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Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 1 Tutoria 05 Gastro Doença Hepática Alcoólica O álcool pode causar três tipos de lesão no fígado: Esteatose assintomática (“fígado gorduroso”), Esteato- hepatite aguda (“hepatite alcoolica”), cirrose alcoolica (cirrose de Laennec) Patogênese O principal determinante do surgimento de DHA é a quantidade de álcool ingerida. Em homens, as formas graves da doença em geral só aparecem quando o consumo é >80g/dia por mais de 10 anos, ao passo que, nas mulheres é 30-40g/dia por mais de 10 anos. **A maior suscetibilidade do sexo feminino ao dano hepático induzido pelo álcool é explicada em parte pela menor concentração da enzima álcool- desidrogenase na mucosa gástrica De um modo geral, a influência de fatores adicionais de agressão hepática é necessária para que o paciente passe do estágio de “esteatose alcoolica” assintomática para “esteato-hepatite” e, posteriormente, para cirrose, Na ausência de tais fatores a probabilidade de surgir DHA avançada é muito baixa, em torno de 5% apenas o ponto de vista de patogenia, atualmente se aceita que a H alco lica esteja relacionada funcionalmente de forma resumida a: Hepatotoxicidade exercida pelo acetaldeído, promovendo peroxida o de mem ranas iol gicas, com forma es de complexo acetaldeído-proteína e de aductos de N Exacer a o de estresse oxidativo formando radicais livres de oxig nio; Gera o de endotoxinas, com maior permea ilidade da mucosa com li era o e influxo de mediadores inflamat rios, tais como TNFα, IL-1, IL-6 e leucotrienos; Ativa es de c lulas de Kupffer e polimorfonucleares; Polimorfismo e indu o do yp E . Metabolismo do Alcool O excesso de etanol absorvido pela circulação porta é metabolizado predominantemente na região centrolobular do lóbulo hepático, local onde existe a maior concentração da enzima álcool-desidrogenase. Durante tal processo o oxigênio acaba sendo intensamente consumido, o que gera hipóxia centrolobular. A hipóxia prejudica o funcionamento das mitocôndrias, bloqueando a oxidação dos ácidos graxos que, desse modo, se acumulam no interior da célula na forma de gotículas de gordura (esteatose). O principal metabólito do etanol é o acetaldeido, molécula que logo após ser formada se liga covalentemente a diversas proteínas teciduais, criando “neoantígenos”. Estes induzem uma resposta autoimune que compõe o processo necroinflamatório do parênquima hepático (hepatite). O acetaldeido também é diretamente tóxico, promovendo peroxidaçaõ das membranas celulares e necrose hepatocitária. Outro fator contribuinte é o aumento de permeabilidade da mucosa intestinal induzido diretamente pelo álcool, o que faz aumentar a absorção de toxinas bacterianas como o lipopolissacarídeo. A translocação de LPS para o fígado através da veia porta estimula as células de Kupffer (macrófagos hepáticos) a produzir citocinas como o TNF-alfa, que amplifica todos os processos já descritos. A persistência ou recorrência desses insultos pode culminar em fibrose e desestruturação do parênquima hepático (cirrose), caso as células estreladas sejam ativadas e comecem a produzir colágeno. Resumindo: O álcool absorvido é metabolizado na região centrolobular, local onde tem grande concentração de enzima álcool-desidrogenase. O oxigênio é consumido durante o processo e ocorre hipóxia. A hipóxia prejudica o funcionamento das mitocôndrias, ocorre bloqueio da oxidação de ácidos graxos e a gordura se acumula no interior da célula. O acetaldeido se liga a proteínas teciduais formando “neoantigenos”. Estes induzem processo necroinflamatório (hepatite). Alcool aumenta a permeabilidade da mucosa intestinal, o que aumenta a absorção de toxinas bacterianas e lipopolissacarideos. Esses vao estimular as células de Kupffer a produzir citocinas. Fatores nutricionais Recentemente, postulou-se que a ingest o deficiente de proteínas, especialmente dos aminoácidos metionina e colina, estaria implicada na patog nese da H . má nutri o, sem alcoolismo, n o causa cirrose. Entretanto, de esperar que defici ncias nutricionais Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 2 Tutoria 05 Gastro do alco latra possam contri uir para a doen a do fígado, al m de lesar outros rg os da economia. Por outro lado, o etilismo causa doen a hepática em pessoas bem nutridas, o que dificulta o estabelecimento causal. Fatores Imunológicos Ingest o excessiva de etanol leva redu o dos mecanismos de defesa imunol gica, expressa por granulocitopoese, quimiotaxia, fagocitose e citotoxicidade. Esse quadro de supress o da imunocompet ncia agrava-se pelo eventual estado de desnutri o dos pacientes e da reduzida secre o de fator de necrose tumoral pelas c lulas de Kupffer. Os doentes evoluem com níveis s ricos elevados de Ig e de imunoglo ulina ativadora de linf citos , responsáveis pelo aparecimento de hipergamaglobulinemia. Proteínas heat-shock s o sintetizadas em c lulas de mamíferos como resposta protetora agress o que sobre elas se instala. T m fun o de reorganizar proteínas desestruturadas, a partir do estímulo lesivo exercido quando em temperaturas elevadas e na presen a de citocinas, radicais livres de O e aldeídos produzidos a partir da peroxida o de ácidos graxos poli-insaturados, presentes em mem ranas iol gicas. No caso específico da H , o organismo perde sua capacidade protetora, a proteína torna-se imuneglo ulina, sendo responsável pelo desenvolvimento progressivo da les o hepática observada nesses pacientes. Tam m antígenos intracelulares, como os corp sculos de Mallory, s o capazes de despertar rea o por anticorpos e promover sensi iliza o de mem ranas dos hepat citos, tornando-os mais suscetíveis agress o desenvolvida pelos linf citos T citot xicos, participando, assim, da resposta celular imune- mediada Patologia Histologicamente, os três predominam na região central (perivenular) do lóbulo hepático (zona 3) Esteatose hepática Devido à hipóxia celular gerada na metabolização do etanol, os ácidos graxos não conseguem ser oxidados pelas mitocôndrias e acabam se acumulando no citoplasma do hepatócito, onde formam gotículas de gordura. **A esteatose da DHA costuma ser Macrovesicular, mas pode ser microvesicular e mista A esteatose hepática induzida pelo álcool é prontamente reversível com a cessação do etilismo Clinicamente, manifesta-se por hepatomegalia de consist ncia variável, muitas vezes aumentada, com o fígado apresentando ordas rom as e superfície regular. s vezes, esse aumento de volume do fígado pode ser doloroso. Quando se associam sinais inflamat rios, a denomina o esteato-hepatite. o ponto de vista la oratorial, os doentes evoluem com níveis s ricos de aminotransferases ( ST, LT) normais ou discretamente eleva- dos, mas podem exi ir taxas at vezes superiores ao normal sempre há altera es acentuadas de gamaglutamiltransferase. N o se modificam os valores de ilirru ina total e fra es da al umina, nem a atividade de protrom ina O aspecto ao ultrassom típico, com fígado de textura hiperecoica, grosseira, e atenua o de feixes ac sticos posteriores. natomopatologicamente, revela-se pela presen a de micro ou macrogotículas de gordura no citoplasma. Esteato-Hepatite A esteatose hepática está sendo complicada por um quadro de “hepatite alco lica” sobreposta quando todas as alterações a seguir forem notadas na biópsia hepática: 1- Necrose Hepatocitária 2- Infiltrado Neutrofílico 3- Distribuição Perivenular (central) do Infiltrado 4- Corpúsculos de Mallory* **Os Corpúsculos de Mallory são acúmulos intracitoplasmáticos de material eosinofílico. -Acumulam-se O que define a exist ncia de “esteato-hepatite” é a presença de necrose hepatocitária e infiltração por Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 3 Tutoria 05 Gastro leucócitos num parênquima esteatótico. Na esteato- hepatite alcoólica o tipo de leucócito predominante é o neutrófilo polimorfonuclear. Do ponto de vista laboratorial, as formas mais graves traduzem-se por: Níveis s ricos de ilirru ina total sempre acima de mg dl, n o raro ultrapassando 25 a 30 mg/dl; Níveis s ricos de ST situados entre e UI l. erca de dos pacientes com H t m a propor o ST LT em torno de 2, ou mais. Cirrose Hepática Separadamente abaixo Esteato-Hepatite não Alcoólica esteatose hepática ocorre quando o volume de gordura acumulado no citoplasma dos hepat citos, especialmente triglicerídios, excede do peso total do fígado. Essa gordura hepatocitária se acumula so a forma de macrovac olos e, em menor propor o, microvac olos. Esse ac mulo de gordura pode ser secundário ao uso de medicamentos, exposi o a produtos químicos, desnutri o proteico-cal rica ou a cirurgias de deriva o jejunoileal. O vírus da hepatite , gen tipo , tam m pode produzir esteatose secundária. No entanto, a condi o patol gica que tem assumido propor es epid micas a esteatose hepática dita primária, essencialmente ligada síndrome meta lica. Segundo a Organiza o Mundial de Sa de, a síndrome meta lica pode ser definida pela presen a de resist ncia perif rica insulina (glicemia de jejum elevada, intoler ncia glicose ou dia etes tipo ), mais dois dos seguintes itens: hipertens o arterial sist mica, dislipidemia (triglicerídios mg dl e ou colesterol HDL < 36 mg em homens e < 40 em mulheres), obesidade (índice de massa corporal kg m ) e/ou obesidade abdominal (índice cinturaquadril , em homens e > 0,85 em mulheres), microal umin ria (> 20 mcg/min). Medcurso: literatura tem utilizado o termo doen a hepática gordurosa n o alco lica ( HGN ) com o o jetivo de incluir no mesmo espectro a esteatose, a esteato- hepatite n o alco lica (EHN ), a fi rose e a cirrose decorrentes da progress o da EHN . Fisiopatologia Em ora a patog nese n o seja completamente compreendida, o modelo fisiopatol gico que ainda prevalece, proposto por ay e James em , o chamado “modelo dos dois golpes”. om ase nele, haveria duas etapas distintas e sequenciais na progress o da esteatose rumo EHN . O primeiro golpe seria determinado, a princípio, pelo aumento da resist ncia perif rica insulina. iante dessa dificuldade de utiliza o da glicose como fonte de energia, duas condi es se esta eleceriam – hiperinsulinemia e aumento da atividade lipolítica no tecido adiposo perif rico. Em decorr ncia disso, mais ácidos graxos passariam a circular e atingiriam o fígado para serem meta olizados. No fígado, os ácidos graxos procedentes da lip lise, al m daqueles provenientes da a sor o ent rica (quilomícrons) e do meta olismo de car oidratos e aminoácidos, podem seguir dois caminhos a oxida o, com consequente forma o de corpos cet nicos – o o jetivo dessa via a produ o de energia para consumo; a esterifica o, com consequente forma o de triglicerídios – o o jetivo dessa via o armazenamento de energia. Esses triglicerídios podem se com inar ao colesterol e fosfolipídios para formar as lipoproteínas de muito aixa densidade (VL L), que se constituem na principal via de excre o de tri- glicerídios dos hepat citos. Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 4 Tutoria 05 Gastro A insulina pode interferir na sequ ncia desses processos mitocondriais. Sua a o determina uma redu o da atividade oxidativa – mais triglicerídios ser o formados por esterifica o. o mesmo tempo, a produ o de VL L ini ida, loqueando-se, assim, a principal via de excre o hepatocitária de triglicerídios. consequ ncia disso o ac mulo de triglicerídios no citoplasma do hepat cito – a esteatose se estabelece. O primeiro golpe foi desfechado. O segundo golpe vem a partir do estresse oxidativo, que ocorre em decorr ncia do ac mulo progressivo de gordura hepatocitária. capacidade de oxida o mitocondrial excedida e processos de peroxida o lipídica s o desencadeados, gerando formas reativas de oxig nio e el trons livres. Esses radicais livres s o normalmente inativados por antioxidantes naturais – glutationa e vitamina E – mas, quando a capacidade de antioxida o superada, eles podem se envolver em rea es químicas que promovem ativa o de citocinas. Os produtos da peroxida o lipídica, como o dialdeído mal nico, e as citocinas ativadas (TGF β, TNF α, IL ) estimulam migra o de polimorfonucleares, forma o de corp sculos hialinos, morte celular e fi rose. O segundo golpe está desfechado e a doen a hepática gordurosa, estabelecida. Em ora esse modelo patog nico seja convincente para explicar a grande maioria dos casos, existem pacientes que n o apresentam nenhuma condi o meta lica aparente que determine aumento da resist ncia perif rica insulina. Nessas situa es, deve-se inferir so re uma potencial síndrome meta lica ainda n o claramente manifesta – a hist ria familiar pode ser contributiva. Outro aspecto a ser considerado o envolvimento de drogas que possam interferir com os processos mitocondriais de oxida o lipídica, como horm nios (estr genos e progest genos), corticosteroides, amiodarona, ácido valproico, tamoxifeno, tetraciclinas, entre outras. esteatose decorrente da ini i o mitocondrial por drogas predominantemente microvacuolar Cirrose Hepática Trata-se de um processo que se caracteriza por forma es de fi rose difusa, al m de micro e macron dulos, esta elecendo pervers o da arquitetura normal do par nquima. O diagn stico confirma-se por meio de dados clínicos, la oratoriais, anatomopatol gicos, ou valendo-se de m todos de imagens como ultrassonografia, tomografia computadorizada, resson ncia magn tica, videolaparoscopia ou at pela cintigrafia. Representa a principal causa de morte em muitas partes do mundo, comportamento que se relaciona com a participa o de diferentes causas e manifesta es clínicas, gravidade das les es histol gicas, reserva funcional parenquimatosa e oferta de possi ilidades terap uticas. Epidemiologia O conhecimento do perfil epidemiológico dos pacientes diagnosticados com cirrose hepática atendidos no CEMEC coincidiu com a maioria dos estudos avaliados. Houve predomínio do sexo masculino e adultos jovens. A principal etiologia foi de origem alcoólica A complicação que mais esteve presente nestes pacientes foram as varizes esofágicas. O desenvolvimento de um estado circulatório hiperdinâmico provoca uma dilatação ainda maior e o crescimento de varizes e, eventualmente, a sua ruptura e hemorragia varicosa. Concluímos que, com o presente estudo, a maioria dos pacientes é referenciado ao hepatologista após sua primeira descompensação, facilitando o acesso e diagnóstico precoce da cirrose hepática; porém, é preciso ainda intervir com medidas e estratégias variadas para tentar conter a instalação da cirrose propriamente dita; tais medidas incluem: prevenção e tratamento do alcoolismo, vacinação para o VHB, detecção e tratamento precoce da hepatite C. Etiologia Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 5 Tutoria 05 Gastro Aspectos Patogênicos maioria das doen as cr nicas do fígado associa-se a contínua fi rog nese, resultante da les o dos hepat citos, com consequente ac mulo de proteínas da matriz extracelular. Desse processo, participam: lulas endoteliais, lulas de Kupffer, lulas estelares Perissinusoidais do espa o de isse. Na vig nciada perpetua o da agress o, ocorre capilariza o dos sinusoides, onde se depositam continuamente laminina, colágeno tipo IV e perlecans. Nessa situa o, reduzem-se os microvilos dos hepat citos, instalam-se modifica es fenotípicas das c lulas de Ito, as quais assumem aspecto miofi ro lástico. Participam ainda do processo fatores li erados de macr fagos ativados, so retudo IL- , fator de necrose tumoral, prostaglandinas e su st ncias inflamat rias outras, como fator de crescimento derivado de plaquetas, al m de radicais livres de oxig nio in- termediários, responsáveis pela ativa o de lip citos, os quais se encontravam quiescentes. Medcurso: Substâncias provenientes do sangue são captadas pelos hepatócitos para serem metabolizadas. Isso depende dos sinusoides hepáticos que são altamente fenestrados e são desprovidos de membrana basal (facilitando a saída de macromoléculas para fora do vaso). Assim, as substâncias podem passar livremente e alcançar o espaço de Disse, que fica entre o sinusoide e o hepatócito. Esse espaço contém as células mais importantes para a gênese da cirrose hepática- as células estreladas ou células de Ito. A células estreladas normalmente são “quiescentes” e tem função primordial de armazenar vitamina A. Entretanto, na presença de certos estímulos podem se transformar em células altamente capazes de sintetizar matriz extracelular. A deposição de fibras colágenas no espaço de Disse leva ao fenômeno de capitalização dos sinusoides, onde uma camada de colágeno, pouco permeável, oblitera as fenestras e impede o contato entre os hepatócitos e as substâncias oriundas do sangue. Com isso, a capacidade de metabolização hepática vai se tornando progressivamente comprometida. A capilarização dos sinusoides também diminui seu calibre, o que aumenta a resistência vascular intra-hepática (fator crucial na gênese da hipertensão porta). Fibrose em ponte: Deposição de fibras colágenas e consequente capilarização dos sinusoides, em meio a segmentos de necrose hepatocitária. Como existe uma doença hepática crônica, com atividade necroinflamatória persistente, os ciclos de necrose, fibrose e regeneração celular continuam se alternando, até que a regeneração hepatocitária fique restrita aos espaços formados entre diversas traves fibróticas interligadas. Temos ent o os “n dulos de regenera o”. Os nódulos de regeneração são constituídos por uma massa de hepatócitos desprovida de funcionalidade. Assim, esse nódulos representam uma tentaiva frustrada do fígado de restabelecer sua citoarquitetura funcional em meio a fibrose intensa e disseminada secundária ao processo necroinflamatório crônico Fisiopatologia instala o da fi rose e da regenera o nodular no fígado aca a por determinar o aparecimento da hipertens o portal, definida pelo aumento dos níveis press ricos no sistema venoso portal acima de mmHg da press o da veia cava inferior. om a instala o desse dist r io hemodin mico, forma-se extensa rede de circula o colateral, na tentativa de aumentar o retorno venoso para a circula o cardiopulmonar e aliviar o sistema portal, formando- se, assim, desvios da circula o portal para a sist mica, representados, so retudo, pelas varizes esofagogás- tricas. Apesar dessa desestrutura o, o fluxo hepático deve ser mantido, como tentativa de garantir o funcionamento hepático, o que se traduz pelo aumento do d ito cardíaco com redu o na resist ncia arteriolar espl ncnica (aumento do fluxo sanguíneo para os rg os a dominais) e acentua o da resist ncia oferecida pelos vasos colaterais. S o pacientes que evoluem ainda com anastomoses arteriovenosas intrapulmonares e portopulmonares (sistema ázigo– pulmonares, ao nível do hilo pulmonar), levando diminui o da pO no sangue arterial e da afinidade da hemoglo ina pelo oxig nio. Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 6 Tutoria 05 Gastro Por outro lado, a circula o renal, dependendo do estágio clínico, pode estar alterada, ocorrendo diminui o do fluxo sanguíneo para o c rtex renal em consequ ncia da vasoconstri o das arteríolas aferentes, com consequente desvio de sangue para a medular. Tais modifica es resultam em importante diminui o da filtra o glomerular, maior rea sor o tu ular de s dio e água e reten o azotada culminando com a síndrome hepatorrenal, um indicativo de mau progn stico. ist r ios hematol gicos s o frequentes na cirrose hepática, tais como 1. Anemia, multifatorial causada por hem lise, defici ncia na síntese de ácido f lico e a sor o do ferro, observada sobretudo nos desnutridos; 2. Leucopenia e plaquetopenia geradas a partir do hiperesplenismo; 3. Redu o na síntese dos fatores que comp em o complexo protrom ínico (II, VI, IX, X), representada por baixa na atividade e alargamento no tempo de protrombina. Em geral, esses cursam tam m com aixos valores s ricos de fator V, associadamente responsáveis pelo aparecimento de sangramentos espont neos, equimoses e hematomas presentes ao menor trauma. Por sua vez, o fígado normal produz cerca de g de al umina dia, nível que se reduz para g dia nos cirr ticos. . Nessa situa o, encontra-se comprometido o transporte plasmático de diversas su st ncias de aixo peso molecular, dependentes da atua o dessa proteína. s altera es nos aminoácidos plasmáticos, na cirrose hepática, dependem do grau de comprometimento celular e da extens o das anastomoses portocavas. Geralmente, as concentra es plasmáticas de citrulina, metionina, tirosina, fenilalanina est o aumentadas, e as de leucina, isoleucina e valina, diminuídas. redu o dos níveis s ricos desses ltimos aminoácidos de cadeia ramificada, os quais s o degradados na musculatura, deve-se a uma aixa da insulina – horm nio que acelera a capta o desses aminoácidos pela musculatura e fígado. Tam m a queda da capacidade de síntese hepática leva incapacidade de convers o de am nia em ureia, ocasionada pela diminui o da atividade da car amoil-fosfato-sintetase e da argininossuccinato-sintetase, com consequente menor clareamento da am nia e gera o de hiperamoniemia. A alta incid ncia de infec es acterianas em cirr ticos pode ser explicada pela exist ncia de importantes altera es nos mecanismos de defesa contra as act rias, dependentes da depress o funcional do sistema reticuloendotelial e dos granul citos, aixos níveis de complemento e deteriora o da imunidade celular. S o pacientes que exi em diminui o de alguns constituintes do plasma que est o envolvidos com a resposta imune, como zinco, albumina e transferrina. Quadro Clínico Alguns pacientes, sobretudo nas fases iniciais da doença, não apresentam quaisquer sinal ou sintomas, o que torna possível dividi-la em: 1. Cirosse hepática compensada Muitas vezes pobre em sinais e sintomas Suspeita-se da doença por identificação de alterações físicas, como hepatoesplenomegalia e hipertrasaminasemia Nesses doentes mostra-se comum a existência de história mórbida pregressa de hepatite sem etiologia definida, uso cônico de álcool ou sintomatologia vagal Astenia Epistaxe Edema Lentidão de raciocínio Emagrecimento Aranhas vasculares Eritema palmar Referência a episódios de diarreia 2. Cirosse Hepática descompensada O paciente é levado ao médico por apresentar complicações da cirrose hepática Ascite Encefalopatia Hemorragia digestiva alta Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 7 Tutoria 05 Gastro Fraqueza progressiva Perda ponderal Pode haver episódios de bacteriemia Comumente, os doentesapresentam hálito hepático e icterícia, do tipo hepatocelular ou causada por hiper- hemolise Ao exame, identificam-se hiperpigmenta o da pele (hemocromatose hereditária), dedo hipocrático com unhas esbranqui adas, telangiectasias aracniformes (na face e no tronco), eritema palmar, altera o na distri ui o dos pelos pu ianos (que adquirem forma ginecoide no homem e, na mulher, tendem a desaparecer), ginecomastia, atrofia testicular, pet quias e equimoses, tremor de extremidades ou flapping. Varizes esofágicas Geralmente ocorrem no terço distal do esôfago Profilaxia primaria (paciente nunca sangrou): betabloqueadores, principalmente propranolol, e terapia endoscópica Profilaxia secundária (paciente já sangrou): Terapia endoscópica, Vasocostrictor e antibioticoterapia Risco de sangramento: Calibre Presença de sinais da cor vermelha Função hepática (Child-Pugh) Ascite Ascite grau I: Ascite leve que não é detectada no exame físico Ascite grau II: Moderada e detectada no exame físico (macicez móvel, Skoda – ou +) Ascite grau III: Volumosa, Piparote + e pode ser tensa ou não Ascite volumosa: Paracentese= Liquido em geral no paciente cirrótico é de cor amarelo citrino Manejo: Diuretico (furosemida e espirolactona), dieta hipossódica e paracentese Encefalopatia Hepática Manejo: Suporte, identificar precipitante, suporte nutricional, antibioticoterapia Diagnóstico Laboratorial A albumina apresenta composi o homog nea, sendo sintetizada exclusivamente no fígado portanto, na cirrose hepática, encontramos baixos níveis s ricos. Em geral, os doentes evoluem com aumento da fra o gamaglo ulina e uma fus o eta–gama, consequente a elevados valores das imunoglobulinas. Na cirrose iliar primária, ocorre aumento isolado de IgM na alco lica, de IgG e Ig e, em menor grau, de IgM e de IgM nas fases iniciais das hepatites agudas. oncentra es reduzidas de α -antitripsina ( de , mg ml de soro) ocorrem na doen a hepática por defici ncia dessa proteína. Valores de alfa- fetoproteína, proteína oncofetal, encontram-se em níveis elevados no soro e em aixa concentra o (4 a 10,5 ng/ml) nos indivíduos normais. Pode estar elevada por ocasi o da regenera o hepática, podendo sugerir hepatite viral, e serve de alerta para os casos com carcinoma hepatocelular. s aminotransferases, representadas pela alanina- aminotransferase ( LT) e aspartato-aminotransferase Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 8 Tutoria 05 Gastro ( ST), s o enzimas intracelulares, sendo a pir vica exclusiva do citoplasma, enquanto a oxalac tica está presente em 70% dessa estrutura, enquanto os outros distri uem-se pelas mitoc ndrias. Portanto, a altera o s rica delas caracteriza agress o e comprometimento hepatocelular. No cirr tico, poderemos encontrar valores flutuantes dos seus níveis nas reagudiza es da doen a, por m, de maneira geral, permanecendo em torno de 5 vezes o LSN (limite superior de normalidade), predominando valores de AST sobre ALT. Valores mais elevados de GGT s o encontrados na cirrose alco lica. omumente, os cirr ticos cursam com níveis s ricos aumentados de bilirrubina direta (ou conjugada), nível que se relaciona ao grau de reserva parenquimatosa. iminui o da fra o esterificada do colesterol total pode ocorrer caso a les o hepatocelular seja extensa ou grave. ilirru in ria e uro ilin ria est o aumentadas em pacientes ict ricos. excre o urinária de s dio está diminuída na presen a de ascite, chegando a casos graves de elimina o menor que mEq de s dio por dia. Pode haver al umin ria e olig ria. Imagem M todos de imagens t m sido empregados, visando detec o de complica es, como redu o volum trica do fígado, sinais de hipertens o portal e carcinoma hepatocelular, segundo a sequ ncia discriminada adiante. Ultrassonografia cirrose hepática caracterizada por um padr o ecográfico heterog neo e grosseiro, com hiperecogenicidade do par nquima, aumento da atenua o sonora e nodularidade na superfície do rg o (sinal mais específico). Esse mesmo padr o pode ser visto na infiltra o gordurosa, H , linfoma hepático e nas metástases hepáticas. anatomia hepática está frequentemente alterada devido atrofia do lo o hepático direito (segmentos V e VIII) e do segmento medial do lobo esquerdo (IV), com hipertrofia do lateral do lobo esquerdo (II e III) e do lobo caudado. Os sinais ultrassonográficos de hipertens o portal incluem esplenomegalia, ascite e presen a de circula o colateral portossist mica (sendo este o sinal ecográfico mais específico). trom ose da veia porta sugerida pela presen a de imagens ecog nicas intraluminares e confirmada pelo emprego combinado com Doppler colorido. O carcinoma hepatocelular pode invadir as veias hepáticas, particularmente a porta e as hepáticas, determinando uma redu o do fluxo, precipitando dilata o desses vasos, comportamento que n o o servado na trom ose n o maligna. Esse tipo de neoplasia apresenta padr o ecográfico variável e n o específico. Pequenos tumores ( a cm) tendem a ser hipoecog nicos e de apar ncia uniforme, enquanto os maiores geralmente s o heterog neos. Tomografia Computadorizada Em estágios iniciais de cirrose hepática, mostra-se normal, por m, com o progresso da doen a, identificam-se nodularidades so re superfície do fígado, com o padr o heterog neo do par nquima definido principalmente ap s a inje o de contraste. Na tomografia computadorizada clássica, pode ser impossível distinguir les es nodulares displásicas de n dulos de regenera o, ou da fase inicial de desenvolvimento do carcinoma hepatocelular. tualmente, aceita-se que a caracteriza o do suprimento sanguíneo do n dulo ajudaria na identifica o de les es malignas. e maneira geral, o carcinoma hepatocelular apresenta-se como massa solitária ou m ltipla, ou so forma de neoplasia infiltrativa difusa. Ressalte-se que a detec o dessa neoplasia primária complicada ou confundida pela presen a de n dulos de regenera o, infiltra o gordurosa, fi rose e necrose do par nquima. Esse m todo de imagem, nesses casos, apresenta sensibilidade em torno de 63%, o que refor a a sugest o de que tais pacientes sejam avaliados pela resson ncia magn tica ou T helicoidal com dupla varredura, podendo ser iopsiada a les o em caso de d vida. Ressonância Magnética Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 9 Tutoria 05 Gastro resson ncia magn tica tem sido usada para detectar les es hepáticas focais em pacientes com cirrose hepática e, de maneira geral, para investigar, de forma n o invasiva, as forma es vasculares intra e extra- hepáticas. Pacientes com cirrose hepática podem ser identificados em como suas complica es, como a hipertens o portal, definidas por t cnica específica, a angiorresson ncia magn tica. Angiografia de tronco celiaco: O cateterismo seletivo da art ria femoral e do tronco celíaco permite uma defini o precisa da arquitetura de ramos arteriais e venosos do fígado cirr tico.. Angiorressonância magnética T cnica de avalia o recente das condi es anat micas do sistema venoso portal. Tem indica o na caracteriza o a. das mensura es volum tricas de fígado e a o e distri ui o da vasculatura portal . e defini o so re terap utica cir rgica visando a tratamento da hipertens o portal. Endoscopia Digestiva Alta Tem import ncia na defini o da presen a de varizes esofágicas, gástricas e gastropatia hipertensiva portal. Por meio desse m todo, identifica-se a sede das les es hemorrágicas, podendo-se atuar terapeuticamente na interrup o do sangramento adotando- se medidas como escleroterapia e ligadura das varizes rotas, ou inje o de cola iol gica no interior das varizes gástricas. Tratamento Cirrose Hepáticanão complicada O diagn stico precoce e a manipula o do cirr tico em fase compensada envolvem a ado o de dieta alanceada e com ate aos fatores etiol gicos responsáveis pela evolu o da doen a. N o há indica o para administra o de hepatoprotetores ou de aminoácidos de cadeia ramificada entre os em- nutridos e estáveis. Tem indica o formal o com ate fi rose, voltado remo o do estímulo lesivo e ado o de estrat gias específicas. fal ncia dessas atitudes significa que os pacientes dever o ser conduzidos ao transplante de fígado, existindo contraindica es sua execu o Cirrose Hepática Complicada Essa situa o identificada em pacientes que, em geral, se encontram ou n o ict ricos, mas exi indo sinais e complica es típicas da hipertens o portal, e baixa reserva hepatocelular. Merecer o considera es em separado: Hemorragia Digestiva Alta Esse tipo de complica o incide pela primeira vez em12–30% dos casos, e em 5–61% ao fim de, respectivamente, 1 e 2 anos nos portadores de varizes esofagogástricas e ou gastroduodenopatia congestiva. Essa evolu o ocorre em consequ ncia de redu o volum trica do fígado, distor o da arquitetura vascular do sistema portal e esplenomegalia. O manuseio desses doentes envolve algumas fases: 1. preven o do aparecimento dessa complica o 2. interrup o na vig ncia do surto hemorrágico 3. e, finalmente, bloqueio de novo surto. Ascite com repercussões renais omo consequ ncia da hipertens o portal, aixa síntese de al umina, associada hipertens o linfática e hiperatividade dos sistemas renina–angiotensina– aldosterona e nervoso simpático, os pacientes passam a apresentar reten o renal de s dio e água, com forma o de edema de mem ros inferiores e ascite. conduta terap utica nesses pacientes o edece a certos princípios, segundo a ascite seja considerada n o complicada ou complicada. Encefalopatia hepática com ina o de insufici ncia hepatocelular, consequente a redu o volum trica do fígado, com a desestrutura o da arquitetura vascular, presen a de circula o colateral e anastomoses naturais, cir rgicas ou radiol gicas, constituem-se no su strato anatomofuncional para que su st ncias proteicas de origem intestinal atinjam a circula o sist mica e alterem o estado mental desses pacientes. e uma forma simplificada, define-se que tal evolu o relaciona-se com a presen a de neurotoxinas, tais como am nia, citocinas, enzodiazepínicos “naturais”, neuroesteroides, mangan s, glutamina–glutamato e su st ncias dopamin rgicas, responsáveis pelos dist r ios neurol gicos que tais cirr ticos apresentam. onduzi-los do ponto de vista terap utico inclui impedir o aparecimento de dist r ios do sono, sintomas extrapiramidais e o coma hepático Hidrotóraxhepático Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 10 Tutoria 05 Gastro efinido pela presen a de derrame (efus o) pleural, ultrapassando, em geral, mais de ml, identificado em cirr tico sem doen a cardiopulmonar primária. Predomina entre alco latras e relaciona-se com transfer ncia de líquido intraperitoneal ao t rax por meio de comunica es transdiafragmáticas. Instala-se, so retudo, no hemit rax direito e apresenta manifesta es clínicas e la oratoriais, conforme exposto no Quadro . . Para tratá-lo, recomendável seguir o algoritmo mostrado no Quadro 57.21. Câncer do Fígado Os tumores malignos do fígado, primitivos ou metastáticos, s o muito frequentes. Os principais tumores malignos primitivos do fígado s o ( ) de origem epitelial (a) carcinoma hepatocelular, (b) hepatoblastoma, (c) colangiocarcinoma; (2) de origem mesenquimal: (a) hemagiossarcoma, (b) hemangioendotelioma epitelioide, (c) linfomas. Outros tumores mesenquimais como fibrossarcoma, liomiossarcoma, lipossarcoma, assim como tumores de origem neuroend crina (carcinoides) primitivos do fígado, t m sido descritos, mas s o muito raros. arcinoma Hepatocelular Se a import ncia de uma doen a pode ser avaliada pela sua frequ ncia e por suas consequ ncias, o carcinoma hepatocelular (CHC) pode ser considerado um importante pro lema de sa de p lica mundial, com incid ncia estimada entre mil e um milh o de casos por ano, e com um progn stico t o ruim que a incid ncia e a mortalidade s o semelhantes. t a d cada de , o interesse pelo estudo do H estava praticamente limitado aos patologistas e epidemiologistas. creditava-se que o tumor era raro, exceto em algumas poucas regi es do mundo, e o diagn stico era feito invariavelmente em fases avan adas da doen a, quando nenhum tipo de tratamento podia ser til ao paciente. Nos ltimos anos, o notável progresso nos conhecimentos so re os fatores etiol gicos, patog nese e hist ria natural do H , aliados ao grande desenvolvimento dos m todos de imagem e dos recursos terap uticos, transformaram o tumor em centro de aten es em todas as partes do mundo. Epidemiologia O CHC é um dos tumores malignos mais frequentes da espécie humana 5º entre homens e 9º entre mulheres Terceiro em termos de mortalidade incid ncia do tumor aumenta em várias regi es, como nos EUA, na Europa e especialmente no Jap o, aumento atri uído crescente participa o etiol gica do vírus da hepatite nestas regi es e a uma maior so revida dos pacientes cirr ticos, que, morrendo menos de sangramento e infec es, aca am desenvolvendo com maior frequ ncia o tumor. Fatores de Risco Sexo Masculino Cirrose hepática Consumo excessivo de bebidas alcoolicas Excesso de gordura corporal: afeta diretamente os níveis de hormônios circulantes Obesidade (fatores de risco para esteatose- hepatica não alcoolica que pode evoluir para cirrose) Tabagismo Fisiopatologia O H um dos poucos tumores malignos com fatores ou cofatores etiol gicos em definidos infec o cr nica pelos vírus das hepatites e , uso a usivo de etanol, contamina o alimentar por aflatoxinas, algumas doen as meta licas, das quais a principal a hemocromatose, e a pr priacirro- se hepática, al m de outros com menor import ncia. Os distintos fatores etiol gicos t m preval ncia geográfica variável. infec o cr nica pelo vírus o mais importante fator de CHC em humanos, principal causa de tumor em áreas de grande incid ncia, como na Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 11 Tutoria 05 Gastro frica e sia, onde a infec o adquirida precocemente. Já no Jap o, na Europa e nos EU , a hepatite o principal fator de risco. Em termos mundiais, o vírus da hepatite continua sendo o principal fator etiol gico do tumor, responsável por dos casos, enquanto o vírus , com incid ncia crescente, fator etiol gico em . Os diversos agentes etiol gicos que induzem o H agem so re hepat citos diferenciados ou, segundo alguns, so re as c lulas ovais, precursoras dos hepat citos ou so re c lulas-tronco existentes no fígado. Os eventos moleculares que levam ao aparecimento do clone ou clones que dar o origem ao tumor s o distintos nas diferentes etiologias, mas sempre conduzem s mesmas altera es ásicas imortaliza o (capacidade indefinida de proliferar) e capacidade de invadir e infiltrar os tecidos, podendo se implantar a dist ncia. imortaliza o consequ ncia de (a) ativa o de onco-genes que codificam fatores de crescimento e seus receptores (p. ex., TGF-α, HGF, MET) (b) muta o em genes que codificam mol culas transdutoras do sinal dos fatores de crescimento, tornado-as permanentemente ativas (Ras); (c) muta o inativadora ou dele o dos genes supressores de tumor (p , p 6, p , pR , β-catenina, caderinas); (d) ativa o de genes antiapopt ticos e ou muta o inativadora de genes pr -apopt ticos (bcl-2; survivina); (e) ativa o dos genes que codificam proteínas do complexo da telomerase (TERT).so reviv ncia dos clones imortalizados conseguida pela produ o de fatores angiog nicos e seus receptores (VEGF), por ativa o dos respectivos genes e ou por muta o inativadora dos genes que codificam fatores antiangiog nicos. capacidade de invadir e produzir metástases dependerá da ativa o, muta o ou dele o em oncogenes e genes supressores de tumor, que favorecem o destacamento das c lulas da massa primitiva, seu deslocamento atrav s da matriz, entrada nos vasos e implanta o a dist ncia (ver tumores metastáticos do fígado). Vírus da hepatite A partir dos anos 1970, ficou clara a rela o etiol gica entre o vírus e o H , rela o que já foi considerada a mais forte já demonstrada entre uma neoplasia maligna e um vírus em humanos. s principais evid ncias desta rela o causal podem assim ser resumidas: – istri ui o geográfica comum onde prevalente a infec o pelo vírus , grande a incid n- cia do H – Maior preval ncia de H s g em pacientes com CHC do que em controles, em todas as partes do mundo, e em m es de pacientes com H do que em m es de porta- dores de HBsAg; 3 – Risco muito aumentado de desenvolver CHC em portadores do HBsAg ( vezes maior do que nos controles, em estudo prospectivo realizado em Formosa) – esenvolvimento espont neo de H , muito semelhante ao CHC humano, em animais infectados com vírus da família Hepa N , como na marmota americana (WH V) e no pato de Pequim ( H V) – Integra o do N do vírus no N do hospedeiro 6 – esenvolvimento de H em camundongos para os quais se transferiu o genoma do vírus – Redu o significativa de incid ncia de H nos vacinados em Formosa e na oreia, duas d cadas ap s início de vacina o em massa contra o vírus . Na hepatocarcinog nese, o vírus pode ter papel direto, pela integra o aleat ria do N viral no genoma do hepat cito, ou indireto, atrav s da necrose e inflama o cr nica que produz. pesar de o vírus n o possuir oncogenes, a integra o no N do hospedeiro torna o genoma instável, facilita que ras e transloca es, com possi ilidade de perdas de genes supressores de tumor e ou ativa o de oncogenes. Dois genes virais integrados, o gene X e um gene s truncado, transcrevem a proteína X e a proteína MHBst (Middle Hepatitis surface antigen truncated). Essas proteínas s o transativadoras, ativando as regi es promotoras de genes codificadores de fatores de transcri o importantes, como P-1 e AP-2 (Activating Proteins 1 e 2), ATF-2 (Activating Transcription Factor 2) e CREB (Cyclic AMP- Responsive Element Binding Protein), todos ativadores de genes relacionados com a síntese do N , favorecendo assim a imortaliza o dos hepat citos. Induzem ainda maior express o de proteínas ativadoras da RN polimerase e agem diretamente so re essa enzima, estimulando a transcri o. A proteína X interage com proteossomos (altera a degrada o de proteínas end genas), com genes que interferem no reparo do N (dificultando esse reparo) e com a proteína p (que pode ser inativada). Esses efeitos das proteínas X e MH st podem levar a um excesso de express o, por efeito da transativa o, de oncogenes, como TGFα, IGF- e met (receptor de HGF), e ini i o de genes supressores de tumor, como o p Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 12 Tutoria 05 Gastro (liga o com a proteína X), favorecendo o desenvolvimento do CHC. A necrose de hepat citos e a inflama o induzida pelos vírus (e tam m pelo vírus ) t m papel importante na hepatocarcinog nese a inflama o cr nica persistente fonte permanente de produtos reativos originados do oxig nio, o que aumenta a chance de les es oxidativas nas ases do N dos hepat citos, gerando muta es. Tam m fonte de fatores de crescimento para hepat citos, estimulando a sua regenera o. esse modo, hepat citos induzidos a proliferar devido a necrose (regenera o), em um ambiente altamente oxidante (inflama o), ter o grande chance de apresentar danos oxidativos no N , que facilitará o aparecimento de clones imortalizados, que dar o origem ao H . flatoxinas, etanol e vírus da hepatite podem agir como potencializadores do efeito oncog nico do vírus . superinfec o com o vírus elta, que induz inflama o mais grave, tam m aumenta o risco de H . Em nossos casos de H H s g-positivos, os pacientes alcoolistas tinham a m dia de idade significativamente menor que os pacientes n o alcoolistas, indicando desenvolvimento tumoral mais rápido naqueles com uso a usivo de álcool. O H associado ao gen tipo ocorre em pessoas mais jovens (menos de 50 anos) do que as do H relacionado com o gen tipo (mais de 6 anos). muta o P um fator de risco independente para o H e ocorre mais frequentemente no gen tipo . l m disso, o gen tipo geralmente apresenta carga viral elevada, o que tam m está associado a maior risco de desenvolvimento do tumor. transmiss o vertical do vírus , comum no Sudeste siático, e que resulta em desenvolvimento de infec o cr nica, tam m fator importante na hepatocarcinog nese. Mais recentemente, tem sido valorizado o papel da chamada “infec o oculta” pelo vírus , assim conceituada pacientes com H s g negativo e com N do vírus presente no sangue e ou tecido, com presen a ou aus ncia de anti-HBc e/ou anti-HBs. Em percentual significativo de casos de H sem etiologia definida, e em muitos casos H anti-VH positivos, o N do vírus tem sido demonstrado, podendo ter participa o no desenvolvimento do tumor. Se isso for realmente confirmado, o papel do vírus no H pode ser muito maior do que se pensa. Virus por hepatite c O importante papel da infec o cr nica pelo vírus no H , suspeitado desde o início da d cada de , foi confirmado a partir 1989, com o desenvolvimento de marcadores sorol gicos para a infec o. O mecanismo da hepatocarcinog nese pelo vírus o scuro. N o se demonstrou a integra o do N complementar desse vírus no genoma do hepat cito. Uma proteína n o estrutural (proteína NS , de NonStructural protein) e a proteína do nucleocapsídio (proteína do “core”) do H V t m propriedades transformadoras, facilitando principalmente a imortaliza o de hepat citos. proteína do nucleocapsídio ini e a apoptose, ligando-se aos domínios intracitoplasmáticos de receptores da família do TNF (TNFr e Fas). Ligando-se a proteínas adaptadoras de receptores para fatores de crescimento, favorece a ativa o de proteínas quinases, que ativam a mitose. Ligando-se com o DNA, ativa oncogenes, como o myc (que favorece a mitose), reprimindo genes como o p53 e o pRb (inibidores naturais da mitose). emonstrou-se ainda que hepat citos em cultura primária, transfectados com os genes das proteínas n o estruturais, incluindo a proteína do nucleocapsídio, s o imortalizados. O papel da necrose e inflama o produzida pelo vírus foi discutido anteriormente, no item Vírus da Hepatite . lguns fatores relacionados com o vírus, o indivíduo e o meio am iente parecem influenciar no desenvolvimento tumoral em pacientes com infec o cr nica pelo vírus . entre eles, alguns ser o comentados com maior detalhe. Aflatoxinas flatoxinas (contra o de spergilus flavus e toxina) s o toxinas produzidas principalmente por spergilus flavus e A. parasiticus, contaminando alimentos, especialmente gr os (amendoim, milho, soja, arroz, trigo, milho), estocados em condi es que favorecem o desenvolvimento do fungo, como calor e umidade. toxina tam m pode ser ingerida atrav s de produtos de animais alimentados com cereais ou ra o contaminados. s aflatoxinas ( FT), especialmente a , s o potentes carcinog nicos para várias esp cies animais. Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 13 Tutoria 05 Gastro Em humanos, existemevid ncias epidemiol gicas e moleculares ligando a toxina ao desenvolvimento de H , especialmente na frica e no Sudeste siático, onde a contamina o com a toxina comum. Já se demonstrou correla o linear entre grau de contamina o pela toxina e incid ncia de H (evid ncia epidemiol gica), e entre presen a da toxina e muta o do gene p (evid ncia molecular). Estas evid ncias justificaram o reconhecimento da FT como su st ncia carcinog nica para humanos. muta o de G por T, no “c don” do gene p , resulta em perda da fun o ini it ria que o gene p tem sobre crescimento de tumores, favorecendo o desenvolvimento e crescimento tumoral. muta o muito comum onde alta a contamina o com a FT, e raramente demonstrada onde a contamina o aixa ou n o existe. No rasil, essa muta o foi o servada em 24 e 28% dos casos de H diagnosticados em S o Paulo e Vit ria. F meta olizada no sistema microssomal, com forma o de meta lito ativo, a , ep xido da F , capaz de se ligar ao DNA. meta oliza o da F depende de vários fatores, como idade, estado nutricional, indu o do citocromo P , entre outros. capacidade de meta olizar o ep xido carcinog nico, que determinada geneticamente, pode estar relacionada com o risco de H e depende da ep xido hidrolase e glutation-S-transferase. Seletivamente, o , ep xido da F se liga a resíduos de guanina no N , formando um aduto com o N da guanina, e desta forma induz muta o G para T no N . liga o seguida por um evento excisional, que remove o complexo F -guanina, que excretado e pode ser detectado na urina. DIAGNÓSTICO MARCADORES TUMORAIS lfafetoproteína (afp). uma proteína fetal (alfa- -glo ulina), presente em altos níveis no soro fetal e em níveis muito aixos ap s o nascimento (abaixo de 20 ng/ml). Valores ascendentes de FP, acima de a ng, s o praticamente diagn sticos de H , em ora possam ocorrer tam m em tumores em rionários. Nas áreas de grande incid ncia do tumor, a eleva o da FP muito comum, presente em a dos casos, com níveis mais elevados em jovens, cirr ticos e em tumores mal diferenciados. Nas regi es de menor incid ncia, a frequ ncia da eleva o da FP menor. e modo geral, a dos casos podem ter FP normal, n o se sa endo o porqu deste comportamento iol gico distinto. FP pode ainda estar aumentada em outros tumores malignos (em rionários e metastáticos) e em várias hepatopatias, como hepatite viral aguda e cr nica, hepatite alco lica e na cirrose em atividade. Outros Marcadores Tumorais. desgama-car oxipro- trom ina ( P), tam m conhecida como PIVK II (protein- induced y vitamin K a sence), uma protrom ina anormal secretada pelo tumor por falha da c lula tumoral em expressar o gene da carboxilase protrom ina, com ac mulo da desgamacar oxiprotrom ina no sangue. Pode estar presente em at dos casos de H em regi es de aixa incid ncia, podendo ser exame mais sensível que a FP. Em resumo, n o existe ainda marcador tumoral ideal para o diagn stico do H Ultrassonografia: o m todo diagn stico mais usado como exame inicial no diagn stico de H , fazendo parte dos exames de rastreamento do tumor em indivíduos de risco, por n o ser invasivo e ter aixo custo. Existem, entretanto, limita es les o em zona diafragmática, de difícil visualiza o, e o diagn stico diferencial entre H , metástases e tumor enigno s vezes difícil e pode n o ser feito. l m disso, a ultrassonografia exame operador dependente, e a capacidade de se identificar les o está muito relacionada com a experi ncia e o interesse do examinador em diagnosticar o tumor em fígado cirr tico. Os tumores pequenos s o geralmente hipoecog nicos em rela o ao fígado n o tumoral, mas a presen a de esteatose pode modificar este aspecto, aumentando a ecogenicidade. medida que crescem, tornam-se iso e depois hiperecog nicos, ou com padr o misto. S o comuns o aspecto em mosaico, com forma- o de septos intratumorais, halo perif rico, som ras laterais (pseudocápsula), refor o posterior (textura diferente em rela o ao par nquima cirr tico), n dulos sat lites ao lado de massa principal e m ltiplos n dulos. Tomografia computadorizada helicoidal Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 14 Tutoria 05 Gastro tualmente, a t cnica tomográfica utilizada preferencialmente na investiga o de massa hepática tomografia helicoidal, que aumentou em pelo menos a capacidade de identificar n dulos tumorais, quando comparada tomografia convencional, e em dos casos a fase arterial a nica sequ ncia em que o H identificado. O tumor tem suprimento sanguíneo predominantemente arterial, e o aspecto tomográfico da fase arterial passou a ser mais em documentado com as novas t cnicas. ntes do contraste venoso, o aspecto tomográfico de les o hipodensa. Os aspectos tomográficos do H s o variáveis. No tumor pequeno, menor que cm de di metro e geralmente em diferenciado, o padr o homog neo como a les o ainda hipovascular, a identifica o mais fácil nas fases portais ou de equilí rio. Nos tumores maiores, com cm ou mais, o aspecto francamente heterog neo, com padr o em mosaico vários pequenos n dulos de texturas diversas, separados por traves fi r ticas, englo adas em massa nica, frequentemente com pseudocápsula. O padr o em mosaico e a presen a de pequenos n dulos sat lites massa principal s o frequentes e sugestivos do tumor, sendo raramente o servado em outras les es que n o o H . Tam m sugestiva de H a presen a de pseudocápsula fi rosa, pouco identificada nas les es pequenas, e que n o ocorre em metástases, hemangiomas e hiperplasia nodular focal, mas pode ser vista ocasionalmente no adenoma hepatocelular. Invas o das veias porta e hepáticas e de vias iliares s o aspectos característicos do H . Ressonancia Magnética: resson ncia magn tica atualmente o exame de escolha para detectar e caracterizar n dulo em cirr ticos, tendo acurácia superior tomografia e ultrassonografia. No entanto, a capacidade de diagnosticar o H diminui significativamente em les es menores que cm. omo na tomografia, o uso de contraste, com imagens o tidas em várias fases, arterial, portal e de equilí rio, fundamental para identificar o tumor. O exame padr o deve incluir sequ ncias em T e T , antes e depois do contraste (gadolínio). Diagnóstico histológico O diagn stico definitivo do H , como na maioria dos tumores malignos, tradicionalmente esta elecido em ases histol gicas ou citol gicas. O material geralmente o tido por pun o com agulha fina (P F), guiada por m todos de imagem (geralmente por ultrassonografia), mas pode ser o tido tam m por pun o s cegas ou por laparoscopia. O diagn stico histol gico do H ainda o padr o-ouro para a identifica o do tumor, sendo indispensável nos casos em que o diagn stico preciso n o pode ser feito por m todos n o invasivos. l m do diagn stico, podemos o ter, com estudos imuno-histoquímicos e de iologia molecular, importantes su sídios para esta elecer progn stico e orientar terap utica. Quando se discute a necessidade ou n o de fazer iopsia em n dulo suspeito em paciente cirr tico, necessário avaliar o impacto do diagn stico e o risco de tratamento invasivo em casos falso-positivos. Pensamos que, para se indicar tratamento adequado em pacientes cirr ticos com n dulo hepático, fundamental que o diagn stico seja esta elecido. Se for possível fazer este diagn stico sem a iopsia, por m todos radiol gicos ou sorol gicos, como cada vez mais comum, tanto melhor. Mas, se o diagn stico assim n o puder ser feito, a iopsia deve ser realizada. Resumindo N dulo menor que cm Nestes casos, odiagn stico sempre difícil, e a conduta recomendada o servar cuidadosamente a evolu o do n dulo, com exames ultrassonográficos de em meses, at que o n dulo atinja cm. Se o n dulo n o crescer, continuar o servando, pois a aus ncia de crescimento n o significa necessariamente benignidade. N dulo entre e cm om mais de cm, o diagn stico mais provável CHC pequeno. Prosseguir investiga o, usando dois m todos de imagem (T , RM, ou US com contraste). Se o aspecto for típico em dois m todos radiol gicos (les o hipervascular com washout na fase venosa/portal), tratar como CHC. Se os aspectos radio- l gicos n o forem característicos ou n o forem coincidentes, a les o deve ser iopsiada. Mas a biopsia em tumor menor que cm n o fácil, a interpreta o do material o tido pode ser duvidosa, deixando d vida de se o material o tido displásico ou tumoral. O padr o vascular típico de H pode n o ser Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 15 Tutoria 05 Gastro demonstrado. Pelo menos das les es com menos de cm, que apresentam capta o arterial, mas sem washout, podem n o crescer, podendo n o ser H . N dulo maior que cm om sinais de hipervasculariza o arterial e washout na fase portal, o diagn stico está feito por crit rios radiol gicos, n o sendo necessária realiza o de biopsia. Tam m se a FP estiver acima de ng, n o há necessidade de iopsia. Se as altera es radiol gicas n o s o típicas, ou se o fígado n o cirr tico, a iopsia deverá ser realizada. Tratamento