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Princípios constitucionais do direito do trabalho Princípio da fonte normativa mais favorável ao trabalhador O princípio da fonte normativa mais favorável aos trabalhadores tem previsão no art. 7º, caput, juntamente com o art. 5º, § 2º, da Constituição Federal. Vale dizer, a CF prescreve uma série mínima de direitos fundamentais sociais trabalhistas e, ao mesmo tempo, dar uma autorização para a aplicabilidade de outros direitos, com previsão em outras fontes normativas do Direito, desde que estes direitos melhorem das condições econômicas, sociais e jurídicas dos trabalhadores. O mencionado princípio pode ser utilizado tanto na interpretação como na aplicabilidade de determinada norma jurídica. Além disso, pode ser utilizado também para solucionar situações de antinomias entre normas infraconstitucionais e até mesmo diante de colisão entre direitos fundamentais. Princípio da proteção da relação de emprego O supracitado princípio tem como principal objetivo proteger a relação de emprego contra a hipótese de uma dispensa arbitrária ou discriminatória e também sem justa causa. Sua previsão é determinada pelo inc. I do art. 7º da CF e o art. 10 do ADCT, podendo encontra-lo também nos incs. II, III, XVIII, XIX e XXI do art. 7º da CF. Tal princípio encontra apoio na Convenção 158 da OIT, que uma das finalidades é a proteção do trabalhador contra a dispensa que não seja altamente justificável. Princípio de proteção ao salário O princípio de proteção ao salário tem desdobramentos em outros quatro princípios, todos com previsão no artigo 7º da Constituição Federal, como o princípio da garantia do salário mínimo com reajustes dentro de determinados períodos para que assegurem o poder de compra do trabalhador para garantir a sua subsistência e da sua família com previsão no inc. IV do citado artigo; o princípio da irredutibilidade salarial (inc. VI) e o princípio da isonomia salarial (XXX). Princípio da proteção ao mercado de trabalho da mulher O mencionado princípio estar previsto no inc. XX do art. 7º da Constituição Federal tem como finalidade estabelecer ações que busquem benefícios em prol das mulheres empregadas. Visando corrigir as injustiças históricas e as discriminações que as mulheres sofreram e sofrem no mercado de trabalho em comparação aos homens. Princípio da proibição ao trabalho infantil e da exploração do trabalho do adolescente A CF em seu artigo 7º, XXXIII, determina expressamente a proibição da realização de qualquer trabalho executado por menores de dezesseis anos, sendo apenas permitido na condição de aprendiz a partir dos quatorze anos, e proibiu o trabalho no período noturno, em condições insalubres ou perigosas aos menores de dezoito anos. Princípio da proteção ao meio ambiente do trabalho Esse princípio tem previsão na CF em seu artigo 225 combinado com o artigo 200, inciso VIII, sendo implementado por meio de outros princípios com previsão no artigo 7º do texto constitucional, como mostramos a seguir: princípio da limitação da duração do trabalho (incisos XIII, XIV, XV, XVI e XVII); princípio da proteção diante da automação (inciso XXVII); princípio da redução dos riscos inerentes ao trabalho (inciso XXII); princípio da obrigatoriedade de seguro contra acidentes de trabalho (inciso XXVIII, parte 1); princípio da responsabilidade civil do empregador pelos danos morais e materiais sofridos pelo trabalhador (inciso XXVIII, parte dois); princípio do pagamento de adicionais de remuneração para as atividades insalubres, perigosas ou penosas (inciso XXIII). Princípio da proibição de discriminação O citado princípio possui seus desdobramentos em outros três princípios, todos com previsão no artigo 7º da Constituição Federal, como serão mostrados a seguir: princípio da proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por qualquer que seja o motivo seja em virtude do sexo, da idade, da cor ou do estado civil (inciso XXX); princípio da proibição de qualquer forma de discriminação ao que se refere ao salário e critérios de admissão do trabalhador PCD (pessoa com deficiência) (inciso XXXI) e princípio da proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais que executam esse tipo de atividade laboral. A Lei 13.467/2017 (conhecida como reforma trabalhista), foi de encontro ao princípio da proibição de discriminação, e fez a inclusão do parágrafo único no artigo 444 da Consolidação das Leis do Trabalho, criando uma nova forma de “empregado hipersuficiente”, uma vez que dar autorização para “a livre estipulação” nos contratos individuais de trabalho às hipóteses com previsão no artigo 611-A da CLT: “com a mesma eficácia legal e preponderância sobre os instrumentos coletivos, no caso de empregado portador de diploma de nível superior e que perceba salário mensal igual ou superior a duas vezes o limite máximo dos benefícios do RGPS”. Princípio do reconhecimento das convenções e acordos coletivos A Carta Magna ao determinar que o Brasil é uma república e que tem por fundamento basilar um Estado Democrático de Direito, reconhece as convenções e acordos coletivos como formas de ampliar os direitos fundamentais sociais dos trabalhadores (artigo. 7º, inciso XXVI). As convenções e acordos coletivos devem ser firmados dentro dos limites do texto constitucional, de forma que não devem ultrapassar as determinações feitas pela CF, como por exemplo, criar um novo piso salarial inferior ao salário mínimo ou até mesmo determinar a realização de jornadas de trabalho acima do período legal. Vale salientar que o supracitado princípio deve estar em harmonia com os demais princípios constitucionais, e principalmente aquele com previsão no caput do artigo 7º da própria Carta Magna. Nesse diapasão, o Tribunal Superior do Trabalho editou a OJ-SDC- nº 30; como mostraremos a seguir: Dissídio coletivo. Estabilidade provisória da gestante. Renúncia ou transação de Direitos Constitucionais. Impossibilidade (republicada em decorrência de erro material, DEJT divulgado em 19, 20 e 21.09.2011). Nos termos do artigo 10, inciso II, alínea “b”, do ADCT da CF/88, a proteção à maternidade foi erigida à hierarquia constitucional, pois retirou do âmbito do direito potestativo do empregador a possibilidade de despedir arbitrariamente a empregada em estado gravídico. Portanto, a teor do art. 9º da CLT, torna-se nula de pleno direito a cláusula que estabelece a possibilidade de renúncia ou transação, pela gestante, das garantias referentes à manutenção do emprego e salário.
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