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0 
 
chttp://vivomaissaudavel.com.br/atividade-fisica/terceira-idade/com- 
 
 
1 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 
2 DIREITOS HUMANOS ................................................................................ 6 
3 Direitos civis e políticos ............................................................................... 7 
3.1 Direitos econômicos, sociais e culturais ............................................... 8 
3.2 Direito dos povos .................................................................................. 9 
3.3 Os direitos humanos no Brasil .............................................................. 9 
3.4 Saúde e cidadania ................................................................................ 9 
4 CONSTRUINDO UMA LINGUAGEM COMUM ......................................... 10 
4.1 Violência: ............................................................................................ 10 
4.2 TIPOS DE VIOLÊNCIA: ...................................................................... 11 
4.3 O que fazer quando a violência acontece? ........................................ 12 
5 Estupro: ..................................................................................................... 12 
6 FATORES DE PREVENÇÃO À VIOLÊNCIA INFANTIL ........................... 12 
6.1 O Comportamento da Criança ou do Adolescente abusado 
sexualmente: ......................................................................................................... 13 
6.2 Os Mitos Sobre A Violência Infantil .................................................... 14 
6.3 Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei nº 8.069 de 13 de julho de 
1990. 15 
7 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA VIOLÊNCIA ........................................ 16 
8 DIAGNÓSTICO DA VIOLÊNCIA ............................................................... 18 
8.1 Diante de uma suspeita de violência, é imprescindível questionar: ... 18 
8.2 Diagnóstico diferencial ....................................................................... 19 
8.3 Etapas importantes no diagnóstico diferencial do ponto de vista clínico
 20 
8.4 Do ponto de vista psicológico ............................................................. 20 
8.5 Posturas a serem terminantemente evitadas: .................................... 20 
 
 
2 
 
8.6 Abordagem Terapêutica ..................................................................... 21 
8.7 Medidas gerais ................................................................................... 21 
8.8 Medidas legais ................................................................................... 21 
8.9 Hospitalização .................................................................................... 22 
8.10 Condutas que facilitam a abordagem do adolescente .................... 22 
8.11 Para que isso ocorra, algumas posturas do profissional de saúde 
poderão ser úteis: .................................................................................................. 23 
9 CICLO DA VIOLÊNCIA NO CASAL .......................................................... 23 
10 CICLO DA VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES ..... 24 
11 PREVENÇÃO A VIOLÊNCIA ................................................................. 26 
12 CONSTRUINDO A REDE DE APOIO ................................................... 26 
13 ATENDIMENTO HUMANIZADO PARA AS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA .. 27 
13.1 Atenção à Saúde da Mulher: ........................................................... 31 
13.2 Atenção à Gestante e ao Recém-Nascido ...................................... 32 
13.3 Incentivo ao Aleitamento Materno ................................................... 33 
13.4 Acompanhamento do Crescimento e Desenvolvimento .................. 34 
13.5 Alimentação Saudável e Prevenção do Sobrepeso e Obesidade ... 35 
13.6 Imunização ...................................................................................... 36 
13.7 Atenção às Doenças Prevalentes: .................................................. 38 
13.8 Atenção à Saúde Bucal ................................................................... 38 
13.9 Saúde Mental .................................................................................. 39 
13.10 Prevenção de acidentes, maus-tratos/violência e trabalho infantil .. 40 
13.11 Atenção à criança portadora de deficiência .................................... 41 
13.12 Atenção à Saúde do Adolescente e Jovens:................................... 42 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 45 
 
 
 
 
3 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Fonte: esmeg.org.br 
A violência contra crianças e adolescentes é uma realidade dolorosa, 
responsável por altas taxas de mortalidade e de morbidade. 
Os Serviços de Saúde não podem deixar de conhecer e entender o fenômeno 
da violência a fim de enfrenta-lo, ao lado de outros setores governamentais e não 
governamentais. 
As experiências vividas na infância e na adolescência, positivas ou 
desfavoráveis, refletem–se na personalidade adulta. As dificuldades inevitáveis se 
tornam mais brandas quando enfrentadas com afeto e solidariedade. A violência gera 
sentimentos como o desamparo, o medo, a culpa ou a raiva, dentre outros, que não 
podendo ser manifestados, se transformam em comportamentos inadequados, 
perpetuando-se por gerações seguidas. 
Lamentavelmente, cresce o número de crianças e adolescentes que chegam a 
rede pública de saúde e as clínicas particulares como vítimas de maus-tratos, tais 
como: abuso físico, sexual e psicológico e negligência. 
Os profissionais de saúde, comprometidos com a promoção da saúde da 
população e preocupados com a garantia dos direitos da criança e adolescente, 
muitas vezes têm dúvidas quanto à maneira correta de agir. O estabelecimento de 
normas técnicas e de rotinas de procedimento para orientação desses profissionais 
 
 
4 
 
torna-se, portanto, um instrumento necessário para apoiá-los no diagnóstico, registro 
e notificação, dos casos de violência, e para implantação de medidas de proteção às 
vítimas e de apoio às suas famílias. 
Um grande passo na garantia de proteção à infância e à adolescência foi dado 
em 1988, no texto da Constituição Brasileira que reconheceu, no seu artigo 227¹, “É 
dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente com 
absoluta prioridade, o direito à saúde, à alimentação, à cultura, à dignidade, ao 
respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo 
de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e 
opressão”. Esse grupo societário como sujeito de direitos, modificando toda a 
legislação anterior que considerava meninos e meninas como propriedades dos seus 
pais. 
Em 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) regulamentou os 
artigos da Constituição referentes a garantia de proteção à infância e adolescência e 
passou a ter força de lei, reconhecendo as crianças e adolescentes como sujeitos de 
direito. 
Com a implementação do ECA, a concepção de atendimento a criança e ao 
adolescente mudou, pois, essa lei garante que suas necessidades sejam atendidas 
de forma prioritária, por parte da família, da sociedade e do Estado. Portanto a esse 
grupo é assegurado direitos especiais, ou seja, ao mesmo tempo em que deve ser 
protegido, precisa ser respeitado, por causa de sua condição de pessoa humana em 
desenvolvimento físico, moral e psicológico. 
O ECA tem uma formulação muito clara sobre o papel do setor de saúde, 
tratando como esfera pública privilegiada de proteção que recebe incumbências 
específicas: a de identificar, notificar a situação de maus-tratos e buscar formas (e 
parceiros) para proteger a vítima e dar apoio a família. Nele, os artigos de 7 a 14 do 
Capítulo I doDireito à Vida e à Saúde, tratam dos direitos fundamentais das 
crianças e adolescentes, abordam a proteção à vida e à saúde, desde a sua 
concepção, determinando as ações que devem garantir o atendimento à gestante e 
ao acesso irrestrito das crianças e adolescentes aos serviços de promoção, proteção 
e recuperação da saúde através do Sistema Único de Saúde-SUS. 
Em relação à garantia dos direitos a vida e à saúde relacionada aos maus-
tratos o ECA estabelece no artigo 13 os casos de suspeita ou confirmação de maus-
 
 
5 
 
tratos devem ser obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva 
localidade, sem prejuízo de outras providências legais. O artigo 245 do Capítulo II 
das Infrações Administrativas, que tratam dos crimes e das infrações 
administrativas: “Deixar um médico, professor ou responsável por estabelecimento 
de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à 
autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou 
confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente. Pena – multa de três a 
vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência”. A 
obrigatoriedade da notificação está assegurada também pelo Conselho Federal de 
Medicina e por alguns Conselhos Regionais, a despeito do receio de muitos médicos 
que se omitem, alegando segredo profissional. 
Tratar da violência como problema de saúde, é ainda novidade, é muito 
importante porque os problemas da violência de qualquer espécie, tradicionalmente, 
foram deixados à consideração apenas da justiça e da segurança pública. 
A primeira pergunta que ocorre quando se coloca esse problema dentro das 
preocupações do setor saúde é a seguinte: como atuar diante dos maus-tratos sem 
se limitar apenas ao tratamento médico dos traumas e lesões resultantes desse 
problema? Reconhecendo os problemas de escassez de tempo, de pessoas, e 
desejando levar a sério essa questão tão importante, vem logo uma segunda 
pergunta: como articular Inter profissionalmente um grupo que possa alimentar os 
conhecimentos da equipe, especializar-se mais na capacidade de diagnosticar e 
acompanhar os desdobramentos em relação às crianças e adolescentes vítimas e de 
suas famílias? Pois, o mais comum é que, uma vez deixado o local de atendimento, 
as crianças e adolescentes voltam aos ambientes onde se reproduzem os mesmos 
comportamentos e as mesmas relações. 
 
 
6 
 
1 DIREITOS HUMANOS 
 
Fonte: www.jhsph.edu 
No século XVIII antes de Cristo (a.C.), o código de leis de Hamurabi, rei da 
Babilônia, instituía proteção às viúvas, órfãos e aos mais fracos, bem como uma 
remuneração básica por dia de trabalho para várias categorias profissionais. 
Na civilização egípcia, havia preocupação com a justiça social, com a proteção 
aos fracos e punição aos culpados, e iniciativas no sentido de agir com imparcialidade, 
promover a harmonia e a prosperidade de todos. 
No mundo dos gregos e dos romanos, havia liberdade para a participação do 
cidadão na elaboração das leis, administração da justiça e nomeação e supervisão 
dos juízes. Garantia-se a liberdade do cidadão, e não a do ser humano; a cidadania 
era um direito de poucos, e dela se excluíam as mulheres, estrangeiros e escravos. 
A civilização hebraica defendia que os humildes e os poderosos deveriam estar 
submetidos ás mesmas leis. Nesse sentido, o surgimento do Cristianismo trouxe a 
ideia, nem sempre respeitada, de igualdade absoluta entre todos os homens. 
Inúmeros outros povos continuaram a reivindicar direitos humanos durante a 
Idade Média e Idade Moderna, formando-se, pouco a pouco, uma consciência sobre 
as necessidades básicas do ser humano. A Revolução Francesa, em 1798, marcou a 
mudança do conceito de direitos humanos como concedidos pela divindade para o 
 
 
7 
 
conceito de direitos humanos como aqueles que devem ser garantidos e respeitados 
pelo Estado. 
Esta nova forma de se entender os direitos humanos não diminuiu as 
desigualdades entre as classes sociais, nem entre os homens e mulheres. Desde 
então, estas desigualdades vêm mobilizando as pessoas excluídas a continuarem 
lutando por direitos considerados universais, como a educação, saúde, moradia. 
Durante a Segunda Guerra Mundial, o impacto causado no mundo pelos atos 
de racismo e intolerância – e a agressão sofrida pelos civis, que representaram 90% 
das vítimas – levaram governantes de 148 países – membros da Organização das 
Nações Unidas a elaborar, em 1948, um pacto denominado Declaração Universal dos 
Direitos Humanos – a qual, em 1966, foi complementada pelo Pacto dos Direitos Civis 
e Políticos e Pacto dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. 
Respeitar os direitos humanos é promover a vida em sociedade, sem 
discriminação de classe social, cultura, religião, raça, orientação sexual ou de 
qualquer outro tipo. 
Os direitos humanos compreendem três categorias: 
 Direitos civis e políticos; 
 Direitos econômicos, sociais e culturais; 
 Direito dos povos. 
Suas práticas estão relacionadas aos acontecimentos políticos e históricos. Em 
alguns momentos, ocorrem mudanças que podem provocar retrocessos, como, por 
exemplo, as ditaduras, ou avanços na construção da igualdade social, como a 
conquista do voto pelas mulheres e analfabetos. 
2 DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS 
São aqueles que asseguram o direito à igualdade perante a lei, garantindo que 
nenhuma pessoa pode ser discriminada ou impedida de gozar dos direitos previstos 
na Constituição Federal. Compreendem: 
 Direito ao registro civil; 
 Direito dos presos; 
 Direito a um julgamento justo; 
 
 
8 
 
 Proibição de tortura, de escravidão – a exemplo do trabalho infantil, 
trabalho escravo, trabalho em condições degradantes; 
 Direito de ir e vir, à liberdade de opinião e de pensamento; 
 Direito de se associar e de participar da vida política; 
 Direito a votar, fazer parte de partidos políticos, de candidatar-se a 
cargos públicos. 
2.1 Direitos econômicos, sociais e culturais 
São aqueles que asseguram um nível essencial de dignidade da pessoa humana. Têm 
estreita ligação com a maneira como vivem as pessoas. Incluem: 
 Direito à alimentação, de estar livre da fome; 
 Direito a um padrão de vida mínimo, com vestuário e moradia; 
 Direito ao trabalho digno e aos benefícios trabalhistas; 
 Direito à seguridade social das famílias, mulheres, homens, crianças, 
idosos; 
 Direito à educação, de participar da vida cultural e de se beneficiar do 
progresso científico e tecnológico; 
 Direito de acesso aos serviços de saúde; 
 Direito das minorias étnicas e raciais, a exemplo dos indígenas e negros; 
 Direito a viver a sexualidade e a reprodução sem riscos para a saúde. 
Os direitos sexuais e reprodutivos dos homens e mulheres vêm sendo instituídos e 
reconhecidos, sobretudo por força das reivindicações de movimentos de mulheres, 
em todo o mundo. Eles incluem: poder escolher livremente o parceiro ou a parceira; 
poder namorar e viver com alguém do mesmo sexo; não sofrer violência sexual; o 
direito de ter ou não ter filhos, definindo o número desejado e o momento mais 
conveniente; de ter acesso aos métodos anticoncepcionais, de não morrer de parto 
nem de abortos mal feitos; de não ter doenças sexualmente transmissíveis por falta 
de acesso à informação e a medidas preventivas. 
 
 
9 
 
2.2 Direito dos povos 
Assegura os direitos básicos dos povos, como o desenvolvimento, a paz e a 
participação no patrimônio comum da humanidade: atmosfera (ar), ecossistemas, 
recursos minerais (ouro, carvão, ferro, bauxita, petróleo), hídricos (rios, mares, lagos, 
lagoas), flora (vegetais) e fauna (animais). 
2.3 Os direitos humanos no Brasil 
Em 1966, o Brasil assinou o Pacto dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto dos 
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Entretanto, apenas em 1988 os princípios 
da Declaração foram incorporados à nossa Constituição.Em 1992, os Pactos foram reafirmados pelo governo federal, dando início a um 
movimento de defesa dos direitos humanos no país, que resultou na criação, em 1995, 
da Comissão de Direitos Humanos, da Câmara dos Deputados, e da Secretaria 
Nacional de Direitos Humanos, no Ministério da Justiça, responsável pelo Programa 
Nacional de Direitos Humanos, lançado pelo presidente da República em 13 de maio 
de 1996. 
O trabalho destes grupos vem trazendo avanços, mas o respeito a estes 
direitos ainda não é uma prática do dia-a-dia. 
2.4 Saúde e cidadania 
O direito à saúde é um direito social. No Brasil, a luta por melhores condições 
de saúde da população tem garantido que cada vez mais pessoas tenham acesso aos 
serviços de saúde e a informações sobre como cuidar de sua saúde. 
Ao mesmo tempo, a conquista do direito à saúde tem reforçado a conquista de 
outros direitos, já que o conceito de saúde vai além do diagnóstico e do tratamento de 
doenças, envolvendo também as condições de moradia, trabalho, educação, lazer e 
meio ambiente. 
 
 
10 
 
3 CONSTRUINDO UMA LINGUAGEM COMUM 
 
Fonte: midwestresearchgroup.com 
3.1 Violência: 
Segundo o Dicionário Aurélio: qualidade de violento – ato violento – ato de 
violentar. Jur.: Constrangimento físico ou moral; uso da força; coação. 
Segundo a OMS: é todo ato que tenha ou possa ter como resultado dano ou 
sofrimento físico, sexual ou psicológico para a mulher, criança e adolescente assim 
como ameaça de tais atos, também a coação, ou a privação arbitrária da liberdade, 
pode acontecer dentro ou fora da casa. 
Segundo Azevedo e Guerra: violência doméstica contra crianças e 
adolescentes (VDCA), é todo ato ou omissão praticada por pais, parentes ou 
responsáveis contra crianças e/ou adolescentes que, sendo capaz de causar danos 
físico, sexual e/ou psicológico à vítima, implica, de um lado, numa transgressão do 
poder/dever de proteção do adulto e, de outro, numa coisificação da infância, isto é, 
numa negação do direito que crianças e adolescentes têm de ser tratados como 
sujeitos e pessoas em condição peculiar de desenvolvimento. 
Ato: é a forma ativa da violência 
Omissão: forma passiva da violência 
 
 
11 
 
3.2 TIPOS DE VIOLÊNCIA: 
Violência Física: é o emprego da força física, que também pode ser usada 
erroneamente na educação de um filho por parte de seus pais ou responsáveis. 
Tipos de Violência Física: 
Lesões Corporais 
Vias de Fato 
Infanticídio 
Homicídio 
Violência Sexual: é todo jogo ou ato sexual, relação heterossexual ou 
homossexual, entre um ou mais adultos e uma criança menor de 18 anos, tendo por 
finalidade estimular sexualmente a criança ou adolescente e utilizá-la para obter uma 
estimulação sexual sobre sua pessoa ou de outra pessoa. 
Tipos de Violência Sexual: 
Estupro 
Atentado Violento ao Pudor 
Sedução 
Corrupção de Menores 
Lenocínio e Tráfico de Mulheres 
Violência Psicológica: também designada de “Tortura Psicológica” ou 
“Perversa Doçura”, ocorre quando um adulto constantemente deprecia a criança, 
bloqueia seus esforços de auto aceitação, causando-lhe grande sofrimento mental. 
Ameaças de abandono também podem tornar uma criança medrosa e ansiosa, 
representando formas de sofrimento psicológico. 
Tipos de Violência Psicológica: 
Ameaça 
Crimes Contra a Honra 
Negligência: representa uma omissão na provisão das necessidades físicas e 
emocionais de uma criança ou de um adolescente. Configura-se quando os pais ou 
responsáveis falham em termos de alimentar, de vestir adequadamente seus filhos, 
entre outras atitudes (quando estas falhas não são resultado das condições de vida 
além do seu controle). 
Tipos de Negligência: 
Abandono Material 
 
 
12 
 
Entrega de Filho Menor à Pessoa Idônea 
Abandono Intelectual 
3.3 O que fazer quando a violência acontece? 
A violência doméstica infanto-juvenil é um crime e não um problema particular. 
Por isso, a melhor maneira de prevenir é denunciar o agressor ao primeiro sinal de 
violência, o que geralmente acontece de forma verbal. A criança, o adolescente ou 
qualquer pessoa ou responsável devem procurar a Delegacia de Proteção à Mulher, 
à Criança e ao Adolescente, a Delegacia de Polícia mais perto de sua casa, a Polícia 
Militar, o Conselho Tutelar ou qualquer outra entidade de proteção. A denúncia pode 
ser feita de forma anônima e por terceiros. 
Outra maneira de prevenir futuros agressores é não permitir que as crianças e 
adolescentes presenciem cenas de violência dentro de casa. 
4 ESTUPRO: 
Definição do código penal de 1940: artigo 213 do Código penal, Título VI, dos 
Crimes Contra os Costumes. Capítulo I, dos Crimes Contra a Liberdade Sexual, artigo 
200 a 216. 
Artigo 213: Estupro: é constranger mulher à conjunção carnal, mediante 
violência ou grave ameaça. Pena – reclusão de seis a dez anos. Súmula nº 608 do 
STF. Parágrafo Único Revogado na Lei nº 9.281, de 04/06/1996. 
5 FATORES DE PREVENÇÃO À VIOLÊNCIA INFANTIL 
 Integração de boa qualidade entre os pais; 
 Identificação com modelos positivos; 
 Participação da comunidade à violência; 
 Envolvimento positivo da política com a comunidade; 
 Educação pela paz; 
 Compreensão do outro, evitando brigas; 
 
 
13 
 
 Ampliação da empatia; 
 Estímulo à expansão do pensamento reflexivo; 
 Desenvolvimento do autocontrole e domínio da impulsividade. 
Lembre-se: o diálogo é a melhor maneira de resolver problemas que surgem no 
relacionamento familiar ou em outros relacionamentos. 
5.1 O Comportamento da Criança ou do Adolescente abusado sexualmente: 
 Alto nível de ansiedade; 
 Imagem corporal distorcida; 
 Baixa autoestima; 
 Sentimento de menos-valia; 
 Distúrbios do sono (sonolência, pesadelos); 
 Distúrbios na alimentação (perda ou excesso de apetite); 
 Enurese noturna (urinar na cama); 
 Distúrbios no aprendizado; 
 Comportamento agressivo, apático ou isolado; 
 Comportamento extremamente tenso, em “estado de alerta”; 
 Regressão a um comportamento infantil; 
 Tristeza e abatimento profundos; 
 Comportamento sexualmente explícito (demonstrando conhecimento 
inapropriado para sua idade); 
 Masturbação visível e contínua, brincadeiras sexuais agressivas; 
 Relutância em voltar para casa, como por exemplo, não querer ir embora 
do colégio; 
 Não frequentar a escola por vontade dos pais; 
 Faltar frequentemente às aulas; 
 Não participar das atividades escolares; 
 Ter poucos amigos; 
 Não confiar em adultos, especialmente nos mais próximos; 
 Ideias e tentativas de suicídio; 
 Autoflagelação; 
 
 
14 
 
 Fugas do lar; 
 Dificuldades de concentração; 
 Choro sem causa aparente; 
 Hiperatividade; 
 Comportamento rebelde. 
Crianças ou adolescentes abusados sexualmente por pai, tio, irmão, avô, 
padrasto, ou algum outro conhecido de confiança da família, poderão ter uma visão 
muito diferente do mundo e dos relacionamentos interpessoais. Principalmente em 
relação àqueles que cresceram em ambiente familiar amoroso e com fronteiras 
familiares bem definidas. 
5.2 Os Mitos Sobre A Violência Infantil 
Os mitos são falsas realidades, convenientes aos interesses do agressor. Em 
caso de dúvidas, procure orientação sobre o assunto em um órgão de proteção à 
criança e ao adolescente. 
 A violência física contra a criança e adolescente é direito da autoridade 
do chefe da família, marido, pais. (FALSO) 
 O espancamento é uma exceção, porque a família continua risonha. 
(FALSO) 
 A violência reflete costumes das classes menos favorecidas 
economicamente. (FALSO) 
 Ele não sabia o que estava fazendo: tinha bebido bastante. (FALSO) 
 O abuso sexual só atinge meninas. (FALSO) 
 Se não houve penetração, não foi abuso. (FALSO) 
 
 
15 
 
5.3 Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990. 
 
Fonte: www.cdc.gov 
Art. 1º - Esta lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente. 
Art. 2º - Considera-secriança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até 12 (doze) 
anos incompletos, e adolescente aquela entre 12 (doze) e 18 (dezoito) anos de idade. 
Art. 3º - A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais 
inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, 
assegurando-se lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e 
facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e 
social, em condições de liberdade e de dignidade. 
Art. 4º - É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder 
Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à 
vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, 
à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. 
Art. 5º - Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de 
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na 
forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. 
Art. 131 – O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não 
jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da 
criança e do adolescente, definidos nesta lei. 
 
 
 
16 
 
6 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA VIOLÊNCIA 
Na entrevista com a família, os dados podem divergir dos achados clínicos e 
não fazer sentido com a história relatada. É papel da equipe de saúde investigar, 
documentar e avaliar a ocorrência de violência sempre que encontrar um ou mais dos 
seguintes achados durante o exame físico: 
 
Transtornos na pele, mucosas e tegumento: 
 
 Contusões e abrasões, principalmente na face, lábios, nádegas, braços 
e dorso 
 Lesões que reproduzam a forma do objeto agressor (fivelas, cintos, 
dedos, mordedura) 
 Equimoses e hematomas no tronco, dorso e nádegas, indicando datas 
diferentes da agressão 
 Alopecia resultante de arrancamento brutal e repetido dos cabelos 
 Queimaduras no dorso e genitais, com marcas do objeto (cigarro, por 
exemplo) 
 Lesões endobucais ocasionadas por laceração do freio da língua por 
tentativa de introdução forçada de alimentos 
 Síndrome da orelha de lata (equimose unilateral, edema cerebral 
ipsolateral e hemorragia retiniana) 
 Fácies de boxeador, por traumatismo facial 
 
Transtornos musculo esqueléticos: 
 
 Fraturas múltiplas – ossos longos em diferentes estágios de 
consolidação, secundárias à torção com sacudidelas violentas, com 
rápida aceleração-desaceleração 
 Fraturas de costelas em menores de dois anos 
 Fraturas de crânio ou traumatismo craniano por choque direto ou 
sacudidas vigorosas (síndrome do bebê sacudido), concomitantes com 
edema cerebral, hematoma subdural e hemorragia retiniana, podendo 
 
 
17 
 
também manifestar-se por convulsões, vômitos, cianose, apneia e 
alterações de déficit motor. 
 Hematoma subperiosteal de diferentes estágios (síndrome da criança 
espancada) 
 
Transtornos viscerais: 
 
 Ruptura subcapsular de rim e baço, trauma hepático ou mesentérico que 
necessite intervenção cirúrgica de urgência 
 
Transtornos gênito-urinários: 
 
 Lesões na área genital e períneo: observar presença de dor, 
sangramento, infecções, corrimento, hematomas, cicatrizes, irritações, 
erosões, assaduras, fissuras anais, hemorroidas, pregas anais rotas ou 
afrouxamento do esfíncter anal, diminuição do tecido ou ausência 
himenal, enurese, encoprese, infecções urinárias de repetição sem 
etiologia definida. 
 
Transtornos psicológicos: 
 
 Aversão ao contato físico, apatia ou avidez afetiva 
 Retardo psicomotor sem etiologia definida, com melhora quando a 
criança se separa da família (hospitalização) 
 Transtorno do sono ou da alimentação 
 Episódios de medo e pânico 
 Isolamento e depressão 
 Conduta agressiva e irritabilidade 
 Interesse precoce em brincadeiras sexuais ou conduta sedutora 
 Choro fácil sem motivo aparente 
 Comportamento regressivo 
 Comportamento autodestrutivo 
 Comportamento submisso 
 
 
18 
 
 Desenho ou brincadeiras que sugerem violência 
 Baixo nível de desempenho escolar 
 Fugas, mentiras, furto 
 Tentativa de suicídio 
 Fadiga 
 Baixo-estima 
 Aversão a qualquer atividade de conotação sexual 
 Retardo pondero-estatural por aporte calórico inadequado 
 Intoxicação por medicamentos especialmente anti-histamínicos ou 
sedativos 
 Síndrome de Münchausen por procuração (doenças simuladas ou 
provocadas falsamente pelos pais ou responsáveis) 
7 DIAGNÓSTICO DA VIOLÊNCIA 
Frequentemente, a criança ou o adolescente maltratado não apresenta sinais 
de ter sido espancado(a), mas traz consigo múltiplas evidências menores, que podem 
estar relacionadas à privação emocional, nutricional, negligência e abuso. 
Nessas circunstâncias, a capacidade de diagnóstico da equipe de saúde, ao 
lado do apoio comunitário e de programas de prevenção da violência, pode evitar, 
inclusive, os ferimentos secundários por maus-tratos que são causas significativas de 
morte entre crianças e adolescentes. 
A criança ou o adolescente é frequentemente levado para atendimento por 
história de falhas no desenvolvimento, desnutrição, obesidade, hipersensibilidade, 
personalidade reprimida, problemas de escolaridade ou de outros sinais de 
negligência psicológica ou física. 
7.1 Diante de uma suspeita de violência, é imprescindível questionar: 
 A lesão está de acordo com o que está sendo relatado? 
 Ela realmente pode ter ocorrido desta forma? 
 A relação temporal está correta? 
 Poderia ter sido provocada por violência intencional? 
 
 
19 
 
 A postura da família está adequada com a gravidade do ocorrido? 
 Houve retardo na busca de auxílio? 
 Existem dados contraditórios na história da lesão? 
 Existe história anterior semelhante? 
7.2 Diagnóstico diferencial 
O diagnóstico de violência contra a criança ou o adolescente, muitas vezes, 
pode ser confundido com outras patologias orgânicas. É extremamente importante 
que todos os profissionais da equipe de saúde reúnam os dados e evidências 
observados, de acordo com suas competências, para a construção de uma história 
precisa sobre o evento. Quando possível, são úteis informações colhidas na 
comunidade, com os professores na escola ou creche, amigos ou vizinhos, que 
podem, muitas vezes, trazer observações importantes sobre o funcionamento do 
núcleo familiar. 
Várias patologias entram no diagnóstico diferencial, quando há suspeita de 
violência: 
 Raquitismo 
 Escorbuto 
 Sífilis congênita 
 Osteogênese imperfeita, doenças osteoarticulares 
 Hiperostose cortical infantil 
 Síndrome hemorrágica 
 Anomalias dermatológicas 
 Infecções de pele 
 Traumatismo acidental 
 Dano cerebral orgânico/neurológico 
 Transtornos de conduta, psicose ou transtorno bordeline de 
personalidade. 
 
 
20 
 
7.3 Etapas importantes no diagnóstico diferencial do ponto de vista clínico 
 Realizar exame físico e neurológico acurado com avaliação de todas as 
partes do corpo examinado; 
 Solicitar raios X de ossos longos para avaliar fraturas recentes ou 
antigas e evidências de trauma por torção; 
 Solicitar coagulograma para descartar síndrome hemorrágica. 
7.4 Do ponto de vista psicológico 
 Entrevistar toda a família em conjunto, para avaliar sua visão e respostas 
sobre o problema em questão, observar seu relacionamento e 
determinar o possível envolvimento de outros membros; 
 Utilizar um espaço reservado para a entrevista e fazer com que todos se 
sintam o mais confortáveis possível; 
 Afirmar que as condições físicas ou o comportamento do paciente são 
os seus principais motivos de preocupação; 
 Formular as perguntas de forma aberta, imparcial; 
 Procurar não ser acusador, concentrando-se nas condições da criança 
e possíveis causas que justifiquem seu estado atual; É fundamental estar atento aos detalhes. 
7.5 Posturas a serem terminantemente evitadas: 
 Perguntar diretamente se um dos pais foi responsável pelo ocorrido. 
 Insistir em confrontar dados contraditórios ou aferir registros. 
 Confrontar os pais com descrições trazidas pela criança ou 
adolescentes, especialmente nos casos de abuso, pois isso trai a 
confiança do (a) usuário (a). 
 Demonstrar seus sentimentos em relação à situação – como 
desaprovação, raiva, indignação. 
 Assumir postura de policial ou detetive. 
 
 
21 
 
7.6 Abordagem Terapêutica 
A abordagem deve ser multidisciplinar, sendo que a assistência ambulatorial 
ou hospitalização precisa ser criteriosamente decidida pela equipe, particularizando 
cada caso. 
O trabalho junta a família é imprescindível e não deve ser apenas pontual. Essa 
família deve ser acompanhada durante um período que permita avaliar a possibilidade 
de retorno da criança à casa. 
É indispensável um trabalho conjunto, em consonância com as Coordenadorias 
da Infância e da Juventude, Conselhos Tutelares e outros órgãos de proteção para 
que se possa determinar, com maior profundidade, a dinâmica do caso, seu 
diagnóstico e prognóstico. 
7.7 Medidas gerais 
 Avaliação do risco da criança ou adolescente (grau de risco de repetição 
do abusador e capacidade da família proteger a criança de novos 
episódios). 
 Atendimento multidisciplinar. 
 Denúncia à autoridade judicial pode ter função terapêutica e interromper 
o ciclo da violência intrafamiliar. 
 Tratamento médico das lesões físicas, carências nutricionais e outras 
patologias associadas (DST/AIDS). 
 Acompanhamento com equipe de saúde mental. 
 Atendimento da família e avaliação. 
7.8 Medidas legais 
O laudo do caso deve ser enviado ao Conselho Tutelar, Coordenadorias da 
Infância e da Juventude ou Fórum da Comarca, para que sejam tomadas as devidas 
providências legais e de proteção. Este encaminhamento deve ser feito pelo 
profissional que acompanhou o caso, outro membro da equipe ou, preferencialmente, 
 
 
22 
 
pela direção da instituição. Os profissionais de saúde devem acompanhar o caso 
mesmo durante os procedimentos legais. 
O Ministério da Justiça mantém a linha 0800 990 500 – Sistema Nacional de 
Recepção, Tratamento, Acompanhamento, Monitoramento e Avaliação de Denúncias 
de Exploração Sexual praticada contra crianças e adolescentes. Em parceria com a 
Associação Brasileira de Proteção à Infância e Adolescência (ABRAPIA), o Sistema 
centraliza o recebimento e distribuição de denúncias aos órgãos envolvidos na 
apuração, responsabilização dos autores e proteção às vítimas. 
A divulgação sistemática nos meios de comunicação de que a violência sexual 
é crime, associada a este sistema de denúncia, tem por objetivo sensibilizar a 
sociedade para a questão da exploração sexual e obter informações para subsidiar os 
órgãos locais responsáveis pelo combate às diversas formas de violência sexual entre 
crianças e adolescentes. 
7.9 Hospitalização 
A hospitalização é uma medida terapêutica utilizada apenas para casos graves 
e específicos. A possibilidade de manutenção ou reinserção da criança/adolescente 
na família de origem deve ser permanentemente avaliada. 
A hospitalização é indicada somente quando: 
 Há risco de homicídio ou risco de vida 
 Pela gravidade do quadro clínico (indicação clínica e psicossocial) 
 Inexistência de outros recursos para a proteção contra novos episódios 
(risco de novas agressões) 
7.10 Condutas que facilitam a abordagem do adolescente 
Um dos desafios ao se lidar com adolescentes é a grande irregularidade e 
instabilidade de suas condutas (Zuznetsoff, 1993). Durante o atendimento, estarão 
surgindo comportamentos e expressões próprios da adolescência, os quais 
representam conflitos e fatores emocionais que mobilizam o profissional de saúde, 
além de exigir recursos específicos. 
Alguns exemplos: 
 
 
23 
 
 Mudanças repentinas cujas causas não são facilmente compreensíveis 
ou previsíveis 
 Racionalização ou intelectualização usada como mecanismo de defesa, 
característica típica desta fase, e que lhe serve de proteção contra os 
perigos internos e externos 
 Urgências e necessidades imediatas do adolescente – vive o presente e 
seu discurso, que costuma basear-se nos acontecimentos imediatos 
 Atitudes de questionamento frente às normas preestabelecidas, próprias 
da construção da identidade 
 Transformações físicas e psíquicas 
 Diante desta especificidade, próprias desta fase da vida, como abordar 
o adolescente favorecendo o diálogo e uma relação de confiança? 
7.11 Para que isso ocorra, algumas posturas do profissional de saúde poderão 
ser úteis: 
 Criar um clima de confiança 
 Buscar a empatia 
 Desempenhar sempre um papel ativo 
 Demonstrar respeito 
 Aceitar e compreender o adolescente 
 Traçar alternativas concretas e sustentáveis de acordo com o grau de 
maturidade do adolescente. 
8 CICLO DA VIOLÊNCIA NO CASAL 
Podemos considerar que as interações violentas de um casal estão vinculadas 
ao aumento de tensão nas relações de poder estabelecidas e que a relação de 
dominação/subordinação necessita ser confirmada. 
A situação de violência pode ser, então, uma tentativa de restaurar o poder 
perdido ou nunca alcançado, ou ainda a confirmação mútua da identidade (Estremam, 
1998) (Gregory, 1996). 
 
 
24 
 
O ciclo da violência, descrito por L. Walker (1979), expressa como os diferentes 
fatores interagem num mesmo relacionamento de violência, através de sucessivas 
fases. Segundo Walker, nem todos os momentos são marcados pela agressão e 
entendê-lo é muito importante na sua prevenção e interrupção. 
O ciclo da violência tem três fases distintas, as quais variam, tanto em 
intensidade como no tempo, para o mesmo casal e entre diferentes casais e não 
aparecem, necessariamente, em todos os relacionamentos. 
9 CICLO DA VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES 
O problema da violência contra crianças e adolescentes chega aos serviços de 
saúde em diferentes situações e momentos, principalmente quando evento de 
agressão provocou repercussões graves. Esse quadro é, no entanto, precedido de 
situações menos agudas, difíceis de diagnosticar e, principalmente, encobridoras de 
seu caráter sistemático e constante. Exemplo disso são as demandas dos pais em 
relação aos filhos, quando inapropriadas à idade e ao seu nível de desenvolvimento 
neuropsicossocial. As dinâmicas do processo de violência contra crianças e 
adolescentes podem ser assim representadas. 
 
 
25 
 
 
 
 
Expectativa dos pais em 
relação às condutas, 
atitudes e conquistas 
dos filhos 
Renovação das 
expectativas 
Castigo dos filhos 
Frustração dos pais 
Os filhos não conseguem 
atender às expectativas 
 
 
26 
 
10 PREVENÇÃO A VIOLÊNCIA 
De maneira geral, a prevenção à violência contra a criança e o adolescente é 
de extrema importância na sociedade, dada a gravidade de suas sequelas físicas e 
psíquicas. Portanto, cabe à equipe: 
 Informar pais, mães e comunidade sobre as necessidades das crianças 
e adolescentes, esclarecendo seus direitos e normas de proteção 
 Identificar pais e mães de alto risco desde o período pré e perinatal 
 Desenvolver grupos de autoajuda para pais e mães de alto risco 
 Favorecer a vinculação das famílias com uma rede de apoio da 
comunidade (unidades de saúde, associação de bairros, grupos 
religiosos, clube de mães, etc.) 
 Incentivar o pai a acompanhar o pré-natal e o parto, para estreitar seu 
vínculo com o filho o mais precocemente possível 
 Incentivar o pai à participação nos cuidados do bebê 
 Facilitar o acesso a serviços de educação e assistência 
 Contribuir para o fortalecimento dos laços do adolescente com a família 
e amigos 
 Contribuir para a expressão e desenvolvimento dos adolescentes, 
respeitando novos valores 
 Organizar grupos de debates com profissionaisde outras áreas 
envolvidas 
 Considerar a possibilidade de depressão puerperal e encaminhar a 
família para serviços especializados. 
11 CONSTRUINDO A REDE DE APOIO 
As ações de prevenção devem evitar que a violência intrafamiliar se perpetue 
de geração em geração, buscando romper sua continuidade naqueles casais ou 
famílias que tenham iniciado o seu ciclo. Também promover alternativas de 
organização social e familiar que incorporem a igualdade de seus membros, 
fortalecendo a autonomia e autoestima. 
 
 
27 
 
Para alcançar este objetivo é necessário criar fortalecer espaços de atenção às 
vítimas de violência, com equipes multidisciplinares que prestem atendimento clínico 
às lesões físicas, assistência psicológica individual e familiar, e também assistência 
social e legal. 
É fundamental instituir e multiplicar redes de apoio, estimular que se constituam 
grupos de autoajuda onde as vítimas de violência recuperem, através de sua própria 
história, sua autoestima e confiança, sendo capazes de reconhecer seus próprios 
recursos para superar o problema. Isto significa introduzir uma cultura de autocuidado. 
Os primeiros anos de vida são a base do aprendizado para o resto da existência 
individual, e não basta satisfazer as necessidades básica de alimentação e saúde, é 
necessário estimular os pais e mães no sentido de proporcionar proteção, afeto e 
segurança a seus filhos. Um ponto importante para sua autoafirmação consiste em 
ensinar-lhes a estar alertas e saber o que fazer em situações de risco, que se sintam 
apoiadas e respaldadas pelos adultos e que saibam responder a pessoas ou situações 
que podem perturbá-las ou causar dano. 
Todo o processo de prevenção não ocorre de maneira homogênea. Existem 
avanços e retrocessos, êxitos e obstáculos. É importante que as equipes estejam 
preparadas para lidar com estes altos e baixos, sem desanimar. Por sua 
Complexidade, o processo de prevenção requer um exercício de muita 
paciência, perseverança e, sobretudo, a colaboração e integração dos profissionais 
de diferentes áreas e da comunidade. 
12 ATENDIMENTO HUMANIZADO PARA AS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA 
A atenção às vítimas de violência (criança, adolescente e família) deve 
obedecer à Política Nacional de Humanização – Humaniza SUS, onde o processo de 
acolhimento ou humanização manifesta-se como política transversal na Rede do 
Sistema Único de Saúde. Portanto, deve traduzir os princípios do SUS em modo de 
operar os diferentes equipamentos e sujeitos a Rede SUS. Deve ainda, constituir 
trocas solidárias e comprometidas com a dupla tarefa de produção de saúde e 
produção de sujeitos; oferecer um eixo articulador em saúde, destacando o aspecto 
subjetivo neles presente e contagiar por atitudes e ações humanizadas à Rede do 
SUS incluindo gestores, trabalhadores e usuários. 
 
 
28 
 
A eficácia do Sistema de Saúde está relacionada à qualidade do 
relacionamento humano estabelecendo entre os profissionais e usuários 
consequentemente, o atendimento das vítimas de violência (criança, adolescente e 
familiares) segue este processo, cujo objetivo é estabelecer estratégias que evitem a 
revitimização da criança/adolescente. 
São estratégias de humanização para promover acolhimento integral às 
vítimas: 
 O trabalho em rede que propicia a intercomunicação e consolida as 
bases próprias do acolhimento, fortalecendo o vínculo criança-
adolescente-família-equipe e consequentemente resulta no atendimento 
integral. 
 A constituição de uma equipe interdisciplinar que atende e discute a 
atenção às vítimas de violência dentro dos princípios de atenção 
humanizada e das diretrizes do SUS. 
 O saber ouvir talvez seja a estratégia mais humanizada que se possa 
oferecer como meio de não revitimizar. 
 A vigilância a atitudes de preconceitos e juízos emitidos pelos 
profissionais que atendem a crianças/adolescentes/família. 
 O processo de educação permanente da equipe para promover a 
adequação entre o saber técnico-científico e o processo de atenção 
humanizada. 
 Outra estratégia importante é a adequação dos Recursos Humanos 
(sujeitos de ação) a demanda. As vítimas de violência necessitam de 
acesso livre ao serviço de atenção. 
 A utilização de técnicas lúdicas e recreativas é uma estratégia que, 
quando empregada de acordo com o grau de desenvolvimento da 
criança/adolescente, pode estabelecer vínculo com a equipe e evitar a 
revitimização. 
 O planejamento do atendimento, bem como a emissão de relatórios, 
boletins estatísticos e banco de dados propiciam o diagnóstico da 
situação e auxiliam na proposição de políticas públicas de combate à 
violência. 
 
 
29 
 
 O resgate da cidadania da criança, adolescente e familiares é uma 
estratégia a ser adotada na atenção às vítimas de violência, em respeito 
ao Código de Ética Profissional, à Constituição Brasileira e ao Estatuto 
da Criança e do Adolescente. 
 A sistematização agiliza o atendimento e, portanto, facilita o processo de 
humanização. 
 A instituição de uma cultura de humanização institucional facilita o 
cuidado e o relacionamento ético entre gestores, técnicos e usuários. 
 A contratação de equipe técnica especializada em saúde mental para 
acolhimento da equipe cuidadora facilita o desenvolvimento do processo 
de humanização. 
 A estratégia mais importante e acolhedora é a implantação de políticas 
públicas para a redução da violência e enfrentamento de seus 
desdobramentos. 
 E, finalmente, o processo de humanização pode ser considerado 
eficiente para vítimas de violência quando este produz resultados 
concretos, atendimento flexibilizado, profissionais participativos, 
trabalho em rede e atendimento real das necessidades dos usuários. 
 
PEDIATRIA NA ATENÇÃO BÁSICA CIÊNCIA E ARTE EM TRANSIÇÃO PARA 
CRIANÇAS QUE VÃO VIVER 100 ANOS OU MAIS 
 
O título deste texto parafraseia o de um artigo do professor de Pediatria da 
UNIFESP, Jayme Murahovschi (2006), para dizer que a motivação para a construção 
de mais um texto com o tema da Saúde da Criança e do Adolescente foi o desafio de 
pensarmos juntos sobre a integralidade da atenção, pretendida no acompanhamento 
do Crescimento e Desenvolvimento, pelo Programa Saúde da Criança, em época de 
transição demográfica e epidemiológica (Santos, 2010); enfocando sim a prevenção 
e tratamento das doenças comuns na infância, a promoção de saúde, mas também 
buscando ampliar as percepções sobre as necessidades das famílias e interrogar-se 
sobre as melhores formas de dar respostas a tais necessidades (Mattos, 2001); 
podendo pensar na atenção à saúde como construção de autonomia para escolher 
individual e coletivamente a melhor forma de andar a vida (Campos, 2007). 
 
 
30 
 
Na década de 70 nos orgulhávamos de ser uma nação jovem: a nossa pirâmide 
populacional era um triângulo de base larga, que se afilava rapidamente. A análise 
mais atenta, no entanto, mostrava que a população jovem era decorrente da 
associação de uma alta taxa de natalidade (5,8 filhos/ mulher em idade fértil), mesmo 
frente à elevada mortalidade infantil da época - 75/1.000 nascidos vivos. As nossas 
crianças morriam de desnutrição e doenças infecciosas; consequência de alimentação 
inadequada, a primeira prejudicava a imunidade contra infecções que, repetidas, 
agravavam a desnutrição. As doenças infecciosas respiratórias e as diarreicas 
constituíram durante muito tempo, na principal causa de morte das crianças brasileiras 
até um ano de idade (Murahovschi, 2006). 
Os agentes infecciosos tidos como “vilões” da alta morbimortalidade, eram, na 
realidade, simples carrascos a executarem a sentença de morte ditada pelas 
condições socioeconômicas desfavoráveis: a pobreza, a falta de saneamento básico, 
a baixa escolaridade e a consequente falta de educação em saúde, os serviços 
médicos insuficientes e o grande flagelo dos países em desenvolvimento, o desmame 
precoce (Murahovschi, 2006).A situação do Brasil melhorou significativamente: o saneamento básico, a 
universalização e a integralidade da atenção à saúde, a educação em saúde com uma 
visão ampliada do processo de adoecimento tiveram consequências sobre queda da 
natalidade (2,3 filhos/mulher) e na mortalidade infantil (27/1.000 nascidos vivos), e 
aumento da expectativa de vida ao nascer. A promoção da saúde integral da criança 
e o desenvolvimento das ações de prevenção de agravos e assistência têm como 
objetivos, além da redução da mortalidade infantil, prover qualidade de vida para a 
criança, ou seja, que está possa crescer e desenvolver todo o seu potencial. 
Acompanhar o crescimento e o desenvolvimento é o eixo central e integrador 
de todas as ações de saúde da criança: atendimento oportuno das necessidades de 
nutrientes biológicos, afetivos e socioculturais têm por características sua elevada 
eficácia na prevenção de problemas, na vigilância à saúde e na promoção de hábitos 
saudáveis de vida, com impacto surpreendente na morbimortalidade infantil. Mas têm 
sido frequentes as dificuldades para implementar essas ações. Entre as mais comuns: 
a baixa adesão das mães à consulta de puericultura, a dificuldade de compatibilizar 
as atividades de rotina da atenção básica – consultas de rotina, visitas domiciliares, 
grupos de promoção de saúde – com a demanda eventual para o tratamento de 
 
 
31 
 
doentes, além da falta de uma equipe completa e/ou competente para dar conta de 
uma tecnologia tão complexa quanto à das relações, as tecnologias leves (Merhy, 
1997, 2002). Ou seja, um modelo assistencial que se comprometa com a atenção 
integral à saúde da criança depende da organização dos serviços: deve incorporar a 
organização do processo de trabalho integrado entre os agentes comunitários de 
saúde, equipes de saúde da família, equipes de unidades básicas de saúde, atenção 
especializada, serviços de urgências, ações complementares de assistência 
(farmacêutica, apoio diagnóstico) e atenção hospitalar, além das ações intersetoriais 
que envolvem a criança e a família. 
Existem várias modalidades de atendimento à criança, as do núcleo específico 
de competência de cada profissional e aquelas do campo do cuidado (Merhy, 1998, 
2002), que pode ser realizada por qualquer trabalhador comprometido com a 
construção da resposta para uma necessidade de saúde (Cecílio, 2001). Esta 
estratégia de abordagem permite envolver toda a equipe no acompanhamento da 
criança, possibilita uma abordagem integral da saúde e ajuda a equacionar a agenda 
dos profissionais. 
O Ministério da Saúde (2004) propõe para atenção básica linhas de cuidado 
que privilegiam acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, incentivo ao 
aleitamento materno e alimentação saudável, prevenção de distúrbios nutricionais, 
imunização e atenção às doenças prevalentes, saúde bucal, saúde mental, prevenção 
de acidentes e maus-tratos, além de ações específicas dirigidas à mulher e ao recém-
nascido. 
12.1 Atenção à Saúde da Mulher: 
Para identificar fatores de risco ou diagnosticar e tratar doenças/problemas que 
podem comprometer a saúde da mulher e do recém-nato, a clínica ginecológica se 
compõe de uma série de ações – anticoncepção, atendimento às mulheres vítimas de 
violência, tratamento das doenças sexualmente transmissíveis/aids, atenção à 
infertilidade – com o objetivo de prevenir a gravidez indesejada ou de alto risco; de se 
ter um intervalo entre as gestações, de forma que a “mãe dedicada comum” (Winnicott, 
1966) possa ser o facilitador do crescimento e desenvolvimento infantil inicial 
(Winnicott, 1945, 1949,1960). 
 
 
32 
 
São, sem dúvida, ações importantes, mas, por si só, seriam capazes de atingir 
os objetivos propostos? Após a realização de vínculos, questionamentos 
esclarecedores da história/dinâmica familiar podem ser feitos à família: como foi/é o 
planejamento familiar? Como é o acompanhamento da Saúde da Mulher? São 
informações que podem nos auxiliar a identificar fatores de risco ou diagnosticar e 
tratar doenças/problemas que podem comprometer a saúde da mulher e do recém-
nato e ajudar o casal a tomar uma decisão mais satisfatória para suas necessidades. 
12.2 Atenção à Gestante e ao Recém-Nascido 
O acompanhamento pré-natal e a assistência à puérpera preveem o acesso 
universal, a primeira consulta realizada antes do 4° mês de gestação, com o mínimo 
6 consultas distribuídas ao longo da gestação e outros até 40 dias de puerpério, para 
garantir que intercorrências/doenças mais comuns (diabetes gestacional, infecções, 
doença hipertensiva da gravidez) sejam evitadas/tratadas. 
A maioria das mortes maternas e neonatais ocorre durante a internação para o 
parto. Organizar a referência e contra referência da gestante para o parto, com 
disponibilidade de meios seguros de transporte, assistência imediata e de qualidade 
no hospital/maternidade, a atenção a puérpera constituem passos importantes do 
cuidado, evitando que as mulheres no final da gravidez, muitas vezes já em trabalho 
de parto, perambulem pela cidade a procura de vaga em maternidade. 
Em Ribeirão Preto, o projeto “Nascer” promove o encaminhamento da gestante 
à unidade hospitalar, na 36ª semana de gravidez, onde finalizará o Pré-Natal e 
realizar-se-á o parto, conhecendo a equipe que a acolherá. 
Outro projeto municipal, o “Floresce uma Vida”, proporciona à dupla mãe-bebê 
orientações para aleitamento materno, anticoncepção durante a amamentação, teste 
da acuidade auditiva (teste da orelhinha) e visual (teste do olhinho). Na alta hospitalar, 
agenda-se o acompanhamento na Unidade Básica de Saúde (UBS), para realização 
do Teste do Pezinho (Triagem Neonatal para Fenilcetonúria, Anemia Falciforme, 
Hipotireodismo e Fibrose Cística), recebimento das primeiras vacinas, consultas de 
puericultura e puerpério. Este sistema de contra referência permite que as equipes 
das UBS’s estejam atentas às mães-crianças que não comparecerem à Unidade de 
Saúde na 1ª semana após o nascimento. A busca ativa tem como objetivos atender 
 
 
33 
 
multidisciplinarmente as dificuldades naturais da maternidade – Winnicott (1966) 
considera que a “preocupação materna primária” é condição materna essencial para 
prover as necessidades do recém-nascido, assim como confirmar diagnósticos e o 
imediato acompanhamento/ tratamento especializado de doenças incapacitantes. 
O princípio da regionalização no SUS tem entre as suas finalidades 
proporcionar um acesso facilitado ao atendimento nas UBS’s, equipadas para a 
atenção ao binômio mãe-bebê. Será que as unidades de saúde cumprem essa 
função? Quais são as facilidades e dificuldades? Seria interessante indagar às 
diversas famílias como realizaram/realizam o pré-natal e comparar com as diferenças 
de épocas, de unidades. O que podemos promover para que o ideal da saúde para 
todos seja cumprido? 
12.3 Incentivo ao Aleitamento Materno 
As evidências científicas comprovam que o leite humano tem grande potencial 
transformador no crescimento, desenvolvimento e prevenção de doenças na infância 
e idade adulta, pelas vantagens nutricionais, imunológicas, como pelo bem-estar e 
pela afetividade proporcionados às crianças. Considerado garantia fundamental para 
a da saúde infantil, o aleitamento materno exclusivo até os seis meses e 
complementado com alimentos apropriados até os dois anos de idade (Alves e Moulin, 
2008) só se desenvolverá se for promovido com apoio integral à mulher. Por isso, é 
prioridade o desenvolvimento das várias ações de promoção da amamentação. 
A abordagem inicia-se durante o pré-natal: orientações sobre os cuidados com 
os mamilos, importância do alojamento conjunto na maternidade e amamentação 
precoce, informações sobre a licença maternidade para a mulher trabalhadora 
(Constituição Federal garante 120 dias de licença maternidade, sem prejuízo do 
emprego e salário e direito à nutriz, quando do retorno aotrabalho, a pausa de uma 
hora por dia, podendo ser parcelada em duas – MS, 2010), a atenção aos outros filhos 
e ao pai, que costumam ficar enciumados com a dedicação que o bebê necessita. 
Após o nascimento, dedicar tempo para ouvir as dúvidas, preocupações, 
dificuldades das mães e familiares, conhecer as crenças que a comunidade cultiva 
auxiliam no desenvolvimento da amamentação e envolve todos neste processo. 
 
 
34 
 
Há toda uma cultura sobre o leite “fraco”, “aguado” que não sustenta o bebê, 
que pode ser reconstruída com informações claras, sem recriminações. Por exemplo, 
explicar como o leite é produzido, porque o uso de chupetas, mamadeiras pode levar 
ao desmame, os riscos de introdução de uma alimentação artificial precocemente, 
ajudam a mãe a decidir sobre a alimentação possível para o seu filho, isto é, o ideal 
de amamentação que cabe em seus recursos internos e externos. 
Orientação quanto ao posicionamento da criança e pega da aréola mamária 
pode evitar lesões nos mamilos, ingurgitamento mamário, processos tão dolorosos 
para a mãe, que podem levar ao desmame. 
Todas estas medidas, que a equipe da saúde está capacitada para realizar, 
são importantes, mas para que a amamentação seja bem sucedida, a mãe precisa de 
apoio emocional, ajuda nas tarefas domésticas, estar de fato amparada pelas leis 
trabalhistas, entre outras condições, sempre surpreendentes para quem se dispõem 
a conhecê-las. 
Qual a importância que a família visitada dá ao aleitamento materno? Há 
criança em aleitamento exclusivo, ou as crianças foram amamentadas ao peito? Se 
não, quais foram as dificuldades? As mulheres conhecem as leis que protegem a 
criança e, portanto, seu direito de amamentar? 
12.4 Acompanhamento do Crescimento e Desenvolvimento 
O seguimento da criança tem a potência de estreitar e manter o vínculo da 
criança e da família com os serviços de saúde, propiciando oportunidades de 
abordagem para a promoção de hábitos de vida saudáveis, vacinação, prevenção de 
problemas e agravos e provendo o cuidado em tempo oportuno. 
O acompanhamento do crescimento e desenvolvimento faz parte da avaliação 
integral à saúde da criança. Toda criança deve receber a “Caderneta de Saúde da 
Criança” (CSC - MS), de preferência ainda na maternidade. Implantada desde 2005, 
é o documento onde são registrados os dados de identificação da criança, da história 
obstétrica e neonatal, da alimentação, do crescimento e desenvolvimento, da saúde 
bucal, auditiva e visual, as vacinações, além do registro das intercorrências clínicas. 
Contém ainda orientações para a promoção da saúde e prevenção de agravos como 
acidentes e violência doméstica. Entregue às famílias na maternidade, deve 
 
 
35 
 
acompanhar a criança sempre que esta for levada a qualquer serviço de saúde. O 
registro correto e completo das informações é requisito básico para vigilância e 
promoção da saúde infantil, além do diálogo com a família sobre as anotações 
realizadas possibilitar apropriação do sentido da puericultura, favorecendo sua maior 
adesão e co-responsabilização pelas ações de vigilância à saúde. As visitas 
domiciliares ou os atendimentos de saúde na UBS são oportunidades de entrar em 
contato com este cartão fazendo atualizações. As unidades de saúde em que estamos 
trabalhando fazem uso desta ferramenta? 
Para organizar o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, o 
Ministério da Saúde propõe um calendário mínimo de atendimentos à criança. Vamos 
conhecer a agenda de puericultura de sua unidade: como a equipe se apropria deste 
acompanhamento? E as famílias? Há dificuldade de acesso? 
 
 
Na casa da família, a Caderneta de Saúde da Criança pode ser solicitada e verificada. No caso de 
não existir, o estudante pode apresentá-la à família, mostrando sua importância. 
12.5 Alimentação Saudável e Prevenção do Sobrepeso e Obesidade 
Como já vimos, o aleitamento materno é o início de uma alimentação saudável, 
por isso tem sido tão incentivado. A introdução de novos alimentos, aos 6 meses de 
idade para as crianças que estavam em aleitamento exclusivo, demanda observação 
dos hábitos alimentares da família e orientação cuidadosa baseada na nutrição 
saudável. A equipe de saúde deve destacar a importância dos hábitos alimentares, 
como um meio eficiente de promoção da saúde, controle dos desvios alimentares e 
nutricionais e prevenção de várias doenças, como as deficiências nutricionais, as 
doenças crônicas, sobrepeso e obesidade. As ações de vigilância devem identificar, 
através da CSC, as famílias e crianças em risco e priorizar o seu atendimento por 
programas de transferência de renda ou de distribuição de alimentos disponíveis. 
 
 
36 
 
Mais uma vez valorizamos a importância de tais medidas, mas devemos estar 
atentos para a possibilidade da realização das práticas de orientação, após 
observação cuidadosa, conhecimento e desenvolvimento de vínculo com a família, 
caso contrário não passam de discursos sanitários distantes da realidade das 
pessoas. Seria interessante observar: sob que cuidados ficam as crianças quando as 
mães voltam a trabalhar? Nas creches, pré-escolas e mesmo nas escolas, a 
alimentação oferecida está de acordo com o que aprendemos sobre a dieta saudável? 
As fórmulas lácteas prescritas como ideais para substituição do aleitamento materno, 
cabem no orçamento da maioria das famílias a que assistimos? Desnutrição ou 
obesidade é um problema na família visitada? Procure observar, com discrição, 
horários alimentares, a característica dos alimentos presentes, às vezes, até o 
conteúdo do lixo pode fornecer informações importantes. 
12.6 Imunização 
A erradicação da febre amarela urbana, da varíola, da poliomielite e eliminação 
da circulação autóctone do vírus do sarampo são avanços alcançados no controle das 
doenças imunopreveníveis, mas muito ainda deve ser feito para se atingir a meta de 
vacinar com o esquema básico no mínimo 95% das crianças que nascem a cada ano, 
para garantir a interrupção da circulação dos agentes etiológicos das doenças 
imunopreveníveis. Assim, é prioridade na atenção à saúde da criança e da mulher: 
• Vacinar mulheres em idade fértil com a dupla adulto e tríplice viral; 
• Vacinação contra hepatite B até 24 anos; 
• Gestantes sem esquema vacinal ou com esquema vacinal 
incompleto ou completado há mais de 5 anos devem receber a 
vacina dupla adulto. Completar esquema com dupla adulto e 
tríplice viral no pós-parto e pós-aborto, se o esquema vacinal não 
estiver completo; 
 •o esquema de vacinação contra hepatite B inicia-se nas primeiras 12 
horas de vida do recém-nascido. Quando a mãe é portadora do vírus da 
Hepatite B, é necessária aplicação de imunoglobulina anti-hepatite B nos 
recém-nascidos também nas primeiras 12 horas de vida; 
 
 
37 
 
 •o BCG intra-dérmico deve ser feito de preferência na maternidade, ou 
na primeira semana de vida com o objetivo de atingir cobertura de 90% 
das crianças; 
• Completar o esquema básico de vacinação da criança menor de 
1 ano com a vacina contra a poliomielite (Sabin), contra o tétano, 
coqueluche, difteria e hemofílico B (tetravalente) e hepatite B; 
contra rotavírus, contra pneumococos, contra a rubéola, caxumba 
e sarampo (tríplice viral); 
• Em área endêmica, vacinar 100% da população menor de 1 ano 
contra febre amarela. 
Reduzir as taxas de morbimortalidade das doenças imunopreveníveis 
compreende conhecer a situação das mesmas. Na ocorrência de alguma delas, a 
equipe de saúde deve notificar imediatamente a vigilância epidemiológica para se 
traçar medidas de prevenção e controle. A Unidade de Saúde deve garantir o 
funcionamento da sala de vacina, sem restrição de horários, para não se perder a 
oportunidade de vacinar toda a população, acompanhar a cobertura vacinal das 
crianças de sua área, fazendo a busca ativa de faltosos. A continuidade do 
acompanhamento do crescimento e desenvolvimentoda criança nos serviços de 
saúde possibilita ampliar a cobertura de vacinação, principalmente depois dos 5 anos 
de vida, quando a cobertura não tem sido atingida pela ação dos serviços de saúde. 
Em Ribeirão Preto, o sistema Hygia tem registro do esquema de vacinas das 
pessoas que as receberam no município. Seria interessante saber a situação vacinal 
da família acompanhada por você, relacioná-la com a cobertura da área de 
abrangência da UBS e da cidade, conhecer o funcionamento da sala de vacina, avaliar 
se as metas estão sendo atingidas, quais as dificuldades para alcançá-las. Há outras 
vacinas (contra varicela, hepatite A, papiloma vírus) que não constam do calendário 
da rede pública, mas estão disponíveis na privada. É importante saber a razão desta 
diferença para orientar e esclarecer as pessoas. 
Durante a visita domiciliar, o estudante pode dizer que faz parte do seu 
aprendizado o Calendário Vacinal e que para isso precisa ver vários cartões de 
vacinas. A inexistência do cartão ou a falta de vacinação são informações importantes 
para elaboração de ações que possam auxiliar a família cumprir com prevenção tão 
importante. 
 
 
38 
 
12.7 Atenção às Doenças Prevalentes: 
As doenças diarreicas e respiratórias persistem como graves problemas para a 
criança, pondo em risco a sua vida. Entre as doenças respiratórias, as alergias, 
pneumonias e a asma constituem motivo frequente de consultas em ambulatórios e 
serviços de urgência, o que demanda equipes de saúde qualificadas para uma 
atenção integral, evitando-se internação hospitalar e morte por esse motivo. 
As parasitoses intestinais seguem com prevalência significativa na infância, 
interferindo no desenvolvimento adequado da criança, o que demanda, conjuntamente 
com a doença diarreica, ações intersetoriais integradas e promotoras de acesso à 
água tratada e esgotamento sanitário, além de tratamento adequado. 
As ações contra transmissão vertical do HIV, a sífilis e a rubéola congênita e o 
tétano neonatal têm sido realizadas por meio do oferecimento de exames sorológicos, 
tratamento e profilaxia durante o pré-natal, no parto e no puerpério, de modo que as 
medidas de prevenção e controle pertinentes sejam tomadas, prevenindo-se novos 
casos. 
Como existem ações de saúde e intersetoriais integradas para prevenção e 
controle dessas doenças, a prevalência e o índice de incidência aumentados 
determina investigação crítica sobre as circunstâncias de sua ocorrência, indicando 
as que necessitam de implementação. A UBS visitada por vocês possui estes dados? 
Há outras doenças cujos indicadores são preocupantes? 
A família visitada lida com algum destes problemas de saúde? Tem acesso a 
tratamento? É necessária a intervenção de outros setores para resolução dos 
problemas? 
12.8 Atenção à Saúde Bucal 
É importante saber sobre as funções e a importância da boca para a saúde das 
pessoas, incluindo as relações sociais. A saúde bucal da criança começa com o 
cuidado à saúde da mulher e da família: condições favoráveis antes e durante a 
gravidez, inclusive com tratamentos preventivos e curativos evitam trabalho de parto 
prematuro. Em Ribeirão Preto, através do Projeto “Meu Bem Querer”, as gestantes 
são priorizadas para o tratamento dentário. 
 
 
39 
 
O aleitamento materno deve ser incentivado, pois promove a saúde dos dentes 
e o correto crescimento dos ossos da face, prevenindo problemas ortodônticos e da 
fala. 
O vínculo criado entre a equipe de saúde e a família permite conhecer a 
importância atribuída por esta à sua saúde bucal e quais os seus hábitos de vida, 
principalmente alimentares e de higiene. Hábitos lesivos (falta de horário para 
alimentação, uso de chupetas e mamadeiras, ingestão excessiva de medicamentos, 
consumo de álcool, fumo e drogas) podem ser modificados, através de trabalhos em 
grupos, consultas, visitas e observação, para melhorar a saúde de toda a família. 
Os cuidados de higiene bucal (acesso à água fluoretada, uso de panos, gaze, 
escova e fio dental), devem ser constantemente estimulados e construídos nas 
diversas ações das equipes de saúde, como a única maneira de se controlar a 
microbiota bucal no dia-a-dia, a cárie ou outras doenças da boca. Os tratamentos 
preventivos e curativos devem ser realizados em intervalos regulares constantemente. 
Como é a atenção à saúde bucal da unidade de saúde que você visita? Qual a 
importância que a família dá a ela, hábitos de higiene bucal, acesso ao tratamento 
dentário? 
12.9 Saúde Mental 
Todos os cuidados que se tem com a família, mulher-mãe, antes mesmo do 
nascimento de uma criança, saber como é a relação com o bebê, a maneira como 
essa família se dispõe a cuidar, seu percurso escolar desde os primeiros anos, enfim, 
como essa criança é recebida e “endereçada” ao mundo, são fatores fundamentais 
para a saúde mental. 
A Psicologia do Desenvolvimento e a Psicanálise reconhecem que as 
experiências infantis precoces têm influências importantes sobre a personalidade 
(Winnicott, 1971; Brazelton e Cramer, 1990; Bowlby, 1976). Nesse contexto, para 
todos os profissionais que atuam na rede de cuidados, o acompanhamento do 
crescimento e desenvolvimento se coloca como o eixo privilegiado da identificação de 
necessidades especiais, acolhendo mães e famílias com dificuldades na relação com 
o recém-nascido, identificando casos em que se caracteriza a necessidade de uma 
abordagem multidisciplinar e intersetorial mais intensiva, como nos casos em que há 
 
 
40 
 
sintomas indicativos de autismo, psicose, ou neuroses mais severas. Devem ser 
definidos a rede e o fluxo de assistência capazes para avaliação e o tratamento destas 
crianças. 
Muitas das demandas atuais à saúde mental decorrem da ausência de espaços 
de participação social, de exercício do protagonismo infanto-juvenil, da falta de 
perspectivas e de oportunidades para o desenvolvimento das aptidões e mesmo do 
efetivo exercício de cidadania de crianças e jovens. Reconhecer a importância e o 
significado dos espaços de construção coletiva e de efetivo exercício da 
intersetorialidade, fundamentais na luta para assegurar o lugar da criança no seu 
território, na comunidade e na cidade tem a potência de reverter em medidas – 
inclusão em atividades de socialização, oficinas culturais e esportivas da própria 
comunidade –, recursos tão valiosos para promoção da saúde e prevenção dos 
distúrbios de comportamento e das doenças mentais. 
Como a equipe de saúde visualiza e promove a saúde mental, na Atenção 
Básica? Seria interessante conhecer na família visitada, como estes reconhecem e 
valorizam a saúde mental. A doença mental é importante na área de adscrição da 
unidade de saúde, e na família visitada por você? 
12.10 Prevenção de acidentes, maus-tratos/violência e trabalho infantil 
A violência urbana e doméstica (o abuso sexual, o abandono, a negligência e 
a violência psicológica), os acidentes domésticos (quedas, choques elétricos, 
queimaduras e ingestão de substâncias químicas) e do trânsito, deixam marcas, nem 
sempre visíveis, por toda a vida, são causas importantes de morbimortalidade na 
infância, e trazem aos serviços de saúde a necessidade de estruturação diferenciada. 
Cabe às equipes de saúde identificar e notificar os casos de violência e maus-
tratos, suspeitos ou confirmados (Notificação Obrigatória de Maus-Tratos contra 
Crianças e Adolescentes– MS, 2002), de acordo com fluxo local, além de proceder ao 
acolhimento, assistência, tratamento e encaminhamentos necessários utilizando a 
rede de apoio existente. 
As equipes de saúde deverão estar atentas para reconhecer situações de risco 
nas famílias (alcoolismo, abuso de drogas, desagregação familiar) além de sinais e 
sintomas sugestivos de violência em todos os seus atendimentos e visitas 
 
 
41 
 
domiciliares, tais como lesões físicas (equimoses, fraturas, queimaduras), alterações 
de comportamento (agressividade,medo, timidez excessiva, apatia), negligência 
(criança malcuidada, internações repetidas, desnutrição crônica, etc.), entre outros. 
Esses comportamentos podem refletir situações de abuso psicológico, abuso 
sexual/físico; síndrome da criança espancada; síndrome do bebê sacudido; 
abandono; maus-tratos; negligência, violência institucional, intrafamiliar e violência 
social. 
Campanhas educativas de prevenção aos acidentes e violências na infância e 
adolescência, desenvolvidas em parceria com organizações não governamentais, 
universidades e sociedades científicas são importantes para a mudança de hábitos 
culturais presentes na comunidade. 
O setor saúde tem dificuldades em olhar para o castigo familiar, muitas vezes 
visto como educativo; reconhecer programas televisivos, filmes e “games” como 
inadequados para compreensão e desenvolvimento da criança; valorizar a negligência 
familiar e da sociedade como determinantes tão importantes para o adoecimento. 
Estes têm sido focos da sua observação nas visitas familiares? E a UBS à qual você 
se vinculou este ano, participando do trabalho de reconhecimento dos determinantes 
sociais da doença, como lida com o tema da violência, maus tratos e trabalho infantil? 
12.11 Atenção à criança portadora de deficiência 
Pelo menos 10% das crianças nascem ou adquirem algum tipo de deficiência 
– física, mental ou sensorial – com repercussão negativa no desenvolvimento 
neuropsicomotor. Por outro lado, cerca de 70 a 80% das sequelas podem ser evitadas 
ou minimizadas através de condutas e procedimentos simples de baixo custo e de 
possível operacionalização (acompanhamento do crescimento, estimulação global do 
desenvolvimento, imunização e abordagem oportuna das alterações observadas). 
As crianças com necessidades especiais devem receber atenção integral e 
multiprofissional, devendo ter como referencial a promoção da sua inclusão e 
participação social. Em toda visita domiciliar ou atendimento da criança a equipe de 
saúde deve estar atenta a alguns sinais de alerta como atraso nas aquisições 
neuropsicomotoras, comportamentos estereotipados e repetitivos, apatia frente a 
estímulos do ambiente, dificuldade em fixar visualmente o rosto da mãe e objetos do 
 
 
42 
 
ambiente, ausência de resposta aos estímulos sonoros, dentre outros, possibilitando 
a detecção dos problemas em tempo oportuno para o desenvolvimento de ações de 
diagnóstico e intervenção precoce, de habilitação e reabilitação, promoção de saúde 
e prevenção de impedimento físico, mental ou sensorial e de agravos secundários, 
minimizando as consequências da deficiência. 
O cuidado integral à criança portadora de deficiência (diagnóstico, tratamento, 
procedimentos de reabilitação, medicamentos, assistência odontológica, ajudas 
técnicas e a nutrição adequada; o fornecimento de órteses, próteses, bolsas 
pediátricas de colostomias, medicamentos, leites especiais; obedecendo o fluxo local 
de assistência) pressupõe reabilitar a criança na sua capacidade funcional e 
desempenho humano, proteger a sua saúde para que possa desempenhar o seu 
papel em todas as esferas da sua vida social. 
Há na família visitada alguma criança com deficiência? A família tem acesso 
aos recursos disponibilizados pelo SUS? E na população adscrita pela unidade de 
saúde, a deficiência é um problema? Como a equipe da unidade intermedia estes 
recursos? 
12.12 Atenção à Saúde do Adolescente e Jovens: 
A adolescência é caracterizada por profundas mudanças físicas, emocionais, 
mentais e sociais. Puberdade refere às mudanças fisiológicas e morfológicas, as 
principais manifestações são: o estirão puberal, o desenvolvimento gonadal, o 
desenvolvimento dos órgãos de reprodução e das características sexuais 
secundárias. Do mesmo modo, as modificações nas relações sociais – na família, na 
escola e na comunidade fazem com que os adolescentes vivenciem um processo 
contínuo de busca de autonomia e independência, com um novo olhar para a vida, 
acompanhado de um questionamento de valores até então aceitos. A interação 
dessas transformações no contexto da família, da sociedade e do ambiente 
sociocultural culmina com a construção da identidade adulta. Esta não acontece, na 
maioria das vezes, tranquilamente. É preciso estar mais uma vez atento aos suportes 
familiar, comunitário e social. 
As mudanças na estrutura familiar e no mercado de trabalho aumentaram o 
tempo que os adolescentes passam sem a presença dos adultos, especialmente dos 
 
 
43 
 
pais. Dessa forma, o processo de amadurecimento que deveria ser gradual, com a 
aquisição de autonomia e responsabilidade, ocorre de forma abrupta. Além disso, o 
distanciamento dos pais limita a comunicação entre os adolescentes e suas famílias, 
constituindo risco para a iniciação precoce de atividade sexual, uso de drogas e 
comportamentos delinquentes. O profissional de saúde tem como uma de suas 
atividades perceber a dinâmica familiar e criar espaços para fortalecer essa relação, 
buscando a participação de outras pessoas da família e da comunidade. A escola tem 
grande significado na formação da identidade da criança e do adolescente, por isso 
representa um lugar privilegiado de aprendizagem e de promoção de saúde. 
A equipe de saúde conhece os problemas enfrentados pelas famílias com 
adolescentes e jovens? Quais são os indicadores para gravidez na adolescência, 
obesidade, absenteísmo escolar, trabalho infantil, alcoolismo e uso de drogas? E na 
família visitada, há algum desses problemas? 
Assim, o espaço de interação com o adolescente e jovem na família deve 
contribuir para o desenvolvimento da cidadania, evidenciando a importância de sua 
participação na vida social e de seu papel protagonista na construção de um projeto 
de vida consciente e responsável. É importante conhecer o seu engajamento na vida 
da família e da comunidade, como é o acesso para prática de esporte, lazer, cultura, 
expressão artística e de atividades que promovam a saúde, principalmente na 
discussão de conteúdos ligados à sexualidade e a questões ambientais. 
A estratégia de saúde da família, entendida como o conjunto de ações, de 
caráter individual ou coletivo, desempenhadas para a promoção da saúde e a 
prevenção dos agravos, bem como para as ações de assistência aos problemas de 
saúde é o eixo norteador para a organização da atenção básica nas unidades de 
saúde. Portanto, a unidade básica de saúde é preferencialmente porta de entrada do 
sistema, é o momento privilegiado para prover ações resolutivas, que contemplem 
integralmente e de forma mais abrangente as necessidades colocadas. No entanto, 
não se pode perder de vista que qualquer local do sistema de saúde e outros espaços 
sociais colocam-se como oportunidade de cuidado. 
As unidades de saúde devem aderir à Agenda de Compromissos para a Saúde 
Integral da Criança e Redução da Mortalidade Infantil. O alcance de resultados, 
definidos e pactuados, devem ser avaliados periodicamente, através de critérios e 
 
 
44 
 
indicadores para essa avaliação tendo como referência as diretrizes apontadas pelos 
níveis regionais, estaduais e federal. 
Agência Brasil. Nova Caderneta de Saúde da Criança. 
http://www.soperj.org.br/download/caderneta_saude_da_crianca_todos.pdf 
Alves, C.R.L e Molina, Z.S. Saúde da Criança e do Adolescente, crescimento, 
desenvolvimento e alimentação. Belo Horizonte, Editora Coopte, Nelson UFMG, 2008. 
 
 
 
45 
 
BIBLIOGRAFIA 
Braz Elton, T.B. e Cremer, B.G. As primeiras relações. São Paulo: Livraria Martins 
Fontes Editora, 1992. 
Campos, G.W. de S. (2003) Saúde Paidéia. São Paulo: Editora Mussite, terceira 
edição, 2007. 
Cartilha de Prevenção à Violência Doméstica Contra Crianças e Adolescentes/ 
Secretaria de Estado da Segurança Públicas/ Ministério da Justiça. 
Cecílio, L.C. de O. As Necessidades de Saúde como Conceito Estruturante na Luta 
pela Integralidade e Equidade na Atenção à Saúde.

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