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ANÁLISE-DO-COMPORTAMENTO-APLICADA-ABA-NO-ATENDIMENTO-A-INDIVÍDUOS-COM-DESENVOLVIMENTO-ATÍPICO-1

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Prévia do material em texto

2 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 3 
2 O DESENVOLVIMENTO ATÍPICO EM CRIANÇAS E A METODOLOGIA ABA
 4 
3 O COMPORTAMENTO VERBAL ................................................................... 6 
4 O REPERTÓRIO D DESENVOLVIMENTO ATÍPICO — CARACTERÍSTICAS 
DO TEA (TRANSTORNO DE ESPECTRO AUTISTA) ................................................. 12 
5 A VISÃO DA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DO DESENVOLVIMENTO 
ATÍPICO 15 
6 QUANDO PEDIR AJUDA ............................................................................. 17 
7 A TERAPIA DO BRINQUEDO. ..................................................................... 18 
8 AUTISMO: A RESTRIÇÃO COMPORTAMENTAL E AS ESTEREOTIPIAS 19 
9 ABA: UMA INTERVENÇÃO COMPORTAMENTAL EM CASOS DE AUTISMO
 22 
10 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................. 27 
11 AUTISMO: NOTA SOBRE O DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO DE 
DIAGNÓSTICO ............................................................................................................. 31 
12 AVALIAÇÃO EM ABA ............................................................................... 32 
13 O PAPEL DO ESPORTE NO ATENDIMENTO A CRIANÇAS COM CONDIÇÃO 
DE DESENVOLVIMENTO ATÍPICO ............................................................................. 34 
14 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 39 
 
 
3 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao 
da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro — quase improvável — um aluno 
se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, 
para ser esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça 
a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, 
é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao 
protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe 
convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida 
e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
4 
 
 
2 O DESENVOLVIMENTO ATÍPICO EM CRIANÇAS E A METODOLOGIA 
ABA 
 
Fonte: clinicahorizontes.com. 
 
A análise do comportamento Ampliada Aplicada — ABA (Applied Behaviour 
Analysis) é uma abordagem de intervenção e investigação psicológica que une a teoria 
comportamental clássica, oriunda da tradição behaviorista, com os avanços mais atuais 
no campo das ciências do comportamento, considerando como fundamentais a 
neurologia e a neurociências. 
Desde seu desenvolvimento, as ciências do comportamento descobririam vários 
princípios que atuam no desenvolvimento da conduta; elas demonstraram, assim, a 
possibilidade de dar um tratamento científico ao estudo do comportamento e, 
consequentemente, a aplicação do aporte teórico conquistado em intervenções clinicas. 
Uma das características da metodologia ABA, tema desta disciplina, é sua 
dinamicidade. Ela se desenvolve conforme o percurso das ciências do comportamento, 
orientando-se pela ideia de que a psicologia é uma ciência capaz dar soluções práticas 
e eficazes ao sofrimento humano. No que se refere a portadores de desenvolvimento 
atípico; principalmente aqueles referentes a quadros do TEA (transtorno de espectro 
autista), em que encontramos uma estrutura de experiência marcada por ‘deficits’ e 
excessos comportamentais, a metodologia ABA é uma alternativa clínica considerável, 
http://www.clinicahorizontes.com.br/
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5 
 
 
pois, como veremos, ela indica caminhos científicos e práticos para efetivação de um 
plano de intervenção singular aos sintomas do autismo, buscando aumentar a qualidade 
de vida daqueles que possuem a condição. Apontando para o caminho de aprendizagem 
de novos comportamentos, a metodologia ABA permite,assim, o desenvolvimento de 
estratégias eficazes até para os casos mais complexos. A condição autista, por exemplo, 
pode ser trabalhada com técnicas que podem trazer resultados nas múltiplas esferas 
da vida, tanto do ponto de vista emocional quanto cognitivo. 
Envolvendo o ensino intensivo e singular (individualizado) de habilidades 
fundamentais para o sujeito com autismo ela se propõe o trabalho de uma gama variada 
de percursos que incluem o incentivo a comportamentos sociais tais como contato visual 
e comunicação adequada funcional; comportamentos acadêmicos como pré-requisitos 
para leitura, escrita e matemática, além de atividades da vida diária como higiene 
pessoal. Busca, ainda, a redução de comportamentos agressivos, estereotipias e 
autolesões. Ela busca, ajudar o paciente estruturalmente, considerando o conjunto 
orgânico de sua experiência, dando ainda suporte emocional e comportamental aos 
cuidadores e responsáveis por pessoas de condição autista. 
As pesquisas e intervenções conforme a abordagem da Análise 
comportamental estão, portanto, se voltando cada vez mais para populações infantis, 
principalmente os seguimentos diagnosticados com desenvolvimento atípico 
relacionado a TEA (Transtornos de espectro autista). Trata-se de uma abordagem que 
tem encontrado grande valor institucional, sendo adotada por uma gama variadas de 
instituições, no âmbito escolar, hospitalar e mesmo em projetos de intervenção 
particular, seja pelo sentido humano de suas técnicas, como também por sua eficácia, 
baseada na consideração científica do comportamento humano. 
Daremos ao aluno com esse material uma visão detalhada da metodologia ABA, 
elucidando suas bases teóricas e descrevendo o modo como ela deve ser aplicada. 
 
 
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3 O COMPORTAMENTO VERBAL 
/ 
Burrhus Frederic Skinner (1904-1990. Fonte: novaescola.org.br 
 
Iniciaremos nossa exposição acerca da metodologia ABA pela maneira como ela 
aborda um dos fenômenos fundamentais para caracterização e intervenção no âmbito 
dos casos de desenvolvimento atípico: a linguagem. 
O atraso da comunicação verbal é uma das características frequentes em 
crianças que possuem desenvolvimento atípico; no caso dos portadores de transtorno 
de espectro autista (TEA), é uma das dificuldades identificadas para diagnóstico. Assim, 
considerando a importância da comunicação para a convivência social da criança e da 
linguagem no conjunto do seu desenvolvimento: o fenômeno da comunicação tem 
recebido atenção crescente dos pesquisadores oriundos da análise comportamental, 
principalmente quando o que está em cena é a experiência de uma criança portadora de 
condição autista. 
A linguagem, na perspectiva de tais estudos, é definida segundo os conceitos 
descritivos de Skinner (1957). É pela transposição do behaviorismo clássico para o 
campo de pesquisas que buscam se construir enquanto formas de intervenção na vida 
daqueles que são portadores de desenvolvimento atípico que abordagem do fenômeno 
da comunicação é tematizada. Em seu livro Verbal Behavior, Skinner (1957) entende a 
linguagem enquanto comportamento verbal. Para compreender essa posição do autor 
se torna necessário entender sua noção de comportamento. Por outro lado, para ter 
elucidada a noção de comportamento é preciso compreender que a psicologia 
7 
 
 
comportamental é uma forma de fazer psicologia que não considera a mente como 
objeto de um possível tratamento científico, pois os fenômenos mentais entendidos 
como experiência do “homem interior” não estão abertos a observação, nãopodendo, 
assim, ser descritos a e analisados de modo científico, pois não é um objeto empírico 
localizado no tempo e espaço naturais. Assim, o comportamento não é um conteúdo 
psíquico, mas um conjunto de ações que se desdobram em um determinado ambiente. 
Para Skinner, essas ações devem ser caracterizadas como formas da ação humana no 
mundo, através das quais seres humanos interferem no seu mundo circundante e 
também são modificados por ele, ou seja, o comportamento é um fenômeno operante. 
Na perspectiva do autor: 
 
Alguns processos que o organismo humano compartilha com outras 
espécies alteram o comportamento para ele obter um intercâmbio mais 
útil e mais seguro em determinado meio ambiente. Uma vez estabelecido 
um comportamento apropriado, suas consequências agem através de 
processos semelhantes para permanecerem ativas. Se, por acaso, o meio 
se modifica, formas antigas de comportamento desaparecem, enquanto 
novas consequências produzem novas formas (SKINNER, 1957, p. 18) 
 
Da descrição acima podemos inferir duas coisas: o comportamento não é uma 
realidade simplesmente mental, por isso o objeto da psicologia não é a mente humana 
em sentido estrito. O objeto da psicologia se constitui a partir das formas de 
comportamento, o conjunto de condutas pelas quais uma existência humana se 
desenvolve em relação com seu ambiente. Por outro lado, a prática da psicologia surge 
constituída através da consideração de que o comportamento é causado pelo ambiente. 
Entre os comportamentos humanos, Skinner (1957) dá destaque ao 
comportamento verbal. O comportamento verbal se caracteriza por ser como qualquer 
outro, mas ele se singulariza porque é mediado por outras pessoas e não tem uma 
relação de determinação direta pelo meio físico. Assim, o comportamento do falante e 
do ouvinte formam o que Skinner chama episódio verbal completo ou total (1957, p. 12). 
Para além da relação direta com o meio físico, fundada na correspondência 
simples e mecânica entre um comportamento e o meio externo, o autor tematiza, através 
do conceito de comportamento verbal, os processos de comunicação que não agem 
diretamente sobre um meio, tampouco possuem uma correspondência causal 
determinante com meio físico, mas incidem primeiramente sobre outros homens e se 
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apresentam irredutíveis às suas infraestruturas de origem física. Ele utiliza o seguinte 
exemplo: 
Um homem sedento, por exemplo, em vez de dirigir-se a uma 
fonte, pode simplesmente "pedir um copo d'água", isto é, pode produzir 
um comportamento constituído por certo padrão sonoro, o qual no que lhe 
concerne induz alguém a lhe dar um copo d'água. Os sons mesmos são 
facilmente descritíveis em termos físicos, mas o copo de água só chega 
ao falante como consequência de uma série complexa de acontecimentos 
que incluem o comportamento de um ouvinte. A consequência última, o 
recebimento de água, não mantém nenhuma relação geométrica ou 
mecânica com a forma do comportamento de "pedir água (1957, p.4) 
 
Comportamentos tais como os descritos acima, surgem a partir de estruturas 
também de caráter físico; mas são bem mais difíceis de descrever, pois, sua relação 
com o mundo físico é mediada pelo aparato linguístico e social onde dois ou mais seres 
humanos estão inseridos. Seu estudo, assim, depende de uma descrição das situações 
em que outro entra em cena como um mundo a ser atingido ou “conquistado” pela fala 
de um emissor que ao desdobrar-se enquanto comportamento verbal busca atingir o 
outro. Com base nesta posição, Skinner definiu seis operantes verbais a partir dos quais 
é possível analisar e descrever a funcionalidade do comportamento verbal, segundo sua 
relação indireta com o meio físico. Esses operantes são os seguintes: mando, tato, 
ecoico, textual, transcrição e intraverbal. Tracemos uma breve panorama deles. 
 
 
Fonte: autismonaeducacaoinfantil.blogspot. 
 
 
 
 
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Operante de Mando 
 
Numa comunidade verbal dada, certas respostas são 
caracteristicamente seguidas por certas consequências (Skinner, 
1957, p 35) 
 
Conforme Skinner, o mando é um operante verbal onde a resposta é reforçada 
por uma consequência particular e está sob controle funcional de condições 
relevantes de privação ou estímulo aversivo (1957, p. 36). Entende-se por operante de 
mando aquelas situações em que uma solicitação é feita tendo em vista uma 
necessidade a ser suprida. O mando se caracteriza por uma relação de causa e 
consequência. É o poder de pedir e colocar aos outros níveis de desejo e de interesse 
que podem ser atendidos, esperando uma reposta precisa, ou sendo levado a responder 
de determinado modo. Lear (2004), considera que este é o operante verbal mais 
primitivo, característico de quase todas as relações humanas. 
Podemos, portanto, exemplificar como mandos respostas verbais como pedidos, 
ordens ou avisos, ou seja, aquelas que têm caráter imperativo. Aliás, as funções 
imperativas da linguagem são representantes desse operante, ainda que não possamos 
defini-lo com precisão partindo dela. Skinner nos diz ainda que o mando é uma relação 
especial e única entre a forma da resposta e o reforço recebido. Assim, segundo ele, 
"em uma determinada comunidade verbal o mando 'especifica' o seu reforço". São 
exemplos: “Ouça! Olhe! Corra! Pare! e Diga sim!” Esses operantes singularizam o 
comportamento do ouvindo, pois, esperam uma forma e resposta determinada. Trata-se 
de uma ação imperativa que apenas pode se repetir se a resposta gerar o reforço 
esperado. 
 
Operante ecoico 
 
No caso mais simples, em que o comportamento verbal está sob o 
controle do estímulo verbal, a resposta gera um padrão sonoro 
semelhante ao do estímulo (Skinner, 1957, p. 77). 
 
 
O operante ecoico se da seguinte maneira: pela duplicação, com 
correspondência ou semelhança do antecedente verbal vocal apresentado. É um 
comportamento mantido pelas consequências sociais fornecidas pela audiência 
(Skinner, 1957). Nesse caso, o importante a notar é a resposta ser provocada por uma 
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estimulação verbal bem definida. Ou seja, a resposta se dá diretamente a fala do 
emissor, pela troca entre os dois atores da cena, por um sistema de repetição que 
desemboca numa resposta. Um exemplo da ocorrência de comportamento ecoico seria 
o mediador dizer "Belo" e aquele que ouve emitir a resposta "Belo” e ter como a 
resposta consequentemente um elogio: “Você entendeu, que beleza! 
O ecoico, portanto, pode ser localizado no nível de possíveis aprendizados a partir 
dos quais conteúdos básicos da experiência podem circular e serem aprendidos e 
considerados. Ele é uma resposta a determinada estimulação dada pela fala do outro, 
enquanto esta é também um conjunto de estímulos que circula até aquele ouve. O 
operante verbal ecoico se apresenta, assim, controlado por um estímulo antecedente 
que abre sua possibilidade, já que nesse comportamento o que acontece é a 
reprodução/imitação de outro. 
 
Operante intraverbal 
 
Segundo Skinner, encontramos no comportamento ecoico e no ato de escrever 
"tomando como modelo uma cópia a correspondência entre o estímulo e a resposta 
produzida". Assim, se pode dizer, por exemplo, que no comportamento textual e na 
realização de um ditado existe uma correspondência entre “sistemas dimensionais 
diferentes”(Skinner): transcrever um texto é trazer para outra dimensão o mesmo texto. 
O comportamento em questão imita o primeiro, se realizando segundo regras expressas 
no primeiro. 
Contudo, encontramos também aquelas respostas verbais em que não existe 
correspondência entre um estímulo e resposta. Segundo Skinner 
 
É o caso, por exemplo, de respondermos 4 ao estímulo verbal 2 + 2, ou à 
bandeira para eu juro fidelidade, ou Paris para capital da França, ou 1066 
para Guilherme, o Conquistador.Podemos chamar o comportamento 
controlado por tais estímulos de intraverbal. 
 
A resposta intraverbal pode se dar em palavras proferidas ou escritas. Ela se 
apresenta sobre o controle de um efeito de linguagem antecedente, imersa em uma rede 
causal funcional. Trata-se, de um operante definido onde a resposta está sob controle 
de estímulo discriminativo sem correspondência ponto a ponto entre estímulo e resposta. 
Traduções entre línguas podem ser casos de comportamento intraverbal. Ele se 
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diferencia do mando e do operante ecoico porque pode se estabelecer em um campo 
estritamente linguístico e relação entre palavras. Ele se diferencia do mando também 
por não ser controlado por variáveis reforçadoras específicas, mas sim generalizadas. 
Estas variáveis são, na maioria das vezes, sociais, visto que a variável antecedente é 
sempre o comportamento verbal de outra pessoa (interlocutor). A resposta verbal se 
caracteriza enquanto eventos que são cotidianos: responder perguntas, terminar frases 
ou músicas, ou seja, dar continuidade, através da fala do outro algo que precisa de 
complemento. 
A maioria dos ‘acontecimentos da história são adquiridos e retidos como 
respostas intraverbais. Assim como ocorre com muitos dos fatos da ciência, embora haja 
respostas frequentemente sob outra categoria de controle (o controle envolvido no tato). 
 
O operante do tato 
 
 O operante verbal do tato tem uma função bem definida: são aqueles que tornam 
possível algum contato com o mundo. Ou seja, são as operações de linguagem que 
realizamos para fazer ver ao outro um conteúdo do mundo. Trata-se de um operante de 
referência e como afirmamos acima ele surge de modo constante no discurso da ciência. 
Em outras palavras, as operações verbais que Skinner coloca sob a rubrica do 
operante do tato são os fenômenos de linguagem que fazem contato do mundo e podem 
descrevê-lo. Sua legalidade interna está referida a estímulos antecedentes não-verbais 
e seu reforço se caracteriza por ser generalizado. 
Estes quatro operantes verbais (mando, tato, ecoico e intraverbal) são os mais 
importantes para os objetivos deste estudo. Os demais, textual e transcrição, têm sido 
muito estudados nas pesquisas que investigam o repertório de leitura e escrita. 
Descrevê-los a fundo estaria fora dos objetivos da nossa disciplina, mas é importante 
frisar que eles se referem a capacidade (ou potência) do sujeito da linguagem de lidar 
com o mundo através de sua transcrição e comunicação pela linguagem escrita. 
Como veremos a seguir, o comportamento verbal tem sido objeto de muitos 
estudos em análise do comportamento. O atraso no desenvolvimento deste repertório e 
a dificuldade em desenvolver a comunicação de modo funcional são características 
muito presentes em casos de desenvolvimento atípico e podemos partir daí para 
entender os modos de intervenção possíveis nesses casos. 
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4 O REPERTÓRIO D DESENVOLVIMENTO ATÍPICO — CARACTERÍSTICAS DO 
TEA (TRANSTORNO DE ESPECTRO AUTISTA) 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
 
 
O autismo é um conjunto de características singulares de desenvolvimento que 
escapam da forma típica pela qual o desenvolvimento humano se efetiva. Ele abrange 
três setores da experiência do sujeito: a comunicação, o mundo social e o 
comportamento. 
No que diz respeito ao mundo social, o autista tem dificuldades de interação e 
socialização, apresentando pouca habilidade para manter relações recíprocas. Por isso, 
ele tem dificuldade de fazer contato visual ou iniciar uma conversa, como também 
compartilhar emoções. Assim, aparentemente ele parece não se interessar pelo outro, 
preferindo interagir com coisas e não com pessoas. Ele pode responder à iniciação da 
comunicação posta por outro, mas nunca começa espontaneamente a interação. 
Quanto à comunicação ele possui dificuldades para aprender linguagem verbal e 
não verbal, não apreendendo a função comunicativa da linguagem e não usando o 
aparato linguístico disponível para se fazer entender pelo outro. Não se trata de uma 
deficiência que não lhe permite a linguagem em seu aspecto físico e fonoaudiológico, 
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mas da dificuldade de comunicação, ou seja, uma dificuldade de apropriação do uso. O 
autista apresenta, assim, inabilidade para linguagem falada, seguida da incapacidade 
de manter uma conversação (GILLBERG, C, 2005). Além disso, podemos caracterizar 
sua linguagem como uma fala voltada a repetição. 
 
Fonte: br.guiainfantil.com 
Interessante notar, que apresentando grandes dificuldades no uso normatizado e 
cultural da linguagem, os autistas utilizam outros meios para conseguirem realizar seus 
desejos perante o outro. Assim, podemos nos deparar com um uso específico do corpo 
enquanto modo de expressão, seja por estereotipias como pelo aparecimento de 
comportamentos autodestrutivos. 
 
Fonte: usp.br 
http://www.usp.br/
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14 
 
 
 
No que se refere ao comportamento, os portadores de condição autista se 
mostram detentores de um repertório bastante restrito, circunscrito a interesses 
específicos e marcados por dependência exagerada a rotinas, estereotipias motoras e 
preocupação com partes isoladas de objetos. O autista tende sempre a fazer as mesmas 
coisas, por isso lhe é difícil responder a diferentes contextos e diferentes demandas. 
Segundo Gillberg (2005), a ampla maioria dos casos apresentar os primeiros 
sintomas antes dos 3 anos e revela problema nos primeiros meses de vida. Desta 
maneira, é importante que pais e cuidadores estejam atentos ao desenvolvimento da 
criança e possam identificar qualquer situação atípica em sua estruturação. O 
diagnóstico precoce seguido de uma intervenção corretamente formulada pode dar mais 
chance ao autista de desenvolver habilidades que possam lhe servir para dar conta da 
sua constituição e da relação peculiar que ela envolve com o mundo. 
 
 
Fonte:ludiqueconsultorio.blogspot.com 
15 
 
 
5 A VISÃO DA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DO DESENVOLVIMENTO 
ATÍPICO 
A análise do comportamento não é uma doutrina de preceitos 
imutáveis, tampouco se limita a negar a dinamicidade do real em relação à teoria; assim, 
ela não preconiza a necessidade de uma abordagem padronizada e homogênea dos 
fenômenos que constituem seu campo de atuação. Em seu percurso analítico e 
descritivo considera as dimensões sociais, psicológicas e biológicas, quando se refere 
ao comportamento e o mundo de experiências que ele envolve. Ou seja, se preocupa 
com o comportamento enquanto manifestação incomponível da experiência. Não se 
prestando a uma postura dogmática (padronizada e homogênea), ela se efetua ainda 
como uma teoria e uma prática preocupadas com a singularidade do sujeito, pois 
entende que o repertório comportamental de um indivíduo é único porque determinado 
e mantido por sua história de vida. 
Temos, portanto, duas características que norteiam suas propostas teóricas e 
intervenções. Por um lado, somos seres biológicos, sociais e psicológicos, seres 
complexos, que precisam de uma abordagem complexa e de uma prática 
multidisciplinar como instrumento de intervenção. Por outro, o comportamento ainda 
que tratado cientificamente exige um olhar sobre o estilo de existência a qual em uma 
circunstância a teoria responde. 
Voltando-se a individualidade dos casos, o analista do comportamento deve, 
portanto, iniciar a intervenção com uma avaliação do repertório comportamental do 
paciente. Deve identificar, por exemplo, os comportamentos disponíveis na criança de 
estrutura autista, observando aqueles que se apresentam adequados e funcionais; e 
devem ser reforçados. Nesse processo, a identificação também deve serorientada para 
os comportamentos inadequados: eles devem ser minimizados ou extintos. Além disto, 
é preciso investigar quais comportamentos não estão presentes no repertório da criança 
e poderiam ser utilizados para solução de situações difíceis; trata-se de sanar suas 
dificuldades pela inserção em seu campo de experiência de condutas que ela não 
possui, mas certamente necessita. 
A intervenção necessita ainda de treinamento das pessoas que convivam com a 
criança, visando o reforço das habilidades aprendidas e maior eficácia dos 
procedimentos de extinção dos comportamentos prejudiciais. Trata-se de um aspecto 
giper
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16 
 
 
fundamental porque as habilidades aprendidas no processo de intervenção podem ser 
reforçadas nos ambientes mais comuns a criança, como sua casa e seu quarto, por 
exemplo.Por isso, na maioria das vezes. os procedimentos são realizados em ambiente 
natural, isto é, trabalha-se um comportamento no local onde se espera que ele seja 
emitido, com as pessoas que estarão presentes quando, no futuro, este comportamento 
ocorrer, e, finalmente, com as consequências naturais que ele pode gerar. 
 
Fonte: abaeautismo.com 
O registro sistemático e cotidiano das respostas da criança e sua visão do 
processo onde está imersa é fundamental para o andamento da intervenção. Esse 
movimento de registro permite a avaliação constante dos progressos do trabalho, o que 
também permite pensar se os procedimentos utilizados estão sendo adequados ao caso. 
Trata-se, de um olhar que deve estar voltado para as variações do ambiente: os sutis 
matizes do meio circundante que podem modificar o comportamento da criança e ser o 
sinal de uma mudança do seu comportamento agindo sobre o ambiente. Assim, também, 
o analista do comportamento não se fecha em um diagnóstico, mas baseia seu trabalho 
num prognóstico mais promissor. 
 
17 
 
 
6 QUANDO PEDIR AJUDA 
No âmbito de uma abordagem psicológica e comportamental do mundo infantil, 
encontramos como desafio o fato da criança não conseguir verbalizar em totalidade ou 
profundidade cenas presenciadas, como também não saber se referir às palavras 
negativas que lhe foram dirigidas ou a outras situações de abuso físico, verbal e 
emocional. 
Essa dificuldade de expressão, característica da idade e do momento de 
desenvolvimento em que se encontra; ou mesmo porque os adultos não são dados a 
entender a linguagem da criança; termina por se desdobrar em comportamentos 
prejudiciais ou mesmo sintomas psicossomáticos: aquilo que é expresso, mas não 
entendido, acaba por se manifestar no corpo da criança enquanto ela parecer ser um 
espelho que reverbera as condições de seu ambiente. 
Em outras palavras, a criança experimenta o mundo (o seu e o do outro) por uma 
rede de relações que desempenha um papel fundamental na conformação de suas 
emoções e disposições cognitivas, sendo, assim um fator que determina a formação de 
sua personalidade. 
Ainda nesse sentido, cabe lembrar que a criança também opera modificações 
naqueles que estão ao seu redor. O temperamento de uma criança conjuga e conforma 
o repertório comportamental daqueles que são responsáveis por ela. Encontramos uma 
relação de mão dupla nas relações mantidas pela criança: ela sofre influências, absorve 
o meio, mas também age sobre ele. No que diz respeito, as relações criança e mundo, 
criança e família, criança e escola, é preciso considerar a forma com a criança lida com 
seu mundo e como é tratada por aqueles que estão ao seu redor. 
Nesse sentido, umas questões a ser compreendida é como muitos 
comportamentos negativos dos pais e responsáveis em relação às dificuldades das 
crianças são sinais de que é hora de buscar ajuda. Quando os pais não entendem os 
problemas seus filhos a ponto de julgá-los negativamente é a estrutura familiar, suas 
conflituosas relações que devem ser reavaliadas, colocadas em suspenso, para se 
poder abrir espaço para tentativas de reparar os níveis de negatividade existente. 
18 
 
 
No caso do diagnóstico da criança com do desenvolvimento atípico considera-se 
que ele deve ser feito o mais precoce possível. O autismo, por exemplo, se instala nos 
três primeiros anos de vida, quando os neurônios que coordenam a comunicação e os 
relacionamentos sociais deixam de formar as conexões necessárias. Embora o 
transtorno seja conformativo à estrutura ontológica do portador (não se trata de uma 
doença que possa ser curada, mas de uma condição), a demora em ser reconhecido 
pode trazer ainda mais prejuízos a criança de condição autista. Infelizmente, no Brasil, 
em termos gerais, a estrutura é identificada apenas entre os 5 – 7 anos. 
 
 
 
Fonte: carlosbritto.com/ludoterapia 
7 A TERAPIA DO BRINQUEDO. 
A terapia do brinquedo foi desenvolvida Garry Landreth (1937) que também 
fundou “The Center for Play Therapy” (O Centro para Terapia do Brinquedo) na 
Universidade do Texas. Em sua carreira, Landreth desenvolveu uma longa e frutífera 
pesquisa sobre as condições de desenvolvimento emocional da criança e sua relação 
com o mundo dos brinquedos. Em sua perspectiva, o mundo infantil é um mundo 
concreto e a brincadeira ou o brinquedo é a expressão concreta e profunda da criança, 
isto é, a forma onde ela consegue assimilar e lidar com o seu mundo e com outros. 
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Realce
giper
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19 
 
 
Assim, o brinquedo é lugar lúdico da criança, expressão de sua vida anímica e 
imaginação 
A Terapia do Brinquedo se caracteriza como um processo dinâmico, que põe em 
relação à criança (ou uma pessoa de qualquer idade) e um terapeuta devidamente 
preparado para fazer essa forma de intervenção. Através da escolha de materiais 
estratégicos e adequados, o terapeuta cria um percurso onde o paciente possa 
expressar-se de forma autêntica e explorar o seu mundo existencial, priorizando formas 
singulares pelas quias ele se conecta com seus afetos e experiências (traumáticas e 
representativas). Trata-se, portanto, de um instrumento que cria, usando recursos 
lúdicos da experiência, modos de comunicação saudável a partir dos quais o paciente 
possa trabalhar sua maneira de responder e lidar com mundo e com os outros. 
Em relação às crianças de desenvolvimento atípico, ela tem efetividade 
comprovada, enquanto proporciona um ambiente onde é possível a criança se 
expressar-se, sentindo-se livre de reprovação ou ameaças; podendo, assim, descobrir 
e conhecer suas próprias emoções 
8 AUTISMO: A RESTRIÇÃO COMPORTAMENTAL E AS ESTEREOTIPIAS 
Um dos prejuízos a partir dos quais se realiza o diagnóstico do Transtorno 
do Espectro Autista (TEA) é ausência de variabilidade comportamental. Conforme o 
DSM-V, os autistas se caracterizam por padrões restritos e repetitivos de 
comportamento apresentados em suas disposições e práticas cotidianas. 
Esse prejuízo se manifesta de dois modos: 
a) presença de comportamentos verbais e motores estereotipados, 
acompanhados ou não de comportamentos sensoriais modificados e incomuns; 
b) padronização exagerada de rotina, confirmada pela dificuldade de lidar com 
mudanças de temporais e espaciais no ambiente em que vivem. A estrutura autista se 
volta e se fixa em determinadas atividades e experiências de maneira exagerada. 
A primeira característica é constante objeto de reclamação por familiares e 
equipes que tratam da educação/aprendizagem das crianças e dos adultos com autismo; 
pois os comportamentos repetitivos e estereotipados trazem grande prejuízo às relações 
intersubjetivas, ao nível comunitário e educacional, difíceis de interromper, já que são 
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Realce
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Realce
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20 
 
 
orientados por reforçadores internos muito fortes, colocando a necessidade de um 
trabalho paciente e direcionada a estrutura autista. 
Enquanto se apresentam engajados nestas respostas e comportamentos 
invariáveis, os autistas se fechampara o mundo exterior, criando ainda mais obstáculos 
para sua inserção em processos de socialização e vivência interpessoais necessários 
ao seu desenvolvimento. O grande prejuízo do comportamento repetitivo é exatamente 
que ele impede o contato funcional do autista com o mundo ao seu redor, prendendo 
seu comportamento em situações estereotipadas que pouco contribuem para efetivas 
relações interpessoais. 
Encontramos três grandes motivações que tornam as estereotipias uma 
constante no repertório comportamental da estrutura autista: a) a primeira é a restrição 
comportamental. A estrutura autista tem dificuldade de aprender comportamentos 
sociais e verbais. Nesse caso, ela apresentará naturalmente um repertório muito restrito 
de ação sobre o mundo. Por isso, ela ocupa seu tempo com os poucos comportamentos 
aprendidos e principalmente com aqueles que lhe trazem algum conforto, mais 
precisamente por padrões de busca de prazer unicamente sensorial, em alguns casos 
próprios a um bebê. A segunda motivação é a alteração sensorial. As crianças autistas 
apresentam alterações orgânicas que afetam a percepção e a interpretação de 
estímulos sensoriais. Assim, é muito normal que informações oriundas do mundo 
exterior afetem sua existência exageradamente, gerando altíssimo prazer ou grande 
aversão. Por isso, sua escolha será sempre entre isso ou aquilo, tendo se fixar em 
atividades que lhe causem prazer. Não há muita variação em sua maneira de se dar aos 
dados do mundo. Cabe ainda lembrar, que a repetição é uma predisposição geral da 
estrutura autista. Nesses termos, a questão é descobrir qual a funcionalidade de um 
certo comportamento repetitivo no conjunto de condutas pelas quais, por exemplo, a 
criança autista busca se inserir no mundo, para que em seguida, se possa propor-lhe o 
desenvolvimento de novas habilidades considerando algumas dimensões que podemos 
chamar fundamentais: a) o brincar (desenvolvimento de habilidades sociais, verbais e 
motoras envolvidas nas brincadeiras funcionais e capazes de gerar interação social); 
atividades de vida diária (higiene e autonomia); comunicação (comportamentos verbais 
vocais ou por troca de pistas visuais); e competências de caráter intelectual e acadêmico 
(leitura, escrita, conceitos matemáticos, etc.). 
21 
 
 
No entanto, mesmo desenvolvendo um repertório mais amplo, as crianças com 
autismo estarão predispostas a se engajar em estereotipias e não em novos 
comportamentos adquiridos. Isso acontece por estas respostas serem mantidas por 
marcadores comportamentais muito poderosos e decisivos em suas relações com 
mundo: o que está em jogo são sensações físicas e experiências relacionados à vivência 
de um bem-estar físico e emocional necessário a um relacionamento positivo, ainda que 
frágil, com o ambiente exterior. Por isso, conjuntamente ao incentivo a comportamentos 
novos, é necessário para a criança escolher se engajar neles ao invés de se engajar nas 
estereotipias. A luta contra as estereotipias é uma guerra entre dois mundos: o mundo 
interno (no corpo da criança, ou seja, os prazeres que ela sente ao vivenciar sua própria 
experiência como que separada do mundo do exterior) e as condições exteriores (o 
ambiente social, escolar e familiar onde ela está inserida). Nesta batalha, o mundo 
exterior já entra perdendo, pois, a luta é contra reforçadores muito potentes e sobre o 
qual não temos nenhum controle. Assim, torna-se necessário trazer a criança para o 
mundo exterior; criando situações de contato efetivo através do esforço de conectar sua 
linguagem com aquela do mundo. Precisamos tornar as coisas exteriores mais atrativas, 
como que capazes de perseguir e motivar os desejos inerentes a sensibilidade autista, 
tornando, assim, o contato algo sentido por ela como necessária. Trata-se, portanto, de 
buscar estratégias de motivação baseada em estímulos positivos à própria condição da 
criança, buscando que ela se interesse pela sua capacidade de construir novas 
habilidade. 
Ao lado disso, é necessário preencher o tempo da criança com muitas atividades 
de caráter extremamente variado. Trata-se, de uma estratégia que neutralizará, até certo 
ponto, a possibilidade de retorno do comportamento repetitivo, pela variação do próprio 
ambiente e daquilo que oferecido a criança autista. Encontramos constantes 
posicionamentos negativos de familiares e profissionais diante desta estratégia. Assim, 
é comum escutarmos que a criança está fazendo coisas demais, que ela não tem tempo 
para só brincar, que ela precisa descansar ou ficar simplesmente ociosa. Uma posição 
desta valeria para uma criança de desenvolvimento típico, que devido a sua estrutura 
conquistou um repertório comportamental variado, mas para criança autista isso não 
funciona, já que ela tende sempre a voltar a repetição. Assim, não se trata de encher a 
criança autista de atividades vazias, mas de direcionar constantemente sua atenção e 
22 
 
 
seu corpo para atividades que possam inibir o comportamento repetindo, dando maior 
variabilidade a sua relação com mundo. 
 
 
 
Fonte: guiametabolica.org 
9 ABA: UMA INTERVENÇÃO COMPORTAMENTAL EM CASOS DE AUTISMO 
. O autismo é uma condição crônica e requer tratamento continuado que deve ser 
realizado por uma equipe multidisciplinar formada por profissionais com experiência e 
formação direcionada para tal objetivo (Schwartzman, 2003). 
Resultados positivos em relação aos prejuízos que caracterizam a condição do 
autista podem ser alcançados desde que se considere a singularidade das pessoas 
autistas, como também as condições familiares e culturais nas quais ela está 
inserida (Bosa, 2006) 
http://www.guiametabolica.org/
23 
 
 
A prática de intervenção terapêutica deve visar o desenvolvimento e a reparação 
de habilidades do autista em todos os setores de sua existência, objetivando a melhora 
de sua qualidade de vida e de seus familiares. Apresentaremos, agora, ao leitor um 
pouco sobre a metodologia ABA, usada como um método de intervenção no tratamento 
dos sintomas do autismo. Passaremos por tópicos de psicologia comportamental que 
são necessários a compreensão e aplicação da metodologia. 
 
Fonte: universoautista.com 
Aprendemos com os teóricos clássicos da psicologia comportamental (Pavlov, 
Skinner, Watson, entre outros) que todos os comportamentos humanos são aprendidos 
e condicionados. Isso certamente não difere quando consideramos condutas funcionais 
ou disfuncionais. 
O condicionamento, no decorrer da vida de um ser humano, não acontece, na 
maioria das vezes, intencionalmente. Entendemos, assim, que a relação com ambiente 
determina posturas e práticas, sejam negativas ou positivas, funcionais ou disfuncionais, 
muitas vezes vivenciadas como um complexo inato, ou seja, de difícil de abandono ou 
transformação (Merleau-Ponty, 1945). O condicionamento, portanto, não é planejado 
ainda que se possa traçar os seus determinantes essenciais e conhecer a origem de um 
determinado comportamento. 
24 
 
 
 A teoria comportamental parte, portanto, do pressuposto de que as condições 
exteriores conformam o repertório comportamental dos indivíduos. Desta maneira, é 
crível considerar que os processos causais que determinam a formas e resultados de 
um comportamento podem ser usados e manipulados. Se o comportamento é 
condicionado e influenciado por suas consequências (Skinner, 1957, p. 80), também 
podemos manipulá-los para entendermos como o processo acontece (Moreira e 
Medeiros, 2007). 
Assim, a promoção de habilidades que são pouco desenvolvidas e até ausentes 
do sujeito autista podem se tornar possíveis pela percepção (quase causal e certamente 
inconsciente) de que aquela conduta já não recebe certa resposta; que, de algum modo, 
o ambiente se modificou, dando vazão a compreensão (às vezes prática, motora ou 
visual) de que o mundo pedeoutras perguntas e outras respostas. 
Essa compreensão coloca para o terapeuta comportamental uma perspectiva de 
aplicabilidade, a partir da qual ele se sente munido dos instrumentos necessários a 
intervir na experiência de uma pessoa, podendo contribuir para torná-la 
funcional. Métodos de intervenção terapêutica como ABA surgem a partir dessa 
perspectiva. O ABA e uma metodologia voltada ao objetivo de ensinar comportamentos 
mais adequados e funcionais as crianças com desenvolvimento atípico, ampliando seu 
repertório ao nível cognitivo, emocional e afetivo. 
O método ABA toma como princípio a ideia de que todo comportamento pode ser 
modificado através de suas consequências, pois parece ser um 
aspecto preponderante do comportamento humano a expectativa de seus 
resultados (Moreira e Medeiros, 2007). Se fazemos coisas e elas funcionam existe uma 
tendência de repetirmos aquele comportamento; quando os resultados são inesperados 
e não respondem nossas expectativas tendemos a repelir o modo de ação anteriormente 
adotado. 
Tendo em vista esse princípio, a metodologia da ABA intervirá com foco os 
seguintes objetivos: a) reparar os prejuízos e os déficits que uma estrutura 
comportamental mantém com mundo; b) identificará as atividades nas quais o paciente 
apresenta maiores dificuldades ou até incapacidades; c) compreender a função das 
estruturas do comportamento utilizadas pelo indivíduo e as demandas que ele responde 
através de seu comportamento. 
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Cabe ainda esclarecer, que o primeiro passo para realizar uma intervenção 
positiva em relação a um comportamento disfuncional, presente em uma criança com 
desenvolvimento atípico, como uma criança portadora de uma estrutura autista, por 
exemplo; é compreender a função assumida por sua conduta no conjunto de suas 
experiências. Assim, torna-se importante realizar uma avaliação para averiguar os 
seguintes aspectos: 
a) compreensão das estratégias de comunicação que a criança autista utiliza em 
determinada circunstância onde aquele comportamento se torna frequente. 
b) Avaliação da presença ou ausência e linguagem funcional. 
c) Se existe ou não contato visual 
c) Se ordens são atendidas ou desobedecidas, ou não são entendidas. 
e) Relação com o ambiente, considerando seus brinquedos preferidos, birras 
frequentes e como reage às pessoas; 
f) Descrição das circunstâncias que podem motivar ou não uma certa conduta. 
 A reposta a essas questões permitirão a passagem para um segundo passo. 
Com as informações obtidas se tornará possível traçar um retrato geral do paciente e 
uma imagem qualitativa de suas singularidades, a partir dos quais será possível colocar 
no horizonte pequenos objetivos que devem ser alcançados em curto prazo. Esses 
objetivos devem visar à ampliação de habilidades e eliminação de comportamentos 
disfuncionais. 
No entanto, é preciso entender que a promoção de habilidades e eliminação de prejuízos 
apenas se efetiva gradualmente, sendo necessário que o processo de mudança seja 
prazeroso, já que a redução da ansiedade e do sofrimento devem ser os objetos 
orientadores da intervenção, principalmente nos casos diagnosticados no âmbito do 
espectro autista. 
 
26 
 
 
 
 
Fonte.usp.br 
 
A redução da ansiedade e do sofrimento que podem estar implicados em qualquer 
processo de mudança tem aqui uma função estratégica. A criança de desenvolvimento 
atípico se caracteriza exatamente pela dificuldade estrutural de lidar com suas emoções 
que lhe são mais inconscientes do que conscientes, permanecendo muitas vezes no 
âmbito de um turbilhão de sensações as quais faltam uma representação precisa do que 
significam. Deste modo, ao se evitar o aumento do sofrimento e da ansiedade a 
aproximamos de um lugar a partir do qual ela possa perceber que a mudança poderá 
lhe trazer bem-estar. Trata-se, portanto, de uma estratégia que buscará reforçar o 
comportamento funcional indicado pela intervenção. 
Assim, será possível adentrar no terceiro passo. Este consiste na elaboração de 
pequenos programas de ensino que devem ser individualizados, porque adaptados a 
vida singular do sujeito, não apenas por ele ser autista ou atípico, mas pela consideração 
de que ele é uma pessoa e um estilo de existência. Essa adaptação a individualidade 
pela consideração do estilo de existência realizado através do indivíduo encontra 
alicerce em um aspecto fundamental da metodologia ABA: ela oferece procedimentos 
constantes e testados em muitas situações, por isso eles podem orientados para uma 
aplicação singular, sem recair em uma espécie de compreensão contra científica da 
condição do paciente. 
Trata-se, ainda de um programa intensivo que permite sua aplicação a partir dos 
embates com as situações difíceis que a realidade terapêutica suscita. Os programas 
27 
 
 
devem ser feitos de 20 a 30 horas por semana. Não devem despertar comportamentos 
aversivos e rejeitar qualquer modalidade de punição como base de conformação 
adequada da experiência do sujeito. Quanto ao conteúdo, os programas devem 
contemplar dimensões cognitivas e afetivas da estrutura autista, tendo como objeto a 
linguagem, a experiência lúdica do brinquedo, as capacidades acadêmicas do ler e do 
escrever e as atividades da vida diária nas quais o sujeito pode torna-se mais 
independente. Importante mostrar a família que sua a participação no processo é um 
dos fatores asseguram o sucesso da aprendizagem e a manutenção das habilidades 
propostas a criança. 
Fonte: autismofloripa.blogspot.com 
10 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
A Terapia cognitivo comportamental ganhou um grande espaço institucional nas 
últimas décadas. Conforme Sampaio (2005), isso se deve ao fato dela se apresentar 
enquanto uma abordagem psicoterápica de caráter positivo e demonstrável, o que 
permite avaliar sua efetividade para o tratamento de transtornos de ordem diversa. 
Enquanto teoria e prática terapêutica, ela descreve a natureza de conceitos e 
representações envolvidos em determinado transtorno, para que quando ativados em 
contextos específicos, eles possam servir de baliza para descrição e análise de 
comportamentos, utilizando critérios como: adequação, positividade, funcionalidade e 
28 
 
 
negatividade; colocando em relevo, assim, as relações de determinação, manutenção e 
transformação do comportamento pelo meio exterior (Bahls e Navolar,2004). 
Na visão de Serra (2008, p. 11), a abordagem cognitiva e comportamental se 
apresenta ainda como um sistema integrado, porque combina um modelo de estudo da 
personalidade e das condições psicopatológicas com uma robusta potencialidade de 
resolução de problemas e aplicabilidade. 
Trata-se, nesse sentido, de uma abordagem que reflete um método orientado 
e capaz de embate com as condições heterogêneas da realidade terapêutica. 
Outro aspecto importante e vantajoso é que ela se pauta por princípios de 
colaboração e trabalho em equipe, o que lhe permite ser a base de uma equipe 
multidisciplinar, o que é exigido em muitos casos clínicos. 
 
 
Fonte: universoautista.com 
 
Ainda nesse sentido, pela sua positividade e eficácia ela consegue pôr em cena 
autênticas relações entre terapeuta e paciente. 
Os teóricos pioneiros da abordagem comportamental (Pavlov, Watson e Skinner), 
ensinaram que o objeto da psicologia deve ser o comportamento, enquanto este pode 
ser observável (Pavlov), descrito (Watson) e mensurável (Skinner). 
Situando-se, nessa perspectiva, Skinner ainda acrescentou o esquema de reforço 
em seu repertório analítico, desenvolvendo uma metodologia baseada em um sistema 
de recompensas, conforme a ideia de que todo comportamento pode ser transformado 
segundo seus resultados. 
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A ideia de reforço tem para psicologia comportamental grande alcance de 
aplicabilidade, já que é pela ideia de reforçar umadeterminada conduta (negativa ou 
positivamente) que se coloca em cena o esforço de modificação dos comportamentos. 
A terapia comportamental se volta, assim, para o esforço de manipulação e controle dos 
comportamentos, segundo o princípio de que todo comportamento pode ser aprendido. 
Os comportamentos são entendidos como eventos em um meio externo, 
relacionados a dimensões ambientais, culturais e sociológicas, que determinam sua 
substância, desdobramento e frequência no espaço e no tempo. 
Um transtorno, desse ponto de vista, é um conjunto de comportamentos que 
pode ser analisado por meio do histórico, das contingências e das situações presentes 
e passadas de um paciente, situado em um espaço heterogêneo de experiências. 
A terapia comportamental entende, portanto, que o paciente é único, e seus 
problemas são produto de uma história particular. Isso humaniza o processo de terapia, 
pois se entende que cada paciente e cada história tem suas singularidades que devem 
ser compreendidas e analisadas antes que qualquer intervenção seja proposta. 
 O terapeuta comportamental orienta seu trabalho através de três instrumentos: 
a) análise funcional de um comportamento, observando o lugar que uma conduta 
ocupa no universo existencial do paciente; 
b) O sistema de reforço, condicionamento e modelagem como para neutralizar 
comportamentos que geral prejuízo e fortalecer aqueles que ampliam o repertório 
existencial do paciente. 
c) Levantamento e descrição criteriosas das variáveis relacionadas aos 
comportamentos desejáveis e indesejáveis. 
A partir desses instrumentos é possível propor uma estratégia visando alcançar 
o bem-estar do paciente. A estratégia deve se desdobrar em dois efeitos: de um lado, 
sua função de descrição da experiência em sentido cognitivo, ou seja, os modos 
particulares pelos quais um sujeito organiza sua apreensão do mundo e de si mesmo; 
assim, existem dois movimentos: a preocupação com determinantes cognitivos; por 
outro, a tomada do comportamento pelo seu sentido, isto é, pela direção e função que 
ele assume. 
A Terapia Cognitivo-Comportamental integra, portanto, técnicas e conceitos 
que vêm de duas tradições teóricas: 
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1) o cognitivismo, pautado na pesquisa da maneira como o sujeito apreende 
seu mundo; 
2) e o comportamentalismo (behaviorismo), baseado na ideia de que o 
comportamento pode ser observado, medido, transformado e manipulado. 
 Leboyer (1995) considera que na abordagem cognitiva comportamental estão 
diversos teóricos que descrevem sua eficácia e preparam caminhos e métodos para 
uma abordagem inteligente e científica daqueles que possuem condições de 
desenvolvimento atípico, principalmente aqueles que estão diagnosticados no âmbito do 
espectro autista. 
 
 
Leo Kanner (1894 – 1981), pioneiro nos estudos sobre autismo, – Fonte: centroconviver.com 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
 
11 AUTISMO: NOTA SOBRE O DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO DE 
DIAGNÓSTICO 
O autismo aparece na literatura médica através do trabalho do psiquiatra alemão 
Léo Kanner que descreveu características comportamentais de onze crianças que ele 
denominou autistas (Kanner, 1997). Desde então, o conceito evoluiu de um 
quadro nosológico, isto é, classificatório, para uma perspectiva comportamental, devido, 
principalmente, as muitas etiologias a ele integrada. A consideração do autismo 
enquanto doença já se mostrava insuficiente desde sua origem, sendo mais uma 
condição que acompanha o sujeito e estrutura ontologicamente suas relações com 
mundo. Assim, o autismo se apresentava como um rico manancial de situações, tendo 
mais as qualidades de uma estrutura pouco determinada, — por isso a noção de 
espectro como base de sua nosologia atual — do que a explicação pela falta, ou desvio, 
ou degeneração que caracteriza a doença. 
Conforme Assumpção Jr. (2007) e Luppi (2005), o comportamento autista se 
caracteriza pela dificuldade em organizar e expressar pensamentos e emoções através 
de palavras, assim, é comum ao autista a dificuldade de iniciar um processo de 
conversação e se colocar em cena no âmbito de relações interpessoais; também é 
marcante a inabilidade para interpretar o comportamento do outro. No que diz respeito 
às suas atividades, o autista pratica uma aderência exagerada a repetição e rotinas 
ritualizadas, apresentando-se resistente a mudanças. 
O autismo é um transtorno complexo. Devido a essa complexidade, o diagnóstico 
é difícil de ser estabelecido, razão pela qual, deve ser considerado, tanto critérios 
clínicos quanto critérios neurofisiológicos e bioquímicos. 
Para American Psychiatric Association (APA, 2000), uma das características 
essenciais do autismo é a presença de um desenvolvimento anormal e deficiente da 
interação e comunicação social, que afeta tanto as habilidades verbais quanto as não-
verbais. 
De acordo com Leboyer (1995), a capacidade de simbolizar é ausente ou 
limitada estrutura autista, por isso os termos abstratos não são bem empregados. A 
comunicação verbal é disfuncional, caracterizando pela 'anormalidade' no uso das 
expressões e a compreensão da linguagem é limitada. A comunicação não-verbal é 
32 
 
 
limitada, as expressões são ausentes, e a criança é incapaz de atribuir um valor 
simbólico aos gestos. 
12 AVALIAÇÃO EM ABA 
O começo de uma avaliação em ABA é dado pela consideração das habilidades 
atuais da criança. Não se trata apenas de se ater ao diagnóstico do médico, pela qual 
se confirma por sintomas bem descritos uma situação peculiar. Para o analista 
comportamental, o mais importante não é a nomenclatura, mas a descrição do processo 
de adaptação do paciente ao mundo, visando através da intervenção terapêutica 
fortalecer os comportamentos adequados e enfraquecer ou eliminar aqueles que trazem 
prejuízos ao sujeito. Nesse caso, torna-se necessário algumas modalidades de 
avaliação, que servirão de base para uma interpretação e construção da intervenção. 
Daremos ao leitor uma descrição desse processo de investigação que está na origem 
da possibilidade de singularização da experiência terapêutica no âmbito da ABA. 
 
 
São fundamentais três categorias de avaliação necessárias ao início da intervenção: 
 
a) Avaliações de estudo do desenvolvimento: essa modalidade de visa colher 
informações sobre como a criança está se desenvolvendo em diversos setores 
da existência, buscando traçar uma comparação entre seu desenvolvimento e de 
crianças da mesma idade. São medidos as habilidades de comunicação, 
cognição, funções motoras, adaptação e habilidades sociais. A partir desta forma 
de avaliação se identifica as dimensões do desenvolvimento e comportamentos 
alvo que devem ser foco de intervenção. Por exemplo, crianças com atraso motor 
podem ser mais estimuladas em sua motricidade. 
b) Avaliações de critério referenciadas: são instrumentos referenciados a critério 
e permitem a colheita de informações sobre as habilidades que existem no 
repertório do indivíduo. Essas avaliações não são projetadas para diagnosticar 
ou medir o atraso, mas sim para determinar quais habilidades a criança possui. 
Cada habilidade deve atingir critérios (ex: pedir itens preferidos) para que novas 
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33 
 
 
habilidades possam ser ensinadas (ex: pedir itens preferidos com verbo e 
complemento). 
c) Avaliações para identificar sistemas de preferência: identificam itens 
(brinquedos, jogos, desenhos, alimentos, atividades) preferidos da criança que 
possam ser usados como reforçadores (recompensas) no ensino. 
 
Fonte: pessoascomdeficiencia.com 
 
O aluno submetido a intervenção em ABA deve passar por essas avaliações 
frequentemente; por exemplo, diariamente se for necessário. 
Conhecer quais itens motivam a criança e manter essa motivação durante a 
sessãoé fundamental para a eficácia da intervenção. Se uma criança não mantém o 
interesse nos itens selecionados, novos devem ser apresentados e avaliados. 
Nesse sentido, o processo de avaliação deve se desdobrar em uma abordagem 
funcional do comportamento, a partir da qual poderão ser atingidas as variáveis que 
reforçam em uma circunstância determinados comportamentos, especialmente aqueles 
disfuncionais e problemáticos como a agressividade. 
Através das coordenadas que podem ser traçadas a partir do reconhecimento das 
variáveis é possível criar estratégias para modificá-las e diminuir comportamentos 
inadequados. As avaliações em ABA, como afirmamos anteriormente, devem ser 
frequentes porque orientam as intervenções determinando sua eficácia. Elas não só 
apenas instrumentos iniciais do procedimento, mas abrem caminho para um estudo dos 
indicativos positivos ou negativos que envolvam a intervenção. 
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34 
 
 
 
13 O PAPEL DO ESPORTE NO ATENDIMENTO A CRIANÇAS COM CONDIÇÃO DE 
DESENVOLVIMENTO ATÍPICO 
É de fundamental importância que crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro 
do Autismo (TEA) e outras estruturas de desenvolvimento atípico, o contato com modalidades 
esportivas. Existem contribuições de suma importância da prática esporte para esses quadros. 
Alguns deles são: controle de peso e bom condicionamento físico. Melhora da motricidade e 
desenvolvimento de habilidades interpessoais, estimulando seu contato com o mundo exterior e 
com os outros. 
No que diz respeito ao autismo, a atividade física ainda é importante para redução das 
estereotipias, abrindo caminho para uma diminuição dos comportamentos repetitivos e aumento 
do repertório de interesses e atividades. Assim, o profissional de educação física é fundamental 
em uma equipe multidisciplinar voltada para casos de desenvolvimento atípico. 
 Em relação às estereotipias, o esporte traz um sistema de operações capazes de abolir 
o comportamento repetitivo, enquanto expõe a criança a atividades que não são normalmente 
inseridas no seu campo de interesse. Assim, ela pode em uma circunstância interromper o 
comportamento repetitivo e se abrir para um comportamento novo, exigido pelo esporte que está 
praticando. Além disso, o exercício físico antecedente reduz muitas formas de comportamento 
disfuncionais, incluindo o comportamento repetitivo. 
Mostrou-se, por exemplo, que além do comportamento repetido o exercício físico pode 
prevenir comportamentos auto-destrutivos e agressivos. Como aponta Atwell (2011 p, 523): 
 
Exercício antecedente envolve, tipicamente, instruir e oferecer 
oportunidades para que os indivíduos se envolvam em alguma categoria 
de exercício (por exemplo, correr, atividade aeróbica) e, em seguida, 
medir o seu comportamento problema após a intervenção. Porque o 
exercício antecedente pode ser realizado com um mínimo de dicas e não 
requer um observador dedicado ou terapeuta, este, demanda uma equipe 
menos intensiva do que as intervenções baseadas em consequências. 
Por esta razão, pode ser particularmente útil em situações clínicas com 
baixa taxa de profissionais para cada estudante (Atwell, 2011, p. 523). 
 
Morrison, Roscoe e Atwell (2011), em seus estudos constataram o efeito positivo 
dos exercícios físicos reforçadores na interrupção ou diminuição de estereotipias e 
autolesões. Em uma de suas experiências, participaram 4 sujeitos diagnosticados com 
TEA, que em sua sintomatologia apresentavam quadros de autolesão e agressividade. 
35 
 
 
Primeiramente, os pesquisadores realizaram uma abordagem funcional dos 
comportamentos repetitivos, e constataram que estas eram mantidas por reforçamento 
automático, ou seja, situações físicas que eram vivenciadas pelos sujeitos como ocasião 
de prazer. Num segundo momento, na fase propriamente interventiva, os estudiosos 
ofereciam acesso livre a atividades físicas reforçadoras para o participante 
(selecionadas anteriormente por um plano teste sistemático de preferências). Notou-se 
que se o participante não começasse a atividade por uma escolha espontânea era 
necessário e fundamental que o experimentador incentivasse a execução, inclusive 
elogiando o envolvimento dos participantes. 
 
 
 Fonte: Folha de São Paulo. 
 
Os testes apontaram diminuição nas taxas de resposta estereotipada, como 
também em quadros de auto lesão e agressividade, sendo possível notar um efeito 
benéfico em 3 dos 4 participantes. Percebe-se, portanto, que a atividade física é útil 
também porque produz sensações de prazer, dá ao sujeito a oportunidade de 
experimentar uma situação de bem-estar diferente daquela que ele experimenta 
segundo as restrições de seu comportamento repetitivo. 
Para ilustrar essa função benéfica do esporte e como ela precisa ser organizada 
podemos pensar na seguinte situação. Se uma criança tem a estereotipia de bater as 
mãos em objetos, o seu educador físico pode incentivá-la a praticar basquete, já que em 
36 
 
 
tal esporte ela baterá a mão na bola, obtendo a mesma sensação reforçadora que ela 
obtém com a estereotipia. 
No entanto, ao invés de criar a situação para o experimento da sensação através 
das respostas repetitivas e sem função social; torna-se necessário construir a 
possibilidade da participação da criança em atividades relacionadas ao esporte 
envolvendo-se em contatos interpessoais, em um ambiente certamente controlado, 
segundo sua condição especial, mas que possa servir ao seu desenvolvimento. 
Assim, se torna fundamental dar lugar a atividades físicas reforçadoras 
compatíveis com as habilidades do sujeito envolvido, pois, assim, facilita-
se envolvimento, aumentando a possibilidade de inibir comportamentos disfuncionais e 
repetitivos. 
 Para o desenvolvimento de habilidades motoras amplas com crianças e 
adolescentes autistas deve o educador físico separar as respostas que compõem alguns 
esportes de uma maneira a trabalhar cada uma delas isoladamente. Posteriormente, o 
treino pode acontecer em conjunto, mas para facilitar a aprendizagem e a inserção dos 
alunos no processo, pois, é preciso motivar a situação, já que um desempenho irregular 
pode colocar em risco o interesse. 
 
 
Fonte: veja.abril.com. 
 
Podemos dividir o treino necessário ao desenvolvimento de habilidades motoras 
amplas em 4 áreas principais, a saber: 
37 
 
 
a) Habilidades motoras amplas básicas: jogar, receber, rebater e chutar a 
bola; equilíbrio, saltar, correr, ente outros. São habilidades podem ser 
organizadas em microcircuitos visando intercalar uma habilidade a uma 
atividade reforçadora, valorizando os interesses das crianças. 
 
b) Condicionamento físico: Bicicleta ou patins; caminhada; correr; pular na 
cama elástica; pular corda; esta área é muito importante para crianças acima 
do peso e de vida sedentária 
 
. 
Fonte: omo.com 
 
a) Pré-requisitos para modalidades esportivas: treinar as respostas que 
compõe cada esporte. Durante o educador físico precisa investigar uma 
modalidade esportiva onde a criança tenha melhores habilidades para, 
posteriormente inserir a criança em um esporte em grupo, em que ela se sinta 
a vontade e tomada por interesse. 
b) Recreação: atividades divertidas, de caráter preferencialmente coletivo. 
Podemos citar as seguintes: atirar argolas, brincadeiras com arcos, siga o 
mestre, macaco mandou, cabra-cega, dança da cadeira, pique-pega, 
esconde-esconde, vivo ou morto, corre-cotia, estátua, amarelinha, etc. 
Através destas atividades pode-se estimular respostas de interação social 
entre as crianças, como: contato visual, atenção compartilhada (intercalar o 
giper
Realce
giper
Realce
giper
Realce
38 
 
 
olhar entre o outro e o objeto) e reciprocidade sócio emocional (expressar 
suas emoções e ser afetado pelas emoções expressas pelo outro). 
 
Como em qualquer outra atividade é fundamentalo registro da atividade das 
crianças e o desenvolvimento de todo processo. A partir desses dados será possível 
avaliar o desenvolvimento dos sujeitos envolvidos e considerar a necessidade de 
modificações. Através dos registros será possível ainda que o analista do 
comportamento avaliar o quanto a criança está motivada, se ela está compreendendo 
as instruções e colaborando nas atividades, como também os efeitos do processo sobre 
os comportamentos disfuncionais. 
 
 
 
Fonte: ericasitta.wordpress.com 
39 
 
 
14 BIBLIOGRAFIA 
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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 2004. 
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11, p.1-18, 01 dez. 2007.

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