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2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 3 2 O DESENVOLVIMENTO ATÍPICO EM CRIANÇAS E A METODOLOGIA ABA 4 3 O COMPORTAMENTO VERBAL ................................................................... 6 4 O REPERTÓRIO D DESENVOLVIMENTO ATÍPICO — CARACTERÍSTICAS DO TEA (TRANSTORNO DE ESPECTRO AUTISTA) ................................................. 12 5 A VISÃO DA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DO DESENVOLVIMENTO ATÍPICO 15 6 QUANDO PEDIR AJUDA ............................................................................. 17 7 A TERAPIA DO BRINQUEDO. ..................................................................... 18 8 AUTISMO: A RESTRIÇÃO COMPORTAMENTAL E AS ESTEREOTIPIAS 19 9 ABA: UMA INTERVENÇÃO COMPORTAMENTAL EM CASOS DE AUTISMO 22 10 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................. 27 11 AUTISMO: NOTA SOBRE O DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO DE DIAGNÓSTICO ............................................................................................................. 31 12 AVALIAÇÃO EM ABA ............................................................................... 32 13 O PAPEL DO ESPORTE NO ATENDIMENTO A CRIANÇAS COM CONDIÇÃO DE DESENVOLVIMENTO ATÍPICO ............................................................................. 34 14 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 39 3 1 INTRODUÇÃO O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro — quase improvável — um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para ser esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 O DESENVOLVIMENTO ATÍPICO EM CRIANÇAS E A METODOLOGIA ABA Fonte: clinicahorizontes.com. A análise do comportamento Ampliada Aplicada — ABA (Applied Behaviour Analysis) é uma abordagem de intervenção e investigação psicológica que une a teoria comportamental clássica, oriunda da tradição behaviorista, com os avanços mais atuais no campo das ciências do comportamento, considerando como fundamentais a neurologia e a neurociências. Desde seu desenvolvimento, as ciências do comportamento descobririam vários princípios que atuam no desenvolvimento da conduta; elas demonstraram, assim, a possibilidade de dar um tratamento científico ao estudo do comportamento e, consequentemente, a aplicação do aporte teórico conquistado em intervenções clinicas. Uma das características da metodologia ABA, tema desta disciplina, é sua dinamicidade. Ela se desenvolve conforme o percurso das ciências do comportamento, orientando-se pela ideia de que a psicologia é uma ciência capaz dar soluções práticas e eficazes ao sofrimento humano. No que se refere a portadores de desenvolvimento atípico; principalmente aqueles referentes a quadros do TEA (transtorno de espectro autista), em que encontramos uma estrutura de experiência marcada por ‘deficits’ e excessos comportamentais, a metodologia ABA é uma alternativa clínica considerável, http://www.clinicahorizontes.com.br/ giper Realce 5 pois, como veremos, ela indica caminhos científicos e práticos para efetivação de um plano de intervenção singular aos sintomas do autismo, buscando aumentar a qualidade de vida daqueles que possuem a condição. Apontando para o caminho de aprendizagem de novos comportamentos, a metodologia ABA permite,assim, o desenvolvimento de estratégias eficazes até para os casos mais complexos. A condição autista, por exemplo, pode ser trabalhada com técnicas que podem trazer resultados nas múltiplas esferas da vida, tanto do ponto de vista emocional quanto cognitivo. Envolvendo o ensino intensivo e singular (individualizado) de habilidades fundamentais para o sujeito com autismo ela se propõe o trabalho de uma gama variada de percursos que incluem o incentivo a comportamentos sociais tais como contato visual e comunicação adequada funcional; comportamentos acadêmicos como pré-requisitos para leitura, escrita e matemática, além de atividades da vida diária como higiene pessoal. Busca, ainda, a redução de comportamentos agressivos, estereotipias e autolesões. Ela busca, ajudar o paciente estruturalmente, considerando o conjunto orgânico de sua experiência, dando ainda suporte emocional e comportamental aos cuidadores e responsáveis por pessoas de condição autista. As pesquisas e intervenções conforme a abordagem da Análise comportamental estão, portanto, se voltando cada vez mais para populações infantis, principalmente os seguimentos diagnosticados com desenvolvimento atípico relacionado a TEA (Transtornos de espectro autista). Trata-se de uma abordagem que tem encontrado grande valor institucional, sendo adotada por uma gama variadas de instituições, no âmbito escolar, hospitalar e mesmo em projetos de intervenção particular, seja pelo sentido humano de suas técnicas, como também por sua eficácia, baseada na consideração científica do comportamento humano. Daremos ao aluno com esse material uma visão detalhada da metodologia ABA, elucidando suas bases teóricas e descrevendo o modo como ela deve ser aplicada. giper Realce giper Realce 6 3 O COMPORTAMENTO VERBAL / Burrhus Frederic Skinner (1904-1990. Fonte: novaescola.org.br Iniciaremos nossa exposição acerca da metodologia ABA pela maneira como ela aborda um dos fenômenos fundamentais para caracterização e intervenção no âmbito dos casos de desenvolvimento atípico: a linguagem. O atraso da comunicação verbal é uma das características frequentes em crianças que possuem desenvolvimento atípico; no caso dos portadores de transtorno de espectro autista (TEA), é uma das dificuldades identificadas para diagnóstico. Assim, considerando a importância da comunicação para a convivência social da criança e da linguagem no conjunto do seu desenvolvimento: o fenômeno da comunicação tem recebido atenção crescente dos pesquisadores oriundos da análise comportamental, principalmente quando o que está em cena é a experiência de uma criança portadora de condição autista. A linguagem, na perspectiva de tais estudos, é definida segundo os conceitos descritivos de Skinner (1957). É pela transposição do behaviorismo clássico para o campo de pesquisas que buscam se construir enquanto formas de intervenção na vida daqueles que são portadores de desenvolvimento atípico que abordagem do fenômeno da comunicação é tematizada. Em seu livro Verbal Behavior, Skinner (1957) entende a linguagem enquanto comportamento verbal. Para compreender essa posição do autor se torna necessário entender sua noção de comportamento. Por outro lado, para ter elucidada a noção de comportamento é preciso compreender que a psicologia 7 comportamental é uma forma de fazer psicologia que não considera a mente como objeto de um possível tratamento científico, pois os fenômenos mentais entendidos como experiência do “homem interior” não estão abertos a observação, nãopodendo, assim, ser descritos a e analisados de modo científico, pois não é um objeto empírico localizado no tempo e espaço naturais. Assim, o comportamento não é um conteúdo psíquico, mas um conjunto de ações que se desdobram em um determinado ambiente. Para Skinner, essas ações devem ser caracterizadas como formas da ação humana no mundo, através das quais seres humanos interferem no seu mundo circundante e também são modificados por ele, ou seja, o comportamento é um fenômeno operante. Na perspectiva do autor: Alguns processos que o organismo humano compartilha com outras espécies alteram o comportamento para ele obter um intercâmbio mais útil e mais seguro em determinado meio ambiente. Uma vez estabelecido um comportamento apropriado, suas consequências agem através de processos semelhantes para permanecerem ativas. Se, por acaso, o meio se modifica, formas antigas de comportamento desaparecem, enquanto novas consequências produzem novas formas (SKINNER, 1957, p. 18) Da descrição acima podemos inferir duas coisas: o comportamento não é uma realidade simplesmente mental, por isso o objeto da psicologia não é a mente humana em sentido estrito. O objeto da psicologia se constitui a partir das formas de comportamento, o conjunto de condutas pelas quais uma existência humana se desenvolve em relação com seu ambiente. Por outro lado, a prática da psicologia surge constituída através da consideração de que o comportamento é causado pelo ambiente. Entre os comportamentos humanos, Skinner (1957) dá destaque ao comportamento verbal. O comportamento verbal se caracteriza por ser como qualquer outro, mas ele se singulariza porque é mediado por outras pessoas e não tem uma relação de determinação direta pelo meio físico. Assim, o comportamento do falante e do ouvinte formam o que Skinner chama episódio verbal completo ou total (1957, p. 12). Para além da relação direta com o meio físico, fundada na correspondência simples e mecânica entre um comportamento e o meio externo, o autor tematiza, através do conceito de comportamento verbal, os processos de comunicação que não agem diretamente sobre um meio, tampouco possuem uma correspondência causal determinante com meio físico, mas incidem primeiramente sobre outros homens e se giper Realce giper Realce 8 apresentam irredutíveis às suas infraestruturas de origem física. Ele utiliza o seguinte exemplo: Um homem sedento, por exemplo, em vez de dirigir-se a uma fonte, pode simplesmente "pedir um copo d'água", isto é, pode produzir um comportamento constituído por certo padrão sonoro, o qual no que lhe concerne induz alguém a lhe dar um copo d'água. Os sons mesmos são facilmente descritíveis em termos físicos, mas o copo de água só chega ao falante como consequência de uma série complexa de acontecimentos que incluem o comportamento de um ouvinte. A consequência última, o recebimento de água, não mantém nenhuma relação geométrica ou mecânica com a forma do comportamento de "pedir água (1957, p.4) Comportamentos tais como os descritos acima, surgem a partir de estruturas também de caráter físico; mas são bem mais difíceis de descrever, pois, sua relação com o mundo físico é mediada pelo aparato linguístico e social onde dois ou mais seres humanos estão inseridos. Seu estudo, assim, depende de uma descrição das situações em que outro entra em cena como um mundo a ser atingido ou “conquistado” pela fala de um emissor que ao desdobrar-se enquanto comportamento verbal busca atingir o outro. Com base nesta posição, Skinner definiu seis operantes verbais a partir dos quais é possível analisar e descrever a funcionalidade do comportamento verbal, segundo sua relação indireta com o meio físico. Esses operantes são os seguintes: mando, tato, ecoico, textual, transcrição e intraverbal. Tracemos uma breve panorama deles. Fonte: autismonaeducacaoinfantil.blogspot. giper Realce 9 Operante de Mando Numa comunidade verbal dada, certas respostas são caracteristicamente seguidas por certas consequências (Skinner, 1957, p 35) Conforme Skinner, o mando é um operante verbal onde a resposta é reforçada por uma consequência particular e está sob controle funcional de condições relevantes de privação ou estímulo aversivo (1957, p. 36). Entende-se por operante de mando aquelas situações em que uma solicitação é feita tendo em vista uma necessidade a ser suprida. O mando se caracteriza por uma relação de causa e consequência. É o poder de pedir e colocar aos outros níveis de desejo e de interesse que podem ser atendidos, esperando uma reposta precisa, ou sendo levado a responder de determinado modo. Lear (2004), considera que este é o operante verbal mais primitivo, característico de quase todas as relações humanas. Podemos, portanto, exemplificar como mandos respostas verbais como pedidos, ordens ou avisos, ou seja, aquelas que têm caráter imperativo. Aliás, as funções imperativas da linguagem são representantes desse operante, ainda que não possamos defini-lo com precisão partindo dela. Skinner nos diz ainda que o mando é uma relação especial e única entre a forma da resposta e o reforço recebido. Assim, segundo ele, "em uma determinada comunidade verbal o mando 'especifica' o seu reforço". São exemplos: “Ouça! Olhe! Corra! Pare! e Diga sim!” Esses operantes singularizam o comportamento do ouvindo, pois, esperam uma forma e resposta determinada. Trata-se de uma ação imperativa que apenas pode se repetir se a resposta gerar o reforço esperado. Operante ecoico No caso mais simples, em que o comportamento verbal está sob o controle do estímulo verbal, a resposta gera um padrão sonoro semelhante ao do estímulo (Skinner, 1957, p. 77). O operante ecoico se da seguinte maneira: pela duplicação, com correspondência ou semelhança do antecedente verbal vocal apresentado. É um comportamento mantido pelas consequências sociais fornecidas pela audiência (Skinner, 1957). Nesse caso, o importante a notar é a resposta ser provocada por uma giper Realce giper Realce giper Realce 10 estimulação verbal bem definida. Ou seja, a resposta se dá diretamente a fala do emissor, pela troca entre os dois atores da cena, por um sistema de repetição que desemboca numa resposta. Um exemplo da ocorrência de comportamento ecoico seria o mediador dizer "Belo" e aquele que ouve emitir a resposta "Belo” e ter como a resposta consequentemente um elogio: “Você entendeu, que beleza! O ecoico, portanto, pode ser localizado no nível de possíveis aprendizados a partir dos quais conteúdos básicos da experiência podem circular e serem aprendidos e considerados. Ele é uma resposta a determinada estimulação dada pela fala do outro, enquanto esta é também um conjunto de estímulos que circula até aquele ouve. O operante verbal ecoico se apresenta, assim, controlado por um estímulo antecedente que abre sua possibilidade, já que nesse comportamento o que acontece é a reprodução/imitação de outro. Operante intraverbal Segundo Skinner, encontramos no comportamento ecoico e no ato de escrever "tomando como modelo uma cópia a correspondência entre o estímulo e a resposta produzida". Assim, se pode dizer, por exemplo, que no comportamento textual e na realização de um ditado existe uma correspondência entre “sistemas dimensionais diferentes”(Skinner): transcrever um texto é trazer para outra dimensão o mesmo texto. O comportamento em questão imita o primeiro, se realizando segundo regras expressas no primeiro. Contudo, encontramos também aquelas respostas verbais em que não existe correspondência entre um estímulo e resposta. Segundo Skinner É o caso, por exemplo, de respondermos 4 ao estímulo verbal 2 + 2, ou à bandeira para eu juro fidelidade, ou Paris para capital da França, ou 1066 para Guilherme, o Conquistador.Podemos chamar o comportamento controlado por tais estímulos de intraverbal. A resposta intraverbal pode se dar em palavras proferidas ou escritas. Ela se apresenta sobre o controle de um efeito de linguagem antecedente, imersa em uma rede causal funcional. Trata-se, de um operante definido onde a resposta está sob controle de estímulo discriminativo sem correspondência ponto a ponto entre estímulo e resposta. Traduções entre línguas podem ser casos de comportamento intraverbal. Ele se giper Realce giper Realce 11 diferencia do mando e do operante ecoico porque pode se estabelecer em um campo estritamente linguístico e relação entre palavras. Ele se diferencia do mando também por não ser controlado por variáveis reforçadoras específicas, mas sim generalizadas. Estas variáveis são, na maioria das vezes, sociais, visto que a variável antecedente é sempre o comportamento verbal de outra pessoa (interlocutor). A resposta verbal se caracteriza enquanto eventos que são cotidianos: responder perguntas, terminar frases ou músicas, ou seja, dar continuidade, através da fala do outro algo que precisa de complemento. A maioria dos ‘acontecimentos da história são adquiridos e retidos como respostas intraverbais. Assim como ocorre com muitos dos fatos da ciência, embora haja respostas frequentemente sob outra categoria de controle (o controle envolvido no tato). O operante do tato O operante verbal do tato tem uma função bem definida: são aqueles que tornam possível algum contato com o mundo. Ou seja, são as operações de linguagem que realizamos para fazer ver ao outro um conteúdo do mundo. Trata-se de um operante de referência e como afirmamos acima ele surge de modo constante no discurso da ciência. Em outras palavras, as operações verbais que Skinner coloca sob a rubrica do operante do tato são os fenômenos de linguagem que fazem contato do mundo e podem descrevê-lo. Sua legalidade interna está referida a estímulos antecedentes não-verbais e seu reforço se caracteriza por ser generalizado. Estes quatro operantes verbais (mando, tato, ecoico e intraverbal) são os mais importantes para os objetivos deste estudo. Os demais, textual e transcrição, têm sido muito estudados nas pesquisas que investigam o repertório de leitura e escrita. Descrevê-los a fundo estaria fora dos objetivos da nossa disciplina, mas é importante frisar que eles se referem a capacidade (ou potência) do sujeito da linguagem de lidar com o mundo através de sua transcrição e comunicação pela linguagem escrita. Como veremos a seguir, o comportamento verbal tem sido objeto de muitos estudos em análise do comportamento. O atraso no desenvolvimento deste repertório e a dificuldade em desenvolver a comunicação de modo funcional são características muito presentes em casos de desenvolvimento atípico e podemos partir daí para entender os modos de intervenção possíveis nesses casos. giper Realce giper Realce giper Realce giper Realce giper Realce 12 4 O REPERTÓRIO D DESENVOLVIMENTO ATÍPICO — CARACTERÍSTICAS DO TEA (TRANSTORNO DE ESPECTRO AUTISTA) Fonte: pt.slideshare.net O autismo é um conjunto de características singulares de desenvolvimento que escapam da forma típica pela qual o desenvolvimento humano se efetiva. Ele abrange três setores da experiência do sujeito: a comunicação, o mundo social e o comportamento. No que diz respeito ao mundo social, o autista tem dificuldades de interação e socialização, apresentando pouca habilidade para manter relações recíprocas. Por isso, ele tem dificuldade de fazer contato visual ou iniciar uma conversa, como também compartilhar emoções. Assim, aparentemente ele parece não se interessar pelo outro, preferindo interagir com coisas e não com pessoas. Ele pode responder à iniciação da comunicação posta por outro, mas nunca começa espontaneamente a interação. Quanto à comunicação ele possui dificuldades para aprender linguagem verbal e não verbal, não apreendendo a função comunicativa da linguagem e não usando o aparato linguístico disponível para se fazer entender pelo outro. Não se trata de uma deficiência que não lhe permite a linguagem em seu aspecto físico e fonoaudiológico, giper Realce giper Realce giper Realce giper Realce giper Realce giper Realce 13 mas da dificuldade de comunicação, ou seja, uma dificuldade de apropriação do uso. O autista apresenta, assim, inabilidade para linguagem falada, seguida da incapacidade de manter uma conversação (GILLBERG, C, 2005). Além disso, podemos caracterizar sua linguagem como uma fala voltada a repetição. Fonte: br.guiainfantil.com Interessante notar, que apresentando grandes dificuldades no uso normatizado e cultural da linguagem, os autistas utilizam outros meios para conseguirem realizar seus desejos perante o outro. Assim, podemos nos deparar com um uso específico do corpo enquanto modo de expressão, seja por estereotipias como pelo aparecimento de comportamentos autodestrutivos. Fonte: usp.br http://www.usp.br/ giper Realce 14 No que se refere ao comportamento, os portadores de condição autista se mostram detentores de um repertório bastante restrito, circunscrito a interesses específicos e marcados por dependência exagerada a rotinas, estereotipias motoras e preocupação com partes isoladas de objetos. O autista tende sempre a fazer as mesmas coisas, por isso lhe é difícil responder a diferentes contextos e diferentes demandas. Segundo Gillberg (2005), a ampla maioria dos casos apresentar os primeiros sintomas antes dos 3 anos e revela problema nos primeiros meses de vida. Desta maneira, é importante que pais e cuidadores estejam atentos ao desenvolvimento da criança e possam identificar qualquer situação atípica em sua estruturação. O diagnóstico precoce seguido de uma intervenção corretamente formulada pode dar mais chance ao autista de desenvolver habilidades que possam lhe servir para dar conta da sua constituição e da relação peculiar que ela envolve com o mundo. Fonte:ludiqueconsultorio.blogspot.com 15 5 A VISÃO DA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DO DESENVOLVIMENTO ATÍPICO A análise do comportamento não é uma doutrina de preceitos imutáveis, tampouco se limita a negar a dinamicidade do real em relação à teoria; assim, ela não preconiza a necessidade de uma abordagem padronizada e homogênea dos fenômenos que constituem seu campo de atuação. Em seu percurso analítico e descritivo considera as dimensões sociais, psicológicas e biológicas, quando se refere ao comportamento e o mundo de experiências que ele envolve. Ou seja, se preocupa com o comportamento enquanto manifestação incomponível da experiência. Não se prestando a uma postura dogmática (padronizada e homogênea), ela se efetua ainda como uma teoria e uma prática preocupadas com a singularidade do sujeito, pois entende que o repertório comportamental de um indivíduo é único porque determinado e mantido por sua história de vida. Temos, portanto, duas características que norteiam suas propostas teóricas e intervenções. Por um lado, somos seres biológicos, sociais e psicológicos, seres complexos, que precisam de uma abordagem complexa e de uma prática multidisciplinar como instrumento de intervenção. Por outro, o comportamento ainda que tratado cientificamente exige um olhar sobre o estilo de existência a qual em uma circunstância a teoria responde. Voltando-se a individualidade dos casos, o analista do comportamento deve, portanto, iniciar a intervenção com uma avaliação do repertório comportamental do paciente. Deve identificar, por exemplo, os comportamentos disponíveis na criança de estrutura autista, observando aqueles que se apresentam adequados e funcionais; e devem ser reforçados. Nesse processo, a identificação também deve serorientada para os comportamentos inadequados: eles devem ser minimizados ou extintos. Além disto, é preciso investigar quais comportamentos não estão presentes no repertório da criança e poderiam ser utilizados para solução de situações difíceis; trata-se de sanar suas dificuldades pela inserção em seu campo de experiência de condutas que ela não possui, mas certamente necessita. A intervenção necessita ainda de treinamento das pessoas que convivam com a criança, visando o reforço das habilidades aprendidas e maior eficácia dos procedimentos de extinção dos comportamentos prejudiciais. Trata-se de um aspecto giper Realce 16 fundamental porque as habilidades aprendidas no processo de intervenção podem ser reforçadas nos ambientes mais comuns a criança, como sua casa e seu quarto, por exemplo.Por isso, na maioria das vezes. os procedimentos são realizados em ambiente natural, isto é, trabalha-se um comportamento no local onde se espera que ele seja emitido, com as pessoas que estarão presentes quando, no futuro, este comportamento ocorrer, e, finalmente, com as consequências naturais que ele pode gerar. Fonte: abaeautismo.com O registro sistemático e cotidiano das respostas da criança e sua visão do processo onde está imersa é fundamental para o andamento da intervenção. Esse movimento de registro permite a avaliação constante dos progressos do trabalho, o que também permite pensar se os procedimentos utilizados estão sendo adequados ao caso. Trata-se, de um olhar que deve estar voltado para as variações do ambiente: os sutis matizes do meio circundante que podem modificar o comportamento da criança e ser o sinal de uma mudança do seu comportamento agindo sobre o ambiente. Assim, também, o analista do comportamento não se fecha em um diagnóstico, mas baseia seu trabalho num prognóstico mais promissor. 17 6 QUANDO PEDIR AJUDA No âmbito de uma abordagem psicológica e comportamental do mundo infantil, encontramos como desafio o fato da criança não conseguir verbalizar em totalidade ou profundidade cenas presenciadas, como também não saber se referir às palavras negativas que lhe foram dirigidas ou a outras situações de abuso físico, verbal e emocional. Essa dificuldade de expressão, característica da idade e do momento de desenvolvimento em que se encontra; ou mesmo porque os adultos não são dados a entender a linguagem da criança; termina por se desdobrar em comportamentos prejudiciais ou mesmo sintomas psicossomáticos: aquilo que é expresso, mas não entendido, acaba por se manifestar no corpo da criança enquanto ela parecer ser um espelho que reverbera as condições de seu ambiente. Em outras palavras, a criança experimenta o mundo (o seu e o do outro) por uma rede de relações que desempenha um papel fundamental na conformação de suas emoções e disposições cognitivas, sendo, assim um fator que determina a formação de sua personalidade. Ainda nesse sentido, cabe lembrar que a criança também opera modificações naqueles que estão ao seu redor. O temperamento de uma criança conjuga e conforma o repertório comportamental daqueles que são responsáveis por ela. Encontramos uma relação de mão dupla nas relações mantidas pela criança: ela sofre influências, absorve o meio, mas também age sobre ele. No que diz respeito, as relações criança e mundo, criança e família, criança e escola, é preciso considerar a forma com a criança lida com seu mundo e como é tratada por aqueles que estão ao seu redor. Nesse sentido, umas questões a ser compreendida é como muitos comportamentos negativos dos pais e responsáveis em relação às dificuldades das crianças são sinais de que é hora de buscar ajuda. Quando os pais não entendem os problemas seus filhos a ponto de julgá-los negativamente é a estrutura familiar, suas conflituosas relações que devem ser reavaliadas, colocadas em suspenso, para se poder abrir espaço para tentativas de reparar os níveis de negatividade existente. 18 No caso do diagnóstico da criança com do desenvolvimento atípico considera-se que ele deve ser feito o mais precoce possível. O autismo, por exemplo, se instala nos três primeiros anos de vida, quando os neurônios que coordenam a comunicação e os relacionamentos sociais deixam de formar as conexões necessárias. Embora o transtorno seja conformativo à estrutura ontológica do portador (não se trata de uma doença que possa ser curada, mas de uma condição), a demora em ser reconhecido pode trazer ainda mais prejuízos a criança de condição autista. Infelizmente, no Brasil, em termos gerais, a estrutura é identificada apenas entre os 5 – 7 anos. Fonte: carlosbritto.com/ludoterapia 7 A TERAPIA DO BRINQUEDO. A terapia do brinquedo foi desenvolvida Garry Landreth (1937) que também fundou “The Center for Play Therapy” (O Centro para Terapia do Brinquedo) na Universidade do Texas. Em sua carreira, Landreth desenvolveu uma longa e frutífera pesquisa sobre as condições de desenvolvimento emocional da criança e sua relação com o mundo dos brinquedos. Em sua perspectiva, o mundo infantil é um mundo concreto e a brincadeira ou o brinquedo é a expressão concreta e profunda da criança, isto é, a forma onde ela consegue assimilar e lidar com o seu mundo e com outros. giper Realce giper Realce 19 Assim, o brinquedo é lugar lúdico da criança, expressão de sua vida anímica e imaginação A Terapia do Brinquedo se caracteriza como um processo dinâmico, que põe em relação à criança (ou uma pessoa de qualquer idade) e um terapeuta devidamente preparado para fazer essa forma de intervenção. Através da escolha de materiais estratégicos e adequados, o terapeuta cria um percurso onde o paciente possa expressar-se de forma autêntica e explorar o seu mundo existencial, priorizando formas singulares pelas quias ele se conecta com seus afetos e experiências (traumáticas e representativas). Trata-se, portanto, de um instrumento que cria, usando recursos lúdicos da experiência, modos de comunicação saudável a partir dos quais o paciente possa trabalhar sua maneira de responder e lidar com mundo e com os outros. Em relação às crianças de desenvolvimento atípico, ela tem efetividade comprovada, enquanto proporciona um ambiente onde é possível a criança se expressar-se, sentindo-se livre de reprovação ou ameaças; podendo, assim, descobrir e conhecer suas próprias emoções 8 AUTISMO: A RESTRIÇÃO COMPORTAMENTAL E AS ESTEREOTIPIAS Um dos prejuízos a partir dos quais se realiza o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA) é ausência de variabilidade comportamental. Conforme o DSM-V, os autistas se caracterizam por padrões restritos e repetitivos de comportamento apresentados em suas disposições e práticas cotidianas. Esse prejuízo se manifesta de dois modos: a) presença de comportamentos verbais e motores estereotipados, acompanhados ou não de comportamentos sensoriais modificados e incomuns; b) padronização exagerada de rotina, confirmada pela dificuldade de lidar com mudanças de temporais e espaciais no ambiente em que vivem. A estrutura autista se volta e se fixa em determinadas atividades e experiências de maneira exagerada. A primeira característica é constante objeto de reclamação por familiares e equipes que tratam da educação/aprendizagem das crianças e dos adultos com autismo; pois os comportamentos repetitivos e estereotipados trazem grande prejuízo às relações intersubjetivas, ao nível comunitário e educacional, difíceis de interromper, já que são giper Realce giper Realce giper Realce 20 orientados por reforçadores internos muito fortes, colocando a necessidade de um trabalho paciente e direcionada a estrutura autista. Enquanto se apresentam engajados nestas respostas e comportamentos invariáveis, os autistas se fechampara o mundo exterior, criando ainda mais obstáculos para sua inserção em processos de socialização e vivência interpessoais necessários ao seu desenvolvimento. O grande prejuízo do comportamento repetitivo é exatamente que ele impede o contato funcional do autista com o mundo ao seu redor, prendendo seu comportamento em situações estereotipadas que pouco contribuem para efetivas relações interpessoais. Encontramos três grandes motivações que tornam as estereotipias uma constante no repertório comportamental da estrutura autista: a) a primeira é a restrição comportamental. A estrutura autista tem dificuldade de aprender comportamentos sociais e verbais. Nesse caso, ela apresentará naturalmente um repertório muito restrito de ação sobre o mundo. Por isso, ela ocupa seu tempo com os poucos comportamentos aprendidos e principalmente com aqueles que lhe trazem algum conforto, mais precisamente por padrões de busca de prazer unicamente sensorial, em alguns casos próprios a um bebê. A segunda motivação é a alteração sensorial. As crianças autistas apresentam alterações orgânicas que afetam a percepção e a interpretação de estímulos sensoriais. Assim, é muito normal que informações oriundas do mundo exterior afetem sua existência exageradamente, gerando altíssimo prazer ou grande aversão. Por isso, sua escolha será sempre entre isso ou aquilo, tendo se fixar em atividades que lhe causem prazer. Não há muita variação em sua maneira de se dar aos dados do mundo. Cabe ainda lembrar, que a repetição é uma predisposição geral da estrutura autista. Nesses termos, a questão é descobrir qual a funcionalidade de um certo comportamento repetitivo no conjunto de condutas pelas quais, por exemplo, a criança autista busca se inserir no mundo, para que em seguida, se possa propor-lhe o desenvolvimento de novas habilidades considerando algumas dimensões que podemos chamar fundamentais: a) o brincar (desenvolvimento de habilidades sociais, verbais e motoras envolvidas nas brincadeiras funcionais e capazes de gerar interação social); atividades de vida diária (higiene e autonomia); comunicação (comportamentos verbais vocais ou por troca de pistas visuais); e competências de caráter intelectual e acadêmico (leitura, escrita, conceitos matemáticos, etc.). 21 No entanto, mesmo desenvolvendo um repertório mais amplo, as crianças com autismo estarão predispostas a se engajar em estereotipias e não em novos comportamentos adquiridos. Isso acontece por estas respostas serem mantidas por marcadores comportamentais muito poderosos e decisivos em suas relações com mundo: o que está em jogo são sensações físicas e experiências relacionados à vivência de um bem-estar físico e emocional necessário a um relacionamento positivo, ainda que frágil, com o ambiente exterior. Por isso, conjuntamente ao incentivo a comportamentos novos, é necessário para a criança escolher se engajar neles ao invés de se engajar nas estereotipias. A luta contra as estereotipias é uma guerra entre dois mundos: o mundo interno (no corpo da criança, ou seja, os prazeres que ela sente ao vivenciar sua própria experiência como que separada do mundo do exterior) e as condições exteriores (o ambiente social, escolar e familiar onde ela está inserida). Nesta batalha, o mundo exterior já entra perdendo, pois, a luta é contra reforçadores muito potentes e sobre o qual não temos nenhum controle. Assim, torna-se necessário trazer a criança para o mundo exterior; criando situações de contato efetivo através do esforço de conectar sua linguagem com aquela do mundo. Precisamos tornar as coisas exteriores mais atrativas, como que capazes de perseguir e motivar os desejos inerentes a sensibilidade autista, tornando, assim, o contato algo sentido por ela como necessária. Trata-se, portanto, de buscar estratégias de motivação baseada em estímulos positivos à própria condição da criança, buscando que ela se interesse pela sua capacidade de construir novas habilidade. Ao lado disso, é necessário preencher o tempo da criança com muitas atividades de caráter extremamente variado. Trata-se, de uma estratégia que neutralizará, até certo ponto, a possibilidade de retorno do comportamento repetitivo, pela variação do próprio ambiente e daquilo que oferecido a criança autista. Encontramos constantes posicionamentos negativos de familiares e profissionais diante desta estratégia. Assim, é comum escutarmos que a criança está fazendo coisas demais, que ela não tem tempo para só brincar, que ela precisa descansar ou ficar simplesmente ociosa. Uma posição desta valeria para uma criança de desenvolvimento típico, que devido a sua estrutura conquistou um repertório comportamental variado, mas para criança autista isso não funciona, já que ela tende sempre a voltar a repetição. Assim, não se trata de encher a criança autista de atividades vazias, mas de direcionar constantemente sua atenção e 22 seu corpo para atividades que possam inibir o comportamento repetindo, dando maior variabilidade a sua relação com mundo. Fonte: guiametabolica.org 9 ABA: UMA INTERVENÇÃO COMPORTAMENTAL EM CASOS DE AUTISMO . O autismo é uma condição crônica e requer tratamento continuado que deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar formada por profissionais com experiência e formação direcionada para tal objetivo (Schwartzman, 2003). Resultados positivos em relação aos prejuízos que caracterizam a condição do autista podem ser alcançados desde que se considere a singularidade das pessoas autistas, como também as condições familiares e culturais nas quais ela está inserida (Bosa, 2006) http://www.guiametabolica.org/ 23 A prática de intervenção terapêutica deve visar o desenvolvimento e a reparação de habilidades do autista em todos os setores de sua existência, objetivando a melhora de sua qualidade de vida e de seus familiares. Apresentaremos, agora, ao leitor um pouco sobre a metodologia ABA, usada como um método de intervenção no tratamento dos sintomas do autismo. Passaremos por tópicos de psicologia comportamental que são necessários a compreensão e aplicação da metodologia. Fonte: universoautista.com Aprendemos com os teóricos clássicos da psicologia comportamental (Pavlov, Skinner, Watson, entre outros) que todos os comportamentos humanos são aprendidos e condicionados. Isso certamente não difere quando consideramos condutas funcionais ou disfuncionais. O condicionamento, no decorrer da vida de um ser humano, não acontece, na maioria das vezes, intencionalmente. Entendemos, assim, que a relação com ambiente determina posturas e práticas, sejam negativas ou positivas, funcionais ou disfuncionais, muitas vezes vivenciadas como um complexo inato, ou seja, de difícil de abandono ou transformação (Merleau-Ponty, 1945). O condicionamento, portanto, não é planejado ainda que se possa traçar os seus determinantes essenciais e conhecer a origem de um determinado comportamento. 24 A teoria comportamental parte, portanto, do pressuposto de que as condições exteriores conformam o repertório comportamental dos indivíduos. Desta maneira, é crível considerar que os processos causais que determinam a formas e resultados de um comportamento podem ser usados e manipulados. Se o comportamento é condicionado e influenciado por suas consequências (Skinner, 1957, p. 80), também podemos manipulá-los para entendermos como o processo acontece (Moreira e Medeiros, 2007). Assim, a promoção de habilidades que são pouco desenvolvidas e até ausentes do sujeito autista podem se tornar possíveis pela percepção (quase causal e certamente inconsciente) de que aquela conduta já não recebe certa resposta; que, de algum modo, o ambiente se modificou, dando vazão a compreensão (às vezes prática, motora ou visual) de que o mundo pedeoutras perguntas e outras respostas. Essa compreensão coloca para o terapeuta comportamental uma perspectiva de aplicabilidade, a partir da qual ele se sente munido dos instrumentos necessários a intervir na experiência de uma pessoa, podendo contribuir para torná-la funcional. Métodos de intervenção terapêutica como ABA surgem a partir dessa perspectiva. O ABA e uma metodologia voltada ao objetivo de ensinar comportamentos mais adequados e funcionais as crianças com desenvolvimento atípico, ampliando seu repertório ao nível cognitivo, emocional e afetivo. O método ABA toma como princípio a ideia de que todo comportamento pode ser modificado através de suas consequências, pois parece ser um aspecto preponderante do comportamento humano a expectativa de seus resultados (Moreira e Medeiros, 2007). Se fazemos coisas e elas funcionam existe uma tendência de repetirmos aquele comportamento; quando os resultados são inesperados e não respondem nossas expectativas tendemos a repelir o modo de ação anteriormente adotado. Tendo em vista esse princípio, a metodologia da ABA intervirá com foco os seguintes objetivos: a) reparar os prejuízos e os déficits que uma estrutura comportamental mantém com mundo; b) identificará as atividades nas quais o paciente apresenta maiores dificuldades ou até incapacidades; c) compreender a função das estruturas do comportamento utilizadas pelo indivíduo e as demandas que ele responde através de seu comportamento. giper Realce 25 Cabe ainda esclarecer, que o primeiro passo para realizar uma intervenção positiva em relação a um comportamento disfuncional, presente em uma criança com desenvolvimento atípico, como uma criança portadora de uma estrutura autista, por exemplo; é compreender a função assumida por sua conduta no conjunto de suas experiências. Assim, torna-se importante realizar uma avaliação para averiguar os seguintes aspectos: a) compreensão das estratégias de comunicação que a criança autista utiliza em determinada circunstância onde aquele comportamento se torna frequente. b) Avaliação da presença ou ausência e linguagem funcional. c) Se existe ou não contato visual c) Se ordens são atendidas ou desobedecidas, ou não são entendidas. e) Relação com o ambiente, considerando seus brinquedos preferidos, birras frequentes e como reage às pessoas; f) Descrição das circunstâncias que podem motivar ou não uma certa conduta. A reposta a essas questões permitirão a passagem para um segundo passo. Com as informações obtidas se tornará possível traçar um retrato geral do paciente e uma imagem qualitativa de suas singularidades, a partir dos quais será possível colocar no horizonte pequenos objetivos que devem ser alcançados em curto prazo. Esses objetivos devem visar à ampliação de habilidades e eliminação de comportamentos disfuncionais. No entanto, é preciso entender que a promoção de habilidades e eliminação de prejuízos apenas se efetiva gradualmente, sendo necessário que o processo de mudança seja prazeroso, já que a redução da ansiedade e do sofrimento devem ser os objetos orientadores da intervenção, principalmente nos casos diagnosticados no âmbito do espectro autista. 26 Fonte.usp.br A redução da ansiedade e do sofrimento que podem estar implicados em qualquer processo de mudança tem aqui uma função estratégica. A criança de desenvolvimento atípico se caracteriza exatamente pela dificuldade estrutural de lidar com suas emoções que lhe são mais inconscientes do que conscientes, permanecendo muitas vezes no âmbito de um turbilhão de sensações as quais faltam uma representação precisa do que significam. Deste modo, ao se evitar o aumento do sofrimento e da ansiedade a aproximamos de um lugar a partir do qual ela possa perceber que a mudança poderá lhe trazer bem-estar. Trata-se, portanto, de uma estratégia que buscará reforçar o comportamento funcional indicado pela intervenção. Assim, será possível adentrar no terceiro passo. Este consiste na elaboração de pequenos programas de ensino que devem ser individualizados, porque adaptados a vida singular do sujeito, não apenas por ele ser autista ou atípico, mas pela consideração de que ele é uma pessoa e um estilo de existência. Essa adaptação a individualidade pela consideração do estilo de existência realizado através do indivíduo encontra alicerce em um aspecto fundamental da metodologia ABA: ela oferece procedimentos constantes e testados em muitas situações, por isso eles podem orientados para uma aplicação singular, sem recair em uma espécie de compreensão contra científica da condição do paciente. Trata-se, ainda de um programa intensivo que permite sua aplicação a partir dos embates com as situações difíceis que a realidade terapêutica suscita. Os programas 27 devem ser feitos de 20 a 30 horas por semana. Não devem despertar comportamentos aversivos e rejeitar qualquer modalidade de punição como base de conformação adequada da experiência do sujeito. Quanto ao conteúdo, os programas devem contemplar dimensões cognitivas e afetivas da estrutura autista, tendo como objeto a linguagem, a experiência lúdica do brinquedo, as capacidades acadêmicas do ler e do escrever e as atividades da vida diária nas quais o sujeito pode torna-se mais independente. Importante mostrar a família que sua a participação no processo é um dos fatores asseguram o sucesso da aprendizagem e a manutenção das habilidades propostas a criança. Fonte: autismofloripa.blogspot.com 10 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A Terapia cognitivo comportamental ganhou um grande espaço institucional nas últimas décadas. Conforme Sampaio (2005), isso se deve ao fato dela se apresentar enquanto uma abordagem psicoterápica de caráter positivo e demonstrável, o que permite avaliar sua efetividade para o tratamento de transtornos de ordem diversa. Enquanto teoria e prática terapêutica, ela descreve a natureza de conceitos e representações envolvidos em determinado transtorno, para que quando ativados em contextos específicos, eles possam servir de baliza para descrição e análise de comportamentos, utilizando critérios como: adequação, positividade, funcionalidade e 28 negatividade; colocando em relevo, assim, as relações de determinação, manutenção e transformação do comportamento pelo meio exterior (Bahls e Navolar,2004). Na visão de Serra (2008, p. 11), a abordagem cognitiva e comportamental se apresenta ainda como um sistema integrado, porque combina um modelo de estudo da personalidade e das condições psicopatológicas com uma robusta potencialidade de resolução de problemas e aplicabilidade. Trata-se, nesse sentido, de uma abordagem que reflete um método orientado e capaz de embate com as condições heterogêneas da realidade terapêutica. Outro aspecto importante e vantajoso é que ela se pauta por princípios de colaboração e trabalho em equipe, o que lhe permite ser a base de uma equipe multidisciplinar, o que é exigido em muitos casos clínicos. Fonte: universoautista.com Ainda nesse sentido, pela sua positividade e eficácia ela consegue pôr em cena autênticas relações entre terapeuta e paciente. Os teóricos pioneiros da abordagem comportamental (Pavlov, Watson e Skinner), ensinaram que o objeto da psicologia deve ser o comportamento, enquanto este pode ser observável (Pavlov), descrito (Watson) e mensurável (Skinner). Situando-se, nessa perspectiva, Skinner ainda acrescentou o esquema de reforço em seu repertório analítico, desenvolvendo uma metodologia baseada em um sistema de recompensas, conforme a ideia de que todo comportamento pode ser transformado segundo seus resultados. giper Realce 29 A ideia de reforço tem para psicologia comportamental grande alcance de aplicabilidade, já que é pela ideia de reforçar umadeterminada conduta (negativa ou positivamente) que se coloca em cena o esforço de modificação dos comportamentos. A terapia comportamental se volta, assim, para o esforço de manipulação e controle dos comportamentos, segundo o princípio de que todo comportamento pode ser aprendido. Os comportamentos são entendidos como eventos em um meio externo, relacionados a dimensões ambientais, culturais e sociológicas, que determinam sua substância, desdobramento e frequência no espaço e no tempo. Um transtorno, desse ponto de vista, é um conjunto de comportamentos que pode ser analisado por meio do histórico, das contingências e das situações presentes e passadas de um paciente, situado em um espaço heterogêneo de experiências. A terapia comportamental entende, portanto, que o paciente é único, e seus problemas são produto de uma história particular. Isso humaniza o processo de terapia, pois se entende que cada paciente e cada história tem suas singularidades que devem ser compreendidas e analisadas antes que qualquer intervenção seja proposta. O terapeuta comportamental orienta seu trabalho através de três instrumentos: a) análise funcional de um comportamento, observando o lugar que uma conduta ocupa no universo existencial do paciente; b) O sistema de reforço, condicionamento e modelagem como para neutralizar comportamentos que geral prejuízo e fortalecer aqueles que ampliam o repertório existencial do paciente. c) Levantamento e descrição criteriosas das variáveis relacionadas aos comportamentos desejáveis e indesejáveis. A partir desses instrumentos é possível propor uma estratégia visando alcançar o bem-estar do paciente. A estratégia deve se desdobrar em dois efeitos: de um lado, sua função de descrição da experiência em sentido cognitivo, ou seja, os modos particulares pelos quais um sujeito organiza sua apreensão do mundo e de si mesmo; assim, existem dois movimentos: a preocupação com determinantes cognitivos; por outro, a tomada do comportamento pelo seu sentido, isto é, pela direção e função que ele assume. A Terapia Cognitivo-Comportamental integra, portanto, técnicas e conceitos que vêm de duas tradições teóricas: giper Realce giper Realce giper Realce 30 1) o cognitivismo, pautado na pesquisa da maneira como o sujeito apreende seu mundo; 2) e o comportamentalismo (behaviorismo), baseado na ideia de que o comportamento pode ser observado, medido, transformado e manipulado. Leboyer (1995) considera que na abordagem cognitiva comportamental estão diversos teóricos que descrevem sua eficácia e preparam caminhos e métodos para uma abordagem inteligente e científica daqueles que possuem condições de desenvolvimento atípico, principalmente aqueles que estão diagnosticados no âmbito do espectro autista. Leo Kanner (1894 – 1981), pioneiro nos estudos sobre autismo, – Fonte: centroconviver.com 31 11 AUTISMO: NOTA SOBRE O DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO DE DIAGNÓSTICO O autismo aparece na literatura médica através do trabalho do psiquiatra alemão Léo Kanner que descreveu características comportamentais de onze crianças que ele denominou autistas (Kanner, 1997). Desde então, o conceito evoluiu de um quadro nosológico, isto é, classificatório, para uma perspectiva comportamental, devido, principalmente, as muitas etiologias a ele integrada. A consideração do autismo enquanto doença já se mostrava insuficiente desde sua origem, sendo mais uma condição que acompanha o sujeito e estrutura ontologicamente suas relações com mundo. Assim, o autismo se apresentava como um rico manancial de situações, tendo mais as qualidades de uma estrutura pouco determinada, — por isso a noção de espectro como base de sua nosologia atual — do que a explicação pela falta, ou desvio, ou degeneração que caracteriza a doença. Conforme Assumpção Jr. (2007) e Luppi (2005), o comportamento autista se caracteriza pela dificuldade em organizar e expressar pensamentos e emoções através de palavras, assim, é comum ao autista a dificuldade de iniciar um processo de conversação e se colocar em cena no âmbito de relações interpessoais; também é marcante a inabilidade para interpretar o comportamento do outro. No que diz respeito às suas atividades, o autista pratica uma aderência exagerada a repetição e rotinas ritualizadas, apresentando-se resistente a mudanças. O autismo é um transtorno complexo. Devido a essa complexidade, o diagnóstico é difícil de ser estabelecido, razão pela qual, deve ser considerado, tanto critérios clínicos quanto critérios neurofisiológicos e bioquímicos. Para American Psychiatric Association (APA, 2000), uma das características essenciais do autismo é a presença de um desenvolvimento anormal e deficiente da interação e comunicação social, que afeta tanto as habilidades verbais quanto as não- verbais. De acordo com Leboyer (1995), a capacidade de simbolizar é ausente ou limitada estrutura autista, por isso os termos abstratos não são bem empregados. A comunicação verbal é disfuncional, caracterizando pela 'anormalidade' no uso das expressões e a compreensão da linguagem é limitada. A comunicação não-verbal é 32 limitada, as expressões são ausentes, e a criança é incapaz de atribuir um valor simbólico aos gestos. 12 AVALIAÇÃO EM ABA O começo de uma avaliação em ABA é dado pela consideração das habilidades atuais da criança. Não se trata apenas de se ater ao diagnóstico do médico, pela qual se confirma por sintomas bem descritos uma situação peculiar. Para o analista comportamental, o mais importante não é a nomenclatura, mas a descrição do processo de adaptação do paciente ao mundo, visando através da intervenção terapêutica fortalecer os comportamentos adequados e enfraquecer ou eliminar aqueles que trazem prejuízos ao sujeito. Nesse caso, torna-se necessário algumas modalidades de avaliação, que servirão de base para uma interpretação e construção da intervenção. Daremos ao leitor uma descrição desse processo de investigação que está na origem da possibilidade de singularização da experiência terapêutica no âmbito da ABA. São fundamentais três categorias de avaliação necessárias ao início da intervenção: a) Avaliações de estudo do desenvolvimento: essa modalidade de visa colher informações sobre como a criança está se desenvolvendo em diversos setores da existência, buscando traçar uma comparação entre seu desenvolvimento e de crianças da mesma idade. São medidos as habilidades de comunicação, cognição, funções motoras, adaptação e habilidades sociais. A partir desta forma de avaliação se identifica as dimensões do desenvolvimento e comportamentos alvo que devem ser foco de intervenção. Por exemplo, crianças com atraso motor podem ser mais estimuladas em sua motricidade. b) Avaliações de critério referenciadas: são instrumentos referenciados a critério e permitem a colheita de informações sobre as habilidades que existem no repertório do indivíduo. Essas avaliações não são projetadas para diagnosticar ou medir o atraso, mas sim para determinar quais habilidades a criança possui. Cada habilidade deve atingir critérios (ex: pedir itens preferidos) para que novas giper Realce giper Realce giper Realce 33 habilidades possam ser ensinadas (ex: pedir itens preferidos com verbo e complemento). c) Avaliações para identificar sistemas de preferência: identificam itens (brinquedos, jogos, desenhos, alimentos, atividades) preferidos da criança que possam ser usados como reforçadores (recompensas) no ensino. Fonte: pessoascomdeficiencia.com O aluno submetido a intervenção em ABA deve passar por essas avaliações frequentemente; por exemplo, diariamente se for necessário. Conhecer quais itens motivam a criança e manter essa motivação durante a sessãoé fundamental para a eficácia da intervenção. Se uma criança não mantém o interesse nos itens selecionados, novos devem ser apresentados e avaliados. Nesse sentido, o processo de avaliação deve se desdobrar em uma abordagem funcional do comportamento, a partir da qual poderão ser atingidas as variáveis que reforçam em uma circunstância determinados comportamentos, especialmente aqueles disfuncionais e problemáticos como a agressividade. Através das coordenadas que podem ser traçadas a partir do reconhecimento das variáveis é possível criar estratégias para modificá-las e diminuir comportamentos inadequados. As avaliações em ABA, como afirmamos anteriormente, devem ser frequentes porque orientam as intervenções determinando sua eficácia. Elas não só apenas instrumentos iniciais do procedimento, mas abrem caminho para um estudo dos indicativos positivos ou negativos que envolvam a intervenção. giper Realce 34 13 O PAPEL DO ESPORTE NO ATENDIMENTO A CRIANÇAS COM CONDIÇÃO DE DESENVOLVIMENTO ATÍPICO É de fundamental importância que crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) e outras estruturas de desenvolvimento atípico, o contato com modalidades esportivas. Existem contribuições de suma importância da prática esporte para esses quadros. Alguns deles são: controle de peso e bom condicionamento físico. Melhora da motricidade e desenvolvimento de habilidades interpessoais, estimulando seu contato com o mundo exterior e com os outros. No que diz respeito ao autismo, a atividade física ainda é importante para redução das estereotipias, abrindo caminho para uma diminuição dos comportamentos repetitivos e aumento do repertório de interesses e atividades. Assim, o profissional de educação física é fundamental em uma equipe multidisciplinar voltada para casos de desenvolvimento atípico. Em relação às estereotipias, o esporte traz um sistema de operações capazes de abolir o comportamento repetitivo, enquanto expõe a criança a atividades que não são normalmente inseridas no seu campo de interesse. Assim, ela pode em uma circunstância interromper o comportamento repetitivo e se abrir para um comportamento novo, exigido pelo esporte que está praticando. Além disso, o exercício físico antecedente reduz muitas formas de comportamento disfuncionais, incluindo o comportamento repetitivo. Mostrou-se, por exemplo, que além do comportamento repetido o exercício físico pode prevenir comportamentos auto-destrutivos e agressivos. Como aponta Atwell (2011 p, 523): Exercício antecedente envolve, tipicamente, instruir e oferecer oportunidades para que os indivíduos se envolvam em alguma categoria de exercício (por exemplo, correr, atividade aeróbica) e, em seguida, medir o seu comportamento problema após a intervenção. Porque o exercício antecedente pode ser realizado com um mínimo de dicas e não requer um observador dedicado ou terapeuta, este, demanda uma equipe menos intensiva do que as intervenções baseadas em consequências. Por esta razão, pode ser particularmente útil em situações clínicas com baixa taxa de profissionais para cada estudante (Atwell, 2011, p. 523). Morrison, Roscoe e Atwell (2011), em seus estudos constataram o efeito positivo dos exercícios físicos reforçadores na interrupção ou diminuição de estereotipias e autolesões. Em uma de suas experiências, participaram 4 sujeitos diagnosticados com TEA, que em sua sintomatologia apresentavam quadros de autolesão e agressividade. 35 Primeiramente, os pesquisadores realizaram uma abordagem funcional dos comportamentos repetitivos, e constataram que estas eram mantidas por reforçamento automático, ou seja, situações físicas que eram vivenciadas pelos sujeitos como ocasião de prazer. Num segundo momento, na fase propriamente interventiva, os estudiosos ofereciam acesso livre a atividades físicas reforçadoras para o participante (selecionadas anteriormente por um plano teste sistemático de preferências). Notou-se que se o participante não começasse a atividade por uma escolha espontânea era necessário e fundamental que o experimentador incentivasse a execução, inclusive elogiando o envolvimento dos participantes. Fonte: Folha de São Paulo. Os testes apontaram diminuição nas taxas de resposta estereotipada, como também em quadros de auto lesão e agressividade, sendo possível notar um efeito benéfico em 3 dos 4 participantes. Percebe-se, portanto, que a atividade física é útil também porque produz sensações de prazer, dá ao sujeito a oportunidade de experimentar uma situação de bem-estar diferente daquela que ele experimenta segundo as restrições de seu comportamento repetitivo. Para ilustrar essa função benéfica do esporte e como ela precisa ser organizada podemos pensar na seguinte situação. Se uma criança tem a estereotipia de bater as mãos em objetos, o seu educador físico pode incentivá-la a praticar basquete, já que em 36 tal esporte ela baterá a mão na bola, obtendo a mesma sensação reforçadora que ela obtém com a estereotipia. No entanto, ao invés de criar a situação para o experimento da sensação através das respostas repetitivas e sem função social; torna-se necessário construir a possibilidade da participação da criança em atividades relacionadas ao esporte envolvendo-se em contatos interpessoais, em um ambiente certamente controlado, segundo sua condição especial, mas que possa servir ao seu desenvolvimento. Assim, se torna fundamental dar lugar a atividades físicas reforçadoras compatíveis com as habilidades do sujeito envolvido, pois, assim, facilita- se envolvimento, aumentando a possibilidade de inibir comportamentos disfuncionais e repetitivos. Para o desenvolvimento de habilidades motoras amplas com crianças e adolescentes autistas deve o educador físico separar as respostas que compõem alguns esportes de uma maneira a trabalhar cada uma delas isoladamente. Posteriormente, o treino pode acontecer em conjunto, mas para facilitar a aprendizagem e a inserção dos alunos no processo, pois, é preciso motivar a situação, já que um desempenho irregular pode colocar em risco o interesse. Fonte: veja.abril.com. Podemos dividir o treino necessário ao desenvolvimento de habilidades motoras amplas em 4 áreas principais, a saber: 37 a) Habilidades motoras amplas básicas: jogar, receber, rebater e chutar a bola; equilíbrio, saltar, correr, ente outros. São habilidades podem ser organizadas em microcircuitos visando intercalar uma habilidade a uma atividade reforçadora, valorizando os interesses das crianças. b) Condicionamento físico: Bicicleta ou patins; caminhada; correr; pular na cama elástica; pular corda; esta área é muito importante para crianças acima do peso e de vida sedentária . Fonte: omo.com a) Pré-requisitos para modalidades esportivas: treinar as respostas que compõe cada esporte. Durante o educador físico precisa investigar uma modalidade esportiva onde a criança tenha melhores habilidades para, posteriormente inserir a criança em um esporte em grupo, em que ela se sinta a vontade e tomada por interesse. b) Recreação: atividades divertidas, de caráter preferencialmente coletivo. Podemos citar as seguintes: atirar argolas, brincadeiras com arcos, siga o mestre, macaco mandou, cabra-cega, dança da cadeira, pique-pega, esconde-esconde, vivo ou morto, corre-cotia, estátua, amarelinha, etc. Através destas atividades pode-se estimular respostas de interação social entre as crianças, como: contato visual, atenção compartilhada (intercalar o giper Realce giper Realce giper Realce 38 olhar entre o outro e o objeto) e reciprocidade sócio emocional (expressar suas emoções e ser afetado pelas emoções expressas pelo outro). Como em qualquer outra atividade é fundamentalo registro da atividade das crianças e o desenvolvimento de todo processo. A partir desses dados será possível avaliar o desenvolvimento dos sujeitos envolvidos e considerar a necessidade de modificações. Através dos registros será possível ainda que o analista do comportamento avaliar o quanto a criança está motivada, se ela está compreendendo as instruções e colaborando nas atividades, como também os efeitos do processo sobre os comportamentos disfuncionais. Fonte: ericasitta.wordpress.com 39 14 BIBLIOGRAFIA AMY, Marie Dominique. Enfrentando o autismo: a criança autista, seus pais e a relação terapêutica. Tradução. Sérgio Tolipan; prefácio a edição brasileira, Marta Midori Yoshijima. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001. Bosa, A.C.; Autismo: Intervenções Psicoeducacionais, RevBras Psiquiatr. 2006;28(Supl I):S47-53 CAVALCANTI, Ana Elizabeth; ROCHA, Paulina Schimidtbauer. Autismo: Clínica Psi- canalítica. 3ª Ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002. DUARTE, E. & LIMA, S. M. T. 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