Buscar

Crimes_Ambientais_Unificado

Prévia do material em texto

Sumário 
CRIMES AMBIENTAIS –9.605/98 ..................................................................................................................................................................................... 2 
1. ASPECTOS INICIAIS ..................................................................................................................................................................................................... 2 
2. CRIMES AMBIENTAIS E RESPONSABILIDADE DA PESSOA FÍSICA ....................................................................................................... 4 
3. CRIMES AMBIENTAIS E RESPONSABILIDADE DA PESSOA JURÍDICA ................................................................................................. 5 
4. COMPLEMENTOS JURISPRUDENCIAIS .............................................................................................................................................................. 8 
5. DA APLICAÇÃO DA PENA ....................................................................................................................................................................................... 8 
6. ASPECTOS PROCESSUAIS ...................................................................................................................................................................................... 12 
7. CRIMES EM ESPÉCIE ................................................................................................................................................................................................. 13 
 
 
CRIMES AMBIENTAIS –9.605/98 
1. ASPECTOS INICIAIS 
1.1 - Introdução 
A tutela criminal do meio ambiente deriva de uma imposição constitucional estabelecida 
pelo art. 225, §3° da Constituição Federal, o qual prevê o seguinte mandado constitucional de 
criminalização1: 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de 
vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo 
e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente 
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e 
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos 
causados. 
Nesses dispositivos o constituinte destaca a importância de um meio ambiente equilibrado, 
necessário às presentes e futuras gerações, trazendo ainda o dever de preservação por parte do 
Poder Público e toda a coletividade. Sem uma preservação ambiental adequada, a vida, ou pelo 
menos uma boa qualidade dela, é colocada em risco. Dessa forma, pelo fato de encontramos no 
direito penal a tutela dos bens jurídicos mais importantes para a sociedade, além da maior força 
cogente que esse ramo do direito possui, podendo retirar a liberdade de locomoção do infrator, 
o constituinte optou também pela da tutela penal (sem prejuízo da administrativa), pois efetiva 
em prevenir ou, caso já ocorrido o dano, reparar o meio ambiente, com incidência de sanções 
penais (e administrativas) adequadas a essa finalidade. 
Cumprindo com o mandado de criminalização estabelecido pela Constituição, foi editada a 
Lei 9.605/98, a qual dispõe sobre as sanções penais e administrativas2 derivadas de condutas e 
atividades lesivas ao meio ambiente. 
Objetivos da Lei (tutela penal). A tutela penal do meio ambiente tem como primeiro (e 
lógico) objetivo prevenir a ocorrência do dano ambiental. Caso esse já tenha ocorrido, 
percebemos em toda a lei uma preocupação na reparação desse dano, ou, caso não seja possível, 
pelo menos a sua compensação. 
Isso é nítido em vários dispositivos da lei e deve ser levado consideração quando da sua 
interpretação. Temos, por exemplo, a previsão das penas aplicáveis às pessoas jurídicas (art. 21), 
na qual todas estão ligadas ou à reparação ou à compensação do dano ambiental causado. 
Esquematização. A lei 9.605/98 possui 82 artigos3, distribuídos em 8 Capítulos: 
 
CAP I - DISPOSIÇÕES GERAIS Arts. 1° -> 5° 
CAP II - DA APLICAÇÃO DA PENA Arts. 6° -> 24 
CAP III - DA APREENSÃO DO PRODUTO E DO 
INSTRUMENTO DE INFRAÇÃO 
ADMINISTRATIVA OU DE CRIME 
 
Art. 25 
 
1 Uma espécie de “ordem” pela qual a CF “manda” que determinados assuntos sejam regulamentados, tratados por meio 
de lei. No caso dos mandados de criminalização, há uma ordem que determinadas condutas sejam criminalizadas pelo 
legislador ordinário. 
2 Uma mesma conduta lesiva ao meio ambiente poderá ocasionar sanções na esfera penal e administrativa. 
3 Incluindo àqueles que foram vetados. 
CAP IV - DA AÇÃO E DO PROCESSO PENAL Arts. 26 -> 28 
CAP V - DOS CRIMES CONTRA O MEIO 
AMBIENTE 
Arts. 29 -> 69-A 
CAP VI - DA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA Arts. 70 -> 76 
CAP VII - DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL 
PARA A PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE 
Arts. 77 -> 78 
CAP VIII - DISPOSIÇÕES FINAIS Arts. 79 -> 82 
 
Quanto ao estudo da sua parte criminal, sem dúvidas a que possui maior incidência em 
provas de concursos, ela é dividida pela doutrina em parte geral (arts. 1 a 28) e parte especial 
(art. 29 a 69-A). 
Na parte geral estão previstas normas relacionadas basicamente a aplicação da pena e a 
aspectos administrativos e processuais. Na parte especial estão os crimes em espécie. 
Competência. Deixando de lado algumas discussões doutrinárias e jurisprudenciais mais 
complexas e, assim, focando naquilo que tem sido objeto de prova em nossos concursos, saiba 
que a competência para processo e julgamento dos crimes ambientais será, em regra, da Justiça 
Estadual. Só teremos deslocamento para a Justiça Federal se vislumbrarmos, no caso concreto, 
alguma das hipóteses previstas no art. 109 da CF, em especial o seu inciso IV. 
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: 
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de 
bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou 
empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a 
competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; 
No mesmo sentido é o entendimento dos Tribunais Superiores: a competência somente 
será da Justiça Federal se o delito ambiental causar dano direto e específico a interesse da União, 
suas autarquias ou empresas públicas (federal). 
1.2 - Princípio da Insignificância 
Embora a doutrina majoritária entenda não ser possível a aplicação do princípio da 
insignificância aos crimes ambientais4, em razão da importância fundamental do meio ambiente 
(inexistindo conduta criminosa insignificante em relação a esse bem jurídico), os Tribunais 
Superiores entendem pela possibilidade de sua aplicação5, quando demonstrada a ínfima 
ofensividade ao bem ambiental tutelado (esse é o entendimento a ser levado para a prova 
objetiva): 
PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO 
ESPECIAL. CRIME AMBIENTAL. ATIPICIDADE MATERIAL. 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. 
I - Esta Corte tem entendimento pacificado no sentido de que é 
possível a aplicação do denominado princípio da insignificância aos 
 
4 Nesse sentido: KURKOWSKI, Rafael Schwez. Leis Penais Especiais comentadas-artigo por artigo. 2ª ed. Salvador: 
Juspodivm, 2019, p. 1306 e 1307. 
5 Vale ressaltar que há, no âmbito dos Tribunais Superiores, decisões admitindo bem como vedando a incidência do 
referido princípio (não existe uma orientação uniforme). Por isso concluímos que é possível a sua aplicação, mas desde 
que preenchidos os requisitos elencados pela jurisprudência. 
delitos ambientais, quando demonstrada a ínfima ofensividade ao 
bem ambiental tutelado (...). 
5ª Turma-STJ. AgRg no AREsp 1051541/ES, Min. Rel. FELIX 
FISCHER, julgado em 28/11/2017. 
 
 
(...) 
1. A proteção, em termos criminais, ao meio ambiente decorre de 
mandamento constitucional, conforme prescreve o § 3º do art. 225: 
“[a]s condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente 
sujeitarãoos infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções 
penais e administrativas, independentemente da obrigação de 
reparar os danos causados”. 
(...) 
3. Essa proteção constitucional, entretanto, não afasta a 
possibilidade de se reconhecer, em tese, o princípio da 
insignificância quando há a satisfação concomitante de certos 
pressupostos, tais como: a) mínima ofensividade da conduta do 
agente; b) nenhuma periculosidade social da ação; c) 
reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; e d) 
inexpressividade da lesão jurídica provocada (...). 
2ª Turma-STF. RHC 125566 / PR, Min. Rel. DIAS TOFFOLI, julgado 
em 26/10/2016 (Info. 845). 
 
(PCAC-IBADE/2017 adaptada) Não se aplica o princípio da insignificância quanto aos crimes 
previstos na Lei de Crimes Ambientais, considerando que o bem jurídico tutelado é o meio 
ambiente, indispensável à sobrevivência da sociedade. 
 
Embora boa parte da doutrina entenda ser inaplicável o referido princípio aos crimes 
ambientais, o posicionamento majoritário nos Tribunais Superiores é no sentido da 
possibilidade de sua aplicação, quando demonstrada a ínfima ofensividade ao bem ambiental 
tutelado. Gabarito: errado. 
 
2. CRIMES AMBIENTAIS E RESPONSABILIDADE DA PESSOA FÍSICA 
Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes 
previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua 
culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de 
conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou 
mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de 
outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la. 
Concurso de Pessoas. A primeira parte do mencionado art. 2°, à semelhança do prescrito 
no art. 29, caput do Código Penal, adota a chamada teoria monista ou unitária do concurso de 
pessoas aos crimes ambientais: todos os coautores ou partícipes responderão pelo mesmo 
delito, na medida de sua culpabilidade. 
 Ou seja, praticado um crime da Lei 9.605/98, todos aqueles que concorreram para o delito 
(coautoria/participação) irão responder pelo mesmo crime (na medida de sua culpabilidade). 
Omissão Penalmente Relevante. A segunda parte do art. 2° traz a chamada omissão 
penalmente relevante, a qual também possui correspondente no Código Penal: art. 13, §2°. A 
omissão é relevante quando há o dever e possibilidade de agir para evitar o resultado, e é dessa 
forma que dispõe o art. 2° ao responsabilizar os dirigentes (pessoa física) da pessoa jurídica que, 
tomando conhecimento de alguma conduta criminosa praticada por outrem (ou seja, por ação), 
deixa de impedi-la quando podia agir para evita-la (praticando assim, uma conduta omissiva). 
Eles responderão a título de participação pelo crime - participação por omissão. 
Então perceba, além do dever de agir imposto pela norma aos dirigentes, para que haja a 
responsabilização por omissão, deve existir: 
-> Conhecimento da existência do crime (evitando assim a responsabilidade penal 
objetiva6); 
-> Possibilidade de evitar o resultado (ninguém pode ser obrigado a evitar o impossível). 
 
3. CRIMES AMBIENTAIS E RESPONSABILIDADE DA PESSOA JURÍDICA 
3.1 – Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica 
Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil 
e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração 
seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de 
seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. 
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a 
das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato. 
Responsabilidade penal. Quanto à possibilidade de responsabilização penal da pessoa 
jurídica, temos vários posicionamentos doutrinários. Destacamos, de forma objetiva, os dois 
principais: 
Para uma primeira corrente, a pessoa jurídica não pode praticar crimes (societas 
delinquere non potest), haja vista que elas são meras abstrações, entes fictícios, desprovidas de 
consciência, vontade, bem como dolo ou culpa e, portanto, não há como responsabiliza-la por 
qualquer tipo de conduta criminosa7. 
Por outro lado, temos doutrinadores que entendem ser perfeitamente possível a 
responsabilização penal da pessoa jurídica8 (societas delinquere potest), argumentando que não 
são meras abstrações, mas sim entes reais, possuindo vontade e capacidade próprias (que não 
se confunde com a vontade das pessoas físicas que as integram), podendo, dessa forma, 
responder por crimes9. Essa é a posição adotada pela Lei 9.605/98, bem como pelos Tribunais 
Superiores, sendo a mais recomendada para provas objetivas. 
Responsabilidade penal da pessoa jurídica de direito público. Temos duas correntes que 
disputam espaço: 
Um primeiro entendimento é no sentido da possibilidade da responsabilização penal, na 
medida em que nem o art. 225, §3° da CF nem a Lei 9.605/98 fizeram qualquer distinção ao se 
referir aos entes coletivos, abrangendo, portanto, as entidades de direito público e privado. 
 
6 É vedada em nosso ordenamento jurídico, haja vista que implica em responsabilização criminal sem que haja dolo ou 
culpa. 
7 Essa corrente se baseia na teoria da Ficção Jurídica, de Savigny e Feuerbach, pela qual as pessoas jurídicas são meras 
abstrações, sem existência ou vontade real. 
8 Tal responsabilidade decorre da chamada “culpabilidade social”, a qual é baseada na ideia de a pessoa jurídica ser o 
centro de onde emanam as decisões e que, portanto, gera uma responsabilidade à entidade como um todo. 
9 Tal corrente adere à teoria da Realidade ou Personalidade Real, de Otto Gierke, pela qual as pessoas jurídicas são entes 
reais, com capacidade e vontade próprias (ex: é capaz de direitos e obrigações na seara civil). 
Para outros doutrinadores, é impossível que a pessoa jurídica de direito público sofra 
consequências penais, pelo fato de ser totalmente incompatível tal responsabilização: o Estado 
não pode punir a si próprio, haja vista que se assim fizesse estaria punindo a própria 
coletividade. Tal posicionamento já foi mencionado pela jurisprudência do STJ (embora o caso 
concreto em análise no julgamento não tratasse diretamente da temática citada): 
(...) 
Os critérios para a responsabilização da pessoa jurídica são 
classificados na doutrina como explícitos: 1) que a violação decorra 
de deliberação do ente coletivo; 2) que autor material da infração 
seja vinculado à pessoa jurídica; e 3) que a infração praticada se dê 
no interesse ou benefício da pessoa jurídica; e implícitos no 
dispositivo: 1) que seja pessoa jurídica de direito privado; 2) que o 
autor tenha agido no amparo da pessoa jurídica; e 3) que a atuação 
ocorra na esfera de atividades da pessoa jurídica. 
(...) 
5ª Turma-STJ. REsp 564960/SC, Min. Rel. GILSON DIPP, julgado em 
02/06/2005. 
 
Requisitos para a responsabilidade penal. O art. 3° da Lei de Crimes Ambientais elenca dois 
requisitos (cumulativos) para que esteja caracterizada a responsabilidade penal da pessoa 
jurídica: 
-> Quando a infração for cometida por decisão de seu: representante legal/contratual ou 
órgão colegiado. 
Ex: Se um funcionário comum da empresa, que trabalha cortando árvores com motosserra, 
decide cortar árvores contidas em área de preservação permanente, essa conduta criminosa não 
será imputada à pessoa jurídica que o emprega (ele não é representante ou integrante de órgão 
colegiado). 
-> No interesse/benefício da pessoa jurídica. 
Além da infração ser cometida por decisão de seu representante ou órgão colegiado, essa 
conduta criminosa tem que ter por finalidade causar algum benefício à empresa, caso contrário 
a pessoa jurídica não poderá ser responsabilizada criminalmente. Ex: diretor de uma empresa 
que determina a seus empregados que cortem árvores de área de preservação permanente e 
levem a madeira para local determinado, onde o diretor está construindo uma casa particular. 
Nesse caso, o crime não poderá ser imputadoà pessoa jurídica. 
3.2 – Sistema/Teoria da Dupla Imputação 
Teoria da dupla imputação. Segundo a teoria da dupla imputação (ou imputações 
paralelas), consagrada no art. 3°, p.ú da Lei, não há bis in idem (dupla punição pelo mesmo fato) 
na responsabilização simultânea da pessoa física e da pessoa jurídica pelo mesmo crime 
cometido. Isso porque são pessoas distintas, cada qual respondendo na medida de sua 
culpabilidade em razão da conduta criminosa praticada. Ou seja, em relação ao mesmo crime é 
possível a punição da pessoa física e pessoa jurídica, concomitantemente. 
Dessa forma, para a referida teoria, é possível responsabilizar somente a pessoa física ou a 
pessoa física juntamente com a pessoa jurídica, contudo não se mostra possível a 
responsabilização criminal isolada da pessoa jurídica (sem a pessoa física). Isso porque se aplica 
aqui a chamada responsabilidade penal por ricochete/por empréstimo, na qual à pessoa jurídica 
são imputados os atos de seu representante (sempre haverá uma pessoa física corresponsável 
pela conduta criminosa). 
Tribunais Superiores e sistema da dupla imputação. A teoria da dupla imputação é adotada 
por vários doutrinadores nacionais, aplicando-se todo o raciocínio exposto. Porém, quando 
analisamos os mais recentes jugados dos Tribunais Superiores, concluímos que, apesar da 
jurisprudência não excluir a incidência da teoria das imputações paralelas, admite, contudo, que 
ela seja de afastada, entendendo no sentido da possibilidade de responsabilização criminal 
isolada da pessoa jurídica10 (sem nenhuma imputação à pessoa física). 
Nesse sentido: 
(...) 
1. Após o julgamento do RE 548.181 pela Suprema Corte, a 
jurisprudência desta Corte consolidou-se no sentido de que é 
possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por crimes 
ambientais independentemente da responsabilização 
concomitante da pessoa física que a represente. 
(...) 
5ª Turma-STJ. RMS 56073/ES, Min. Rel. RIBEIRO DANTAS, julgado 
em 25/09/2018. 
Esse entendimento é importante para que haja uma efetiva punição, pois em muitos casos 
a autoria da infração está diluída em vários setores da empresa, não sendo possível precisar qual 
(ou quais) pessoa física concorreu para o crime. Nessa situação, se houvesse a obrigatoriedade 
da dupla imputação (pessoa física + pessoa jurídica), inevitavelmente o resultado seria a 
impunidade da conduta criminosa. 
3.3 – Complementos 
Crimes imputados às pessoas jurídicas. Segundo a melhor doutrina, para aqueles que 
entendem pela a possibilidade de a pessoa jurídica praticar crime, a Constituição Federal admitiu 
a sua responsabilização criminal em relação a três espécies de delitos - contra o meio ambiente 
(art. 225, §3° CF); contra a ordem econômica e financeira (art. 173, §5° CF); contra a economia 
popular (art. art. 173, §5° CF) – cabendo ao legislador ordinário criminalizar, por meio de lei, 
tais condutas. 
É importante ressaltar que, até o presente momento, apenas a Lei de Crimes Ambientais 
tratou de regulamentar e tipificar as condutas criminosas imputáveis às pessoas jurídicas, 
quando da sua prática (segundo previsão expressa no art. 3°, p.ú.). Com isso, concluímos que 
somente poderão ser imputados à pessoa jurídica os delitos tipificados na Lei 9.605/98. 
Desconsideração da Personalidade. O art. 4° da Lei 9.605/98 prevê a possibilidade de ser 
desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento 
dos prejuízos causados ao meio ambiente, estendendo, dessa forma, a responsabilidade pelos 
prejuízos aos sócios. 
Salienta-se que essa desconsideração apenas se aplica ao âmbito cível, sendo inadmissível 
em relação à seara penal, uma vez que, pelo princípio da intranscendência da pena (ou 
pessoalidade), a pena jamais passará da pessoa do condenado. 
Interrogatório da PJ. A forma como será realizado o interrogatório da pessoa jurídica é um 
tema não tratado pela Lei 9.605/98, mas que suscita dúvidas relevantes: como a pessoa jurídica 
é um ente imaterial e, conforme a doutrina, o interrogatório é um ato personalíssimo, de que 
maneira poderemos compatibiliza-lo às peculiaridades da entidade? Segundo a professora Ada 
 
10 Podemos assim, de acordo com o entendimento prevalente na jurisprudência, vislumbrar três situações de 
responsabilização criminal: apenas a pessoa física; pessoa física e pessoa jurídica; apenas pessoa jurídica (pode ser 
condenada mesmo que não denunciada ou absolvida a pessoa física). 
Pellegrini Grinover, o interrogatório deverá ser realizado ao gestor da empresa, pois ele é quem 
tem maior interesse na defesa da pessoa jurídica. 
Habeas Corpus e pessoa jurídica. É incabível a impetração de habeas corpus11 em favor de 
pessoa jurídica, haja vista que não há de se falar em risco à liberdade de locomoção (obviamente 
não pode ser presa cautelarmente, bem como sofrer pena privativa de liberdade). Por outro lado, 
preenchidos os requisitos, é cabível mandado de segurança a seu favor. 
4. COMPLEMENTOS JURISPRUDENCIAIS 
4.1 – Denúncia Genérica e Geral 
Denúncia genérica. A doutrina e jurisprudência dominantes não admitem a validade das 
chamadas denúncias genéricas, aquelas pelas quais o Ministério Público, ao denunciar alguém, 
não imputa ao mesmo elementos mínimos para que saiba do que está sendo acusado, há uma 
deficiência na narração do fato delituoso imputado ao denunciado, constituindo em verdadeira 
peça acusatória “genérica”. Essa era uma prática muito recorrente nos crimes ambientais, de 
modo que o Ministério Público, sem que houvesse elementos mínimos, denunciava a pessoa 
jurídica e, simultaneamente, o sócio-diretor da empresa (inexistindo uma apuração mínima 
acerca da existência de corresponsabilidade). 
Denúncia geral. Ao contrário do que ocorre com a denúncia genérica, é totalmente lícita a 
adoção da denominada denúncia geral, na qual o órgão acusador atribui fato certo, preciso a 
mais de uma pessoa. É o que muitas vezes ocorre nos crimes de autoria coletiva, como é o 
exemplo dos delitos tipificados na Lei 9.605/98. 
4.2 – Encerramento do Procedimento Administrativo Ambiental 
Em razão do princípio da independência das instâncias, o fato de haver procedimento 
administrativo ambiental não concluído, apurando infração administrativa contra o meio 
ambiente, não impede a deflagração da persecução penal relativa à crimes ambientais12 
(instauração de inquérito policial, oferecimento da ação penal, etc). 
Portanto saiba, não é necessário aguardar o encerramento de procedimento 
administrativo ambiental para o início da persecução penal. 
 
5. DA APLICAÇÃO DA PENA 
Quando ao capítulo da aplicação da pena, visando a objetividade e focando nas questões 
que já foram objeto de prova, comentaremos os artigos mais relevantes para seu estudo, 
recomendando a leitura da “lei seca” quanto aos demais. 
5.1 – Imposição e Gradação da pena – art. 6° 
O juiz, ao fixar a pena em relação a crimes contidos na Lei 9.605/98, deverá se basear nas 
circunstâncias judiciais previstas no art. 6°, sem prejuízo da aplicação suplementar das 
circunstâncias previstas no art. 59 do Código Penal. 
Portanto, na forma do art. 6° da Lei de Crimes Ambientais, para a imposição e gradação da 
penalidade o juiz observará: 
 
11 Segundo o art. 5°, LXVIII da CF: conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer 
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. 
12 Como já mencionado, uma mesma conduta lesiva ao meio ambiente poderá gerar sanções na esfera penal e 
administrativa. 
 
 
5.2 – Atenuantes – art. 14 
No art. 14 e seus incisos estão previstas atenuantes genéricas a serem aplicadas aos crimes 
ambientais, as quais reclamarão a memorização por parte do futuro aprovado: 
 
Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena: 
I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente; 
II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação 
do dano, ou limitaçãosignificativa da degradação ambiental causada; 
III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação 
ambiental; 
IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle 
ambiental. 
Segue uma dica de memorização dos incisos acima: quando a pessoa sofre um BACC ela fica 
para baixo (atenua): 
Baixa Instrução 
Arrependimento do infrator 
Comunicação prévia pelo agente causador 
Colaboração com os agentes vigilância 
5.3 – Agravantes – art. 15 
No art. 15 e seus incisos estão previstas agravantes13 a serem aplicadas aos crimes 
ambientais, as quais também reclamarão a memorização por parte do futuro aprovado: 
Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem 
ou qualificam o crime: 
I - reincidência nos crimes de natureza ambiental; 
II - ter o agente cometido a infração: 
a) para obter vantagem pecuniária; 
b) coagindo outrem para a execução material da infração; 
c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o 
meio ambiente; 
d) concorrendo para danos à propriedade alheia; 
 
13 Ressalte-se que se a agravante constituir elementar ou causa de aumento/qualificadora do crime em espécie não 
poderão ser consideradas. 
Gravidade dos fatos: com base nos motivos da 
infração e suas conseqüências para a saúde 
pública e para o meio ambiente
Antecedentes do infrator: quanto ao 
cumprimento da legislação ambiental
Situação econômica do infrator: no caso de multa
e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato 
do Poder Público, a regime especial de uso; 
f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos; 
g) em período de defeso à fauna; 
h) em domingos ou feriado; 
i) à noite; 
j) em épocas de seca ou inundações; 
l) no interior do espaço territorial especialmente protegido; 
m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais; 
n) mediante fraude ou abuso de confiança; 
o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização 
ambiental; 
p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por 
verbas públicas ou beneficiada por incentivos fiscais; 
q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das 
autoridades competentes; 
r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções. 
(PCPE-CESPE/2016 adaptada) Se uma pessoa física e uma pessoa jurídica cometerem, em 
conjunto, infrações previstas na Lei n.º 9.605/1998 a pena será agravada se as infrações 
tiverem sido cometidas em sábados, domingos ou feriados. 
 
Cuidado, conforme o art. 15, II, “h” da Lei 9.605/98, é circunstância que agrava a pena ter o 
agente cometido a infração em domingos ou feriado (não abarca o “sábado”). Gabarito: errado. 
 
(PCPE-CESPE/2016 adaptada) Se uma pessoa física e uma pessoa jurídica cometerem, em 
conjunto, infrações previstas na Lei n.º 9.605/1998 a pena será agravada se ambas forem 
reincidentes de crimes de qualquer natureza. 
 
Cuidado, conforme o art. 15, I da Lei 9.605/98, é circunstância que agrava a pena a reincidência 
nos crimes DE NATUREZA AMBIENTAL (e não crimes “de qualquer natureza”). Gabarito: 
errado. 
 
5.4 – Penas aplicáveis às Pessoas Jurídicas – Arts. 21 a 23 
Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às 
pessoas jurídicas, de acordo com o disposto no art. 3º, são: 
I - multa; 
II - restritivas de direitos; 
III - prestação de serviços à comunidade. 
Penas. Segundo o art. 21 da Lei, as penas possíveis de serem impostas às pessoas jurídicas 
são: multa, restritivas de direitos e prestação de serviços à comunidade14. Elas poderão incidir 
 
14 Diferente do disposto no Código Penal, aqui na Lei de Crimes Ambientais a prestação de serviços à comunidade é 
pena autônoma (destacada da “restritiva de direitos”). 
de forma isolada (apenas uma delas) ou cumulativa15 (todas concomitantemente). Lembre-se 
que são apenas essas 3 modalidades de penas que serão aplicadas às entidades16. 
Penas restritivas de direitos (art. 22). Segue abaixo um mapa mental com as principais 
informações a serem levadas para a prova quanto às penas restritivas de direitos em espécie: 
 
É interessante notar que, em relação à “suspensão de atividades”, cuida-se de uma pena 
restritiva de direitos prevista tanto para as pessoas jurídicas (art. 22, I e §1°) como para as 
pessoas físicas (art. 11). 
 
(PCPE-CESPE/2016 adaptada) A suspensão parcial ou total de atividade, exclusivamente para 
pessoas jurídicas, será aplicada quando a empresa não estiver cumprindo as normas 
ambientais. 
 
A banca considerou que a suspensão parcial ou total de atividades é uma pena restritiva de 
direitos prevista tanto para as pessoas físicas (art. 11) como para as jurídicas (art. 22, I e §1°). 
Assim, é incorreto classifica-la como “exclusiva” de pessoas jurídicas. Gabarito: errado. 
 
Pena de prestação de serviços à comunidade (art. 23). Segue abaixo um mapa mental com 
as principais informações a serem levadas para a prova quanto à pena de prestação de serviços 
à comunidade em espécie: 
 
15 A Lei fala ainda em aplicação alternativa, contudo a doutrina entende ser inaplicável tal disposição. 
16 Não há na lei previsão de pena privativa de liberdade a ser imposta à pessoa jurídica, pois obviamente é incompatível 
com a sua natureza. 
 
 
 
6. ASPECTOS PROCESSUAIS 
6.1 – Ação Penal 
Todos os crimes previstos na lei 9.605/98 serão processados e julgados mediante ação 
penal pública incondicionada. 
Art. 26. Nas infrações penais previstas nesta Lei, a ação penal é pública 
incondicionada. 
6.2 – Transação Penal 
Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta 
de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, prevista no 
art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser 
formulada desde que tenha havido a prévia composição do dano 
ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de 
comprovada impossibilidade. 
O art. 76 da Lei 9.099/95 traz a figura da transação penal, aplicável aos crimes de menor 
potencial ofensivo17, por meio da qual o Ministério Público ao invés de oferecer a ação penal 
poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, caso atendidos os 
requisitos legais. 
Entre os requisitos mencionados não se encontra a necessidade de composição civil dos 
danos (art. 74), mas isso em relação às infrações de menor potencial ofensivo em geral. Quando 
analisamos os crimes ambientais de menor potencial ofensivo, o art. 27 da Lei 9.605/98 é 
categórico ao dispor que somente será admitida a transação penal, na forma do art. 76 acima 
citado, se houver prévia composição do dano ambiental18, ressalvada comprovada 
impossibilidade. 
 
17 São as contravenções penais e crimes com pena máxima não superior a 2 anos. 
18 Que se caracteriza pelo compromisso firmado em juízo de reparar os danos causados. 
Então saiba, para que haja transação penal em relação a crimes ambientais de menor 
potencial ofensivo, além do preenchido dos requisitos listados pela Lei 9.099/95, exige-se a 
prévia composição do dano ambiental (salvo comprovada impossibilidade). 
 
7. CRIMES EM ESPÉCIE 
Os crimes previstos na parte especial da Lei 9.605/98 são numerosos, com isso iremos 
estudar os principais. O critério de seleção foi baseado na incidência do crime em provas de 
concursos, bem como a existência de aprofundamentos doutrinários e jurisprudenciais 
relevantes para os certames. Porém adiantamos que a maior parte das questões irão exigir tão 
somente a memorização da “letra” da lei. A doutrina especializada aprofunda as discussões a 
respeito dos delitos elencados pela Lei 9.605/98, as quais, para o nosso objetivo, se mostram 
muitas vezes desnecessárias (como mencionado, as mais relevantes serão devidamente 
abordadas). 
Como forma de sistematizar o conteúdo e evitar repetições, elencaremos aqui a regra, bem 
como as exceções, no que tange aos sujeitos do crime e elemento subjetivo dos delitos que serãoa seguir estudados. 
Elemento subjetivo. A maioria dos delitos a seguir elencados são dolosos. Contudo, em 
alguns deles teremos também a previsão de forma culposa: art. 38; art. 38-A; art. 49. 
Sujeitos do crime. Quanto ao sujeito ativo, todos os delitos selecionados serão classificados 
como comuns (podem ser cometidos por qualquer pessoa). Em relação ao sujeito passivo 
(vítima), será a coletividade como um todo. 
7.1 – CRIME DO ART. 29 
Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna 
silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença 
ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida: 
Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa. 
Conduta Típica. Em resumo, estamos diante da conduta daquele que caça (perseguir para 
aprisionar ou matar), utiliza (fazer uso) de espécimes da fauna silvestre sem a devida 
autorização19. Ex: matar tartarugas marinhas que estejam desovando seus filhotes na praia. 
Crime de ação múltipla. Estamos diante de um crime de ação múltipla (ou tipo misto 
alternativo), no qual há vários verbos que expressam a conduta criminosa. É certo que se, no 
mesmo contexto fático, for praticado dois ou mais dos verbos elencados, teremos crime único. 
Ex: sujeito que, na mesma ocasião, persegue e, posteriormente, mata espécime da fauna silvestre. 
Responderá por 1 só crime do art. 29. 
Objeto Material20. São espécimes21 da fauna (vida animal) silvestre22 que tenham ao menos 
parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro do território brasileiro (§3°). Ex: mamíferos, aves, 
insetos, etc. 
§ 1º Incorre nas mesmas penas: 
I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em 
desacordo com a obtida; 
 
19 Obviamente, se existir a devida autorização não haverá crime algum. 
20 Trata-se da pessoa ou coisa sob a qual recai a conduta do agente. 
21 Segundo a IN 169/08 - IBAMA: Espécime - indivíduo ou parte dele, vivo ou morto, de uma espécie, em qualquer fase 
de seu desenvolvimento, unidade de uma espécie; 
22 Perceba que o artigo em comento criminaliza condutas relacionadas à vida animal silvestre. Em relação a tutela de 
animais domésticos, vide art. 32 da Lei. 
II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural; 
III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em 
cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da 
fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e 
objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou 
sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade 
competente. 
Figuras equiparadas. No §1° nós temos algumas figuras equiparadas, ou seja, cada inciso 
constitui um crime autônomo, mas que receberá a mesma consequência penal (pena) da conduta 
prevista no caput. 
§ 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada 
ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar 
de aplicar a pena. 
Perdão judicial. Temos aqui a possibilidade de aplicação do perdão judicial (extinção da 
punibilidade) na situação de guarda doméstica de espécie silvestre que não for considerada 
ameaçada de extinção, caso o juiz, pela análise das circunstâncias, entender cabível. Ex: papagaio, 
de espécie não ameaçada de extinção, que foi encontrado na posse ilegal de uma pessoa. 
§ 4º A pena é aumentada de metade, se o crime é praticado: 
I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que 
somente no local da infração; 
II - em período proibido à caça; 
III - durante a noite; 
IV - com abuso de licença; 
V - em unidade de conservação; 
VI - com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocar 
destruição em massa. 
§ 5º A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do exercício de 
caça profissional. 
Causas de aumento de pena. O parágrafo 4° traz causas de aumento de metade da pena, 
enquanto o §5° elenca uma causa de aumento até o triplo da pena quando se tratar de caça 
profissional (ex: caça ilegal e profissional de jacaré no pantanal). 
§ 6º As disposições deste artigo não se aplicam aos atos de pesca. 
Inaplicabilidade aos atos de pesca. Por mais que os atos de pesca estejam relacionados à 
fauna, possuem previsão legal específica nos arts. 34 a 36 da Lei. 
 
(PCSE-IBFC/2014 adaptada) No crime de “matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes 
da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou 
autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida”, previsto no artigo 29 
da Lei n° 9.605/98, a pena é aumentada de metade quando a conduta é praticada em atos de 
pesca. 
 
Por disposição expressa de seu §6°, o art. 29 não regula, em nenhuma de suas disposições, 
condutas relacionadas a atos de pesca. As condutas criminosas relacionadas a esses atos estão 
elencadas nos arts. 34 a 36 da Lei 9.605/98. Gabarito: errado. 
 
7.2 – CRIME DO ART. 30 
Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em 
bruto, sem a autorização da autoridade ambiental competente: 
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. 
Conduta Típica. Em resumo, estamos diante da conduta daquele que exporta (envia para 
fora do país) peles de anfíbios e répteis em bruto, sem a devida autorização23. Perceba que aqui 
pune-se o tráfico internacional dos objetos mencionados. 
Objeto Material. São as peles de anfíbios e répteis em bruto. A expressão “em bruto” 
significa sem transformação em produtos (in natura). Ex: exportar ilegalmente pele de jacaré 
para a Itália. 
A conduta daquele que exporta produto já manufaturado contendo pele de anfíbio/réptil 
se amolda ao previsto no art. 29, §1°, III da Lei 9.605/98. Ex: exportar sapato produzido com 
couro ilegal de jacaré. 
7.3 – CRIME DO ART. 31 
Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial 
favorável e licença expedida por autoridade competente: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
Conduta Típica. Em resumo, estamos diante da conduta daquele que introduz (importar) 
espécime animal no País, sem que haja parecer técnico e licença. Lembre-se que deve haver a 
importação, dessa forma, o transporte de animal dentro do território nacional, sem transposição 
de fronteiras entre países, não caracteriza o crime. 
Objeto Material. Cuida-se de espécime animal de qualquer tipo (não necessariamente 
silvestre). Ex: Sujeito que, sem parecer e licença, traz, para sua residência em Cascavel/PR, uma 
cobra capturada em uma viagem que fez ao Paraguai. 
7.4 – CRIME DO ART. 32 
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais 
silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do 
animal. 
Conduta Típica. Em resumo, estamos diante da conduta daquele que pratica maus-tratos 
contra animais silvestres ou domésticos. Embora o art. 32 não traga o verbo “matar”, aquele que 
mata um animal doméstico24 (ex: cachorro) incorrerá no presente delito25, além de ter sua pena 
aumentada na forma do §2°. 
Objeto Material. Cuida-se basicamente de qualquer animal, doméstico ou silvestre. Ex: 
rinha de galo, causando ferimentos, maus-tratos nos animais. 
Revogação art. 64 Lei das Contravenções Penais. Para a melhor doutrina, o crime previsto 
no art. 32 da Lei 9.605/98 revogou tacitamente o disposto no art. 64 da LCP (Tratar animal com 
crueldade ou submetê-lo a trabalho excessivo). 
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou 
cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando 
existirem recursos alternativos. 
 
23 Obviamente, se existir a devida autorização não haverá crime algum. 
24 Lembre-se que a conduta de matar espécimes silvestres caracteriza o crime do art. 29 da Lei. 
25 Isso porque para “matar” o agente teve que “ferir” antes o animal, caracterizando uma das condutas previstas notipo penal. 
Vivissecção. O §1° criminaliza a chamada “vivissecção”: experiência dolorosa feita em 
animal vivo, a qual constitui crime mesmo que seja para fins didáticos/científicos, se existirem 
recursos alternativos para que o experimento seja realizado26 (caracterizando, assim, um 
sofrimento desnecessário). 
7.5 – CRIME DO ART. 34 
Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares 
interditados por órgão competente: 
Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas 
cumulativamente. 
Conduta Típica. Em resumo, estamos diante da conduta daquele que pesca em período ou 
locais proibidos pela autoridade competente. Vale ressaltar que, conforme previsto no art. 36, a 
tentativa de apanhar peixes (ou seja, tentativa de pescar) já configurará a pesca para fins 
criminais. 
 
(PF-CESPE/2018) Em operação da Polícia Federal, um cidadão foi flagrado tentando pescar 
em local interditado por órgão federal. O pescador argumentou que, apesar da tentativa, não 
obteve êxito na pesca. Nessa situação, mesmo sem o sucesso pretendido, o pescador 
responderá por crime previsto na lei que tipifica os crimes ambientais. 
 
Conforme art. 36 da Lei 9.605/98, considera-se como “pesca” (para fins de incidência dos 
crimes previstos nos art. 34 e 35) todo ato tendente capturar espécime do grupo dos peixes. 
Perceba, portanto, que a tentativa de capturar peixe em local interditado por órgão federal já 
caracterizará o delito do art. 34 da Lei de Crimes Ambientais. Gabarito: certo. 
 
Objeto Material. Cuida-se da fauna aquática27 (peixe, crustáceo, etc). Ex: sujeito que, de 
férias em Bonito/MS, pesca um peixe Pintado em época de piracema. 
 
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem: 
I - pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com 
tamanhos inferiores aos permitidos; 
II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização 
de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos; 
III - transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimes 
provenientes da coleta, apanha e pesca proibidas. 
Figuras equiparadas. No §1° nós temos algumas figuras equiparadas, ou seja, cada inciso 
constitui um crime autônomo, mas que receberá a mesma consequência penal (pena) da conduta 
prevista no caput. 
 
7.6 – NORMA DO ART. 37 
Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado: 
I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua 
família; 
 
26 Caso não haja recurso alternativo, demonstrando assim a indispensabilidade da vivissecção com fins didáticos ou 
científicos, não haverá crime. 
27 No caso de pesca ou molestamento intencional de cetáceo (golfinho, baleia), o crime será o previsto no art. 1° da Lei 
7.643/87, que é especial em relação ao art. 34 da Lei 9.605/98. 
II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou 
destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela 
autoridade competente; 
III – (VETADO) 
IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão 
competente. 
Causas excludentes de ilicitude. O art. 37 traz três causas que irão excluir a ilicitude daquele 
que praticar o abate de animal. Ou seja, apesar de a conduta de matar animal estar prevista como 
fato formalmente típico da Lei 9.605/98, quando ela for praticada em uma das três situações 
acima elencadas, não haverá crime por ser excluída a sua ilicitude. Esse artigo possui alta 
incidência em provas de concurso, portanto recomendamos a sua memorização. 
7.7 – CRIME DOS ARTS. 38 e 38-A 
Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de preservação 
permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das 
normas de proteção: 
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas 
cumulativamente. 
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. 
 
Art. 38-A. Destruir ou danificar vegetação primária ou secundária, em 
estágio avançado ou médio de regeneração, do Bioma Mata Atlântica, ou 
utilizá-la com infringência das normas de proteção: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa, ou ambas as penas 
cumulativamente. 
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. 
 
Conduta Típica. No art. 3828, em resumo, estamos diante da conduta daquele que danifica, 
ou utiliza com infringência à norma, floresta de preservação permanente, mesmo que em 
formação. O art. 38-A traz previsão idêntica, a qual será aplicada quando o objeto material for 
vegetação primária ou secundária, em estágio médio ou avançado de regeneração, do Bioma 
Mata Atlântica. 
Os dois crimes são dolosos, porém, em ambos (p.ú) há previsão também da forma culposa 
(com pena reduzida à metade). 
Objeto Material. No art. 38 o objeto material é floresta de preservação permanente, mesmo 
que em formação (ex: sujeito que desmata floresta de preservação permanente). Já no delito do 
art. 38-A, cuida-se de vegetação primária ou secundária, em estágio médio ou avançado de 
regeneração, do Bioma Mata Atlântica (ex: sujeito que desmata árvores contidas na Mata 
Atlântica). 
7.8 – CRIME DO ART. 49 
Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou 
meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em 
propriedade privada alheia: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas 
cumulativamente. 
Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de um a seis meses, ou multa. 
 
28 A partir do art. 38 são inaugurados os crimes contra a “flora” (conjunto de espécimes vegetais). 
Conduta Típica. Em resumo, estamos diante da conduta daquele que danifica por qualquer 
modo plantas de ornamentação de logradouros públicos ou de propriedade alheia. Trata-se de 
crime especial em relação ao delito de dano previsto no Código Penal (art. 163). 
O crime é doloso, porém, há previsão também da forma culposa (com pena reduzida). 
Objeto Material. Cuida-se de plantas de ornamentação (destinadas ao embelezamento) 
contidas ou em logradouros públicos ou em propriedade alheia. Ex: sujeito que vai até a sede da 
Prefeitura de seu Município e põe veneno nas plantas ornamentadas do jardim lá contido. 
Inconstitucionalidade. Boa parcela da doutrina sustenta a inconstitucionalidade desse 
artigo, haja vista que não há ofensa ao bem jurídico “meio ambiente”29. Contudo, tal dispositivo 
até o presente momento não foi declarado inconstitucional. 
7.9 – CRIME DO ART. 65 
Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento 
urbano: 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. 
Conduta Típica. De forma objetiva, estamos diante da conduta daquele que picha ou 
conspurca (suja, mancha) edificação urbana. 
Objeto Material. Cuida-se de edificação ou monumento urbano. Portanto, se houver 
pichação de edificação em área rural, ou ainda, pichação de bens móveis (ex: vagões de trem), 
não haverá o crime em questão (podendo estar caracterizado o delito de dano, art. 163 CP). Ex: 
sujeito que, de madrugada, picha prédio particular localizado no centro da cidade – crime art. 
65. 
§ 1o Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude 
do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de 6 (seis) 
meses a 1 (um) ano de detenção e multa. 
Qualificadora. O §1° prevê figura qualificada do crime (detenção de 6 meses a 1 ano e 
multa), quando a conduta típica for realizada em coisa tombada em virtude de seu valor artístico, 
arqueológico ou histórico. Isso porque há maior necessidade de proteção em relação a esses 
monumentos tombados, pela sua importância cultural. 
§ 2o Não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de 
valorizar o patrimônio público ou privado mediante manifestação 
artística, desde que consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo 
locatário ou arrendatário do bem privado e, no caso de bem público, com 
a autorização do órgão competente e a observância das posturasmunicipais e das normas editadas pelos órgãos governamentais 
responsáveis pela preservação e conservação do patrimônio histórico e 
artístico nacional. 
Atipicidade do grafismo. O §2° estabelece que o ato de grafitar não será considerado crime 
quando reunir, em resumo, os seguintes requisitos (cumulativos): 
-> objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado; 
-> consentimento do proprietário (ou quem o represente) /órgão competente, observada 
as normas pertinentes. 
 
 
 
29 Nas palavras de Miguel Reale Júnior: Para total espanto, admite-se também a forma culposa. Assim, tropeçar e pisar 
por imprudência na begônia do jardim do vizinho é crime”. 
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz06049809.htm. 
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz06049809.htm

Continue navegando