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1 2 SUMÁRIO 1 O QUE É MEIO AMBIENTE? ............................................................. 3 1.1 Alguns Paradigmas da Ciência Ambiental ................................... 5 1.2 Resgate histórico sobre a origem dos problemas ambientais da atualidade 6 1.3 Participação Social .................................................................... 10 1.4 Impacto Ambiental: aspectos conceituais .................................. 11 2 MEIO AMBIENTE E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ........................... 13 3 CRIMES AMBIENTAIS .................................................................... 18 4 O IMPACTO DA CULTURA DO CAFÉ NO MEIO AMBIENTE DO BRASIL DO SÉCULO XVIII AO XXI ................................................................. 19 5 PRESERVAÇÃO AMBIENTAL ........................................................ 23 6 IMPORTÂNCIA DA PRESERVAÇÃO AMBIENTAL ......................... 26 7 A CAFEICULTURA NO BRASIL ...................................................... 27 8 O IMPACTO AMBIENTAL DA CAFEICULTURA ............................. 28 9 O CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO E A CAFEICULTURA ....... 31 10 MUDANÇAS DO CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO ............... 35 11 PRESERVAR O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVER A CAFEICULTURA .............................................................................................. 35 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 38 12 LEITURA COMPLEMENTAR ....................................................... 41 12.1 Gestão ambiental e produção sustentada de café em área de proteção ambiental. I - caracterização da vegetação ................................... 41 3 1 O QUE É MEIO AMBIENTE? Para esta pergunta poderemos obter as mais diferentes e variadas respostas, que indicam as representações sociais, o conhecimento científico, as experiências vividas histórica e individualmente com o meio natural. Para a realização da educação ambiental popular, é importante termos um conceito que oriente as diferentes práticas. Assim, definimos meio ambiente como o lugar determinado ou percebido onde os elementos naturais e sociais estão em relações dinâmicas e em interação. Essas relações implicam processos de criação cultural e tecnológica e processos históricos e sociais de transformação do meio natural e construído. Nesta definição de meio ambiente fica implícito que: Ele é "determinado": - quando se trata de delimitar as fronteiras e os momentos específicos que permitem um conhecimento mais aprofundado. Ele é "percebido" quando cada indivíduo o limita em função de suas representações sociais, conhecimento e experiências cotidianas. As relações dinâmicas e interativas indicam que o meio ambiente está em constante mutação, como resultado da dialética entre o homem e o meio natural. Isto implica um processo de criação que estabelece e indica os sinais de uma cultura que se manifesta na arquitetura, nas expressões artísticas e literárias, na tecnologia, etc. Em transformando o meio, o homem é transformado por ele. Todo processo de transformação implica uma história e reflete as necessidades, a distribuição, a exploração e o acesso aos recursos de uma sociedade. A definição de meio ambiente acima exige um aprofundamento teórico que conta com a contribuição de diferentes ciências que se aglutinam no que se convencionou chamar de Ciência Ambiental. Tem se tornado cada vez mais claro 4 e consensual que a Ciência Ambiental só se realizará através da perspectiva interdisciplinar. Fonte: todamateria.com.br A problemática ambiental não pode se reduzir só aos aspectos geográficos e biológicos, de um lado, ou só aos aspectos econômicos e sociais, de outro. Nenhum deles, isolado, possibilitará o aprofundamento do conhecimento sobre essa problemática. À Ciência Ambiental cabe o privilégio de realizar a síntese entre as ciências naturais e as ciências humanas, lançando novos paradigmas de estudo onde não se "naturalizarão" os fatores sociais e nem se "socializarão" os fatores naturais. Diferentes áreas de estudo de disciplinas diversas podem contribuir para o desenvolvimento da Ciência Ambiental dentro da ideia de interdisciplinaridade. No entanto, esta ideia enfrenta algumas dificuldades para se concretizar, tanto em nível teórico como em nível prático. Se, atualmente, temos cada vez mais trabalhos teóricos que se baseiam no conhecimento acumulado nas diferentes ciências (incluindo as exatas), podemos ainda notar a dificuldade para muitos autores se lançarem nas ciências que não dominam com a mesma profundidade atingida nas suas especialidades. Esses autores não ousam trilhar por ciências onde não terão o mesmo reconhecimento de seus pares e ainda 5 serem alvos fáceis de críticas dos especialistas dessas outras ciências. Devemos também considerar o extremo corporativismo ainda presente nos meios acadêmicos e científicos, que impede a troca de experiências e informações entre cientistas de especialidades diferentes e supostamente antagônicas. A Ciência Ambiental exige dos atores envolvidos conhecimento aprofundado, espírito curioso e modéstia diante do desconhecido. Na sua fase atual, que é de busca da síntese e da perspectiva interdisciplinar, é fundamental a troca de conhecimentos de origens científicas diversas, possibilitando dar algumas respostas às complexas questões que fazem parte do seu quadro teórico. 1.1 Alguns Paradigmas da Ciência Ambiental Observamos que nos últimos anos o conceito de desenvolvimento sustentável tem substituído na literatura especializada os conceitos de desenvolvimento alternativo e ecodesenvolvimento. Porém, esses conceitos são originados da Conferência de Estocolmo de 1972, sendo que o de desenvolvimento alternativo lhe é anterior. A partir dessa Conferência, o ecodesenvolvimento foi o conceito mais fundido na literatura especializada, até, principalmente, a publicação do Report Brundtland em 1987. Pearce et al (1989) observam que existem diferentes definições de desenvolvimento sustentado que ilustram as diferentes perspectivas apresentadas, sobretudo na segunda metade da década de 80, na literatura anglo-saxônica. À parte está questão de conceitualização, o que nos parece importante enfatizar é que atualmente as propostas de desenvolvimento econômico que não levam em consideração os fatores ambientais estão condenados ao esquecimento. As recentes mudanças no cenário político internacional têm mostrado que tanto sob o capitalismo como sob o socialismo a questão ambiental tem um peso político muito grande que interessa tanto a uns quanto a outros. Motivo pelo qual a ideia de desenvolvimento sustentado tem estado presente nos debates e 6 acordos internacionais. Porém, ela não se apresenta de forma homogênea, como já foi assinalado por Pearce et al (1989). Nas sociedades capitalistas periféricas, a ideia de desenvolvimento sustentável não pode se restringir à preservação de recursos naturais, visando o abastecimento de matérias primas às gerações futuras, como tem sido enfatizado nos países de capitalismo avançado. Elementos básicos das necessidades humanas e intimamente dependentes da problemática ambiental, como transportes, saúde, moradia, alimentação e educação, estão longe de terem sido resolvidos. Nos pontos comuns e divergentes entre sociedades capitalistas desenvolvidas e periféricas, podemos considerar que, para a realização do desenvolvimento sustentado em nível global, é de fundamental importância o estabelecimento de uma nova ordem econômica e ecológica, onde países dos hemisférios Norte e Sul possam dialogar em igualdade de condições. Porém, esse diálogo (se ocorrer) não será sem dificuldades, pois a falta de homogeneidade dospaíses do Terceiro Mundo e a passividade frente ao poderio econômico (e militar) dos países do Norte são duas dificuldades evidentes. Em face disso, qualquer que seja o conceito de desenvolvimento, dificilmente podemos garantir, pacificamente, às gerações futuras de qualquer parte do globo, o patrimônio natural e cultural comum da humanidade. 1.2 Resgate histórico sobre a origem dos problemas ambientais da atualidade Os nossos ancestrais, que viveram a cerca de 02 (dois) milhões de anos atrás (homo erectus), se alimentavam através da caça, da pesca e da colheita de onde eles retiravam todos os nutrientes necessários para sua sobrevivência. Tal processo se deu de forma dinâmica, ou seja, as primeiras civilizações eram nômades, não tinham locais de moradia fixos, permanecendo na localidade até o momento que está tinha suprimentos suficientes para sua alimentação e, consequentemente, sobrevivência. Apesar do processo de exploração do meio ambiente ter se dado de forma mais amena, devido a uma menor população, com menor mobilidade e a inexistência de tecnologias de alto poder destrutivo, 7 verificou-se a extinção de algumas espécies animais, como também, a modificação do meio ambiente através de queimadas e derrubadas de árvores. Ou seja, o homem interferia no meio ambiente o qual estava inserido, modificando-o de modo a atender suas necessidades (PONTING, 1995). Com o surgimento da agricultura, processo que se desenvolveu de forma inconsciente através das modificações feitas pelo homem ao meio ambiente, foi possível estabelecer moradias fixas (sedentários), o que aumentou, por conseguinte, o crescimento da população uma vez que, existiam mais alimentos disponíveis em pequenos espaços. Fato que deu origem às primeiras cidades. Tomando por base as discussões levantadas por Clive Ponting (op. cit.) pode-se tecer algumas considerações a esse respeito, a saber: a agricultura foi fundamental para fixação do homem nos territórios, o que possibilitou um maior crescimento populacional; inovações tecnológicas (uso do fogo, da roda e da escrita, por exemplo); a agricultura também propiciou o surgimento de batalhas, verdadeiras disputas entre sociedades distintas por terras e recursos naturais, fato que desencadeou o surgimento de armamentos de defesa de modo a garantir a segurança de seus territórios; a agricultura foi responsável pelos primeiros impactos ocasionados ao meio ambiente, os quais, com o tempo e amplitude, tornaram- se avassaladores. Complementando as observações sobre a relação entre os problemas ambientais e o surgimento da agricultura, o autor supramencionado ressalta esta questão enfatizando que, a partir do advento da agricultura, assistiu-se (a humanidade) aos primeiros exemplos de alterações ocasionadas pela ação humana, bem como o seu poder de destruição, se caracterizando como os primeiros exemplos de sociedade que danificavam o ambiental de forma a provocar o seu próprio colapso. Dessa forma, observou-se que, após o advento da agricultura, e o surgimento das primeiras cidades, houve uma grande 8 modificação no processo de organização das antigas civilizações, dando origem a sociedades cada vez mais organizada, hierarquizada e estratificada. O homem passou a interferir no meio ambiente de forma a atender suas necessidades, transformando o meio natural em meio cultural, e dessa forma, não se enxergando como parte da natureza4 em que vive e da qual sobrevive. Desse modo, a exploração ambiental se intensificou, o homem julgando-se senhor da natureza poderia, portanto, manipulá-la como desejasse. Tal ideia, de superioridade, foi posta em prática pelo fato do homem se considerar um ser social, de acordo com Gonçalves (2008, p. 39/40): Dizer, portanto, que o homem é um ser social como se isso o distinguisse dos demais seres da natureza pode ser uma afirmação altissonante, mas que pouco faz avançar qualquer esforço de diferenciação entre o homem e a natureza, na medida em que os seres vivos, sobretudo os animais, já vivem socialmente. Isso não quer dizer que o homem não seja um animal social, mas que é social porque é animal e os animais vivem socialmente. De acordo com Branco (2007), a origem da palavra natureza vem do latim natura, que em suas raízes tinha o significado de “ação de fazer nascer”. Natureza é, assim, a faculdade geradora, o princípio e o conjunto de tudo que nasce. A palavra natureza corresponde à palavra physis, do grego, que significa nascimento, origem, força, geração. Para Capra (2004) a natureza é uma complexa teia de relações entre as várias partes de um todo unificado. A “teia da vida” é uma ideia antiga, que tem sido utilizada por poetas, filósofos e místicos ao longo do tempo para transmitir o sentido de entrelaçamento e de interdependência de todos os fenômenos. Para Capra (2004) a natureza é uma complexa teia de relações entre as várias partes de um todo unificado. A “teia da vida” é uma ideia antiga, que tem sido utilizada por poetas, filósofos e místicos ao longo do tempo para transmitir o sentido de entrelaçamento e de interdependência de todos os fenômenos. 9 Ao observar o Quadro 01, pode-se inferir que a ideia de dominação do homem sobre a natureza também está presente nas mais diversas culturas e religiões, onde o homem é visto como ser antropocêntrico e superior a qualquer outra forma de vida. De acordo com a religião cristão-judaica, “o homem foi feito à imagem de Deus, tendo, portanto, o direito de dominar o mundo”. Do mesmo modo, no pensamento pré-cristão, a ideia do homem como guardião do mundo e da natureza também vigorou. Assim como no islamismo e no judaísmo onde a total separação do homem e da natureza ainda persiste (DREW, 2011). Com isso, verifica-se que a exploração do homem sobre o meio ambiente está fundamentada em preceitos bastante antigos (como os dogmáticos) e culturalmente enraizada numa concepção de eterna supremacia humana sobre todos os outros seres, o que dificulta o desvinculamento do homem deste constante processo de dominação e expropriação dos bens naturais, tendo em vista, que, no seu entender, tal fato é algo natural e intrínseco da sua condição de ser humano. 10 1.3 Participação Social Os movimentos ecológicos surgidos nas sociedades capitalistas desenvolvidas nos anos 70 se caracterizam inicialmente por uma crítica ao modelo de sociedade industrial. A esse início "contracultura", foram se aglutinando tanto os movimentos preservacionistas de espécies animais e vegetais, como movimentos pacifistas e anti-nucleares. Fonte: abm.org.br O surgimento e a evolução desses movimentos devem ser vistos dentro do contexto da participação civil em sociedades democráticas. A organização de grupos e a posterior constituição de "partidos verdes" só se tornaram possíveis graças à crescente mobilização da população frente a decisões do Estado. Nos países onde a democracia é incipiente, a organização da população se faz com resultados menos satisfatórios, mas não menos combativos. É importante assinalar que a visão de Estado e da participação da sociedade civil nas diferentes ideologias políticas, que se posicionam nos países da América Latina, influi na prática de organizações civis frente à questão ambiental. Se o que aparece com mais frequência é a ideia de autonomia frente ao Estado, no entanto ela apresenta conotações ideológicas muito diferentes. Num primeiro momento, tivemos a influência das ideias autonomistas surgidas nos anos 60, onde se caracteriza a perspectiva crítica ao Estado centralizador e autoritário, às 11 suas opções de desenvolvimento e de saque ao meio ambiente com as suas consequências sociais. No entanto, esta posição mais crítica foi perdendo terreno nos últimos anos a favor de tendências que, emboracontrárias à interferência do Estado, se posicionam e atuam no terreno das ideias neo-liberalizantes. A participação da população nas questões ambientais tem basicamente se destacado nos grandes centros urbanos, mas também fora deles, aglutinando diferentes camadas sociais em torno de questões específicas. Inúmeras entidades ecológicas e/ou ambientalistas surgiram no continente nos últimos anos, porém com penetração mais localizada, e muitas delas atreladas a interesses econômicos e políticos nem sempre muito claros. Podemos considerar que essa quantidade de novas organizações ocorre devido ao processo de democratização. A atuação de cada um desses movimentos e a sua continuidade ficará por conta daqueles que: apresentarem respostas aos graves problemas ambientais puderem discuti-las democraticamente e tiverem meios econômicos e técnicos para viabilizá-las. Várias propostas de participação têm sido colocadas à sociedade, porém só a autonomia dos movimentos sociais frente ao Estado, aos partidos políticos, meios de comunicação de massa, monopólios econômicos e seitas religiosas poderá garantir o seu potencial crítico ao modelo de desenvolvimento, favorecendo a consolidação da democracia no continente. Isso não ocorrerá, no entanto, sem o desenvolvimento da consciência de cidadania, possível através da educação popular ambiental. 1.4 Impacto Ambiental: aspectos conceituais Segundo a Resolução CONAMA nº 01/1986, considera-se impacto ambiental qualquer alteração nas propriedades físicas, químicas e biológicas do ambiente causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetem: a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as 12 condições estéticas e sanitárias do ambiente e a qualidade dos recursos ambientais. Coelho (2004) define impacto ambiental como sendo um processo de mudanças sociais e ecológicas causado por perturbações (uma nova ocupação e/ou construção de um objeto novo: uma usina, uma estrada ou uma indústria) no ambiente. Diz respeito ainda, de acordo com a autora, com a evolução conjunta das condições sociais e ecológicas estimuladas pelos impulsos das relações entre forças externas e internas à unidade espacial e ecológica, histórica ou socialmente determinada. É a relação entre sociedade e natureza que se transforma diferencial e dinamicamente. Os impactos ambientais são descritos no tempo e incidem diferentemente, alterando as estruturas das classes sociais e reestruturando o espaço. Para Hammes (2004), os impactos das atividades estão relacionados à suas necessidades de existência, que absorve, transforma e produz resíduo. A magnitude dessa relação no espaço depende das questões culturais, de consumo de produtos mais ou menos industrializados, com ou sem embalagens descartáveis e não descartáveis, assim por diante. A complexidade maior ou menor reflete-se no custo das resoluções dos problemas ambientais, de toda a natureza. De acordo com Valle (2004), até recentemente, a poluição ambiental era estudada apenas por seus efeitos locais e as soluções encontradas eram sempre aplicadas de forma também localizada. O tratamento dos esgotos sanitários e a coleta de lixo urbano para disposição em aterros são dois exemplos clássicos de soluções locais. Agia-se localmente, sem a percepção de que essas ações afetavam globalmente o meio ambiente (VALLE, op. cit., p. 28). Os impactos ambientais estão sendo cada vez mais evidenciados na atualidade. Na medida em que o processo de exploração e apropriação da natureza está se dando de maneira desordenada, sem nenhum controle e com total desrespeito com um bem tão precioso: o meio ambiente. A preocupação está voltada para a acumulação e o crescimento econômico sem levar em consideração o modo que este está sendo feito. Um exemplo é o aumento da geração de resíduos sólidos típico do mundo atual e do processo capitalista no qual estamos inseridos. Neste 13 processo capitalista, o consumo é incentivado como forma de fomentar o desenvolvimento econômico. 2 MEIO AMBIENTE E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL Fonte: gazetadopovo.com.br Vive-se hoje num momento crítico em relação às questões ambientais. O planeta dá sinais evidentes de que não suporta mais o ritmo de consumo que dos dias atuais. A poluição ambiental (da terra, da água e do ar) chegou a níveis consideráveis, tão consideráveis que em determinadas regiões de alguns países o nível de poluição provoca deformidades e problemas de saúde nos habitantes locais. Quando o meio ambiente é agredido mesmo sem intenção, acaba refletindo em toda parte, no mundo inteiro. Muitos desastres ocorreram, prejudicando o clima e o meio ambiente, sendo isso o resultado do modo de vida e da forma egoísta do ser humano pensar. O lado positivo da história é a conscientização da humanidade, que começa a repensar a forma com que trata do planeta e acabam tomando consciência de que algo deve mudar e para isso cada um deve fazer a sua parte. 14 As empresas são o motor da sociedade. Seja uma pequena ou grande empresa, movimentam a economia, geram empregos, criam novos comportamentos, promovem desenvolvimento, entre outros benefícios que acabam melhorando os negócios e agregam valores também a sociedade. Dessa forma essas empresas passam a ser sustentáveis, de outra forma, por ter “qualidade”. Com essa visão de investimento a empresa recebe a admiração do mercado e o orgulho de seus funcionários dos usuários por fazer parte. Elas constroem assim, um valor real, pois de fato contribuem com a sociedade e acabam encontrando na sustentabilidade um apoio para se fixarem e construírem sua base. E um jeito de conduzir os negócios, promovendo um bom desempenho econômico é basear-se nas dimensões propostas pela sustentabilidade, que são três: econômico, ambiental e social. O tema sustentabilidade está ganhando espaço, mas infelizmente ainda não é bem aceito como deveria por algumas empresas. Pois, muitos empresários acham que promover a sustentabilidade em suas empresas vai gerar um aumento nos custos, causando assim um prejuízo desnecessário, podendo atrapalhar a sua penetração no mercado. Mas, aos poucos, essa visão dos empresários está mudando, pois, os consumidores estão se conscientizando e preocupados com o futuro, eles começam a pressionar e exigir, empresas como modelo de sustentabilidade, para assim consumir seus produtos e serviços. A preocupação com o meio ambiente pelo legislador constitucional, fez inserir dentro do “Título VIII – Da ordem social”, o capítulo VI específico sobre o tema, denominado “Do Meio Ambiente”, em seu art. 225. Entendendo-se por “meio ambiente” como “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” (ressaltei – art. 3º, da Lei n. 6.938/81).E segundo a concepção de Orlando Soares, “a noção de meio ambiente está intimamente ligada a dois principais aspectos: o equilíbrio biológico e a ecologia.” O meio ambiente pode ser visto ainda à luz do patrimônio cultural, diretriz traçada pelo art. 216 da Constituição Federal, que como entende Luiz Alberto Araújo: 15 “envolvendo a interação do homem com a natureza, as formas institucionais das relações sociais, as peculiaridades dos diversos segmentos nacionais (…) Sob essa ótica, … o patrimônio cultural envolve o meio ambiente cultural. É que o meio ambiente natural, embora, por evidente, tenha existência autônoma, ganha significado no contexto social, na medida das projeções de valores que recebe. Uma formação rochosa, por exemplo, uma vez objeto dessa projeção de valores, ganha significado no arcabouço das relações sociais: recebe uma classificação quanto àorigem, tem sua formação localizada em determinada fase histórica e serve de referência à identidade do país”. O modo como o homem vem utilizando os recursos naturais de forma inadequada tem levado a muitas consequências, sobretudo para o meio ambiente que cada vez mais vem sendo degradado, onde o ser humano tem visado apenas o lucro em detrimento da degradação ambiental. Diante dessa situação, se faz necessária uma educação ambiental que conscientize as pessoas em relação ao mundo em que vive para que possam ter acesso a uma melhor qualidade de vida, mas sem desrespeitar o meio ambiente, tentando estabelecer o equilíbrio entre o homem e o meio. A expressão “Educação Ambiental” (E.A.) surgiu apenas nos anos 70, sobretudo quando surge a preocupação com a problemática ambiental. A partir de então surge vários acontecimentos que solidificaram tais questões, como a Conferência de Estocolmo em 1972, a Conferência Rio-92 em 1992, realizada no Rio de Janeiro, que estabeleceu uma importante medida, Agenda 21, que foi um plano de ação para o século XXI visando a sustentabilidade da vida na terra (Dias, 2004), dentre outros. A sobrevivência humana sempre esteve ligada ao meio natural. Mas com o padrão desenvolvimentista de acumulação e concentração de capital, verifica- se uma apropriação da natureza de forma inadequada, onde se retira dela muito além do necessário ao sustento humano em nome do capitalismo que só visa o lucro, provocando desequilíbrio na relação do homem com o meio natural, onde o processo de degradação tem aumentado cada vez mais, comprometendo a qualidade de vida da sociedade. Desta maneira se faz necessário medidas urgentes em todo mundo quanto a uma conscientização das pessoas que a levem a gerar novos conceitos sobre a importância da preservação do meio ambiente no dia-dia, e a educação ambiental é uma ferramenta que contribuirá 16 significativamente neste processo de conscientização, pois a E.A. segundo Dias (2004, p 523) é: “Processo permanente no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem novos conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação que os tornam aptos a agir e resolver problemas ambientais, presentes e futuros.” A educação ambiental tornou-se lei em 27 de Abril de 1999, pela Lei N° 9.795 – Lei da Educação Ambiental, onde em seu Art. 2° afirma: “A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal”. É importante lembrar que o Brasil é o único país da América Latina que possui uma política nacional específica para a Educação Ambiental. A EA nesta perspectiva apresenta um caráter interdisciplinar, onde sua abordagem deve ser integrada e continua, e não ser uma nova disciplina, ou seja, “A Educação Ambiental não deve ser implantada como uma disciplina no currículo de ensino em conformidade com a lei 9.795/99” A EA tem sido um componente importante para se repensar as teorias e práticas que fundamentam as ações educativas, quer nos contextos formais ou informais, deve ser interdisciplinar, orientado para solução dos problemas voltados para realidade local, adequando-os ao público alvo e a realidade dos mesmos, pois os problemas ambientais de acordo com Dias (2004) devem ser compreendidos primeiramente em seu contexto local, e em seguida ser entendida em seu contexto global. É importante que ocorra um processo participativo permanente, de maneira que não seja apenas e exclusivamente informativa, é imprescindível a prática, de modo a desenvolver e incutir uma consciência crítica sobre a problemática ambiental. No que diz respeito a sustentabilidade, o consumo sustentável é aquele que utiliza serviços e produtos que respondam às necessidades básicas de toda a população trazendo melhoria na qualidade de vida, reduzindo o uso de recursos naturais, materiais tóxicos, produção de lixo e a emissão de poluição em todo o ciclo de vida, sem comprometer as gerações futuras (CDS/ONU, 1995). 17 O tratamento dado ao consumo sustentável tem um sentido de prevenção, onde é assegurada a garantia de consumo, mas, com modificações importantes nos padrões deste, objetivando minimizar os impactos ambientais de descarte e do uso exagerado dos recursos naturais (CORTEZ e ORTIGOZA, 2007, p. 13). Uma revisão no estilo de vida se faz necessária somada a necessidade de se repensar num padrão condizente com o mundo sustentável, onde cada ação deve ser efetivada de forma coerente (NALINI, 2004, p. 61-63). O consumo é essencial para a vida humana, visto que cada um de nós é consumidor, não estando o problema no consumo, mas nos padrões e efeitos referente às pressões sobre o meio ambiente. De um lado o consumo abre oportunidades para o atendimento das necessidades individuais de alimentação, habitação e desenvolvimento humano, mas, necessário se faz uma análise constante da capacidade de suporte do planeta em contrapartida ao consumo contemporâneo (FELDMANN, 2007, p. 78). Torna-se perceptível que os atuais padrões de consumo estão nas raízes da crise ambiental, onde a crítica ao consumismo passou a ser vista como uma contribuição para a construção de uma sociedade sustentável (PORTILHO, 2005, p. 67) Assim, se a produção deve ser sustentável, o consumo o deve ser, produzindo apenas o que se consome, sem desperdício ou criação de necessidades artificiais de consumo, na afirmativa de que não se pode consumir o que não se produz (MILARÉ, 2004, p. 150). As bases do princípio do desenvolvimento sustentável, conceito consolidado por meio da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente, foram lançadas em 1987, concebidas como o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes sem comprometer, contudo, a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades (MILARÉ, 2004, p. 149- 150). 18 3 CRIMES AMBIENTAIS A Lei de Crimes Ambientais nº. 9.605/1998, considerada como de fundamental evolução por trazer ao cidadão mecanismos quando da proteção da vida através das sanções penais ambientais, dispões ainda de sanções administrativas, provindas das condutas e atividades lesivas ao meio ambiente (FIORILLO, 2003, p. 376). Por se tratar de norma que versa sobre o meio ambiente, o artigo 225 da Constituição Federal recebe o rótulo de norteador temático, sendo que diversos dispositivos constitucionais tutelam ainda este bem jurídico. Destacam-se as garantias de propriedade exposto no art.5º, XXII e XXIII, da propriedade intelectual tratado no art.5º, XXIX, dos princípios da ordem econômica e financeira conforme art. 170 e ainda a proteção dos índios, texto este encontrado nos arts. 231 e 232, dentre outros. Fonte: mesquita.rj.gov.br Todas as condutas do Estado em prol da proteção ambiental estão vinculadas automaticamente aos princípios gerais do Direito Público, em especial, ao princípio da primazia do interesse público e da indisponibilidade do mesmo (MILARÉ, 2005, p.160). 19 O Brasil possui um arcabouço jurídico considerável na custódia do meio ambiente através de uma legislação ambiental moderna e um considerável número de normas visando tal proteção. Inclusive os municípios brasileiros já contam com leis específicas e Códigos locais de defesa ambiental, o mesmo se notando quando da preocupação com o tema nas três esferas da federação, que tratam também da normatização ambiental (KRELL, 2004, p.89). Por tal proteção estar inserida na Carta Magna brasileira no art. 170, VI como um dos princípios da evolução econômica, com forte influência nas normas legais recentes (v.g., Estatuto da Cidade), o desenvolvimento sustentável pode ser considerado um princípio de direito (FREITAS, 2005, p. 238). 4O IMPACTO DA CULTURA DO CAFÉ NO MEIO AMBIENTE DO BRASIL DO SÉCULO XVIII AO XXI A introdução do café no Brasil deve-se a Francisco de Melo Palheta que trouxe as primeiras sementes para o país em 1727. Tais sementes foram plantadas em Belém do Pará, mas a produção declinou de tal modo que em 1870 já estava extinta. No ano seguinte as sementes foram introduzidas no Maranhão e, em 1760, no Rio de Janeiro. Nesse período preliminar, o cultivo do café, cujo valor comercial era baixo, estava restrito aos quintais e sítios, sobretudo para consumo doméstico. Depois, a planta do café se espalhou pela Tijuca e pelo Corcovado, sendo, portanto, o Rio de Janeiro o centro a partir do qual a indústria cafeeira se expandiu e prosseguiu em duas direções: a Baixada Fluminense, chegando até Campos, e o norte, até Resende. Esse seria o eixo das grandes culturas do Vale do Paraíba, passando à mata mineira e norte de São Paulo. Em 1830, a cultura do café era a principal atividade do Vale do Paraíba. A região, anteriormente coberta por extensas e intricadas matas, teve sua paisagem transformada por tantos cafezais. A exploração cafeeira continuou o mesmo modelo da açucareira: significativas derrubadas das matas e posterior queima da madeira, grande propriedade, monocultora e trabalho escravo. A derrubada das matas começava na madrugada e os escravos reunidos davam início ao trabalho da destruição. A submata e os cipós retrançados eram cortados 20 com foices para abrir caminho aos machadeiros que vinham atrás. Depois de limpo o chão, em volta de uma árvore, o machadeiro começava a cortar a altura da cinta, ou às vezes em cima de uma plataforma. Um vigia avisava-o quando devia afastar-se de uma árvore já parcialmente cortada, para recomeçar o trabalho em outra situada pouco mais acima, na encosta. Quando a árvore estremecia, ele se afastava, e quando todas as árvores da lombada se achavam enfraquecidas, o mais experimentado machadeiro escolhia aquela que, na sua queda, arrastaria as outras situadas em plano inferior, entrelaçadas todas pelos cipós. Em seguida escolhiam as madeiras necessárias para a fazenda e o restante era queimado. As queimadas, feitas de forma descuidada, espalhavam-se pelas fazendas vizinhas. O agrônomo francês M. R. Lesé, testemunha do final do século XIX, observou situações em que, para cada hectare que se pretendia abrir para a lavoura, de cinco a dez eram destruídos pelo fogo descontrolado. E, de acordo com o vassourense Francisco Peixoto de Lacerda Werneck, barão de Pati, em seu livro “Memória”, muitos fazendeiros mandavam colocar fogo nas derrubadas “de sangue-frio, como se estivessem praticando um ato heróico”. Assim, a floresta da Tijuca, por exemplo, foi sendo substituída pelos extensos plantios de café, o que gerou um colapso no sistema de abastecimento de água potável, pois os rios que abasteciam a cidade do Rio de Janeiro, especialmente o Carioca e o Paineiras, perderam a cobertura vegetal que protegia suas nascentes. Desse modo, por orientação do Ministério da Agricultura, em 1856, alguns terrenos localizados ao redor das nascentes começaram a ser desapropriados para que fossem reflorestados. Em 11 de dezembro de 1861, dom Pedro II aprovou o documento “Instruções Provisórias”, pelo qual mandava efetuar o plantio e a conservação das florestas da Tijuca e das Paineiras. A partir das duas últimas décadas do Império, a produção da região do Vale do Paraíba começou a declinar, como consequência do esgotamento dos solos, das terras cansadas atingidas pela erosão, dos desequilíbrios climáticos, da extinção das florestas primárias e da ineficiência dos métodos agrícolas tradicionais. Além disso, os produtores da região não conseguiram encontrar 21 solução para superar o problema da mão-de-obra que deveria substituir o trabalho escravo, que foi abolido em 1888. Assim, enquanto a produção no Vale do Paraíba declinava; a região do Oeste Paulista seguia em franca expansão, transformando-se no principal centro produtor e exportador do Brasil. Muito embora o café fosse plantado nessa região com o mesmo descuido que havia sido no Vale, os cafezais sofreram menos a ação dos agentes naturais, pois nesse local se reuniam condições mais favoráveis de solo e de clima para a sua lavoura. Foram introduzidas as técnicas do arado e do despolpador, o qual significou verdadeira revolução na técnica de descascamento de grãos. Fonte: jmeioambiente.blogspot.com A produção do café, entretanto, cresceu demasiadamente e sucederam- se as primeiras crises. As altas cotações internacionais do café fizeram que os 141 milhões de cafeeiros de São Paulo, em 1886, em uma década chegassem a 386 milhões. Surgiu o desequilíbrio e a superprodução provocou a baixa dos preços, ocorrendo em 1896 a primeira grande crise. Para reduzir a oferta e melhorar os preços o presidente Getúlio Vargas ordenou a queima de todo o seu estoque e erradicou cafezais. Com o tempo, a produção e a exportação do café estabilizaram-se e a partir de 1952 passaram a ter supervisão do Instituto Brasileiro do Café (IBC), extinto em 1990. Foi, então, criado dentro do Ministério 22 da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) o Procafé (Programa Integrado de Apoio à Tecnologia Cafeeira), por meio de convênio firmado entre o Mapa e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA e o Conselho Nacional do Café – CNC, através do qual os técnicos eram alocados nas cooperativas e associações de cafeicultores. Esse convênio vigorou por dez anos até que o Ministério transformou seus engenheiros agrônomos em fiscais federais agropecuários. Com o esvaziamento do corpo técnico, criou-se em 2001 a Fundação Procafé voltada à pesquisa e difusão de tecnologia, a qual sucedeu o Procafé (Programa Integrado de Apoio à Tecnologia Cafeeira). Em 2014, segundo dados do citado Mapa, o Brasil manteve a sua posição de maior produtor e exportador mundial de café e de segundo maior consumidor do produto. A safra alcançou 45,34 milhões de sacas de 60 kg de café beneficiado, em 15 Estados, com destaque para Minas Gerais, que respondeu por 49,93% da produção nacional, seguido do Espírito Santo, São Paulo, Bahia, Rondônia e Paraná. O parque cafeeiro brasileiro é estimado em 2,256 milhões de hectares com aproximados 287 mil produtores em cerca de 1.900 municípios distribuídos pelos seguintes Estados: Acre, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rondônia e São Paulo. E, também, de acordo com o citado Ministério, a cafeicultura brasileira é uma das mais exigentes do mundo em relação a questões sociais e ambientais com a preocupação de garantir a produção de um café sustentável. Vale citar a produção de café orgânico, cuja produção não permite a utilização de fertilizantes sintéticos solúveis; agrotóxicos e transgênicos. Além disso, no processo produtivo do produto orgânico são respeitados os princípios agroecológicos, ou seja, contempla-se o uso responsável do solo, da água, do ar e dos demais recursos naturais, com respeito às relações sociais, trabalhistas e culturais. A propósito, o mercado de produtos orgânicos vem se firmando como uma tendência necessária e um dos fatores responsáveis por isso é a demanda cada vez mais forte dos mercados nacional e internacional por esses produtos. Em 2014, no Brasil, a agricultura orgânica movimentou cerca de R$ 2 bilhões e a expectativa é de que no ano de 2016 tal número alcance o patamar de R$ 2,5 23 bilhões. Portanto, deduz-se que um importante fator responsável pelo impulso da produção orgânica é o próprio consumidor, muito embora o produto orgânico ainda esteja carente de políticas de modo a reduzir os aproximados 30% a mais no preço em comparação aosprodutos convencionais. Enfim, querido e querida leitora, deixo-o com a opção de degustar um delicioso, cremoso e livre de agrotóxicos “cafezinho” nacional. 5 PRESERVAÇÃO AMBIENTAL Hodiernamente, a preservação ambiental é um tema extremamente debatido por toda a sociedade, passou a ser uma preocupação mundial, pois se trata de uma questão delicada, que diz respeito à direitos de terceira dimensão, garantias constitucionais, que são responsáveis pela manutenção da vida no planeta. Conforme poderá extrair do arresto a seguir, a preocupação com a preservação ambiental é antiga. Essa necessidade de proteção do meio ambiente é antiga e surgiu quando o homem passou a valorizar a natureza, mas não de maneira tão acentuada como nos dias de hoje. Talvez não se dessa muita importância à extinção da fauna e da flora, mas existia um respeito para com a natureza, por ser criação divina. Só depois que o homem começou a conhecer a interação dos microorganismos existentes no ecossistema é que sua responsabilidade aumentou. (SIRVINSKAS, p. 05, 2008) A preservação do meio ambiente deve ser abrangente alcançando todos os ecossistemas (terrestre, aquático e atmosférico) sem qualquer distinção, porque entre eles há uma relação de interdependência, sendo que qualquer alteração na constituição e na formação desses sistemas pode colocar em risco toda a vida na Terra. (SIRVINSKAS, p. 05, 2008) A luz do direito constitucional, pode se reparar o efetivo interesse do poder constituinte na preservação ambiental. Pelo que foi disposto na Carta Magna brasileira, o meio ambiente deve ser ecologicamente equilibrado, não sendo responsabilidade somente do Poder Público a fiscalização e a preservação do meio ambiente, mas também de toda a coletividade. 24 Art. 225, CF, caput: Todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Segundo o ambientalista Paulo Affonso Leme Machado, o uso do pronome “Todos” disposto na Constituição Federal de 1988, no artigo supracitado, alarga o alcance do direito ao meio ambiente a todos, sem exclusões. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. O direito ao meio ambiente equilibrado é de cada um, como pessoa humana, independentemente de sua nacionalidade, ração, sexo, idade, estado de saúde, profissão, renda ou residência. O uso do prenome indefinido – “todos” – alarga a abrangência da norma jurídica, pois, não particularizando quem tem direito ao meio ambiente, evita que se exclua quem quer que seja. (MACHADO, p.133, 2011). O constitucionalista, Pedro Lenza, entende que a preservação é um dever, tanto do Estado como da coletividade. Nesse sentido, o dever de preservação será por parte do Estado e da coletividade, uma vez que o meio ambiente não é um bem privado ou público, mas bem de uso comum do povo. (LENZA, p. 1092, 2011) Hoje em dia, os meios de comunicação têm noticiado com frequência diversos danos ambientais, e demonstrando a sua consequência para o homem. Desta forma está sendo engessada na população a consciência da necessidade de preservação ambiental. O indivíduo está pensando no futuro das futuras gerações, dos seus próprios descendentes. Mas, infelizmente não é unânime a consciência ambiental, existem várias pessoas deixando de exercer a cidadania ambiental, acreditando até mesmo que o aquecimento global é ficção e que a Terra existe para ser explorada em prol da Humanidade, devendo deixar as coisas como estão, posições estas, que devem ser repudiadas (SIRVINKAS, 2008). A preservação do meio ambiente é de suma importância para a manutenção da vida no planeta, todas as agressões ao meio ambiente, trazem consequências terríveis, como a contaminação do lençol freático, a escassez de água, a multiplicação dos desertos, o deslizamento dos morros etc. Neste 25 contexto, a conscientização surge como um forte instrumento para coibir estas agressões, nesse sentido: Vê-se, pois, que as agressões ao meio ambiente são as mais diversas e, para protegê-lo, faz-se necessário conscientizar o homem por meio do conhecimento da relação homem versus ambiente. (SIRVINSKAS, p. 05, 2008) Neste contexto, surge algumas indagações: Desenvolvimento econômico é compatível com preservação ambiental? É possível explorar os recursos naturais de maneira racional e sem causar desperdício? Para responder positivamente estas perguntas, basta empregar nas respostas o um tipo de desenvolvimento, qual seja, o desenvolvimento sustentável, o que para muitos é caro. Fonte: newtrade.com.br Não obstante, o homem deve-se preocupar com causa ambiental, preservar, é manter a sua própria vida, é garantir o futuro de sua prole, o custo da sustentabilidade é nada, comparado com um dano ambiental que é irreparável. Preservar o meio ambiente é lutar pela justiça social. Por essa razão é que se faz necessário lutar pelo desenvolvimento sustentável, procurando incentivar o crescimento econômico, 26 utilizando-se os recursos naturais de maneira racional para atingir a tão propalada justiça social. (SIRVINSKAS, p. 05, 2008) 6 IMPORTÂNCIA DA PRESERVAÇÃO AMBIENTAL Preservar o meio ambiente é um ato importante não só para a humanidade, mas para todos os seres que habitam a Terra. Afinal, é nele que estão os recursos naturais necessários para a sua sobrevivência, como água, alimentos e matérias-primas. Sem esses recursos, todas as formas de vida do planeta poderão acabar. Ao longo da existência humana, muitos dos recursos naturais foram sendo degradados. Isso ocorreu por meio da queima de combustíveis fósseis; descarte de lixo e esgoto em rios e mares; crescimento desordenado das cidades; gestão hídrica inadequada; queima e destruição de matas e florestas; etc. O resultado disso é o aquecimento global; alterações do ciclo natural de animais e plantas; falta de água; poluição do ar e água; entre outros. No futuro, isso tudo pode ser ainda pior, com a ausência de água potável, energia elétrica e alimentos, além de muitos problemas sociais. Desde a década de 1960, o impacto ambiental passou a ter mais importância para ambientalistas e organizações internacionais. Nos anos de 1970, a ONU também passou a desenvolver conferências e estabelecer metas para os países membros com relação à preservação do meio ambiente. Esses objetivos devem ser cumpridos de forma sustentável. Assim sendo, pesquisadores de áreas como Biologia, Biotecnologia, Química, Geografia, Engenharia, Arquitetura e Tecnologia têm desenvolvido e pesquisado soluções para a preservação ambiental. Entre elas destacam-se: Uso de biomassa para gerar bioenergia e biocombustíveis. Sustentabilidade na produção e desenvolvimento de produtos. Reciclagem ou reutilização de materiais. Energia alternativa, como a solar e eólica. Uso de biocombustíveis e automóveis elétricos. Uso de soluções biológicas no lugar de substâncias químicas. Planejamento urbano adequado. http://www.bioblog.com.br/diferencas-entre-o-combustivel-fossil-e-o-biocombustivel/ http://www.bioblog.com.br/ipcc-projeta-um-aquecimento-global-variando-entre-2o-c-a-58o-c-em-um-futuro-proximo/ http://www.bioblog.com.br/os-objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel-da-onu/ http://www.bioblog.com.br/a-energia-de-biomassa-florestal/ http://www.bioblog.com.br/etanol-celulosico-uma-alternativa-para-aumentar-producao-de-biocombustiveis/ 27 Além dessas soluções, é necessário que o cidadão, indústrias e governos façam a sua parte. Isso pode ser atingido por meio do descarte correto do lixo, substituição de combustíveis fósseis por biocombustíveis, saneamento básico, economia de água, etc. Dessa forma, o meio ambiente será preservado.Assim, será possível ter mais saúde e acesso aos recursos necessários para a sobrevivência de todos os seres do planeta. 7 A CAFEICULTURA NO BRASIL A planta café é originária da Etiópia, país africano em que possui ainda hoje o café como parte de sua vegetação natural. Mas, foi na Arábia em que houve a propagação da cultura do café. Os europeus após conhecerem está bebida, conhecida a época como “vinho da Arábia”, ficaram deslumbrados, porém os árabes preservaram em sigilo o cultivo do café, afastando qualquer estrangeiro do cultivo, a fim de manter a sua hegemonia na produção cafeeira, mas isto, durou pouco, os holandeses logo conseguiram as primeiras mudas de café e as cultivaram nas estufas do jardim botânico de Amsterdã, e difundiram na Europa o produto (ABIC, 2012). Os holandeses iniciaram os plantios experimentais em Java em 1699, tendo em vista o sucesso no cultivo, os holandeses ampliaram o cultivo para a Sumatra, e os franceses, presenteados com um pé de café pelo burgomestre de Amsterdã, iniciavam testes nas ilhas de Sandwich e Bourbon (ABIC, 2012). Logo, a cultura cafeeira chegou as colônias europeias no Novo Mundo e na África, pois a demanda europeia estava em alta, o café teve grande aceitação pelos europeus. Na América, os colonizadores europeus, trouxeram o café primeiramente ao Suriname, São Domingos, Cuba, Porto Rico e Guianas. Através das Guianas que o café chegou em 1727 ao norte do Brasil, mais precisamente em Belém, trazido pelo Sargento-Mor Francisco de Mello Palheta a pedido do governador do Maranhão e Grão Pará (ABIC, 2012). Desde sua chegada a planta café foi ganhando espaço na economia brasileira, pois as condições do território, e as condições climáticas são 28 favoráveis ao cultivo. O café após o fim do ciclo econômico da mineração do ouro em Minas Gerais surgiu como a grande riqueza brasileira, o que perdura até hoje, pois mesmo passando por diversas crises, como a quebra na bolsa de Nova York de 1929, o café sempre se mantém como importante produto de exportação brasileira e responsável por garantir empregos a vários brasileiros (ABIC, 2012). Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria do Café – ABIC (2012), o Brasil é o maior produtor mundial de café, responsável por 30% do mercado internacional, sendo também, o segundo mercado consumidor, atrás somente dos Estados Unidos. Todo este desenvolvimento da cafeicultura ocorreu à custa de um dano ambiental imensurável. A preocupação com o meio ambiente é recente, e até hoje é comum as “destocagens”, as queimadas, e qualquer outra forma de desmatamento a fim de “limpar a terra” para o plantio de café, se hoje é assim, imaginem há 50 anos, em que a mentalidade do brasileiro em geral, era de que natureza é infinita e deve ser explorada pelo homem, por se tratar de mais uma fonte de riqueza humana. Em virtude destas agressões ambientais, não só os ambientalistas, mas todos os brasileiros, em especial os cafeicultores, responsáveis diretos por estes danos, devem se preocupar com o meio ambiente. A consciência ecológica é algo nato do Brasil, os índios antes mesmo da colonização já se preocupavam com isso, sustentabilidade que hoje é moda, tendência, há 600 anos já era tida como a forma de plantio de todos os índios. Os índios são precursores quando o assunto é preservação ambiental. 8 O IMPACTO AMBIENTAL DA CAFEICULTURA A planta café desde quando chegou ao território brasileiro trazida pelo Sargento-Mor Francisco de Mello Palheta em 1727 trouxe consigo diversas agressões ao meio ambiente, esta cultura africana que ainda ocupa terras de diversos estados brasileiros, como em São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Bahia e Espírito Santo, é considerada uma das maiores responsáveis pelo 29 desmatamento nas regiões em que se situa. Os cafeicultores conscientes da falta de fiscalização adentraram na mata brasileira para cultivarem o que eles chegaram a chamar de “mares de café”. A fiscalização atualmente está bem mais presente do que há três décadas, isto se deve a criação de mecanismos voltados a estruturar o Brasil no aspecto protecionista ambientalista, neste contexto ressalta-se a criação da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei n. 6.938/81), a Lei da Ação Civil Pública (Lei n. 7.347/85) e a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Mas os órgãos fiscalizadores mesmo com um aparato legal que lhes proporcionam mecanismos para coibir infrações ambientais, não possuem recursos humanos e materiais suficientes para fiscalizar com eficiência toda a área de 8.547.403 km², que corresponde à extensão do território brasileiro. A plantação insustentável da cafeicultura que perdurou no Brasil por mais de dois séculos trouxe as seguintes consequências para o meio ambiente: contaminação do lençol freático (com os agrotóxicos e os fertilizantes usados na lavoura), escassez de água (irrigações sem autorização), diminuição da área florestal (desmatamento), profundas alterações no clima do planeta, poluição atmosférica, intoxicação pelo uso de agrotóxicos, degradação do patrimônio genético, diversas espécies em extinção, deslizamento dos morros (plantações de café sem realizar as curvas de nível), poluição dos mananciais, etc. Muitas pessoas dizem que estas consequências são causadas pela cana de açúcar, pelas indústrias, pelos lixos hospitalares, mas esquecem que qualquer plantação que seja feita em desconformidade com a conservação da natureza lesa tanto quanto as outras atividades o meio ambiente, como é o caso do café, que quando é plantado em conflito com a natureza, de forma insustentável, causa enormes danos ambientais como os já mencionados. O desmatamento é algo que preocupa a todos, pois as áreas afetadas pelo desmatamento jamais se recuperam, os danos ambientais são diversos e ainda mais preocupantes quando envolvem queimadas, estas interferem diretamente na qualidade do ar, dos solos, na vegetação atingida pelo fogo e indiretamente podem afetar os recursos hídricos, ou seja, causa enormes danos. Em locais, com pouca fiscalização é comum sitiantes desmatarem parte de suas 30 terras para plantarem café, pois a certeza da impunidade fomenta a prática criminosa, ademais, a consciência ambiental é secundaria enquanto a ambição financeira é primordial. Fonte: newtrade.com.br A cafeicultura causa a poluição e a escassez dos recursos hídricos através das embalagens de agrotóxicos que os cafeicultores indevidamente jogam no leito dos rios, dos equipamentos de aplicação destes produtos que são lavados nas águas, fazendo com que os resíduos de agrotóxicos contaminem os leitos dos rios, e pela destruição das matas ciliares. Com esta poluição consequentemente ocorre a diminuição do fornecimento da água de boa qualidade. Vale ressaltar que está destinação dos agrotóxicos mencionada é vedada, ou seja, o agricultor ao poluir os mananciais comete uma infração e deve ser responsabilizado, pois deve efetuar a devolução das embalagens vazias aos estabelecimentos comerciais em que foram adquiridas ou aos órgãos ambientais competentes (art. 53 do Dec. n. 4.074/2002). Sobre o uso de agrotóxicos, Luis Paulo Sirvinskas discorre sobre as consequências de seu uso excessivo: 31 Note-se, no entanto, que o uso excessivo de fertilizantes pode causar acidificações dos solos, contaminação dos reservatórios de água eutrofização (excesso de nutrientes na água, que provoca o crescimento exagerado de organismos como algas). Mas também pode causar danos ao meio ambiente e colocar em risco a população que consome produtos com excesso de agrotóxicos. (SIRVINSKAS, p. 05, 2008) A cafeicultura causa diversos impactos ambientais se praticada em desconformidade com as regras protecionistas do meio ambiente. Cabe ao cafeicultor exercitar sua cidadaniaambiental, desenvolver sua atividade econômica com sustentabilidade, pois caso contrário, estará sujeito a ser responsabilizado civilmente, penalmente e administrativamente. No magistério de Denilson Victor Machado Teixeira: Decerto que a consciência ecológica se encontra atrelada a educação, ou, à gnose, ainda que in natura, nos alicerces delineados no “hino da criação” (previsto no livro bíblico de Gênises), razão pela qual enseja um ser humano ético e voltado a pratica cidadã, imbuído do espírito de solidariedade e de respeito à ”Mãe Natureza” (TEIXEIRA, p.27, 2011). 9 O CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO E A CAFEICULTURA No Brasil, a agricultura é responsável por fomentar a economia, gerar empregos, e propiciar o desenvolvimento. A cafeicultura se destaca neste setor, pois mesmo já abalada no passado com diversas crises, sempre se mantém forte, e é evidente que o café foi o maior gerador de riquezas e o produto mais importante da história nacional. Atualmente o desenvolvimento de qualquer cultura no campo deve ser limitado às regras protecionistas do meio ambiente, a fim de frear agressões ambientais e propiciar a sustentabilidade. Como não é mais possível recuperar os danos ambientais causados pela ânsia capitalista do passado, deve-se criar um eficiente sistema legal para resguardar a biodiversidade brasileira. Garcia e Thomé correlacionam com este exposto: No Brasil, a alta complexidade ecológica dos ecossistemas florestais e sua riqueza genética, aliados à preocupação com a pressão sobre eles exige um efetivo arcabouço jurídico de proteção ambiental e um sistema administrativo eficiente (GARCIA; THOMÉ, p. 157, 2010). 32 Nesse sentido, a fim de criar mecanismos de proteção às florestas e as demais formas de vegetação, foi criado em 1965 o Código Florestal Brasileiro (CFB), marco em proteção ambiental no Brasil, criador de diversos mecanismos protecionistas com o fim de inibir as frequentes agressões ambientais. Conceituando, descrevendo condutas, penalizando infratores ambientais e distribuindo responsabilidades, este código inovou o direito ambiental, e perdura até os dias de hoje como a referência em legislação ambiental. Dentre as diversas criações do código, algumas tiveram enorme repercussão para os cafeicultores, dentre elas pode-se destacar: as florestas como bens de interesse comum de todos os habitantes do Brasil, criação das áreas de preservação permanente – APP, reservas florestais legais, licenciamento para a exploração, e a possibilidade de supressão das florestas se comprovada a utilidade pública. As florestas como bens de interesse comum para todos os habitantes do Brasil, conforme disposto no art. 1°, caput, da CFB, foi o precursor do disposto no art. 225 da Carta Magna, em que todos tem direito ao meio ambiente. Portanto, em 1965 a visão ambientalista de que a floresta é de todos já era tipificada, demonstrando que o homem sabia que ao cuidar da natureza estaria cuidando de si mesmo, portanto os cafeicultores não deveriam adentrar nas matas para plantar suas lavouras, mas infelizmente não foi isto o que se viu na prática. Paulo Affonso leme Machado, defende em sua obra que a saúde do homem depende de elementos da natureza: A saúde dos seres humanos não existe somente numa contraposição a não ter doença diagnosticadas no presente. Leva-se em conta o estado dos elementos da Natureza – águas, solos, ar, flora, fauna e paisagem – para aquilatar se esses elementos estão em estado de sanidade e se seu uso advém saúde ou doenças e incômodos para os seres humanos. (MACHADO, p.138, 2011) Também na esteira protecionista estão as áreas de preservação permanente (APP), que são as florestas e as demais formas de vegetação natural detentoras de proteção especial e permanente de todos os entes públicos. Conforme pode-se extrair da interpretação do art. 2° do CFB, estas áreas devem ser compreendidas em um limite territorial: 33 Art. 2° Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas: a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima será: 1 - de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de largura; 2 - de 50 (cinquenta) metros para os cursos d'água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; 3 - de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; 4 - de 200 (duzentos) metros para os cursos d'água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; 5 - de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais; c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água", qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de largura; d) no topo de morros, montes, montanhas e serras; e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior declive; f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação. Parágrafo único. No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, observar-se-á o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se refere este artigo. No entanto, esta proteção não é absoluta, podendo ocorrer à supressão total ou parcial em caso de utilidade pública (art. 1º, § 2°, IV, do CFB), devidamente caracterizada e motivada em procedimento próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto (art. 4°, § 1º, 2º, 3º, 4º, 5º, 6º e 7° do CFB). (Sirvinskas, p. 393, 2008). Além das áreas de preservação permanente o cafeicultor e todos os proprietários rurais devem manter em sua propriedade as reservas legais, ou seja, deve-se preservar a área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas (art. 1°, § 2°, III, do CFB). A legislação prevê quatro tipos de reservas 34 legais a serem observadas; estes limites são de acordo com a localização das terras (vide art. 16 do CFB). O Código Florestal Brasileiro em vários momentos exige uma licença para a prática de um determinado ato, até mesmo chegando a punir a falta da licença, por exemplo, o art. 14 dispõe que comércio de plantas vivas, oriundas de florestas, dependerá de licença da autoridade competente. Fonte: revistacampoenegocios.com.br Segundo a Resolução CONAMA n. 237/97, licença ambiental é o “ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente, estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental” (art. 1°, I). Diante dos fatos mencionados, está evidente que o cultivo de café, comoo de qualquer outra atividade relacionada ao meio ambiente, deve seguir os preceitos legais dispostos no Código Florestal Brasileiro, sendo que em caso de descumprimento das normas, o cafeicultor poderá receber diversas punições, sejam elas civilmente, criminalmente ou administrativamente. Neste contexto, é 35 necessário que o cafeicultor cultive seu café de forma consciente, sustentável, visando preservar o meio ambiente. 10 MUDANÇAS DO CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO A preservação ambiental na cafeicultura está atrelada ao exercício da cidadania ambiental, e neste contexto, vale ressaltar que todo cidadão brasileiro que pensa no meio ambiente não deve compartilhar das alterações legislativas que estão em tramite no Congresso Nacional para alterar o Código Florestal Brasileiro, criando um Novo Código Florestal, que deveria se chamar “Código Florestal Ruralista”, pois é contrário a toda criação ambiental e inovação conquistada por diversos ambientalistas ao longo da história. Com o Novo Código Florestal, os benefícios serão apenas para os ruralistas, pois para o meio ambiente, os malefícios serão incalculáveis, dentre os vários, pode-se enfatizar: o aumento das áreas de risco nas encostas de morros e margens de rios, que propiciará um aumento significativo do risco de deslizamentos de terra e enchentes, ocasionando tragédias similares às ocorridas na região Serrana do estado do Rio de Janeiro em 2011; a redução das áreas de reserva legal, ou seja, redução das áreas de mata nativa que deveriam ser conservadas dentro das propriedades rurais, com esta medida o risco de extinção de espécies de animais e plantas certamente será majorado da mesma forma que estarão fazendo um movimento a favor do aquecimento global e do efeito estufa. 11 PRESERVAR O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVER A CAFEICULTURA A maioria das plantas do café cresce em estado silvestre nas zonas intertropicais da África, Insulindia e Malásia; se desenvolvem sem colocar em risco o meio ambiente, de forma a agregar valor ao ecossistema da qual pertence. A transformação do cultivo do café em um risco para a biodiversidade brasileira é fruto da ambição do homem em maximizar seus lucros, sem se preocupar com a questão ambiental. 36 Diversas são as opções para um cultivo saudável do café, sem colocar em risco o meio ambiente. Não é necessária a produção do café orgânico, não que esta não seja uma ótima solução, mas outros meios sustentáveis e ecologicamente corretos de produção possuem uma eficácia similar e ocasionam mínimos danos ambientais. Um importante passo para os cafeicultores se atentarem para o meio ambiente é uma educação ambiental, que os tornem detentores de uma consciência ecológica intimamente ligada à preservação ambiental, pois caso contrário, será difícil exigir deles um exercício de cidadania ambiental. Cabe aos entes públicos criarem mecanismos para conscientização ecológica não só dos cafeicultores, mas de todos os produtores rurais, sobre uma maneira de cultivo não danosa ao meio ambiente. Um convênio do governo com as cooperativas de cafeicultores para ministrarem palestras e distribuírem informativos sobre o tema seria uma alternativa válida. O uso de agrotóxicos, fertilizantes e defensivos agrícolas, deve ser com cautela, pois o seu consumo indiscriminado causa intoxicações, poluição dos ecossistemas, morte de plantas, animais e até mesmo de seres humanos. A Lei determina procedimentos e responsabilidades para quem fabrica, vende e usa defensivo agrícola, o simples cumprimento da lei não basta, mas já ajuda a minimizar os danos e faz com que o produtor rural não seja responsabilizado por uma prática repreensível. A recuperação de áreas degradadas por meio de reflorestamento, ou pela rotação de culturas por intermédio do sistema de plantio direto, influem positivamente na biodiversidade, sendo um meio importante do cafeicultor indenizar o meio ambiente dos danos causados por ele. A obrigação de reparar o dano ambiental esta agasalhada na Constituição Federal, conforme a colação a seguir: A CF/88, com grande acuidade, agasalha os princípios da restauração, recuperação e reparação do meio ambiente no art. 225. Em seu § 1º, I, aponta a obrigação de “restaurar os processos ecológicos essenciais”. No § 3º do art. 225 consta a obrigação de reparar o dano causado ao meio ambiente. Acentua este parágrafo que a obrigação de reparar é independente da aplicação de sanções penais e administrativas. (MACHADO, p.381, 2011) 37 Para a cafeicultura se desenvolver economicamente e ao mesmo tempo preservar o meio ambiente, é necessária uma cafeicultura sustentável, com o cafeicultor atento ao cumprimento das normas ambientais e que independentemente de uma exigência legal, preserve o meio ambiente da mesma forma como se cuida de sua lavoura, pois sabe que sua lavoura depende do meio ambiente. Conforme o exposto, as leis ambientais servem de arrimo para conscientizar o cafeicultor da necessidade de preservar o meio ambiente. As possibilidades de cultivo da cafeicultura sem colocar em risco o meio ambiente existem, e são tão possíveis que muitas vezes são até obrigatórias, como no caso das reservas legais florestais. A cafeicultura depende do meio ambiente, e deve respeitá-lo; preservar o meio ambiente é cuidar de sua própria vida. 38 BIBLIOGRAFIA MARCONDES, S. Brasil, amor à primeira vista! Viagem ambiental no Brasil do século XVI ao XXI. São Paulo: Editora Fundação Peirópolis, 2005. ANTUNES, P. B. Direito Ambiental, 7 ed. Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 2004. ARAÚJO, L. A. D.; NUNES JR, V. S. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2004. FELDMANN, Fábio Apud MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente: a Gestão Ambiental em Foco - doutrina, jurisprudência, glossário. 5ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. FIORILLO, C.A.P. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 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I - caracterização da vegetação Rosângela Alves Tristão Borém; Rubens Manoel dos Santos; Daniel Salgado Pífano; Daniel Quedes Domingos; Vicente Gualberto; Carolina Gusmão Souza; Lisiane Zanella Resumo: A Área de Proteção Ambiental (APA) de Coqueiral está localizada no sul de Minas Gerais – Brasil. Na APA vivem cerca de 400 produtores familiares que tem como fonte de renda a cafeicultura, em um sistema de produção ligado ao meio ambiente. Os prejuízos para a flora, fauna e para a população local do uso inadequado dos recursos naturais são evidentes, e levaram a queda da qualidade de vida das populações rurais da região. Torna- se urgente a adoção de medidas que aumentem a produtividade dos cafezais e forneçam alternativas de renda para os produtores, o que pode ocorrer com a implantação de um sistema de gestão ambiental. Diante da necessidade de recuperar a lavoura cafeeira e alcançar a sustentabilidade ambiental este trabalho tem o objetivo de realizar uma caracterização do ambiente (solo, flora e fauna) para subsidiar um plano de gestão integrada da APA visando a multifuncionalidade da agricultura. Nesta primeira etapa realizou-se a caracterização da vegetação e a análise da estrutura da comunidade arbórea que ocorre ao longo de um gradiente altitudinal alterado antropicamente, de forma a estabelecer critérios adequados para seu manejo e sua recuperação. Os indivíduos foram amostrados em coletas extensivas na área e intensivas dentro de 20 parcelas de 400m2. O solo variou de Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico câmbico nas encostas a aluvial mesotrófico na área inundável. Foram encontrados 1241 indivíduos vivos, pertencentes a 168 espécies, 116 gêneros e 42 56 famílias botânicas. O índice de diversidade (H’) para as espécies foi de 4,46 nats/indivíduos e a equabilidade (J) foi de 0,87. Os 1241 indivíduos inventariados (nas 20 parcelas amostradas) distribuíram-se em 168 espécies, 116 gêneros e 56 famílias. Os gêneros que apresentaram maior número de espécies foram: Eugenia (8), Casearia (6), Ocotea (6), Machaerium (4) e Maytenus (4) contribuindo juntos com 36,3% das espécies. As famílias que sobressaíram por apresentarem alta riqueza foram: Myrtaceae (191), Fabaceae caesalpinioideae (134), Rubiaceae (109), Salicaceae (91), Celastraceae (59), Euphorbiaceae (43), Anacardiaceae (34), Combretaceae (24) e Thymelaeaceae (22), as quais representaram 61,4% da flora. As famílias Myrtaceae e Rubiaceae apresentaram alto número de espécies, corroborando com 21,4% das espécies amostradas; a freqüência das espécies dessas famílias decresceu em solos eutróficos e aumentou em solos distróficos sugerindo a associação dessas famílias a solos distróficos. Palavras-chave: Sustentabilidade - Caracterização ambiental – Cafeicultura ecológica – Unidade de Conservação Introdução Após séculos de utilização irracional dos recursos naturais, a proteção do ambiente constitui, hoje, prioridade de todas as nações. Políticas voltadas para a proteção ambiental têm sido propostas e desenvolvidas por entidades governamentais e não governamentais, mas estas ações ainda são insuficientes. Na perspectiva moderna de gestão do território, toda ação de planejamento, ordenação ou monitoramento do espaço deve incluir a análise dos diferentes componentes do ambiente, incluindo o meio físico-biótico e seus inter relacionamentos (Medeiros, 1998). O planejamento ambiental, portanto, requer o levantamento e organização de informações sobre o meio ambiente, simulações e possibilidades de utilização de maneira econômica, porém, sustentável. As formações vegetais brasileiras têm sofrido pressões constantes de diversas atividades antrópicas, o que evidencia a necessidade de propor 43 alternativas de preservação e conservação dos biomas nacionais, e as unidades de conservação legalmente instituídas são uma das principais formas de conservação da biodiversidade desses ecossistemas. Neste contexto estudos de caracterização ambiental de unidades de conservação têm sido sugeridos, o que foi realizado neste trabalho estudando- se a Área de Proteção Ambiental de Coqueiral. Em se tratando de uma unidade de conservação de uso sustentável, como é o caso de uma Área de Proteção Ambiental (APA) isto é fundamental uma vez que sua perspectiva é de dar um tratamento diferenciado à produção, inserindo a área dentro de um plano de desenvolvimento sustentável (BRASIL, 2000); e no caso específico da Área de Proteção Ambiental de Coqueiral isto é essencial uma vez que a população humana que sobrevive com base na cafeicultura e pecuária dentro da reserva gira em torno de 400 pessoas (EMATER MG, 2002). Como ao longo dos anos o uso da terra foi realizado de forma inadequada e com fragmentação dos ecossistemas, atualmente a área se encontra em um estado de degradação ambiental lastimável, principalmente pela falta de cobertura do solo e de vegetação. Estudar e comparar a composição florística e estrutural de um componente arbóreo, e suas variações fito-fisionômicas em diferentes gradientes latitudinais, com usos diferenciados do solo contribui para o conhecimento dos mecanismos de funcionamento destes ambientes e auxilia no planejamento da restauração e manutenção dos fragmentos ainda existentes nas Área de Proteção Ambiental. Assim o presente trabalho teve como objetivo a caracterização da vegetação, gerando um diagnóstico ambiental para subsidiar de forma consistente um plano de gestão e manejo sustentado da APA de Coqueiral. Material e Métodos O trabalho foi desenvolvido na Área de Proteção Ambiental (APA) do Município de Coqueiral, sul do estado de Minas Gerais, Brasil. A APA Coqueiral possui uma área de 6.837,5 hectares e está situada entre as coordenadas 44 geográficas de 45° 19’ 37,5” e 45° 26’ 16,3” de LONG. W e 21° 03’ 52,7” e 21° 09’ 30,8” de LAT. S (EMATER MG, 2002). O clima é do tipo Cwb de Köppen. A média anual de precipitação é de 1493 mm e a de temperatura, 19,3 ºC (Vilela & Ramalho, 1979). O relevo varia de ondulado a montanhoso. Sua paisagem é caracterizada por muitos afloramentos rochosos. A principal formação rochosa do município, a “Pedra do Ermo”, está localizada no interior da APA. Os solos da APA variam de Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico câmbico nas encostas a Aluvial mesotrófico na área inundável. Os tipos vegetacionais predominantes são Cerrado e Floresta Estacional semidecidual montana (Velloso et al., 1991). Levantamento dos Dados Para o levantamento da vegetação e caracterização do solo foram alocadas, com base em mapeamento preliminar, 40 parcelas de 20x20m. O inventário da estrutura da comunidade arbórea foi realizado nas parcelas incluindo todos os indivíduos com diâmetro a
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