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Educação Ambiental Professora Me. Sônia Maria Crivelli Mataruco Reitor Prof. Ms. Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino Prof. Ms. Daniel de Lima Diretor Financeiro Prof. Eduardo Luiz Campano Santini Diretor Administrativo Prof. Ms. Renato Valença Correia Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Coord. de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONPEX Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza Coordenação Adjunta de Ensino Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo Coordenação Adjunta de Pesquisa Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme Coordenação Adjunta de Extensão Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves Coordenador NEAD - Núcleo de Educação à Distância Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal Web Designer Thiago Azenha Revisão Textual Kauê Berto Projeto Gráfico, Design e Diagramação André Dudatt 2020 by Editora Edufatecie Copyright do Texto C 2021 Os autores Copyright C Edição 2020. Editora Edufatecie O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi- tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP M425e Mataruco, Sônia Maria Crivelli Educação ambiental / Sônia Maria Crivelli Mataruco Paranavaí: EduFatecie, 2020. 138 p.: il. Color. 1. Educação ambiental. I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III Título. DD : 23 ed. 363.07 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333 Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Cândido Bertier Fortes, 2178, Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rodovia BR - 376, KM 102, nº 1000 - Chácara Jaraguá , Paranavaí, PR (44) 3045-9898 www.unifatecie.edu.br/site As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site Shutterstock e Pixabay. AUTORA Professora Me. Sônia Maria Crivelli Mataruco ● Mestre na área de Educação pela Unespar Campus de Paranavaí (2015 - 2016); ● Graduada em Licenciatura em Matemática na Universidade Filadélfia de Londri- na – Unifil (concluído em 2014); ● Graduada em Tecnologia em Gestão Ambiental pela Faculdade de Tecnologia e Ciências do Norte do Paraná – Fatecie (2009); ● Graduada em bacharelado em Administração pela Faculdade Estadual de Edu- cação Ciências e Letras de Paranavaí (1992); ● Pós-graduada em Marketing e Gestão de pessoas pela Faculdade Estadual de Educação Ciências e Letras de Paranavaí; ● Pós-graduada em Psicopedagogia Institucional pela Faculdade de Tecnologia e Ciências do Norte do Paraná – Fatecie; ● Pós-graduada em Auditoria e Certificação Ambiental pela Faculdade de Tecno- logia e Ciências do Norte do Paraná – Fatecie; ● Pós-graduada em Saneamento Ambiental pela UEMP 2018/2019. Atualmente, é Gestora ambiental da Companhia de Saneamento do Paraná – Sa- nepar, além de professora e coordenadora de curso na Faculdade de Tecnologia e Ciências do Norte do Paraná - Fatecie, atuando, principalmente, nos seguintes temas: gerenciamen- to ambiental, recursos hídricos e hidrologia, sustentabilidade ambiental, responsabilidade socioambiental, poluição e resíduos, gestão de águas, saneamento, agronegócio, educação ambiental, gestão de negócios ambientais, fundamentos de marketing e administração de materiais e patrimônio, saneamento, agroecologia e gestão ambiental, tópicos especiais de administração. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/0836891204233076 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Caro (a) aluno (a), seja muito bem-vindo (a) à leitura do livro que utilizaremos na disciplina Educação Ambiental aplicada à Pedagogia. Este livro foi carinhosamente planejado para que você possa ter um conhecimento geral dos principais assuntos sobre meio ambien- te. Tal conteúdo servirá de base para compreensão dos temas abordados, com o objetivo de levá-lo a ter consciência dos problemas ambientais e perceber que, antes de qualquer ação, é preciso pensar na sustentabilidade do nosso planeta para o futuro das gerações futuras. A disciplina “Educação Ambiental” apresenta assuntos ligados ao meio ambien- te. Neste sentido, para facilitar os estudos, dividimos este material em quatro unidades de acordo com os temas e suas relações entre si. Desta forma, na primeira unidade demonstraremos como os processos ecológicos são responsáveis pelo bom funciona- mento dos ambientes naturais e como é alterado por ações antrópicas. Apresentaremos também os conceitos vitais necessários para que o homem possa trabalhar respeitando a natureza e proporcione equilíbrio do ecossistema, sabendo que este depende das ações diárias realizadas pelo homem. Nesta unidade, temos como objetivo levá-los a compreensão da importância de buscar integrar as dimensões ambientais, sociais e econômicas, transformando os atuais padrões de desenvolvimento em um novo modelo que, além de preservar os recursos na- turais, possa reduzir a pobreza, as desigualdades de renda e de gênero, a exclusão social, promova a paz, a segurança alimentar, o uso eficiente dos recursos, dentre outros desafios comuns que os países enfrentam. Entretanto, discutiremos os tópicos sobre as inter-relações ecológicas e o desenvol- vimento sustentável e conceituaremos e contextualizaremos ecologia, espécie, população, comunidade, ecossistema. Além disso, abordaremos a importância do entendimento das relações entre sociedade e natureza, bem como a compreensão dos objetivos e as metas desenvolvimento sustentável (ODS) e seus benefícios para nossa sociedade. Explana- remos, ainda, os objetivos definidos pela ONU para o desenvolvimento sustentável, que trazem metas as quais deverão ser implementadas por todos os países até o ano de 2030. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável propõem diversos assuntos de ele- vada importância para a humanidade a fim de transformar a vida no planeta. Garantir a sustentabilidade do meio ambiente é garantir, antes de qualquer coisa, que a fome, a pobreza e a miséria estarão afastadas definitivamente e, com isso, cessará a dura realidade que obriga as pessoas à exploração predatória dos recursos disponíveis em deter- minadas áreas. É importante destacar que apenas com uma situação de vida regular é que os habitantes de uma determinada região poderão tornar-se permeáveis as “novas ideias”. Na segunda unidade, abordaremos os diversos problemas ambientais da atuali- dade, uma vez que o planeta é afetado por vários problemas ambientais, muitos deles provocados por diversas ações humanas. Estes problemas afetam a fauna, a flora, o solo, as águas, o ar etc. Assim, pretendemos chamar a atenção sobre os principais problemas que afetam o meio ambiente, demonstrando que são problemas sistêmicos, o que significa que estão interligados e são interdependentes. Citaremos, além disso, problemas ocasionados pelo desmatamento, suas conse- quências à biodiversidade, queimadas, êxodo rural, processo de industrialização, efeito estufa, entre outros. Relataremos sobre os Pressupostos teórico-metodológicos da Educa- ção Ambiental, mostrando que, quando nos referimos à educação ambiental, não estamos tratando apenas de natureza, como geralmente esse termo é concebido, mas a um conjunto de relações sociais, políticas, históricas e econômicas, cujo homem é sujeito participante, transformador e, consequentemente, receptor de suas ações. Concluiremos citando as correntes que têm uma longa tradição em educação ambiental, como a corrente naturalista, conservacionista/recursista, resolutiva, sistêmica, científica, humanista, moral/ética e as correntes mais recentes, comoa corrente holística, biorregionalista, práxica, crítica, feminista, etnográfica, eco-educação e a sustentabilidade. Na terceira unidade, explanaremos sobre a importância da efetivação da política de educação ambiental, a qual visa, precipuamente, estabelecer um vínculo entre o indivíduo e o meio ambiente, tornando o primeiro responsável pela preservação e desenvolvimento. Para isto, conceituaremos e contextualizaremos Educação Ambiental, explanaremos resu- midamente sobre os históricos da Educação Ambiental, bem como sua transversalidade, a Educação Ambiental na Constituição de 1988 e os pontos relevantes da Lei nº 9.795/99 (Lei de Educação Ambiental), no intuito de demonstrar que mudanças de paradigmas implicam discutir valores para a construção de uma sociedade mais justa, que satisfaça as necessi- dades das gerações atuais, sem comprometer a sobrevivência das futuras gerações. Para finalizar, na quarta unidade, com o tema Educação ambiental, relataremos a tão falada sustentabilidade e sua relação com o desenvolvimento. Enfatizaremos a di- ferença entre desenvolvimento e crescimento, conceituando-os e mostrando o papel da sociedade, do governo e das empresas na busca por um mundo mais sustentável em todas as suas dimensões: ambiental, social e econômico. Discutiremos os capítulos da Agenda 21 global e biodiversidade, que servem como instrumento de planejamento participativo em que se admite de forma explícita a responsa- bilidade dos governos em impulsionar programas e projetos ambientais através de políticas que visam a justiça social e a preservação do meio ambiente e deve ser implementada tanto pelos governos quanto pela sociedade, concretizando o lema da ECO92: “pensar globalmente, agir localmente”. Falaremos também sobre gerenciamento dos resíduos sólidos como sendo a garantia de sustentabilidade para as futuras gerações, uma vez que há uma crescente preocupação com a preservação dos recursos naturais e com a questão de saúde pública associada ao ge- renciamento dos resíduos sólidos e almeja-se, por políticas públicas, atingir novos patamares de consciência ambiental, de tecnologia limpa e de crescimento sustentável. Portanto, a partir dos estudos destes capítulos, que possamos cuidar do meio ambiente, utilizando mecanismos que permitam a proteção ambiental, assegurando a qua- lidade de vida das pessoas e, principalmente, a conservação dos recursos hídricos do solo e da biodiversidade, garantindo o desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida da sociedade, pois é da natureza que retiramos nossos alimentos e garantimos nossa sobrevivência e é possível o desenvolvimento de forma sustentável. Bom estudo e que, a partir dessa leitura, você possa ser um agente em defesa do meio ambiente. SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 8 Princípios e Objetivos da Educação Ambiental UNIDADE II ................................................................................................... 36 Problemas Ambientais UNIDADE III .................................................................................................. 69 Conceitos e Históricos da Educação Ambiental UNIDADE IV .................................................................................................. 97 Educação Ambiental 5 Plano de Estudo: ● Conceitos básicos da ecologia, espécie, população, comunidade, ecossistema e os níveis de organização; ● Os Níveis de Organização da Vida em um Ecossistema; ● Relações entre os seres vivos; ● A importância das inter-relações ecológicas; ● Objetivos do desenvolvimento sustentável. Objetivos da Aprendizagem: ● Levar à compreensão da importância de buscar integrar as dimensões, ambientais, transformando os atuais padrões de desenvolvimento em um novo modelo que, além de preservar os recursos naturais, possa reduzir a pobreza, as desigualdades de renda e de gênero, a exclusão social, bem como promova a paz, a segurança alimentar, o uso efi- ciente dos recursos, dentre outros desafios comuns que os países enfrentam. ● Compreender as características da informação e quem as utiliza. UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental Professora Me. Sônia Maria Crivelli Mataruco 6UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental INTRODUÇÃO A natureza é sábia e, através dos seus exemplos, ensina ao homem como proceder para estabelecer uma relação harmoniosa e saudável com o meio onde vive. O homem ne- cessita da natureza para extrair os recursos naturais. Entretanto, na maioria das vezes, faz o uso de técnicas de manejo inadequadas, não preservando ou não promovendo meios para que haja reposição desses recursos de forma que possa suprir a atual e a futura geração. Diante dessa preocupação com o meio ambiente e com os impactos da ação do homem na natureza, os estudos elaborados têm apontado que as consequências das extinções prematuras de espécies, causadas pelo homem, incidem diretamente sobre seus habitats e, também, sobre a qualidade de vida das populações. Assim, o conhecimento das inter-relações entre os organismos existentes é fator primordial para a boa relação homem-natureza. Quando a sociedade analisa os problemas ambientais existentes e busca conhecer a forma como os organismos se relacionam entre si, dá um grande passo que conduz ao desenvolvimento sustentável, pois os organismos da Terra não vivem isolados: interagem uns com os outros e com o meio ambiente. Nesse intuito, os Objetivos para o Desenvolvimento do Milênio (ODS) foram for- mulados no ano de 2015, visando conciliar economia, ecologia e direitos humanos. Tais objetivos foram propostos durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU, 2015), na qual seus 193 Estados-membros aprovaram, por unanimidade, uma nova Agenda global para os próximos 15 anos, baseada em 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), subdivididos em 169 metas concretas que serão monitoradas por 300 indicadores. Para a aprovação desses objetivos, a ONU contou, além dos membros de Estados, com a colaboração de diversos stakeholders e consultas em mais de 100 países. A proposta da ONU (2015) não é apenas combater a fome e proteger o meio am- biente, mas também inclui temas até então ausentes: energia limpa, cidades sustentáveis, consumo e produção responsáveis, redução de diferenças entre homens e mulheres, igualdade de gênero e raça, entre outros. 7UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental A Agenda 2030 deve ser amplamente discutida no meio acadêmico pelo fato de in- fluenciar significativamente todos os seguimentos empresariais, os tomadores de decisão, sejam eles formuladores de políticas públicas governamentais ou do setor privado. O mundo passa por um momento de transformações quais devem nos levar a um novo modelo de desenvolvimento, social e ambientalmente mais adequado às necessida- des humanas, cujo sucesso só se alcançará se todos, tanto individual como coletivamente, seja nas corporações ou nos governos, se propuserem a fazer de forma diferente aquilo que está ao alcance de suas ações. 8UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental 1. CONCEITOS BÁSICOS DA ECOLOGIA, ESPÉCIE, POPULAÇÃO, COMUNIDADE, ECOSSISTEMA E OS NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO Preservar o meio ambiente é fundamental para manter a saúde do planeta e de todos os seres vivos que moram nele. Os seres humanos só conseguem sobreviver graças à natureza, afinal usamos os animais e plantas para nos alimentar, água para beber e tomar banho, além de muitos outros recursos que nem percebemos. A ecologia é a ciência que estuda as relações entre os seres vivos e os meios onde vivem. A palavra deriva do grego oikos, que significa lugar onde se vive, ou seja, meio ambiente. Para melhor compreensão do mundo vivo, são usados os níveis de organização. A ecologia moderna usa como basede estudo os ecossistemas, mas estuda também os organismos. 9UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental 2. OS NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO DA VIDA EM UM ECOSSISTEMA ● Espécie: organismos com características genéticas semelhantes. Com isso, o cruzamento de indivíduos da mesma espécie gera descendentes férteis. Exemplos: caran- guejos, ursos, pau-brasil etc.; ● População: termo que designa o conjunto de organismos da mesma espécie. Inicialmente usado para grupos humanos, depois ampliados para qualquer organismo. Exemplo: grupo de peixes-palhaço; ● Comunidade: conjunto das populações que vivem numa mesma região, tam- bém chamado de “comunidade biológica”, “biocenose” ou “biótopo”. Exemplo: aves, insetos e plantas de uma região; ● Biocenose: são as diversas espécies que vivem em determinado local e inte- ragem entre si. ● Biótopo: corresponde a uma parte do habitat. É uma área com condições am- bientais específicas que permitem a vida de determinadas espécies. Exemplo: trecho de uma floresta ou de uma lagoa; ● Ecossistema: conjunto de comunidades que interagem entre si e com o am- biente. Formado pela interação de biocenoses e biótopos. Exemplos: pode ser uma lagoa, uma floresta ou até um aquário; 10UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental ● Bioma: reunião de ecossistemas com características próprias de diversidade biológica e condições ambientais. Exemplos: a Mata Atlântica, o Cerrado e a Amazônia são alguns dos biomas brasileiros; ● Biosfera: conjunto de todos os ecossistemas das diferentes regiões do planeta. É a reunião de toda a biodiversidade existente na Terra. Nesse contexto, há interações entre as comunidades bióticas que compõem um ecossistema, as quais são chamadas de “interações biológicas” ou “relações ecológicas” e determinam relações dos seres vivos entre si e o meio em que habitam para sobreviverem e se reproduzirem. 11UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental 3. RELAÇÕES ENTRE OS SERES VIVOS Esta comunidade, formada por todos os indivíduos que fazem parte de um determi- nado ecossistema, possui diversas formas de interações entre os seres que a constituem, geralmente relacionadas à obtenção de alimento, abrigo, proteção, reprodução, etc., con- forme Freire; Castro e Motokane (2016). As relações ecológicas podem ser classificadas segundo o nível de interdependência: ● Intraespecíficas ou homotípicas: para seres da mesma espécie; ● Interespecíficas ou heterotípicas: para seres de espécies diferentes. ● Também podem ser classificadas de acordo com os benefícios ou prejuízos que apresentam: ● Relações harmônicas: quando a resultada da associação entre as espécies é positiva, na qual um ou os dois são beneficiados sem o prejuízo de nenhum deles. ● Relações desarmônicas: quando o resultado desta relação for negativo, ou seja, se houver prejuízos para uma ou ambas as espécies envolvidas. Para Freire, Castro e Motokane (2016), deixando de observar essas relações, podemos extinguir espécies ou deixá-las em vias de extinção, o que interfere na cadeia alimentar, afetando suas predadoras, que passarão a ter dificuldades para arranjar ali- mentos, bem com as suas presas naturais, que terão desenvolvimento desenfreado. Isso constitui um ciclo vicioso de desequilíbrio ambiental que chegará às espécies da flora, as quais também sofrerão com o desequilíbrio, tanto de predadores naturais quanto de espécies polinizadoras. 12UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental Preservar os animais, portanto, não é só uma questão ecológica e cultural. A inter- ferência da destruição e extinção prematura de espécies da fauna incide diretamente na vegetação e, por consequência, em todo o bioma, afetando também os rios e cursos d’água e a qualidade do ar, além das populações que estão economicamente ligadas à pesca, à caça ou ao extrativismo. 13UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental 4. A IMPORTÂNCIA DAS INTER-RELAÇÕES ECOLÓGICAS Conhecer e compreender as inter-relações existentes entre os inúmeros seres vivos existentes na terra é fundamental para a sobrevivência e desenvolvimento da espécie humana. As relações ecológicas se particularizam pela forma de interação que os seres vivos mantêm entre si, sendo categorizadas de acordo com os benefícios e/ou prejuízos que trazem aos organismos. A espécie humana construiu, desde sua origem, uma relação ímpar com a natureza para suprir suas necessidades. Essa convivência necessita ser har- moniosa e organizada. Antunes (2002) diz que a história tem demonstrado que o homem consegue, du- rante um período, viver isolado, mas não durante toda a sua existência, pois o homem é, por sua natureza, animal social e político, vivendo em multidão, ainda mais que todos os outros animais, o que se evidencia pela natural necessidade. Portanto, é na sociedade que o homem encontra condições favoráveis para o seu desenvolvimento. Os organismos estabelecem relações mútuas entre si e com o ambiente físico, baseados nas interações que ocorrem no mundo natural. O entendimento dos diferentes fenômenos que englobam essas relações e interações entre seres vivos (incluindo o homem) e os componentes abióticos é amplamente discutido à luz de teorias ecológicas. O ambiente é alterado, físico e quimicamente, pela maneira como os indivíduos realizam suas ativida- des. Também as interações entre organismos, têm influência na vida de outros seres, da mesma espécie e de espécies diferentes (BEGON, 2007, p. 223). 14UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental Na natureza os seres vivos mantêm entre si vários tipos de interações ecológicas que podem ser consideradas como sendo harmônicas ou positivas e desarmônicas ou negativas: as interações harmônicas ou positivas são aquelas nas quais não há prejuízo para as espécies participantes e vantagem para, pelo menos, uma delas; as interações desarmônicas ou negativas são aquelas nas quais pelo menos uma das espécies partici- pantes é prejudicada, podendo existir benefício para uma delas. Com a exploração de determinado conjunto de recursos, cada espécie define o seu nicho ecológico, também entendido como o papel desempenhado por esta espécie no ecossistema. Se não existissem competidores, predadores e parasitas em seu ambiente, uma espécie seria capaz de viver sob maior amplitude de condições ambientais (seu nicho fundamental) do que faria na presença de outras espécies que a afetam negativamente (seu nicho realizado). Por outro lado, a presença de espécies benéficas pode aumentar a gama de condições em que uma espécie consegue sobreviver. Dentro de cada um dos tipos de interações mencionados acima, ainda podemos classificá-las em interações intraespecíficas e interespecíficas, conforme ocorre entre indi- víduos da mesma espécie ou entre espécies diferentes respectivamente, conforme tabela abaixo que mostra os principais tipos de interações ecológicas possíveis de ocorrer entre organismos de duas espécies. Essas relações ecológicas são muito importantes, pois garantem a sobrevivência dos diferentes seres vivos e ajudam no combate da densidade populacional, de modo que favorecem o equilíbrio ecológico. Para Leripio (2001), ecossistema é o conjunto formado pelo meio ambiente, pelos seres que aí vivem e pela dependência recíproca. É a unidade fundamental da ecologia. São exemplos de ecossistemas: uma floresta, uma lagoa, uma campina, um aquário etc. Quando não se consegue repor os recursos, ou quando sua reposição é menor que o consumo, considera-se que este recurso é limitado. A abundância ou escassez influencia a distribuição das espécies e no desenvolvimento de uma sociedade. Por exemplo, uma pequena quantidade de água doce em um determinado ambiente poderá limitar o interesse de investimentos na área. 15UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental TABELA 1 - PRINCIPAIS TIPOS DE INTERAÇÕES ECOLÓGICASPOSSÍVEIS DE OCORRER ENTRE ORGANISMOS DE DUAS ESPÉCIES Relações Interações Harmônicas Interações Desarmônicas Intra Específica Colônia (+) Sociedade (+) Competição. Principais tipos de intera- ções ecológicas entre os seres vivos (-) Inter Específica Mutualismo (+ +) Cooperação (+ +) Comensalismo (+0) Inquilinismo (+0) Epifitismo (+ 0) Competição (- -) Parasitismo (+ -) Predatismo (+ -) Amensalismo (+ -) Fonte: Biomania (s.d.). Essa relação de escassez e/ou abundância nos leva a refletir sobre como se dá o equilíbrio ecológico que consiste na relação entre os organismos vivos entre si com o ecossistema, assegurando a sobrevivência das espécies, bem como a preservação dos recursos naturais. A sociedade que apresentar um ecossistema perturbado e não buscar um equilíbrio ecológico receberá, cedo ou tarde, resposta pelos seus atos, uma vez que a espécie hu- mana não é só a que mais contribui para esse desequilíbrio, mas também a mais atingida pelas alterações ambientais. Vale lembrar que o ecossistema com sua capacidade de resiliência tende a reverter naturalmente um quadro de desequilíbrio. No entanto, nem sempre isso é possível ou o tempo necessário para que o equilíbrio ecológico seja estabelecido novamente é muito grande, o que pode causar outras alterações ainda mais graves. Portanto, para se garantir equilíbrio ambiental, basta proteger o ecossistema. Os ecossistemas são sistemas equilibrados e cada espécie viva tem o seu papel no funcionamento do ecossistema que pertence. Para Leripio (2001), a existência da cobertura 16UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental vegetal e diversidade genética da flora local depende diretamente da ação de alguns inte- grantes da fauna silvestre, sendo os insetos voadores e pássaros os maiores protagonistas dessas ações, pois, através de suas estratégias de obtenção de alimento em busca do néctar das flores é que se procede a polinização, na qual grãos de pólen são carregador involuntariamente em seus corpos, o que possibilita que esses grãos fecundem flores de outras árvores da mesma espécie em áreas diferentes. O autor citado complementa que as aves e mamíferos frutívoros são considerados os “plantadores da mata”, pois se alimentam dos frutos nativos, processo a partir do qual se procede a dispersão das sementes pelas fezes em todas as áreas de sua existência. O controle populacional é outra importante função dos animais silvestres na natu- reza, pois eles integram uma cadeia alimentar bem organizada, n qual os consumidores primários dependem da flora em equilíbrio para a sobrevivência, por se tratarem de animais herbívoros que servem de alimento para os consumidores secundários (algumas espécies de serpentes, corujas e mamíferos carnívoros de médio porte), que, por sua vez, são preda- dos pelos consumidores terciários ou os chamados “animais topo de cadeia”, representados pelas aves de rapina, répteis e mamíferos carnívoros de grande porte. 17UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental 5. OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Durante a realização da Cúpula do Milênio, reunião promovida pela Organização das Nações Unidas, em Nova York, em setembro de 2000, líderes de 189 países firmaram um pacto. Desse pacto, cujo foco principal era o compromisso de combater a pobreza e a fome no mundo, nasceu um documento chamado Declaração do Milênio. Ficou, assim, estabelecido como prioridade eliminar a extrema pobreza e a fome do mundo até 2015. A realização da Cúpula do Milênio representou um momento de síntese na história das ONU. Nas reflexões que se deram em decorrência da sua convocação e preparação da Cúpula, pôde ser confirmada a gravidade da pobreza que assolava o mundo e a necessidade de se conseguir maior visibilidade para o problema e maior compromisso dos países no seu combate. Para a Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD, 1991), os objetivos que derivam do conceito de desenvolvimento sustentável estão relacionados com o processo de crescimento da cidade e objetiva a conservação do uso racional dos recursos naturais incorporados às atividades produtivas. Entre esses objetivos estão: 1. Crescimento renovável; 2. Mudança de qualidade do crescimento; 3. Satisfação das necessidades essenciais por emprego, água, energia, alimento e saneamento básico; 4. Garantia de um nível sustentável da população; 18UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental 5. Conservação e proteção da base de recursos; 6. Reorientação da tecnologia e do gerenciamento de risco. De acordo com o Guia sobre Desenvolvimento Sustentável, no ano de 2016 entrou em vigor a resolução da Organização das Nações Unidas (ONU, 2015) intitulada “Transfor- mar o nosso mundo: Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável”. Para Alves (2015), “a concepção dos cinco P’s é eloquente, pois estabelece cinco prioridades equidistantes, projetadas dentro de um círculo, cujo centro é um pentágono, representando o “desenvolvimento sustentável”. No topo do desenho estão colocadas as Pessoas (erradicação da pobreza), no nível intermediário estão o Planeta (recursos naturais e clima) e a Prosperidade (bem-estar humano) e na base do círculo estão a Paz (sociedades pacíficas, justas e inclusivas) e as Parcerias (governança global sólida). Os cinco componentes, por sua vez, sustentam o acordo com o estabelecido nos 17 objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS). Os temas definidos como ODS são muitos, mas, basicamente, têm um ponto em comum: tornar o desenvolvimento humano mais seguro e garantir condições de vida adequadas sob o ponto de vista social, ambiental e econômico. No coração da Agenda 2030 estão cinco eixos de atuação para o Desenvolvimento Sustentável (5 P’s da sustentabilidade), sendo pessoas, prosperidade, paz, parcerias e planeta, conforme demonstrado na figura abaixo: FIGURA 1 - OS CINCO P’S DA AGENDA AMBIENTAL Fonte: Os cinco P’s da Agenda 2030 (ONU,2015). Disponível em: Plataforma Agenda 2030. Acesso: 24 nov. 2020. 19UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental Encontrar as interdependências entre os 17 objetivos nos ajuda a encontrar as raízes dos problemas e criar soluções sustentáveis de longo prazo. O objetivo de uma agenda é sempre, em primeiro lugar, organizar os temas e faci- litar o entendimento das pessoas para, em seguida, mobilizar, engajar e convocar à ação. O desejo da Organização das Nações Unidas com estabelecimento dessa Agenda é levar todos os países a aspirar o desenvolvimento, mas não a qualquer custo, em prejuízo de pessoas e do planeta. Para a ONU (2015, s/p): é fundamental que a agenda seja “sustentável”, isto é, equilibre novas res- postas e soluções econômicas, ambientais e sociais, algo que apenas será possível se cada indivíduo, e cada uma das instituições (governos, empre- sas, organizações da sociedade civil) mudem atitudes e comportamentos na direção de um jeito melhor de viver no planeta no século 21. Para melhor entendimento, os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) significam: 1. Erradicação da pobreza: “acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares”; Para a ONU (2015), este constitui o maior desafio entre todos para o atendimento do desenvolvimento sustentável. A ONU (2015) demonstra muita preocupação com o assunto e entende que um dos caminhos para solucionar este sério problema é o estabelecimento parcerias que viabilizem a mobilização de recursos para a criação de programas e políticas que erradiquem a pobre- za em todos os sentidos. Esses programas devem oferecer as populações vulneráveis condições mínimas de sobrevivência e seja possível reduzir à metade a proporção de pessoas que vivem em situação de pobreza. Estabelecer parcerias e programas não significa fornecer cestas básicas, pois não resolverá a situação. É preciso oferecer condições para que o cidadão tenha possibilidadede se auto sustentar por meio de um trabalho e uma remuneração digna (ONU, 2015). 2. Fome zero e agricultura sustentável: acabar com a fome, alcançar a segu- rança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável”; Segundo a ONU (2015), existem mais de 500 milhões de pessoas em situação de desnutrição no planeta. A meta do segundo objetivo do desenvolvimento sustentável é que, até 2030, os países desenvolvam programas e políticas que possam dobrar a produtividade 20UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental dos pequenos agricultores, incluindo mulheres e povos indígenas, de modo a aumentar a renda de suas famílias. Esperamos que sejam realmente estabelecidos programas para este fim, que mos- trem a importância de produzir de forma sustentável, respeitando o meio ambiente, ou seja, produzir mais alimento na mesma área e não provocar ainda mais desmatamentos. De todo alimento produzido no mundo, mais de um terço é desperdiçado, custando aproximadamente US$750 bilhões à economia global anualmente. Entretanto, as perdas não se limitam apenas a esfera econômica, mas também de outros insumos que foram necessários para a produção, como a água, energia e trabalho, emitindo, ainda, gases estufa ao longo do processo. Segundo o relatório “O Caminho para a Dignidade até 2030” (2015), as possíveis causas para a deficiência no sistema de distribuição e a consequente insegurança alimentar são: conflitos, terrorismo, corrupção, mudanças climáticas, degradação do meio ambiente e a pobreza, citada anteriormente como sendo a principal raiz do problema de acessibilidade a alimentos no mundo. A declaração afirma ainda que nenhum ser humano em estado de fome terá preocupação com o meio ambiente. 3. Saúde e bem-estar: “assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades”; As metas da Agenda 2030 estão não apenas na redução da mortalidade neonatal, da obesidade e na erradicação de doenças como o HIV, tuberculose e malária, mas também na conscientização quanto ao uso de álcool e drogas e no esclarecimento cada vez maior em torno da saúde mental e da importância do bem-estar psicológico e físico (ONU, 2015). Segundo a Organização Nações Unidas - ONU ( 2015 saúde pode ser definida como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença ou enfermidades”. Sendo assim, não basta apenas estar sem nenhuma doença: é necessário estar bem consigo mesmo e com o corpo, sem sentir dores ou, até mesmo, tristeza. 4. Educação de qualidade: “assegurar a educação inclusiva e equitativa de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos”; Este objetivo trata de todos os níveis educacionais, desde a primeira infância até a vida adulta, e tem como de suas metas garantir que a educação seja viável para todas e todos, sem discriminação de gênero. Isso é importante pelo fato de que as meninas são as principais prejudicadas em seu desenvolvimento educacional, pois, em comparação 21UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental aos meninos, a educação delas costuma ficar em segundo plano. Além disso, muitas são obrigadas a abandonar os estudos em função de casamentos e gestações precoces (ONU, 2015). Relacionado a este fato, Philippi Jr. et al. (2002, p. 42) fala da importância da edu- cação para o desenvolvimento sustentável: Falta evidentemente mais educação: educação do empresário, para que não despeje o resíduo industrial nos rios; educação dos investidores imobiliários, para que respeitem as leis de zoneamento e orientem os projetos de modo a preservar a qualidade de vida do povo; educação dos comerciantes, para que não se estabeleçam onde a lei não permite e comprovem a conivência de autoridades públicas para a continuação de suas práticas ilegais, educação do político, para que não venda leis e decisões administrativas, para que não estimule e nem acoberte ilegalidades, para que não faça barganhas contra os interesses do povo; educação do povo, para que tome consciência de que cada situação danosa para o meio ambiente é uma agressão aos seus direi- tos comunitários e agressão aos direitos de cada um. 5. Igualdade de gênero: “alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”; Objetivando a erradicação de todas as formas de violência contra meninas e mu- lheres, uma das metas da Agenda 2030 é viabilizar que meninas e mulheres recebam os mesmos incentivos e oportunidades educacionais, profissionais e de participação política que meninos e homens, bem como o igual acesso a serviços de saúde e segurança (ONU, 2015). 6. Água potável e saneamento: “assegurar a disponibilidade e gestão susten- tável da água e saneamento para todos”; Saneamento básico, como o próprio nome já diz, é muito básico para que todas as pessoas não tenham acesso. A Agenda 2030 prevê como meta uma gestão mais responsável dos recursos hídri- cos, incluindo a implementação de saneamento básico em todas as regiões vulneráveis e a proteção dos ecossistemas relacionados à água, como rios e florestas (ONU, 2015). O gráfico abaixo traz as principais metas para saneamento básico no Brasil, que é fornecer água tratada a 99 % da população, esgoto sanitário a 93% e diminuir as perdas de água tratada para 31%. 22UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental GRÁFICO 1 - PRINCIPAIS METAS PARA SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL Fonte: Plano Nacional de Saneamento Básico (2013). 7. Energia acessível e limpa: “assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia, para todos”; Mais do que oferecer a todas as pessoas acesso à energia, é garantir que a ener- gia fornecida também seja limpa e barata, para que não haja prejuízos ao meio ambiente durante a sua produção e, também, dificuldades de acesso pelas pessoas de baixa renda e em situação de vulnerabilidade (ONU, 2015). No setor elétrico brasileiro, o ano de 2016 foi marcado pela entrada de fonte solar fotovoltaica (FV) no Balanço Energético Nacional. O Brasil possui um quadro de depen- dência energética da geração das hidrelétricas e essa é uma questão que traz inúmeras complicações para o sistema de energia brasileiro. De acordo com o último Balanço Energético Nacional, realizado pelo Ministério de Minas e Energia, em 2016, a geração hidráulica corresponde a 64% da Matriz Elétrica Brasileira e, ainda segundo o documento, pelo terceiro ano consecutivo houve redução da oferta de energia hidráulica devido às condições hidrológicas desfavoráveis. 8. Trabalho decente e crescimento econômico: “promover o crescimento eco- nômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo, e trabalho decente para todos”; 23UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental Para garantir emprego, principalmente para os jovens sem formação, a Agenda es- timula o empreendedorismo, a criatividade e a inovação, além de incentivar a formalização e o crescimento das micro, pequenas e médias empresas, inclusive por meio do acesso a serviços financeiros (ONU, 2015). 9. Indústria, inovação e infraestrutura: “promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo, e trabalho decente para todos”; Buscar incentivar os países para promover as pesquisas científicas, dar condições para as pessoas terem acesso à internet e, assim, obterem conhecimento de todas as novidades tecnológicas de produção, para que os países menos desenvolvidos possam crescer na sua capacidade produtiva de forma que garanta sustentabilidade (ONU, 2015). 10. Redução das desigualdades: “reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles”; Reduzir desigualdades é mais do que promover uma melhor distribuição de renda dentro das nações ou de romper com os privilégios comerciais de nações ricas em relação às mais pobres. Está em estreitar os laços entre as pessoas que ocupamos territórios do planeta, sejam elas nativas ou imigrantes. A xenofobia é um problema grave, causador de diversas violências, que faz com que várias pessoas se vejam marginalizadas e com menos oportunidades somente por pertencerem a um território ou etnia diferente (ONU, 2015). 11. Cidades e comunidades sustentáveis: “reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles”; É visível a urbanidade do mundo e essa situação ocasiona diversos problemas am- bientais como: doenças, impermeabilização do solo, acúmulo de lixo, poluição atmosférica e dos recursos hídricos etc. 12. Consumo e produção responsáveis: “assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis”; Com o consumismo e a exaustão dos recursos naturais, teremos não apenas falta de água, mas também a falta de outros recursos, como alimentos, minerais, energia etc. Nesse caso, a Agenda estimula a redução da geração de resíduos e reutilização e recicla- gem (ONU,2015). 24UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental 13. Ação contra mudança global do clima: “tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos”; Apesar da diminuição do aumento do buraco na camada de ozônio, ainda estamos cada vez mais aumentando o desmatamento a poluição do ar, fatores que influenciam di- retamente no aquecimento do planeta. As metas da Agenda 2030 consistem em aumentar os investimentos dos países no desenvolvimento de tecnologias que permitam reduzir o desgaste do planeta (ONU, 2015). 14. Vida na água: “conservar e usar sustentavelmente os oceanos, os mares e os recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável”; De acordo com a ONU, há 13 mil pedaços de plástico em cada quilômetro quadrado do oceano. Uma das metas da Agenda para este objetivo é aumentar a conscientização quanto à poluição dos oceanos. Para isso, ela prevê para 2030 o fim de todas as práticas ilegais de pescaria que prejudicam o ecossistema marinho (ONU, 2015). 15. Vida terrestre: proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a deser- tificação, deter e reverter a degradação da terra, e deter a perda de biodiversidade; Com o aumento dos desastres ambientais em diversas regiões do planeta, como vazamentos de substâncias químicas, rompimento de barragens e incêndios, a Agenda 2030 tem como meta aumentar a mobilização para reverter as consequências dessas de- gradações e também para prevenir novos desastres (ONU,2015). 16. Paz, justiça e instituições eficazes: promover sociedades pacíficas e in- clusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis; A Agenda prevê que os países combatam a corrupção, a impunidade, as práticas abusivas e discriminatórias, a tortura, bem como todas as formas de restrição das liberda- des individuais (ONU,2015). 17. Parcerias e meios de implementação: fortalecer os meios de implementa- ção e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável; Para que todos esses objetivos se tornem realidade, é importante que haja relações de parceria e cooperação entre as nações. Por isso, uma das metas da Agenda 2030 é que 25UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental os países em melhores condições financeiras ajudem os países em desenvolvimento a alcançar a sustentabilidade da dívida de longo prazo, por meio de políticas coordenadas destinadas a promover o financiamento, a redução e a reestruturação da dívida, conforme apropriado, e tratar da dívida externa dos países pobres altamente endividados para reduzir o superendividamento (ONU, 2015). SAIBA MAIS O Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil é uma contribuição ímpar para a avaliação dos ODM, pois seus dados desagregados vão além das médias, permitindo verificar o ponto de partida e a evolução do bem-estar das populações de cada porção do território brasileiro. Trata-se de um banco de dados georreferenciado, contendo informações socioeconômicas para os 5.507 municípios brasileiros: são dezenas de indicadores, tais como população (total, rural, urbana, por gênero, por faixa etária etc.), renda per capita (individual, familiar, total, oriunda do trabalho etc.), taxa de alfabetização (por gênero, raça, faixa etária etc.), taxa de mortalidade, IDH e outros. O software gera mapas (Brasil, regiões e estados), perfis municipais, tabelas, análises estatísticas, etc., a partir dos dados censitários (IBGE) de 1991 e 2000 (PNUMA, 2015). O Projeto do Milênio recomenda uma estratégia global para auxiliar as nações a mudar o curso contra a pobreza. Usando as metas determinadas pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, as recomendações de políticas feitas pelo Projeto são centradas em: ● Planejamento para o horizonte temporal de 2015; ● Busca dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio como metas mínimas nos países em desenvolvimento; ● Especificações de como os países doadores devem agir em relação a seus compromissos de ajuda, comércio e alívio da dívida externa para coerentemente apoiar os países mais pobres do mundo no alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. ● A maior parte do trabalho do Projeto é levada a cabo por dez forças-tarefa temáticas, totalizando mais de 250 especialistas de todo o mundo, incluindo: pesquisadores e cientistas, formuladores de políticas, representantes de ONGs, agências da ONU, Banco Mundial, FMI e o setor privado. Nos últimos três anos, as forças- tarefa conduziram extensas pesquisas em suas áreas de perícia, a fim de produzir recomendações para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. 26UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental A recomendação principal do Projeto do Milênio é a de que os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio devem estar no centro das estratégias nacionais e internacionais de combate à pobreza. Para que isso aconteça, os países em desenvolvimento precisam administrar vigorosas “avaliações de necessidades”, para identificar em que ponto eles estão posicionados em relação aos Objetivos e quais as intervenções necessárias para que se entre no eixo para 2015. Porém, para que os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio sejam alcançados, os países doadores também devem fazer sua parte neste acordo global. Os Objetivos contêm uma meta específica para que seja estabelecida uma “parceria global para o desenvolvimento”, que detalha o que é necessário dos países mais ricos para que seja financiada a luta contra a pobreza no mundo em desenvolvimento. Alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio requer um aumento marcante no volume de Ajuda Oficial ao Desenvolvimento (ODA). As descobertas do Projeto demonstram que, nos países em desenvolvimento, com “estratégias de redução da pobreza baseadas nos ODM” e em consonância com o compromisso de 0,7% do PIB feito pelos países desenvolvidos, os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio podem ser alcançados, mesmo nos países mais pobres, até 2015 (PNUMA, 2015). O Brasil tem um novo objetivo. Não adianta melhorar apenas as estatísticas gerais sem oferecer condições iguais a todas as etnias. Por isso, a partir de 2006, a ONU estipulou um nono objetivo para o Brasil: garantir que as melhorias obtidas na luta pelo cumprimento dos objetivos do milênio promovam igualdade de condições para brancos e negros. Tal meta foi batizada de “Os objetivos do milênio sem o racismo” e será levada em conta na análise dos resultados finais da campanha, ou seja, só vamos cumprir os oito objetivos principais se lá em 2015 brancos e negros estiverem em condições iguais. Fonte: As Metas do Milênio da ONU ( 2015) Objetivos de Desenvolvimento Sustentável | PNUD Brasil (undp.org). Acesso: 24 nov.2020 27UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental REFLITA Os animais cumprem um papelmuito importante para o equilíbrio do planeta, pois, são os principais responsáveis pela respiração, fenômeno capaz de equilibrar a fotossíntese. A fotossíntese precisa de luz solar, água e gás carbônico para produzir açúcares. Os animais, ao respirarem, quebram essas moléculas e absorvem a energia armazenada, liberando a água e o gás carbônico novamente (fundamental para a vida vegetal). E, embora as plantas também respirem, sua liberação de gás carbônico é mais lenta. Em um ambiente sem animais haveria uma forte tendência ao gás carbônico se fixar nas plantas, interrompendo a fotossíntese e aumentando o efeito estufa produzido pela camada de gás carbônico. Fonte: UOL (s. d.). As plantas e os animais são essenciais para a manutenção da vida na Terra. As plantas fazem, entre outras coisas, a fotossíntese, absorvendo gás carbônico e libe- rando oxigênio. Os animais são agentes polinizadores, garantindo a germinação de novas árvores. Um beneficia o outro, e todos são beneficiados. Por isso é tão impor- tante à proteção ambiental. Você consegue imaginar este planeta sem plantas e animais? Por que é importante cuidar dos animais e do meio ambiente? Talvez você nunca tenha pensado a respei- to disso, no entanto os animais estão sempre presentes em nosso cotidiano e muitas vezes não damos conta de sua presença. Se estendermos essa pergunta ao universo ecológico, vamos perceber que sem os animais habitando o planeta Terra a vida sim- plesmente iria se extinguir. Fonte: LBV (2016). 28UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental CONSIDERAÇÕES FINAIS Os problemas ambientais desencadeiam uma série de questionamentos sobre suas causas e consequências. Essas causas e consequências afetam a relação entre os homens e deles com a natureza. O ser humano deve observar os exemplos da natureza e ter a consciência de que a biosfera tem limites e que estes devem ser respeitados, sendo necessário repensar práticas, costumes e padrões de consumo e tecnologias empregadas, pois com os pa- radigmas atuais, não haverá planeta suficiente para manter a sociedade com a inclusão que ainda precisa ser feita. Desta maneira, diante da intensa degradação da natureza, medidas urgentes de- vem ser tomadas por todos a benefício do homem e do próprio meio ambiente, a fim de minimizar os impactos negativos que tem levado os recursos naturais e a escassez em nome da melhoria da qualidade de vida. Estamos cada vez mais questionando o atual modelo de desenvolvimento. Por isso, entendemos a necessidade de termos um olhar para o passado, compreender a natureza e aplicar este conhecimento a benefício do homem e da própria natureza. Segundo Leripio, a relação meio ambiente e desenvolvimento devem deixar de ser conflitantes para tornar-se uma relação de parceria. O ponto chave da questão passa a ser a necessidade de uma convivência pacífica entre a boa qualidade do meio ambiente e o desenvolvimento econômico (LERIPIO, 2001). A Agenda 2030 sinaliza a compreensão por todos de que a humanidade pode e deve fazer escolhas por trajetórias tecnológicas, sociais, econômicas que maximizem os ganhos para as pessoas e para o planeta, visando a prosperidade e a paz, de forma colabo- rativa, por meio de parcerias. A Agenda mostra, ainda, a necessidade em reduzir a geração de resíduos por meio da prevenção, redução, reciclagem e reutilização e pensar na imensa oportunidade para trabalhar em parcerias. Importante ressaltar que cerca de cinco a 20 milhões de pessoas morrem por ano por causa da fome, muitas delas crianças, e alterar essa situação significa buscar mudan- ças no estilo de vida da sociedade. A própria Constituição de 1988, em seu Preâmbulo, trata da erradicação da pobreza e da marginalização, mas, infelizmente, temos ainda “um longo caminho a percorrer”. 29UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental Garantir o alimento para todos, superar a miséria e a fome exige mais que esforço: comprometimento de todos os agentes públicos e privados, atendendo às exigências e a busca da sustentabilidade social. Há uma estreita sintonia entre as prioridades da Agenda 21 e os Objetivos e Metas de Desenvolvimento do Milênio. A Agenda 21 é um importante instrumento para que temas essenciais à sustentabilidade do desenvolvimento alcancem a transversalidade necessária nas políticas de governo, como é o caso do meio ambiente e do próprio combate à pobreza. Os ODM dão finalidade e direção comuns aos esforços empreendidos no combate à pobreza, em seu sentido amplo. A oportunidade de tirar-se o máximo proveito da experiên- cia da Agenda 21 para o atendimento dos ODM é dada porque, do conjunto de instrumentos direcionados à sustentabilidade do desenvolvimento, possivelmente, a Agenda 21 seja o mais completo, em termos de setores e temas transversais tratados e, sobretudo, o que mais permeou os diferentes setores da sociedade níveis de governo. A Agenda 21 constitui-se no principal referencial de princípios e valores que estariam contidos no conceito de desenvolvimento sustentável. É o canal para envolver a sociedade (método) e o desenvolvimento social, meio ambiente e desenvolvimento, habitat, gênero, direitos humanos etc. Considerando-se que já havia um amadurecimento em torno dos princípios que norteariam o tratamento desses temas em prol do desenvolvimento humano sustentável, tratava-se, então, acima de tudo, de estabelecer um acordo em torno dos grandes objetivos e metas que os países estariam dispostos a cumprir. 30UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental LEITURA COMPLEMENTAR Olhando o passado e o futuro: revendo pressupostos sobre as inter-relações pessoa-ambiente O texto examina alguns dos pressupostos que guiaram os primeiros trabalhos em Psicologia Ambiental e os revisa à luz de perspectivas contemporâneas. Muitos desses pressupostos continuam a ter relevância, mas são necessárias algumas modificações e acréscimos para dar conta do desenvolvimento em ideias e pesquisas ao longo dos anos. É preciso: ir além da pesquisa multidisciplinar, engajando-se no pensamento interdisciplinar e pesquisa em colaboração com pessoas de outras disciplinas; ampliar a atenção com as questões éticas; examinar o papel da tecnologia na vida das pessoas; reconhecer a na- tureza holística das transações pessoa-ambiente levando em consideração a diversidade criada por idade, gênero, nível de capacidade/incapacidade, cultura e economia. Fonte: Scielo (2019). Relações ecológicas - Os tipos de relacionamento entre os seres vivos Na natureza, existem diversos tipos de relações entre os seres vivos, sendo al- gumas benéficas e outras prejudiciais para cada um dos envolvidos. Essas relações são classificadas como positivas, quando há ganho para um dos envolvidos ou para ambos, e como negativas, quando há prejuízo pelo menos para um dos envolvidos. Quando ocorrem entre indivíduos da mesma espécie, as relações são denominadas intraespecíficas e, quan- do são de espécies diferentes, chamamos de interespecífica. Fonte: UOL (2019). Interações Ecológicas Este texto traz complemento mais abrangente sobre as relações ecológicas, possi- bilitando maiores conhecimentos sobre o conteúdo ministrado neste capítulo. Fonte: Biomania (s. d.). 31UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental Objetivos de Desenvolvimento Sustentável Este texto traz os objetivos do desenvolvimento sustentável, demonstrando suas metas dentro de cada objetivo. Fonte: Itamaraty (2019). Novas propostas para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) Em 2015 termina o prazo estabelecido para o cumprimento das metas dos oito Ob- jetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), que foram definidos na Cúpula do Milênio, da Organização das Nações Unidas (ONU), no ano 2000, em Nova Iorque. Atualmente, a ONU está realizando um debate global para definir quais serão as novas metas que substituirão os ODMs,entre 2015 e 2030, e que vão dar continuidade às decisões da Conferência do Meio Ambiente de 2012, a Rio + 20. Fonte: Alves (2014). 32UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental MATERIAL COMPLEMENTAR FILME/VÍDEO Título: Relações ecológicas Ano: 2016 Sinopse: a vida na terra, seja ao nível de uma pequena poça ou ao nível de um ecossistema que abrange um continente, se resume em interações. Além de interagirem com o meio físico, os organismos interagem com indivíduos da sua espécie e com outras espécies, estabelecendo o que chamamos de relações eco- lógicas. As relações ecológicas podem ser harmônicas (quando não há prejuízo para nenhum indivíduo) ou desarmônicas (quando um indivíduo é prejudicado por outro). Ambas ocorrem tanto ao nível intra-específico (entre indivíduos da mesma espécie) quanto ao nível interespecífico (entre espécies diferentes). Link: https://www.youtube.com/watch?v=SZbMnJ99q3U. FILME/VÍDEO 2 Título: Relações Ecológicas Ano: 2013 Sinopse: recortes de filmes mostrando diferentes Relações ecoló- gicas intraespecíficas e interespecíficas. Link: https://www.youtube.com/watch?v=SB5jkiM4R8g. FILME/VÍDEO 3 Título: Conheça os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável Ano: 2017 Sinopse: relata os problemas da revolução devido produção em massa e consumismo e as propostas do ODS. Link: https://www.youtube.com/watch?v=_3ejiX6AvLY. FILME/VÍDEO 4 Título: O que é essa tal de sustentabilidade? Ano: 2016 Sinopse: o que é essa tal de sustentabilidade traz uma provoca- ção sobre o tema e o autor Saulo com este vídeo inicia uma série de quebras de paradigmas sobre o tema. Link: https://www.youtube.com/watch?v=tBr6GvbeJvo. FILME/VÍDEO 5 Título: Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável – Uni- dade I Ano: 2013 Sinopse: o vídeo traz conceitos sobre meio ambiente, ecologia, interações ecológicas, explicando as inter-relações ecossistêmi- cas e equilíbrio ecológico. Link:https://www.youtube.com/watch?time_continue=116&- v=HLOCF_Z9XdY. 33 Plano de Estudo: ● Problemas ambientais que afetam o planeta - introdução da relação de depredação do ser humano sobre o meio ambiente; ● Industrialização e seus efeitos; ● Pressupostos teórico-metodológicos da Educação Ambiental; ● Correntes da educação ambiental. Objetivos da Aprendizagem: ● Demonstraremos que os problemas ambientais são sistêmicos, o que significa que estão interligados e são interdependentes. Esses problemas precisam ser vistos, exatamente, como diferentes facetas de uma única crise, que é em gran- de medida uma crise de percepção. Assim, promover conhecimentos necessá- rios à compreensão do ambiente, de modo a suscitar uma consciência social que possa gerar atitudes capazes de afetar comportamentos, onde a educação ambiental não pode ser definida em práticas isoladas, mas deve ser um pro- cesso contínuo de tomada e retomada de decisões, análises e, principalmente, ações, já que dessas dependem o futuro da humanidade, a qualidade de vida e a manutenção da vida na terra. UNIDADE II Problemas Ambientais Professora Me. Sônia Maria Crivelli Mataruco 34UNIDADE II Problemas Ambientais INTRODUÇÃO Modernamente, as relações estabelecidas entre os indivíduos e os recursos natu- rais, levando-se em conta, como não poderia deixar de ser, fatores como o consumismo desenfreado, o desenvolvimento capitalista, bem como a expansão populacional, têm levado o meio ambiente a atual situação de crise. A interferência desordenada humana no meio ambiente é a grande causadora da perda da biodiversidade mundial. Desta forma, a importância de preservar as plantas e os animais tem sido cada vez mais discutida na atualidade. Plantas e animais têm sido exterminados de maneira muito rápida pela ação humana, quando as matas e florestas são de extrema importância para o equilíbrio ecológico do planeta Terra e para o bom funcio- namento climático. Desse modo, dentre as principais causas da perda de biodiversidade, destacam-se a destruição de habitat, a introdução de espécies exóticas e o uso exagerado de recursos naturais. A biodiversidade é ameaçada pela introdução de espécies exóticas: ao inserirmos uma espécie nova em um ambiente que não é o seu, ela pode competir com as outras, predar fortemente algumas espécies, reproduzir-se exageradamente e até mesmo provo- car doenças. Percebe-se, portanto, que essa ação pode provocar a destruição de algumas espécies, afetando diretamente o equilíbrio daquele ecossistema. Consequentemente, posterior a estes fatos, no Brasil, o desenvolvimento de atividades industriais gerou diversos problemas para a economia, com destaque para o encarecimento dos alimentos e o agravamento do problema de escassez de mão de obra. 35UNIDADE II Problemas Ambientais 1. PROBLEMAS AMBIENTAIS QUE AFETAM O PLANETA - INTRODUÇÃO DA RELAÇÃO DE DEPREDAÇÃO DO SER HUMANO SOBRE O MEIO AMBIENTE Se voltássemos na história, perceberíamos que o homem sempre estabeleceu uma relação de dominação com a natureza e, com o passar dos tempos, cada geração viveu em realidades sociais e culturais diferentes. No entanto, a descrição dos relatos de um passado distante pode favorecer o enriquecimento dos argumentos nas discussões e reflexões sobre a relação sociedade natureza no tempo e no espaço, buscando impedir a devastação de toda forma de vida no planeta. Por volta de 1966, o governo criou uma política de incentivos fiscais em nome do desenvolvimento econômico. Na época, os agricultores, para terem direito de receber o incentivo financeiro para plantar e adquirir equipamentos, necessitavam assumir o com- promisso de desmatar. O governo entendia que, para desenvolver, havia a necessidade do desmatamento no intuito de expandir atividades produtivas e maior obtenção de solo para a agropecuária, uso das árvores na indústria madeireira e a especulação imobiliária. Após anos de incentivos à produção e à ocupação de terras, os sinais de destruição ficam mais claros. Em 1978, a área desmatada chegou a 14 milhões de hectares, processo de desmatamento que trouxe prejuízos ambientais e socioeconômicos muito significativos, como: ● A ocorrência de desequilíbrios climáticos com a diminuição das chuvas devido à alteração das áreas de mata e do clima, causando grandes períodos de estiagem e redução 36UNIDADE II Problemas Ambientais da umidade relativa do ar, pois, com a remoção das folhagens, há uma queda da regulação da temperatura ambiental, deixando-a mais alta e instável; ● Perda de biodiversidade da fauna e flora nativas, podendo o equilíbrio ecológico tornar-se ameaçado; ● Degradação de mananciais pela remoção da proteção das nascentes, prejudi- cando a impermeabilização do solo em torno da água; ● O esgotamento dos solos com a intensificação de processos de erosão e desertificação. Além dos problemas anteriormente citados, para a sociedade, o desmatamento ainda traz diversos prejuízos, como o enfraquecimento do ecoturismo, a diminuição das possibilidades de pesquisas para a área de fármaco, a perda qualidade da água e o au- mento da resistência a doenças e pragas na agricultura que provém, muitas vezes, do cruzamento entre espécies nativas próximas. Segundo Castro (2005), a exploração de madeiras no Brasil foi responsável pelo desaparecimento de espécies de árvores e animais que perderam seu habitat. A pecuária, para Margulis (2003), constitui a principal atividade responsável pela maior parte do des- matamento. Nesse sentido, Castro (2007) complementa que uma das principais soluções a serem adotadas para a preservação do meio ambiente seria a implantação de políticas que visem o desenvolvimento sustentável, através do fortalecimento do comércio de carbono. O desmatamento, também chamado de desflorestamento, nas florestas brasileiras começou no instante da chegada dos portugueses ao nosso país, no ano de 1500. Interes- sados no lucro com a venda do pau-brasil na Europa, os portugueses iniciaram a explora-ção da Mata Atlântica. As caravelas portuguesas partiam do litoral brasileiro, carregadas de toras de pau-brasil para serem vendidas no mercado europeu. Enquanto a madeira era utilizada para a confecção de móveis e instrumentos musicais, a seiva avermelhada do pau-brasil era usada para tingir tecidos. Desde então, o desmatamento em nosso país foi uma constante. Depois da Mata Atlântica, foi a vez da Floresta Amazônica sofrer as consequências da derrubada ilegal de árvores. Em busca de madeiras de lei como o mogno, por exemplo, empresas madeireiras instalaram-se na região amazônica para fazer a exploração ilegal. Embora os casos da Floresta Amazônica e da Mata Atlântica sejam os mais problemáticos, o desmatamento ocorre nos quatro cantos do país. Além da derrubada predatória para fins econômicos, outras formas de atuação do ser humano têm provocado o desmatamento. A derrubada de matas tem ocorrido também 37UNIDADE II Problemas Ambientais nas chamadas frentes agrícolas. Para aumentar a quantidade de áreas para a agricultura, muitos fazendeiros derrubam quilômetros de árvores para o plantio. O crescimento das cidades sem que haja planejamento urbano adequado, por sua vez, pode ser causador de vários impactos ambientais. Um dos principais é a retirada de áreas verdes para a construção de prédios, residências, fábricas e outros tipos de construção. Com pouca área verde, aumenta-se muito a poluição atmosférica, além de ser um fator determinante no aumento de enchentes e alagamentos em períodos de grande quantidade de chuvas. O crescimento populacional e o desenvolvimento das indústrias demandam áreas amplas nas cidades e arredores. Áreas enormes de matas são derrubadas para a construção de condomínios residenciais e polos industriais. Rodovias também seguem neste sentido. Cruzando os quatro cantos do país, estes projetos rodoviários provocam a derrubada de grandes faixas de florestas. Outro problema sério, que provoca a destruição do verde, são as queimadas e incêndios florestais. Muitos deles ocorrem por motivos econômicos. Proibidos de queimar matas protegidas por lei, muitos fazendeiros provocam estes incêndios para ampliar as áreas para a criação de gado ou para o cultivo. Além disso, também ocorrem incêndios por pura irresponsabilidade de motoristas: bombeiros afirmam que muitos incêndios têm como causa inicial as pontas de cigarros jogadas nas beiradas das rodovias. GRÁFICO 1 - DESMATAMENTO DA AMAZÔNIA LEGAL (1988 - 2016) Fonte: INPE (2019). 38UNIDADE II Problemas Ambientais Segundo dados do relatório de organizações como Greenpeace (2017), o desmata- mento da floresta amazônica no Brasil é contínuo, mas o tamanho das áreas afetadas vive uma rotina de altos e baixos nas últimas duas décadas. A prática na região já teve crescimento de 29% (entre 2012 e 2013), bem como reduções de até 42% (entre 2008 e 2009). Segundo Luzzi, (2015), os principais problemas ambientais atuais são: poluição do ar por gases poluentes gerados, principalmente, pela queima de combustíveis fósseis (carvão mineral, gasolina e diesel) e indústrias; poluição de rios, lagos, mares e oceanos provocados por despejos de esgotos e lixo, acidentes ambientais (vazamento de petróleo), etc. Essa poluição leva à eutrofização, que pode ter causas naturais ou ser provocado por uma ação humana negativa nas águas (causas artificiais). Atualmente, tem se tornado um problema ambiental grave, derivado do aumento do descarte de lixo, esgoto e substâncias químicas, principalmente nas águas de lagos do Brasil próximos ou dentro de grandes cen- tros urbanos. Como consequência, a água perde sua transparência natural e, em muitos casos, ela adquire uma tonalidade esverdeada ou até azulada. A mudança de coloração é provocada, principalmente: ● pelo aumento de algas; ● pelo envelhecimento da água represada; ● pelo crescimento da quantidade de vegetais na água (principalmente plantas que vivem na superfície); ● pela redução do oxigênio na água. As mudanças ocorridas no processo de eutrofização podem prejudicar o equi- líbrio ecológico do ecossistema existente nas águas do local, provocando a morte de peixes e o aumento de outras formas de vida, como, por exemplo, algas. O aumento de cianobactérias (organismos tóxicos), por exemplo, compromete a qualidade da água destinada ao abastecimento público. Outro impacto da atualidade, segundo Luzzi (2015), é a poluição do solo provocada por contaminação (agrotóxicos, fertilizantes e produtos químicos) e o descarte incorreto de lixo. A Agropecuária tem causado impactos ambientais significativos no cerrado, no panta- nal e na floresta amazônica. Grandes áreas verdes têm sido desmatadas para a criação de gado e o plantio de soja. Estes problemas têm prejudicado os ecossistemas destas regiões, além da diminuição das áreas verdes que deveriam ser preservadas. Alguns climatologistas afirmam que o desmatamento na floresta amazônica pode ocasionar a diminuição das chuvas na região sudeste do Brasil, o aumento dos processos de desertificação e a erosão do solo. Exemplos de áreas que sofrem com estes problemas 39UNIDADE II Problemas Ambientais no Brasil são o Sul da Amazônia, o norte do Pantanal Mato-grossense e o norte do cerrado. Assim, há o esgotamento do solo (perda da fertilidade para a agricultura), provocado pelo uso incorreto, além de queimadas em matas e florestas como forma de ampliar áreas para pasto ou agricultura e o desmatamento com o corte ilegal de árvores para comercialização de madeira, causando a diminuição e extinção de espécies animais, provocadas pela caça predatória e destruição de ecossistemas. Não poderíamos deixar de relatar a falta de água para o consumo humano, causa- da pelo uso irracional (desperdício), contaminação e poluição dos recursos hídricos, além do aquecimento global, causado pela grande quantidade de emissão de gases do efeito estufa, entre outros. Segundo relatório de 2014 da Organização Mundial da Saúde - OMS, em 2012, cerca de Sete milhões de pessoas morreram no mundo por causa da poluição do ar. Percebe-se que esses problemas estão interligados, uma vez que todos contribuem para alteração do clima e, consequentemente, para o aquecimento global. O aquecimento global é o aumento da temperatura média do planeta devido à maior absorção da radiação infravermelha térmica na atmosfera. As consequências são desastrosas, como o degelo, fenômeno que derrete as camadas de gelo e aumenta o nível dos oceanos, ameaçando, assim, a existência das cidades costeiras. As espécies marinhas também são atingidas. A desertificação, alteração do regime de chuvas, tempestades, furacões, inunda- ções e a redução da biodiversidade são consequências desse problema, e, sem dúvidas, o aquecimento global é a maior ameaça à sobrevivência dos seres (PINOTTI, 2016). A mineração é uma outra atividade causadora de vários impactos ambientais no Bra- sil. O pequeno garimpo irregular pode provocar contaminação, principalmente por mercúrio, nas águas de rios, lagos e também no solo. As grandes empresas mineradoras também geram impactos ambientais significativos: além de removerem áreas verdes, costumam abrir grandes crateras no solo, provocando alterações na paisagem ambiental. Exemplos de áreas que sofrem com estes problemas no Brasil são: Pará (extração de bauxita, cobre, manganês, ouro e níquel), Minas Gerais (extração de ouro e manganês) e Goiás (extração de níquel e cobre). Outro problema é a destinação de resíduos dos mais variados processos produtivos e a escassez e falta de qualidade da água, que constitui um importante elemento para vida dos seres. Compreender que a destinação final adequada dos resíduos, segundo Ibrahin (2014), inclui a reciclagem, a reutilização, a compostagem, o aproveitamento energético ou 40UNIDADE II Problemas Ambientais destinações diferentes admitidas por órgãos competentes, de modo que a evitaros riscos à saúde pública e minimizar os possíveis impactos ambientais adversos. A problemática dos resíduos sólidos é um tanto complexa, pois envolve diversos atores de uma sociedade. Para programar ações de melhorias públicas, a população precisa estar consciente de todo o processo, pois somente assim teremos a colaboração de todos. Tal conscientização demanda tempo, pois envolve mudança comportamental e cultural das pessoas, o que é um processo lento. Para Barbieri (2011), a escassez é o esgotamento das reservas naturais de água. É majorada, principalmente, pelo aumento populacional e pela industrialização, a exemplo das faltas de água nas grandes metrópoles. No Brasil, este problema ocorre também por conta da distribuição natural, haja vista que a região amazônica possui maior parte dos ma- nanciais, aproximadamente 72%, a região Centro-Sul com 27% e o nordeste com apenas 1%, região que sofre com as constantes secas.] SAIBA MAIS Para Franco (2013), a biodiversidade refere-se à quantidade de variedade biológica animal e vegetal existente em um ecossistema e que, automaticamente, constitui a bios- fera. A biodiversidade se desenvolve a partir da inter-relação entre os seres vivos, seja animal ou vegetal, mais os elementos naturais indispensáveis ao desenvolvimento da vida, como sol, água e ar. Exemplos da ação do homem e suas consequências na biodiversidade do planeta: • Eliminação ou alteração do habitat pelo homem - é o principal fator da diminuição da biodiversidade. A retirada desordenada da camada de vegetação nativa para a constru- ção de casas ou para a atividade agropecuária altera o meio ambiente. Em média, 90% das espécies extintas acabaram em consequência da destruição de seu habitat; • Superexploração comercial - ameaça muitas espécies marinhas e alguns animais ter- restres; • Poluição das águas, solo e ar - estressam os ecossistemas e matam os organismos; • Introdução de espécies exóticas - ameaçam os locais por predação, competição ou alteração do habitat natural. Fonte: Franco (2013). 41UNIDADE II Problemas Ambientais REFLITA Hoje, no mundo todo, as crianças e os adolescentes representam 31% da população. Eles estão crescendo num mundo mais acelerado do que aquele vivido por quem hoje possui uma idade superior aos 70 anos, por exemplo. As informações chegam de forma global mais rapidamente e não se pode supor que eles não saibam dos perigos que corre o planeta Terra. Em ritmo igualmente acelerado, o desmatamento prossegue, co- locando em risco todas as chances que terão de transformar o mundo para melhor Fonte: ALBERTO (2016). 42UNIDADE II Problemas Ambientais 2. INDUSTRIALIZAÇÃO E SEUS EFEITOS No Brasil, somente no final do século XIX e começo do século XX é que grandes fazendeiros de São Paulo que enriqueceram com o café começaram a investir no setor industrial de forma significativa, havendo, desta forma, grande investimento no desenvolvi- mento industrial nas grandes cidades da região Sudeste. Além do capital interno investido pelos cafeicultores, houve a abertura da economia com incentivos fiscais para o capital internacional e muitas nações europeias investiram seu capital na produção agrícola, na urbanização e no extrativismo de riquezas naturais no Brasil. Diversas multinacionais, principalmente montadoras de veículos, construíram grandes fábricas em cidades como São Paulo, São Bernardo do Campo, Guarulhos, Santo André, Diadema, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. No século XX, o processo de industrialização e a mecanização da agricultura muitos trabalhadores rurais migraram para as cidades atraídos em busca de trabalho nas fábricas e melhores salários, e o resultado disso foi o êxodo rural do Nordeste para o Sudeste do país. Os migrantes nordestinos fugitivos da seca do Nordeste e do desemprego foram em busca de trabalho e melhores condições de vida nas grandes cidades do Sudeste (SILVA, 2013, p. 166). Com a industrialização, as cidades consolidaram ainda mais seu poder, concen- trando um número ainda maior de habitantes e fortalecendo o papel na condução da vida social das nações. Esse fato acabou por gerar certo conforto para os empresários, que tinham à sua disposição grande massa de trabalhadores ou mão de obra disponível a um preço irrisório, intensificando a exploração humana por parte dos detentores emergentes dos novos meios de produção. 43UNIDADE II Problemas Ambientais Vale ressaltar que, agregado à Revolução Industrial, ocorreu também uma Revolução Agrícola. A utilização de novos métodos agrícolas, rotação de safras, sementes selecionadas e o surgimento de novos equipamentos agrícolas produziram um extraordinário aumento na produção de alimentos. Grandes proprietários rurais passaram a investir na tecnologia de produção agrícola, fato que levou a agricultura ter como fonte principal do progresso técnico a mecanização e o desenvolvimento de produtos químicos e biológicos, optando pela mono- cultura, ou seja, uma área de cultivo muito grande com uma mesma espécie. Outro fato relacionado à migração interna ou ao êxodo rural ocorreu com a cons- trução de Brasília, no final da década de 1950. Muitos migrantes do Norte e Nordeste do país foram em busca de empregos na região central do país, principalmente na construção civil. As cidades satélites de Brasília cresceram desordenadamente, causando problemas sociais que persistem até os dias de hoje. Com o advento da Revolução Industrial, tornou-se possível adaptar à máquina a ferra- menta antes empunhada pelo homem. A máquina pode, agora, executar trabalhos anteriormen- te executados de forma manual. A habilidade manual deixa de ser necessária; o trabalhador hábil, especializado e criativo nos padrões anteriores deixa de ter importância. A atividade do operário passa a ser a de vigiar e acompanhar as operações executadas pela máquina. O processo estendeu-se com força durante as décadas de 70 e 80. Entretanto, como as cidades não ofereciam infraestrutura adequada aos migrantes, eles passam a residir em habitações sem boas condições como favelas e cortiços. Além disso, como os empregos não eram suficientes para todos e, como agravan- te, a grande maioria dos imigrantes não possuía qualificação necessária para o trabalho especificado, muitos deles partiam para o mercado de trabalho informal e outros acabavam incorporando à grande massa dos mendigos. Outro problema causado pela Revolução Industrial e, consequentemente, pelo do êxodo rural foi o agrupamento de pessoas na mesma área (urbana), aumentando a violên- cia, principalmente nos bairros de periferia. Além disso, como são bairros carentes, sem hospitais e escolas, as populações destes locais acabaram sofrendo com o atendimento destes serviços. Escolas com excesso de alunos por sala de aula e hospitais superlotados foram e são as consequências deste fato. Os municípios rurais também acabam sendo afetados pelo êxodo rural. Com a diminuição da população local, reduz-se a arrecadação de impostos, a produção agrícola decresce e muitos municípios acabam entrando em crise. Há casos de municípios que deixam de existir quando todos os habitantes deixam a região. Desta forma, a disponibilidade de pessoas nas áreas rurais vem diminuindo cons- tantemente nos últimos anos, chegando a taxas de urbanização de até 94% em alguns 44UNIDADE II Problemas Ambientais estados da região sul e sudeste do Brasil, de acordo com dados do IBGE, ou seja, de cada 100 habitantes, apenas seis ainda vivem em áreas rurais nestas regiões. Além disso, a distância entre o campo e as cidades vem se encurtando e o acesso às tecnologias tem se tornado a cada dia mais evidente. De acordo Antunes (2002), em 2050, 60% da população mundial residirá nas cida- des, realidade muito diferente da década de 50, quando para cada dois moradores da zona rural existia aproximadamente um morador das cidades, conforme demonstra o gráfico abaixo.
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