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C_digo Penal atualizado 28 de agosto.

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Prévia do material em texto

CÓDIGO PENAL BRASILEIRO - CP
MATERIAL COM QUESTÕES DE CONCURSO e ALGUMAS REFERÊNCIAS À SÚMULAS E JULGADOS DOS TRIBUNAIS SUPERIORES
Material confeccionado por Eduardo B. S. Teixeira.
	Última atualização legislativa: 27/12/19 - Lei 13.445/17 (publicada em 24/5/17; em vigor após 180 dias da publicação oficial); Lei 13.531/17 (publicada em 7/12/17); Lei 13.606/18 (publicada em 9/1/18); Lei 13.654/18 (publicada em 23/4/18); Lei 13.715/18 (publicada em 24/9/18); Lei nº 13.771/18 (publicada em 20/12/18 – vide art. 121, §7º); Lei 13.772/18 (publicada em 20/12/18 – vide art. 216-B); Lei 13869/19 (publicada em 05/09/19 – artigos revogados: arts. 150, §2º e art. 350). Lei 13964/19 – PACOTE ANTICRIME (publicada em 24/12/19 – entra em vigor em 30 dias – artigos alterados/incluídos: § único do art. 25; art. 51; art. 83, III; art. 91-A; art. 116, II, III e IV; art. 157, §2º, VII e §2º-B; art. 171, §5º). Lei 13968/19 (publicada em 27/12/19 - artigos alterados/incluídos: § único do art. 25; art. 51; art. 83, III; art. 91-A; art. 116, II, III e IV; art. 157, §2º, VII e §2º-B; art. 171, §5º).
Última atualização jurisprudencial: 15/07/20 – Inclusão julgados: Info 954 (art. 217-A); Info 955 (art. 317); Info 657 (art. 311); Info 657 (art. 359-C); Info 658 (art. 157, §3º, II); Info 658 (art. 216-A)
Última atualização questões de concurso: 28/08/2020.
Observações quanto à compreensão do material:
1) Cores utilizadas:
· EM VERDE: destaque aos títulos, capítulos, bem como outras informações relevantes, etc.
· EM ROXO: artigos que já foram cobrados em provas de concurso.
· EM AZUL: Parte importante do dispositivo (ex.: questão cobrou exatamente a informação, especialmente quando a afirmação da questão dizia respeito à situação contrária ao que dispõe no CP).
· EM AMARELO: destaques importantes (ex.: critério pessoal)
2) Siglas utilizadas:
· MP (concursos do Ministério Público); M ou TJPR (concursos da Magistratura); BL (base legal), etc.
DECRETO-LEI No 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940.
	
	Código Penal.
        O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe confere o art. 180 da Constituição, decreta a seguinte Lei:
PARTE GERAL
TÍTULO I
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
 Anterioridade da Lei 
        Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (TJMG-2008) (MPDFT-2009)
	(TJMG-2018-Consulplan): Sobre o princípio da legalidade, assinale a alternativa correta: É considerado por setor da doutrina como restrição deontológica de segundo grau, que não admite exceções. BL: art. 1º, CP.
##Atenção: A assertiva está correta porque o art. 1º, do CP não admite exceções para criação de crimes e penas no ordenamento jurídico, obedecendo tanto a legalidade formal como material.
(TJMG-2018-Consulplan): Sobre o princípio da legalidade, assinale a alternativa correta: Tem âmbito de aplicação mais abrangente do que indica o teor literal da fórmula em latim “Nulla poena sine lege; nulla poena sine crimine; nullum crimen sine poena legali”, pois abrange crimes e contravenções penais, além de penas e medidas de segurança. BL: art. 1º, CP.
##Atenção: A assertiva está correta, uma vez que qualquer medida que restrinja a liberdade do paciente deve estar disciplinada em lei, não cabendo imposição arbitrária pelo juiz.
(TJMG-2018-Consulplan): Sobre o princípio da legalidade, assinale a alternativa correta: Tem como destinatários tanto o Juiz quanto o legislador e, no processo judicial, incide não apenas na fase de conhecimento, como também na fase de execução das penas. BL: art. 1º, CP.
(TJMS-2015-VUNESP): A tipicidade conglobante é um corretivo da tipicidade legal, posto que pode excluir do âmbito do típico aquelas condutas que apenas aparentemente estão proibidas.
(TJAM-2013-FGV): Os princípios gerais de garantia do Direito Penal, como o da legalidade, da jurisdicionalidade, da proporcionalidade e da intervenção mínima, também devem ser observados na medida de segurança. BL: art. 1º, CP.
##Atenção: ##MPDFT-2009: ##TJPB-2011: ##CESPE: O art. 1º do CP afirma que não há crime ou pena sem lei anterior. Perceba que não há referência às contravenções penais ou às medidas de segurança. Por conta disso, será que as contravenções penais e as medidas de segurança não estão asseguradas pelo princípio da legalidade (leia-se: reserva legal + anterioridade)? De fato, medida de segurança não está assegurada expressamente pelo princípio da legalidade, mas não é o entendimento que prevalece. Quando o art. 1º do CP dispõe que não há crime sem lei anterior, leia-se crime e contravenção sem lei anterior; quando diz que não há pena sem prévia cominação, leia-se pena ou medida de segurança sem prévia cominação legal. Portanto, medida de segurança está sim assegurada pelo princípio da legalidade (reserva legal + anterioridade). Por isso que o art. 3º do Código Penal Militar não foi recepcionado, em parte, pela CF/88. O art. 3º do CPM atrelou medida de segurança à lei, mas não atrelou a anterioridade, mas não o fez. 
(TJRS-2012): Em relação ao princípio da legalidade (art. 1º do CP), permite-se concluir que ninguém poderá ser punido por conduta praticada que não esteja previamente definida como crime na lei. BL: art. 1º, CP.
(TJSP-2011-VUNESP): Antônio, quando ainda em vigor o inciso VII do art. 107 do CP, que contemplava como causa extintiva da punibilidade o casamento da ofendida com o agente, posteriormente revogado pela Lei 11.106, publicada no dia 29/03/05, estuprou Maria, com a qual veio a casar em 30/09/05. O juiz, ao proferir a sentença, julgou extinta a punibilidade de Antônio, em razão do casamento com Maria, fundamentando tal decisão no dispositivo revogado (art. 107, VII do CP). Dentre os princípios, o magistrado fundamentou sua decisão no princípio da ultratividade da lei penal benéfica. BL: art. 5º, XL, CF/88.
##Atenção: ##TJRO-2019: ##VUNESP: A ultratividade representa a possibilidade de aplicação da lei penal mesmo após a sua revogação ou cessação de efeitos. A nova lei que prejudica o réu (lex gravior) é irretroativa, devendo ser aplicada a lei vigente quando do tempo do crime. Trata-se de observância do princípio da anterioridade, corolário do princípio da legalidade. Como decorrência da irretroatividade da lei nova que de algum modo prejudica o réu, operar-se-á a ultratividade da lei mais benéfica. É dizer: a lei revogada (vigente na data dos fatos) será aplicada em detrimento da lei nova (vigente na data do julgamento).
        Lei penal no tempo
        Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória [obs.: “Abolitio Criminis”.]. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (MPMT-2008) (TJRO-2019) (MPSC-2019) (Cartórios/TJSC-2019)
        Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.  (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (PF-2004) (TJPR-2010) (TJPI-2015) (Cartórios/TJSC-2019) 
	Súmula 611-STF: Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna.
Súmula 471-STJ: Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de regime prisional.
Súmula 501-STJ: É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, SENDO VEDADA a combinação de leis.
	(Escrivão de Polícia/MA-2018-CESPE): A aplicação do princípio da retroatividade benéfica da lei penal ocorre quando, ao tempo da conduta, o fato é típico e lei posterior suprime o tipo penal. BL: art. 2º, CP.
 Lei excepcional ou temporária(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. [obs.: Ultratividade.] (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) (TJPA-2009) (TJPR-2010) (MPMS-2015) (TJRO-2019) (MPSC-2019)
	(TJPR-2019-CESPE): Nas disposições penais da Lei Geral da Copa, foi estabelecido que os tipos penais previstos nessa legislação tivessem vigência até o dia 31/12/14. Considerando-se essas informações, é correto afirmar que a referida legislação é um exemplo de lei penal temporária. BL: art. 3º, CP.
(Téc. Judic./TJAL-2018-FGV): Disposições constitucionais e disposições legais tratam do tema aplicação da lei penal no tempo, sendo certo que existem peculiaridades aplicáveis às normas de natureza penal. Sobre o tema, é correto afirmar que: a lei penal excepcional, ainda que mais gravosa, possui ultratividade em relação aos fatos praticados durante sua vigência. BL: art. 3º, CP.
(Advogado Legisl.-Câm. Salvador/BA-2018-FGV): Em razão da situação política do país, foi elaborada e publicada, em 1/1/17, lei de conteúdo penal prevendo que, especificamente durante o período de 1/2/17 até 30.11/17, a pena do crime de corrupção passiva seria de 03 a 15 anos de reclusão e multa, ou seja, superior àquela prevista no CP, sendo que, ao final do período estipulado na lei, a sanção penal do delito voltaria a ser a prevista no art. 317 do CP (02 a 12 anos de reclusão e multa). No dia 5/4/17, determinado vereador pratica crime de corrupção passiva, mas apenas vem a ser denunciado pelos fatos em 22/1/18. Considerando a situação hipotética narrada, o advogado do vereador denunciado deverá esclarecer ao seu cliente que, em caso de condenação, será aplicada a pena de: 03 a 15 anos, diante da natureza de lei temporária da norma que vigia na data dos fatos. BL: art. 3º, CP.
##Atenção: Em relação a essa questão deve se entender o seguinte:
· Na lei temporária: Tempo certo para a sua vigência, no comando da questão fala da lei durante o período de 01.02.2017 até 30.11.2017.
· Na lei excepcional: Sabemos quando começa, mas não temos ciência de quando termina. 
· Logo, falou de lei com período certo, estamos falando de lei temporária.
(TJRN-2013): De acordo com entendimento doutrinário dominante, a lei excepcional ou temporária aplica-se ao fato praticado durante sua vigência, ainda que, no momento da condenação do réu, não mais vija, ou ainda, que tenham cessado as condições que determinaram sua aplicação. BL: art. 3º, CP.
##Atenção: Há doutrina minoritária que entende que este artigo não foi recepcionado pela CF/88.
(TJRJ-2012-VUNESP): A regra do tempus regit actum explica o fenômeno da ultratividade da lei penal excepcional. 
(MPMG-2010): Sobre a lei penal temporária ou excepcional, é correto afirmar: Aplicar-se-á aos crimes praticados no período em que esteve em vigor, embora decorrido o prazo de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, mesmo que ainda não tenha sido instaurada a ação penal. BL: art. 3º, CP.
(TJRS-2009): A lei penal temporária, embora decorrido o período de sua duração, aplica-se a fato praticado durante sua vigência. BL: art. 3º, CP.
##Atenção: ##TJRO-2019: ##VUNESP: As leis temporárias são leis penais ultra-ativas, que alcançam os fatos praticados durante a sua vigência, ainda que as circunstâncias de prazo (lei temporária) tenham se esvaído, uma vez que essas condições são elementos temporais do próprio fato típico.
        Tempo do crime
        Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) (PCMS-2006) (TJPA-2009) (TJDFT-2016) (Anal. Judic.-TRE/RJ-2017) (Cartórios/TJSC-2019) (Anal. Judic./PGEPE-2019)
	(TJPI-2012-CESPE): Em relação ao tempo do crime, o legislador adotou, no CP, a teoria da atividade, considerando-o praticado no momento da ação ou omissão. BL: art. 4º, CP.
(TJPR-2011): No que tange ao tempo do crime, assinale a única alternativa CORRETA: Considera-se praticado o ato criminoso no exato momento da ação ou omissão, ainda que o resultado lesivo ocorra em momento diverso. BL: art. 4º, CP.
        Territorialidade
        Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) (MPDFT-2009) 
	(TJBA-2012-CESPE): Suponha que João, brasileiro de 22 anos, sequestre Maria, brasileira de 24 anos, nas dependências do aeroporto internacional da cidade do Rio de Janeiro/RJ, levando-a imediatamente, em aeronave alemã, para o Paraguai. A esse caso aplica-se a lei penal brasileira, sendo irrelevante eventual processamento criminal pela justiça paraguaia. BL: art. 5º, CP.
##Atenção: No exemplo trazido pela questão, o crime de sequestro foi cometido no Brasil, aplicando-se o princípio da territorialidade, com a incidência da lei brasileira. Ainda que se considere a permanência que caracteriza esse crime, o que enseja o prolongamento da consumação, que ocorre também no Paraguai, a lei brasileira continua aplicável diante da conduta social. É possível, pois que o agente seja processado e condenado no Paraguai, mas, diante da aplicação da lei penal brasileira, o processo será irrelevante, embora a pena eventualmente lá aplicada deva atenuar a imposta no Brasil ou ser nela computada, se for idêntica.
(MPMT-2012): Segundo o princípio da territorialidade, aplica-se a lei brasileira ao crime cometido no território nacional brasileiro, salvo se convenção ou tratado firmado pelo Brasil dispuser de forma diversa. BL: art. 5º, CP.
	##Atenção: Art. 5º, caput: Essa territorialidade é mitigada ou temperada, porque admite exceções, seja os casos de extraterritorialidade, seja as hipóteses de intraterritorialidade. 
        § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) (TJDFT-2007) (MPDFT-2009) (MPSE-2010) (TJBA-2012)
	(MPDFT-2013): O princípio da territorialidade regula a aplicação da lei penal brasileira ao crime praticado no interior de navio de guerra de bandeira pátria, quando em porto estrangeiro. BL: art. 5º, §1º do CP.
        § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) (TJDFT-2016)
	(Anal. Judic./TJDFT-2008-CESPE): Aplica-se a lei penal brasileira ao crime praticado a bordo de aeronave estrangeira de propriedade privada, em voo no espaço aéreo brasileiro. BL: art. 5º, §2º, CP.
        Lugar do crime (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
        Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) (PCMS-2006) (MPPI-2012) (MPPR-2012) (MPAL-2013) (TJCE-2018) (Cartórios/TJSC-2019) (Escrivão de Polícia/PCES-2019)
	(TJAC-2019-VUNESP): Assinale a alternativa correta quanto à aplicação da lei penal: Para efeito de análise sobre o local do crime, a legislação brasileira adota a teoria da ubiquidade. BL: art. 6º, CP.
(TJDFT-2014-CESPE): Considera-se lugar do crime, para efeito de fixação de competência territorial da jurisdição penal brasileira, o lugar em que ocorreu a ação ou a omissão, no todo ou em parte, bem como o lugar em que se produziu o resultado. BL: art. 6º, CP.
(DPERS-2014-FCC):Sobre o tempo e o lugar do crime, o Código Penal para estabelecer o tempo do crime, adotou, como regra, a teoria da ação, e, para estabelecer o lugar do crime, a teoria da ubiquidade. BL: arts. 4º e 6º, CP.
	##Atenção: Dica: LU/TA
· LU = Teoria da Ubiquidade = lugar do crime (art. 6º): Considera o crime praticado no lugar da conduta, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
· TA = Teoria da Atividade = tempo do crime (art. 4º): Considera o crime praticado no momento que o agente pratica a conduta (ação ou omissão).
Parte superior do formulário
Parte inferior do formulário
##Atenção: Teoria da Atividade ou da Ação: Só tem relevância nos crimes materiais ou causais (crimes de resultado = STF), isto é, nos crimes materiais que o resultado naturalístico é obrigatório. Já nos crimes formais e de mera conduta, praticada a conduta, o crime está automaticamente consumado.
##Atenção: Teoria da Ubiquidade ou Mista: A palavra “ubíquo” é sinônimo de onipresente. Daí o nome da teoria, tendo em vista que o crime é considerado praticado em qualquer dos lugares.
##Atenção: Crimes à distância (ou de espaço máximo) X Crimes plurilocais (ou de espaço mínimo):
	Crimes à distância (ou de espaço máximo)
	Crimes plurilocais (ou de espaço mínimo)
	- Envolvem países diversos, envolvendo questão de soberania (art. 6º, CP – adota a Teoria da Ubiquidade).
	- São aqueles em que a conduta e o resultado ocorrem em Comarcas diversas, mas dentro do mesmo país. A questão aqui, portanto, não é de soberania, mas de competência, e essa problemática é solucionada, via de regra, pelo art. 70, caput do CPP.
OBS: A competência é definida pela Teoria do Resultado
	##Atenção: Nos crimes plurilocais, a regra é a teoria do resultado. Porém, há exceções:
1) Art. 63, Lei 9099/95: crimes de menor potencial ofensivo – Teoria da Atividade (regra);
2) Crimes de competência do Tribunal do Júri: Teoria da Atividade (criação jurisprudencial).
   
    Extraterritorialidade (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
        Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) 
        I - os crimes [Extraterritoridade Incondicionada]: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
        a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República [Princ. da Defesa, Real ou da Proteção]; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) (DPF-2004)
        b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público [Princ. da Defesa, Real ou da Proteção]; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) (Cartórios/TJSC-2019) 
	(TJDFT-2014-CESPE): Aquele que, no exterior, falsificar papel-moeda de curso legal no estrangeiro, estará sujeito a responder pelo mesmo crime perante a jurisdição brasileira, independentemente do cumprimento de pena no país onde o crime for praticado. BL: art. 7º, inciso I, alínea “b” e §1º c/c art. 289, CP.
##Atenção: Vide o art. 289 do CP: “Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no ESTRANGEIRO: (...)”
##Atenção: Aduz Rogério Sanches (CP Comentado, 2012), que “Não somente a moeda nacional pode ser objeto material do crime, mas também a estrangeira, sendo que ambas devem ter curso legal no Brasil ou no país de origem, querendo isto dizer que, a moeda não pode ser recusada como meio de pagamento”. Ou seja, a moeda estrangeira deve ser tida como válida no Brasil, vindo a ser comercializada (para compra/venda) em casas de câmbio no território, a título de exemplo.
(TRF4-2010): Fica sujeito à lei brasileira o crime ocorrido no estrangeiro contra o patrimônio da Caixa Econômica Federal ou do Banco do Brasil S.A. BL: art. 7º, inciso I, alínea “b”, CP.
        c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço [Princ. da Defesa, Real ou da Proteção]; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
	(TJDFT-2008): Aplica-se a lei brasileira aos crimes praticados em território estrangeiro em detrimento da administração pública, por quem está a seu serviço. BL: art. 7º, I, “c” do CP.
        d) de genocídio, quando o agente for brasileiro [Princ. Nacionalidade/Personalidade Ativa] ou domiciliado no Brasil [Princ. do Domicílio]; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) (TJDFT-2007)
	(Anal. Judic./TRERJ-2012-CESPE): Considere que Paul, cidadão britânico domiciliado no Brasil, em visita à Argentina, tenha praticado o delito de genocídio contra vítimas de nacionalidade daquele país e fugido, logo em seguida, para o Brasil. Nesse caso, será possível a aplicação da lei penal brasileira. BL: art. 7º, I, “d” do CP.
        II - os crimes [Extraterritorialidade Condicionada]: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir [Princ. Justiça Universal]; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) (TJDFT-2007) (TRF4-2010)
        b) praticados por brasileiro [Princ. Nacionalidade/Personalidade Ativa] ; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) (TJRS-2009) (TJSC-2009) (MPRS-2016)
	(TJSP-2009-VUNESP): A norma inserida no art. 7º, II, “b”, CP – Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro (...) os crimes (...) praticados por brasileiro – encerra o princípio da nacionalidade ou da personalidade ativa. BL: art. 7º, II, b, CP.
##Atenção: Tal princípio impõe a aplicação da lei do país a que pertence o agente, pouco importando o local do crime, a nacionalidade da vítima ou do bem jurídico violado.
       
 c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados [Princ. da Representação, do Pavilhão, da Bandeira, Subsidiário ou da Substituição]. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) (TJDFT-2007) (TJSC-2009) (TJAC-2019) (Cartórios/TJSC-2019)
	(MPMG-2017): No direito brasileiro, adota-se, no âmbito espacial, como regra, o princípio da territorialidade. Dada, porém, a relevância de certos bens, protege-os o direito até mesmo contra crimes praticados inteiramente fora do Brasil, em respeito a certos princípios. É o que chama a doutrina de aplicação extraterritorial condicionada ou incondicionada, conforme o caso, da lei penal brasileira. A lei brasileira é aplicável, por força do princípio do pavilhão, ao crime praticado a bordo de embarcação mercante brasileira, quando em território estrangeiro e aí não seja julgado, falando a doutrina, nesse caso, de aplicação extraterritorial condicionada. BL: art. art. 7.º, II, “c”, CP.
##Atenção: O princípio da representação também é denominado de princípio do pavilhão, da bandeira, subsidiário ou da substituição. Segundo esse princípio, deve ser aplicada a lei penal brasileira aos crimes cometidos em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando estiverem em território estrangeiro e aí não sejam julgados. É adotado pelo art. 7.º, II, “c”, do CP (extraterritorialidade condicionada).
(MPRS-2014): “Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro [...], os crimes [...] praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados”. Esse art. 7º, inciso II, alínea c, define o princípio da representação. BL: art. 7º, II, “c” do CP.
       § 1º - Nos casos do inciso I [Extraterritoridade Incondicionada], o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) [Obs.: possibilidade de dupla condenação pelo mesmo fato.]
	(Anal.-CRBio/1ªR-2017-VUNESP): De acordo com o CP, fica sujeito à lei brasileira, embora praticado no estrangeiro, o crime contra o patrimônio dos municípios. O agente será punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido no estrangeiro. BL: art. 7º, I, “b” e §1º, CP.
(TJDFT-2016-CESPE): Ficam sujeitos à lei brasileira os crimescontra o patrimônio ou a fé pública do distrito federal, de estado, de município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo poder público, embora cometidos no estrangeiro, sendo o agente punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido no estrangeiro. BL: art. 7º, I, alínea “b” c/c §1º, CP.
        § 2º - Nos casos do inciso II [Extraterritoridade Condicionada], a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) (TJRS-2009) [obs.: condições cumulativas]
        a) entrar o agente no território nacional; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
        b) ser o fato punível também no país em que foi praticado [Princ. da Dupla Tipicidade]; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
        c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
        d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) (TRF4-2010)
        e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
	(MPRS-2016): Ao episódio de violência física protagonizado pelo companheiro, em Nova York, EUA, contra a modelo Luísa Brunet, a extraterritorialidade da lei brasileira é condicionada. BL: art. 7º, II, “b”, c/c §2º, CP.
##Atenção: Ao caso exposto, aplica-se a extraterritorialidade condicionada, observando o princípio da nacionalidade ativa (art. 7º, II, "b", CP). A extraterritorialidade é condicionada pois é necessário a observação das condições expostas no § 2° do art. 7º, CP. 
(TJSE-2015-FCC): João, brasileiro, é vítima de um furto na cidade de Paris, na França. O autor do delito foi identificado na ocasião, José, um colega brasileiro que residia no mesmo edifício que João. A Justiça francesa realizou o processo e ao final José foi definitivamente condenado a uma pena de 2 anos de prisão. Ambos retornaram ao país e José o fez antes mesmo de cumprir a sua condenação. Neste caso, conforme o Código Penal brasileiro, aplica-se a lei penal brasileira, se não estiver extinta a punibilidade segundo a lei mais favorável. BL: art. art. 7º, II, “b” c/c art. 7º, §2º, “e”, CP.
        § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior [Princ. da Nacionalidade/Personalidade Passiva]: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
        a) não foi pedida ou foi negada a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
        b) houve requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) (Investigador de Polícia/PCMA-2018)
        Pena cumprida no estrangeiro (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.  (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (STM-2013)
	(Anal. Judic./TRF2-2012-FCC): Lucius foi condenado, pelo mesmo crime, no Brasil, à pena de três anos de reclusão e, no estrangeiro, à pena de um ano de reclusão. Cumpriu integralmente a pena imposta no outro país. Nesse caso, a pena imposta no Brasil será reduzida a dois anos. BL: art. 8º, CP.
##Atenção: Como Lucius foi condenado pelo mesmo crime e cumpriu um ano no estrangeiro, faltaram somente dois anos para cumprir de pena no Brasil.
(TRF4-2010): A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena diversa imposta no Brasil pelo mesmo crime. BL: art. 8º, 1ª parte, CP.
##Atenção: ##DOD: O princípio do ne bis in idem é previsto na legislação brasileira? No Direito Brasileiro, embora ausente sua previsão na CF/88 (ao menos de modo explícito), pode-se identificar a influência do ne bis in idem, em maior ou em menor grau, na legislação ordinária, tal como ocorre no art. 8º do CP, no art. 110 do CPP e no art. 82, V, da Lei de Migração. A incorporação do princípio do ne bis in idem ao ordenamento jurídico brasileiro, ainda que sem o caráter de preceito constitucional, vem complementar o rol dos direitos e das garantias individuais já previsto pela CF/88, em razão de que a interpretação constitucional sistemática leva à conclusão de que se impõe a prevalência do direito do indivíduo à liberdade em detrimento do poder-dever do Estado-juiz de acusar (STF. Plenário. HC 80.263/SP, Rel. Ministro Ilmar Galvão, DJ 27/6/03).
        Eficácia de sentença estrangeira (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; [obs.: depende de pedido da parte interessada] (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (TJDFT-2016) 
        II - sujeitá-lo a medida de segurança. [obs.: depende da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça.] (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
        Parágrafo único - A homologação depende: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (TJDFT-2016)
        b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Contagem de prazo (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (MPMG-2010) (TJGO-2012) (TJRN-2013) (MPAL-2013) (Anal. Judic./TJPA-2014) (TJPE-2015)
	(MPSC-2012): Ao contrário do que ocorre no Processo Penal, na contagem dos prazos previstos no Código Penal computa-se o dia do começo e exclui-se o do vencimento. Esta regra deve ser observada para os prazos prescricionais, de decadência e os de duração das penas. BL: art. 10, CP e art. 798, caput e §1º, CPP.
##Atenção: Vide art. 798, caput e §1º do CPP: “Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado. § 1o Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento. (...)”.
(DPEDF-2006-CESPE): O dia do começo inclui-se na contagem do prazo penal e tem relevância para as hipóteses de cálculo de duração da pena, do livramento condicional e da prescrição. Em todos esses casos, a contagem dos dias, meses e anos é feita pelo calendário gregoriano. BL: art. 10, CP.
        Frações não computáveis da pena (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro [leia-se: real, desprezando-se os centavos na liquidação da sanção patrimonial]. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (TJRN-2013) (TJPE-2015) (MPBA-2015) (TJDFT-2016)
        Legislação especial (Incluída pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso [Princ. da Convivência das Esferas Autônomas]. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
	Súmula 171-STJ: Cominadas cumulativa, em lei especial, penas privativa de liberdade e pecuniária, é defeso a substituição da prisão por multa.
	(TJRJ-2011-VUNESP): O agente que mata alguém, por imprudência, negligência ou imperícia, na direção de veículo automotor, comete o crime previsto no art. 302 da Lei 9503/97(Código de Trânsito Brasileiro), e não o crime previsto no art. 121, §3º do CP. Dentre os princípios que fundamenta tal afirmativa é o princípio da especialidade. 
##Atenção: Tal princípio é adotado no art. 12 do CP e determina que se afaste a lei geral para a aplicação da lei especial. Entende-se como lei especial aquela que contém todos os elementos da norma geral, acrescida de outros que a tornam distinta (chamados de especializantes). O tipo especial preenche integralmente o tipo geral com a adição de elementos particulares.
(TRF4-2010): As regras gerais do Código Penal não se aplicam às leis especiais que disponham de modo diverso. BL: art. 12, CP.
(TJRR-2008-FCC): Para solucionar questão relacionada a concurso aparente de normas, o intérprete pode valer-se, dentre outros, do princípio da especialidade.
TÍTULO II
DO CRIME
        Relação de causalidade (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Art. 13. O resultado [obs.: naturalístico], de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. [Obs.: Teoria da Equivalência dos Antecedentes; “conditio sine qua non”; Teoria da Condição Simples; Teoria da Condição Generalizada.] (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (MPSP-2008) (TCESP-2008) (TJMG-2014)
	(TCECE-2015-FCC): O Código Penal adota no seu art. 13 a teoria conditio sine qua non (condição sem a qual não). Por ela, tudo que contribui para o resultado é causa, não se distinguindo entre causa e condição ou concausa. BL: art. 13, CP.
##Atenção: ##TCESP-2008: #FCC: O art. 13 do CP, ao regular a relação de causalidade, adotou a teoria da equivalência dos antecedentes causais, também chamada de teoria da conditio sine qua non. Essa teoria estabelece que causa é toda circunstância antecedente, sem a qual o resultado não teria ocorrido. Ou seja, toda e qualquer contribuição para o resultado é considerada causa.
(TJSP-2014-VUNESP): A relação de causalidade relevante para o Direito Penal é a que é previsível ao agente. A cadeia causal, aparentemente infinita sob a ótica naturalística, é limitada pelo dolo ou pela culpa do agente. BL: art. 13, CP.
##Atenção: Diante de uma possível regressão ao infinito para descobrir quais causas contribuíram para o cometimento do delito criou-se a teoria da proibição do regresso. Assim, para explicar a teoria, na melhor do que as claras lições de Rogério Greco: "... para que seja evitada tal regressão, devemos interromper a cadeia causal no instante em que não houver dolo ou culpa por parte daquelas pessoas que tiveram alguma importância na produção do resultado. Frank citado por Fragoso 'procurando estabelecer limitações à teoria, formulou a chamada proibição de regresso (Regressverbot), segundo a qual não é possível retroceder além dos limites de uma vontade livre e consciente, dirigida à produção do resultado. Não seria lícito considerar como causas do resultado as condições anteriores'".
(TJSP-2014-VUNESP): As concausas absolutamente independentes excluem a causalidade da conduta.
##Atenção: A concausa que concorre com a conduta do agente é a que efetivamente causa a consumação do delito. Por isso do nome absolutamente independente, pois absolutamente significa que efetivamente causou o dano e independente significa que não há relação entre a conduta do agente e o resultado. Ex.: “A” atira em “B” para matá-lo, contudo, “C” já tinha envenenado “B” momentos antes do disparo, caso em que “B” morre exclusivamente em virtude do envenenamento. Assim, a concausa (envenenamento) é absolutamente independente, pois não decorre do disparo e causa por si só a morte de B. Logo, “B” responderá por homicídio consumado e “A” responderá apenas pelos atos praticados (homicídio tentado).
(MPSC-2012): A identificação do dolo ou da culpa na conduta do agente é uma maneira de limitar o alcance da Teoria da Equivalência dos Antecedentes Causais (“conditio sine qua non”). BL: art. 13, CP.
##Atenção: Tal Teoria apresenta o inconveniente de regredir ao infinito na busca das causas do delito. Assim, qualquer conduta que ingressa no curso causal é causa do delito. É mais facilmente lembrada pela frase: “a causa da causa também é causa do que foi causado”. Neste caso, em um homicídio cometido por meio de arma de fogo, até o vendedor da arma, o fabricante e seu inventor poderiam ser considerados causadores do resultado morte. Portanto, um mecanismo de limitação ao regresso ao infinito é a perquirição acerca do elemento subjetivo (dolo/culpa) do agente para a ocorrência do resultado, o que impede, inclusive, a responsabilidade penal objetiva.
(TJPB-2011-CESPE): O nexo causal em mera constatação acerca da existência de relação entre conduta e resultado, tendendo a sua verificação apenas às leis da física, mais especificamente, da causa e do efeito, razão pela qual a sua aferição independe de qualquer apreciação jurídica, como a verificação da existência de dolo ou culpa por parte do agente. BL: art. 13, CP.
##Atenção: Nexo causal é o vínculo entre conduta e resultado. Para a teoria normativa (predominante), todo e qualquer crime possui nexo de causalidade, muito embora haja corrente minoritária defendendo a existência de nexo de causalidade somente nos crimes de resultado material ou naturalístico.
(TJRO-2011): A prática do crime e seu resultado lesivo exigem a relação de causalidade, tema de grande relevância para a questão da imputabilidade penal. Dado o enunciado, marque a única alternativa correta: O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa, sendo esta considerada como a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. BL: art. 13, CP.
        Superveniência de causa independente (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        § 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. [Obs.: Teoria da Causalidade Adequada; Teoria da Condição Qualificada ou Teoria Individualizadora.] (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (TJRO-2011) (TJPB-2011) (TJMA-2013) (TJRR-2015) (TJDFT-2016) (MPSC-2016) (TJCE-2018) (TJRS-2018) (TJSP-2018)
	(MPMG-2018): O agente que dispara um tiro contra outrem, mas que, arrependido, leva a vítima para o hospital, vindo ela a falecer em decorrência de uma infecção hospitalar, responde por homicídio consumado. BL: art. 13, §1º, CP.
##Atenção: A questão está correta, pois a infecção hospitalar é causa relativamente independente, superveniente, mas que não produz por si só o resultado. Deste modo, o agente responde pelo resultado causado. Seu arrependimento não foi eficaz, visto que não evitou que o resultado se produzisse.
(TJSP-2014-VUNESP): A superveniência de causa relativamente independente, que, por si só, produz o resultado, exclui a imputação original, mas os fatos anteriores são imputados a quem os praticou. BL: art. 13, §1º, CP.
(TJSC-2013): Em se tratando de nexo causal, o resultado, nas causas supervenientes relativamente independentes, somente poderá ser imputado ao agente se estiver na mesma linha de desdobramento natural da ação. BL: art. 13, §1º, CP.
##Atenção: Trata-se da mesma afirmação contida no art. 13, §1º do CP, a contrario sensu, pois se a causa superveniente for relativamente independente e não estiver na linha de desdobramento natural da ação, exclui a imputação.
        Relevância da omissão (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: [Obs.: Crimes Omissivos Impróprios, Espúrios ou Comissivos por Omissão.] (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (TJMS-2008) (MPSP-2008) (MPMT-2008) (TJRO-2011) (TJPI-2012) (Analista-CRBio/1ªRegião-2017)
	(DPEAP-2018-FCC): Nos crimes comissivos por omissão, a falta do poder de agir gera atipicidade da conduta. BL: art. 13, §2º, CP.
##Atenção: ##TJCE-2014:##FCC: Em todas as hipóteses previstas no art. 13, §2º, do CP, a lei pressupõe a possibilidade de ação por parte do agente. Logo, se na situação concreta a atuação do agente era fisicamente impossível, não há se falar em omissão penalmente relevante, excluindo-se a tipicidade da conduta. Para ser (ou não) punido, deve o agente ter conhecimento da situação causadora do perigo; consciência de sua posição de garantidor e ter possibilidade física de impedir a ocorrência do resultado.
(MPRS-2017): A respeito dos crimes omissivos impróprios, ou comissivos por omissão: São de estrutura típica aberta e de adequação típica de subordinação mediata. Só podem ser praticados por determinadas pessoas, embora qualquer pessoa possa, eventualmente, estar no papel de garante. Neles, descumpre-se tão somente a norma preceptiva e não a norma proibitiva do tipo legal de crime ao qual corresponda o resultado não evitado.
##Atenção: Os tipos omissivos impróprios precisam de uma regra de extensão para serem típicos. É o caso do garante, alguém que de alguma forma assumiu o dever de evitar o resultado. A norma nesses crimes não é proibitiva, mas mandamental, explico, o crime advém de não fazer o que a norma manda, de não fazer a conduta positivamente valorada no direito penal. 
(MPRS-2017): A respeito dos crimes omissivos impróprios, ou comissivos por omissão: Na forma dolosa, os crimes omissivos impróprios não exigem que o garante deseje o resultado típico.
##Atenção: "Na omissão imprópria, todavia, a causalidade (também normativa) deve ser analisada sob outro prisma. Nesse caso, a lei não tipifica a conduta omissiva, mas estabelece regras para que se possa punir o agente por ter praticado crime comissivo por omissão. Estamos diante de um crime de resultado material, exigindo, consequentemente, um nexo entre a ação omitida e o resultado. Esse nexo, no entanto, não é naturalístico (a omissão não causou o resultado). O agente não causa diretamente o resultado, mas permite que ele ocorra abstendo-se de agir quando deveria e poderia fazê-lo para evitar a sua ocorrência" (Rogério Sanches, p. 222). Então, no crime doloso praticado mediante omissão imprópria, analisa-se a conduta do agente, e não o resultado em si. Ex.: salva-vidas (que tem o dever de resgatar pessoas) não entra na água para socorrer criança que se afoga porque está frio. A conduta é dolosa e é isso que deve ser analisado, e não se ele queria/não "causar" a morte da criança; a omissão é que gera o resultado - por isso é que se fala em nexo de evitação. Por isso, é correto dizer que não se exige que o garante (salva-vidas) deseje o resultado típico, bastando a conduta dolosa.
(MPRS-2017): A respeito dos crimes omissivos impróprios, ou comissivos por omissão: Se o garante, apesar de não haver conseguido impedir o resultado, seriamente esforçou-se para evitá-lo, não haverá fato típico, doloso e culposo. Nos omissivos impróprios, a relação de causalidade é normativa.
##Atenção: O que o garante pode fazer é tentar evitar que o resultado ocorra, se ele não consegue não há que se falar em omissão penalmente relevante. E a causalidade é chamada de normativa (ou nexo normativo - de norma), porque do nada, nada vem, logo, só há crime, porque há uma norma mandamental, dizendo que a pessoa tem que agir para evitar o resultado, e essa inação é desvalorada pelo direito penal, pois a lei manda que a pessoa aja.
(MPPR-2017): Os tipos de omissão de ação podem aparecer sob a forma de omissão imprópria, fundada no dever jurídico especial de agir, que admite ações dolosas e culposas, e sob a forma de omissão própria, fundada no dever jurídico geral de agir, que admite apenas ações dolosas.
##Atenção: No caso da omissão imprópria, basta lembrar da mãe que deixa de alimentar o filho em tenra idade e este vem a falecer, que independentemente de ter agido com dolo ou culpa, responderá pelo resultado. Na omissão própria, apenas em caso de dolo o a gente responderá pela omissão.
(TJMSP-2016-VUNESP): Segundo o Código Penal, a omissão imprópria somente terá relevância penal se, além do dever de impedir o resultado, o omitente tiver possibilidade de evitá-lo.
(TJMS-2015-VUNESP): Assinale a alternativa correta a respeito do entendimento do crime: O crime comissivo por omissão é aquele em que o sujeito, por omissão, permite a produção de um resultado posterior que lhe é condicionante.
##Atenção: Crimes omissivos impróprios, espúrios ou comissivos por omissão: o tipo penal aloja em sua descrição uma ação, uma conduta positiva, mas a omissão do agente, que descumpre seu dever jurídico de agir, acarreta a produção do resultado naturalístico e a sua consequente responsabilização penal. As hipóteses de dever jurídico de agir foram previstas no art. 13, § 2.º, do Código Penal: (a) dever legal; (b) posição de garantidor; e (c) ingerência.
(TJPB-2015-CESPE): O crime omissivo admite a participação por meio de comissão.
##Atenção: É possível: 1) PARTICIPAÇÃO POR OMISSÃO, EM CRIME COMISSIVO (art. 13, §2º, CP). Ocorre quando o agente podia e devia agir para evitar o resultado, mas se omitiu, aderindo ao crime de outrem. ex: policial que podia e devia agir, se omite, deixando de evitar um furto.[footnoteRef:1] 2) PARTICIPAÇÃO POR AÇÃO, EM CRIME OMISSIVO IMPRÓPRIO. Ocorre quando o agente induz (participação moral por induzimento) a mãe a matar o próprio filho por inanição (art. 13, §2º, alínea 'a', CP). 3) PARTICIPAÇÃO POR AÇÃO, EM CRIME OMISSIVO PRÓPRIO. Ocorre quando o agente induz (participação moral por induzimento) o autor a deixar de prover alimentos a vítima (art. 244, CP = é crime omissivo próprio/puro). [1: (MPSC-2012): Para a caracterização do concurso de agentes exige-se que a pessoa concorra com uma causa para o resultado, admitindo-se a participação por omissão em crimes comissivos. BL: art. 13, §2º, CP.
##Atenção: MIRABETE explica que é possível a participação por omissão em crime comissivo. Se um empregado deve fechar a porta do estabelecimento comercial mas não o faz, para terceiro mais tarde praticar uma subtração, há participação criminosa no crime de furto em decorrência do não cumprimento do dever jurídico de impedir a subtração. Não se pode falar em participação por omissão, todavia, quando não concorra o dever jurídico de impedir o crime. A simples conivência não é punível.] 
(TJRR-2015-FCC): No que toca à relação de causalidade, é correto afirmar que é normativa nos crimes omissivos impróprios. BL: art. 13, §2º, CP.
(TJCE-2014-FCC): s crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão são aqueles em que a relação de causalidade é normativa. BL: art. 13, §2º, CP.
##Atenção: ##TJCE-2014: ##FCC: O art. 13, § 2º, do CP, no tocante à natureza jurídica da omissão, acolheu a teoria normativa, pela qual a omissão é um nada, e “do nada, nada surge”. Não é punível de forma independente, ou seja, não se pune alguém pelo simples fato de ter se omitido. Só tem importância jurídico-penal quando presente o dever de agir. Daí a preferência pela teoria normativa. A omissão somente interessa ao Direito Penal quando, diante da inércia do agente, o ordenamento jurídico lhe impunha uma ação, um fazer.” (Fonte: Cleber Masson, 2016, p. 260).
(TJAC-2012-CESPE): Em se tratando de crimes omissivos impróprios, admite-se a tentativa. BL: art. 13, §2º, CP.
##Atenção: ##MPSP-2008: ##MPMG-2010: O crime omissivo impróprio, por se tratar de crime comissivo cometido por abstenção por parte de quem estava obrigado a atuar para evitar o resultado, admite a tentativa, ao contrário do crime omissivo próprio, que, por se caracterizar pela simples abstenção, é incompatível com a tentativa.
(MPRJ-2012): Admite tentativa a seguinte categoria de infração penal: crimes omissivos impróprios. BL: art. 13, §2º, CP.
(Escrivão de Polícia/PCMA-2012-FGV): O art. 13, § 2º, do Código Penal ostenta a natureza de norma de extensão. BL: art. 13, §2º, CP.
##Atenção: A norma de extensão é aquela que precisa ser conjugada ao tipo penal para que haja ajuste entre o fato e a norma (adequação típica mediata ou indireta).O art. 13, §2º do CP estabelece a relevância da omissão, tornando-a típica. Se não fosse esse dispositivo, a mãe que deixa de amamentar a sua filha não seria responsabilizada penalmente, porque a sua omissão, de fato, não causou a morte (mas sim a inanição). Graças ao referido dispositivo, por não ter evitado o resultado, é equiparada ao seu causador.
(TJES-2011-CESPE): Não há crime comissivo por omissão sem que exista o especial dever jurídico de impedir o dano ou o perigo ao bem jurídico tutelado, sendo, também, indispensável nos delitos comissivos por omissão dolosa, a vontade de omitir a ação devida. BL: art. 13, §2º, CP.
##Atenção: Nos crimes omissivos impróprios não basta a simples abstenção de comportamento. O não fazer será penalmente relevante apenas quando o omitente possuir a obrigação de agir para impedir a ocorrência do resultado (dever jurídico). Mais do que um dever genérico de agir, aqui o omitente tem dever jurídico de evitar a produção do evento. Além disso, é imprescindível a presença do elemento subjetivo, sob pena de se caracterizar responsabilidade objetiva.
(MPMG-2010): O agente que, na condição de garantidor, omite-se, ensejando a que o resultado lesivo ocorra, pratica crime omissivo impróprio. BL: art. 13, §2º, CP.
(TJAP-2008-FGV): Maria da Silva é médica pediatra, trabalhando no hospital municipal em regime de plantão. De acordo com a escala de trabalho divulgada no início do mês, Maria seria a única médica pediatra com obrigação de trabalhar no plantão que se iniciava no dia 5 de janeiro, às 20h e findava no dia 6 de janeiro, às 20h. Contudo, depois de passar toda a noite do dia 5 sem nada para fazer, Maria resolve sair do hospital para participar da comemoração do aniversário de uma prima sua, um churrasco que se realizaria em uma casa a poucas quadras do hospital. Maria deixa o hospital às 12h do dia 6 de janeiro sem, contudo, avisar onde estaria. Maria deixou o número de seu telefone celular, mas o papel que o continha se extraviou do quadro de avisos. Maria não retornou mais ao hospital até o final do plantão. Ocorre que, às 14h do dia 6 de janeiro, Manoel de Souza, criança de apenas 6 anos, é levado ao hospital por parentes precisando de socorro médico imediato. Embora houvesse outros médicos de plantão (um cardiologista e uma ortopedista), ambos se recusam a examinar Manoel, alegando que não eram especialistas e que a responsável pelo plantão da emergência era Maria da Silva. Manoel de Souza morre de meningite cerca de oito horas depois, na porta do hospital, sem ter sido atendido. Qual foi o crime praticado por Maria? Nenhum crime. BL: art. 13, §2º, CP.
##Atenção: A médica abandonou o plantão, e durante sua ausência um paciente veio a falecer por falta de atendimento. O art. 13, parágrafo 2º, do CP, exige que o omitente, além do dever de agir, tenha a possibilidade de agir para evitar o resultado. Essa possibilidade (podia agir) deve ser encarada sob o ponto de vista físico; sendo imprescindível para caracterização do delito omissivo impróprio. Por tal razão que Rogério Greco (2007, v. I, p. 234), conclui que: “A impossibilidade física afasta a responsabilidade penal do garantidor por não ter atuado no caso concreto quando, em tese, tinha o dever de agir”.Parte superior do formulárioParte inferior do formulário Na situação hipotética apresentada na questão certamente não havia possibilidade física da médica agir, mesmo que a consideremos como garante. Ela não estava mais no hospital quando o paciente deu entrada, não tendo como evitar o resultado. Por essa razão, não há crime a ser imputado. É claro que a médica agiu incorretamente ao se afastar do plantão antes do final de seu turno, o que poderá ter reflexos no tocante à sua relação funcional, porém o Direito Penal não se contenta somente com isso. A imputação delitiva, porquanto, deve abarcar o aspecto subjetivo do agente, sob pena de RESPONSABILIDADE PENAL OBJETIVA. Parte superior do formulárioParte inferior do formulário
        a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; [dica: PVC] (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (TJMG-2005) (TJMS-2008) (MPSP-2012)
        b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (TJMS-2008) (TJRS-2012)
	(PCMS-2017-FAPEMS): A partir da narrativa a seguir e considerando as classes de crimes omissivos, assinale a alternativa correta. Artur, após subtrair aparelho celular no interior de um mercado, foi detido por populares que o amarraram em um poste de iluminação. Acabou agredido violentamente por Valdemar, vítima da subtração, que se valeu de uma barra de ferro encontrada na rua. Alice tentou intervir, porém foi ameaçada por Valdemar. Ato contínuo, Alice, verificando a grave situação, correu até um posto da Polícia Militar e relatou o fato ao soldado Pereira, que se recusou a ir até o local no qual estava o periclitante, alegando que a situação deveria ser resolvida unicamente pelos envolvidos. Francisco, segurança particular do mercado, gravou a agressão e postou as imagens em rede social com a seguinte legenda: "Aí mano, em primeira mão: outro pra vala". Artur morreu em decorrência de trauma craniano. Pereira poderá ser indiciado pela prática de crime omissivo impróprio. BL: art. 13, §2º, “b”, CP.
##Atenção: Os crimes omissivos impróprios ou impuros são crimes cujo tipo penal me descreve uma ação, então o sujeito deveria responder pelo crime, pelo agir, mas nesse caso, o resultado que deveria vir por ação, está vindo pela omissão. Mas, esse omitente daqui é um garantidor (art. 13, § 2º, do CP). Os garantidores respondem pelo resultado que deveriam ter impedido, mas não impediram. Exemplo: salva vidas que deixa a criança morrer afogada responde pelo crime de homicídio. Nos crimes omissivos impróprios a consumação ocorre com o resultado e admite-se a tentativa.
        c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (TJMS-2008) (TJGO-2015) (DPEAP-2018)
	(MPRS-2017): A respeito dos crimes omissivos impróprios, ou comissivos por omissão: Quem, sabendo nadar, por brincadeira de mau gosto, empurra o amigo para dentro da piscina, por sua ingerência, estará obrigado a salvá-lo, se necessário, para que o fato não se transforme em crime de homicídio, no caso de eventual morte por afogamento. BL: art. 13, §2º, “c”, CP.
##Atenção: Nesse caso a pessoa criou o risco proibido penalmente, assim sendo ele chama para si o dever de evitar o resultado morte. Veja que, com a conduta anterior, ele causou um perigo de lesão ao bem jurídico, como ele causou ele se torna garante.
(Téc. Judic./TRF1-2017-CESPE): Antônio, renomado cientista, ao desenvolver uma atividade habitual, em razão da pressa para entregar determinado produto, foi omisso ao não tomar todas as precauções no preparo de uma fase do procedimento laboratorial, o que acabou ocasionando dano à integridade física de uma pessoa. Acerca dessa situação hipotética, julgue o item a seguir. A omissão de Antônio é penalmente relevante porque foi esse comportamento que criou o risco de ocorrência do resultado danoso à integridade física. BL: art. 13, §2º, “c”, CP.
        Art. 14 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Crime consumado (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (DPESP-2006) (TJPR-2010) (TJES-2011) (TJGO-2012) (TJCE-2012) (MPMG-2012) (TJRJ-2013) (TJPB-2015) (TJRR-2015) 
	(TJSC-2015-FCC): Sobre as relações que se estabelecem entre os conceitos de desvalor da ação e desvalor do resultado, é correto afirmar que no sistema legal positivo brasileiro expressado pelo CP vigente há preponderância dodesvalor do resultado, embora haja relevância do desvalor da ação, como se vê no caso de cominação da pena para o crime tentado em relação ao crime consumado. BL: art. 14, II, CP.
(TJRR-2015-FCC): Em relação às fases de execução do crime, pode-se assegurar que não se admite tentativa de crime culposo. BL: art. 14, II, CP.
(Téc. Administ./MPSE-2013-FCC): Na estrutura do Direito Penal, a tentativa é instituto que diz respeito mais diretamente à ideia de tipicidade. BL: art. 14, II, CP.
(TJPR-2010): Na tentativa de homicídio, incide o princípio da subsidiariedade. BL: art. 14, II, CP.
##Atenção: A relação entre crime tentado e crime consumado é de subsidiariedade, pois tutelam o mesmo bem jurídico em fases diversas da execução do crime.
(MPGO-2010): No crime tentado, aplica-se norma de extensão do tipo penal, ampliando-se temporalmente a figura típica (adequação típica de subordinação mediata). BL: art. 14, II, CP.
(TJMT-2009-VUNESP): Os crimes unissubsistentes, os crimes omissivos próprios e as contravenções penais, entre outros, não admitem a figura da tentativa. BL: art. 14, II, CP.
(TJRR-2008-FCC): A tentativa exige comportamento doloso do agente. 
##Atenção: A punição pelo crime tentado pressupõe que o agente atue baseado em conduta dolosa. Considerando que no crime culposo o resultado é involuntário, não há compatibilidade entre a culpa e a tentativa (salvo a culpa imprópria).
(TJAL-2008-CESPE): Admite tentativa o crime de mera conduta.
##Atenção: Tratando-se de delito sem resultado, a lei descreve apenas uma conduta, consumando-se o crime no momento em que esta é praticada. Independentemente disso, admite-se a tentativa, pois sua execução pode ser fracionada em vários atos (ex: violação de domicílio).
(TJDFT-2007): Inexiste desistência voluntária se o agente, depois de iniciada a execução do delito, percebendo o risco assumido e a impossibilidade de êxito, resolve fugir.
##Atenção: Trata-se de TENTATIVA, pois o agente não consumou o crime por fatos alheios a sua vontade. 
(DPESP-2006-FCC): Poderá haver coautoria em crimes tentados. BL: art. 14, II, CP.
##Atenção: Ex.: Caso alguém segure a vítima para que o autor efetue os disparos em sua direção, mas que acabe não a atingindo.
(DPESP-2006-FCC): Se falta algum elemento objetivo do tipo não se pode falar em tentativa. BL: art. 14, II, CP.
##Atenção: Ex.: Caso alguém segure a vítima para que o autor efetue os disparos em sua direção, mas que acabe não a atingindo.
(Agente/PF-2004-CESPE): Marcelo, com intenção de matar, efetuou três tiros em direção a Rogério. No entanto, acertou apenas um deles. Logo em seguida, um policial que passava pelo local levou Rogério ao hospital, salvando-o da morte. Nessa situação, o crime praticado por Marcelo foi tentado, sendo correto afirmar que houve adequação típica mediata. BL: art. 14, II, CP.
##Atenção: A adequação típica imediata e a adequação típica perfeita, ou seja, a conduta corresponde ao tipo penal, ao passo que na adequação típica mediata é necessário uma norma de extensão para adequação típica, que no caso utilizou-se do artigo 14, inciso II do Código Penal
        Pena de tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. [de 1/3 a 2/3.] (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (MPPR-2008) (TJPR-2008/2010) (TJBA-2012) (MPMG-2012) (TJSC-2017) (TJMS-2008/2020)
	(Anal. Judic./TRF1-2017-CESPE): No que concerne à punibilidade da tentativa, o Código Penal adota a teoria objetiva. BL: art. 14, § único, CP (vide comentários da questão do TJMG-2014, abaixo).
(TJSC-2015-FCC): Sobre as relações que se estabelecem entre os conceitos de desvalor da ação e desvalor do resultado, é correto afirmar que no sistema legal positivo brasileiro expressado pelo Código Penal vigente há preponderância do desvalor do resultado, embora haja relevância do desvalor da ação, como se vê no caso de cominação da pena para o crime tentado em relação ao crime consumado.
(TJMG-2014): Nos chamados crimes de atentado, a tentativa é equiparada ao crime consumado, havendo a aplicação da teoria subjetiva.
##Atenção: A punibilidade da tentativa é disciplinada pelo art. 14, § único, CP. E, nesse campo, o CP acolheu, como regra, a teoria objetiva, realística ou dualista, ao determinar que a pena da tentativa deve ser correspondente à pena do crime consumado, diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços). Como o desvalor do resultado é menor quando comparado ao do crime consumado, o conatus deve suportar uma punição mais branda. Excepcionalmente, entretanto, é aceita a teoria subjetiva, voluntarística ou monista, consagrada pela expressão “salvo disposição em contrário”. (Fonte: Cleber Rogério Masson - Direito Penal Esquematizado). Há casos, restritos, em que o crime consumado e o crime tentado comportam igual punição: são os delitos de atentado ou de empreendimento, que consiste naquele que prevê expressamente em sua descrição típica a conduta de tentar o resultado, afastando a incidência da previsão contida no art. 14, II, do CP que cuida da tentativa.
(TJSP-2013-VUNESP): Conforme o disposto no artigo 14, § único, do CP, “Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços”. O critério de diminuição da pena levará em consideração o iter criminis percorrido pelo agente. BL: art. 14, § único, CP.
##Atenção: A tentativa constitui-se em causa obrigatória de diminuição da pena. Incide na terceira fase de aplicação da pena privativa de liberdade, e sempre a reduz. A liberdade do magistrado repousa unicamente no quantum da diminuição, balizando-se entre os limites legais, de 1 (um) a 2/3 (dois terços). Deve reduzi-la, podendo somente escolher montante da diminuição. E, para navegar entre tais parâmetros, o critério decisivo é a maior ou menor proximidade da consumação, é dizer, a distância percorrida do iter criminis. Para o STF, “A quantificação da causa de diminuição de pena relativa à tentativa (art. 14, II, CP) há de ser realizada conforme o iter criminis percorrido pelo agente: a redução será inversamente proporcional à maior proximidade do resultado almejado”.4 Exemplo: em uma tentativa de homicídio, na qual a vítima foi atingida por diversos disparos de arma de fogo, resultando em sua internação por vários dias em hospital, a redução da pena deve operar-se no patamar mínimo. Ao contrário, se os tiros sequer a atingiram, afigura-se razoável a diminuição da pena no máximo legal. (Cléber Masson, Direito penal esquematizado: parte geral – vol. 1 – 9.ª Ed. São Paulo: Editora Método, 2015. p. 482 e 483).
(TJPR-2010): Pode acontecer de um crime tentado ser punido com a mesma pena do consumado.
##Atenção: Nos denominados crimes de atentado, a lei prevê a mesma punição para a tentativa e a consumação do crime. É o que ocorre no art. 352 do CP: “Evadir-se ou tentar evadir-se o preso...”.
(TJMT-2009-VUNESP): Nosso Código Penal adotou a teoria objetiva como como fundamento para a punição do crime tentado conforme se observa do art. 14, § único: “pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços”. 
(TJPI-2007-CESPE): Quanto à punibilidade da tentativa, o Código Penal adotou a teoria objetiva temperada, segundo a qual a pena para a tentativa deve ser, salvo expressas exceções, menor que a pena prevista para o crime consumado. BL: art. 14, § único, CP.
        Desistência voluntária [DV] e arrependimento eficaz [AE] (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Art. 15. O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução [DV] ou impede que o resultado se produza [AE], só responde pelos atos já praticados. [Obs.: Ponte de Ouro.] (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (TJSE-2008) (MPMT-2008) (MPMG-2010) (TJPR-2010/2011) (TJES-2011) (MPSC-2010/2012) (TJAC-2012) (TJCE-2012) (TJBA-2012) (TJRJ-2013) (TJPB-2015) (TJRR-2015) (TJDFT-2008/2014/2016) (MPGO-2016) (TJSC-2017)(ABIN-2018)
	##Atenção: No art. 15, 1ª parte, do CP, consta a desistência voluntária [DV]. A 2ª parte do art. 15 do CP (...impede que o resultado se produza...) é o instituto do arrependimento eficaz [AE].
##Atenção: Na desistência voluntária, o agente interrompe a execução do crime, não esgotando o processo executório do crime. Ela é incabível nos crimes unissubsistentes, porque nestes a conduta é composta de um único ato que consuma o crime. Ela é incompatível com a tentativa acabada.
##Atenção: No arrependimento eficaz a execução do crime já se encerrou, só que ele adota providências para impedir a consumação. Ele só é possível nos crimes materiais, não cabendo nos crimes formais e de mera conduta. Isso porque no crime formal o resultado naturalístico pode ocorrer, mas é desnecessário. No crime de mera conduta inexiste resultado naturalístico. Nos crimes formais e de mera conduta o crime se consuma com a conduta, não havendo como se falar em resultado e, por conseguinte, não há como impedir a ocorrência do resultado.
##Atenção: ##MPMT-2008: ##FMP: ##TJCE-2012: ##TJBA-2012: ##CESPE: ##TJSC-2017: ##FCC: Segundo posição MAJORITÁRIA, desistência voluntária e arrependimento eficaz são causas de exclusão da tipicidade. Essa posição é extraída do art. 15 do CP. Cleber Masson explica que a desistência voluntária e o arrependimento eficaz “são formas de tentativa abandonadas ou qualificadas, assim rotulados porque a consumação do delito não ocorre em razão da vontade do agente, que não chega ao resultado inicialmente desejado por interromper o processo executório do delito ou, esgotada a execução, emprega diligências eficazes para impedir o resultado. Diferem-se, portanto, da tentativa ou conatus, em que iniciada a execução de um delito, a consumação não ocorre por circunstâncias alheias à vontade do agente.” (Fonte: MASSON, Cleber. Direito Penal – Parte Geral, Ed. Método, 2019, p. 289).
        
	(MPMG-2018): A desistência voluntária e o arrependimento eficaz são incompatíveis com os crimes culposos, sendo, contudo, admitidos na culpa imprópria. BL: art. 15, CP.
##Atenção: A desistência voluntária e o arrependimento eficaz são incompatíveis com os crimes culposos. São casos de tentativa qualificada, não sendo possível se falar em tentativa de crime culposo. Ademais, não querendo o agente o resultado, não pode dele desistir, nem se arrepender de ter buscado causá-lo. Em relação à culpa imprópria, o agente, na verdade, atua com intenção em situação de descriminante putativa por erro de tipo. Esta hipótese ocorre quando o agente imagina um fato que lhe permitiria agir sob uma excludente de ilicitude. Não se trata propriamente de culpa, pois ele age de forma intencional, mas imaginando estar acobertado por uma causa que justifica sua ação, que a tornaria conforme o ordenamento jurídico. Neste caso, é possível a chamada tentativa abandonada.
(MPPB-2018-FCC): O arrependimento eficaz dá-se após a execução, mas antes da consumação do crime. BL: art. 15, 2ª parte, CP.
(Anal. Judic./TRF1-2017-CESPE): De modo geral, a doutrina indica a aplicação da fórmula de Frank quando o objetivo for estabelecer a distinção entre desistência voluntária e tentativa. BL: art. 14 e art. 15, 1ª parte, CP.
##Atenção: ##TJCE-2012: ##CESPE: Em consonância com o doutrinador alemão Frank, na tentativa o agente quer praticar o crime, mas não pode, e, na desistência voluntária, o agente pode praticar o crime, mas não quer praticá-lo.
(TJRJ-2014-VUNESP): Maria, 22 anos, aos 7 meses de gestação decide praticar um aborto em si mesma. Para tanto, pede e obtém auxílio de sua irmã Ana, 24 anos, que adquire medicamento abortivo. Sem muita coragem, mas mantendo seu propósito inicial, Maria pede a Ana que lhe administre a substância, de forma endovenosa, o que é feito. Quando se inicia a expulsão do feto, ambas arrependem-se da prática, e procuram um serviço médico em busca de auxílio. O feto é expulso no hospital, mas em virtude do seu já adiantado estado de desenvolvimento, sobrevive sem sequelas. Maria, em razão da ação do medicamento abortivo, sofre uma histerectomia. Diante desse quadro, Maria não será punida, em virtude do arrependimento eficaz, e Ana será punida por lesão corporal gravíssima (perda de função reprodutiva).
##Atenção: No arrependimento eficaz, o agente só responde pelos atos já praticados, como Maria praticou autolesão (não punível pelo direito penal), somente Ana será punida. Ana responderá por lesão corporal gravíssima (art. 129, §2º, inciso III do CP).
(TJPR-2014-PUCPR): No que se refere à desistência voluntária e ao arrependimento eficaz, na esteira do artigo 15 do Código Penal, tem- se que na desistência voluntária, o processo de execução do crime ainda está em curso; já no arrependimento eficaz, a execução já foi encerrada. BL: art. 15, CP.
(TJCE-2012-CESPE): Apesar de ser possível a elaboração sucessiva dos quesitos atinentes à tentativa de homicídio e ao arrependimento eficaz, o resultado afirmativo em relação a um deles prejudica a análise do outro, em face de serem esses institutos completamente diversos entre si, sob pena de nulidade absoluta, que não está, pois, sujeita à preclusão. BL: STJ, AgRg no REsp 1162334/SC.
##Atenção: Não se confundem a tentativa e o arrependimento eficaz. Na tentativa, no caso, de homicídio, o agente emprega os meios necessários para matar alguém, mas, por circunstâncias alheias à sua vontade, não consegue alcançar seu intento. Já no arrependimento eficaz, o agente emprega os meios de que dispõe para matar, mas, em seguida, atua positivamente para evitar que o resultado se produza (socorrendo a vítima, por exemplo). Por isso, embora seja possível a elaboração de quesitos sucessivos à respeito da tentativa e do arrependimento eficaz no homicídio, o resultado afirmativo em relação a um deles prejudica a análise do seguinte.
(TJRS-2012): Nos casos de desistência voluntária e arrependimento eficaz, o agente não responde pela tentativa, porque o resultado deixa de ocorrer em virtude da sua vontade. BL: art. 15, CP.
##Atenção: Tanto na desistência voluntária, quanto no arrependimento eficaz, o agente não responde por tentativa, mas sim pelos atos já praticados (CP, art. 15). O crime considera-se tentado quando o resultado não sobrevém por circunstâncias alheias à vontade do agente, o que não acontece nesses dois casos.
(ABIN-2010-CESPE): A desistência voluntária e o arrependimento eficaz, espécies de tentativa abandonada ou qualificada, provocam a exclusão da adequação típica indireta, respondendo o autor pelos atos até então praticados, e não, pela tentativa do delito que inicialmente se propôs a cometer. BL: art. 15, CP.
(TJSC-2009): A desistência voluntária e o arrependimento eficaz, espécies de tentativa abandonada ou qualificada, não exigem a espontaneidade do agente para que possam ser reconhecidos, bastando a voluntariedade. BL: art. 15, CP.
(TJMG-2008): Fulano de tal, decidido a matar Cicrano, carrega o seu revólver e parte em seu encalço. Localiza-o em lugar deserto e, em perseguição, atira e o acerta apenas de raspão. Fulano consegue alcançá-lo, chega ao seu lado e, com o revólver dispondo ainda de 6 tiros, decide não disparar a arma, deixando de consumar o seu intento inicial. Fulano responderá por lesões corporais.
##Atenção ##TJCE-2012: ##CESPE: Houve, no caso, desistência voluntária, pois o sujeito ativo abandonou a execução do crime quando ainda lhe sobrava, do ponto de vista objetivo, uma margem de ação. Trata-se de situação em que os atos executórios ainda não haviam se esgotado, mas o agente, voluntariamente, não prosseguiu com o seu dolo inicial. De acordo com o art. 15 do CP, o agente responde por atos já praticados, ou seja, pelas lesões corporais. De acordo com a maioria da doutrina, a desistência voluntária e o arrependimento eficaz, extinguem a punibilidade da tentativa do crime inicialmente desejado.
 Arrependimento posterior (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Art. 16. Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça àpessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. [Obs.: Ponte de Prata.] (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (TJDFT-2008) (TJMS-2008) (TJSE-2008) (MPSC-2010) (TJES-2011) (TJRJ-2012) (TJAC-2012) (TJPI-2012) (TJCE-2012) (TJBA-2012) (MPMG-2012) (MPSP-2012) (TJPR-2008/2010/2011/2014) (TJPE-2013/2015) (TJRR-2015) (TJSC-2010/2017) (TJSP-2018)
	##Atenção: ##STJ: O STJ tem entendido que a prisão em flagrante do agente afasta a voluntariedade necessária ao reconhecimento do arrependimento posterior. Desse modo, embora o agravante sustente que a voluntariedade consistiu na restituição do valor das coisas subtraídas, da mesma forma, depreende dos autos que tal fato se deu após a prisão em flagrante, ausente voluntariedade. Ademais, tendo o acórdão recorrido reconhecido que não houve voluntariedade na devolução da coisa subtraída ou do valor correspondente, qualquer conclusão em sentido contrário demanda o inevitável revolvimento das provas carreadas aos autos, o que encontra vedação no enunciado n. 7 da Súmula desta Corte. (STJ, 5ª T., AgRg no AREsp 1243984/DF, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, j. 19/06/2018).
	(TJSP-2015-VUNESP): No arrependimento posterior, o agente busca atenuar os efeitos da sua conduta, sendo, portanto, causa geral de diminuição de pena. Sobre esse instituto, assinale a alternativa correta. Deve operar-se até o recebimento da denúncia ou queixa. BL: art. 16 do CP.
##Atenção: ##TJBA-2012: ##TJCE-2012: ##TJPI-2012: ##CESPE: A reparação posterior ao recebimento da denúncia e antes do julgamento será considerada circunstância atenuante, nos termos do art. 65, III, “b” do CP.
(AGU-2015-CESPE) João, empregado de uma empresa terceirizada que presta serviço de vigilância a órgão da administração pública direta, subtraiu aparelho celular de propriedade de José, servidor público que trabalha nesse órgão. Se devolver voluntariamente o celular antes do recebimento de eventual denúncia pelo crime, João poderá ser beneficiado com redução de pena justificada por arrependimento posterior. BL: art. 16 do CP.
(TJPE-2013-FCC): O arrependimento posterior pode reduzir a pena abaixo do mínimo previsto para o crime.
##Atenção: ##TJCE-2012: ##TJPI-2012: ##CESPE: O arrependimento posterior é uma causa de diminuição de pena, incidente na terceira fase de aplicação, que pode conduzir a reprimenda a patamar abaixo do mínimo abstratamente cominado ao delito. 
(TJPI-2012-CESPE): Para a aplicação do arrependimento posterior não se exige do agente espontaneidade na devolução da coisa subtraída.
##Atenção: ##MPSC-2010: A lei se contenta com a voluntariedade, atitude livre de coação física ou moral, independentemente da existência de interferências externas subjetivas, ou da ausência de motivos nobres na condução do arrependimento. Não é necessário, portanto, que o ato seja espontâneo.
(TJPI-2012-CESPE): No arrependimento posterior, a reparação do dano ou a restituição da coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, ainda que efetivada por um só agente, é circunstância objetiva e deve comunicar-se aos demais réus. 
##Atenção: ##DPERN-2015: ##CESPE: Arrependimento posterior é circunstância objetiva que se estende a todos os agentes da prática delitiva (art. 30 do CP). Concorrendo mais de uma pessoa para o crime, o arrependimento posterior de um deles gera a causa de redução de pena para todos os demais. É o entendimento do STJ (REsp 1.187.976/SP, Info 531).
(TJSP-2011-VUNESP): Antônio, durante a madrugada, subtrai, com o emprego de chave falsa, o automóvel de Pedro. Depois de oferecida a denúncia pela prática de crime de furto qualificado, mas antes do seu recebimento, por ato voluntário de Antônio, o automóvel furtado é devolvido à vítima. Nesse caso, pode-se afirmar a ocorrência de arrependimento posterior. BL: art. 16, CP.
(TJAP-2009-FCC): O arrependimento posterior previsto no art. 16 do Código Penal constitui causa geral de diminuição da pena, incidindo na terceira etapa do cálculo. BL: art. 16, CP.
(TJAL-2008-CESPE): No arrependimento posterior, a redução da pena varia de um a dois terços. Conforme doutrina majoritária, o critério a ser utilizado pelo juiz para quantificar a redução da pena é o da celeridade da reparação. Assim, quanto mais rápida a reparação do dano, maior deverá ser a redução da pena pelo juiz.
##Atenção: A diminuição se opera na 3ª fase de aplicação da sanção penal e terá como parâmetro a maior ou menos presteza (celeridade e voluntariedade) na reparação ou restituição.
        Crime impossível (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (MPF-2005) (TJMG-2006) (TJTO-2007) (TJDFT-2007) (TJMS-2008) (TJSC-2009/2010) (MPMG-2010) (TJES-2011) (TJPI-2012) (TJAC-2012) (TJBA-2012) (MPSC-2012) (TJRN-2013) (DPERS-2014) (TJRR-2008/2015)
	Súmula 145-STF: Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação.
	(TJSC-2019-CESPE): Constitui crime impossível a prática de conduta delituosa induzida por terceiro que assegure a impossibilidade fática da consumação do delito. BL: art. 17, CP.
##Atenção: É o chamado crime putativo por obra do agente provocador (crime de ensaio, crime de experiência ou flagrante preparado), que incide quando alguém, insidiosamente, induz outra pessoa ao cometimento de uma infração penal e, de maneira concomitante, executa medidas para impedir a sua consumação, a qual, no caso concreto, se torna absolutamente impossível. A consumação deve ser absolutamente impossível, sob pena de configurar tentativa. Nesse sentido, vejamos o teor da Súmula 145/STF dispõe: “Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação”. Na expressão de Nelson Húngria, em casos como tais, “o autor é apenas o protagonista inconsciente de uma comédia”.
(MPMG-2018): Gleicilene, jovem simples de 20 anos de idade, preocupada com o atraso de seu ciclo menstrual e receosa por um estado de gestação indesejada, passou em um laboratório clínico e submeteu-se a exame sanguíneo a fim de que pudesse confirmar suas suspeitas, tendo o resultado sido prometido para a manhã seguinte. Entretanto, impaciente e tensa que estava, Gleicilene foi a uma farmácia e adquiriu um kit de teste gravídico e, chegando em casa, submeteu-se à experiência. Desesperou-se diante da reação química que, em princípio, indicava gravidez. Preocupada, procurou um indivíduo de quem adquiriu medicação abortiva com o escopo de praticar auto-aborto, tendo ingerido duas drágeas à noite. No outro dia, logo de manhã, ela deambulou até o laboratório e apanhou o resultado do exame de sangue que revelou que não havia nenhuma gravidez. Foi realizada contraprova que ratificou a ausência de gestação. Do ponto de vista do Direito Penal, pode-se dizer que Gleicilene incorreu em: Delito putativo por erro de tipo. BL: art. 17, CP.
##Atenção: ##MPF-2005: O delito putativo por erro de tipo, no presente caso, não passa de um crime impossível por absoluta impropriedade do objeto material (art. 17, CP). Cleber Masson explica que o delito putativo por erro de tipo “é o crime imaginário que se verifica quando o autor acredita ofender uma lei penal incriminadora efetivamente existente, mas à sua conduta faltam elementos da definição típica. Exemplo: ‘A’ acredita praticar tráfico de drogas (art. 33, caput, da Lei 11.343/2006) ao vender um pó branco, que reputa ser cocaína, mas, na verdade, é farinha”. (Fonte: Cleber Masson, Direito Penal – Parte Geral, 2019, p. 305).
(TJSC-2017-FCC): Conforme a redação do CP, o crime impossível é tentativa impunível. BL: art. 17, CP.
##Atenção: ##MPMG-2010: ##TJRN-2013:: ##CESPE: ##TJRR-2015: ##FCC: A “tentativa impunível” é um dos sinônimos de crime impossível. Outro sinônimos: quase crime, tentativa inidônea, crime oco,

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