do Comportamento, vale ressaltar que os conceitos de ambiente e comportamento, bem como de resposta e estímulo, são interdependentes. Sella e Ribeiro (2018) apontam que é essencial conhecer um para saber como o outro se determina. Podem-seempregar os termos se e então. Sendo que o vocábulo se refere-se a algum aspecto do comportamento ou do ambiente. E o vocábulo então pode ser definido como o evento consequente. Dessa forma, ao analisar esses aspectos, é possível verificar os elementos envolvidos e verificar as relações entre eles. Como exemplo, pode-se citar: “se chover, então eu levo o guarda-chuva”. Há a necessidade de se conhecer as contingências que estão operando, ou deduzir qual tem mais possibilidade de ter atuado em uma dada situação. Com base nesses dados, o analista propõe outras contingências que podem alterar o comportamento. Ao fazer essa manipulação, é possível instalar comportamentos, até mesmo alterar os padrões, reduzir, enfraquecer ou até mesmo acabar com eles (Sella; Ribeiro, 2018). Para tanto, faz-se necessário observar quais as mudanças que necessitam ser realizadas para poder atuar com precisão sobre o ato e conquistar o resultado que se deseja. Vale ressaltar que antecedente é aquilo que acontece antes do comportamento. Já o comportamento é a resposta dada ao antecedente. E a consequência é o que ocorre depois do comportamento. Para exemplificar sobre o processo de antecedente, comportamento e consequência, pode-se utilizar a seguinte situação apontada por Lear (2004, p. 26): o telefone toca (antecedente), você atende (comportamento) e o operador de telemarketing lhe prende ao telefone, fazendo com que atrase o jantar (consequência). Caso essa situação se repita novamente, você poderá ter receio de atender o telefone enquanto estiver cozinhando, uma vez que poderá atrasar o jantar. TEMA 3 – REFORÇO Para a análise do comportamento, reforço é um processo fortalecido pela consequência imediata que seguirá a sua ocorrência. Logo, pode-se dizer que após uma ação, algo acontece como consequência dessa situação. Nesse caso, há chances desse comportamento voltar a acontecer. Pode-se citar como 6 exemplo: a criança lava as mãos e ganha um pirulito (reforço), aumentando as chances de, no futuro, ela lavar as mãos para ganhar um doce. 3.1 Reforço positivo e negativo Constantemente, as pessoas são reforçadas por situações que acontecem em sua volta. Quando o sujeito recebe o salário, quando tira boas notas, quando recebe um brinde, são exemplos do cotidiano de reforços empregados em ações do cotidiano. Logo, o reforço é empregado quando uma ação realizada tem uma consequência, e essa aumenta a chance da situação se repetir. Dentro dessa análise, é interessante pensar que o reforço é uma prática rotineira aplicada de diferentes maneiras no dia a dia, por diferentes atores sociais. Vale ressaltar que, nas relações sociais, os sujeitos reforçam e são reforçados a comportar-se de determinada forma. A princípio, o termo pode gerar dúvidas sobre como empregá-lo. No entanto, na prática, vale ressaltar que “o truque para reforçar é descobrir o que é poderoso o suficiente para causar o comportamento desejado acontecer de novo” (Lear, 2004, p. 31). Quando se tem em mente tal princípio, torna-se mais fácil observar quais elementos que podem ser empregados como reforçador. Quando as consequências são positivas, são chamadas de Reforçadoras porque tendem a reforçar o comportamento que seguem. Quando consequências são negativas, são chamadas de punição. Ao usar ABA para ensinar crianças com autismo, usamos apenas consequências positivas, ou reforçadoras. (Lear, 2004, p. 31) Para aplicação da ABA, é necessário estabelecer os reforçadores que serão empregados, uma vez que há a necessidade de deixar isso estabelecido para obter a resposta que se deseja. As consequências colaboram para obter as respostas esperadas dentro da aplicação dos protocolos que será realizada nas sessões. Ao identificar os reforçadores, é imprescindível distinguir os reforçadores positivos dos negativos. É bom saber que um mesmo reforçador pode ser positivo ou negativo. O que diferencia é o modo de empregá-lo a uma dada situação. Abaixo serão apresentados e exemplificados os dois tipos de conceitos, segundo Lear (2004, p. 32): Reforçador Positivo (SR+) é a adição de alguma coisa que resulta no fortalecimento do comportamento. Por exemplo: você faz um trabalho, e é pago por ele. Você tende a continuar fazendo o trabalho! 7 Você canta uma música e todos o aplaudem – você quer fazer de novo. Um Reforçador Negativo (SR–) é a remoção de alguma coisa desagradável que resulta no fortalecimento de um comportamento. Ele é também chamado de ‘aversivo’. Por exemplo, você retira a etiqueta de uma camisa nova que está irritando sua nuca. Sua nuca se sente bem e você retirará todas as etiquetas de suas camisas novas. Ou você fecha seu guarda-chuva quando está ventando para evitar que ele vire do avesso. Seu guarda-chuva não estraga e assim, da vez seguinte, você mantém o guarda-chuva fechado quando estiver ventando. Diante dos conceitos apresentados, fica evidente que o termo reforçador positivo ou negativo não apresenta relação com algo bom ou ruim. Ele apenas aponta se há adição ou extinção de algo que provoca determinada consequência na ação do sujeito. “Lembre-se que, se aparece aqui a palavra reforçador, há a tendência de aumentar o comportamento. Tanto reforçadores positivos quanto os negativos tenderão a fortalecer ou aumentar o comportamento” (Lear, 2004, p. 32). Não é aplicado na ABA, mas é necessário conhecer um termo muito utilizado no dia a dia, em diferentes contextos. “A punição quer dizer qualquer coisa que tende a enfraquecer o comportamento que segue. Não tem o componente adicional de ferir outra pessoa que comumente associamos à palavra punição” (Lear, 2004, p. 33). Por exemplo, não usar o celular, pois bateu no colega. Caso esse comportamento reduza, pode-se dizer que a punição teve efeito. No entanto, se continuar a bater não teve o resultado esperado. Diante dos conceitos apresentados, o indivíduo que irá trabalhar com a Análise do Comportamento, precisa estar muito atento para tomar as decisões adequadas e proporcionar a modelagem adequada do comportamento. Ressalta- se novamente que a punição não é empregada, apenas reforçadores são empregados. TEMA 4 – REFORÇADORES A utilização de reforçadores é empregada para aumentar a incidência de determinado comportamento. Para tanto, é preciso conhecer quais são os tipos de reforçadores que podem ser empregados quando se usa a ABA. Além disso, é necessário aprender a selecionar quais reforçadores podem ser empregados para determinadas finalidades. 8 4.1 Identificação e seleção de reforçadores Como método científico, a ABA é um modo de intervir para reduzir os sintomas autísticos e os comportamentos considerados inapropriados. Ao analisar o comportamento inicial da criança, concomitantemente com o ambiente e com as atitudes das pessoas que estão a sua volta, “identificam-se situações negativas e positivas e descrevem-se as reações da criança nesses contextos. Delineiam-se, a partir daí, estratégias de respostas que a criança poderia ter com o uso de motivações e reforço positivo” (Brites; Brites, 2019). Para ajudar a mapear esse processo, é necessário saber que há distinção de reforçadores. Existem características que precisam ser conhecidas para uma escolha adequada na aplicação da ABA. Lear (2004, p. 32) explica que existem reforçadores secundários, ou seja, coisas de que aprendemos a gostar, de preferência a reforçadores primários, que são coisas que precisamos para sobreviver, como ar, água e comida. Nunca negamos reforçadores primários. São reforçadores primários poderosos? Certamente. Sempre trabalharemos para obter os reforçadores primários acima de qualquer coisa. Se não pudermos respirar, faremos de tudo para conseguir oxigênio! Se estivermos famintos, a comida se tornará muito motivadora. Se tivermos sede, água é nossa prioridade. Quando usamos comidaou bebida como reforçadores, eles são como um brinde extra, uma coisa prazerosa ou reforçador secundário, nunca o sustento necessário à sobrevivência! Os reforçadores secundários podem ser definidos em categorias diferenciadas. Podem ser classificados como: Físico: carinho, cócegas, beijo… Sociais: elogio, sorriso, aplauso… Atividades: tempo no celular, correr, jogar… Comestível: balas, chicletes, chocolates… Tangível: brinquedos, livros, adesivos… Após conhecer os tipos de reforçadores, faz-se necessário identificar entre essas opções qual terá maior benefício quando aplicado a determinado perfil. Por isso, a escolha do reforçador é de suma importância nesse momento. A dúvida que pode surgir é como essa escolha poderá ser realizada, de modo a colaborar com os resultados desejados. Lear (2004, p. 41) aponta que, antes de começar o trabalho, “faça uma lista e, antes de tudo, separe estes itens. Você pode querer separar certos brinquedos e bugigangas especialmente para o horário de trabalho, 9 para que sejam especiais. Você pode querer reservar também guloseimas favoritas, vídeos, jogos, etc., só para estas horas”. Apesar de ter separado tais itens, podem surgir dúvidas de como identificar, entre os materiais selecionados, aquele que mais atrai a atenção da criança. Sabendo-se que os reforçadores são os grandes influenciadores do sucesso nas respostas que levam à mudança de comportamento, faz-se necessário aprender a apurar quais são esses objetos que atraem a atenção do indivíduo. Por isso, sugere-se que utilize as dicas abaixo, como meio de obter o melhor resultado. Pergunte: procure saber, da criança, da família e dos professores, por quais dos objetos apresentados o autista demonstra maior apreço. Observe: olhe o que a criança seleciona para brincar e como ela age diante do objeto. Ela pode, por exemplo, se interessar por barbantes, clipes, argolas etc. Avalie: pegue uma caixa disponível com reforçadores secundários e deixe à disposição da criança. Assim, ela poderá pegar o objeto pelo qual se interessa mais. Logo, será possível identificar o que há de mais atrativo dentre os elementos apresentados. Oportunize uma escolha: dê para a criança duas opções para que ela aponte a que gosta mais. Você quer bala ou quer bolha de sabão? Mude os reforços: ofereça para a criança opções de reforços diferentes e veja como ela reage. Use reforçadores variados: deixe o autista conhecer diferentes opções de reforçadores. Assim, ele poderá aumentar sua gama de opções e não ficar restrito apenas a uma escolha. Isso ajuda muito em relação ao programa, que deve ter variedade de reforçadores. TEMA 5 – APLICAÇÃO DA ABA A ABA é empregada com diferentes públicos. No caso do autista, sugere- se que o início do tratamento seja prioritariamente utilizado em crianças pequenas, uma vez que o cérebro desses indivíduos está mais aberto a receber as informações e a modificar comportamentos, devido à ação da neuroplasticidade entre os neurônios. 10 5.1 Como empregar a ABA A ABA tem sido aplicada na área de saúde – com a psicologia, a terapia ocupacional, a fonoaudiologia etc. – e na educação. Essa é a maior abordagem de tratamento empregada em autistas. Os profissionais que aplicam essa abordagem precisam conhecer os princípios básicos e ficar atentos para, na aplicação, avaliar a eficácia das intervenções pensadas para cada indivíduo. Dessa forma, é possível observar se atingiram os resultados esperados. Alguns princípios são essenciais para que a dinâmica da ABA dê certo e é preciso saber que princípios são esses. Abaixo estão elencados pontos sugeridos por Brites e Brites (2019), que correspondem a atitudes que devem ser pensadas quando se trata da aplicação da ABA: Deve ser aplicada por profissionais capacitados e qualquer pessoa pode receber treinamento para cumprir essa função. Os profissionais que trabalham com crianças nas áreas de saúde e educação devem conhecer e se capacitar na ABA. Os pais devem saber sobre a ABA e manter, nos diferentes ambientes que frequenta, as ações orientadas pela clínica. As ações devem ser integradas entre a clínica e a escola, para que funcionem em consonância com a proposta. Diante de tais recomendações, pode-se afirmar que todos os envolvidos no trabalho devem conhecer a aplicar da mesma forma a ABA, para que realmente tenha resultados. Caso um dos eixos falhe, a criança irá perceber essa brecha e o comportamento não será modelado adequadamente. Lear (2004, p. 105) aponta que “toda criança pode aprender – seu trabalho é descobrir a melhor maneira de ensiná-la. Há algumas coisas que você pode fazer para tornar a experiência mais fácil e agradável para ambos”. Para colaborar com a implementação do programa, primeiramente é necessário observar o comportamento da criança em situações ambientais e diante de seus familiares, ou então no âmbito escolar. “Nesse processo, identificam-se situações negativas e positivas e descrevem-se as reações da criança nesse contexto. Delineiam-se, a partir daí, estratégias sequenciais de respostas que a criança poderia ter com o uso de motivações e reforços positivos” (Brites; Brites, 2019, p. 110). Dessa forma, espera-se a modelagem adequada dos 11 padrões de comportamento, que tende a acontecer mais rápido caso a criança seja mais nova. Para que a aplicação da ABA ocorra da melhor forma possível, é necessário que alguns pontos sejam trabalhados e vistos como parte do processo de aprendizagem. Para isso, Lear (2004, p. 105) destaca alguns pontos: Torne o ambiente de aprendizagem reforçador. Prepare o ambiente de aprendizagem. Combine e varie demandas de ensino. Intercale tarefas fáceis e difíceis. Aumente gradualmente o número de demandas. Agilize o ritmo de instrução. Ensine fluência das habilidades. Cartões de dicas para professores. Contato visual. Técnicas comportamentais usadas em ABA. Exemplo de currículo, espaço de trabalho e aulas. Diante de tais dicas, é imprescindível alinhar os procedimentos com os demais terapeutas. Objetiva-se modificar o comportamento conforme o padrão para que o aprendizado seja generalizado. Dessa forma, o sujeito pode aplicar aquilo que aprendeu em diferentes contextos e colher os benefícios gerados pela adequação comportamental. “Nesse processo, podem-se adotar modelos de observação verbal do comportamento e uma descrição detalhada de pequenos atos por tentativas discretas empreendidas entre terapeuta e cliente” (Brites; Brites, 2019, p. 112). Essa abordagem possibilita que o sujeito possa identificar as relações comportamentais que precisam ser alteradas e buscar “definir os procedimentos de modo completo, preciso e sistemático a fim de construir um padrão que possa ser replicado pelos terapeutas e pelos pais” (Brites; Brites, 2019, p. 111). Assim, o processo terapêutico é aplicado e vivenciado em diferentes contextos, modelando funcionalmente o comportamento do autista, e todos os envolvidos podem colher os frutos dessa proposta. 12 REFERÊNCIAS BRITES, L; BRITES, C. Mentes únicas. São Paulo: Gente, 2019. DONVAN, J.; ZUCKER, C. Outra sintonia: a história do autismo. 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