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FUNDAMENTOS DA PSICOPEDAGOGIA

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1 
 
 
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BEM-VINDO AO CURSO! 
Curso de Aperfeiçoamento: Fundamentos da 
Psicopedagogia 
 
DICAS IMPORTANTES PARA O BOM APROVEITAMENTO 
 
• O objetivo principal é aprender o conteúdo, e não apenas 
terminar o curso. 
• Leia todo o conteúdo com atenção redobrada, não tenha pressa. 
• Explore as ilustrações explicativas, pois elas são fundamentais 
para exemplificar e melhorar o entendimento sobre o conteúdo. 
• Quanto mais aprofundar seus conhecimentos mais se 
diferenciará dos demais alunos dos cursos. 
• O aproveitamento que cada aluno tem é o que faz a diferença 
entre os “alunos certificados” e os “alunos capacitados”. 
• A aprendizagem não se faz apenas no momento em que está 
realizando o curso, mas também durante o dia-a-dia. Ficar atento às coisas 
que estão à sua volta permite encontrar elementos para reforçar aquilo que foi 
aprendido. 
• Aplique o que está aprendendo. O aprendizado só tem sentido 
quando é efetivamente colocado em prática. 
 
3 
 
 
Sumário 
Curso de Aperfeiçoamento: Fundamentos da Psicopedagogia ................... 2 
DICAS IMPORTANTES PARA O BOM APROVEITAMENTO ............. 2 
MÓDULO I – COMPREENDENDO A PSICOPEDAGOGIA ................. 5 
1.INTRODUÇÃO ............................................................................................ 5 
2. OBJETO DE ESTUDO DA PSICOPEDAGOGIA.............................. . 8 
3. EMBASAMENTOS TEÓRICOS........................................................ .. 11 
4. UM POUCO DE HISTÓRIA ................................................................. 25 
4.1 A HISTORIA DA PSICOPEDAGOGIA NO BRASIL E NA 
ARGENTINA ................................................................................................. 27 
4.1.1 A PSICOPEDAGOGIA NA ARGENTINA ................................... 29 
4.1.2 PSICOPEDAGOGIA NO BRASIL ................................................ 31 
MÓDULO II – A FIGURA DO PSICOPEDAGOGO .............................. 33 
5. CAMPO DE ATUAÇÃO ........................................................................ 33 
5.1 PROJETO LEI ................................................................................. 37 
5.2 CAMPO DE ATUAÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA ....................... 37 
5.3 COMPETÊNCIA DO PSICOPEDAGOGO .................................. 38 
MÓDULO III – A PSICOPEDAGIA NA PRÁTICA ................................ 43 
6. OS CASOS COMUMENTE ENCONTRADOS NA ESCOLA .......... 43 
6.1 CADA PESSOA É COMO UM DIAMANTE QUE PRECISA SER 
LAPIDADO .................................................................................................... 45 
4 
 
7. PROCEDIMENTO PARA O DIAGNÓSTICO 
PSICOPEDAGÓGICO POR MEIO DA CAIXA LÚDICA...................... 46 
7.1 ASPECTOS DA SESSÃO LÚDICA CENTRADA NA 
APRENDIZAGEM ( WEISS, 1997) ............................................................ 48 
7.2 ASPECTOS DA AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA (CHAMAT, 
1997).... ............................................................................................................ 49 
8. CUIDADO PSICOPEDAGÓGICO ...................................................... 51 
9. O QUE O PSICOPEDAGOGO OBSERVA NO INDIVÍDUO .......... 52 
10. A PRÁXIS PSICOPEDAGOGICA .................................................... 54 
11. ÉTICA PROFISSIONAL ................................................................... 56 
MÓDULO IV – A INTERAÇÃO DA FAMILIA JUNTO AO 
PSICOPEDAGOGO ..................................................................................... 66 
12. O APOIO DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE 
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA ..................................................... 66 
MÓDULO V – APROFUNDANDO O CONHECIMENTO SOBRE A 
PSICOPEDAGOGIA .................................................................................... 68 
ARTIGO COMPLEMENTAR: 1 - A PSICOPEDAGOGIA NO BRASIL: 
UMA POSSÍVEL LEITURA ....................................................................... 68 
ARTIGO COMPLEMENTAR: 2 - A PSICOPEDAGOGIA: MUITO 
MAIS QUE UMA CIÊNCIA, UM CAMINHO .......................................... 78 
ARTIGO COMPLEMENTAR: 3 - APRENDIZAGEM E 
PSICOPEDAGOGIA: UM ENCONTRO LÚDICO .................................. 85 
ARTIGO COMPLEMENTAR: 4 - A REG4: REGULAMENTAÇÃO DO 
PSICOPEDAGOGO ..................................................................................... 92 
ARTIGO COMPLEMENTAR: 5 - ALGUMAS PERGUNTAS SOBRE 
PSICOPEDAGOGIA .................................................................................. 101 
REFERÊNCIAS .......................................................................................... 105 
 
5 
 
 
MÓDULO I – COMPREENDENDO A PSICOPEDAGOGIA 
1. INTRODUÇÃO 
A Psicopedagogia nasceu da necessidade de uma melhor compreensão 
do processo de aprendizagem, ou seja, contribuir na busca de soluções para a 
difícil questão do problema de aprendizagem. 
A aprendizagem deve ser olhada como a atividade de indivíduos ou 
grupos humanos, que mediante a incorporação de informações e o 
desenvolvimento de experiências, promovem modificações estáveis na 
personalidade e na dinâmica grupal as quais revertem no manejo instrumental 
da realidade. 
O objeto central de estudo da psicopedagogia está se estruturando em 
torno do processo de aprendizagem humana: seus padrões evolutivos normais 
e patológicos e a influência do meio (família, escola, sociedade) em seu 
desenvolvimento. 
A Psicopedagogia é um campo de conhecimento e atuação em Saúde e 
Educação, enquanto prática clínica, tem-se transformado em campo de 
estudos para investigadores interessados no processo de construção do 
conhecimento e nas dificuldades que se apresentam nessa construção. Como 
prática preventiva, busca construir uma relação saudável com o conhecimento, 
de modo a facilitar a sua construção. 
KIGUEL (1983) ressalta que a Psicopedagogia encontra-se em fase de 
organização de um corpo teórico específico, visando à integração das ciências 
pedagógicas, psicológica, fonoaudiológica, neuropsicológica e 
psicolinguística para uma compreensão mais integradora do fenômeno da 
aprendizagem humana. 
6 
 
O psicopedagogo deve desenvolver sua ação, mas sempre se retratando 
as teorias, englobando vários campos de conhecimentos. Diversos autores que 
tratam da Psicopedagogia enfatizam o seu caráter interdisciplinar. 
O foco de atenção do psicopedagogo, é a reação da criança diante das 
tarefas, considerando resistências, bloqueios, lapsos, hesitações, repetição, 
sentimentos de angústias. 
O psicopedagogo ensina como aprender e para isso necessita aprender 
o aprender e a aprendizagem. 
Para os profissionais brasileiros (Maria M. Neves; Kiguel; Scoz; 
Golbert; Weiss; Rubinstein), pode-se verificar que o tema da aprendizagem 
ocupa-os e preocupa-os, sendo os problemas desse processo (de 
aprendizagem) a causa e a razão da psicopedagogia. 
Para os Argentinos também a aprendizagem preocupa, ou seja, “ a 
aprendizagem com seus problemas” constitui-se no pilar-base da 
psicopedagogia. São eles: Alícia Fernandez, Sara Pain, Jorge Visca, Mariana 
Muller. 
Então, o que é a Psicopedagogia? 
Para SISTO (1996) é uma área de estudos quetrata da aprendizagem 
escolar, quer seja no curso normal ou nas dificuldades. 
CAMPOS (1996), considera que os problemas de aprendizagem 
constituem-se no campo da Psicopedagogia. 
Por SOUSA (1996), a Psicopedagogia é vista como área que investiga 
a relação da criança com o conhecimento. 
O Código de Ética da Psicopedagogia, no Capítulo I, Artigo 1º, afirma 
que “A Psicopedagogia é campo de atuação em saúde e educação o qual lida 
com o conhecimento, sua ampliação, sua aquisição, distorções, diferenças e 
desenvolvimento por meio de múltiplos processos” 
A Psicopedagogia é uma área de estudos nova que pode e está 
atendendo os sujeitos que apresentam problemas de aprendizagem. 
7 
 
BOSSA (1994), a Psicopedagogia nasce com o objetivo de atender a 
demanda – dificuldades de aprendizagem. 
FERREIRA (1982, P.1412) Psicopedagogia “é o estudo da atividade 
psíquica da criança e dos princípios que daí decorrem, para regular a ação 
educativa do indivíduo”. 
Segundo MULLER, a Psicopedagogia liga-se as características da 
aprendizagem humana, como se aprende, como essa aprendizagem varia 
evolutivamente e está condicionada por outros fatores; como e porque se 
produzem as alterações da aprendizagem, como reconhecê-las e tratá-las, que 
fazer para preveni-las, e para promover processos de aprendizagem que 
tenham sentido para os participantes. 
Esse objeto de estudo, que é um sujeito a ser estudado por outro sujeito, 
adquire características específicas e depende tanto do trabalho clínico ou 
preventivo. 
O trabalho clínico não deixa de ser preventivo, pois trata alguns 
transtornos de aprendizagem, podendo evitar o aparecimento de outros. 
Nessa modalidade de trabalho, deve o profissional compreender o que 
o sujeito aprende, como aprende e porque além de perceber a dimensão da 
relação entre psicopedagogo e sujeito de forma a favorecer a aprendizagem. 
No trabalho preventivo, a instituição, enquanto espaço físico e psíquico 
da aprendizagem, é objeto de estudo da psicopedagogia, uma vez que são 
avaliados os processos didático metodológicos e a dinâmica institucional que 
interferem no processo de aprendizagem. 
Ao psicopedagogo cabe saber como se constitui o sujeito, como este se 
transforma em suas diversas etapas de vida, quais os recursos de 
conhecimento de que ele dispõe e a forma pela qual produz conhecimento e 
aprende. 
Esse saber exige que o psicopedagogo recorra a teorias que lhe 
permitam aprender, bem como às leis que regem esse processo: as influências 
8 
 
afetivas e as representações inconscientes que o acompanham, o que pode 
comprometê-lo e o que pode favorecê-lo. 
O psicopedagogo precisa saber o que é ensinar e o que é aprender; 
como interferem os sistemas e métodos educativos; os problemas estruturais 
que intervêm no surgimento dos transtornos de aprendizagem e no processo 
escolar. 
Enfim, a psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, que 
adveio de uma demanda – o problema de aprendizagem. – Como se preocupa 
com o problema de aprendizagem, deve ocupar-se inicialmente do processo de 
aprendizagem, estudando assim as características da aprendizagem humana. 
É necessário comentar que a Psicopedagogia é comumente 
conhecida como aquela que atende crianças com dificuldades de 
aprendizagem. É notório o fato de que as dificuldades, distúrbios ou 
patologias podem aparecer em qualquer momento da vida e, portanto, a 
Psicopedagogia não faz distinção de idade ou sexo para o atendimento. 
Atualmente, a Psicopedagogia vem se firmando no mundo do trabalho 
e se estabelecendo como profissão. 
 
2. OBJETO DE ESTUDO DA PSICOPEDAGOGIA 
 
No livro da Nádia Bossa, a Psicopedagogia no Brasil, a autora cita 
vários autores no que se refere ao objeto de estudo da psicopedagogia, vejam a 
seguir: 
Para Kiguel, "o objeto central de estudo da Psicopedagogia está se 
estruturando em torno do processo de aprendizagem humana: seus padrões 
evolutivos normais e patológicos – bem como a influência de meio (família, 
escola, sociedade) no seu desenvolvimento" (1991, p. 24). 
 
De acordo com Neves, "a psicopedagogia estuda o ato de aprender e 
ensinar, levando sempre em conta as realidades interna e externa da 
9 
 
aprendizagem, tomadas em conjunto. E, mais, procurando estudar a 
construção do conhecimento em toda a sua complexidade, procurando colocar 
em pé de igualdade os aspectos cognitivos, afetivos e sociais que lhe estão 
implícitos" (1991, p. 12). 
Segundo Scoz, "a psicopedagogia estuda o processo de aprendizagem e 
suas dificuldades, e numa ação profissional deve englobar vários campos do 
conhecimento, integrando-os e sintetizando-os"(1992,p.2). 
Para Golbert: (...) o objeto de estudo da Psicopedagogia deve ser 
entendido a partir de dois enfoques: preventivo e terapêutico. O enfoque 
preventivo considera o objeto de estudo da Psicopedagogia o ser humano em 
desenvolvimento enquanto educável. O enfoque terapêutico considera o 
objeto de estudo da psicopedagogia a identificação, análise, elaboração de 
uma metodologia de diagnóstico e tratamento das dificuldades de 
aprendizagem (1985, p. 13). 
Para Rubinstein, "num primeiro momento a psicopedagogia 
esteve voltada para a busca e o desenvolvimento de metodologias que 
melhor atendessem aos portadores de dificuldades, tendo como objetivo 
fazer a reeducação ou a remediação e desta forma promover o 
desaparecimento do sintoma". E ainda, "a partir do momento em que o 
foco de atenção passa a ser a compreensão do processo de aprendizagem 
e a relação que o aprendiz estabelece com a mesma, o objeto da 
psicopedagogia passa a ser mais abrangente: a metodologia é apenas um 
aspecto no processo terapêutico, e o principal objetivo é a investigação 
de etiologia da dificuldade de aprendizagem, bem como a compreensão 
do processamento da aprendizagem considerando todas as variáveis que 
intervêm nesse processo" (1992, P. 103). 
Do ponto de vista de Weiss, "a psicopedagogia busca a melhoria 
das relações com a aprendizagem, assim como a melhor qualidade na 
construção da própria aprendizagem de alunos e educadores" (1991, P. 
6). 
Com referência aos profissionais brasileiros supracitados, pode-se 
verificar que o tema aprendizagem ocupa-os e preocupa-os, sendo os 
problemas desse processo ( de aprendizagem) a causa e a razão da 
Psicopedagogia. Pode-se observar esse pensamento traduzido nas 
palavras de profissionais argentinos como Alicia Fernandez, Sara Paín, 
Jorge Visca, Marina Müller, etc., que atuam na área e estão envolvidos 
10 
 
no trabalho teórico. Para eles, "a aprendizagem com seus problemas" 
constitui-se no pilar-base da Psicopedagogia. 
Segundo Jorge Visca, a Psicopedagogia, que inicialmente foi uma 
ação subsidiária da Medicina e da Psicologia, perfilou-se como um 
conhecimento independente e complementar, possuída de um objeto de 
estudo – o processo de aprendizagem – e de recursos diagnósticos, 
corretores e preventivos próprios. 
Atualmente, a Psicopedagogia trabalha com uma concepção de 
aprendizagem segundo a qual participa desse processo um equipamento 
biológico com disposições afetivas e intelectuais que interferem na 
forma de relação do sujeito com o meio, sendo que essas disposições 
influenciam e são influenciadas pelas condições socioculturais do 
sujeito e do seu meio. 
Ao psicopedagogo cabe saber como se constitui o sujeito, como 
este se transforma em suas diversas etapas de vida, quais os recursos de 
conhecimento de que ele dispõe e a forma pela qual produz 
conhecimento e aprende. É preciso, também, que o psicopedagogo saiba 
o que é ensinar e o que é aprender; como interferem os sistemas e 
métodos educativos; os problemas estruturais que intervêm no 
surgimento dos transtornos de aprendizagem e no processo escolar. 
Segundo Bossa, faz-se, desta maneira, imperioso que, enquanto 
psicopedagogos, aprendemos sobre como os outros sujeitos aprendem e 
também sobre como nós aprendemos.Para Alicia Fernández, esse saber 
só é possível com uma formação que os oriente sobre três pilares: -
prática clínica, construção teórica, tratamento psicopedagógico-didático. 
De acordo com Alicia Fernández (1991), todo sujeito tem a sua 
modalidade de aprendizagem ,ou seja, meios, condições e limites para 
conhecer. No trabalho clínico, conceber o sujeito que aprende como um 
sujeito epistêmico-epistemofílico implica procedimentos diagnósticos e 
terapêuticos que considerem tal concepção. Para isso, é necessária uma 
leitura clínica na qual, através da escuta psicopedagógica, se possa 
decifrar os processos que dão sentido ao observado e norteiam a 
intervenção. 
Ainda de acordo com Alicia Fernández, necessitamos incorporar 
conhecimentos sobre o organismo, o corpo, a inteligência e o desejo, 
estando estes quatro níveis basicamente implicados no aprender. 
11 
 
Considerando-se o problema de aprendizagem na interseção desses 
níveis, as teorias que ocupam da inteligência, do inconsciente, do 
organismo e do corpo, separadamente, não conseguem resolvê-lo. 
Faz-se necessário construir, pois, uma teoria psicopedagógica 
fundamentada em conhecimentos de outros corpos teóricos, que, 
ressignificados, embasem essa prática. 
 
3. EMBASAMENTOS TEÓRICOS 
 
Fundamentos da psicopedagogia implica refletir sobre as suas 
origens teóricas; desde o seu parentesco com a Pedagogia, que traz as 
indefinições e contradições, de uma ciência cujos limites são os da 
própria vida humana. 
Como já mencionamos a psicopedagogia necessita de várias 
áreas para compor o seu objeto de estudo: Psicologia, Filosofia, 
Neurologia, Sociologia, Linguística e a Psicanálise, etc... 
O conhecimento de diversas áreas segundo os autores 
Argentinos e Brasileiros servem para fundamentar a constituição de 
uma teoria psicopedagógica. 
Devido a complexidade do seu objeto de estudo, são importantes 
à psicopedagogia, conhecimentos específicos de diversas outras teorias, 
como: 
• Psicanálise, que encarrega-se do inconsciente; 
 
• Psicologia Social, que visa a constituição do sujeito e suas 
relações familiares grupais e institucionais, em condição socio-culturais 
e econômicas; 
 
12 
 
• Epistemologia / Psicologia genética, que analisa e descreve 
o processo de como se constrói o conhecimento em interação com 
outros e com os objetos. 
 
• Linguística, encarrega-se da compreensão da linguagem. 
Pedagogia, contribui com as diversas abordagens do processo ensino 
aprendizagem; 
 
• Neuropsicologia, possibilita a compreensão dos mecanismos 
cerebrais que subjazem ao aprimoramento das atividades mentais. Etc... 
 
Dessa forma todas essas teorias (áreas) fornecem meios para 
refletir e operar no campo psicopedagógico. 
Os profissionais da psicopedagogia, sustentam a sua prática em 
pressupostos teóricos. 
O foco de atenção do psicopedagogo, é a reação do sujeito 
diante das tarefas, considerando resistências, bloqueios, lapsos, 
hesitações, repetição, sentimentos de angústias. 
Atualmente, a Psicopedagogia refere-se a um saber e a um 
saber-fazer, às condições subjetivas e relacionais – em especial 
familiares e escolares – às inibições, atrasos e desvios do sujeito ou 
grupo a ser diagnosticado. 
O conhecimento psicopedagógico não se cristaliza numa 
delimitação fixa, nem nos déficits e alterações subjetivas do aprender, 
mas avalia a possibilidade do sujeito, a disponibilidade afetiva de saber 
e de fazer, reconhecendo que o saber é próprio do sujeito. 
 
13 
 
Conhecer os fundamentos da Psicopedagogia requer refletir 
sobre suas origens teóricas, revisando os impasses conceituais na ação 
da Pedagogia e da Psicologia no processo ensino-aprendizagem, os 
quais envolvem tanto o social quanto o individual, tanto 
transformadores quanto reprodutores. 
A psicopedagogia ainda se encontra em fase embrionária e seu 
corpo teórico encontra-se em plena construção. A cada dia surgem 
novas ideias, novas situações e mais transformações. Bossa diz que 
podemos caracterizar a psicopedagogia como uma área de confluência 
do psicólogo (a subjetividade do se humano como tal) e do educacional 
(atividade especificamente humana, social e cultural). (200,p.28). 
O psicopedagogo ensina como aprende e, para isso, necessita 
aprender o aprender e a aprendizagem. Na aprendizagem o indivíduo 
ao se apropriar de conhecimentos e técnicas, constrói na sua 
interiorização um universo de representações simbólicas. 
Historicamente, a Psicopedagogia nasceu para atender a 
patologia da aprendizagem, uma vez que acredita que muitas 
dificuldades de aprendizagem se devem a inadequação da 
psicopedagogia institucional e familiar. Devido a complexidade do seu 
objeto de estudo são importantes à Psicopedagogia conhecimentos 
específicos de diversas outras teorias, as quais incidem sobre os seus 
objetos de estudos, como já mencionado anteriormente: como seres 
humanos, nos diferenciamos pela nossa capacidade de aprender, 
mudar, fazer história, na qual o pensar alicerça esse processo de 
mutação. Pensar envolve duvidar, perguntar, questionar. É uma 
maneira de investigar, pesquisar o mundo e as coisas, por isso mesmo 
encerra algo que perturba, provoca mal-estar, insegurança, porque 
aquilo que nos parecia seguro foi atingido em nosso pensamento. 
 
14 
 
A Epistemologia e a Psicologia Genética se encarregam de 
analisar e descrever o processo construtivo do conhecimento pelo 
sujeito em interação com os outros e com os objetos. A linguística traz 
a compreensão da linguagem como um dos meios que caracterizam 
tipicamente o humano e cultural: a língua enquanto código disponível a 
todos os membros de uma sociedade e a fala como fenômeno subjetivo, 
evolutivo e historiado de acesso a estrutura simbólica. A Pedagogia 
contribui com as diversas abordagens do processo ensino-
aprendizagem, analisando-o do ponto de vista de quem ensina. Os 
fundamentos na Neuropsicologia possibilitam a compreensão dos 
mecanismos cerebrais que subjazem ao aprimoramento das atividades 
mentais, indicando-nos a que correspondem do ponto de vista orgânico, 
todas as evoluções ocorridas no plano psíquico. 
Neste trabalho de ensinar e aprender, o psicopedagogo recorre a 
critérios diagnósticos no sentido de compreender a falha na 
aprendizagem. A investigação diagnóstica envolve a leitura de um 
processo complexo: como o individual, o familiar atual e passado, o 
sociocultural, o educacional e a aprendizagem. Atualmente, portanto, a 
Psicopedagogia refere-se a um saber, e a um saber a fazer, as condições 
subjetivas e relacionais especialmente familiares e escolares – as 
inibições, atrasos e desvios do sujeito ou grupo a ser diagnosticado. O 
conhecimento psicopedagógico avalia a possibilidade do sujeito, a 
disponibilidade afetiva de saber e de fazer, reconhecendo que o saber é 
próprio do sujeito. O trabalho clínico não deixa de ser preventivo, pois 
ao tratar alguns transtornos de aprendizagem, pode evitar o 
aparecimento de outros. Na sua função preventiva, cabe ao 
psicopedagogo: o Detectar possíveis perturbações no processo de 
aprendizagem; o Participar da dinâmica das relações da comunidade 
educativa, a fim de favorecer o processo de integração e troca; 
15 
 
 
 Promover orientações metodológicas de acordo com as 
características dos indivíduos e grupos; 
 
 Realizar processos de orientação educacional, vocacional 
e ocupacional, tanto na forma individual ou grupal. 
O psicopedagogo pode atuar em diversas áreas, de forma 
preventiva e terapêutica, para compreender os processos de 
desenvolvimento e das aprendizagens humanas, recorrendo a várias 
estratégias objetivando se ocupar dos problemas que podem surgir. 
Numa linha preventiva, o psicopedagogo pode desempenhar 
uma prática docente, envolvendo a preparação de profissionais da 
educação, ou atuar dentro da própria escola. Na sua função preventiva, 
cabe ao psicopedagogodetectar possíveis perturbações no processo de 
aprendizagem; participar da dinâmica das relações da comunidade 
educativa a fim de favorecer o processo de integração e troca; 
promover orientações metodológicas de acordo com as características 
dos indivíduos e grupos; realizar processo de orientação educacional, 
vocacional e ocupacional, tanto na forma individual quanto em grupo. 
O psicopedagogo pode atuar tanto na área da saúde como na educação, 
já que o seu saber visa compreender as variadas dimensões da 
aprendizagem humana. Também nas empresas ou seja onde houver 
uma relação de ensino e aprendizagem. O primeiro aspecto a ser 
considerado quando buscamos um trabalho com a autonomia das 
crianças é o lugar social e subjetivo que ela ocupa. 
As preocupações de Piaget foram desde cedo bem definidas e 
podem ser resumidas a algumas grandes questões, como a da gênese 
das estruturas lógicas do pensamento da criança e a maneira como elas 
16 
 
funcionam, e, consequentemente, a questão dos procedimentos do 
conhecimento que a criança põe em ação, o que coloca o problema da 
Epistemologia Genética no quadro da Epistemologia Geral. Em certo 
momento da vida de Piaget, ele observa seus próprios filhos em 
colaboração com a esposa, o resultado de cinco anos de investigações é 
publicado essencialmente em duas obras que dominam o período: (O 
Surgimento do Pensamento da Criança), 1936 e (A Construção do real 
da Criança) 1937. Piaget - escreve Vinh Bang - consagrou-se 
essencialmente ao estudo das primeiras manifestações da inteligência, 
desde os esquemas sensório-motores até as formas mais elementares de 
representação, da imitação e do pensamento simbólico. Para o leitor 
familiarizado com esses dois livros, pode parecer que Piaget recorre ao 
método de simples observação e que assim sua reflexão metodológica 
anterior esteja, senão ausente, ao menos posta de lado, na realidade não 
se trata disso. O psicólogo, que se tornou pai, tenta simplesmente ver, 
em seus filhos, de que maneira surgem as primeiras manifestações da 
inteligência. Se Piaget abordou o estudo da inteligência anterior a 
linguagem, não foi somente porque tinha filhos que facilitavam as suas 
investigações. Além de saber perfeitamente o que deveria observar, ele 
verificava de algum modo - ou experimentava - uma ideia importante, a 
saber, que a inteligência é a forma tomada pela adaptação biológica no 
nível da espécie. Era preciso descobrir como se constitui a primeira 
forma assumida pela inteligência da criança, estabelecendo o inventário 
diário de suas aquisições. Naturalmente a inteligência sensório-motora 
não é mais do que a forma mais humilde - mas fundamental no sentido 
em que não apenas as outras dela dependem como não poderiam sem 
ela existir - assumida pela inteligência humana. Ela é essencialmente 
uma inteligência sem pensamento, sem representação e sem linguagem. 
Ao observar os moluscos nos lagos suíços que, para se 
adaptarem ao meio no qual se encontram são levados a se transformar 
17 
 
fixando-se ao suporte, modificando assim as suas conchas, Piaget 
funda a psicologia sobre a adaptação do homem ao meio e cria a 
epistemologia da interação sujeito/meio ambiente. Isso significa que 
considerando que todo conhecimento é o produto de interações entre 
um sujeito e o seu meio, o conhecimento provém da atividade do 
sujeito e , particularmente, de sua capacidade para extrair as 
propriedades ao elemento do meio ou do objeto. Mas conhecer, nesse 
sentido, comporta, de um lado, o que seria extraído do objeto, suas 
qualidades próprias que podem ser captadas pela atividade perceptiva; 
de outro, o que o sujeito nele introduz, transformando-o. Assim, por 
exemplo, esta pedra é negra, tem estrias, e, em uma delas, pode-se 
observar alguns pequenos cristais. Trata-se aqui de elementos 
pertencentes à pedra, que o sujeito descobre através de uma simples 
leitura perceptiva ou constatação. É o que o objeto fornece de si mesmo 
ao sujeito que o observa. Mas levantar, bater, lançar, trazer de volta, 
esfregar, sovar, girar de um lado para outro este objeto constituem 
propriedades do sujeito que, ao exercê-las sobre o objeto acaba por 
transformá-lo, descobrindo nele, através de sua ação, não apenas novas 
propriedades - como seu peso ou a sua rijeza - mas também que ele 
mesmo possui a capacidade de levantá-lo, calcular seu peso, girá-lo , 
etc. Logo, a atividade do sujeito põe em ação propriedades que lhe são 
próprias, fruto de interações anteriores que ele pôde estabelecer com o 
mundo que o cerca. Daí a epistemologia genética,que seria a história da 
organização progressiva e sucessiva das estruturas da atividade e de sua 
construção na e através da interação entre o sujeito e o objeto. 
Essa interação comporta, se adotarmos o ponto de vista do 
sujeito em relação ao objeto, assimilação, ou seja, absorção pura e 
simples do objeto como tal pelas estruturas da atividade do sujeito, e 
ainda, a cada resistência do objeto, acomodação, isto é , modificação 
das estruturas da atividade do sujeito para que ele possa assimilar o 
18 
 
objeto. A epistemologia genética e a psicologia genética dela 
decorrentes não são, portanto, mais do que a descrição de um sujeito 
geral, tão geral que não existe senão como construção. Logo, o sujeito 
de Piaget não tem nada a ver com o sujeito concreto, o sujeito 
psicológico real. Ele é apenas epistêmico, universal qualquer, dirá o 
próprio Piaget. 
Podemos assim discernir, no desenvolvimento das estruturas da 
inteligência, um conjunto de etapas características, denominamos 
estádios, que podemos reduzir a três principais, com subdivisões: 
1- O estádio da inteligência sensório-motora (até 2 anos). 
 
2- O estádio das operações concretas( de 2 a 12 anos), com os 
sub estádios: a)Da inteligência simbólica ou da inteligência pré-
operatória (2 a 7 anos). b)Da inteligência operatória concreta ou das 
operações concretas ( 7 a 12 anos) 
 
3-O estádio da inteligência operatório formal ou das operações 
formais (12 anos a16 anos). 
Essa divisão em estádios não é arbitrária, ela corresponde a 
critérios definidos, diferentemente dos estádios das demais escolas 
psicológicas ou de outras perspectivas de desenvolvimento. A obra de 
Piaget exerceu, exerce e exercerá por muito tempo ainda uma 
influência considerável sobre a vida e o pensamento científico e sobre 
o desenvolvimento da psicologia em particular. 
A Psicanálise representa um corpo de conhecimentos sobre os 
nossos desejos, os nossos pensamentos, e o modo como esses 
pensamentos estão e os desejos se expressam através dos nossos 
19 
 
sonhos, crenças e ações. É uma teoria que procura explicar o modo 
como as diferenças individuais da personalidade e conflitos que surgem 
na infância, ou durante a infância. A Psicanálise é também uma forma 
de psicoterapia, trata os distúrbios emocionais, individuais, mas é 
importante relembrar que enquanto a psicanálise "trabalha" com 
pessoas (paciente), mostrou informação muito importante sobre o 
comportamento humano. 
A psicanálise apresenta uma série de suposições e hipóteses 
indeterminadas, do que propriamente um conjunto de fatos 
cientificamente comprovados. A teoria psicanalista de Freud, 
influenciou grande parte dos estudos sobre a personalidade humana, na 
primeira parte do século passado. Esta teoria foi elaborada a partir de 
observações feitas aos pacientes no seu consultório clínico, não foi 
elaborada sob condições científicas rigorosas. Freud pensava que era 
impossível compreender os processos patológicos se só se admitisse a 
existência do consciente. A concepção dominante de homem, até então, 
definia-o como ser racional , que controlava os seus impulsos através 
da vontade. O consciente, constituído pelas representações presentes na 
nossa consciência e conhecido pela introspecção, constituía o essencial 
da vida mental do homem. Posteriormente,Freud apresentou que a 
personalidade humana basicamente se compõe de três instâncias: Id , 
ego e superego. O ID refere-se aos instintos e as repressões e governa-
se pelo princípio do prazer. O superego é o nome dado às normas e 
exigências sociais introjetadas. Id e superego são inconscientes, 
enquanto que o ego, consciente, que se rege pelo princípio da realidade, 
tem a função ativa de atender tanto às exigências do id e do superego, 
buscando uma composição aceitável, para que lançará mão de 
mecanismos de defesa. Freud estava convencido de que os distúrbios 
neuróticos manifestos pelos seus pacientes tinha origem em 
experiências da infância. Por conseguinte, ele veio a ser um dos 
20 
 
primeiros teóricos a atribuir um papel importante ao desenvolvimento 
da criança. Na teoria psicanalítica do desenvolvimento, a criança passa 
por uma série de estágios psicossexuais. O Estágio oral vai do 
nascimento ao segundo ano de vida. Durante esta fase, a estimulação 
da boca, como sugar, morder, é a fonte primária de satisfação erótica. 
A satisfação inadequada nesse estágio - demasiada ou muito pouca - 
pode produzir um tipo oral de personalidade, uma pessoa 
excessivamente preocupada. No estágio anal, a gratificação vai da boca 
para o ânus, e as crianças derivam prazer da zona anal. Durante esse 
estágio, que coincide com o período do treinamento da higiene 
pessoal, as crianças podem expelir ou reter fezes. Conflitos durante este 
período podem resultar em um adulto anal expulsivo, que é sujo, 
perdulário e extravagante, ou num adulto anal retentivo, demasiado 
asseado, parcimonioso e compulsivo. Durante o estágio fálico, que 
ocorre por volta do quarto ano de vida, a satisfação erótica se transfere 
para a região genital. Há muita manipulação e exibição dos órgãos 
genitais. Freud situou nesse estágio o desenvolvimento do complexo de 
Édipo. Freud sugeriu que as crianças sentem atração sexual pelo 
genitor do sexo oposto e temor pelo genitor do mesmo sexo, agora 
percebido como rival. As crianças que sobrevivem às muitas lutas 
desses primeiros estágios entram num período de latência, que dura 
mais ou menos do quinto ao décimo segundo ano de vida. Então, ao ver 
de Freud, o início da adolescência e a proximidade da puberdade 
assinalam o começo do estágio para preparar para o casamento e para 
formar uma família. 
O autor soviético Lev Seminovich Vygotsky teve um importante 
papel no estudo do desenvolvimento humano. Vygotsky nasceu em 
1896, na Bielo-Rússia, e faleceu prematuramente aos 37 anos de idade. 
Ele foi considerado um dos teóricos que buscou uma alternativa dentro 
21 
 
do materialismo dialético para o conflito entre as concepções idealista e 
mecanicista na psicologia. 
O autor construiu propostas teóricas inovadoras sobre as 
relações entre pensamento e linguagem, a natureza do processo de 
desenvolvimento da criança e o papel da instrução no desenvolvimento 
infantil. A sua questão central é a aquisição de conhecimento pela 
interação do indivíduo com seu meio. Nesse sentido, a formação 
psíquica é internalizada e mediada pela cultura. Os processos de 
pensamento, memória, percepção e atenção fazem parte da função 
mental, na qual o conhecimento se constitui a partir de relações intra e 
interpessoais. É na troca com outros indivíduos e consigo próprio que 
vão se internalizando conhecimentos, papéis e funções sociais, o que 
permite a formação de conhecimento e da própria consciência, que é 
mediada pela cultura. A linguagem é compreendida por Vygotsky 
(1988) como mediação entre o indivíduo e o objeto de conhecimento. 
Ela transmite a cultura e forma as nossas funções mentais superiores. 
Esse processo de internalização é fundamental para o desenvolvimento 
psicológico. O indivíduo não tem acesso direto aos objetos que o 
rodeiam, e esse processo acaba sendo mediado pelo outro.O 
desenvolvimento humano é resultado das interações dialéticas do 
homem e seu meio sócio-histórico cultural. Ao mesmo tempo em que o 
ser humano transforma o seu meio para seguir suas necessidades 
básicas, transforma-se a si mesmo. O próprio comportamento é criado e 
modificado ao longo da história social da civilização, e é um dos 
instrumentos que o ser humano utiliza para dominar o seu ambiente. 
No que diz respeito ao desenvolvimento infantil, Vygotsky 
preconiza que devemos considerar não apenas o nível da criança, mas 
também o seu nível de desenvolvimento potencial, a sua capacidade de 
desempenhar tarefas com ajuda de outras pessoas mais capazes. As 
22 
 
respostas das crianças ao ambiente, no início, são desencadeadas por 
processos inatos. Na mediação dos adultos, os processos psicológicos 
mais complexos acabam tomando forma. Embora as crianças 
dependam de cuidados prolongados, elas participam ativamente de seu 
próprio aprendizado, tanto no contexto familiar quanto na comunidade. 
O emprego de apoios como estratégias de ensino junto aos alunos tem 
origem na teoria sociocultural de Vygotsky e em seu conceito de zona 
de desenvolvimento proximal (ZDP). 
Para Vygotsky (1989), a ZDP representa a distância entre o 
desenvolvimento real, que se identifica através da solução 
independente de um problema, e o nível de desenvolvimento potencial, 
quando a solução de um problema acontece sob orientação de um 
adulto ou em colaboração com colegas mais capazes. A Neurologia é 
uma importante ferramenta para identificar problemas de aprendizagem 
na criança. As crianças que apresentam dificuldades escolares por mau 
rendimento crônico, perda de conteúdo e dificuldades qualitativas e 
quantitativas de aprendizado devem ser sempre analisadas como 
resultado de três fatores: 
 
1)Problemas sócio-culturais; 
 
2)Problemas Psicoemocionais e 
 
3) Problemas Neurobiológicos (Fonseca,1995). 
Sendo assim, a Neurobiologia deve ser estudada e encarada 
também com ingrediente fundamental no rol dos conhecimentos de 
quem ensina, já que o processo ensino-aprendizagem sofre direta 
23 
 
influência do funcionamento cerebral. A aquisição da capacidade de 
leitura e escrita e do aprendizado escolar exige um processo de 
complexas adaptações do sistema nervoso central às demandas da 
estimulação ambiental, sendo um processo mais lento e 
progressivo(CASELLA BARBANTE, COSTA, AMARO 
JUNIOR,2008). 
Todo processo de aquisição de qualquer informação que chega 
ao cérebro deve passar por circuitos sensoriais (visão, audição, tato, 
paladar, olfato, etc.) os quais permitem absorver os estímulos do 
mundo externo e transmiti-las para o cérebro. (CASSELLA 
BARBANTE,COSTA,AMARO JUNIOR,2008). 
As áreas mais comumente envolvidas na percepção do mundo 
externo estão localizadas em circuitos sensório-sensitivos na área de 
integração sensório-motora cortical. Esta extensa área cortical "dá 
sentido" ao que recebemos do ambiente e correlaciona com os nossos 
conceitos internos já gerados internamente.(CASSELLABARBANTE, 
COSTA, AMARO JUNIOR,2008). 
A Neuropsicologia é uma ciência que tenta relacionar os 
processos psicológicos superiores ao funcionamento cerebral, 
utilizando dois grandes grupos de disciplinas: as Neurociências, que 
elucidam a estrutura e o funcionamento cerebral, e a Psicologia, que 
expõe a organização das operações mentais e de comportamento 
(SERON,1991). O estudo das relações entre os distúrbios de linguagem 
e as lesões cerebrais, na Neurologia é uma das vertentes da 
Neuropsicologia. 
Em torno da década de 30, a Neuropsicologia constitui-se em 
uma área interdisciplinar, compreendendo a Neurologia, a Psicologia e 
a Linguística. (CALDAS 2000). A Neuropsicologia cognitiva é um 
ramo da Neuropsicologia cujo interesse é compreender o 
24 
 
funcionamento do cérebro normal e lesado por meio de modelos ou 
arquiteturas funcionais de tratamento de informação. Este termo 
começou a ser usado em torno da década de 70, com a união dos 
conhecimentos da Neurologia, doavanço das técnicas de 
Neuroimagem e dos modelos do funcionamento mental, provenientes 
da Psicologia Cognitiva. Os dados Neuropsicológicos e a teoria 
cognitiva apresentam uma relação recíproca, dando suporte a 
Neuropsicologia cognitiva. (RIDDOCH e HUMPHREYS,1994). 
Roazzi (1999), salienta a impossibilidade de dissociar 
totalmente, do ponto de vista psicológico, os elementos supostamente 
cognitivos daqueles relacionados às regras de interação social e de 
estruturação do contexto no qual estão inseridos os sujeitos, e 
menciona a existência de um novo paradigma de investigação de 
pesquisa cognitiva, inserindo os sujeitos, e inserindo o contexto 
sociocultural. 
A Neurociência cognitiva social busca compreender os 
fenômenos em termos de interações entre três níveis de análise : 
 
1) O nível social, relacionado com fatores motivacionais e 
sociais que influenciam o comportamento e a experiência; 
 
2) O nível cognitivo; relacionado aos mecanismos de 
processamento da informação que sustentam o fenômeno e 
 
3) O nível neural, que compreende os mecanismos cerebrais 
que estão subjacentes aos processos cognitivos.(OCHSNER 
ELIEBERMAN,2001). 
25 
 
Na perspectiva da Neuropsicologia do desenvolvimento, as 
dificuldades de aprendizagem são entendidas como um conjunto de 
distúrbios sistémicos e parciais da aprendizagem escolar, que surgem 
como consequência de uma insuficiência funcional de um ou vários 
sistemas cerebrais. (SANTANA,2001). As práticas sociais relativas à 
leitura e à escrita transcendem não só os limites da escola como, 
também, precedem o ingresso da criança no sistema de ensino formal. 
(CORREA,2001). Sabe-se que a criança inicia-se no processo de 
alfabetização através de atividades da vida diária, a partir do uso de 
materiais escritos e figurativos, disponíveis em casa 
(CASTANHEIRA,1992). 
Assim, o contexto familiar constitui um fator importante para 
favorecer o desenvolvimento de habilidades iniciais de leitura e escrita. 
Dentre as variáveis de cunho sociocultural, Witter (1996) destaca a 
influência do contexto histórico-cultural da própria sociedade, 
ambiente sociocultural mais próximo em que vive o leitor e ambiente 
da própria escola. Portanto, as dificuldades de leitura e escrita 
envolvem também fatores relacionados ao núcleo familiar, a escola e 
ao meio social.(DOCKRELL E MC SHANE,2000). 
 
4. UM POUCO DE HISTÓRIA 
 
Historicamente, segundo BOSSA (2000) os primórdios da 
Psicopedagogia ocorreram na Europa, ainda no século XIX, evidenciada pela 
preocupação com os problemas de aprendizagem na área médica. 
Acreditava-se na época que os comprometimentos na área escolar eram 
provenientes de causas orgânicas, pois procurava-se identificar no físico as 
determinantes das dificuldades do aprendente. Com isto, constituiu-se um 
caráter orgânico da Psicopedagogia. 
26 
 
De acordo com BOSSA (2000), a crença de que os problemas de 
aprendizagem eram causados por fatores orgânicos perdurou por muitos anos 
e determinou a forma do tratamento dada à questão do fracasso escolar até 
bem recentemente. 
Nas décadas de 40 a 60, na França, a ação do pedagogo era vinculada à 
do médico. No ano de 1946, em Paris foi criado o primeiro centro 
psicopedagógico. O trabalho cooperativo entre médico e pedagogo era 
destinado a crianças com problemas escolares, ou de comportamento e eram 
definidas como aquelas que apresentavam doenças crônicas como diabetes, 
tuberculose, cegueira, surdez ou problemas motores. A denominação 
“Psicopedagógico” foi escolhida, em detrimento de “Médico Pedagógico”, 
porque acreditava-se que os pais enviariam seus filhos com menor resistência. 
Em decorrência de novas descobertas científicas e movimentos sociais, 
a Psicopedagogia sofreu muitas influências. 
Em 1958, no Brasil surge o Serviço de Orientação Psicopedagógica da 
Escola Guatemala, na Guanabara (Escola Experimental do INEP - Instituto de 
Estudos e Pesquisas Educacionais do MEC). O objetivo era melhorar a relação 
professor-aluno. 
Nas décadas de 50 e 60 a categoria profissional dos psicopedagogos 
organizou-se no país, com a divulgação da abordagem psico-neurológica do 
desenvolvimento humano. 
Atualmente novas abordagens teóricas sobre o desenvolvimento e a 
aprendizagem, bem como inúmeras pesquisas sobre os fatores intra e extra 
escolares na determinação do fracasso escolar, contribuíram para uma nova 
visão mais crítica e abrangente. 
 
 
 
27 
 
4.1 A HISTORIA DA PSICOPEDAGOGIA NO BRASIL E NA 
ARGENTINA 
 
Bossa, em sua obra Psicopedagogia no Brasil faz um resumo referente 
a trajetória da Psicopedagogia, ressalta que o movimento da Psicopedagogia 
no Brasil deu-se devido ao seu histórico na Argentina. 
A autora articula que encontra-se trabalhos de autores argentinos na 
literatura brasileira, os quais constituem os primeiros esforços no sentido de 
sistematizar um corpo teórico da Psicopedagogia. 
A origem do pensamento argentino acerca da Psicopedagogia, está 
fortemente marcada pela literatura francesa. Autores como Jacques Lacan, 
Maud Mannoni, Françoise Dolto, Julián de Ajuriaguerra, Janine Mery, Michel 
Lobrot, Pierre Vayer, Maurice Debesse, René Diatkine, George Mauco, 
Pichón-Rivière e outros, são frequentemente citados nos trabalhos argentinos. 
Relata a autora que, a Psicopedagogia nasceu na Europa, ainda no 
século XIX. Inicialmente, pensaram sobre o problema de aprendizagem: os 
filósofos, os médicos e os educadores. 
De acordo com Bossa, na literatura francesa – encontra-se, entre outros, 
os trabalhos de Janine Mery, psicopedagoga francesa, que apresenta algumas 
considerações sobre o termo psicopedagogia e sobre a origem dessas ideias na 
Europa, e os trabalhos de George Mauco, fundador do primeiro centro médico 
psicopedagógico na França onde se percebe as primeiras tentativas de 
articulação entre Medicina, Psicologia, Psicanálise e Pedagogia, na solução 
dos problemas de comportamento e de aprendizagem. 
O termo psicopedagogia curativa, foi adotado por Janine Mery, usado 
para caracterizar uma ação terapêutica que considera aspectos pedagógicos e 
psicológicos no tratamento de crianças que apresentam fracasso escolar. Tais 
crianças " experimentam dificuldades ou demonstram lentidão em relação aos 
seus colegas no qual diz respeito às aquisições escolares" (Janine Mery, 1985, 
p. 16). 
28 
 
Segundo essa autora, no final do século XIX, educadores como Itard, 
Pereire, Pestalozzi, e Seguin começaram a se dedicar às crianças que 
apresentavam problemas de aprendizagem em razão de vários tipos de 
distúrbios. Pestalozzi, inspirando nas ideias de Rousseau , fundou na Suíça um 
centro de educação através do trabalho, onde usou o método intuitivo e 
natural, estimulando em especial a percepção. Educadores como Pereire, Itard 
e Seguin também se preocuparam principalmente com a percepção. Mery 
aponta esses educadores como pioneiros no tratamento dos problemas de 
aprendizagem, observando, porém, que eles se preocupavam mais pelas 
deficiências sensoriais e pela debilidade mental do que propriamente pela 
desadaptação infantil. 
Em 1898, Edouard Claparède, famoso professor de Psicologia, 
juntamente com o neurologista François Neville, introduziu na escola pública 
as "classes especiais", destinadas à educação de crianças com retardo mental. 
Esta foi a primeira iniciativa registrada de médicos e educadores no campo da 
reeducação (cf. Claparède, 1959). Em 1904 e 1908 iniciam-se as primeiras 
consultas médico-pedagógicas, as quais tinham o objetivo de encaminhar as 
crianças para as classes especiais. 
Ainda em fins do século XIX foi formada uma equipe médico-
pedagógica pelo educador Seguin e pelo médico psiquiatra Esquirol. A partir 
daí a neuropsiquiatria infantil passou a se ocupar dos problemas neurológicos 
que afetam a aprendizagem (cf. Mery, 1985, p. 11). Nessa mesma época 
Maria Montessori, psiquiatra italiana, criou ummétodo de aprendizagem 
destinado inicialmente às crianças retardadas. 
Posteriormente, o método Montessori foi estendido a todas as crianças, 
sendo hoje utilizado em muitas Escolas. Sua principal preocupação está na 
educação da vontade e na alfabetização, via estimulação dos órgãos dos 
sentidos – sendo por isso classificado como sensorial (cf. Montessori, 1954). 
O psiquiatra Ovidir Decroly também se preocupou com a ed. infantil, 
utilizando técnicas de observação e filmagem para estudar as situações de 
29 
 
aprendizagem. Criou os famosos Centros de Interesse, que perduram até os 
nossos dias (cf. Decroly, 1929). 
Conforme Mery (1985), em 1946 foram fundados os primeiros Centro 
Psicopedagógicos, onde se buscava unir conhecimentos da Psicologia, da 
Psicanálise e da Pedagogia para tratar comportamentos socialmente 
inadequados de crianças, tanto na escola como no lar, objetivando a sua 
adaptação. 
De acordo com o professor Lino de Macedo, "a Psicopedagogia é uma 
(nova) área de atuação profissional que tem, ou melhor, busca uma identidade 
e que requer uma formação de nível interdisciplinar (o que já é sugerido no 
próprio termo psicopedagogia)" (1992, p. VIII). 
 
4.1.1 A PSICOPEDAGOGIA NA ARGENTINA 
 
De acordo com Alicia Fernández, a graduação em Psicopedagogia 
surgiu há mais de trinta anos na Argentina. Na prática, a atividade 
psicopedagógica iniciou-se antes da criação do próprio curso. Profissionais 
que possuíam outra formação viram a necessidade de ocupar um espaço que 
não podia ser preenchido pelo psicólogo nem pelo pedagogo. Desta maneira, 
começaram fazendo reeducação, com o objetivo de resolver fracassos 
escolares. 
Trabalhava-se as funções egóicas, tais como memória, percepção, 
atenção, motricidade e pensamento, medindo-se os déficits e elaborando 
planos de tratamento que objetivavam vencer essas faltas. De acordo com 
Bossa, Alicia afirma que o curso de Psicopedagogia passou por três momentos 
distintos devido a alterações nos seus planos de estudo. (Bossa e Montti, 1991, 
p.22). 
Para Fernández e Montti, o segundo momento da Psicopedagogia na 
Argentina é constituído pelos planos de 1963, 1964 e 1969, nos quais se 
30 
 
evidencia a influência da Psicologia Experimental na formação do 
psicopedagogo. Neste momento, busca-se a formação instrumental do 
profissional, ou seja, procura-se capacitá-lo na medição das funções 
cognitivas e afetivas. 
Durante os trinta anos que se passaram desde o seu estabelecimento na 
Argentina, a Psicopedagogia tem ocupado um significado espaço no âmbito 
da educação e da saúde. Nesse processo evolutivo, é importante destacar um 
fato relevante que permitiu mudanças na abordagem da Psicopedagogia: da 
reeducação à clínica. Na década de 1970 criou-se em Buenos Aires os Centros 
de Saúde Mental, onde atuavam equipes de psicopedagogos que faziam 
diagnóstico e tratamento. Esses profissionais observavam que, depois de um 
ano de tratamento, quando os pacientes retornavam para controle, haviam 
"resolvido" os seus problemas de aprendizagem. Entretanto, em lugar desses 
problemas surgiam graves distúrbios de personalidade: fobias, traços 
psicóticos, etc. Os reeducadores tomaram, então, consciência de que haviam 
afogado o único grito que esses sujeitos tinham para se expressar, produzindo-
se, pois, um deslocamento de sintoma. A partir daí ocorre uma grande 
mudança na abordagem psicopedagógica. Os psicopedagogos começam a 
incluir no seu trabalho o olhar e a escuta clínica da Psicanálise, resultando no 
atual perfil do psicopedagogo argentino. 
Observam Fernández e Montti que, na Argentina, a atuação 
psicopedagógica está ligada, fundamentalmente, a duas áreas: a educação e a 
saúde. A função do psicopedagogo na área educativa é cooperar para diminuir 
o fracasso escolar, seja este da instituição, seja do sujeito ou, o que é mais 
frequente, de ambos. Esse objetivo é perseguido através de assessoramento 
aos pais, professores e diretores, para que possam decidir e opinar na 
elaboração de planos de recreação, cujo objetivo é o desenvolvimento da 
criatividade, do juízo crítico e da cooperação entre os alunos. Ainda na área 
educativa, psicopedagogo argentino atua no serviço de orientação vocacional, 
na passagem do 1º para o 2º e deste par o 3º grau, bem como em outras 
atividades que surgem em função de necessidades concretas da instituição. 
31 
 
Quanto a área de saúde, o psicopedagogo, na Argentina, trabalha em 
consultórios particulares e/ou em instituições de saúde, hospitais públicos e 
particulares. Sua função é reconhecer e atuar sobre as alterações da 
aprendizagem sistemática e/ou disfunção cerebral assistemática. Procura-se 
reconhecer as alterações da aprendizagem sistemática, utiliza-se diagnóstico 
na identificação dos múltiplos geradores desse problema e, fundamentalmente, 
busca-se descobrir como o sujeito aprende. Utilizam-se, no diagnóstico, testes 
para melhor conhecer o paciente e a sua problemática, os quais são 
selecionados em função de cada sujeito. Participam do processo diagnóstico 
tanto o sujeito quanto os pais. 
 
 
4.1.2 PSICOPEDAGOGIA NO BRASIL 
 
De acordo com Bossa, no Brasil, se explicou o problema de 
aprendizagem como produto de fatores orgânicos (Lefèvre, 1968, 1975, 1981; 
Grünspun, 1990). Nesse caminhar, na década de 70 foi difundida que a causa 
de uma disfunção neurológica não-detectável em exame clínico, chamada 
mínima (DCM), fosse o problema. 
No final da década de 70, surgiram os primeiros cursos de 
especialização em Psicopedagogia no Brasil, idealizados para complementar a 
formação dos psicólogos e de educadores que buscavam soluções para esses 
problemas. Esses cursos foram estruturados e, dentro desse contexto histórico, 
amparados num conhecimento científico, fruto de uma dinâmica sociocultural 
que não a nossa. 
Os profissionais de Porto Alegre organizaram centros de estudos 
destinados à formação e atualização em Psicopedagogia – nos moldes dos 
cursos do Centro Médico de Pesquisas de Buenos Aires -, como o professor 
Nilo Fichtner, que fundou o Centro de Estudos Médicos e Psicopedagógicos 
na capital gaúcha. Essa formação em Psicopedagogia dá-se num quadro de 
32 
 
referências baseado num modelo médico de atuação. Segundo Golbert (1985), 
"a Clínica Médica Pedagógica de Porto Alegre, dirigida pelo Dr. Nilo Fchtner 
desde 1970, prepara profissionais em Psicopedagogia Terapêutica". 
Neste breve histórico da Psicopedagogia no Brasil, não se pode deixar 
de mencionar o trabalho da professora Genny Golubi de Moraes, por sua 
contribuição na compreensão e tratamento dos problemas de aprendizagem. 
Coordenadora de cursos na PUC-SP, foi responsável pela formação de um 
grande número de profissionais da Psicopedagogia que hoje desenvolvem 
importantes trabalhos na área. Priorizou sempre o trabalho preventivo, 
deixando clara a sua preocupação no sentido de fazer com que cada vez 
menos crianças cheguem à clínica por problemas escolares. 
A nova abordagem desse curso pioneiro reflete a mudança na forma de 
conceber a problemática do fracasso escolar e a busca pela identidade desse 
profissional brasileiro, que nasce como reeducador e que, ao longo do tempo, 
amplia o seu compromisso assumindo a responsabilidade com a diminuição 
dos problemas de aprendizagem nas escolas e, consequentemente, com a 
redução dos altos índices de fracasso escolar. 
A Associação Brasileira de Psicopedagogia não deixa de dar contornos 
à prática psicopedagógica em nosso País. Tem sido responsável pela 
organização de eventos de dimensão nacional, bem como por publicações 
cujos temas retratam as preocupações e tendências na área. Segundo Bossa, o 
trabalho psicopedagógico não pode confundir-se com a prática psicanalítica e 
nem tampouco com qualquer prática que conceba uma única face do sujeito. 
Um psicopedagogo, cujo objeto de estudo é a problemática da aprendizagem, 
não pode deixarde observar o que sucede entre a inteligência e os desejos 
inconscientes. Diz Piaget que "o estudo do sujeito ‘epistêmico’ se refere à 
coordenação geral das ações (reunir, ordenar ,etc.) constitutivas da lógica, e 
não ao sujeito ‘individual’, que se refere às ações próprias e diferenciadas de 
cada indivíduo considerado à parte" (1970, p. 20). 
Desse sujeito individual ocupa-se a psicopedagogia. 
33 
 
O conceito de aprendizagem com o qual trabalha a Psicopedagogia 
remete a uma visão de homem como sujeito ativo num processo de interação 
com o meio físico e social. Nesse processo interferem o seu equipamento 
biológico, as suas condições afetivo-emocionais e as suas condições 
intelectuais que são geradas no meio familiar e sociocultural no qual nasce e 
vive o sujeito. O produto de tal interação é a aprendizagem. 
Conhecer a Psicopedagogia implica um maior conhecimento de várias 
outras áreas, de forma a construir novos conhecimentos a partir delas. Ao 
concluir o curso de especialização em Psicopedagogia, o aluno está iniciando 
a sua formação, o que deve ser um ponto de partida para uma eterna busca do 
melhor conhecimento. 
 
 
MÓDULO II – A FIGURA DO PSICOPEDAGOGO 
 
5. CAMPO DE ATUAÇÃO 
 
O campo de atuação está se ampliando, pois o que inicialmente 
caracterizava-se somente no aspecto clínico (Psicopedagogia Clínica), hoje 
pode ser aplicado no segmento escolar (Psicopedagogia Institucional) e ainda 
em segmentos hospitalares, empresariais e em organizações que aconteçam a 
gestão de pessoas. 
O aspecto clínico é realizado em Centros de Atendimento ou Clínicas 
Psicopedagógicas e as atividades ocorrem geralmente de forma individual. 
34 
 
O aspecto institucional, como já mencionado, acontecerá em escolas e 
organizações educacionais e está mais voltada para a prevenção dos 
insucessos relacionais e de aprendizagem, se bem que muitas vezes, deve-se 
considerar a prática terapêutica nas organizações como necessária. 
De acordo com Júlia Eugênia Gonçalves, Mestra em Educação e 
Psicopedagoga, “é preciso que seja feita uma ressalva quanto a maneira como 
a Psicopedagogia encara a aprendizagem humana, vista sempre como uma 
feição própria do indivíduo se relacionar com o Conhecimento gerado e 
armazenado pela Cultura e os problemas de aprendizagem como oriundos de 
fraturas ocorridas nessa relação, vínculos mal estabelecidos entre aprendentes 
e ensinantes, seja por fatores de natureza orgânica, cognitiva ou emocional." 
O trabalho psicopedagógico, portanto, não se apresenta como 
reeducativo, mas, sim, como terapêutico (uma terapia centrada na 
aprendizagem) ; não se dirige para um público específico, porque aprendentes 
somos todos nós, humanos: 
Crianças, jovens, ou velhos que nos mantemos vivos e atuantes, 
enquanto aprendemos e ensinamos e podemos contribuir com a nossa marca 
para a evolução da humanidade. 
Ainda segundo Julia, “a atuação do psicopedagogo difere daquela do 
psicólogo, pois este não está preocupado especificamente com a aprendizagem 
, como aquele. Costumo dizer que o ser humano, em sua complexidade, 
sempre articula uma maneira de pedir ajuda, quando está em dificuldades de 
qualquer natureza. Seja a criança, apresentando uma dificuldade específica na 
Escola ; seja o jovem , fazendo muitas vezes uma verdadeira negação da 
escolaridade e enveredando pela marginalidade; seja o idoso, entrando em 
depressão por se julgar incapaz de aprender e continuar contribuindo para sua 
comunidade . Quando esse pedido de ajuda se dá via aprendizagem, aí deve 
atuar o psicopedagogo, por ser o profissional cuja formação o habilita para 
compreender e atender tais solicitações. 
35 
 
A Psicopedagogia aplicada a segmentos hospitalares e empresariais 
está voltada para a manutenção de um ambiente harmônico e à identificação e 
prevenção dos insucessos interpessoais e de aprendizagem. Pode ser realizada 
de forma individual ou em grupo. 
É possível perceber que a Psicopedagogia também tem papel 
importante em um novo momento educacional que é a inserção e manutenção 
dos alunos com necessidades educativas especiais (NEE) no ensino regular, 
comumente chamada inclusão. 
Entende-se que colocar o aluno com NEE em sala de aula e não criar 
estratégias para a sua permanência e sucesso escolar inviabiliza todo o 
movimento nas escolas. Faz-se premente a necessidade de um 
acompanhamento e estimulação dos alunos com NEE para que as suas 
aprendizagens sejam efetivas. 
Poderão exercer a profissão de Psicopedagogo no Brasil os portadores 
de certificado de conclusão em curso de especialização em Psicopedagogia em 
nível de pós-graduação, expedido por instituições devidamente autorizadas 
nos termos da legislação pertinente. 
 
O Psicopedagogo: 
 
1. Possibilita intervenção visando à solução dos problemas de 
aprendizagem tendo como enfoque o aprendiz ou a instituição de ensino 
público ou privado; 
 
2. Realiza o diagnóstico e intervenção psicopedagógica, utilizando 
métodos, instrumentos e técnicas próprias da Psicopedagogia; 
 
3. Atua na prevenção dos problemas de aprendizagem. 
36 
 
 
4. Desenvolve pesquisas e estudos científicos relacionados ao 
processo de aprendizagem e seus problemas; 
 
5. Oferece assessoria aos trabalhos realizados em espaços 
institucionais; 
 
6. Orienta, coordena e supervisiona cursos de especialização de 
psicopedagogia, em nível de pós-graduação expedidos por instituições, 
devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos da legislação vigente. 
O psicopedagogo, no Brasil, ocupa-se das seguintes atividades 
conforme Lino de Macedo: 
1 - Orientação de estudos – organizando a vida escolar da criança 
quando esta não sabe fazê-lo espontaneamente como ler um texto, como 
escrever, como estudar, etc. 
 
2 - Apropriação dos conteúdos escolares – propiciar o domínio de 
disciplinas escolares que a criança não vem atingindo bons resultados; 
 
3 - Desenvolvimento do raciocínio – Os jogos são muito utilizados, 
criando um contexto de observação e diálogo sobre processos de pensar e de 
construir o conhecimento. 
 
4 - Atendimento a criança – Atende a deficientes mentais, autistas, 
hiperativos ou com comportamentos orgânicos mais graves, podendo até 
substituir o trabalho da escola. 
37 
 
Para Alicia Fernández, esse saber só é possível com uma formação que 
se oriente sobre três pilares: 
 Prática clínica: em consultório individual, grupal e familiar; 
 
 Construção teórica: permeada pela prática; 
 
 Tratamento psicopedagógico-didático: construção do olhar e da 
escuta clínica. 
 
5.1 PROJETO LEI 
 
Projeto Lei n. 3124/97 do Deputado Barbosa Neto que regulamenta a 
profissão do Psicopedagogo e cria o Conselho Federal e os Conselhos 
Regionais de Psicopedagogia. 
• O psicopedagogo é o profissional que auxilia na identificação e 
resolução dos problemas no processo de aprender. O Psicopedagogo está 
capacitado a lidar com as dificuldades de aprendizagem, um dos fatores que 
leva a multirepetência e à evasão escolar, conduzindo a marginalização social. 
 
5.2 CAMPO DE ATUAÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA 
 
Historicamente tanto na prática preventiva como na clínica, o 
profissional deve estar embasado em referencial teórico na sua função 
preventiva, onde cabe ao psicopedagogo: 
 Detectar possíveis perturbações no processo de aprendizagem; o 
Participar da dinâmica das relações da comunidade educativa, a 
fim de favorecer processos de integração e troca; 
 
38 
 
 Promover orientações metodológicas de acordo com as 
características dos indivíduos e grupos; 
 
 Realizar processos de orientação educacional, vocacional e 
ocupacional, tanto na forma individual quanto em grupo. 
 
5.3 COMPETÊNCIA DO PSICOPEDAGOGO 
 
Competência é qualidade de quem é capaz de resolver certo assunto, 
fazer determinada coisa. Implica em capacidade, habilidade para o exercício 
de uma função. 
Competente não é só quempossui uma aptidão, mas quem tem 
suficiência, propriedade e adequação na tarefa que executa. cumpre-nos 
analisar o que faz o psicopedagogo, qual é sua tarefa, a fim de que possamos 
avaliar as competências que dela derivam. 
O prefixo “ psi “ não é moderno. Deriva de “physis “, utilizado pelos 
pré-socráticos para definir a totalidade de tudo que é . Para Ser, necessário se 
faz possuir as características da espécie humana. 
Fílon, de Alexandria, desvelava a condição humana dentro de um 
quatérnio: 
• Basar, soma - dimensão corporal; 
• Nephesh - dimensão psíquica; 
• Nous - dimensão consciente, cognitiva; 
• Pneuma- o sopro - dimensão espiritual. 
 
Sara Paín, utiliza também um quatérnio para explicar as vias pelas 
quais os seres humanos acedem ao “Conhecimento“. Estas quatro estruturas 
39 
 
permitirão ao bebê captar o conhecimento, para reproduzir-se como humano, 
para ser. São elas: 
 
 O organismo - substrato biológico; 
 O corpo - lugar da identidade; 
 Estruturas cognitivas- inteligência 
 Estrutura simbólica - função semiótica ( sinais, signos e 
símbolos) 
 
Podemos ,então, concluir que psi- é um prefixo aplicável a seres 
humanos e que psicopedagogos trabalham com esta categoria. 
Ser humano é então, desde a antiguidade, ser diferente. 
Ser humano é ser aprendendente , recriando e criando conhecimentos. 
Ser humano é buscar a liberdade na obrigação da interpretação. Esta é sua 
dialética. 
Para realizar um trabalho “ psi “, necessário se faz, portanto, interpretar. 
O homem é o único animal hermenêutico. Ele é dotado de um 
pensamento reflexivo, que o capacita a fazer um juízo de valor sobre si 
mesmo, sobre os outros e sobre a realidade que o cerca. 
Desde o início da História da humanidade, temos testemunhos do 
trabalho de alguns” psis. 
Quem nos apresenta a eles é Fílon, que assim denomina um grupo de 
homens de cultura helenística. 
Os terapeutas eram hermeneutas habilitados na arte da interpretação dos 
textos sagrados, dos sonhos e dos eventos da existência. 
Aqueles que Fílon de Alexandria chamava de terapeutas tinham uma 
maneira de viver bem diferente daquela que vivenciam os que hoje levam esse 
nome. 
40 
 
O psicopedagogo será um terapeuta? Esta pergunta tanto atrai como 
amedronta. 
É a dialética de uma atividade ainda não totalmente especificada e 
regulamentada. 
Terapia é, sem dúvida nenhuma, “ arte da interpretação “. 
Efeitos e afetos modificam-se em direção a um melhor ou a um pior, de 
acordo com o sentido que se dá a um sofrimento, um evento, um sonho ou um 
texto . Os acontecimentos são o que são, o que se faz deles depende do sentido 
que se lhes dá. 
A palavra therapeutes precisa ser melhor especificada. Ela pode 
apresentar dois sentidos principais a partir do verbo de que provém: 
 
1-servir, cuidar, honrar 
 
2 -tratar, sarar 
Terapeuta é aquele que cuida, que se desvela em direção ao outro 
procurando aliviar-lhe os sofrimentos. É aquele que cuida, não o que cura. Ele 
está lá apenas para por o sujeito nas melhores condições possíveis, a fim de 
que este atue e venha a se curar. 
Terapeuta é também aquele que honra, e que, portanto, é responsável 
por uma ética subjacente à sua atividade. Neste sentido, os terapeutas saõ 
também filósofos, porque estão sempre em busca da verdade que se encontra 
por detrás das aparências. O homem é seu livro de estudos e ele ama o 
Homem e a sabedoria que dele se origina. Isso pode parecer uma utopia, para 
muitos, mas, utopia não é o irrealizável, mas o irrealizado ! Deste modo, 
podemos fazer uma leitura da descrição dos terapeutas, como algo semelhante 
ao mito fundador, original, de todas as terapêuticas. 
41 
 
A psicopedagogia é uma forma de terapia. Daí não haver a distinção, 
como lembra Alícia, entre psicopedagogia institucional e clínica. Todo 
trabalho psi é clínico seja realizado numa instituição ou entre as quatro 
paredes de um consultório. Clínica é a nossa atitude de respeito pelas 
vivências do outro, de disponibilidade perante seus sofrimentos, de olhar e de 
escuta além das aparências que nos são expostas. 
O psicopedagogo é um terapeuta que trabalha com esta característica 
básica do ser humano que é a aprendizagem 
Fílon define os terapeutas como aqueles que cuidavam do corpo, das 
imagens e dos arquétipos que o animam, do desejo e do Outro. 
Vejamos o que eu penso que ele queria dizer com isto e como podemos 
estabelecer uma relação deste quatérnio, com a competência do 
psicopedagogo: 
 Cuidar do corpo : não o corpo compreendido como organismo. 
Lembremo-nos de Sara Pain e da distinção que ela traça entre estas 
duas estruturas. O corpo de que cuidamos é aquele transversalizado 
pelo desejo, um corpo animado (ânima - aquilo que anima, que dá o 
movimento ). Não um corpo objeto, mas um corpo sujeito, que “ fala “. 
Cuidar do corpo é prestar atenção ao sopro que o anima e que 
possibilita a aprendizagem. É preciso um movimento para que ocorra 
aprendizagem. Caberá ao terapeuta a função de dialogar com este 
corpo, desatando os nós que se colocam como impelidos á vida e à 
inteligência criativa. 
 Cuidar do Ser : uma escuta e um olhar dirigida para aquele que É, ou 
seja, para aquilo que não se apresenta como doentio e mortal. Cuidar do 
ser é não estar voltado primeiramente para a doença ou para o doente,, 
mas para aquilo que se acha fora do alcance da doença e que mantém o 
sujeito vivo. É olhar em primeiro lugar para aquilo que vai bem, para o 
ponto de luz que pode dissipar as trevas. É cuidar no homem aquilo que 
escapa ao homem, abrindo espaços para modificações, para mudanças, 
um espaço onde o homem possa se recolher e descansar, encontrando 
42 
 
seus próprios caminhos para aprender. Não é ensinar, é possibilitar 
aprendizagens. 
 Cuidar do desejo: uma palavra que ocorre muitas vezes na obra de 
Fílon é “Equilíbrio” . Cuidar do desejo é não percorrer um caminho de 
excessos, mas um caminho do meio. O desejo é o do Outro e o meu. No 
trabalho psicopedagógico não existe professor e aluno, mas ensinante e 
aprendente que interagem sem possuírem papéis fixos ou 
predeterminados. Não se trata de querer a todo custo fazer 
compreender, querer que o outro compartilhe as nossas mais íntimas 
convicções. Isso de nada serve e denota uma vontade de poder. Melhor 
é respeitar o do outro como se respeita o seu próprio ritmo. Cuidar do 
desejo é atentar para as próprias necessidades, é procurar supervisão e 
terapia para a melhoria de nossa escuta e de nosso olhar, que se 
direciona tanto para o outro como para nós mesmos. 
 Cuidar do outro : A verdade é a condição da alegria, e, por isso, é 
necessário, ver com clareza. Isso supões sair das projeções, que não nos 
deixam ver o que é. É preciso” por entre parêntesis”. Isso significa 
olhar para uma pessoa, um acontecimento e não projetar sobre isto 
nossos temores e desejos, todas as nossas lembranças. É deixar de lado 
o próprio ponto de vista e os seus condicionamentos, ver as coisas a 
partir delas mesmas, em sua “ outridade. O olhar do terapeuta não deve 
ser claro apenas no sentido de lúcido, mas também no sentido de 
esclarecedor. Diante de um olhar assim, a pessoa não se sente julgada, 
nem menosprezada, mas aceita, e esta aceitação é a condição necessária 
para que se inicie o caminho de cura. Adquirir um olhar esclarecedor, 
para o terapeuta, é adquirir a humildade é relativizar o “ eu “. 
 
A competência do psicopedagogo está, portanto, na difícil tarefa de por 
em articulação teoria e prática. Não existe psicopedagogo enquanto o “ fazer “ 
não se inicia. Não existe Psicopedagogia sem a busca da verdade que está 
inscrita no conhecimento de si e do outro e na criação de novos 
conhecimentos. 
43 
 
É necessária uma integração também entre os saberes científicos, a 
fim de que a competência do psicopedagogo seja sentida: epistemológico - 
especificidades dos conhecimentos saberescientíficos: metodológico -
encontrar respostas pessoais aos conhecimentos em questão pedagógico - 
transmissão dos conhecimentos. 
Escolher a psicopedagogia como terapia, fazer-se terapeuta é assumir a 
responsabilidade por uma formação contínua e cada vez mais aprofundada nas 
questões humanas, é assumir a responsabilidade por uma atividade que 
implica um saber interdisciplinar e eclético, sem sectarismos de qualquer 
espécie, é estar aberto para as mudanças. 
 
 
 
MÓDULO III – A PSICOPEDAGIA NA PRÁTICA 
 
6. OS CASOS COMUMENTES ENCONTRADOS NA ESCOLA 
 
ANSIOSO 
– caracteriza-se por ansiedade, depressão, sentimento de inferioridade, 
solidão ou infelicidade. 
 
IMATURO 
 
44 
 
– é agitado, descuidado, passivo, falta-lhe iniciativa e interesse. 
Apresenta reações afetivas sem razão aparente, como chorar ou gargalhar;. 
 
HIPERATIVIDADE 
 
– Tem um tempo de concentração curto, é incansável; 
 
EXPLOSIVO 
 
– Não controla seus impulsos agressivos, tem atitudes destrutivas com 
relação ao material escolar, resiste a submeter-se a regras. 
 
AUTISMO 
 
– caracteriza-se por respostas anormais e estímulos auditivos ou visuais 
e por problema grave quanto à compreensão da linguagem falada. 
 
AGRAFIA 
 
– Impossibilidade de escrever e reproduzir os seus pensamentos por 
escrito. 
 
DISCALCULIA 
 
45 
 
– Dificuldade para a realização de operações matemáticas usualmente 
ligadas a uma disfunção neurológica, lesão cerebral, agnosias digitais e 
deficiente estruturação espaço-temporal. 
 
DISGRAFIA 
 
– Escrita manual extremamente pobre ou dificuldades de realização dos 
movimentos motores necessários a escrita. 
 
DISLEXIA 
 
– A criança é inteligente e criativa, porém, apresenta dificuldades de 
leitura, escrita e soletração. Lê repetidas vezes mas não entende o texto. Tem 
dificuldades para colocar os pensamentos em palavras. Dificuldades de 
lateralidade . Excelente memória para experiências, lugares e rostos. 
 
DISORTOGRAFIA 
 
– Dificuldade na expressão da linguagem escrita, revelada por 
fraseologia incorretamente construída, normalmente associada a atrasos na 
compreensão e na expressão da linguagem escrita. 
 
6.1 CADA PESSOA É COMO UM DIAMANTE QUE PRECISA 
SER LAPIDADO 
 
A lapidação é um trabalho que exige sabedoria, precisão e paciência. 
Cada pessoa é um diamante, que vem ao mundo em estado bruto. O trabalho 
46 
 
de cada um de nós é descobrir como se lapidar para se transformar numa 
pedra preciosa de muito valor. 
Nascemos e crescemos com determinadas características: mais 
explosivos, mais impacientes, tímidos, egoístas, intolerantes, malvados, 
irritadiços, medrosos ou impulsivos. No decorrer da vida, muitas pessoas, 
situações e acontecimentos participam ativamente desse processo de 
lapidação: Os pais e os familiares que nos influenciam, o grupo social que nos 
encoraja ou nos oprime, o ambiente de estudo e de trabalho que nos exige, 
amoldam, direciona...O que temos em excesso que precisamos abrandar? O 
que nos falta que precisamos desenvolver ou expandir? 
É preciso que cada um de nós pense assim: Qual será o trabalho de 
lapidação necessária para que eu me coloque no caminho do equilíbrio 
interior, que vai me proporcionar paz, harmonia, serenidade e força? 
Esse é um trabalho de vida inteira; é para crianças, jovens, adultos e 
velhinhos. E ninguém se iluda: Esse trabalho é cansativo e, às vezes, dói 
bastante. Mas é o que nos permite atravessar os períodos difíceis sem nos 
quebrar por dentro e que nos permite viver com mais alegria os períodos 
fáceis. 
 
7. PROCEDIMENTO PARA O DIAGNÓSTICO 
PSICOPEDAGÓGICO POR MEIO DA CAIXA LÚDICA 
A Sessão lúdica: diagnóstica ou terapêutica? 
 
A Caixa lúdica: É fundamental para a compreensão dos processos 
cognitivos, afetivos e sociais, e sua relação com o modelo de aprendizagem do 
sujeito. A atividade lúdica fornece informações sobre os esquemas do sujeito. 
 
Recurso Diagnóstico: Caixa Lúdica 
47 
 
 
A Caixa Lúdica: Não tem objetivo de avaliar as aprendizagens (o que o 
aprendente sabe ou não) pode-se até chegar a fazer isto, mas não como 
propósito final. 
- Benefícios do uso da Caixa lúdica, na primeira sessão, na relação 
vincular. 
Hora Do Jogo Diagnóstico/ Hora “Psicopedagógica” Do Jogo/ Hora Do 
Jogo/ Caixa Lúdica 
“Sem dúvida para analisar uma criança não basta um frio conhecimento 
da técnica e da teoria. É necessário ter algo do prazer que sente a criança ao 
brincar, manter algo da ingenuidade, da fantasia e da capacidade de assombro, 
que são inerentes a infância” (ABERASTURY, 1982). 
A relação vincular entre o terapeuta e o cliente baseada na confiança e 
segurança. 
Os objetivos da sessão lúdica devem ser de provocação (Weiss, 2004) 
 
A CAIXA LÚDICA 
O MATERIAL DA CAIXA LÚDICA 
 
Na Caixa lúdica a C/A encontrará material didático mas o objetivo da 
caixa lúdica não é avaliar a aprendizagem, sua função é criar e fortalecer o 
vínculo terapêutico do sujeito. 
O foco de atenção do psicopedagogo é a reação do sujeito diante das 
tarefas, considerando resistências e bloqueios, lapsos, hesitações, repetição, 
sentimentos de angústia. 
 
OBJETIVOS DA CAIXA LÚDICA 
48 
 
 
- Estabelecer vínculo com o aprendente; 
 
- Observar a modalidade de aprendizagem; 
 
- Deixar o aprendente projetar suas ansiedades, suas dificuldades 
intra-psíquicas. 
 
- Diminuir a tensão do primeiro encontro cliente-sujeito terapeuta; 
 
- Estabelecer uma forma de dialogo entre cliente – terapeuta; 
-Usar a brincadeira como forma de entrevista não direcionada ; onde se 
pergunta a criança e nem perceba que está sendo entrevistada; 
 
- Diminuir os mecanismos de defesa psíquicos durante a 
avaliação; -Servir de base para o primeiro levantamento de hipótese; 
 
7.1 ASPECTOS DA SESSÃO LÚDICA CENTRADA NA 
APRENDIZAGEM ( WEISS, 1997) 
 
- Enquadramento diagnóstico: consiste em como o terapeuta 
coloca o sujeito na sessão: o uso da sala, do tempo, do material; Limites 
gerais de segurança pessoa, de conservação do material e da sala; O papel do 
terapeuta (observar, compreender, cooperar, ser participante ativo, registrar) 
 
49 
 
- Seleção do Material: dependerá do objetivo específico da 
sessão, do tempo disponível e da idade da criança. 
 
-Observação: O terapeuta vai observar aspectos do conhecimento que 
já possui, do seu funcionamento cognitivo e suas relações vinculares. 
 
MATERIAL 
 
-A escolha do material e da brincadeira 
 
- O modo de brincar 
 
- A relação com o terapeuta 
O foco de atenção do psicopedagogo é a reação do sujeito diante das 
tarefas, considerando resistências e bloqueios, lapsos, hesitações, repetição, 
sentimentos de angústia. 
 
7.2 ASPECTOS DA AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA (CHAMAT, 
1997) 
 
- O inventário: A criança classifica os materiais, seja por mera 
manipulação, seja experimentando o funcionamento, ou seja, olhando dentro 
da caixa, favorecendo as possibilidades de ação. 
 
- A organização: O material passa a ser utilizado para um ação, 
uma organização simbólica. Nessa fase a criança combina, ajusta os materiais 
na busca de um fim antecipado, aceitando e descartando possibilidades. 
50 
 
 
- A integração: O sujeito incorpora o que fez aos seus esquemas 
anteriores, jogando, brincando com a sua confecção. É o momento em que dá 
sentido à sua criação. A aprendizagem propriamente dita. 
 
A CAIXA E OS MATERIAIS 
- Material da Caixa lúdica: madeira, papelão ou plástica. 
 
- Medida da Caixa lúdica: 40 cm x 50 cm x 60 cm. 
 
- Materiais/brinquedos para colocar dentro da caixa: 
 
- brinquedos: Carrinho, brinquedos de casinha, dinheiro de 
brinquedo, dominó, bonecas, aviões, armas de brinquedos, motos, bonecos , 
etc. 
-Jogos: pega vareta, quebra cabeça, lego 
 
- Retalhos de tecidos, soldados, aparelhos a pilha. 
 
- Materiais pedagógicos: Apontador, canetas, cola, borracha, caixa 
de giz

Outros materiais