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Universidade Nove de Julho – Medicina SBC Giovanna Facchina Martins – Turma VI – 6º semestre Hemorragia Digestiva Alta HDA: sangramento intraluminal situado desde o esôfago proximal ate o ângulo de Treitz Epidemiologia • Apesar dos avanços no diagnóstico e tratamento, a taxa media de mortalidade da HDA permanece constante, girando em torno de 10% • Embora, a HDA cesse espontaneamente em 70-90% dos casos, o seu controle e avaliação são fundamentais. • Nos 20% de pacientes que continuam a sangrar e que resangram durante a hospitalização, a mortalidade pode atingir 35% Sintomas • Hematemese • Melena • Enterorragia • Avaliação hemodinâmica Etiologia • Varicosas • Não varicosas HDA com varizes esofagianas • Pacientes com hepatopatia cronica que apresentam hipertensão secundária a cirrose • Principal causa de morbimortalidade 50-90% • Cada episódio de sangramento associa-se uma mortalidade de 30% HDA de etiologia não varicosa • Pacientes com ulcera peptica gastroduodenal • Lesao aguda de mucosa gastroduodenal • Laceração aguda de transição esofagogástrica (síndrome de Mallory-Weiss) • Neoplasia gástrica • Esofagite erosiva • Angiodisplasia, fistula artoenterica • Hemobilia • A etiologia de maior frequência é a ulcera peptica Suprimentos sanguíneo – circulação esplacnica • Veia mesenterica superior • Veia mesenterica inferior • Veia gástrica esquerda • Veia porta • Veia esplacnica Cirrose hepática: processo patológico difuso, caracterizado por fibrose e conversão da arquitetura hepática normal para nódulos estruturalmente anormais, conhecido como nódulos regenerativos Universidade Nove de Julho – Medicina SBC Giovanna Facchina Martins – Turma VI – 6º semestre Hemorragia Digestiva Alta Etiologia da cirrose hepática HDA por Hipertensão portal • Cirrose + hipertensão portal • 30% desenvolvem varizes gastroesofagicas • 30-40% apresentam HDA • Mortalidade no 1º angra de 25-30% • Dos que sobrevivem, 70% ressangram em 1 ano Fisiopatologia: cirrose -> hipertensão portal -> varizes de esôfago Classificação das varizes • Grau 1 (pequeno calibre): varizes minimamente elevadas, sem tortuosidade, <5mm de diâmetro • Grau 2 (medio calibre): varies elevadas, tortuosas e ocupam menos de 1/3 do lúmen, entre 5-20mm de diâmetro • Grau 3 (grosso calibre): varizes elevadas, ocupam mais de 1/3 do lúmen, >20mm do diâmetro Hemorragia varicosa • Maior gravidade • Mortalidade de ate 50% no 1º episódio • Cessa espontaneamente em apenas 40% dos casos • Pacientes hepatopatas o Coagulopatia/plaquetopenia o Hipertensão portal o Hiperfluxo esplacnica o 60% desenvolvem varizes de esôfago o 35% desses pacientes sangram, 50% morrem Preditores do risco de sangramento • Classificação de Child-Pugh (A, B e C) • Calibre das varizes (fina <3mm, media 3-5mm e grosso >5mm) • Presença de red spots a endoscopia • Medidas de gradiente de pressão de veia porta – veias supra hepáticas (difícil realização) HDA por hipertensão portal – Manejo Clínico Universidade Nove de Julho – Medicina SBC Giovanna Facchina Martins – Turma VI – 6º semestre Hemorragia Digestiva Alta Avaliação inicial • Historia clinica • Exame fisico com toque retal • Sonda nasogástrica • Exames laboratoriais • EDA Varicosas • Profilaxia 1ª – profilaxia do sangramento o Beta bloqueador não seletivo (propanolol ou nadolol) – vasoconstrição esplacnica o EDA com ligadura elástica • Tratamento na HDA • Prevenção 2ª Pacientes com sangramento por varizes apresentam mortalidade mais alta do que aqueles que com sangramento não varicoso, e isso está amplamente relacionado a gravidade da doença hepática subjacente HDA por varizes x HDA não varicosa • Frequentemente voluminosa, com hematemese e instabilidade hemodinâmica • Maior necessidade de transfusão • Maior tempo de internação • Maior mortalidade – 25-30% no 1º episódio e 20% ate 6 semanas do 1º ressangramento • Reserva funcional hepática (Child-Pugh) se relaciona com o desfecho Exame fisico Em geral, o exame físico deve ser direcionado as respostas de duas perguntas primárias • Qual o grau de anemia/hipovolemia? • Existem sinais de doença hepática cronica que possam sugerir sangramento de varizes Toque retal Manifestação clinica • Hematemese (êmese com sangue ou borra de café) • SNG com sangue • Melena • Com ou sem instabilidade hemodinâmica ABCD • Vias aéreas • Respiração • Circulação (PAS >90mmHg) • Avaliação neurológica A ressuscitação volemia deve ser criteriosa, mantendo a hipovolemia relativa, almejando níveis de PAS entre 90-100mmHg e FC menor que 100bpm A proteção de via aérea é mandatório em pacientes com diminuição do nível de consciência e hematemese maciça • Transfusão de hemácias: Hb <7g/dL • Transfusão de plasma fresco e/ou vitamina K – INR >1,7 Universidade Nove de Julho – Medicina SBC Giovanna Facchina Martins – Turma VI – 6º semestre Hemorragia Digestiva Alta • Transfusão de plaquetas: abaixo de 50.000 • IBP;: indiscutível se afeta o resultado usando administrado antes da EDA • Pro cinético: eritromicina, geralmente adm como insulações de 250mg 30-120min antes da EDA melhora a visualização Antibiótico • Tratamento recomendado para TODOS os pacientes por no máximo 7 dias – cobrir pp Gram negativos • Opções primarias = ceftriaxona 1g IV 1x/dia • Opções secundárias = ciprofloxacino 500mg por VO 2x/dia ou 400mg IV 12/12h Terapêutica direcionada a hipertensão portal • Medicamentoso • Endoscópica • Radiologia intervencionista • Cirurgia Terapia medicamentoso pre endoscópica – drogas vasoativas • Terlipressina • Vasopressina • Octatreotide Conduta inicial nos pacientes com HDA • Transfusão de hemocomponentes quando? o Hematemese maciça o Hb <7,0g/dL o Hepatopatias com ascite o HDA ativa + INR > 1,5 e/ou prolongamento do TTPA o Plaquetas abaixo de 50.000 com sangramento ativo o Plaquetas abaixo de 10.000 mesmo sem sangramento Endoscopia digestiva alta • Identifica a causa • Realiza hemostasia • Estratifica risco de sangramento • Urgência: nas 24h de admissão do paciente • Emergencia: nas 6h da admissão • Tendência: encurtar os tempos entre a admissão e a EDA para 12h e 3h Momento da endoscopia • As diretrizes recomendam, que após a ressuscitação apropriada a maioria dos pacientes admitido com sangramento gastrointestinal alto deve ser submetida a endoscopia em 24h. • Algumas diretrizes sugerem que os pacientes com comprometimento hemodinâmico e aqueles com cirrose, que podem ter varizes, se submetam a endoscopia dentro de 12h após apresentação Hemorragia varicosa – endoscopia • Ligadura elástica • Esclerose com diferentes agentes • Obliteração com cianoacrilato (prótese autoexpansivel) Universidade Nove de Julho – Medicina SBC Giovanna Facchina Martins – Turma VI – 6º semestre Hemorragia Digestiva Alta Terapia endoscópica • Escleroterapia = cateter obtendo uma agulha na sua extremidade repleto de solução esclerosante • Ligadura elástica = o tratamento combinado com ligadura elástica e drogas vasoativas é superior a ligadura sozinha ou drogas vasoativas sozinhas na redução de sangramento durante os primeiros 7 dias Gestão pós endoscópica Sangramento persistente ou recorrente = pressão venosa portal > 20mmHg, > Child-Pugh • Repetir EDA • Balão Sengstaken-Blakemore o Em qualquer estagio, o sangramento incontrolável deve ser tratado por tamponamento com balão por ate 24h, como uma ponte para tratamento mais definitivos • TIPS o Quando a combinação de um medicamento vasoativas e alugadora elástica endoscópica não interrompe o sangramento, a TIPS é indicada como uma terapia de resgate Balão Sengstaken-Blakemore • 300-350ml de ar na porção gástrica • 300mmHg na porção esofágica • 700g de tração• IOT • Aspiração contínua da saliva • Retirada sempre acompanhada de nova EDA pelo risco de sangramento Indicação • Ausência de procedimento endoscópicos na urgência • Sangramento incontrolável • Manter no max 24h, não é tratamento definitivo Complicações (20%) • Necrose de asa de nariz • Broncoaspiracao • Necrose e perfuração esofagiana • Obstrução de vias aéreas TIPS Pros • Sucesso em >90% • Maior risco em relação a cirurgia Contras • Pouco acessível • Maior encefalopatia • Maior insuficiência hepática Cirurgia • Shunt porto.. • Shunt esplenorrenal • Interposição Universidade Nove de Julho – Medicina SBC Giovanna Facchina Martins – Turma VI – 6º semestre Hemorragia Digestiva Alta Prognóstico • Cirrose + HDA = uma mortalidade geral em1 ano de 30-40% • Cirrose compensada com varizes, sem HDA = taxa e mortalidade de 3.4% por ano • Cirrose descompensada = transplante de fígado Resumindo – Quais medidas em ordem cronológica devem ser implementadas? 1. Monitorização 2. Proteção de vias aéreas (IOT) 3. Estabilização hemodinâmica 4. ATB + IBP por 7 dias 5. Tratamento farmacológico; terlipressina 6. EDA para diagnóstico e terapêutica nas primeira 12h 7. No insucesso da EDA considerar balão SB temporário em caso de sangramento ativo e instabilidade hemodinâmica 8. Após controle do sangramento iniciar limpeza do TGI Hemorragia não varicosa • 80% de parada espontânea • 14% de ressangramento a despeito do tratamento • Endoscopia controla o sangramento em 90% dos casos e reduz o ressangramento • 6-8% de mortalidade • Grande avanço nos métodos diagnósticos e terapêuticos, pouco impacto na mortalidade Úlcera peptica • 50-70% das hemorragias não varicosas • Erosão de parede lateral • Arterial • Endoscopia digestiva alta: associar métodos d hemostasia 1. Injeção 2. Térmico 3. Mecânico • Crescent utilização de hemoclipe • Pesquisa de H. Pylori • Repetir o exame: nova tentativa no caso de ressangramento ou exame incompleto Universidade Nove de Julho – Medicina SBC Giovanna Facchina Martins – Turma VI – 6º semestre Hemorragia Digestiva Alta Tratamento especifico para HDA não varicosa • Bloqueador da bomba de prótons EV = omeprazol 80mg EV em bolus + uso continuo de 1mg/hr – fazer diluição de 3 ampolas em SF 90ml e correr em BI a 1ml/h por 3 dias • Hemostasia endoscopia depende do tipo da lesao o Injeção de substancias esclerosantes o Método térmico: eletrocoagulação ou termocoagulação o Métodos mecânico: hemoclip o Laser: argônio • Métodos combinados parecem diminuir ressangramento • Tratamento cirúrgico nos casos refratários Neoplasias malignas • 1% das hemorragias digestivas • Tipos ulcerações são os mais propensos • 1º sintoma das neoplasias gástricas precoces encontradas no BR Mallory-Weiss • Vômitos em grande quantidade e vômitos com sangue • Lacerações da junção esofagogástrica • Pesquisar a causa dos vômitos: pancreatite aguda intoxicação exógena, quimioterapia, gestação Esofagites • Maioria por refluxo gastroesofágico crônico • Raramente causa sangramento graves • Hérnias paraesofagias encarceradas onde as ulceras surgem por isquemia do segmento gástrico herniado ou do esôfago comprimido Gastrite erosiva hemorrágica • Lesao superficial da mucos • Sangramento digestivo lento • Menos de 5% dos casos = hematemese ou melena • As causas mais comuns são o AINES o Álcool o Estresse severo Universidade Nove de Julho – Medicina SBC Giovanna Facchina Martins – Turma VI – 6º semestre Hemorragia Digestiva Alta Dieulafoy • Pouco comum • Sangramento de uma artéria submucosa localizada na parte proximal do estômago (fundo ou corpo proximal) • Menor media de idade • Sangramento volumoso Angiodisplasias • Podem acometer todo o TGI • Isoladas, tendo menor incidência em renais crônicos • Associadas a síndromes (CREST, Osler-Weber-Rendu) • Geralmente sangramento em babação Critérios clínicos de alto risco para morbi-mortalidade • Idade maior que 60 anos • Choque, instabilidade hemodinâmica • Comorbidades associadas • Hematemese volumosa • Enterorragia volumosa • Melena persistente • Hemorragia em pacientes internados • Ressangramento em paciente já tratados com EDA • Necessidade de transfusão sanguínea • Aspirado NG com sangue vivo Cirurgia • Quando a segunda intervenção endoscópica falha • Persistência da hemorragia com instabilidade hemodinâmica • Necessidade de hemotransfusaao maior ou igual a volemia calculada para o paciente dentro das 24h iniciais após admissão Resumo • Risco envolvido pela hemorragia • Causas: varicosas e não varicosas • Importância da EDA • Gravidade pela associação de comorbidades • Cirurgia na falta de controle clinico/endoscópico