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CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS: Uma transcorrência analítica em Rio Verde Cledson Matias de Oliveira* Lucy Gleide Santos de Souza Lins** Rafael Silva dos Santos*** RESUMO É indubitável que a contação de histórias é uma técnica humana que transcende de tempos mais remotos à contemporaneidade. Outro fator relevante é a compreensão de que a prática traz às crianças incontáveis sensações, aprendizagens, e o professor deve encarregar-se de formular metodologias capazes de envolver os aprendizes, nesse universo literário. De tal modo, essa pesquisa empenhou-se em aclarar por conceitos voltados a essa prática literária tão significativa. Para tal feito, uma pesquisa em campo foi formulada, com ênfase análise crítica da narração de histórias em um primeiro ano do Ensino Fundamental, que resultou em um relato de experiências. Fato que evidenciou a contemplação de objetivos, assim como a participação dos discentes, além do encantamento pelo literário. O trabalho explicita ainda, dados apanhados durante uma entrevista com escritores locais, acerca da contação de histórias e suas pluralidades. Assim, o desenvolvimento da temática fundamentou-se pelas contribuições de teóricos como Abramovich, Cavalcanti, Miguez, Rodrigues, Vilard, que a partir das contribuições nortearam a progressão deste trabalho. Palavras-chave: Literatura. Histórias. Pedagogia. 1 INTRODUÇÂO Contar história é algo natural de todo ser humano, em que é transmitido acontecimentos através de palavras, sons e gestos de forma criativa. É comum entre as crianças contarem suas histórias ainda que sem muito sentido, mas que ajudam no desenvolvimento da criatividade dos pequenos, pois começam a interagir com o mundo, contando aventuras imaginárias. O ato de contar história é muito importante para o ouvinte e para o contador, pois dividem as emoções, as imagens e o aprendizado. Compartilham de momentos marcantes de cada detalhe narrado, assim socializando um com outro. * Acadêmico do 8º Período do Curso de Pedagogia – Licenciatura do Instituto Superior de Educação Almeida Rodrigues-ISEAR. ** Acadêmico do 8º Período do Curso de Pedagogia – Licenciatura do Instituto Superior de Educação Almeida Rodrigues-ISEAR. *** Orientador Professor do Curso de Pedagogia – Licenciatura do Instituto Superior de Educação Almeida Rodrigues-ISEAR. 2 O uso incorreto da contação de história pode interferir no desenvolvimento intelectual e no estímulo à leitura, uma história mal contada não irá instigar o aluno a buscar mais sobre aquele determinado assunto. Ao passo que uma história mal contada é quando o contador não consegue transmitir de forma lúdica, e não atrair a atenção das crianças. Contar uma história não é simplesmente pegar um livro e começar a discorrer sobre o que nele está escrito, e sim, transformar a história em algo fantástico e prazeroso para quem está ouvindo, fazendo com que o ouvinte viaje em mundos inimagináveis e fantásticos. Contar de certa maneira, que o próprio destinatário se torne parte da história narrada. O presente trabalho foi desenvolvido para buscar compreender de acordo com o objetivo geral como a contação de história faz diferença na vida escolar de uma criança, por isso foi levantadas as propostas de participar de situações de leitura planejadas pelo educador para aluno do 1º ano do Ensino Fundamental, no intuito de investigar como se dá a contação de história na sala de aula, verificar se na hora da narração de história há propensão de prazer. É indiscutível que uma boa história encanta a todos, reunindo pessoas desde a antiguidade, que não entendiam sobre o assunto, mas sentiam a necessidade de se expressar, comunicar e compartilhar sentimentos e emoções. Dessa necessidade evoluiu para o que temos hoje, a contação de história por meios formais nas escolas, como forma de ensino e as informais como meio de interação e diversão. Assim, buscou-se junto ao meio escolar em uma sala de 1º ano, vivenciar na pratica o estudo da contacão de história, utilizando-se para tanto, a observação e aplicação de algumas teorias trabalhadas. Além disso, utilizou-se do contato com autores locais, visando descobrir seus pontos de vista e seus trabalhos relacionados ao tema. Por fim os dados obtidos foram colacionados neste trabalho. 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Relatos sobre o surgimento da contação de história Há vários relatos sobre o surgimento da contação de histórias, um deles é que séculos atrás, as pessoas se reuniam próximo a uma fogueira para contar histórias de tudo que havia no mundo, seus conhecimentos, suas aventuras, suas 3 crenças. Outros ainda afirmam que tudo começou quando um homem tendo várias ideias e a necessidade de compartilhar com os outros. A verdade é que cada um tem sua história para contar. De tal modo, é preciso buscar a história da narrativa para entender melhor sobre esse acontecimento. Joana Cavalcanti (2002, p. 21), doutora em Teoria da Literatura, diz que as primeiras narrativas consistem “em relatos sobre o descobrimento do mundo, relatos esses marcados por rituais e magias, contavam sobre religiões, sobrenatural e mistérios. Muito tempo depois transformavam em histórias e mitos o que contavam”. É preciso contar história de uma maneira fantástica e extraordinária. 2.2 O ato de contar história A humanidade encontrou nas histórias uma maneira mais significativa de expressar-se, pois é natural de cada ser humano a capacidade de comunicar-se. Sendo assim, além de pertencer à área da educação, a contação de histórias envolve outras áreas do conhecimento, bem como aspectos empíricos. Como expõe o Pennac (1993, p. 143) que “o ato de contar histórias é próprio do ser humano”. A contação de história na vida, na maioria das vezes começa em casa, com os familiares e vizinhos, contando sobre sua vida passada, seus acontecimentos e até mesmo sobre vários contos de fadas, no qual a criança ri, se emociona e tem vários sentimentos no momento que escuta. Cada um contando do seu jeito, em seu ritmo. Histórias que transportavam a lugares inimagináveis que ajudam a cultivar na mente a imaginação. E pelo viés de Abramovich (1997, p.138), Pois é só estarmos atentos ao nosso processo pessoal, às nossas relações com os outros e com o mundo, à nossa memória e aos nossos projetos, para compreender que a fantasia é uma das formas de ler, de perceber, de detalhar, de racionar, de sentir... o quanto a realidade é um impulsionador (e dos bons”!!!) para desencadear nossas fantasias. A contação de história é fundamental na vida das crianças, por isso, uma boa contação desperta o gosto por ouvir. Sendo que o escutar é essencial, visto que escutando se imagina qual seria a cena, o que poderia ser melhorado ou acrescentado. Assim a criança ao escutar a contação, desperta para o aprendizado e ao interagir com o livro, fica entusiasmado ao passo que focará no assunto que 4 tanto lhe chama atenção. De tal modo, percebe-se que a narração de histórias faz se como arte, pois tem o poder literário de encantar, faz com que a criança seja levada ao mundo imaginário. A literatura infantil desperta o hábito de leitura. Como é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas, muitas histórias... Escutá-las é o início da aprendizagem para ser um leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descoberta e de compreensão do mundo (ABRAMOVICH, 1997, p. 16). Muitas crianças, não tem oportunidade de contato com livros em seus lares, sendo assim esse contato mais íntimo acontece na escola. Por isso a importância do professor em despertar através da contação de história o interesse pela leitura na criança. 2.3 Contação de história na vida escolar Cada vez mais a contação de história se faz presente no meio escolar, através do professor com sua metodologia ou por meio de projetos literários,como as feiras de leitura ou até mesmo recebendo um contador. Entretanto, existem crianças que só têm o contato com a literatura na própria escola, por isso é tão importante estudar métodos que despertem nas crianças o prazer pela leitura. A escola é um lugar fantástico para realizar um conto de história, pois a criança está em fase de crescimento intelectual, no qual estimula com mais rapidez esse crescimento intelectual na criança em fase de crescimento. Segundo Miguez (2000, p. 28), Na maioria dos casos, a Escola acaba sendo a única fonte de contato da criança com o livro e, sendo assim, é necessário estabelecer-se um compromisso maior com a qualidade e o aproveitamento da leitura como fonte de prazer. A contação de história em sala de aula ajuda a educar, instruir, desenvolver a inteligência, socializar, sensibilizar e vários outros objetivos. Como explicita Abramovich (1997, p. 23) “O OUVIR HISTÓRIAS PODE ESTIMULAR o desenhar, o musicar, o sair, o ficar, o pensar, o teatrar, o imaginar, o brincar, o ver o livro, o escrever, o querer ouvir de novo (a mesma história ou outra)”. 5 2.4 A responsabilidade do contador de história Através da história a criança viaja, como se estivesse em um outro planeta, ela cria situações e imagina algo fora do comum, em um mundo só seu, no qual pode modificar o que quiser. Pensa como poderia ser os personagens, seus olhos, mãos, sua casa, sua vida, cada uma imaginando de seu jeito. Segundo Abramovich (1997, p. 17) “é através de uma história que se podem descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outra ética”. A contação de história tem o poder de aguçar o interesse pela leitura, pois, lendo terá melhor conhecimento sobre a história. A escolha de um conto é uma estratégia positiva para que a criança se interesse mais para ouvir e é claro, o contador tem que levar toda a fantasia e magia ao contar a história, fazer com o que está escrito se torne algo fantástico e real através de sua maneira de contar Conforme Abramovich (1997, p. 120), ...os contos estão envolvidos no maravilho, um universo que detona a fantasia, partindo sempre duma situação real, concreta, lidando com emoções que qualquer criança já viveu... Porque as personagens são simples e colocadas em inúmeras situações diferentes, onde tem que buscar e encontrar uma resposta de importância fundamental, chamando-a criança a percorrer e a achar junto uma resposta sua para o conflito. Na contação de uma história utilizam-se vários recursos, como: roupa, sapato, decoração, ruídos, sons, expressões corporais, tudo para chamar a atenção do ouvinte, para que possa ter prazer em ouvir e apreciar cada segundo. Por isso o contador não pode apenas ler a história, ele tem que contar e interpretar para que os ouvintes possam imaginar cada cena. Segunda Abramovich (1997, p. 20) O narrador tem que transmitir confiança, motivar a atenção e despertar admiração. Tem que conduzir a situação como se fosse um virtuose que sabe seu texto, que o tem memorizado, que pode permitir-se o luxo de fazer variações sobre o tema. Ao ouvir uma história, a criança imagina todo cenário, uma história bem contada instiga o aluno a um universo cheio de magia, assim toma gosto pela leitura, querendo ler mais para imaginar mais. Conforme Abramovich (1997, p. 121) “a 6 magia não está no fato de haver uma fada já anunciada no título, mas na sua forma de ação, de aparição, de comportamento, de abertura de portas”. Não podendo esquecer que as histórias transmitem várias emoções, como: medo, raiva, tristeza, angustia e até mesmo alegria, como se estivesse realmente naquele mundo, naquela cena, presenciando tudo. Pois as cenas contadas são em sua maioria o que acontece na vida real. A contação de histórias é atividade própria de incentivo à imaginação e o trânsito entre o fictício e o real. Ao preparar uma história para ser contada, tomamos a experiência do narrador e de cada personagem como nossa e ampliamos nossa experiência vivencial por meio da narrativa do autor. Os fatos, as cenas e os contextos são do plano do imaginário, mas os sentimentos e as emoções transcendem a ficção e se materializam na vida real (RODRIGUES, 2005, p. 4). Por todos os fatores mencionados, a hora do conto tem que ser preparada, projetada, para que o aluno sinta todas as emoções da história escutada, consiga entrar na cena para poder prestar atenção e interagir com o conto e assim desenvolver a sua imaginação e criatividade. Pelo viés de Abramovich (1997, p.21), AH, É BOM SABER COMEÇAR O MOMENTO DA CONTAÇÃO, talvez do melhor jeito que as histórias sempre começaram, através da senha mágica “Era uma vez...”, ou de qualquer outra forma que agrade ao contador e aos ouvintes... não precisa ter pressa em acabar, ao contrário, ir curtindo o ritmo e o tempo que cada narrativa pedi e até exige. A cada vez mais o aluno está se afastando da leitura, no qual não tem mais o prazo em ler, por isso a contação de história vem proporcionar uma experiência positiva, pois não adianta fazer tarefas rotineiras, como pegar um livro e simplesmente querer que o aluno leia, porque ele não tem que só ler, ele tem que gostar de ler. É bom para o aluno e bom para o professor, pois a aula será prazerosa e satisfatória. Como relata Villardi (1997, p. 2) “É preciso ensinar a gostar de ler”. Ao final da contação, o contador deve fazer uma auto avaliação, verificar se os recursos e a metodologia foram boas para que as crianças prestassem atenção e sentissem emoção no momento contado. É importante também questioná-las do que gostaram mais, do que acreditam que pode ser acrescentado, pois são elas que devem gostar e não o contador. 7 Conforme Abramovich (1997, p. 143), Pois é preciso saber se gostou ou não do que foi contado, se concordou ou não com o que foi contado. É perceber que ficou super envolvido, querendo ler de novo mil vezes (a penas algumas partes, um capitulo especial, o livro todinho...) ou saber que detestou e não querer mais nenhuma aproximação com aquela história tão chata, tão boba ou tão sem graça. A função da literatura é despertar o gosto pela leitura e nada melhor que uma boa contação de história para que a criança entre nesse universo “mágico” no qual a criança ouve, imagina, ler e faz suas próprias interpretação, quebrando o rótulo a não ler, ou que leitura é cansativa. A criança desperta também vários valores, senso de mundo, formação de identidade, pois os personagens parecem com os acontecimentos da vida real. Enfim, contar uma história não é simplesmente pegar um livro e começar a discorrer sobre o que nele está escrito, e sim, transformar a história em algo fantástico e prazeroso para quem está ouvindo, fazendo com que estas viagens em mundos inimagináveis e fantásticos. Contar de certa maneira, que o próprio ouvinte se torne parte da história narrada. 3 METODOLOGIA O presente trabalho foi desenvolvido em uma Escola Municipal de Ensino Fundamental em Rio Verde-Goiás, localizada próximo a uma das Faculdades da Cidade, em uma turma de 1º ano com 29 alunos matriculados, no período vespertino. Buscando compreender de acordo com o objetivo geral, como a contação de história faz diferença na vida escolar de uma criança. Para que os objetivos sejam atingidos, foi focado como se dá a contação de história na sala de aula pela professora regente no primeiro dia, fazendo anotações no caderno do que poderia ser feito para melhorar. No segundo dia, foi dramatizada a história “O gafanhoto e as formiga” tendo como decorações, fotos de formigas e gafanhotos no quadro. Antes da história houve uma conversa com as crianças, sobre o que conhecem desses insetos. Após a contação de história, houve um momento de questionamentos, em que as crianças, se gostaram se foi diferente, se querem outra vez. ConformeAbramovich (1997, p. 143). Foi solicitado às crianças que recontassem a história 8 para saber se prestaram atenção realmente e questionar o que aprenderam com ela? Se pensavam da mesma forma da formiga? Se possuíam algum relato de alguém preguiçoso? Se faziam as tarefas de casa? Com quais dos personagens são mais parecidos? De acordo com Rodrigues (2005, p. 4). Ao findar, com um som e um pen drive será colocada a música “sai preguiça” com ilustração e dança, pois a moral da história que foi contada, é que há sempre um tempo reservado para o trabalho, e outro tempo reservado para a diversão. Um momento de descontração e aprendizado para as crianças. 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES No primeiro dia foi observada a forma como a professora regente desenvolve a contação de história em sala de aula, com intuito de preparar a apresentação do dia seguinte. Fazendo uma roda sentada no chão, juntamente com as crianças, a turma prestava muita atenção, a professora contou a história “Os 3 porquinhos” fazendo vários dramas e expressões, alguns riram outros ficaram apavorado com o lobo, mas todos atentos. Ao final a professora pediu para que os alunos desenhassem a história de forma diferente para que após o término, fosse falado qual foi sua modificação e o porquê mudou determinada parte. No momento da explicação todos participaram, discutiram acerca da preguiça dos 2 porquinhos e a maldade do lobo. Durante o intervalo a professora relatou que a turma que gosta de ouvir estória e assim, aprende mais rápido, pois despertam neles a vontade de ler para aprender mais sobre o que foi contado, assim o professor deve estar preparado para o momento da contação. Mencionou que no segundo semestre, começou a ministrar aula em uma turma de 3º ano, no qual havia alunos que ainda não sabiam ler e não gostavam de ouvir história, comparou com sua turma de 1º ano que alguns já sabem escrever seu nome completo e ler, assim ela percebeu a grande importância da contação de estória para que o aluno tome gosto pela leitura. No início do segundo dia, com a presença da professora regente, foram apresentados os acadêmicos responsáveis pela contação de estória do dia. Alguns combinados foram feitos como objetivos de manter a ordem da sala, a professora 9 regente cantou junto com os alunos a música do ‘silêncio’ e as deixou sentada no chão da sala, tomando em seguida o acento em sua mesa para observação. Dando continuidade às atividades em sala, sobre o comando dos acadêmicos. Foram questionadas as crianças sobre os insetos que foram citados na estória. Cada um relatava sobre eles, alguns não gostavam de formigas, outros de gafanhotos, descobriu-se que algumas crianças nunca viram um gafanhoto. Dentre os questionamentos, foi perguntando o que comiam, onde viviam. As crianças ainda falaram sobre as formigas de suas casas, que as viam todos os dias, às vezes no armário da cozinha. Durante esse período houve uma interação com as crianças preparando-as para a contação. Segundo Abramovich (1997, p. 21). Durante a contação de estória as crianças demostravam interesse em escutar e interagiram quando necessário. Riram muito com a dramatização apresentada e em certos momentos impactados com o suspense para saber se as formigas iriam ajudar o gafanhoto. Ao término, foi questionado para as crianças se gostaram do que escutaram, se tiveram sono, ou se queriam ouvir mais. Segundo Abramovich (1997, p.143) as mesmas responderam que amaram tudo, acharam divertidas a vestimenta usada, os dramas feitos e que não iriam ser igual ao gafanhoto, pois ele era preguiçoso e só queria brincar. Segundo Rodrigues (2005, p.4) foi feito alguns questionamentos para as crianças, no qual algumas falavam que não iam ajudar o gafanhoto, que se a estória fosse deles iram fazer um final triste para ele aprender a lição, já outras queriam que o gafanhoto tivesse família e para ensiná-lo a não ser preguiçoso, relataram sobre seus parentes e amigos preguiçosos, todo interagiram. Para concluir foi pedido que as crianças levantassem, e com a música “sai preguiça” dançaram e ilustraram junto com os acadêmicos. Após terminar a música, alguns falaram que a preguiça tem que procurar outra pessoa, pois eles já aprenderam a lição, um aluno falou que não iria dormir mais na aula, 2 alunos falaram que sempre iram fazer a tarefa de casa. Assim foi encerrada a contação. Por meio deste artigo científico foi possível explorar acerca da visão que os autores regionais possuem sobre a importância do literário e da contação de histórias na Educação Infantil. A pesquisa foi realizada também com 03 escritoras Rio-verdenses e logo abaixo podemos observar as tabelas com as perguntas e respostas dos questionários respondidos pelas autoras. 10 QUADRO 1- Questionário Questões Respostas Questão 1: Qual é o poder da Literatura e contação de histórias em sua visão? 66,7% das entrevistadas responderam que a Literatura Infantil contempla objetivos como aguçar a criatividade, despertar para a fantasia, ampliar a oralidade. 33,3% Disseram que a criança aprende a discernir o que está à sua volta, desperta a curiosidade e amplia o senso de comunicação. Questão 2: Em sua visão, a narração de histórias é dom ou planejamento? 33,3% Disseram que todo dom deve ser trabalhado e aperfeiçoado, assim, é uma parceria entre ambos. 33,3% Disseram que os dois precisam andar juntos, pois o planejamento aperfeiçoa e é o segredo de qualquer trabalho. 33,3% Disseram que é um dom aperfeiçoado com prática e planejamento coerente. Questão 3: No Brasil, a índice de leitura é mediano, você vê a contação como um incentivo à pratica de ler? 33,3% Disseram que com certeza, porque é um contato direto da criança com a Literatura e as histórias podem despertar o interesse pela leitura. 33,3% Disseram que por certo, pois contar uma história é inserir a criança em situações de aprendizagem e letramento. 33,3% Disseram que sem sombra de dúvidas, pois a contação é o “carro chefe” para despertar o gosto por ler. E que metodologias como deixar a criança 11 recriar a história, de um livro que ela teve contato, ou criar situações em que haja leitura por deleite, podem ser um grande incentivo. Questão 4: Em sua opinião, quando os pais devem começar a ler para as crianças? 66,7% Disseram que desde bebês. 33,3 Disseram que desde o ventre. Questão 5: Qual a dificuldade de estimular o hábito de leitura nas crianças? 33,3% Disseram que a falta de oportunidade, assim como o fato tradicionalista da leitura por imposição e ausência de estímulo familiar. 33,3% Disseram que por raízes históricas e culturais a habilidade sofre um bloqueio para a contemplação. 33,3% Disseram que o fato de os pais deixarem que as crianças decidam quando começar a jornada de leituras, e que o contato muitas vezes inicia-se apenas na escola. FONTE: Elaborado pelos autores (2018). A literatura torna as pessoas pensantes, e esse benefício trará tantos outros ao longo de sua vida, ela tem o poder de transportar a criança para o mundo imaginário. Forma crianças leitoras e produtivas de texto insere a criança em ambiente de fala, interação e socialização. Quando é oferecida à criança a oportunidade de uma leitura deleite, quando é dada a ela a chance de contar uma história, de ler um livro mesmo que não saiba, ela se sente importante e isso contribui para o gosto da leitura. Como não se tem o hábito de ler, acaba-se por não adquirir com os filhos. Deixa-se que eles decidam quando e como iniciar sua jornada na literatura. O que normalmente acontecerá somente na escola. Porém isso não é positivo e muitos acabam assim como os pais, não tomando gosto por ler. Por não terem essa oportunidade enquanto criança, consequentemente não ser leitoras.12 Por isso é muito importante a contação de história, pois é através dela que a criança entra no meio da leitura, uma história boa faz com a criança pesquise mais sobre o assunto, assim irá buscar o livro e nada melhor que começar a gostar de ler do que ler o que a gente gosta. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Investigando a contação de histórias em uma determinada instituição de ensino, verificou-se que se trata de uma atividade de fundamental importância para o professor, uma ferramenta poderosa que contribui de diversas maneiras no amadurecimento e educação das crianças, despertando nas mesmas a imaginação, a criticidade, criatividade e principalmente o interesse pela leitura. Na realização do mesmo, percebemos que a contação de histórias além de uma ferramenta indispensável para o professor, é um instrumento que deve se tornar rotina em sala de aula, pois pode apresentar para o aluno sendo a leitura algo extraordinário que ao ouvir um conto narrado de maneira lúdica e criativa, transborda-o para a narrativa de maneira imaginária, fazendo com essa conexão despertar alguns sentimentos como prazer, gosto e êxtase além de propiciar esse ato, uma interação direta entre quem narra e ouve. Percebe-se também, nas entrevistas realizadas para a culminância deste, que os escritores de contos infantis, ao escrever uma narrativa, os mesmos têm a preocupação de discorrer fatos e relatos que emocionalmente sensibiliza o seu público infantil, para isso preocupa-se que o conto deve ser narrado de maneira lúdica, criativa e principalmente prazerosa, de uma maneira que encanta quem estiver ouvindo. Em uma sala de aula, quando o professor tem o hábito de contar histórias para com os seus alunos, apresenta para os pequenos como é o mundo em que estão inseridas, ajudando assim a criança a olhar em seu redor, a pensar e entender um pouco daquilo que até no momento era desconhecido. Essa estimulação deve ser realizada de maneira simples e lúdica, por isso o papel de quem está no ato de contar uma narrativa, é de suma importância, pois uma narrativa mal contada, pode levar a frustação, medo e outros sentimentos negativos. Emoções como alegrias, bem-estar, tranquilidade, paz e inúmeras outras, faz- se brotar em um conto muito bem narrado, por isso a preocupação de ao preparar 13 uma narrativa para uma criança, o narrador coloca-se no lugar de quem está a ouvir sua narrativa. Com o avanço da tecnologia, o narrador deve usar esse mecanismo ao seu favor, de maneira que enriquece o conto. Precisa-se mostrar que o livro tradicionalmente conhecido, é um mecanismo existente nos diversos tipos de aparelhos eletrônicos como celular, tablete e computador, sendo assim disponível para todos. Conclui-se então, que antes de contar uma história, o narrador deve previamente conhecer a mesma e realizar um planejamento de maneira que sua narrativa alcance o objetivo, usando quaisquer mecanismos de ludicidade como fantoches, fantasias, caracterização de personagens, mudança de tom de voz conforme os personagens, e muitas outras formas lúdicas que possa valorizar a narrativa de história. STORY TAKING: An analytical transcurrence in Rio Verde ABSTRACT It is indubitable that storytelling is a human technique which transcends from the most ancient times to the contemporaneity. Another relevant fact is the comprehension that this practice brings the children countless feelings, learning, and the teacher must make sure to provide capable methodologies to involve its pupils into this literary universe. In such way this research aimed at clarifying concepts related to this meaningful literary practice. For that, a field research was formulated, emphasizing the critical analysis of storytelling in a group of Elementary first graders students, which resulted in an experience report. A fact that has highlighted the contemplation of objectives was the participation of the teachers, and the enchantment for the literature. The research also demonstrates collected data during an interview with local authors, about the story telling and its pluralities. The development of thematic was based in the contributions of theoreticians like Abramovich, Cavalcanti, Miguez, Rodrigues, Vilard, whose contributions guided the progression of this work. Keywords: Literature. Histories. Pedagogy. 14 REFERÊNCIAS ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil. 5. ed. São Paulo: Scipione,1997. CAVALCANTI, Joana. Caminhos da Literatura Infantil e Juvenil: dinâmicas e vivências na ação pedagógica. São Paulo: Paulus, 2002. MIGUEZ, Fátima. Nas arte-manhãs do imaginário infantil. 14. ed. Rio de Janeiro: Zeus, 2000. PENNAC, Daniel. Como um romance. Rio de Janeiro: Rocco, 1993. RODRIGUES, Edvânia Braz Teixeira. Cultura, arte e contação de histórias. Goiânia: Gwaya, 2005. VILLARDI, Raquel. Ensinando a gostar de ler: formando leitores para a vida inteira. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1997.
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