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PRÉ-CÁLCULO REVISÃO DOS FUNDAMENTOS DE MATEMÁTICA Aula 01 - Preliminares Autor: EXATAS para Engenheiros Data: 26 de dezembro de 2020. Vamos, nesta aula introdutória, estudar alguns conceitos que servirão como base para o entendimento da matemática e das demais aulas deste curso de Fundamentos de Matemática. 1 Proposições simples Proposições (sentenças, frases) são certas asserções feitas através de símbolos (lembremos que palavras também são símbolos). Uma proposição deve: • Apresentar-se na forma estruturada, com sujeito e predicado (como uma oração); • Ser declarativa afirmativa; • Obedecer aos dois princípios seguintes: – 1ª Princípio do terceiro excluído: "Uma proposição deve ser uma asserção verda- deira ou falsa não havendo outra alternativa". – 2ª Princípio de não contradição: "Uma proposição não pode ser ao mesmo tempo verdadeira e falsa". Exemplos e contra-exemplos: 1. 3 + 4 = 7 (três mais quatro é igual a sete); 2. 3 x 4 6= 15 (três multiplicado por quatro é diferente de quinze); 3. O triângulo tem diagonal; 4. 5 > 8 (cinco é maior do que oito); 5. Brasília é a capital do Brasil; 1 6. 45 é divisível por 3; As sentenças acima são exemplos de proposições simples das quais só a 3ª e a 4ª são falsas. Não podem ser consideradas preposições: 1. 2 + 5 (falta predicado); 2. Pedro estuda Matemática? (oração interrogativa); 3. x + 4 = 7 (não pode ser classificada em falsa ou verdadeira). 2 Proposição composta - conectivos A partir de proposições simples podemos formar outras com o emprêgo de símbolos lógicos tais como o conectivo e e o conectivo ou. 2.1 Conectivo e Colocando-se a palavra e (representada pelo símbolo ∧) entre duas proposições simples p e q, obtemos uma proposição composta p ∧ q. Com o conectivo e realiza-se a conjunção das sentenças p e q, isto é, p ∧ q é a asserção pela qual se declara ao mesmo tempo p e q. Assim, por exemplo, indicando por p a proposição "três é menor que quatro"e por q a pro- posição "quatro é menor que cinco", a proposição p ∧ q será "três é menor que quatro e quatro é menor que cinco". Em resumo: p: 3 < 4 q: 4 < 5 p ∧ q: 3 < 4 e 4 < 5 Eis outros exemplos: 1. (a) p: O quadrilátero ABCD é retângulo. (b) q: O quadrilátero ABCD tem os lados congruentes. (c) p ∧ q: O quadrilátero ABCD é retângulo e tem os lados congruentes. 2. (a) p: Carlos estuda matemática. (b) q: Carlos joga xadrez. 2 (c) p ∧ q: Carlos estuda matemática e joga xadrez. 3. (a) p: A seleção brasileira disputou a copa. (b) q: A seleção argentina não disputou a copa. (c) p ∧ q: A seleção brasileira disputou a copa e a argentina não. Para estabelecer se a proposição composta p ∧ q é verdadeira, devemos utilizar o seguinte critério: A conjunção p ∧ q é verdadeira quando p e q são ambas verdadeiras; se ao menos uma delas for falsa então p ∧ q é falsa. Exemplos: 1. (a) p: 3 < 4 (verdadeira) (b) q: 4 < 5 (verdadeira) (c) p ∧ q: 3 < 4 e 4 < 5 (verdadeira) 2. (a) p: A seleção brasileira disputou a copa (verdadeira) (b) q: A seleção brasileira não sofreu gols (falsa) (c) p ∧ q: A seleção brasileira disputou a copa e não sofreu gols (falsa) 3. (a) p: 12 é divisível por 5 (falsa) (b) q: 52 = 12 (falsa) (c) p ∧ q: 12 é divisível por 5 e 5 2 = 12 (falsa) 4. A proposição composta: (a) p ∧ q: "ABCD é quadrado"significa que (b) p ∧ q: "ABCD tem os lados congruentes e ABCD tem os ângulos retos". Ou ainda significa que (c) p ∧ q: "ABCD é losango e ABCD é retângulo". Então (d) p: "ABCD é losango". (e) q: "ABCD é retângulo". (f) Do critério estabelecido, resulta que "ABCD é quadrado"é verdadeira quando "ABCD é losango"e "ABCD é retângulo"são ambas verdadeiras. 3 5. Se a é um número dado, a sentença composta: (a) p ∧ q: "a é positivo e diferente de 2"é verdadeira quando: (b) p: "a é positivo"é verdadeira e também (c) q: "a é diferente de 2"é verdadeira. 2.2 Conectivo ou Colocando-se a palavra ou (representada pelo símbolo v) entre duas proposições simples p e q, obtemos uma proposição composta p v q. Com o conectivo ou realiza-se a disjunção das sentenças p e q, isto é, p v q é a asserção pela qual se declara pelo menos uma das asserções p e q. Assim, por exemplo, indicando por p a proposição "três é menor que quatro"e por q a pro- posição "oito é divisível por dois", a proposição p v q será "três é menor que quatro ou oito é divisível por dois". Em resumo: p: 3 < 4 q: 8 é divisível por 2 p v q: 3 < 4 ou 8 é divisível por 2 Eis outros exemplos: 1. (a) p: O triângulo ABC é triângulo retângulo. (b) q: O triângulo ABC é triângulo isósceles. (c) p v q: O triângulo ABC é triângulo ou isósceles. 2. (a) p: Pedro presta atenção à aula. (b) q: Pedro conversa com o colega. (c) p v q: Pedro presta atenção À aula ou conversa com o colega. 3. (a) p: O Palmeiras vence o Corinthians. (b) q: O Palmeiras empara com o Santos. (c) p v q: O Palmeiras vence o Corinthians ou empata com o Santos. Para estabelecer se a proposição composta p v q é verdadeira, devemos utilizar o seguinte critério: A disjunção p v q é verdadeira quando pelo menos uma das proposições p, q é verdadeira; se ambas forem falsas então p v q é falsa. 4 Exemplos: 1. (a) p: 2 > 0 (verdadeira) (b) q: 2 6= 1 (verdadeira) (c) p v q: 2 > 0 ou 2 6= 1 (verdadeira) 2. (a) p: 5 > 3 (verdadeira) (b) q: 3 > 5 (falsa) (c) p v q: 5 > 3 ou 3 > 5 (verdadeira) 3. A proposição composta (a) p v q: "Pedro estudou a lição ou fez os problemas"é falsa quando: (b) p: "Pedro estudou a lição"é falsa e também (c) q: "Pedro fez os problemas"é falsa. 4. A proposição composta (a) p v q: "O triângulo ABC é triângulo isósceles ou retângulo"é verdadeira quando ao menos uma das sentenças (b) p: "O triângulo ABC é triângulo isósceles". (c) q: "O triângulo ABC é triângulo retângulo"é verdadeira. 5. (a) p: a = 0 (b) q: b = 0 (c) p v q: a = 0 ou b = 0 Observemos a sentença "a = 0 ou b = 0"é o mesmo que "a.b = 0"e só é falsa se a 6= 0 e também b 6= 0. 3 Implicação As palavras se e então com as proposições p e q na forma "se p, então q" determinam uma nova proposição que é o condicional de p e q. Implicação é a asserção indicada por p⇒ q 5 pela qual se declara que "p tem por consequência q", "p acarreta q", "p implica q", "p obriga q"ou "se p, então q". Exemplos: 1. (a) p: Pedro foi ao Ceará. (b) q: Pedro foi ao Nordeste. (c) p⇒ q: Pedro foi ao Ceará⇒ Pedro foi ao Nordeste. O condicional neste caso, declara: "Pedro foi ao Ceará"implica "Pedro foi ao Nordeste". "Pedro foi ao Ceará"acarreta "Pedro foi ao Nordeste". "Se Pedro foi ao Ceará", então Pedro foi ao Nordeste". 2. (a) p: 3 > 2 (b) q: 32 > 22 (c) p⇒ q: 3 > 2⇒ 32 > 22 O condicional neste caso, declara: "Se três é maior que dois, então o quadrado de três é maior que o quadrado de dois". 3. (a) p: O triângulo ABC é isósceles (b) q: Os ângulos da base do triângulo ABC são congruentes (c) p⇒ q: O triângulo ABC é isósceles⇒ os ângulos da base do triângulo ABC são congruentes. O condicional neste caso, declara: "Se o triângulo ABC é isósceles então os ângulos da base do triângulo ABC são congru- entes". 6 Outras maneiras de ler o condicional p⇒ q são: p é condição suficiente para q q é condição necessária proveniente de p. Assim, por exemplo, no condicional: "Se Pedro foi ao Ceará, então Pedro foi ao Nordeste", temos: 1. "Pedro foi ao Ceará"é condição suficiente para "Pedro foi ao Nordeste". 2. "Pedro foi ao Nordeste"é condição necessária proveniente de "Pedro foi ao Ceará". Outros exemplos: 1. "Se p (a.b = 0), então q (a = 0 ou b = 0). (a) "a.b = 0"é condição suficiente para "a = 0 ou b = 0". (b) "a = 0 ou b = 0"é condição necessária proveniente de "a.b = 0". 2. "Se p (dois triângulos são congruentes), então os q (dois triângulos são semelhantes)". (a) "Dois triângulos são congruentes"é condição suficiente para "os dois triângulos são semelhantes". (b) "Dois triângulos são semelhantes"é condição necessária proveniente de "dois triân- gulos são congruentes". Para estabelecer se o condicionalp⇒ q é verdadeiro, devemos utilizar o seguinte critério: O condicional p⇒ q é falso somente quando p é verdadeira e q é falsa; caso contrário, p⇒ q é verdadeiro. Exemplos: 1. (a) p: 3 > 2 (verdadeira) (b) q: 32 > 22 (verdadeira) (c) p⇒ q: 3 > 2⇒ 32 > 22 (verdadeira) 2. (a) p: 52 = 2 (verdadeira) (b) q: 5 = -5 (falsa) (c) p⇒ q: 52 = 52⇒ 5 = -5 (falsa) 7 3. O condicional "se Pedro foi ao interior, então Pedro foi a Campinas"é falso desde que "Pedro foi ao interior"seja verdadeira e "Pedro foi a Campinas"seja falsa, isto é, Pedro tenha ido a outra cidade do interior. Observemos que a proposição p ⇒ q (p implica q), onde p e q são proposições, deve ser entendida de modo que, se p for uma proposição falsa, a implicação p⇒ q é uma proposição sempre verdadeira, quer a proposição q seja verdadeira ou falsa. Exemplos: 1. 5 é múltiplo de 3⇒ 5 > 3 (verdadeira) 2. 3 = 2⇒ 9 = 4 verdadeira) 4 Equivalência Equivalência das proposições p e q é a asserção indicada por: p⇔ q pela qual se declara que "se p, então q"e "se q, então p". A proposição p ⇔ q, também chamada dupla-implicação ou bi-implicação, pode ser lida "p equivale a q", ou ainda "p se, e somente se, q". Notemos que: (considere as expressões com acento) p⇔ q quando = p⇔ q = se p, entao q p e condicao su f iciente para q q e condicao necessaria proveniente de p e q⇔ p = se q, entao p q e condicao su f iciente para p p e condicao necessaria proveniente de q Logo, a equivalência p⇔ q pode ser lida: "p é condição necessária e suficiente para q"ou ainda "q é condição necessária suficiente para p". Exemplos: 1. Um campeonato encerrou-se com um único campeão, então: 8 (a) p: O clube A é campeão (b) q: O clube A somou mais pontos (c) p⇒ q: O clube A é campeão⇒ o clube A somou mais pontos (d) q⇒ p: O clube A somou mais pontos⇒ o clube A é campeão. O clube A é campeão⇔ o clube A somou mais pontos. "O clube A é campeão"é condição necessária e suficiente para "o clube A somou mais pontos"e vice versa. 2. Num triângulo ABC temos: (a) p: Dois lados são congruentes (é isósceles) (b) q: Dois ângulos são congruentes (é isoângulo) (c) p⇔ q: dois lados são congruentes⇒ dois ângulos são congruentes (d) q⇔ p: dois ângulos são congruentes⇒ dois lados são congruentes Dois lados são congruentes⇔ dois ângulos são congruentes. "Ser isósceles"é condição necessária e suficiente para o triângulo ABC "ser isoângulo". "Ser isoângulo"é condição necessária e suficiente para o triângulo ABC "ser isósceles". Para estabelecer se uma equivalência p⇔ q é verdadeira, devemos utilizar o seguinte crité- rio: A equivalência p⇔ q é verdadeira quando o condicional "se p, então q"é verdadeiro e o condicional "se q, então p"também é verdadeiro; caso contrário a equivalência é falsa. 5 Quantificadores Existem expressões como: 1. x + 2 = 5 2. x + 3 > 8 3. x2 = x que contêm variáveis (no caso, x) e se tornam verdadeiras ou falsas conforme o valor que se atribui a x. Assim, nos exemplos dados, temos: 1. x + 2 = 5 (a) É verdadeira para x = 3. É falsa para x 6= 3. 9 2. x + 3 > 8 (a) É verdadeira para x = 10. É falsa para x = 2. 3. x2 = x (a) É verdadeira para x = 1. É falsa para x = 2. As sentenças que contém variáveis são chamadas sentenças abertas. Elas não são proposi- ções com as características exigidas. Há duas maneiras de transformar sentenças abertas em proposições: 1. Atribuir valor á variável (como já vimos acima); 2. Utilizar quantificadores. 5.1 Quantificador universal O quantificador universal, usado para formar proposições, é indicado pelo símbolo ∀ e sig- nifica: "qualquer que seja", "para todo", "para cada". Exemplos: 1. Se x é número real, temos as proposições: (a) ∀ x, x2 ≥ 0 (significa "para todo x, x2 ≥ 0") (b) ∀ x, 0 . x = 0 (c) ∀ x, x - x = 0 (d) ∀ x, (x + 1) . (x - 1) = x2 - 1 2. Se x é um estudante, podemos construir a proposição: "∀ x, x é inteligente". 5.2 Quantificador existencial O quantificador existencial, usado para formar proposições, é indicado pelo símbolo ∃ e significa "existe", "existe pelo menos um", "existe um". Exemplos: 1. ∃ x | x + 2 = 5 (significa "existe x tal que x + 2 = 5") 2. ∃ x | x + 3 > 8 10 3. ∃ x | x2 = x 4. Se x é um estudante, podemos construir a proposição: "∃ x | x é inteligente"; que significa "existe ao menos um estudante inteligente". 5.3 Quantificados existencial particular Indicado pelo símbolo ∃| que significa "existe um único", "existe um e um só", "existe só um". Exemplos: 1. ∃| x | x + 1 = 2 (a) Significa "existe um único x tal que x + 1 = 2". 2. ∃| x | x2 = 0 (a) Significa "existe um único x tal que x2 = 0". 6 Negação 6.1 Negação de proposições simples A negação de uma proposição "p"é "não p"ou "não é verdade que p". Exemplos: 1. (a) p: 4 é maior que 5. (b) negação: 4 não é maior que 5. 2. (a) p: Pedro foi viajar. (b) negação: Pedro não foi viajar. 6.2 Negação de proposições compostas A negação da conjunção "p ∧ q"(p e q) é a disjunção "não p ou não q". Exemplos: 1. (a) p: a 6= 0 11 (b) q: b 6= 0 (c) p ∧ q: a 6= 0 e b 6= 0 (d) negação: a = 0 ou b = 0 2. (a) p: Pedro estuda a teoria. (b) q: Pedro resolve os exercícios. (c) p ∧ q: Pedro estuda a teoria e resolve os exercícios. (d) negação: Pedro não estuda a teoria ou não resolve os exercícios. A negação da disjunção "p v q"é a conjunção "não p e não q". Exemplos: 1. (a) p: Rubens estuda. (b) q: Rubens joga futebol. (c) p v q: Rubens estuda ou joga futebol. (d) negação: Rubens não estuda e não joga futebol. 2. (a) p: a = 5 (b) q: b = 2 (c) p v q: a = 5 ou b = 2 (d) negação: a 6= 5 e b 6= 2 6.3 Negação de proposições quantificadas • Com o quantificador universal. A negação da proposição "qualquer que seja, p"é "existe, não p". Exemplos: 1. Todo aluno é inteligente. (a) Negação: Existe aluno que não é inteligente. 2. ∀ x, x + 2 = 5 (a) Negação: ∃ x | x + 2 6= 5 12 • Com o quantificador existencial. A negação da proposição "existe, p"é "qualquer que seja, não p". Exemplos: 1. ∃ x | x + 3 = 7 (a) Negação: ∀ x, x + 3 6= 7 2. Existe professor inteligente. (a) Negação: Todo professor não é inteligente. 13
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