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[CADERNO] Penal IV 2019.2 Sebastian

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Direito Penal IV – 2020.1 
Marianna Campelo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO PENAL IV 
SEBASTIAN MELLO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Penal IV – 2020.1 
Marianna Campelo 
 
CAPÍTULO I: DOS CRIMES CONTRA A VIDA 
HOMICÍDIO 
CONCEITO: Os crimes contra a vida, e apenas os dolosos, são os únicos no Brasil que são julgados pelo 
tribunal do júri popular  o júri decide sobre a condenação ou absolvição do réu. 
O homicídio é um crime tão importante e relevante para o Direito Penal que não seria um exagero dizer 
que tudo que aprendemos em penal II surgiu, na verdade, da evolução do direito romano, do direito 
canônico, do direito germânico, sobre o homicídio.  Praticamente toda a teoria do delito foi construída 
tendo como base o crime de homicídio. 
O primeiro crime cuja modalidade tentada se tornou punível foi o homicídio, assim como foi o primeiro 
crime a ser punido na forma culposa. 
É a eliminação da vida humana por outra pessoa. É o ato de alguém dar cabo da vida alheia. 
Art. 121. Matar alguém Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
 
BEM JURÍDICO: O bem jurídico do crime de homicídio é a vida humana. 
Quando falamos de homicídio, não estamos falando de toda vida humana, e sim a vida humana 
extrauterina – pois a vida humana intrauterina é tutelada pelo crime de aborto. 
 O bem jurídico, aqui, é a vida, e não a vitalidade  a vida humana, ainda que inviável, deformada 
ou condenada por algum tipo de doença, merece tutela (ser protegida). 
Quando começa a vida humana extrauterina? Quando é que o fato deixa de ser aborto para ser homicídio? 
 isso é uma questão muito polemica, que o Direito Penal resolve de maneira até mais fácil que o Direito 
Civil. Sabemos que enquanto o feto está na barriga da mãe, por enquanto é aborto, e se nasceu, passa a ser 
homicídio. 
Quando falamos do crime de homicídio, é importante abordar o crime de infanticídio (Art. 123)  no 
infanticídio, a conduta da mãe que mata o próprio filho por influencia do estado puerperal durante o parto 
ou logo após. // o infanticídio é um tipo especial de homicídio? Sim, só que praticado em condições 
especiais. Então, a lei diz que é infanticídio matar o filho durante o parto. // Quer dizer que quem mata o 
bebê, durante o parto, se for a mãe sob influência do estado puerperal é infanticídio, e se for o médico é 
homicídio – porque não tem sentido que se a mãe mate o filho durante o parto a criança seja alguém e se 
for médico não é alguém pro DP. Então, dentro dessa linha, a pessoa só pode ser alguém durante o 
trabalho de parto para o infanticídio se for também alguém para o homicídio. // então, a vida humana 
começa no início do trabalho de parto, que é quando há o rompimento da bolsa. Se fosse cesárea, seria a 
partir do início da cirurgia. 
 
 
Direito Penal IV – 2020.1 
Marianna Campelo 
Discussão bioética: EUTANÁSIA  é o homicídio piedoso, praticado em condições em que a vítima tem 
algum tipo de doença terminal ou incurável sem perspectiva de cura, e é morta para que o sofrimento seja 
aliviado. 
 A eutanásia é uma conduta criminosa ou não? E a partir de que protocolo?  É uma situação 
extremamente complicada, porque a regra que existe no direito brasileiro é que a vida seria um 
bem indisponível, é como se fosse um dever de viver. Ou seja, a pessoa não tem direito de dispor 
da própria vida. 
 Há 15 anos, o CFM disciplinou o que chamamos de ORTOTANÁSIA  é o não prolongamento 
artificial da vida // resolução nº 1.805 de 2005 do CFM – diz que na fase terminal de enfermidades 
graves e incuráveis, é permitido ao médico limitar ou suspender procedimentos e tratamentos que 
prolonguem a vida do doente, garantindo-lhe os cuidados necessários para aliviar os sintomas que 
levam ao sofrimento na perspectiva de uma assistência integral, respeitada a vontade do paciente 
ou do seu representante legal. 
 Testamento vital = serve de exemplo a situação de uma pessoa que deixa um testamento vital 
avisando o que ela quer que façam com ela caso venha a entrar em coma. 
 Ainda que exista o dever de viver, não existe o dever de se submeter a um tratamento a qualquer 
custo. 
 A eutanásia, no Brasil, ainda é crime, mas a ortotanásia não. 
 
SUJEITOS: Quem é que pode praticar o homicídio? Quem é o sujeito ativo?  Homicídio é crime comum 
quanto ao sujeito ativo, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa. 
Existem situações especiais, por exemplo: se o sujeito ativo é a mãe e o sujeito passivo é o filho e a mãe 
está sob influência do puerpério, será infanticídio  é uma modalidade de homicídio que é Crime Próprio, 
e não crime comum. 
 
 
 
 
 
 
O sujeito passivo do homicídio é qualquer pessoa humana. 
Existem algumas condições especiais do sujeito passivo que podem fazer mudar alguma coisa no crime  a 
questão da criança do infanticídio; a vítima ser mulher pela sua condição de mulher ou de violência 
doméstica no feminicídio; vítima com menos de 14 (14 incompletos) e mais de 60 anos (dia seguinte ao 
aniversário); sujeito agente de segurança púbica; etc. 
 
Crime Próprio X Crime de Mão Própria 
 Crime Próprio: admite coautoria. 
 Crime de Mão Própria: aquele que 
não cabe coautoria. 
 
Atenção: As circunstâncias de caráter 
pessoal contaminam todos que cometem o 
crime!!! Então se um médico ajuda a mãe a 
matar o filho durante o parto, ele também 
responde por infanticídio. 
 
 
 
Direito Penal IV – 2020.1 
Marianna Campelo 
TIPO OBJETIVO: Fala-se da conduta de matar, ou seja, a conduta prevista no tipo penal. 
O Homicídio é um crime de forma livre, ou seja, pode ser cometido de qualquer forma e por qualquer 
meio – com ou sem violência, mediante ação ou omissão, etc. 
 Qual a diferença fundamental entre homicídio por omissão e omissão de socorro?  A CONDIÇÃO 
DE GARANTIDOR. No homicídio a pessoa é garantidora (ex.: a professora de natação que não salva 
a criança que está se afogando na aula), e na omissão de socorro não (ex.: vejo uma pessoa 
qualquer se afogando e não ajudo, sendo que poderia ajudar). 
O legislador não restringiu nenhum aspecto acerca no modus operandi do homicídio. Ex.: é possível 
cometer homicídio através de um susto. 
Em regra, o homicídio é um crime comissivo!!! Mas pode ser cometido também por omissão. 
 
 
 
 
 
 
TIPO SUBJETIVO: Quando falamos do tipo subjetivo do crime, há que se questionar se esse crime é 
cometido a título de dolo ou também admite a forma culposa? Segundo, esse crime tem alguma motivação 
ou finalidade especial?  Homicídio, que vai pro júri, via de regra, é crime doloso. Mas sabemos que a 
culpa só ocorre excepcionalmente no DP. É preciso haver previsão no código!!! 
O homicídio é um dos raros crimes que se pune a título de culpa  quem age com negligencia, impudência 
ou imperícia. // Art. 121, § 3º CP. 
Definir os tipos subjetivos é importante para, entre outras coisas, definir a questão da pena e do regime. 
No homicídio doloso, a pessoa age com o chamado animus necandi – intenção de matar. 
CONSUMAÇÃO: O homicídio está consumado com a morte da vítima. 
Qual é o conceito jurídico de morte? Quando, de fato, ocorre a morte para o Direito?  A lei 9434/97 (lei 
de transplantes) diz no seu art. 3º que só é possível fazer um transplante após um diagnostico de morte 
encefálica (popularmente: morte cerebral), ou seja, atinge o grau de irreversibilidade. 
PRIVILEGIADO: Homicídio privilegiado é uma causa de diminuição de pena. Então determinadas 
circunstâncias subjetivas que dizem respeito à motivação do crime, fazem com que a pena do homicídio 
seja reduzida de 1/6 a 1/3. 
Crimes de Forma Livre x Crimes de Forma Vinculada 
 De Forma Livre: pode ser cometido de todo e qualquer jeito; não está 
previsto no tipo vínculo algum com o método (Ex.: lesão corporal). 
 De Forma Vinculada: delitos que só podem ser cometidos através de 
fórmulas expressamente previstas no tipo penal (Ex.: curandeirismo).Direito Penal IV – 2020.1 
Marianna Campelo 
O homicídio vai ser privilegiado, a pena vai ser diminuída de 1/6 a 1/3 se o crime for cometido diante de 
uma dessas três situações: 
 RELEVANTE VALOR MORAL: é aquele que mata por uma razão que encontra respaldo na 
moralidade coletiva. Não chega a justificar a conduta, mas atenua a sua responsabilidade (Ex.: 
eutanásia). 
 RELEVANTE VALOR SOCIAL: quem mata por algum tipo de interesse coletivo (Ex.: quem mata o 
traidor da pátria). 
 SOB DOMÍNIO DE VIOLENTA EMOÇÃO LOGO EM SEGUIDA À INJUSTA PROVOCAÇÃO DA 
VÍTIMA: a pessoa tem que agir sob o completo domínio de violenta emoção, tem que estar 
transtornada pela violenta emoção. Não é qualquer violenta emoção!!! Tem que ter sido causada 
por provocação injusta (contrária ao direito, decorrente de ato ilícito) da vítima. A causa é a 
provocação injusta e a consequência é a violenta emoção. Além disso, a emoção tem que ser 
imediata!!! 
o É possível alegar o privilégio em caso de flagrante de adultério ou não? 
 
QUALIFICADO: Uma qualificadora é uma circunstância que se agrega/soma ao tipo fundamental, fazendo 
com que a pena, em tese, seja maior. 
O homicídio qualificado é crime hediondo!!! Ou seja, são aqueles considerados de especial gravidade e por 
essa razão tem alguns benefícios vetados, com o tratamento jurídico processual mais duro. 
 Só existe uma hipótese de crime de homicídio não qualificado que é crime hediondo  é o 
homicídio praticado em atividade típica de grupo de extermínio. 
O que faz um crime de homicídio ser mais grave que o esperado? Qual deveria ser punido mais 
severamente?  Hipóteses do art. 121, § 2º. 
ATENÇÃO: essas qualificadoras não incidem em homicídio culposo!!! 
Art. 121, § 2º - Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
 Homicídio mediante pagamento, ou seja, alguém recebe dinheiro para matar outra pessoa;  isso 
também é motivação torpe; 
 Torpe = algo repugnante (Ex.: matar os pais para ficar com a herança; matar alguém para ficar com 
a vaga do concurso); 
 Aqui se trata de algo que causa repugnância!!! 
 Ciúme é motivo torpe? A princípio, o ciúme por si só não é motivo torpe, mas isso tem que ser 
avaliado no caso concreto – varia de pessoa para pessoa. 
 “Meu Deus, alguém mata por isso???” // é como se o motivo torpe revelasse uma certa crueldade. 
II - por motivo futil; 
 Motivo banal, frívolo. É aquele que se caracteriza pela absoluta desproporção entre a razão e a 
morte de alguém. 
 
 
Direito Penal IV – 2020.1 
Marianna Campelo 
 Ex.: um sujeito mata a mulher porque ela deixou o feijão queimar; matar uma pessoa enquanto 
tenta roubar moedinhas do carro; matar alguém por ter furado a fila. 
 Qual a diferença entre motivo torpe e fútil? O motivo torpe causa uma repugnância pela 
motivação, já o fútil a motivação é extremamente pequena. 
 
 Essas duas primeiras qualificadoras são circunstâncias subjetivas – dizem respeito à motivação. 
 Polêmica: quando a gente fala de paga promessa de recompensa, responde o mandante e o 
mandatário ou responde só quem executa o crime? Existe uma corrente na jurisprudência que diz que 
quem manda matar e paga a alguém, não incidiria a qualificadora – pois a motivação daquele que 
manda matar poderia ser outra (Ex.: vingança). Esse entendimento é minoritário. // o entendimento 
dominante é de que comunica a todos por ser circunstância elementar do crime. 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que 
possa resultar perigo comum; 
 As qualificadoras são: meio insidioso, cruel e perigo comum  o código exemplifica no inicio do 
inciso. 
 MEIO INSIDIOSO (veneno): aquele que é feito de modo escondido, na surdina. É ministrado sem 
que a vítima perceba que está sendo envenenado. // às vezes, pode ser empregado aqui o açúcar 
em relação a pessoas diabéticas, o sal em relação a pessoas com pressão alta, alguma coisa 
relacionada a alergias, etc. 
 MEIO CRUEL: aquele que causa sofrimento excessivo e desnecessário à vítima (Ex.: atear fogo no 
corpo de uma pessoa, asfixiar alguém, usar gás tóxico, tortura etc.). 
o Existe um crime de tortura previsto na lei 9455/97 (Lei da Tortura)  existe um crime de 
homicídio qualificado pela tortura, só que na lei de tortura existe o crime de tortura 
qualificada pela morte. É a mesma coisa? NÃO!!! Nesse caso, homicídio qualificado com 
emprego de tortura se verifica quando o dolo do sujeito é de matar (e a tortura seria o 
meio para atingir o objetivo de matar); diferentemente da tortura qualificada pela morte, 
que é homicídio preterdoloso, porque aqui o sujeito queria praticar a tortura e por culpa a 
vítima acaba morrendo. 
 PERIGO COMUM: meio que expõe a vida de outras pessoas ao perigo (Ex.: atear fogo numa casa). 
São meios que não se tem como controlar a exposição de outras pessoas ao perigo. // tem que ser 
provado no caso concreto!!! 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a 
defesa do ofendido; 
 Meio usado que impossibilita a defesa da vítima. 
 A traição é uma quebra de uma expectativa de comportamento, de uma relação de confiança (Ex.: 
digo que vou fazer uma massagem no meu namorado e uso uma faca para mata-lo quando ele está 
de costas). 
 Emboscada é o ataque repentino, em que a pessoa não esperava. 
 Dissimulação é a criação de uma falsa relação de confiança. A pessoa se aproveita dessa relação 
falsamente criada. 
 
 
Direito Penal IV – 2020.1 
Marianna Campelo 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime; 
 Homicídio qualificado pela conexão teleológica ou consequencial. É quem mata para assegurar a 
execução, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime. 
 Ex.: matar a testemunha do crime para assegurar a vantagem de outro crime. 
 Na ocultação, as pessoas não sabem que aquilo ocorreu. 
 Na impunidade as pessoas sabem que o crime ocorreu, mas não sabem quem é o autor. 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
 
 Nesta década, foram criadas duas novas qualificadoras: as do inciso VI e VII. 
 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino; (FEMINICÍDIO) 
 
 
 
 
 O feminicídio é o homicídio de mulher por uma das duas razoes: (i) pela condição de ser mulher, 
sendo conditio sine qua non do crime; (ii) havendo violência doméstica ou familiar. 
 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do 
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, 
ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: 
 Os policiais, membros de forças armadas, a polícia civil, agentes penitenciários, força nacional de 
segurança, etc. 
 É preciso duas condições: (i) a pessoa ocupar um dos cargos acima; (ii) o crime ocorrer em razão 
dessa condição, como motivação. 
VIII - (VETADO): 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
 
 Não existe homicídio duplamente qualificado. Se existem duas ou mais qualificadoras, escolhe-se a 
mais grave e as outras passam para as outras fases da dosimetria. 
 É possível haver um homicídio qualificado privilegiado? Depende!!! As causas de privilégio são 
todas subjetivas; as qualificadoras podem ser subjetivas ou objetivas. Então, pode-se dizer que é 
possível haver homicídio qualificado privilegiado quando as qualificadoras forem de natureza 
§ 2º-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: 
I - violência doméstica e familiar; 
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
 
 
 
Direito Penal IV – 2020.1 
Marianna Campelo 
objetiva. // Ex.: eu posso matar o assassino de minha mãe com meio cruel. // se o privilegio é 
sempre subjetivo,ele não pode coexistir com uma qualificadora também subjetiva. Então o motivo 
não pode ser torpe e nobre ao mesmo tempo, não pode ser fútil e relevante ao mesmo tempo. 
 Não existe feminicídio privilegiado, pois há qualificadora subjetiva. 
 Homicídio qualificado privilegiado é crime hediondo? NÃO!!!! lei dos crimes hediondos nº 
8.072/90 // o homicídio qualificado privilegiado não está previsto na lei de crimes hediondos. Então 
quando mistura os dois, não é hediondo!!! 
 
CAUSAS DE AUMENTO/DIMINUIÇÃO : 
Causas de Aumento: Art. 121, § 4º, 6º e 7º. 
§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de 
regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não 
procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o 
homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 
(quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. 
§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o 
pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. 
 Milícias privadas acabam sendo organizações não oficiais armadas, formadas normalmente por 
policiais ou agentes de segurança que fazem parte de milícia, que passam a exercer atividades 
ilícitas. 
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: 
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;  por conta da vulnerabilidade!!! 
II - contra pessoa menor de 14 anos, maior de 60 anos, com deficiência ou portadora de doenças 
degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental;  essa causa 
de aumento foi incluída, sobretudo, por conta de Maria da Penha, que era cadeirante. A 
vulnerabilidade dessa pessoa é maior. 
III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima;  presença virtual seria 
como uma chamada de vídeo, por exemplo. 
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do 
art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006.  a lei a que se refere esse inciso é a Lei Maria da 
Penha. 
 
 As causas de diminuição do homicídio são as hipóteses de homicídio privilegiado!!! 
 
 
 
Direito Penal IV – 2020.1 
Marianna Campelo 
HOMICÍDIO CULPOSO : Aquele praticado por descuido ou falta de cuidado, que acaba gerando a 
consequência de morte não desejada a priori. Não desejava porque a conduta é voluntária, mas o resultado 
não. 
Às vezes, o resultado é desejado mas não da forma como desejada  casos de culpa imprópria ou por 
equiparação. 
Culpa é quando alguém age de maneira descuidada, contrária ao dever objetivo de cuidado. Aqui, incide 
em erro e há a culpa imprópria. 
A pena do homicídio culposo é de detenção de 1 a 3 anos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 121, § 4º: Aumento de pena no homicídio culposo (são 4 hipóteses!!!): No homicídio culposo, a pena é 
aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou 
ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do 
seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um 
terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. 
 Na primeira modalidade, não é imperícia!!! Aqui, o sujeito conhece a regra, mas não aplica (ex.: um 
médico que sabe que tem que esterilizar determinado material e não o faz). 
 Na segunda modalidade, pode ser que não há como prestar socorro (ex.: morte instantânea). Na 
dúvida, deve prestar!!! 
 O que significa diminuir as consequências do seu ato? É prestar algum tipo de assistência à vítima. 
 Se a pessoa foge porque, por exemplo, está com medo de ser agredido pelos locais, não há fuga 
para evitar o flagrante. Tem que ter a intenção de ocultar o crime!!! 
Homicídio Culposo de Trânsito 
 No CTB (Lei nº 9.513/97), há a figura do homicídio culposo de transito em seu artigo 302. 
Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: 
 
 
 
 
Direito Penal IV – 2020.1 
Marianna Campelo 
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a 
habilitação para dirigir veículo automotor. 
§ 1º. No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um 
terço) à metade, se o agente: 
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; 
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; 
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente; 
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros. 
 § 2º. (Revogado pela Lei nº 13.281, de 2016). 
 § 3º Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância 
psicoativa que determine dependência: 
Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito de se obter a permissão ou 
a habilitação para dirigir veículo automotor. 
 
De um modo geral, o homicídio culposo de transito tem uma pena maior. 
OBS.: o § 1º retrata as causas de aumento do homicídio culposo de trânsito!!! 
 
PERDÃO JUDICIAL : No § 5º fala-se em perdão judicial (SÓ SE APLICA AO HOMICÍDIO CULPOSO). Aqui, o juiz 
poderá deixar de aplicar a pena se as consequências da infração forem tão graves que a sanção penal se 
torne desnecessária. 
Ex.: Pai que mata o filho sem querer (caso de Cristiane Torloni). 
 
INDUZIMENTO, INSTIGA ÇÃO OU AUXÍLIO A SUICÍDIO OU A AUTOMUTILAÇÃO 
Previsto no art. 122 do CP: Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou 
prestar-lhe auxílio material para que o faça. 
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. 
NOÇÕES GERAIS : Suicídio é uma eliminação voluntária e direta da própria vida. // Tem que ter, 
necessariamente, a vontade. 
Só é possível falar em suicídio se a pessoa se mata querendo se matar e o fazendo diretamente. 
 
 
Direito Penal IV – 2020.1 
Marianna Campelo 
Suicidar-se não é crime, pelo menos não aqui no Brasil, porque não é possível cometer um crime contra si 
mesmo. // Mas também não é um exercício de um direito, porque a vida é um bem jurídico indisponível. // 
Automutilação também não é crime!!! 
O art. 146, § 3º do CP diz que não se pune como constrangimento ilegal a violência exercida para prever o 
suicídio. 
Pune-se o terceiro que, dolosamente, induz, instiga ou auxilia alguém a dar cabo da própria vida. E a 
partir do ano passado, também passou a ser crime não só a participação no suicídio alheio, mas também 
a participação em automutilação alheia. 
OBS.: se alguém escreve um livro ensinando como cometer o suicídio, não se encaixa no tipo desse crime; 
tem que ser direcionando a uma pessoa específica. 
BEM JURÍDICO: No caso de induzimento ao suicídio, o bem jurídico em questão seria a vida. 
No caso de induzimento à automutilação, o bem jurídico é a integridade física da vítima. 
SUJEITOS: É crime comum!!! Qualquer pessoa pode induzir outrem ao suicídio ou automutilação (menos a 
própria vitima). 
 É admissível concurso de pessoas nas suas duas formas: coautoria ou participação. 
 Não é crime de mão própria!!! 
O sujeito passivo é o suicida ou a pessoa que se automutila, desde que tenha uma mínima capacidade de 
resistência. Se não houver essa voluntariedade e essa consciência, estaremos diante de um delito de 
homicídio, encarando-se a capacidade da vítima como mero instrumento daquele que lhe provocou a 
morte. 
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é 
cometido contra menor de 14 anos ou contra quem, por enfermidade oudeficiência mental, não tem o 
necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer 
resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código (LESÃO CORPORAL). 
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra 
quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não 
pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste 
Código (HOMICÍDIO). 
O que agora está nos parágrafos sexto e sétimo já era entendimento jurisprudencial pacificado. 
 
TIPO OBJETIVO: Possui três tipos mistos alternativos: induzir, instigar e auxiliar. 
Induzir significa fazer surgir a ideia na pessoa, ou seja, criar a ideia da morte ou da automutilação. 
Instigar é reforçar uma ideia previamente existente. 
 
 
Direito Penal IV – 2020.1 
Marianna Campelo 
O auxilio ao suicídio seria fornecer algum tipo de auxilio material para que o suicídio venha a se consumar 
(Ex.: dar o remeio, a arma, etc.). 
Tratando-se de crime de conduta múltipla ou de conteúdo variado (plurinuclear), mesmo que o agente 
pratique, no mesmo contexto fático e, sucessivamente, mais de uma ação descrita no tipo penal, 
responderá por crime único. 
 É possível alguém cometer o crime de auxilio ao suicídio por omissão? Sim, se o sujeito for 
previamente garantidor (Ex.: um adolescente de 16 anos pega uma arma para se matar e a mãe fica 
olhando sem fazer nada; uma enfermeira sabe que o paciente tem depressão e não faz questão de 
tirar um objeto perigoso de perto dele). 
Participação em suicídio é crime doloso!!! Ou seja, ou deseja ou assume o risco de morte da vítima. O dolo 
eventual também é possível (ex.: pai que coloca a filha desonrosa para fora de casa mesmo sabendo que 
ela pode vir a pensar em se matar). 
 Não existe a forma culposa!!! (prevalece que a conduta negligente causadora do suicídio de outrem 
é fato atípico, não configurando sequer homicídio culposo). 
 
OBS.: o fato de a pessoa estar em um lugar em que é tratada mal a vida toda não faz com que isso 
configure induzimento ao suicídio porque precisa ter o dolo; 
OBS.: O suicida não pode condicionar o seu não suicídio ao comportamento do sujeito. 
OBS.: não são incluídas no conceito de automutilação as condutas que são socialmente aceitas, como a 
tatuagem. Se eu induzir alguém a fazer uma tatuagem ela pode aceitar ou não. 
Houve uma mudança no tocante à consumação // antes só estaria consumado se houvesse morte ou lesão 
grave em razão da tentativa de homicídio (resultado naturalístico); isso não se aplica mais – 
resumidamente, passou a ser um crime formal  basta que a pessoa induza, mesmo que a pessoa não leve 
a sério o induzimento. 
Se o crime tem pena menor de 2 anos – vai pro juizado especial criminal  cabe benefícios. // crime de 
menor potencial ofensivo. 
Quais são as penas? Se não resulta morte ou lesão grave – responde na forma simples pelos juizados 
especiais. Se resulta lesão grave: 1 a 3 anos; se resulta morte, a pena vai ser de 2 a 6 anos. 
 Se a vítima induzida, instigada ou auxiliada busca acabar com a própria vida, porem sofre apenas 
lesão leve (ou não sofre qualquer lesão), apesar de consumado, não é punível. O mesmo raciocínio 
se aplica no caso de a vítima nem sequer tentar se matar. 
 
 
Direito Penal IV – 2020.1 
Marianna Campelo 
 
CAUSAS DE AUMENTO: § 3º A pena é duplicada: 
I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil; 
 Motivo egoístico é quando há o estimulo ao suicídio visando obter algum proveito pessoal com 
isso. É uma espécie de motivo torpe. 
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. 
 Menor = entre 14 e 18 anos (incompletos); // porque se tiver menos de 14 é homicídio. 
 
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede 
social ou transmitida em tempo real. 
 Essa causa de aumento advém do desafio da baleia azul; 
 
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual. 
 Ex.: se eu crio um grupo no What’sApp sobre suicídio e sou o administrador/líder. 
 
OBSERVAÇÕES: O crime é de ação penal pública condicionada. 
Se for doloso contra a vida (induz ao suicídio) vai para o tribunal do júri. Se o que estiver em questão for a 
automutilação, vai pro juízo comum. 
Pacto de morte, como em Romeu e Julieta, como fica? Ex.: Combinam de se matar Beatriz e Afrânio – 
Afrânio libera o gás, mas vamos supor que eles não morrem  ele responde por homicídio tentado e 
Beatriz responde pelo crime de induzimento ou instigação ao suicídio em sua forma simples (se não 
Crime formal  não depende da produção do resultado para se confirmar. Somente a conduta é 
observada (Ex.: crime de extorsão). 
Crime de mera conduta  crime em que o resultado é o próprio comportamento; o crime e o resultado 
se confundem (Ex.: violação de domicílio) 
*Hoje em dia os crimes formais e de mera conduta são chamados de Crimes de mera atividade. Já os 
crimes materiais são chamados de crimes de resultados. 
Crime material  crime cuja consumação exige a produção de um resultado naturalístico. 
 
 
 
Direito Penal IV – 2020.1 
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acontecer nada mais grave com ele). Mas se eles morrem, obviamente, ninguém será punido. // O mesmo 
raciocínio se aplica ao jogo da roleta russa. 
 Tem que olhar quem dá causa mecânica ao resultado morte. 
 Nós temos uma tendência a censurar de forma mais grave quem tem a conduta mecânica. 
 
INFANTICÍDIO 
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após. 
Pena - detenção, de dois a seis anos. 
 
É etiquetado pela doutrina como uma forma privilegiada do homicídio. 
Trata-se de infração penal de grande potencial ofensivo (basta olharmos a pena), não sendo cabível o rol de 
medidas despenalizadoras trazido pela lei 9.099/95. 
Logo após o parto é quanto?  a jurisprudência acredita que seria um período da primeira à quinta 
semana. 
 Cabe concurso de pessoas em infanticídio? Sim, porque toda circunstância que integra o tipo e que 
é de conhecimento de todos se comunica a todos (art. 30 CP) – ou seja, a circunstância de caráter 
pessoal é como um vírus que contamina todos que participam do crime e têm conhecimento dessa 
circunstância. // Ex.: se eu sou casada e pretendo cometer bigamia, todos os solteiros que sabem 
da minha condição e me ajudaram são também partícipes. 
 Outra parcela da doutrina diz o contrário  o estado puerperal seria condição personalíssima, não 
abrangida pelo art. 30 CP. Para os adeptos dessa corrente, quem colabora com a morte do 
nascente pratica homicídio. 
Não existe infanticídio culposo!!!! O delito só é punido a título de dolo – direto ou eventual – consistente 
na consciente vontade de matar o próprio filho. 
Parturiente e médico executam o núcleo matar o neonato  os dois são considerados coautores de 
infanticídio. 
A parturiente, auxiliada pelo médico, sozinha, executa o verbo matar ambos respondem por infanticídio, 
mas o médico estaria na condição do partícipe. 
O médico, induzido pela parturiente, isolado, executa a ação de matar  ambos respondem por homicídio 
e a gestante na condição de partícipe. 
 Há discussão na doutrina a respeito dessa hipótese, pois a pena de infanticídio é menor do que na 
coautoria de homicídio. Alguns seguem a linha acima, outros acreditam que os dois devem 
responder por infanticídio, para outros o medico responde por homicídio e a parturiente pelo 
infanticídio. 
 
 
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Se uma mãe, sem querer, derruba o filho no chão, ela responde por alguma coisa? Se sim, por qual crime? 
Se vier a óbito, seria homicídio culposo. 
É consumado com a morte do recém-nascido.A tentativa é admissível (delito plurissubsistente). 
A ação penal é pública incondicionada. 
 
ABORTO 
Previsão nos artigos 124 a 128 do CP. 
CONCEITO: Esse crime é uma grande cifra negra – algo que é crime e na maioria das vezes não chega às 
autoridades. Representa, sem sobra de dúvidas, um caráter seletivo de punição. 
Discussão: aborto deve ser crime? Precisa mesmo ser tratado pelo direito penal? 
Aborto é a interrupção do curso fisiológico da vida intrauterina. É a interrupção da gravidez com a 
consequente morte do feto. 
Só há aborto se há gravidez!!!!  quando começa a gravidez para efeito de aborto? A gravidez se verifica 
com a nidação, que é a fixação do embrião no útero – se não há nidação, não há aborto. // a pílula do dia 
seguinte impede a nidação, e não a concepção!!! 
BEM JURÍDICO: O bem jurídico é a vida humana intrauterina, ou seja, é a vida humana a partir do 
momento da nidação até antes do início do trabalho de parto. 
Esse assunto está em pauta no STF porque o ministro Luiz Roberto Barroso concedeu uma liminar em um 
HC dizendo que o crime de aborto somente se verifica a partir do terceiro mês de gestação // HC 124306 
RJ.  Foi uma decisão monocrática, numa liminar. Uma decisão individual pode substituir a decisão do 
legislador? Essa é a grande polêmica. 
SUJEITOS E ESPÉCIES : O crime de aborto é um crime que adota a chamada Teoria Pluralista do Concurso 
de Pessoas. 
Aborto é um dos crimes em que duas pessoas podem concorrer pelo mesmo fato e responderem por 
infrações penais distintas (é uma exceção ao que ele falou a respeito do solteiro que comete bigamia, por 
exemplo). 
Auto Aborto ou Aborto Consentido (Art. 124) 
O artigo 124 cuida do chamado AUTOABORTO ou ABORTO CONSENTIDO – ou seja, cuida do crime que é de 
mão própria (cuja executora só pode ser a gestante). 
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento: 
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: 
 
 
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Pena - detenção, de um a três anos. 
 
Aborto provocado por terceiro (Arts. 125 e 126) 
O terceiro que provoca o aborto pode responder pelos artigos 125 ou 126  o 125 fala da conduta do 
terceiro que provoca o aborto sem o consentimento da gestante; e o 126 é do terceiro que pratica com o 
consentimento da gestante. 
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: 
Pena - reclusão, de três a dez anos. 
 
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é 
alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência. 
 
Qual a diferença entre aborto consentido e aborto provocado por terceiro mediante consentimento da 
gestante? 
 Exemplo: Maria vai a uma clinica para que o médico João faça o aborto  Maria responde pelo 124 
e o terceiro responde pelo 126 // se não houvesse essa previsão legal, ambos iriam responder pelo 
mesmo crime de aborto (teoria monista). Mas aborto é uma das exceções em que um sujeito que 
pratica o fato responde pelo crime A e o terceiro pelo crime B. 
 Ex.: Mariazinha está gravida, e pede conselho a sua melhor amiga, “se eu fosse você eu abortaria” – 
Mariazinha realiza o aborto mediante esse induzimento.  É possível concurso de pessoas no 
crime de auto aborto? SIM. Quem induz ou instiga uma mulher a praticar o aborto em si mesma é 
partícipe, e a mulher é autora (porque só ela tem domínio do fato). 
 
Questão polêmica: Ivonete está grávida de Afrânio. Afrânio paga o aborto de Ivonete para que o médico 
assim o proceda  ele tem o domínio funcional do fato (porque sem ele o crime não seria realizado, de 
certa forma), mas ele é participe do crime de aborto consentido (124) ou é autor do crime de aborto 
provocado por terceiro com consentimento (126)? Sebastian acredita que responde pelo 126, porque vai 
muito mais de acordo com a vontade da gestante do que do médico em praticar o aborto. // esse assunto 
não está pacificado na doutrina!!!!!! A diferença entre esses artigos é que no 125 aquele que provoca o 
aborto sem consentimento da gestante tem a pena bem maior. 
 
 
 
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TIPO OBJETIVO: O crime de aborto é um crime de forma livre (pode ser por qualquer meio). Qualquer 
meio destinado a matar o feto e como consequência interromper a gestação pode ser meio hábil para 
provocar o aborto. 
OBS.: Nem todo aborto é criminoso!!! 
A diferença crucial entre os arts. 125 e 126 é que no 125 ninguém pede a sua revogação, porque 
obviamente se pede uma pena menor quando a interrupção é provocada com o consentimento da gestante 
porque existem uma serie de direitos envolvendo o corpo da mulher; mas um terceiro, por qualquer 
motivação que seja, interrompe a gestação tem uma pena maior. 
Quando se fala em consentimento, temos que recorrer ao artigo 126 PU – “Aplica-se a pena do artigo 
anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento 
é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência”. 
 Quando a lei fala em aborto com consentimento da gestante, temos que falar em Consentimento 
Válido!!! Se o consentimento foi dado por uma gestante menor de 14 anos (provavelmente vitima 
de um crime sexual), não tiver o necessário discernimento ou maturidade, dificilmente o 
consentimento será válido. Assim como se o consentimento foi obtido mediante coação, violência 
ou grave ameaça. 
 Sobre coação  Se Ivonete fala para Afrânio que está grávida e ele diz “o problema é seu, não vou 
assumir a criança”, e ela resolve provocar o auto aborto; ele pode ser considerado coautor ou 
partícipe do crime de auto aborto? Sebastian acredita que não. A coação está relacionada com a 
grave ameaça ou com a fraude. 
 Se o consentimento não for válido, responde pelo 125. 
 
TIPO SUBJETIVO: Não existe crime de aborto culposo, é sempre doloso!!! Não existe nem participação 
culposa em crime de aborto!!! 
O crime de aborto só é punível na forma dolosa. 
Caso provocado, culposamente, por terceiro, responde este por lesão corporal gravíssima (caso a lesão 
corporal seja dolosa e o abortamento culposo) ou lesão corporal culposa (se a lesão causadora da 
interrupção da gravidez também derivar de culpa). 
 
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Quando está consumado o crime de aborto? Com a morte do feto 
provocada como consequência da interrupção da gravidez. 
Não é preciso que haja a expulsão do feto!!! Basta que haja a morte do feto. 
A morte do feto tem que ser uma morte direta da interrupção da gravidez. Se o feto, de alguma forma, 
nasce com vida e, por exemplo, o médico corta a cabeça do bebê, isso é homicídio e não aborto. 
 
 
 
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Cabe tentativa no crime de aborto? Sim, pois é um crime material (se consuma com a morte) e é um crime 
que se pune a forma tentada. 
Discussão: A tentativa de auto aborto deveria ser punida? Exemplo: alguém tenta fazer o aborto, não 
consegue, depois desiste e leva a gravidez até o fim. Pra que puni-la? 
 
 
 
 
 
AÇÃO PENAL: A ação penal é pública incondicionada. 
CAUSAS DE AUMENTO: Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um 
terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão 
corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. 
Essa causa de aumento de 1/3 só vale para o 125 e para o 126 porque obviamente a gestante não pode ser 
punida por uma lesão que ela provoca em si mesma. 
Se o sujeito provoca manobras abortivas na gestante e como consequência disso ela sofre lesão grave (Art. 
129, § 1º CP), ele tem o aumento de 1/3. 
 Dentro desse contexto, esse crime é preterdoloso (tem dolo na praticado aborto e a lesão grave é 
obtida a titulo de culpa). Se o sujeito tiver dolo no aborto e na lesão, ele responde pelos dois crimes 
com as penas somadas (concurso formal impróprio de crimes). 
 E se agir com dolo na lesão e culpa no aborto? é outra forma de lesão corporal qualificada pelo 
aborto, que ainda estudaremos. 
A pena vai ser duplicada se ocorrer a morte da gestante por culpa!!! (mesma lógica do aborto com a lesão 
por culpa). 
ABORTO PERMITIDO: Quando o aborto é permitido? Temos algumas questões polemicas a respeito disso. 
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: 
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; (Aborto necessário). 
 Em casos de novela, cabe ao médico respeitar a vontade da gestante e salvar o feto? 
 Não precisa do consentimento da gestante. 
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando 
incapaz, de seu representante legal. (Aborto no caso de gravidez resultante de estupro). 
 Existem projetos de lei que querem abolir essa hipótese. 
Dolo Direto de Segundo Grau  O denominado dolo direto 
de segundo grau é aquele que decorre do meio escolhido 
para a prática do delito, em outras palavras, diz respeito a 
um efeito colateral típico decorrente do meio escolhido e 
admitido, pelo autor, como certo ou necessário. 
 
 
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 Seria o aborto humanitário = quando a gravidez é resultante de estupro. (respeitada a vontade da 
gestante!!!). 
 Tem-se entendido também, por analogia in bonam parte, que se a mulher for vítima de qualquer 
outro tipo de violência sexual que resulte gravidez (ex.: exploração sexual de prostituição) poderia 
realizar o aborto também. 
 Discussão polêmica: Se a mulher decidir manter a gestação, o pai registra a criança ou não? 
 
CAPÍTULO II: DAS LESÕES CORPORAIS 
LESÕES CORPORAIS 
ARTIGO 129 DO CP: Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem. 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
CONCEITO: Toda situação em que há ofensa a toda integridade anatômica do corpo humano como 
também todo prejuízo funcional fisiopsíquico causado ao regular funcionamento do organismo. // é 
qualquer ofensa à integridade fisica do ser humano, como um arranhao, um hematoma, etc. 
Não necessariamente precisa haver um sangramento ou algo do tipo. 
Contaminar uma pessoa com qualquer doença também é uma lesão corporal. 
Lesão corporal psíquica: adquire-se uma doença psíquica em decorrência da lesão (Ex.: sacudir uma criança 
de cabeça para baixo e por conta disso ela adquire síndrome do pânico). // as denúncias por lesao psiquica 
sao muito raras, porque é muito dificil provar o nexo de causalidade. 
A dor, em si mesma, não configura lesão corporal. Ou seja, apenas o fato de sentir dor não configura lesão 
corporal. * Pode haver dor sem lesão corporal. 
IMPORTANTE: Nem toda agressão física consiste em lesão corporal, pois não provocam dano orgânico ou 
fisiológico (lei das contravenções penais: praticar vias de fato contra alguém - agressões físicas sem que 
delas resulte lesão corporal – art. 21 Lei nº 3688/91) // o que é a contravençao penal de vias de fato? É 
agressao fisica que nao provoca nenhuma ofensa à integridade física – seria um crime subsidiário. 
Pode haver lesão corporal sem dor. 
O crime de lesão corporal demanda exame de corpo de delito no qual o perito médico da polícia técnica irá 
verificar a ocorrência ou não da lesão 
Cortar cabelo e unha não configura lesão corporal, porque nao há diferença à integridade física (pode 
configurar injuria ou constrangimento ilegal dependendo da circunstância). 
ESPÉCIES: 
OBS.: assim como no homicidio, o crime de lesao corporal admite a forma dolosa e a forma culposa; e 
temos que fazer distinções, pois existem espécies das suas. 
 
 
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CAPUT – LEVE 
PARÁGRAFO 1º - GRAVE 
PARÁGRAFO 2º - GRAVÍSSIMA 
PARÁGRAFO 3º - SEGUIDA DE MORTE 
PARÁGRAFOS 4º E 5º - PRIVILEGIADAS 
PARÁGRAFOS 6º A 8º - CULPOSAS (lesão corporal culposa é uma lesão que a pessoa não tinha a intenção 
de atingir a integridade física da pessoa, e não há aqui a distinção entre leve, grave e gravíssima). 
PARÁGRAFOS 9º A 11 - VIOLÊNCIA DOMÉSTICA 
PARÁGRAFO 12 – CONTRA POLICIAIS E AGENTES DE SEGURANÇA 
303 CTB - LESAO CULPOSA DE TRÂNSITO 
 
Pode imputar-se à mulher que toma talidomida, estando grávida, o crime de lesão corporal? 
O sujeito passivo da lesão corporal é o mesmo que no homicídio: pessoa física nascida ou nascendo. Não 
existe tutela penal à proteção jurídica do nascituro, a não ser do direito a vida (regulada pelo aborto, não 
pelo homicídio). O ordenamento brasileiro não trata, assim, da lesão corporal ao nascituro. 
 
BEM JURÍDICO: integridade física. 
O bem jurídico “integridade física” é disponível. Até em casos de lesão corporal gravíssima, a regra é a 
disponibilidade (ex: uma vasectomia sem o consentimento do indivíduo é uma lesão corporal grave, mas 
ninguém ousa dizer que uma vasectomia voluntária é um crime; é o caso da tatuagem: sem consentimento 
do indivíduo é um crime, mas com o consentimento não é). Assim, o consentimento do indivíduo, no que 
tange a integridade física, exclui a ilicitude. // se consideramos que a integridade física é um bem 
indisponível, não iriamos poder fazer nem mesmo uma tatuagem. 
OBS.: Hoje em dia busca-se ampliar e privilegiar a autonomia ética das pessoas – ex.: tatuagens hoje são 
comuns, cirurgia de mudança de sexo é paga pelo SUS, etc. 
OBS.: O crime de lesão corporal leve é um crime cuja ação penal é pública e condicionada – depende de 
representação do ofendido (é preciso que a vítima represente contra o agressor perante autoridade policial 
ou MP). Logo, se o próprio legislador condiciona a ação penal a uma manifestação do ofendido, presume-se 
que toda lesão corporal leve é disponível. 
 Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de pena, pela ausência 
do autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76 desta Lei, o Ministério 
Público oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de diligências 
imprescindíveis. 
 
 
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 § 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de ocorrência 
referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á do exame do 
corpo de delito quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou prova 
equivalente. 
 
A regra é a disponibilidade da integridade física. A indisponibilidade é excepcional!!! // A integridade física 
e a saúde só vão ser indisponíveis se se tratar de uma coisificação/mercantilização do corpo humano. 
Necessita de exame de corpo de delito. (e complementar, no caso da lesão grave que gera incapacidade 
por mais de 30 dias). 
 
SUJEITOS: 
No tocante ao sujeito ativo, é um crime comum: não exige nenhuma condição especial do sujeito ativo, 
pode ser praticado por qualquer pessoa salvo na hipótese de violência doméstica em que o crime será 
cometido por ascendente, descendente, irmão, cônjuge, companheiro, pessoa que conviva ou tenha 
convivido com a vítima, ou prevalecendo-se de coabitação doméstica ou de hospitalidade. Parentes 
colaterais (tio, etc.) só serão contados se conviverem com a pessoa. // a lei não fala sobre uma condição 
especial do sujeito ativo, pode ser qualquer pessoa. 
Sujeito Passivo: Qualquer pessoa – em alguns crimes existem sujeitos passivos especiais (violência 
doméstica: deve haver uma relação com o sujeito ativo) o mesmo sujeito passivo do homicídio – não existe 
a tutela do direito penal brasileiro pela integridade física do nascituro. Ter-se-ia que recorrer a uma 
analogia para incluir o nascituro, e no direito penal analogias não são permitidas. 
 
Existe um crime de lesão corporal qualificado pela violênciadomestica  essa lesão corporal não pode ser 
praticada por qualquer pessoa, tem que haver coabitação, relações intimas de afeto, etc. // condição 
especial do autor e da vitima. // não precisa ser mulher pra caracterizar violência domestica!!!! Só em 
relação às medidas protetivas que precisa dessa condição de mulher. 
TIPO OBJETIVO: 
A 
LESÕES LEVES: caput do 129!! 
Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem. 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
OBS.: crime bipróprio  é aquele que exige uma condição especial do autor e da vítima. 
 
 
 
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Mais uma vez: crime de ação penal pública condicionada à representação. 
 Tanto o crime de lesão corporal leve quanto o crime de lesão corporal culposa tem a sua ação penal 
pública condicionada a representação do ofendido (art. 88, lei 9099/95). 
 Diante dessa desproporcionalidade legal, o enunciado 76 do FONAJE dispõe “A ação penal relativa à 
contravenção de vias de fato dependerá de representação”. 
 A ação penal pode ser pública ou privada. A pública é aquela movida pelo Ministério Público 
através de uma peça processual conhecida como denuncia (quando o min. Público oferece uma 
denuncia, ele está propondo uma ação penal contra alguém). Se a iniciativa for do ofendido, trata-
se de ação penal privada, que se inicia não através de denuncia, mas de uma queixa crime (ex.: 
crimes contra honra só podem ser objetos de ação penal quando fruto de ação penal privada). 
 Existem algumas ações penais que, mesmo públicas, dependem de uma manifestação do ofendido 
no sentido de dar início a ação penal (essa manifestação é a representação). 
 
É crime de menor potencial ofensivo (olhar a pena)  competência dos juizados especiais criminais. 
Esse “outrem” é no mesmo sentido do crime de homicídio. 
É esse um conceito negativo, residual. É aquele que não configura lesão grave, gravíssima ou que é seguida 
de morte. Toda lesão corporal inicialmente dolosa que não se enquadra em nenhuma das modalidades 
previstas nos 
Quando se classifica a lesão corporal em leve, grave, gravíssima ou seguida de morte, essa classificação só 
vale para lesões INICIALMENTE dolosas. A lesão corporal culposa não se enquadra nessa classificação (não 
existe, por exemplo, lesão corporal leve culposa). 
 
Em relação ao tipo subjetivo, a lesão corporal admite, quanto ao tipo subjetivo, formas dolosas, culposas e 
preterdolosas. Lesão corporal é crime de dano (não é crime de perigo, se concretiza com a lesão). 
Quando uma ação gera várias ofensas a bens jurídicos distintos, configura-se apenas uma lesão corporal 
(foi um ato só). 
É possível tentativa de lesão corporal. Tentativa de lesão corporal leve, muitas vezes, se confunde com vias 
de fato (essa dúvida só é sanada no caso concreto). 
Cabe o princípio da insignificância na lesão corporal (ex: *A* arranha *B*). 
OBS: Sebastian considera que a contravenção de vias de fato deveria ser excluída por ausência de 
tipicidade. 
LESÕES GRAVES: A lesão corporal grave é uma lesão corporal qualificada, ou seja, a pena, em abstrato, a 
pena é modificada pra mais. Diferentemente do homicídio (pelos meios e motivos), na lesão corporal o 
resultado é o que qualifica a lesão. Quanto mais grave a ofensa ao bem jurídico, maior a pena. 
 
 
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A lesão corporal grave é, inicialmente, dolosa (dolo em relação à lesão). Diz-se que uma lesão corporal é 
grave quando ela resulta em incapacidade do indivíduo proceder com suas atividades habituais no período 
maior do que 30 dias. No caso de lesão corporal grave, eles podem ser integralmente dolosos (*A*, 
querendo que *B* fique incapacitado por mais de 30 dias, comete a lesão corporal) ou preterdolosos (*A* 
dá um murro em *B* querendo feri-lo e *B* fica incapacitado por mais de 30 dias). 
Lesão corporal de natureza grave 
§ 1º Se resulta: 
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;  Essa incapacidade de exercer 
suas atividades habituais (qualquer ocupação que o sujeito tenha relacionado com profissão, descanso ou 
lazer) deve ser física, não moral. // Se dela resultar incapacidade para o exercício de suas ocupações 
habituais (atividades econômicas ou não; trabalhar, estudar, lazer habitual ex.: se uma pessoa anda de 
bicicleta rotineiramente aos fins de semana. A lei não faz nenhuma consideração em relação à natureza 
moral ou imoral – se uma prostituta fica impossibilitada de exercer suas atividades por causa da lesão, isso 
também é resultado qualificador – estas atividades habituais) – impossibilita a vitima de exercer suas 
atividades rotineiras por um prazo de 30 dias. A incapacidade tem que ser física. // Necessita de dois 
exames de corpo de delito (um para provar a lesão, e outro para comprovar que impossibilitará a vítima de 
exercer as atividades). // Ex.: Alguém que habitualmente anda de bicicleta, ainda que como lazer, e sofre 
lesão corporal que a impossibilite de realizar sua atividade habitual sofre lesão corporal gravíssima. [nesse 
rol de atividade, incluem-se as atividades imorais, mas não as ilícitas]. // hábito é uma prática reiterada que 
faz parte da rotina da pessoa, seja 1x por semana, 2x, etc. 
II - perigo de vida; 
 A rigor, é perigo de morte! É aquela lesão que pelo local ou pela intensidade em que atinge a vítima 
gera uma possibilidade forte de e pessoa vir a óbito. 
 Ex.: áreas muito sensíveis, como cabeça, pescoço, etc. 
 Nesse caso, não pode haver dolo em relação ao perigo de morte (porque se não seria tentativa de 
homicídio). 
 É uma das duas modalidades de lesão corporal grave ou gravíssima que só pode ser preterdoloso. 
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; 
 Debil quer dizer fraco. Então debilidade para o direito é uma redução, um enfraquecimento de 
alguma capacidade/mobilidade/funcionalidade de membro, sentido ou função. 
 Ex.: se deixar a pessoa parcialmente surda de um ouvido é lesão corporal grave pela debilidade 
permanente de sentido. 
 Perda de dente é ou não lesão grave? Em tese, a perda do dente constitui uma debilidade da 
função mastigatória; podemos encontrar decisões, assim como as do corte de cabelo, dizendo que 
perder dente é lesão corporal grave por tal debilidade. Sebastian entende que em principio não é, 
teria que ser algo mais grave.  a jurisprudência é muito dividida nesse assunto, tem que avaliar 
caso a caso. Que é lesão corporal não há dúvida, mas não se chega a uma conclusão se é debilidade 
permanente ou não. 
IV - aceleração de parto: 
 
 
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 Na verdade, o termo foi mal redigido. Deveria ser “antecipação de parto”. 
 Só em relação a mulher gravida, que em virtude da lesão ela dá a luz a um bebê prematuro. 
Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
 Presentes uma dessas quatro qualificadoras o crime deixa de ser de menor potencial ofensivo e 
passa a ter uma pena de 1 a 5 anos. 
 
LESÕES GRAVÍSSIMAS : 
Também é uma lesão corporal qualificada pelo resultado. É uma lesão mais grave ainda que a grave. 
OBS.: as hipóteses previstas em lei são taxativas; se não for nenhuma das expressas, a lesão é leve. 
§ 2° Se resulta: (rol taxativo!!! Se não for nenhuma das hipóteses das qualificadoras, a lesão corporal é 
leve). 
 I - Incapacidade permanente para o trabalho; 
 É uma lesão grave a ponto de o sujeito ter que se aposentar por invalidez. 
 Discussão na doutrina e na jurisprudência  Esse inciso está se referindo ao trabalho que a pessoa 
exercia ou a qualquer trabalho? 
o Ex.: Alguém causa lesões graves nas cordas vocais de Ivete Sangalo de modo que ela não 
pode mais cantar.  isso seria incapacidade para o trabalho? 
o A jurisprudência dominante acha que a incapacidade para o trabalho é a incapacidade 
para qualquer trabalho. No caso de Ivete Sangalo, só seria lesão gravíssima se ela não 
pudesse mais sercantora, padeira, confeiteira, etc. 
o Sebastian acha que a interpretação acima é equivocada. Ex.: se alguém causa uma lesão 
em Messi que ele tem que amputar a perna; por mais rico que ele seja, ele não estará 
habilitado a praticar o trabalho no qual ele se especializou, pois mais que ainda possa 
trabalhar com outra coisa. // ESSE ENTENDIMENTO É MINORITÁRIO. 
II - enfermidade incurável; 
 O que seria isso? É aquela doença que não tem prognostico de cura pela medicina tradicional; 
 Ex.: HIV, Doença de Chagas; etc. 
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função; 
 Seria perder o braço, a perna, a mão, etc. 
 Inutilização seria ainda ter o membro mas ele não tem nenhuma utilidade. Ex.: uma pessoa que 
fica paraplégica. 
IV - deformidade permanente; 
 É um dano estético que causa constrangimento ou vergonha; não é qualquer dano. 
 Normalmente envolve algum tipo de cicatriz, mas o fato de uma lesão causar uma cicatriz por si 
só não significa lesão corporal gravíssima. 
 
 
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 Precisa ser suficiente para chamar algum tipo de atenção ou qualquer constrangimento, e tem 
que causar desconforto para quem vê. 
 É só cicatriz visível? Depende, pois é muito relativo. Tudo depende do caso concreto. 
 E se for corrigível por alguma cirurgia plástica, deixa de ser deformidade permanente? O 
entendimento majoritário diz que não. 
 É aquela não corrigível por meios naturais. 
V - aborto: 
 É um crime preterdoloso (esse é o segundo caso de crime necessariamente preterdoloso). 
 Ex.: João vê Maria grávida e quer provocar um aborto nela, então dá chutes na barriga dela que 
provocam, além de hematomas, o aborto. Por qual crime responde João? Vai responder por 
aborto em concurso com o crime de lesões corporais leves (porque se respondesse pela gravíssima 
de aborto aqui seria bis in idem). 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
 
LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE: Alguns chamam de Homicídio Preterdoloso. É o crime 
preterdoloso por excelência, e que tem uma pena de reclusão de quatro a doze anos. 
Verifica-se quando o sujeito provoca uma lesão corporal e sobrevém o resultado morte sem que o agente 
tenha querido o resultado ou assumido o risco de produzi-lo. 
LESÕES PRIVILEGIADAS : 
Diminuição de pena: § 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou 
moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode 
reduzir a pena de um sexto a um terço. 
 Ou seja, a pena pode ser reduzida de 1/6 a 1/3 se ocorrer qualquer uma das hipóteses do homicídio 
privilegiado. 
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de 
duzentos mil réis a dois contos de réis: 
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; 
II - se as lesões são recíprocas. 
 A pena de detenção pode ser substituída por multa se preencher os requisitos do privilegiado ou 
quando se tratar de lesões corporais leves recíprocas. É um direito do réu, caso ele possa pagar. 
CAUSAS DE AUMENTO: 
§ 7º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 
deste Código. 
§ 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121 
 
 
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LESÕES CULPOSAS : 
§ 6° Se a lesão é culposa: 
Pena - detenção, de dois meses a um ano. 
Mesmo tratamento do homicídio culposo (mesmas causas de aumento e perdão judicial). Não se classifica 
em leve, grave (...). 
LESÕES DE TRÂNSITO: 
CTB art. 303: lesão corporal culposa na direção de veículo automotor; pena de 6 meses a 2 anos de 
detenção. 
Uma lesão leve culposa acaba tendo uma pena maior que a leve dolosa, o que viola o princípio da 
proporcionalidade. 
Assim, no caso de ser leve a culposa, é melhor aplicar a pena das lesões culposas do CP. 
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA : 
§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com 
quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de 
coabitação ou de hospitalidade. 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. 
 
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9º deste 
artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). 
 
§ 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido 
contra pessoa portadora de deficiência. 
 
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição 
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da 
função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 
terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. 
 
OBSERVAÇÃO SOBRE O CTB: O CTB prevê, no seu art. 303, temos o crime de lesão corporal culposa de 
transito, cuja pena é de 6 meses a 2 anos. Essa pena tem um problema, que na visão de Sebastian é grave 
 se você provocar, de forma imprudente, e por descuido causa uma lesão corporal leve em outra pessoa, 
a pena será de 6 meses a 2 anos por imprudência. Mas e seu você quiser provocar uma lesão leve 
 
 
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dolosamente, qual será a pena dela? O CTB só fala de lesão culposa!!! // a lesão corporal culposa de 
transito (6 meses a 2 anos) tem uma pena maior do que a lesão corporal leve dolosa (3 meses a 1 ano), ou 
seja, é uma presente violação ao principio da proporcionalidade. Sebastian acredita que não tem sentido 
aplicar uma pena em um crime culposo que seja maior do que a pena do mesmo crime doloso. 
Essa pena do CTB (6 meses a 2 anos) somente deve ser aplicada quando o resultado da lesão culposa for 
grave ou gravíssima!!! 
 
CAPÍTULO III: DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA 
SAÚDE 
São crimes cuja incidencia somente se verificará quando não houver um crime mais grave (lesão corporal 
ou homicídio, a depender do caso). // crimes subsidiários!!! 
Esse capítulo trata dos crimes de perigo – infrações penais que ofendem o bem jurídico com a simples 
probabilidade de dano, não havendo lesão substancial. 
 
PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO 
Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia 
venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
§ 2º - Somente se procede mediante representação 
Moléstia venérea é uma moléstia cuja sintomatologia se dá na genitália e é sensível por esse meio. 
Moléstia venérea não é a mesma coisa de DST!!!!! HIV não é doença venérea, por exemplo. A moléstia 
venérea se apresenta nas genitálias, no caso do HIV se manifesta do sistema imunológico. 
Esse crime é de alguém que tem moléstia venérea e mantem relação sexual com o seu parceiro sem 
proteção, ou seja, sem evitar que haja a contaminação. 
Crimes de Perigo
De perigo concreto
exige a comprovação do 
risco de lesção, indicante 
quem, efetivamente, foi 
exposto ao perigo.
De perigo abstrato (ou 
presumido)
Dispen-sa a constatação 
do risco real, sendo 
absolutamente 
presumido por lei.
 
 
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SUJEITO ATIVO  é o portador da moléstia!!! 
SUJEITO PASSIVO  qualquer pessoa física. 
 Até mesmo a prostituta é protegida aqui. 
 A doutrina entende que pode ocorrer até entre cônjuges. 
Se o parceiro sabe e a pessoa contagiada não tentou esconder, ainda que com o consentimento há o crime, 
pois o bem jurídico tutelado é indisponível. 
É um crime de forma vinculada!!!! Pois só se pode cometer o crime de perigo de contágio venéreo por 
meio de relação sexual (e direta)  Ex.: o amante tem uma doença venerea e passa paraa amante, e esta 
passa para o seu esposo; quem responde em relação ao esposo é a amante pois foi ela que teve o contado 
direto. 
 Caso a transmissão da doença se dê de outra forma (como através de instrumentos), passa a ser o 
crime do art. 131 CP. 
O bem jurídico é a incolumidade física e a saúde da pessoa. 
A ação penal aqui depende de representação do ofendido. 
Não se admite a forma omissiva, por óbvio. // o caput reflete a exigência do dolo de perigo (direto ou 
eventual), e o § 1º reflete a existência do dolo de dano (direto), tanto que é uma forma qualificada do 
crime. 
E se houver um estupro? Absorve o crime de perigo de contagio venéreo? É uma causa de aumento!!!! 
(art. 234-A CP). 
OBS.: Se a pessoa for contaminada, deixa de ser o artigo 130 para ser lesão corporal!!! 
Não se pune o contagio venéreo, mas sim a relação sexual perigosa!!! // segundo a jurisprudência, é 
necessário o exame no acusado para a comprovação de que foi ele o causador da transmissão da moléstia à 
vítima que se positivou infectada. 
Em que pese de perigo presumido, não haverá o crime se, apesar da prática dos atos sexuais, mostrar-se 
impossível a criação do risco de contágio, como por meio do uso de preservativos por exemplo. Nesse caso 
afasta-se inclusive o dolo do agente. 
 Na mesma esteira, haverá crime impossível se a pessoa com a qual o agente mantém a relação 
sexual já estiver infectada, situação em que o perigo de contágio não existirá. 
Haverá erro de tipo no caso de o agente enganado, pensando-se sadio, quando na verdade já portador 
dessa doença, expõe alguém por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso a contagio de doença. 
PERIGO DE CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE 
Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz 
de produzir o contágio: 
 
 
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Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
Moléstia grave é aquela que causa risco de morte ou risco de lesão corporal grave ou gravíssima // é risco 
provável, e não só risco possível!!! (Ex.: lepra, tuberculose, febre amarela, etc.). 
É a conduta de uma pessoa portadora de uma moléstia grave contagiosa!!! Tem que ser transmissível por 
contato!!! 
OBS.: Se a pessoa for contaminada, passa a ser lesão corporal ou tentativa de homicídio conforme o caso. 
Aqui, a pessoa está contaminada sabe disso e quer contaminar a outra pessoa  ou seja, só cabe dolo 
direto do dano (não cabe dolo eventual). 
 Não há que se falar de forma culposa aqui. Resultando a transmissão culposa, o agente, conforme 
as circunstâncias, responderá por lesão culposa (ou mesmo homicídio culposo) 
O sujeito ativo é qualquer pessoa que esteja contaminada de moléstia grave contagiosa (trata-se de crime 
próprio). 
O sujeito passivo é qualquer pessoa desde que não esteja contaminada por igual moléstia (cônjuge e 
prostituta protegidos). 
É um crime de forma livre, podendo a transmissão ocorrer de forma direta (contato físico entre os sujeitos) 
ou indireta (sem contato físico, podendo ser através de objetos como seringas, por exemplo). 
Cabe tentativa (pois é um delito plurissubsistente). 
Há a possibilidade de ser crime impossível se a pessoa já estiver contaminada anteriormente. 
A ação penal é pública incondicionada. 
PERIGO PARA A VIDA OU SAÚDE DE OUTREM 
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. (juizados) 
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida ou da saúde de 
outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de 
qualquer natureza, em desacordo com as normas legais. 
É um crime subsidiário por natureza. 
Esse crime é você praticar qualquer comportamento que exponha a vitima a perigo direto e iminente de 
morte. Não tem intenção de matar, mas tem a intenção de expor ao perigo. 
O que é expor alguém ao perigo? Ex.: tirar a trava de segurança da porta do elevador de um prédio, 
transportar pessoas na carroceria de uma caminhonete em uma estrada perigosa, etc. // a conduta pode 
ser omissiva!!!! 
 
 
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É um crime comum – qualquer pessoa pode ser o sujeito ativo. O ofendido, também comum, deve ser 
pessoa certa e determinada (alcançando números indeterminados de pessoas, o sujeito responderá por 
crime de perigo comum). 
Para a maioria da doutrina, tratando-se de delito subsidiário não há possibilidade de concurso de crimes. 
É o dolo de perigo (direto ou eventual), consistente na vontade consciente de, mediante ação ou omissão, 
colocar a vida ou a saúde de pessoa(s) determinada(s) em risco iminente. 
O tipo não prevê forma culposa!!! 
Havendo dolo de dano, ou seja, pretendendo o agente atingir a vida ou a saúde de alguém, responderá por 
outro crime (tentativa de homicídio ou tentativa de lesão corporal). 
Surgindo o efetivo risco, o crime se considera consumado (delito de perigo concreto). 
 Se a conduta perigosa criada pelo agente sobrevier dano para a vítima, deve ser perguntado: o 
novo evento é mais ou menos relevante que a exposição de perigo? Se mais, como a morte, 
responderá por homicídio culposo (isso em razão da subsidiariedade expressa do crime de perigo); 
se menos relevante, como a ofensa a integridade física, e demonstrado apenas o dolo de risco, o 
agente responderá pelo crime de perigo e não de lesão corporal culposa. 
Na forma comissiva de conduta, o crime é plurissubsistente, admitindo a tentativa. 
ABANDONO DE INCAPAZ 
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer 
motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono: 
Pena - detenção, de seis meses a três anos. 
§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
§ 2º - Se resulta a morte: 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço: (AUMENTO DE PENA) 
I - se o abandono ocorre em lugar ermo; 
II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima. 
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos 
Consiste na conduta de alguém que tem o dever de cuidado, de vigilância, de proteção (função de 
garantidor) em relação a alguém e abandona essa pessoa a uma situação de risco, sendo que esta pessoa é 
incapaz de, sozinha, defender-se dos riscos resultantes do abandono. 
 
 
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É um crime praticado pelo garantidor!!!!!!!! 
Ex.: os pais, enfermeiros em relação aos pacientes, o professor de natação em relação ao aluno, etc.  
essas pessoas violam o dever de assistência, deixando a pessoa exposta ao perigo. 
É um crime que tutela a vida e a integridade física do assistido. 
Exemplo: João não bebe, fala para Maria que vai levar e buscar ela na festa. Só que ela está totalmente 
bêbada e resolve vomitar, mas aí ele a deixa em um lugar perigoso porque não quer que suje o seu carro  
isso seria abandono de incapaz!!! 
O sujeito passivo é qualquer pessoa física humana, que não tem naquelas circunstâncias capacidade de 
defesa. 
O sujeito ativo é o garantidor. // a posição de garantidor aqui é fundamental para que seja esse crime!!! 
(OBS.: se não há o papel de garantidor, o crime pode ser de omissão de socorro). 
Tipo objetivo: Só há crime de abandono de incapaz se o sujeito não observa o especial dever se assistência 
que tem sobre a vítima. // o sujeito é garantidor e ainda que de modo transitório ele exponha a pessoa ao 
risco; essa violação não precisa ser definitiva, pode ser temporária!!! 
 Pode ser mediante ação (leva a pessoa para um lugar perigoso e a deixa lá) ou por omissão (afastar-
se da vítima do lugar onde se encontra, deixando-a a própria sorte). 
O queé abandono? Não é apenas uma separação física; é mais do que isso; é você, durante boa parte ou 
todo o tempo, se despir dessa responsabilidade. 
Tem que haver também a incapacidade de defesa da vítima  ela precisa, de alguma forma, do garantidor 
para que ela possa se defender dos riscos resultantes do abandono. 
Tipo Subjetivo  é doloso, mas o dolo é de abandono – ou seja, o sujeito não tem o dolo de lesão corporal 
nem de morte (porque às vezes o abandono pode ser uma tentativa de homicídio, como por exemplo, uma 
pessoa que deixa outra abandonada em uma cela). // não existe a forma culposa desse tipo!!! 
Ação pública incondicionada!!! 
Não haverá o crime se o responsável fica próximo da vítima, vigiando para que alguém recolha, ou então no 
caso de a vítima ser abandonada em ambiente rodeado de assistência (como um hospital)  em nenhuma 
das hipóteses aqui ocorre o perigo concreto para o “abandonado”. 
Dependendo do local do abandono (ex.: um local muito deserto em que se sabe que é certa a falta de 
socorro) pode o caso espelhar dolo eventual de homicídio, aceitando o agente o resultado fatal; 
Tratando-se de abandono moral (não físico), pode se caracterizar crime contra a assistência familiar. 
O crime se consuma quando, em razão do abandono, a vítima sofre concreta situação de risco (crime de 
perigo concreto). Tratando-se de delito instantâneo, mesmo que o responsável, depois de efetivar o 
abandono, resolva reassumir o dever de assistência, não desnatura a infração penal. 
Se praticado por ação, o delito assume forma plurissubsistente, admitindo, desse modo, a tentativa. 
 
 
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As figuras dos §§ 1º e 2º mostram a forma qualificada – sendo delitos preterdolosos. 
EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE RECÉM-NASCIDO 
Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - detenção, de um a três anos. 
§ 2º - Se resulta a morte: 
Pena - detenção, de dois a seis anos. 
É uma forma privilegiada de abandono de incapaz!!! Sebastian discorda. // protege os mesmos bens 
jurídicos: vida e integridade físico-psíquica da vítima recém nascida. 
O que é desonra própria? // O sujeito ativo é o pai ou a mãe que quer esconder o nascimento da criança ou 
alguma circunstância do nascimento. Geralmente é um filho incestuoso ou adulterino. 
 É possível concurso de pessoas nas duas modalidades (coautoria e participação). 
Em virtude da pena cominada no caput, a forma simples do delito permite tanto a transação penal quanto 
a suspensão condicional do processo. Ao § 1º, por usa vez, é aplicável somente este último benefício. 
OBS.: “expor” é ação e “abandonar” é omissão. 
Para caracterizar o crime mostra-se indispensável haver honra a salvar, não podendo invocar o tipo 
privilegiado do art. 134 se desonrado (ex.: prostituta). Depende da análise do juiz. A honra, nessa hipótese, 
é representada pela dignidade sexual, a boa fama de que o agente desfruta e que pode ser abalada pelo 
nascimento da criança. 
É o dolo, consistente na vontade consciente de expor ou abandonar recém nascido, para ocultar desonra 
própria (elemento subjetivo do tipo). Sem esta finalidade especial, desaparece o privilégio, incidindo o 
crime de abandono de incapaz. 
Não se pune a culpa!!! 
O delito está consumado quando o recém nascido é abandonado, ficando efetivamente exposto a perigo 
real. 
 Na forma comissiva, a tentativa mostra-se possível, como no caso da mãe que é surpreendida 
depositando seu filho na porta da casa de estranhos. 
OMISSÃO DE SOCORRO 
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada 
ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não 
pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: 
 
 
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Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza 
grave, e triplicada, se resulta a morte. 
 
É um dos crimes mais emblemáticos do CP. 
CONCEITO: Omissão de socorro é a conduta de alguém que deixa de prestar assistência quando possível 
fazê-lo sem risco pessoal. 
Há uma pessoa que está em uma situação de grave e iminente perigo, ou então aquele que não comunica 
essa situação de perigo a uma autoridade. Ou seja, esse crime é cometido por quem deixa de prestar 
assistência ou deixa de comunicar a uma autoridade competente para que esta possa socorrer tal pessoa. 
Dever de solidariedade humana, que está ausente aqui. 
“você não pode ignorar tal situação, mas se ignorar vai responder por omissão de socorro”. 
É crime de menor potencial ofensivo!!!! (olhar a pena). 
QUEM É QUE PODE SER SUJEITO ATIVO DO CRI ME DE OMISSÃO DE SOCORRO? Quem pode ser o 
omitente (aquele que se omite)  qualquer pessoa pode praticar esse crime desde que essa pessoa não 
seja garantidora, porque o garantidor tem não um dever genérico, mas especifico de evitar o resultado, e 
esse dever especifico faz com que ele responda não por omissão de socorro, mas por homicídio ou lesão 
corporal. // Qual a diferença entre omissão de socorro e o homicídio por omissão? A condição de 
garantidor!!! 
QUEM É O SUJEITO PASSIVO?  o CP adota uma forma exemplificativa e no final coloca um conceito que 
dispensaria os outros. Fala de criança abandonada, criança extraviada, pessoa inválida, pessoa ferida, 
pessoa desamparada e, por fim, QUALQUER PESSOA EM GRAVE E IMINENTE PERIGO à sua vida ou à sua 
saúde. // perigo para o que? Risco sério de vida ou saúde naquela situação, não provocada pelo agente. 
além do perigo ser grave, deve ser iminente: é aquele em que o dano está prestes a acontecer. 
Ex.: pessoa A está com um cigarro na boca, e a pessoa B dá um tapa para que o cigarro caia; ainda que o 
cigarro seja um risco à vida, não é iminente o risco. 
Questão polemica: Maria está bêbada e deita na cama em estado de embriagues, e João começa a se 
aproveitar do seu estado e passa a mão pelo seu corpo; Julia vê aquilo tudo e não faz nada. É considerado 
como omissão de socorro? // o entendimento dominante é que não se configura como crime de omissão 
de socorro, por conta do principio da legalidade. Há outros autores que acreditam que se há um crime e 
lesão a um direito fundamental, seria omissão de socorro. 
 Sebastian entende que isso seria analogia in malam partem. 
TIPO OBJETIVO: possui duas modalidades de cometimento. 
 
 
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 A primeira delas é deixar de prestar assistência (nesse caso o sujeito tem o dever de praticar um 
comportamento de fazer o perigo cessar). Só responde por omissão de socorro se você tem 
possibilidade de evitar o dano, porque se não tem como evitar o dano não tem como prestar 
socorro (exemplo da pessoa que está se afogando e tem vários tubarões ao redor, é aceitável se eu 
não prestar assistência porque é arriscado). // OBS.: e se for um risco para terceiro? Também incide 
essa excludente. 
Ex.: jogo no bicho e ganho 300 mil reais, coloco o dinheiro em uma mochila. Daí eu vejo João se 
afogando, e precisaria deixar a mochila para trás para salvá-lo.  Isso seria omissão de socorro 
porque não há um risco pessoal. // eu não me eximo do dever de prestar assistência se o risco ao 
qual estou exposta for algum dano moral ou patrimonial. // O LIMITE DO SEU DEVER É O SEU 
PODER. 
 A segunda é não pedir socorro à autoridade pública. 
Existe omissão de socorro entre ausentes? O entendimento dominante é que não vai haver omissão de 
socorro; leva-se em conta o lugar em que a pessoa está. (Ex.: moro em Salvador, sou médica, e alguém de 
Mucugê me liga para que eu possa prestar socorro  não tenho como ajudar nesse caso). // isso está 
relacionado à demasiada ampliação

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