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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE LOGOTERAPIA Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 67 CURSO DE LOGOTERAPIA MÓDULO IV Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 68 MÓDULO IV 4 PATOLOGIAS DERIVADAS DA AUSÊNCIA DE SENTIDO Ao longo de sua obra, Frankl (2003a) discute os principais sintomas do vácuo existencial: a depressão, a agressão e a toxicodependência. No caso da depressão, Frankl (2003a) discute sua manifestação extrema, o suicídio. Em um estudo norte-americano, jovens que haviam tentado cometer suicídio foram entrevistados e encontrou-se que 85% deles referiam sentir que sua vida carecia de sentido. E dentre esses, 93% tinham um ambiente socioeconômico favorável e uma boa relação com sua família. Assim, a falta de um sentido para a vida aparece como um forte elemento de motivação para dar fim à própria vida. Obviamente, nem todo suicídio terá esta razão, mas, para Frankl (1990), ele certamente não seria cometido, caso a pessoa tivesse algo pelo qual viver. No caso das agressões, Frankl (2003b) entende que há causas para a violência humana; causas de ordem fisiológica, psíquica, econômica e outras. No entanto, a agressividade seria um fenômeno carente de sentido. Dentro dessa perspectiva, o ódio (assim como o amor) seria uma condição humana carregada de intencionalidade, mas a agressividade, ao contrário, estaria vinculada à condição animal. O homem mostraria humanidade quando, sentindo ódio, assumisse uma posição pessoal diante da agressividade. Além das formas de violência mais conhecidas, Frankl (1978/1989 apud MOREIRA et al., 2006) aponta que ela também manifesta quando um homem se dirige a outro sem objetivar um encontro, mas apenas por uma concepção utilitarista que visa um meio para obter satisfação. A violência é assim a própria ausência de sentido para a constituição de uma relação com o outro. Um estudo na Nova Zelândia obteve que quanto maior a sensação de falta de sentido maior a predisposição para o comportamento agressivo. Por outro lado, AN02FREV001/REV 4.0 69 quando um sentido é encontrado, especialmente aquele que emerge de uma tarefa em comum, em que se encontra um sentido, as agressões são abandonadas (FRANKL, 1990). Por fim, sobre a toxicodependência, um estudo com 416 estudantes, obteve resultados que contestavam a explicação de que o envolvimento com drogas estaria ligado a uma “fraca imagem paterna”. Por outro lado, observou-se correlação significativa entre o projeto de vida e o índice de envolvimento com drogas: os estudantes com projeto de vida elevado tinham um envolvimento muito menor com tóxicos (FRANKL, 1989). Outros estudos chegaram a resultados semelhantes. Todos apontaram para o fato de que a busca e o envolvimento com drogas, como marijuana e alucinógenos, estavam estreitamente ligados ao fato do jovem não encontrar um sentido para sua vida (FRANKL, 1989). Em relação ao alcoolismo, os resultados mantêm sua coerência. Um estudo realizado na Califórnia mostrou que 18 em 20 alcoolistas consideravam suas vidas sem sentido e sem um objetivo a ser perseguido, ou seja, um índice de 90% dos casos. Consequentemente, uma pesquisa encontrou que as técnicas da logoterapia são superiores às outras no tratamento do alcoolismo (FRANKL, 1989). FIGURA 18 - ALCOOLISMO FONTE: Disponível em: <https://encrypted-tbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSb- Ck908LE_HWmnzAOCXSeOYwI4DQ5nqLksvbSbqPkPNp4cOTb8Q> Acesso em: 01 jul.2013. AN02FREV001/REV 4.0 70 Disso entende-se que, se a dependência química, segundo a perspectiva de Viktor Frankl (1989), quando motivada por uma frustração existencial, deve ser enfrentada com uma psicoterapia que leve em conta essa questão e alcance a dimensão espiritual do homem, ligada à vivência da liberdade e da responsabilidade. 5 O USO DE RECURSOS LOGOTERAPÊUTICOS EM EMPRESAS Segundo Calero (2012), as propostas da logoterapia são aplicáveis no contexto organizacional e poderiam levar a êxitos incalculáveis. Segundo o princípio da autotranscendência, o homem está sempre direcionado a algo que vai além dele próprio; algo por meio do qual alcance sua realização e só então sua satisfação. O trabalho, quando torna a existência humana plena de sentido, pode ser gerador dessa realização. FIGURA 19 – SENTIDO DO TRABALHO FONTE: Disponível em: <http://blogdoprudencio.files.wordpress.com/2011/10/ambiente.jpg> Acesso em: 01 jul. 2013. Quando os empregados se identificam com a empresa e associam seu desempenho profissional com sua realização pessoal, sentem-se motivados a realizar seu trabalho da melhor maneira possível. Mas, para tanto, deve haver um AN02FREV001/REV 4.0 71 porquê de fazerem o que fazem em seu cotidiano de trabalho. Se, ao contrário, o trabalhador não encontra nenhum sentido em sua atividade profissional fica diante de uma frustração existencial. Por meio do trabalho realizado com inteligência, criatividade e esforço, o homem transforma a natureza em benefício de si e da humanidade, o que pode ocorrer em qualquer profissão. Dessa forma, o sentido e valor do trabalho não são inerentes à atividade que se realiza, mas sim ao que essa contribui com a comunidade. A profissão dá ao homem apenas a oportunidade de se tornar insubstituível. Mas é só o próprio homem – ao se dedicar a seu trabalho, realizando sentidos e contribuindo com sua comunidade – pode fazer uso ou não dessa oportunidade. E isso nada tem a ver com a profissão que se escolheu: disse-nos uma vez uma paciente que, como considerava sem sentido a sua vida, não tinha o menor interesse em ficar curada; mas, como tudo seria diferente e belo se ela tivesse uma profissão que a satisfizesse!; Se, por exemplo, fosse médica, ou enfermeira, ou química, para poder fazer descobertas cientificas. O indicado, no caso, era fazer ver à doente que o que importa não é, de modo algum, a profissão em que algo se cria, mas antes o modo como se cria; que não depende da profissão concreta como tal, mas sim de nós, o fazermos valer no trabalho aquilo que em nós há de pessoal e específico, conferindo à nossa existência o seu ‘caráter de algo único’, fazendo-a adquirir, assim, pleno sentido (FRANKL, 2003b, p. 161) O trabalho como campo de possível realização sofre um desvio, em função de circunstâncias dominantes. É o caso dos trabalhos mecânicos e impessoais, que constituem apenas meio para um fim, ou seja, obter recursos para sobreviver. A marcada preocupação com o humano dentro da logoterapia, também aponta para caminhos diferentes daqueles observados em muitos ambientes empresariais. Segundo Calero (2012), hoje as organizações se contentam em ter empregados motivados, possuindo uma mentalidade utilitarista que ignora o valor da vida humana que contribui para o andamento das empresas. Nesses casos, a logoterapia aponta para a necessidade de que haja uma mentalidade mais humana nas organizações do trabalho.