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Informativo 957-STF (04/11/2019) – Márcio André Lopes Cavalcante | 1 
 
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 Informativo 957-STF 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
 
Julgamento que ainda não foi concluído em virtude de adiamento. Será comentado assim que chegar ao fim: ADC 43/DF. 
 
ÍNDICE 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
RECURSOS 
▪ A parte que junta, no ato de interposição do REsp, calendário disponível no site do Tribunal de Justiça que mostra 
os feriados locais, cumpre a exigência prevista no § 6º do art. 1.003, § 6º, do CPC/2015. 
 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
IRPJ / CSLL 
▪ Não há pagamento de juros, pela SELIC, quando se verifica que a soma dos recolhimentos por estimativa realizados 
ao longo do ano é maior do que o valor devido. 
 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
RECURSOS 
A parte que junta, no ato de interposição do REsp, calendário disponível no site 
do Tribunal de Justiça que mostra os feriados locais, cumpre a exigência prevista 
no § 6º do art. 1.003 do CPC/2015 
 
Importante!!! 
É admissível a impetração de mandado de segurança para impugnar ato judicial que decidiu 
pela intempestividade de recurso que havia sido protocolado dentro do prazo legal. Isso 
porque se está diante de uma situação excepcional. 
STF. 1ª Turma. RMS 36114/AM, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 22/10/2019 (Info 957). 
 
O calendário disponível no sítio do Tribunal de Justiça que mostra os feriados na localidade é 
documento idôneo para comprovar a ocorrência de feriado local no ato de interposição do 
recurso, nos termos do art. 1.003, § 6º, do CPC/2015. 
STF. 1ª Turma. RMS 36114/AM, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 22/10/2019 (Info 957). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João ajuizou ação contra Pedro, tendo o pedido sido julgado improcedente. 
O autor interpôs apelação, mas o Tribunal de Justiça manteve a sentença. 
Ainda inconformado, João interpôs recurso especial contra o acórdão do TJ. 
Como se sabe, o recurso especial é interposto no Tribunal de origem, ou seja, no juízo a quo (recorrido) e 
não diretamente no juízo ad quem (STJ). Isso está previsto no art. 1.029 do CPC: 
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Informativo 957-STF (04/11/2019) – Márcio André Lopes Cavalcante | 2 
Art. 1.029. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos na Constituição 
Federal, serão interpostos perante o presidente ou o vice-presidente do tribunal recorrido, em 
petições distintas que conterão: 
(...) 
 
A parte recorrida (em nosso exemplo, Pedro) será intimada para apresentar suas contrarrazões. 
Após, o Presidente ou Vice-Presidente do Tribunal (isso vai depender do regimento interno), em decisão 
monocrática, irá fazer um juízo de admissibilidade do recurso especial: 
Se o juízo de admissibilidade for POSITIVO Se o juízo de admissibilidade for NEGATIVO 
Significa que o Presidente (ou Vice) do Tribunal 
entendeu que os pressupostos do REsp estavam 
preenchidos e, então, remeterá o recurso para o STJ. 
Significa que o Presidente (ou Vice) do Tribunal 
entendeu que algum pressuposto do REsp não 
estava presente e, então, não admitirá o recurso. 
Contra esta decisão, não cabe recurso, 
considerando que o STJ ainda irá examinar 
novamente esta admissibilidade. 
Contra esta decisão, a parte prejudicada poderá 
interpor recurso. 
 
Voltando ao nosso caso concreto: 
O prazo para interpor recurso especial é de 15 dias úteis. 
João interpôs o recurso especial no último dia do prazo. 
Na conferência para verificar se João interpôs o recurso dentro do prazo, pode-se cair em uma armadilha 
e achar que ele perdeu o prazo. Isso porque no período entre a intimação do acórdão e a interposição do 
recurso, um dos dias foi feriado estadual (ou seja, dia não útil). Assim, se a pessoa que está conferindo a 
tempestividade não desconsiderar esse dia, achará que João perdeu o prazo e que interpôs o REsp no 16º 
dia útil. No entanto, conforme expliquei, um desses dias era feriado local (feriado estadual) e, dessa forma, 
esse dia tem que ser excluído da contagem do prazo. 
Repetindo: tirando sábados e domingos, João interpôs o recurso no 16º dia. Ocorre que um desses dias 
foi feriado estadual. Logo, esse dia tem que ser excluído da contagem (porque não é dia útil). Isso significa 
que João interpôs o recurso no 15º dia útil e, portanto, o REsp é tempestivo. 
 
Vou abrir um parêntese. João, ao apresentar o REsp, tem o ônus de explicar e comprovar que, na 
instância de origem, era feriado local ou dia sem expediente forense? Em outras palavras, João tem o 
ônus de comprovar que houve um feriado local e, portanto, o recurso é tempestivo? 
Na vigência do CPC/1973: 
A parte, mesmo que não demonstrasse no momento da interposição do recurso que havia esse feriado 
local, poderia comprovar depois. Assim, era possível a comprovação posterior da tempestividade de 
recurso no STJ ou no STF quando o recurso houvesse sido julgado intempestivo em virtude de feriados 
locais ou de suspensão de expediente forense no tribunal a quo. 
Esse era o entendimento do STJ: AgRg no AREsp 137.141-SE, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 
19/9/2012. 
 
Na égide do CPC/2015: 
O cenário acima mudou. 
O CPC/2015 trouxe expressamente um dispositivo dizendo que a comprovação do feriado local deverá ser 
feita, obrigatoriamente, no ato de interposição do recurso. Veja: 
Art. 1.003 (...) 
§ 6º O recorrente comprovará a ocorrência de feriado local no ato de interposição do recurso. 
 
 
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Informativo 957-STF (04/11/2019) – Márcio André Lopes Cavalcante | 3 
O que o STJ decidiu sobre esse dispositivo? 
A Corte Especial do STJ, no dia 02/10/2019, ao julgar o REsp 1.813.684-SP, decidiu que: 
- realmente, o CPC/2015 exige, de forma muito clara, a comprovação do feriado local no ato de 
interposição do recurso. 
- ocorre que, durante muitos anos, não foi assim. Houve, portanto, uma radical mudança e, em virtude 
disso, seria razoável fixar uma modulação dos efeitos desse entendimento, considerando os princípios da 
segurança jurídica, da proteção da confiança, da isonomia e da primazia da decisão de mérito. Assim, foi 
estabelecida a seguinte regra de transição: 
• Para os recursos especiais interpostos antes de 18/11/2019 (data de publicação do REsp 1.813.684-SP): 
é possível a abertura de vista para que a parte comprove a suspensão do prazo em virtude de feriado local 
após a interposição do recurso, sanando o vício. 
• Para recursos interpostos depois de 18/11/2019: prevalece a necessidade de comprovar o feriado no 
momento da interposição do recurso, sendo impossível a sua posterior comprovação em razão de ser vício 
insanável. 
STJ. Corte Especial. REsp 1.813.684-SP, Rel. Min. Raul Araújo, Rel. p/ Acórdão Min. Min. Luis Felipe 
Salomão, julgado em 02/10/2019. 
 
Cuidado. O STF afirma que, com o CPC/2015, passou a ser impossível sanar o vício da comprovação do 
feriado local, de modo que a sua comprovação deve ser feita no ato de interposição do recurso. Em outras 
palavras, o STF não faz essa mesma modulação que foi criada pelo STJ. Logo, em se tratando de recurso 
extraordinário, mesmo que interposto antes de 18/11/2019, a parte já tinha que comprovar o feriado 
local, sob pena de não admissão do RE: 
Intempestividade. Feriado local. Suspensão do expediente forense. Não comprovação no ato de 
interposição do recurso. Precedentes. 
A parte agravante não comprovou no ato de interposição do recurso na origem a ocorrência de feriado 
local, não observando o que dispõe o § 6º do art. 1.003 do Código de Processo Civil. 
STF. Plenário. ARE 1223738 AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 18/10/2019, DJ 11/11/2019. 
 
De acordo com o art. 1.003, § 6º, do mesmo diploma legal, "o recorrente comprovaráa ocorrência de 
feriado local no ato de interposição do recurso", o que não se deu no caso. Precedentes. 
STF. 1ª Turma. RE-AgR 1.198.084, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 23/08/2019. 
 
Intempestivo. Feriado local. Necessidade de comprovação no momento da interposição do recurso, sob 
pena de não conhecimento. Precedentes. 
STF. 2ª Turma, ARE-AgR-ED 1.193.552, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 23/08/2019. 
 
Fechando o parêntese e voltando ao caso concreto: 
O advogado de João era muito atualizado e estava ciente da nova exigência trazida pelo § 6º do art. 1.003 
do CPC/2015. Desse modo, ele, na petição do recurso especial, afirmou que houve um feriado local e, para 
comprovar isso, teve o cuidado de juntar um print do calendário disponível no site do Tribunal de Justiça 
que mostrava a existência do feriado local. 
O Presidente do Tribunal de Justiça aceitou isso e fez o juízo positivo de admissibilidade, remetendo, 
portanto, o REsp para o STJ. 
Chegando lá, o Presidente do STJ não conheceu do recurso especial, afirmando que ele estava 
intempestivo. Na decisão, o Presidente afirmou que o recurso foi interposto no 16º dia útil e que se o 
recorrente alega que havia um feriado local, ele deveria ter comprovado, nos termos do art. 1.003, § 6º, 
do CPC/2015, não sendo possível a sua regularização posterior. 
Contra essa decisão, João interpôs agravo, tendo sido, contudo, negado provimento. 
Diante disso, João impetrou mandado de segurança contra a decisão do STJ. 
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Quem julga mandado de segurança contra ato do STJ? 
O próprio STJ. 
 
E o que o STJ decidiu? 
O STJ afirmou que não cabia mandado de segurança porque só cabe MS contra ato judicial em caso de 
decisão teratológica, o que não seria a hipótese. 
 
O que restou a João fazer? 
Ele teve que interpor um recurso ordinário constitucional contra a decisão denegatória do STJ, recurso 
esse dirigido ao STF, nos termos do art. 102, II, “a”, da CF/88: 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, 
cabendo-lhe: 
(...) 
II - julgar, em recurso ordinário: 
a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos 
em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão; 
 
Vamos agora verificar o que o STF decidiu. 
 
Cabe mandado de segurança, neste caso? 
SIM. 
É admissível a impetração de mandado de segurança para impugnar ato judicial que decidiu pela 
intempestividade de recurso que havia sido protocolado dentro do prazo legal. Isso porque se está 
diante de uma situação excepcional. 
STF. 1ª Turma. RMS 36114/AM, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 22/10/2019 (Info 957). 
 
Ao contrário do que havia decidido o STJ, o STF entendeu que: 
No ato de interposição do recurso especial, o recorrente comprovou a existência do feriado local. 
O calendário disponível no sítio do Tribunal de Justiça que mostra os feriados na localidade é documento 
idôneo para comprovar a ocorrência de feriado local no ato de interposição do recurso, nos termos do 
art. 1.003, § 6º, do CPC/2015. 
STF. 1ª Turma. RMS 36114/AM, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 22/10/2019 (Info 957). 
 
Meus cumprimentos ao advogado da parte, que lutou até o fim. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DIREITO TRIBUTÁRIO 
 
IRPJ / CSLL 
Não há pagamento de juros, pela SELIC, quando se verifica que a soma dos recolhimentos por 
estimativa realizados ao longo do ano é maior do que o valor devido 
 
Não viola a isonomia a ausência de previsão do pagamento de juros, pela taxa referencial do 
Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC), quando se verifica que a soma dos 
recolhimentos por estimativa realizados ao longo do ano é maior do que o valor devido, com 
base em efetiva apuração anual do lucro real, pois não existe mora da Fazenda Nacional. 
STF. 1ª Turma. RE 479956/SC, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 22/10/2019 (Info 957). 
 
Pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro real 
A empresa contribuinte do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o 
Lucro Líquido (CSLL) e que é sujeita à tributação pelo lucro real possui duas opções de pagamento: 
1) pode recolher os tributos com base na apuração trimestral do seu resultado; ou 
2) pode efetuar recolhimentos mensais calculados por mera estimativa. 
 
Veja o que diz o art. 2º da Lei nº 9.430/96: 
Art. 2º A pessoa jurídica sujeita a tributação com base no lucro real poderá optar pela pagamento 
do imposto, em cada mês, determinado sobre base de cálculo estimada, mediante a aplicação dos 
percentuais de que trata o art. 15 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, sobre a receita 
bruta definida pela art. 12 do Decreto-Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, auferida 
mensalmente, deduzida das devoluções, vendas canceladas e dos descontos incondicionais 
concedidos, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 29 e nos arts. 30, 32, 34 e 35 da Lei nº 
8.981, de 20 de janeiro de 1995. 
 
Art. 30. A pessoa jurídica que houver optado pela pagamento do imposto de renda na forma do 
art. 2º fica, também, sujeita ao pagamento mensal da contribuição social sobre o lucro líquido, 
determinada mediante a aplicação da alíquota a que estiver sujeita sobre a base de cálculo 
apurada na forma dos incisos I e II do artigo anterior. 
 
Imagine agora a seguinte situação hipotética: 
Determinada empresa adotou o regime de recolhimento de IRPJ e CSLL por estimativa (segunda opção 
acima exposta). Em outras palavras, ela fazia recolhimentos mensais por estimativa desses dois tributos 
e, ao final do ano, fazia o ajuste. 
Isso significa que, ao final do ano, era calculado se a empresa tinha pagado mais ou menos do que deveria 
e, então, era feito o ajuste. 
Essa sistemática de recolhimento por estimativa é prevista no art. 39 da Lei nº 8.383/91: 
Art. 39. As pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real poderão optar pelo pagamento, até 
o último dia útil do mês subsequente, do imposto devido mensalmente, calculado por estimativa, 
observado o seguinte: 
(...) 
§ 5º A diferença entre o imposto devido, apurado na declaração de ajuste anual (art. 43), e a 
importância paga nos termos deste artigo será: 
a) paga em quota única, até a data fixada para a entrega da declaração de ajuste anual, se positiva; 
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b) compensada, corrigida monetariamente, com o imposto mensal a ser pago nos meses 
subsequentes ao fixado para a entrega da declaração de ajuste anual, se negativa, assegurada a 
alternativa de requerer a restituição do montante pago indevidamente. 
 
Pagamento de juros em caso de ter recolhido ao logo do ano mais do que era devido 
Essa empresa ingressou com ação judicial alegando que, se ela pagou, ao longo dos meses, mais do que 
era devido, ao final do ano, quando for feito o ajuste, ela terá direito à compensação ou restituição de IRPJ 
e CSLL acrescido de juros com base na SELIC (Sistema Especial de Liquidação e Custódia). 
Para a empresa, a ausência de pagamento dos juros gera violação ao princípio constitucional da isonomia, 
considerando que outros contribuintes, que não aderem a essa sistemática de recolhimento por 
estimativa, caso paguem a mais, terão direito à restituição com juros. Logo, é isonômico ela ter também 
esse direito. 
 
A tese da empresafoi acolhida pelo STF? 
NÃO. 
Não viola a isonomia a ausência de previsão do pagamento de juros, pela taxa referencial do Sistema 
Especial de Liquidação e Custódia (SELIC), quando se verifica que a soma dos recolhimentos por 
estimativa realizados ao longo do ano é maior do que o valor devido, com base em efetiva apuração 
anual do lucro real, pois não existe mora da Fazenda Nacional. 
STF. 1ª Turma. RE 479956/SC, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 22/10/2019 (Info 957). 
 
A sistemática a que o contribuinte aderiu, por considerar que lhe era favorável, foi a de recolhimentos 
mensais por estimativa com ajustes no final do ano. O contribuinte é livre para optar ou não pelo regime, 
mas não pode escolher apenas parte dele. Dessa feita, se a empresa escolhe esse regime de recolhimentos 
mensais por estimativa, já sabe que a lei não prevê a restituição acrescida de juros na taxa SELIC. 
 
 
 
EXERCÍCIOS 
 
Julgue os itens a seguir: 
1) Não viola a isonomia a ausência de previsão do pagamento de juros, pela taxa referencial do Sistema 
Especial de Liquidação e Custódia (SELIC), quando se verifica que a soma dos recolhimentos por 
estimativa realizados ao longo do ano é maior do que o valor devido, com base em efetiva apuração 
anual do lucro real, pois não existe mora da Fazenda Nacional. ( ) 
2) O calendário disponível no sítio do Tribunal de Justiça que mostra os feriados na localidade não é 
documento idôneo para comprovar a ocorrência de feriado local no ato de interposição do recurso, nos 
termos do art. 1.003, § 6º, do CPC/2015. ( ) 
 
Gabarito 
1. C 2. E 
 
 
 
 
 
 
 
 
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OUTRAS INFORMAÇÕES 
 
 
 
Sessões Ordinárias Extraordinárias Julgamentos Julgamentos por meio 
eletrônico* 
 Em curso Finalizados 
Pleno 23.10.2019 23.10.2019 e 
24.10.2019 
3 0 105 
1ª Turma 22.10.2019 — 1 25 196 
2ª Turma 22.10.2019 — 0 1 255 
 
* Emenda Regimental 52/2019-STF. Sessão virtual de 18 a 24 de 2019. 
 
CLIPPING DAS SESSÕES VIRTUAIS 
DJE DE 21 A 25 DE OUTUBRO DE 2019 
AG. REG. NO MI N. 6.895-DF 
REDATOR DO ACÓRDÃO: MIN. EDSON FACHIN 
Direito Previdenciário. Agravo interno em mandado de injunção. Guarda municipal. Alegada atividade de risco. 
Aposentadoria especial. 1. Somente se verifica omissão inconstitucional, diante da expressão ‘atividades de risco’ contida 
no art. 40, § 4º, II, da Constituição da República, nos casos em que a periculosidade é inequivocamente inerente ao ofício. 
2. A exposição eventual a situações de risco a que podem estar sujeitos os guardas municipais e outras diversas categorias 
não garante direito subjetivo constitucional à aposentadoria especial. 3. A percepção de gratificações ou adicionais de 
periculosidade, assim como o porte de arma de fogo, não são suficientes para reconhecer o direito à aposentadoria 
especial, em razão da autonomia entre o vínculo funcional e o previdenciário. 4. Agravo provido para denegação da 
ordem. 
 
ADI N. 4.629-RS 
RELATOR: MIN. ALEXANDRE DE MORAES 
CONSTITUCIONAL. DIREITO FINANCEIRO E ORÇAMENTÁRIO. EMENDA CONSTITUCIONAL 59/2011 DO 
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. ALTERAÇÃO DOS PRAZOS DE ENCAMINHAMENTO DE LEIS 
ORÇAMENTÁRIAS. OFENSA AOS ARTS. 165 E 166 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E AO PRINCÍPIO DA 
SIMETRIA. NÃO OCORRÊNCIA. AUTONOMIA DOS ESTADOS-MEMBROS. AUSÊNCIA DE NORMAS GERAIS 
DA UNIÃO. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA PLENA DOS ESTADOS (ART. 24, § 3º, CF). IMPROCEDÊNCIA. 
1. O legislador constituinte deixou a cargo da lei complementar a regulamentação sobre “o exercício financeiro, a 
vigência, os prazos, a elaboração e a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei 
orçamentária anual” (CF, art. 165, § 9º). No plano federal, enquanto não editadas as normas gerais, aplica-se o disposto 
no art. 35, § 2º, incisos I, II e III, do ADCT. 
2. O art. 35, § 2º, I, do ADCT dispõe que a lei do plano plurianual tem vigência até “o final do primeiro exercício 
financeiro do mandato presidencial subsequente”, com início no segundo ano de mandato. Assim, no ano em que for 
editado o PPA, a Lei de Diretrizes Orçamentárias deve ser compatível com o plano então vigente (CF, art. 166, § 4º). 
3. No caso da Emenda Constitucional 59/2011 do Estado do Rio Grande do Sul, o legislador estadual manteve a mesma 
sistemática aplicada à União, embora com prazos próprios de tramitação das leis orçamentárias. Respeito ao Princípio da 
Simetria. 
4. Além disso, no tocante à distribuição de competências, a Constituição Federal instituiu um “condomínio legislativo” 
entre a União e os Estados-Membros, cabendo à primeira a edição de normas gerais sobre as matérias elencadas no art. 
24 da CF. 
5. Competência legislativa plena dos Estados-Membros quando inexistente norma federal a estabelecer normatização 
de caráter geral (CF, art. 24, § 3º). 
6. Ação Direta julgada improcedente 
 
ADI N. 3.870-SP 
RELATOR: MIN. ROBERTO BARROSO 
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DIREITO CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA. LEI ESTADUAL QUE DISPENSA MÚSICOS DA 
APRESENTAÇÃO DE CARTEIRA DA ORDEM DOS MÚSICOS DO BRASIL. COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA 
UNIÃO. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL. 
1. A Lei Estadual nº 12.547, de 31 de janeiro de 2007, do Estado de São Paulo, dispensa músicos que participem de 
shows e espetáculos que se realizem naquele estado da apresentação da Carteira da Ordem dos Músicos do Brasil, além 
de prever punições para quem exigir o documento. 
2. As Confederações Nacionais possuem legitimidade ativa para a propositura de ações diretas de 
inconstitucionalidade, pois são entidades de alcance nacional e atuação transregional dotadas de expresso mandato para 
representação de interesses de setores econômicos, comportando diversas classes. Precedente. 
3. A invocação de invasão da competência legislativa da União envolve, diretamente, a confrontação da lei atacada 
com a Constituição, não havendo que se falar nessas hipóteses em ofensa reflexa à Lei Maior. Precedentes. 
4. A competência para legislar sobre condições para o exercício de profissões é privativa da União (CF, art. 22, XIV). 
Ainda que a Lei Federal nº 3.857/1960 tenha sido declarada materialmente inconstitucional pelo Supremo Tribunal 
Federal, em recurso extraordinário com repercussão geral (RE 795467 RG, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 05.06.2014), não 
se negou a competência federal para tratar do tema. Não cabe à lei estadual regular as condições para o exercício da 
profissão de músico, mesmo que a pretexto de garantir a livre atuação dos artistas. 
5. Procedência do pedido. 
 
ADI N. 3.297-DF 
RELATOR: MIN. ALEXANDRE DE MORAES 
CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. ART. 1º DA EMENDA CONSTITUCIONAL 41/2003. ATRIBUIÇÃO DE 
INCIATIVA LEGISLATIVA AO PODER EXECUTIVO PARA INSTITUIÇÃO DO REGIME DE PREVIDÊNCIA 
COMPLEMENTAR (RPC) PARA TODOS OS SERVIDORES PÚBLICOS (ART. 40, § 15, DA CF). PROIBIÇÃO 
QUANTO À EXISTÊNCIA DE MAIS DE UM REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL E MAIS DE UMA 
UNIDADE GESTORA DO RESPECTIVO REGIME (ART. 40, § 20, DA CF). EXTENSÃO A MAGISTRADOS. 
ALEGAÇÃO DE OFENSA AO PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES E VIOLAÇÃO DA AUTONOMIA E 
INDEPENDÊNCIA FINANCEIRA E ADMINISTRATIVA DO PODER JUDICIÁRIO. INOCORRÊNCIA. AÇÃO 
IMPROCEDENTE. 
1. O controle de constitucionalidade de emendas constitucionais é admitido pela jurisprudência desta CORTE (ADI 
3.128, Rel. Min. ELLEN GRACIE, redator para acórdão Min. CEZAR PELUSO, Tribunal Pleno, DJ de 18/2/2005; ADI 
1.946-MC, Rel. Min. SYDNEY SANCHES, Tribunal Pleno, DJ de 14/9/2001; ADI 939, Rel. Min. SYDNEY SANCHES,Tribunal Pleno, DJ de 18/3/1994), tendo como parâmetro a disciplina especial fixada pelo constituinte originário como 
limites para a reforma do texto constitucional (art. 60 da CF). 
2. As normas constitucionais que especificam matérias cuja iniciativa de lei é reservada ao Poder Judiciário (arts. 93 e 
96 da CF) contemplam um rol taxativo, que não inclui a instituição de regime previdenciário exclusivo para a 
magistratura. 
3. O ideal igualitário perseguido pelo legislador constitucional (EC 20/1998), ao aproximar os proventos de 
aposentadoria e pensão dos servidores públicos aos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, justifica a 
existência, no âmbito de cada ente político, de apenas um Regime 
Próprio de Previdência Social (RPPS) e única unidade gestora do respectivo regime (art. 40, § 20, da CF), para atender 
isonomicamente a todos os servidores públicos. 
4. O Regime de Previdência Complementar (RPC) é facultativo, tanto na instituição, pelo ente federativo, quanto na 
adesão, por parte do servidor. A norma constitucional impõe que os benefícios a serem pagos pelo RPC sejam estruturados 
exclusivamente na modalidade de contribuição definida (art. 40, § 15, da CF), permitindo ao participante indicar o valor 
de sua contribuição mensal e projetar o valor da renda a ser recebida no momento de sua aposentadoria. Por isso, a 
mudança nas regras de aposentadoria não compromete as prerrogativas funcionais e institucionais do Poder Judiciário e 
de seus membros. 
5. Ação direta julgada improcedente. 
 
AG. REG. NA AR N. 1.956-RS 
RELATORA: MIN. ROSA WEBER 
AGRAVO REGIMENTAL NA AÇÃO RESCISÓRIA. CRÉDITOS DE ICMS NA AQUISIÇÃO DE PRODUTOS 
INTEGRANTES DA CESTA BÁSICA. ACÓRDÃO RESCINDENDO EM HARMONIA COM A POSIÇÃO DO 
PLENÁRIO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL VIGENTE À ÉPOCA. ALTERAÇÃO POSTERIOR DE 
ORIENTAÇÃO. SÚMULA 343/STF. NÃO CABIMENTO DA AÇÃO. ENTENDIMENTO FIRMADO EM REGIME 
DE REPERCUSSÃO GERAL (RE 590.809). IRRELEVÂNCIA DA MAIOR OU MENOR EXTENSÃO DE TEMPO 
ENTRE O JULGAMENTO RESCINDENDO E A VIRADA JURISPRUDENCIAL. AGRAVO A QUE SE NEGA 
PROVIMENTO. 
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Informativo 957-STF (04/11/2019) – Márcio André Lopes Cavalcante | 9 
1. O julgamento que deu origem ao acórdão rescindendo (RE-AgR 353.133) foi proferido pela Primeira Turma em 
15.3.2005, ocasião em que acolhida a orientação do Plenário então vigente, no sentido da legitimidade da apropriação de 
créditos do ICMS pela entrada de produtos da cesta básica, cuja saída contava com o benefício da base de cálculo reduzida, 
só alterada em 17.3.2005, por ocasião do julgamento do RE 174.478. 
2. Em regime de repercussão geral, o Supremo Tribunal Federal fixou a tese de que “não cabe ação rescisória quando 
o julgado estiver em harmonia com o entendimento firmado pelo Plenário do Supremo à época da formalização do acórdão 
rescindendo, ainda que ocorra posterior superação do precedente” (RE 590.809, Relator Min. Marco Aurélio, DJe 
24.11.2014). 
3. Irrelevante o lapso temporal, mais ou menos extenso, decorrido entre o julgamento e virada jurisprudencial no 
âmbito da Suprema Corte. 
4. Desimportante, também, se, entre a data do julgamento e a publicação do acórdão, houve a virada jurisprudencial. 
Por óbvio, o acórdão publicado apenas reflete o julgamento já realizado. 
5. Agravo regimental a que se nega provimento. 
 
AG. REG. NO ARE N. 1.220.335-SP 
RELATOR: MIN. LUIZ FUX 
AGRAVO INTERNO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. ELEIÇÕES 2016. VICE-PREFEITA 
CANDIDATA À REELEIÇÃO QUE SUCEDEU PREFEITA CASSADA 18 (DEZOITO) DIAS ANTES DO PLEITO. 
INELEGIBILIDADE SUPERVENIENTE. APLICAÇÃO DA REGRA PREVISTA NO ARTIGO 14, § 6º, DA 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PRECEDENTES DO STF. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA A 
FUNDAMENTO DA DECISÃO QUE INADMITIU O RECURSO EXTRAORDINÁRIO. SÚMULA 287 DO STF. 
AGRAVO INTERNO DESPROVIDO. 
 
AG. REG. NO ARE N. 965.443-DF 
RELATOR: MIN. GILMAR MENDES 
Agravo regimental em recurso extraordinário com agravo. 2. Direito Administrativo. 3. Reposicionamento de auditores 
fiscais da Receita Federal na tabela de vencimentos. Lei 10.682/2003. 4. Agravo em recurso extraordinário que infirma 
os fundamentos do juízo de admissibilidade. Não aplicabilidade da Súmula 287. 5. A oposição de embargos de declaração 
sobre o tema, rejeitados pela Turma de origem, supre o requisito do prequestionamento. 6. Contraria a Súmula Vinculante 
10 e a cláusula constitucional de reserva de plenário o acórdão turmário que aplica norma legal a destinatários 
expressamente excluídos por ela, por razões de equidade. 7. Negado provimento ao agravo regimental, sem majoração da 
verba honorária. 
 
AG. REG. NO ARE N. 1.181.100-PR 
RELATOR: MIN. GILMAR MENDES 
Agravo regimental em recurso extraordinário com agravo. 2. Direito Constitucional. 3. Lei do Município de Luiziana que 
restringiu o uso de herbicidas à base de 2.4-D. Não se trata de uma limitação genérica. Restrição em relação a certas 
localidades e determinadas épocas do ano. Alegação de inconstitucionalidade. Não acolhimento. Competência legislativa 
suplementar do Município, art. 30, II, do texto constitucional. 4. Ausência de argumentos capazes de infirmar a decisão 
agravada. 5. Agravo regimental a que se nega provimento. Sem majoração da verba honorária. 
 
AG. REG. NO RE N. 632.673-RS 
RELATOR: MIN. EDSON FACHIN 
AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. INTERPOSIÇÃO EM 22.09.2017. 
DESAPROPRIAÇÃO. EXECUÇÃO DE SENTENÇA. APRESENTAÇÃO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO NA 
INSTÂNCIA DE ORIGEM. LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA ATUAR EM DEFESA DO 
PATRIMÔNIO PÚBLICO. ARTS. 127 E 129 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, DISPOSITIVOS DADOS COMO 
CONTRARIADOS NO APELO EXTREMO. DECISÃO MONOCRÁTICA DO RELATOR. AUTORIZAÇÃO. ART. 
21, § 2º, DO RISTF. PRECEDENTE. AGRAVO NÃO PROVIDO. 
1. A jurisprudência desta Suprema Corte orienta-se no sentido da legitimidade do Ministério Público, nos termos do 
art. 127 e 129 da Constituição Federal, para atuar nos casos em que se evidencie o interesse público envolvido, de modo 
a evitar lesão ao patrimônio estatal. 
2. Admite-se neste Tribunal, por meio de interpretação extensiva do art. 21, § 2º, do RISTF, que monocraticamente se 
dê provimento a recursos extraordinários quando se verifica na decisão recorrida contrariedade à jurisprudência 
dominante, como no caso dos autos. 
3. Agravo regimental a que se nega provimento. 
 
 
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Informativo 957-STF (04/11/2019) – Márcio André Lopes Cavalcante | 10 
AG. REG. NO ARE N. 1.124.063-DF 
RELATOR: MIN. EDSON FACHIN 
AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. INTERPOSIÇÃO EM 14.04.2019. 
DIREITO FUNDAMENTAL À MORADIA. IMÓVEL PÚBLICO. OCUPAÇÃO IRREGULAR. INÉRCIA DO PODER 
PÚBLICO. DIRETRIZES E INSTRUMENTOS DA POLÍTICA URBANA. APLICABILIDADE. AFRONTA AO 
PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DE PODERES. NÃO CONFIGURAÇÃO. PRECEDENTES. 
1. É firme o entendimento deste Tribunal de que o Poder Judiciário pode, sem que fique configurada violação ao 
princípio da separação dos Poderes, determinar a implementação de políticas públicas em defesa de direitos fundamentais. 
2. O exercício do poder de polícia de ordenação territorial pode ser analisado a partir dos direitos fundamentais, que 
constituem, a toda evidência, o fundamento e o fim da atividade estatal. 
3. Agravo regimental a que se nega provimento. 
 
AG. REG. NO RE N. 1.202.152-RS 
RELATORA: MIN. CÁRMEN LÚCIA 
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO ADMINISTRATIVO. NEGATIVA DE 
REALIZAÇÃO DE TESTE DO BAFÔMETRO. DIREITO A NÃO AUTOINCRIMINAÇÃO. EMBRIAGUEZ NÃO 
COMPROVADA. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO.Supremo Tribunal Federal – STF 
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