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Introdução a conceitos e termos

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Farmacotécnica – Aula I 
Introdução e termos base 
 
• Conceitos 
- Farmácia: Estabelecimento de manipulação de fórmulas magistrais e oficinais, de comércio de 
drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, compreendendo o de dispensação e o 
de atendimento privativo de unidade hospitalar ou de qualquer outra equivalente de assistência 
médica (RDC 67/2007; RDC 87/2008) 
- Farmacotécnica: ramo da farmácia, praticada por profissionais farmacêuticos, que tem como 
objetivo a manipulação dos princípios ativos para a fabricação de medicamentos. 
- Manipulação: conjunto de operações farmacotécnicas, com a finalidade de elaborar preparações 
magistrais e oficinais e fracionar especialidades farmacêuticas para uso humano. 
- Droga: substância ou matéria-prima com finalidade medicamentosa ou sanitária. 
- Droga vegetal: planta medicinal ou suas partes, que contenham substâncias ou classes destas, 
responsáveis pela ação terapêutica, após processos de coleta, estabilização, quando aplicável, e 
secagem, podendo estar na forma íntegra, rasurada, triturada ou pulverizada. 
- Fármaco: substância química conhecida e de estrutura química definida como dotada de 
propriedades farmacológicas, ou seja, o fármaco é o princípio ativo do medicamento. 
 → Excipientes inertes não são considerados fármacos, bem como as vacinas e terapias 
gênicas, que não são consideradas tradicionalmente como fármacos. Lembrando que excipientes 
são substâncias que completam a massa ou volume específico do medicamento, assim, se trata de 
uma substância farmacologicamente inerte, usada como veículo para o princípio ativo. 
- Pró-fármaco: são fármacos em sua forma inativa ou substancialmente menos ativas que quando 
administrados, sofrerão uma biotransformação in vivo, passando a produzir metabólitos ativos 
(fármaco). Como exemplo, é possível citar a dopamina – sendo esta muito utilizada em pessoas 
com necessidade de suplementação – contudo, a dopamina é muito polar, não sendo capaz de 
atravessar a barreira hematoencefálica, então desta forma, se faz necessária a substituição da 
dopamina propriamente dita, pela levodopa, que é menos polar e que pode ser absorvida pelo 
intestino, em que ao chegar no cérebro é descarboxilada e se transforma na dopamina (princípio 
ativo/fármaco). 
- Medicamento: produto farmacêutico tecnicamente obtido ou elaborado, com finalidade profilática, 
curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico. 
- Remédio: cuidado utilizado para curar ou aliviar os sintomas das doenças, como um banho 
morno, uma bolsa de água quente, uma massagem, entre outras ações, como agentes de natureza 
física ou psíquica. 
- Fitoterápico: produto obtido a partir de uma matéria-prima ativa vegetal, exceto substâncias 
isoladas (nesse caso, tem-se o fitofármaco), com finalidade profilática, curativa ou paliativa, 
incluindo medicamento fitoterápico e produto tradicional fitoterápico, podendo ser simples – quando 
o ativo é proveniente de uma única espécie vegetal medicinal – e composto quando o ativo é 
resultado da combinação de mais de uma espécie vegetal. 
- Preparação Magistral: É aquela preparada na farmácia, a partir de uma prescrição de profissional 
habilitado, destinada a um paciente individualizado, e que estabeleça em detalhes sua composição, 
forma farmacêutica, posologia e modo de uso. 
- Preparação oficinal: é aquela preparada na farmácia, cuja fórmula esteja inscrita no Formulário 
Nacional ou em Formulários Internacionais reconhecidos pela Agência Nacional de Vigilância 
Sanitária (ANVISA). 
- Especialidade farmacêutica: produto oriundo da indústria farmacêutica com registro na ANVISA e 
disponível no mercado, como medicamentos hospitalares, medicamentos e insumos usados no 
SUS. Vale salientar que esses medicamentos precisam de registro na ANVISA, diferente das 
preparações magistrais e oficinais (este possui apenas inscrição em formulários). 
 
Medicamento Manipulado Medicamento Industrializado 
Formulação personalizada Formulação padronizada 
Possibilita produção de diversas formas 
farmacêuticas em várias dosagens 
Impossibilita produção de diversas formas 
farmacêuticas em várias dosagens 
Adequação da formulação ao paciente Adequação do paciente à apresentação 
disponível 
 
- Benefícios do medicamento manipulado: Facilidade posológica 
 Escolha da forma farmacêutica 
 Personalização da terapêutica 
 Economia 
 Resgate de medicamentos 
 União multiprofissional em prol da saúde 
• Conceitos de Medicamentos: 
- Medicamento de Referência: é um produto inovador, registrado no órgão federal responsável pela 
vigilância sanitária e comercializado no país, cuja eficácia, segurança e qualidade foram 
comprovadas cientificamente junto ao órgão citado e competente pela ocasião do registro, 
conforme a definição no inciso, artigo 3°, da Lei n. 6.360, de 1976 (Inciso incluído pela Lei n° 9.787 
de 10 de fevereiro de 1999 – Lei dos Genéricos). Esse medicamento possui patente com duração 
de 20 e após esse período funciona como padrão para produção de outros medicamentos com 
mesmo intuito, como os medicamentos similares e os medicamentos genéricos. Como por exemplo 
a aspirina. 
- Medicamento Genérico: é aquele que contém os mesmos princípios ativos na mesma dose e 
forma farmacêutica, é administrado pela mesma via e com a mesma posologia e indicação 
terapêutica do medicamento de referência, apresentando eficácia e segurança equivalente à do 
medicamento de referência e podendo, com este, ser intercambiável – que só pode ser realizada 
pelo farmacêutico e deve ser registrada na prescrição médica. (Medicamento genérico Lei n° 9.787 
de 1999, implementada com a função de facilitar a garantia da população brasileira de adquirir 
medicamentos semelhantes aos de referência por valores mais em conta). O medicamento 
genérico dever ser identificado pelo princípio ativo, ou seja, pela denominação comum brasileira, 
como por exemplo a ácido acetilsalicílico (genérico da aspirina). 
- Medicamento Similar: é aquele que contém o mesmo ou os mesmos princípios ativos, apresenta 
mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica, 
e que é equivalente ao medicamento registrado no órgão federal responsável pela vigilância 
sanitária, podendo diferir somente em características relativas ao tamanho e forma do produto, 
prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículo, devendo sempre ser identificado 
por nome comercial ou marca. Como por exemplo, o melhoral (medicamento similar da aspirina)., e 
foi somente após 2003 com a publicação das RDC 133 e 134, que esses medicamentos foram 
obrigados a apresentar os testes de biodisponibilidade relativa e equivalência farmacêutica para 
obtenção de registro do medicamento. 
- Intercambialidade: é a possibilidade de substituição de um medicamento prescrito pelo 
profissional de saúde por um medicamento genérico ou similar, desde que este conste na lista 
(atualizada a cada mês ou de dois em dois meses) de medicamentos similares intercambiáveis 
disponibilizada pela ANVISA (RDC n° 58, de 10 de outubro de 2014). Salientando sempre que as 
únicas alternativas para intercambialidade, são entre o medicamento de referência e o 
medicamento genérico ou entre o medicamento de referência e o medicamento similar. 
• Constituintes das preparações farmacêuticas: 
- Matéria-prima: Substância ativa ou inativa com especificação defina, que se emprega na 
preparação dos medicamentos e demais produtos. 
 → Matéria-prima vegetal – compreende a planta medicinal, droga vegetal ou o derivado 
vegetal. 
- Insumo: matéria-prima e materiais de embalagem empregados na manipulação e 
acondicionamento de preparações magistrais e oficinais (preparados e formulados em 
estabelecimentos descritos como farmácias). 
 → Ativos: princípios ativos e que, portanto, possuem propriedadesfarmacológicas. Nesse 
caso, os pró-fármacos se caracterizam como insumos ativos? 
 → Inertes: substância complementar de natureza definida, desprovida de propriedades 
farmacológicas ou terapêuticas, nas concentrações utilizadas e empregada como veículo ou 
excipiente na composição final do produto. 
- Função dos insumos farmacêuticos: 
Facilitar a administração dos princípios ativos, melhorar a eficácia, assegurar a estabilidade e a 
conservação até o limite de utilização fixado, melhorar a aparência e a aceitação pelo paciente e 
profissionais de saúde (cor, odor, sabor, as chamadas características organolépticas), além de 
melhorar as características biofarmacêuticas e tecnológicas dos medicamentos. 
- Propriedades desejáveis dos insumos farmacêuticos: 
Inércia (incluindo toxicidade), tolerância fisiológica, estabilidade química, física e microbiana. Além 
disso, deve-se conhecer a influência sobre o comportamento de liberação e absorção do 
medicamento (para que o insumo farmacêutico não apresente erros quanto a forma de liberação, 
local de ação e de absorção do medicamento) e a ausência de microrganismos (alguns insumos 
são provenientes da natureza, como gomas, argilas e estas não podem apresentar microrganismos 
em sua estrutura). 
- Conceitos e Terminologias 
1) RDC 67/2007 e RDC 68/2008: regulamento técnico sobre boas práticas de manipulação de 
preparações magistrais e oficinais para uso humano em farmácias e seus anexos. 
→ Fixas os requisitos mínimos exigidos para as atividades de manipulação para o exercício 
das atividades de manipulação de preparações magistrais e oficinais das farmácias, desde suas 
instalações, equipamento e recursos humanos, aquisição e controle de qualidade da matéria-prima, 
armazenamento, avaliação farmacêutica da prescrição, manipulação, fracionamento, conservação, 
transporte, dispensação das preparações, além da atenção farmacêutica aos usuários ou seus 
responsáveis, visando a garantia de sua qualidade, segurança, efetividade e promoção do seu uso 
seguro e racional. 
2) RDC 17/2010 – Boas práticas de fabricação para medicamentos (BPF) 
 → Esta resolução estabelece os requisitos mínimos a serem seguidos na fabricação de 
medicamentos para padronizar a verificação do cumprimento das BPF de uso humano durante as 
inspeções sanitárias e esta serve diretamente para orientações relacionadas à indústria 
farmacêutica. 
 → É a parte de garantia da qualidade para assegurar que os produtos sejam 
consistentemente produzidos e controlados com padrões de qualidade apropriados para o uso 
pretendido e requerido pelo registro (ANVISA). 
Existem alguns conceitos e terminologias necessários para compreensão de textos e para fomentar 
alguns pontos da aula e que são usados frequentemente em manipulações e em prescrições, como 
as seguintes: 
Abreviação Significado 
q.s.p. Quantidade suficiente para (volume ou peso da 
formulação) 
q.s Quantidade suficiente (pouco que é suficiente 
par alguma coisa, como álcool para dissolver 
algum componente) 
a.a. A mesma quantidade de ambos (duas 
substâncias na mesma formulação de mesmas 
quantidades) 
f.s.a. Faça segundo a arte (faça como você sabe, 
segundo sua arte) 
BPMF Boas práticas de Manipulação em farmácia 
(RDC 67/2007) 
BPF Boas práticas de fabricação de medicamentos 
(RDC 17/2010) 
CAS Chemical Abstract Service (número que toda 
substância química tem e que designa e 
identifica a substância em todos os lugares do 
mundo) 
Rx Recipere (faça uso de: substituída pela fsa) 
 
 
Exemplo de abreviações presentes no Formulário Nacional da Farmacopeia Brasileira – 2ª edição 
 Cetoprofeno 2,5% gel 
Componentes Quantidade 
Cetoprofeno 2,5 g 
Álcool etílico 96° GL qs 
Gel hidroalcóolico a 50% qsp 100 g 
 
Pasta d’água 
Componentes Quantidade 
Óxido de zinco a.a. 25 gramas 
Talco 
Glicerol a.a. 25 gramas 
Água de cal 
 
• Classificação dos medicamentos: 
-Número de fármacos: 
 → Simples: Novalgina que possui como único princípio ativo a dipirona monoidratada 
 → Composto: Dorflex que possui mais de um princípio ativo, pois na sua composição, tem-
se além da dipirona, a cafeína e ofenadrina (relaxante muscular). 
 
- Modo de dosificação: 
 → Unidose: comprimido 
 → Multidose: xarope 
 
- Forma farmacêutica: líquido, sólido, semissólido e em formato de gás. 
 
Forma Farmacêutica X Fórmula Farmacêutica 
A forma farmacêutica é definida como a forma final do produto, ou seja, a forma física em que o 
referido se encontra, como por exemplo um xarope (forma farmacêutica líquida), um comprimido ou 
cápsula (forma farmacêutica sólida), cremes, pomadas ou gel (formas farmacêuticas semissólidas) 
e como gases medicinais (forma farmacêutica gasosa). E dentro de cada uma, é possível possuir 
diversos tipos, como na forma líquida, que se pode observar a ocorrência de xaropes, suspensão, 
emulsão, loção, entre outras. 
A fórmula farmacêutica se trata da composição do xarope que descreve os princípios ativos, bem 
como os excipientes e tudo o que se encontra na substância propriamente dita, ou seja, os 
constituintes do medicamento ou produto. 
 
• Farmacopeia Brasileira 
- Código oficial farmacêutico do país, onde se estabelecem, dentre outras coisas, os requisitos 
mínimos de qualidade para fármacos, insumos, drogas vegetais, medicamentos e produtos para a 
saúde, visando garantir a qualidade propriamente dita. Já as formulações, estão descritas nos 
formulários nacionais dispostos pela ANVISA.

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