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E-BOOK PACOTE ANTICRIME PARTE I - NOVO

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PACOTE ANTICRIME 
E-BOOK 
 
PARTE I 
CÓDIGO PENAL 
E 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
 
 
 
 
AUTOR: FELIPE VIEITES NOVAES 
Site: www.felipenovaes.com.br 
Instagram: @professorfelipenovaes 
 
Pacote Anticrime – Lei 13964/2019 – alterações no Código Penal e no Código de 
Processo Penal comentadas pelo professor Felipe Vieites Novaes. 
AUTOR: FELIPE VIEITES NOVAES 
Site: www.felipenovaes.com.br 
 
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Parte 1 – Modificações introduzidas no Código Penal: 
 
1- Previsão específica de legítima defesa em caso de reféns: 
 
Comparação dos Dispositivos: 
 
 
Dispositivo atual: Novo Dispositivo: 
Legítima defesa 
 Art. 25 - Entende-se em legítima defesa 
quem, usando moderadamente dos meios 
necessários, repele injusta agressão, atual ou 
iminente, a direito seu ou de outrem.(Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
“Art. 25. .. 
........................................................................ 
Parágrafo único. Observados os requisitos 
previstos no caput deste artigo, considera-se 
também em legítima defesa o agente de segurança 
pública que repele agressão ou risco de agressão a 
vítima mantida refém durante a prática de crimes.” 
(NR) 
 
 
 
Comentários: o novo texto especifica situação de legítima defesa nos casos de crimes com 
reféns, quando há agressão atual ou iminente (risco de) contra a vítimas na condição de reféns. 
O novo dispositivo faz menção aos requisitos do caput, que continuam sendo o uso de meios 
necessários e a moderação na legítima defesa, a necessidade de agressão injusta (ilícita), apenas 
especificando o tipo de agressão. Portanto não houve ampliação da incidência da legítima 
defesa, apenas a ratificação da excludente nesta hipótese, uma vez que se refere aos requisitos 
do caput, que continuam sendo os mesmos. 
 
 
2 - execução da pena de multa no juízo de execução penal. 
 
Comparação dos Dispositivos: 
 
Dispositivo atual: Novo Dispositivo: 
 Art. 51 - Transitada em julgado a 
sentença condenatória, a multa será 
considerada dívida de valor, aplicando-
se-lhes as normas da legislação relativa 
à dívida ativa da Fazenda Pública, 
inclusive no que concerne às causas 
interruptivas e suspensivas da 
prescrição. 
 
“Art. 51. Transitada em julgado a sentença 
condenatória, a multa será executada perante o juiz 
da execução penal e será considerada dívida de 
valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da 
Fazenda Pública, inclusive no que concerne às 
causas interruptivas e suspensivas da prescrição. 
Pacote Anticrime – Lei 13964/2019 – alterações no Código Penal e no Código de 
Processo Penal comentadas pelo professor Felipe Vieites Novaes. 
AUTOR: FELIPE VIEITES NOVAES 
Site: www.felipenovaes.com.br 
 
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........................................................................
......................... (NR) 
 
 
Comentários: desde a Constituição de 1988, que proibiu a prisão por dívida, surgiu o 
entendimento de que a pena de multa não podia mais ser convertida em prisão, passando a ser 
executado como outras dívidas. Em 1996 a Lei 9268/96 alterou o art. 51 do CP, passando a 
prever a execução das penas de multa como dívida de valor, com base na legislação fiscal. A 
partir dessa alteração passou a prevalecer a posição doutrinária de que a competência para a 
execução era do Juízo de Fazenda Pública e não juízo da execução penal, bem como a atribuição 
para promover a execução é da Procuradoria da Fazenda e não do MP, entendimento 
consolidado na Súmula 521 do STJ. Recentemente, O STF, se manifestou em sentido contrário 
devolvendo a competência para o juízo de execução penal e a atribuição para o Ministério 
Público, mas afirmou que a Procuradoria da Fazenda poderia subsidiariamente, quando inerte 
o Ministério Público em atuação na execução penal, promover a execução no Juízo de Fazenda 
Pública. O novo texto legal segue a orientação do Supremo Tribunal Federal, obviamente a 
atribuição para a execução volta para o Ministério Público e a competência do Juízo da Execução 
penal. Como se trata de competência agora fixada expressamente em lei, a possibilidade 
subsidiária fixada na decisão do STF não pode mais ser aplicada. Trata-se de regra processual 
penal, regida pelo princípio da aplicação imediata, devendo ser aplicada aos processos em curso 
com o declínio da competência e envio dos autos para a vara de execução penal. 
 
 
 
3- limite máximo de execução de pena privativa de liberdade passa para 40 anos. 
 
Comparação dos Dispositivos: 
 
 
Dispositivo atual: Novo Dispositivo: 
 Art. 75 - O tempo de cumprimento das 
penas privativas de liberdade não pode 
ser superior a 30 (trinta) anos. 
 § 1º - Quando o agente for condenado 
a penas privativas de liberdade cuja soma 
seja superior a 30 (trinta) anos, devem 
elas ser unificadas para atender ao limite 
máximo deste artigo. 
 § 2º - Sobrevindo condenação por 
fato posterior ao início do cumprimento 
da pena, far-se-á nova unificação, 
desprezando-se, para esse fim, o período 
de pena já cumprido. 
“Art. 75. O tempo de cumprimento das 
penas privativas de liberdade não pode ser 
superior a 40 (quarenta) anos. 
§ 1º Quando o agente for condenado a 
penas privativas de liberdade cuja soma seja 
superior a 40 (quarenta) anos, devem elas ser 
unificadas para atender ao limite máximo deste 
artigo. 
....................................................... 
....................... (NR) 
Pacote Anticrime – Lei 13964/2019 – alterações no Código Penal e no Código de 
Processo Penal comentadas pelo professor Felipe Vieites Novaes. 
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Comentários: altera o limite máximo de execução da pena privativa de liberdade de 30 anos 
para 40 anos, a mesma alteração é feita no §1º. O §2º foi mantido, prevendo a nova unificação 
com desprezo do tempo já cumprido nos casos de crimes praticados após a unificação inicial. 
Aumenta, assim, o tempo que alguém pode ficar encarcerado, o que a longo prazo pode agravar 
o problema de superlotação carcerária. Trata-se de novatio legis in pejus, portanto irretroativa, 
somente aplicável aos crimes praticados a partir da entra em vigor da lei. 
 
 
4 - detalhamento dos requisitos subjetivos do livramento condicional. 
 
Comparação dos Dispositivos: 
 
 
Dispositivo atual: Novo Dispositivo: 
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento 
condicional ao condenado a pena privativa de 
liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde 
que: 
 I - cumprida mais de um terço da pena se o 
condenado não for reincidente em crime doloso 
e tiver bons antecedentes; 
 II - cumprida mais da metade se o 
condenado for reincidente em crime doloso; 
 III - comprovado comportamento 
satisfatório durante a execução da pena, bom 
desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e 
aptidão para prover à própria subsistência 
mediante trabalho honesto; 
 IV - tenha reparado, salvo efetiva 
impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela 
infração; 
 V - cumpridos mais de dois terços da pena, 
nos casos de condenação por crime hediondo, 
prática de tortura, tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas 
e terrorismo, se o apenado não for reincidente 
específico em crimes dessa natureza. 
 Parágrafo único - Para o condenado por 
crime doloso, cometido com violência ou grave 
ameaça à pessoa, a concessão do livramento 
ficará também subordinada à constatação de 
condições pessoais que façam presumir que o 
liberado não voltará a delinquir. 
“Art. 83. . 
...........................................................
....... 
 
III - comprovado: 
 
a) bom comportamento durante a 
execução da pena; 
 
b) não cometimento de falta grave 
nos últimos 12 (doze) meses; 
 
c) bom desempenho no trabalho que 
lhe foi atribuído; e 
 
d) aptidão para prover a própria 
subsistência mediante trabalho 
honesto; 
 
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Comentários: o art. 83, III, anterior a mudança, exigia que o agente comprovasse 
comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom desempenho no trabalho que 
lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto, para 
fins de obtenção do livramento condicional. A redação do inciso III, foi alterada com a finalidade 
de incluir uma restrição a concessão do livramento para aqueles que tenham cometido de falta 
grave nos últimos 12 (doze) meses. Não se trata de causa interruptiva do prazo para o 
livramento, mas sim de um requisito para deferi-lo, o prazo continua contando normalmente, 
sendo mantido o entendimento trazido pela Súmula 441 do STJ. 
 
 
5- mudança na forma de bens obtidos ilicitamente como consequência da condenação. 
 
Comparação dos Dispositivos: 
 
 
Dispositivo atual: Novo Dispositivo: 
 
 
OBS: NÃO HAVIA O ART. 91-A 
Art. 91-A. Na hipótese de condenação por 
infrações às quais a lei comine pena máxima 
superior a 6 (seis) anos de reclusão, poderá ser 
decretada a perda, como produto ou proveito do 
crime, dos bens correspondentes à diferença 
entre o valor do patrimônio do condenado e 
aquele que seja compatível com o seu rendimento 
lícito. 
§ 1º Para efeito da perda prevista 
no caput deste artigo, entende-se por patrimônio 
do condenado todos os bens: 
I - de sua titularidade, ou em relação aos 
quais ele tenha o domínio e o benefício direto ou 
indireto, na data da infração penal ou recebidos 
posteriormente; e 
II - transferidos a terceiros a título gratuito 
ou mediante contraprestação irrisória, a partir do 
início da atividade criminal. 
§ 2º O condenado poderá demonstrar a 
inexistência da incompatibilidade ou a 
procedência lícita do patrimônio. 
§ 3º A perda prevista neste artigo deverá 
ser requerida expressamente pelo Ministério 
Público, por ocasião do oferecimento da 
denúncia, com indicação da diferença apurada. 
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§ 4º Na sentença condenatória, o juiz deve 
declarar o valor da diferença apurada e especificar 
os bens cuja perda for decretada. 
§ 5º Os instrumentos utilizados para a 
prática de crimes por organizações criminosas e 
milícias deverão ser declarados perdidos em favor 
da União ou do Estado, dependendo da Justiça 
onde tramita a ação penal, ainda que não ponham 
em perigo a segurança das pessoas, a moral ou a 
ordem pública, nem ofereçam sério risco de ser 
utilizados para o cometimento de novos crimes.” 
 
 
 
Comentários: 
 
O art. 91, do CP, ao prever consequências extrapenais da condenação, já previa a perda em favor 
da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé: 
 a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, 
porte ou detenção constitua fato ilícito; 
 b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo 
agente com a prática do fato criminoso. 
 
O novo dispositivo prevê a possibilidade de decretar perda de bens do condenado, por crimes a 
que a lei comine pena máxima superior a 6 (seis) anos de reclusão, quando demonstrada a 
incompatibilidade entre o patrimônio real e os rendimentos comprovados por ele. A perda 
prevista neste artigo deverá ser requerida expressamente pelo Ministério Público, por ocasião 
do oferecimento da denúncia, com indicação da diferença apurada. O condenado poderá 
demonstrar a inexistência da incompatibilidade ou a procedência lícita do patrimônio, o que 
representa uma detestável inversão do ônus da prova, incompatível com a lógica acusatória 
constitucional. 
 
 
6 - novas causas suspensivas da prescrição. 
 
Comparação dos Dispositivos: 
 
 
Dispositivo atual: Novo Dispositivo: 
 Causas impeditivas da prescrição 
 Art. 116 - Antes de passar em 
julgado a sentença final, a prescrição 
não corre: 
 I - enquanto não resolvida, em 
outro processo, questão de que 
Art. 116. .. 
................................................................... 
..................... 
.................................................... 
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dependa o reconhecimento da 
existência do crime; 
 II - enquanto o agente cumpre 
pena no estrangeiro. 
 Parágrafo único - Depois de 
passada em julgado a sentença 
condenatória, a prescrição não corre 
durante o tempo em que o condenado 
está preso por outro motivo. 
 
II - enquanto o agente cumpre pena no exterior; 
III - na pendência de embargos de declaração ou 
de recursos aos Tribunais Superiores, quando 
inadmissíveis; e 
IV - enquanto não cumprido ou não rescindido o 
acordo de não persecução penal. 
..................................... 
.......................................” (NR) 
 
 
Comentários: 
 
A grande quantidade de recursos para os tribunais superiores e a prescrição são 
consideradas como duas das principais causas de impunidade, tanto pela mídia em geral, quanto 
por alguns juristas, nesse sentido o pacote anticrime, amplia as causas suspensivas da prescrição 
para tentar evitar a extinção da punibilidade em determinadas situações, as novas causas 
suspensivas são: enquanto o agente cumpre pena no exterior; na pendência de embargos de 
declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores, quando inadmissíveis; e enquanto não 
cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal. 
O destaque é a suspensão da prescrição na pendência de embargos de declaração ou de 
recursos aos Tribunais Superiores, quando inadmissíveis, ou seja, se ao final for decidido que o 
recurso ou embargo não era cabível, que deveria ter sido inadmitido, todo o tempo que levou 
para ser julgado, será descontado do prazo prescricional. 
 
 
 
7 - volta do aumento de pena no roubo com arma branca. 
 
Comparação dos Dispositivos: 
 
 
Dispositivo atual: Novo Dispositivo: 
Roubo 
 Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si 
ou para outrem, mediante grave ameaça ou 
violência a pessoa, ou depois de havê-la, por 
qualquer meio, reduzido à impossibilidade de 
resistência: 
 Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
Art. 157. 
................................................................................
........ 
 
................................................................................
........................ 
 
 
 
 
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 § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo 
depois de subtraída a coisa, emprega violência 
contra pessoa ou grave ameaça, a fim de 
assegurar a impunidade do crime ou a detenção 
da coisa para si ou para terceiro. 
 § 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até 
metade: 
 I – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 
13.654, de 2018) 
 II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; 
 III - se a vítima está em serviço de transporte 
de valores e o agente conhece tal circunstância. 
 IV - se a subtração for de veículo automotor 
que venha a ser transportado para outro Estado 
ou para o exterior; 
 V - se o agente mantém a vítima em seu poder, 
restringindo sua liberdade. 
 VI – se a subtração for de substâncias 
explosivas ou de acessórios que, conjunta ou 
isoladamente, possibilitem sua fabricação, 
montagem ou emprego. 
§ 2º-A A penaaumenta-se de 2/3 (dois 
terços): (Incluído pela Lei nº 13.654, de 
2018) 
 I – se a violência ou ameaça é exercida com 
emprego de arma de fogo; (Incluído pela 
Lei nº 13.654, de 2018) 
 II – se há destruição ou rompimento de 
obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de 
artefato análogo que cause perigo 
comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 
2018) 
 § 3º Se da violência 
resulta: (Redação dada pela Lei nº 
13.654, de 2018) 
 I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão 
de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e 
 
 
 
 
 
 
 
§ 2º. 
................................................................................
........ 
 
................................................................................
......................... 
 
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com 
emprego de arma branca; 
 
 
 
 
 
................................................................................
. 
 
 
 
 
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida 
com emprego de arma de fogo de uso restrito ou 
proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no 
caput deste artigo. 
 
....................................................................
........................ ”(NR) 
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multa; (Incluído pela Lei nº 13.654, de 
2018) 
 II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) 
a 30 (trinta) anos, e multa. 
 
 
Comentários: 
 
O art. 157, §2º, I, previa como causa de aumento de pena do crime de roubo o emprego de arma 
como meio de realizar a grave ameaça e a violência, determinando o aumento de 1/3 até a ½ da 
pena. A palavra arma era entendida de forma ampla como qualquer objeto que tivesse poder 
lesivo real, incluindo armas de fogo, armas brancas e armas impróprias (objetos que não são 
armas, mas tem poder lesivo). Com a alteração realizada pela lei 13.654, de 2018 tal dispositivo 
foi revogado, sendo criado o §2º - A, inciso I, que passou a prever uma causa de aumento de 
pena mais severa, no patamar de 2/3, para quando o roubo fosse praticado com arma de fogo, 
nada dispondo sobre a arma branca e sobre a arma imprópria, que deixaram de aumentar a 
pena do crime, representando modificação benéfica que retroagiu para todos os casos 
anteriores a citada lei. 
 
O pacote anticrime altera mais uma vez esse contexto, primeiro reintroduzindo o aumento de 
pena da arma branca, no art. 157, §2º, VII, nos patamares de 1/3 a ½, o que acarreta novatio 
legis in pejus, irretroativa. Segundo, inclui o §2º B, prevendo uma causa de aumento de pena 
ainda maior para os casos de uso de arma de fogo de uso restrito ou proibido, quando o 
aumento passa a ser de dobro da pena. 
 
Assim, temos resumidamente a seguinte situação: 
 
- arma branca volta a aumentar a pena em 1/3 a 1/2, a partir do dia 23/01/2020 com a entrada 
em vigor do pacote, não pode retroagir. 
 
- arma de fogo de uso permitido aumenta a pena de 1/3 a 1/2 para os crimes praticados até a 
lei 13.654, de 2018; depois passa a aumentar a pena em 2/3. 
 
- arma de fogo de uso restrito ou proibido, aumentava a pena entre 1/3 e 1/2 até a lei 13.654, 
de 2018, quando passou a aumentar em 2/3 até a entra em vigor do pacote anticrime, que 
elevou o aumento para o dobro. 
 
Quanto a arma imprópria, objetos que tem poder lesivo, mas não possuem natureza de arma, 
como facas de cozinha, tacos de baseball, garrafas de vidro, entre outros, não há previsão do 
aumento de pena, desde a lei 13.654, de 2018, devendo retroagir em benefícios de todos. 
 
 
 
8 - ação penal condicionada a representação no estelionato. 
 
Comparação dos Dispositivos: 
 
 
Dispositivo atual: Novo Dispositivo: 
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Estelionato 
 Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem 
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo 
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer 
outro meio fraudulento: 
 Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa 
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o 
prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto 
no art. 155, § 2º. 
 § 2º - Nas mesmas penas incorre quem: 
 Disposição de coisa alheia como própria 
 I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação 
ou em garantia coisa alheia como própria; 
 Alienação ou oneração fraudulenta de coisa 
própria 
 II - vende, permuta, dá em pagamento ou em 
garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou 
litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, 
mediante pagamento em prestações, silenciando sobre 
qualquer dessas circunstâncias; 
 Defraudação de penhor 
 III - defrauda, mediante alienação não consentida 
pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, 
quando tem a posse do objeto empenhado; 
 Fraude na entrega de coisa 
 IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade 
de coisa que deve entregar a alguém; 
 Fraude para recebimento de indenização ou valor 
de seguro 
 V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa 
própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as 
conseqüências da lesão ou doença, com o intuito de 
haver indenização ou valor de seguro; 
 Fraude no pagamento por meio de cheque 
Art. 171. 
......................................................
................................ 
 
...................................................
...................................................
.. 
 
§ 5º Somente se procede 
mediante representação, salvo 
se a vítima for: 
 
I - a Administração Pública, 
direta ou indireta; 
 
II - criança ou adolescente; 
 
III - pessoa com deficiência 
mental; ou 
 
IV - maior de 70 (setenta) anos 
de idade ou incapaz.” (NR) 
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 VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos 
em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento. 
 § 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é 
cometido em detrimento de entidade de direito público 
ou de instituto de economia popular, assistência social 
ou beneficência. 
Estelionato contra idoso 
§ 4o Aplica-se a pena em dobro se o crime for 
cometido contra idoso. 
 
Comentários: 
 
O crime de estelionato sempre foi crime de ação penal pública incondicionada, como são, em 
regra, os crimes patrimoniais. O pacote anticrime passa a exigir representação da vítima nos 
casos de estelionato, transformando a ação penal em pública condicionada a representação 
do ofendido, com exceção das hipóteses previstas nos incisos do §5º, incluído pela lei, quando 
a vítima for: a Administração Pública, direta ou indireta; criança ou adolescente; pessoa com 
deficiência mental; ou maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. Nestas situações a ação 
penal continuará sendo incondicionada. 
 
O ponto relevante é discutir se a necessidade de representação atinge os crimes anteriores, 
seguindo a regra de retroatividade benéfica do direto penal, ou segue as regras de direito 
processual penal no tempo, sendo aplicada apenas a partir de agora. Entendo que a resposta 
pode ser obtida relembrando o que aconteceu com os crimes de lesão corporal leve e de lesão 
corporal culposa quando da entrada em vigor da lei 9099/95, que no art. 88 previu a 
necessidade de representação para a ação penal desses crimes, até então incondicionada. O 
legislador criou, na época, uma norma de transição,no art. 91 da referida lei, determinando 
que nos inquéritos ou processos em curso, onde não havia representação da vítima, ela fosse 
intimada para representar no prazo de 1 mês, sob pena de decadência. A mesma solução deve 
ser adotada no caso do estelionato, aplicando-se por analogia o art. 91 da lei 9099/95. 
 
É possível fazer um crítica ao novo comando legislativo, nas hipóteses de grandes 
estelionatários que praticam crimes contra centenas de pessoas, por meios tecnológicos, 
quando muitas vezes as investigações policiais apontam o autor dos crimes e o modo como 
age, mas nenhuma vítima é identificada ou procura a autoridade policial, nessas hipóteses 
não será mais possível promover a persecução penal. 
 
 
 
9 - aumento da pena da concussão. 
 
Comparação dos Dispositivos: 
 
 
Dispositivo atual: Novo Dispositivo: 
Concussão Art. 316. 
......................................................................................... 
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 Art. 316 - Exigir, para si ou 
para outrem, direta ou 
indiretamente, ainda que fora 
da função ou antes de assumi-la, 
mas em razão dela, vantagem 
indevida: 
 Pena - reclusão, de dois a 
oito anos, e multa. 
 
 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.” (NR) 
 
Comentários: 
 
O crime de concussão, art. 316 do CP, é evidentemente mais grave do que o crime de corrupção 
passiva, art. 317, do CP, uma vez que a conduta exigir denota uma espécie de coação por parte 
do autor do crime, enquanto no crime de corrupção o agente apenas solicita, recebe ou aceita 
a promessa, condutas com um grau de reprovabilidade menor, por não terem em seu bojo uma 
coação. Ainda assim, uma modificação legislativa realizada em 2003, alterou a pena da 
corrupção passiva que passou a ser mais alta do que a pena da concussão, demonstrando falta 
de proporcionalidade entre os crimes. O pacote anticrime aumenta a pena do crime de 
concussão, com a finalidade de reestabelecer o equilíbrio entre as duas infrações penais. 
Obviamente, trata-se de novatio legis in pejus, que não pode retroagir a fatos anteriores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Parte 2 – Modificações introduzidas no Código de Processo Penal: 
 
 
1 - criação do “juiz de garantias” sem atribuições de investigação, mas com competência de 
controle de legalidade da atividade de investigação. 
 
Comparação dos Dispositivos: 
 
 
Dispositivo atual: Novo Dispositivo: 
NÃO HAVIA 
DISPOSITVO 
ANTERIOR. 
Juiz das Garantias 
‘Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a 
iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação 
probatória do órgão de acusação.’ 
‘Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo controle da 
legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos 
individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do 
Poder Judiciário, competindo-lhe especialmente: 
I - receber a comunicação imediata da prisão, nos termos do inciso 
LXII do caput do art. 5º da Constituição Federal; 
II - receber o auto da prisão em flagrante para o controle da 
legalidade da prisão, observado o disposto no art. 310 deste Código; 
III - zelar pela observância dos direitos do preso, podendo 
determinar que este seja conduzido à sua presença, a qualquer tempo; 
IV - ser informado sobre a instauração de qualquer investigação 
criminal; 
V - decidir sobre o requerimento de prisão provisória ou outra 
medida cautelar, observado o disposto no § 1º deste artigo; 
VI - prorrogar a prisão provisória ou outra medida cautelar, bem 
como substituí-las ou revogá-las, assegurado, no primeiro caso, o 
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14 
exercício do contraditório em audiência pública e oral, na forma do 
disposto neste Código ou em legislação especial pertinente; 
VII - decidir sobre o requerimento de produção antecipada de 
provas consideradas urgentes e não repetíveis, assegurados o 
contraditório e a ampla defesa em audiência pública e oral; 
VIII - prorrogar o prazo de duração do inquérito, estando o 
investigado preso, em vista das razões apresentadas pela autoridade 
policial e observado o disposto no § 2º deste artigo; 
IX - determinar o trancamento do inquérito policial quando não 
houver fundamento razoável para sua instauração ou prosseguimento; 
X - requisitar documentos, laudos e informações ao delegado de 
polícia sobre o andamento da investigação; 
XI - decidir sobre os requerimentos de: 
a) interceptação telefônica, do fluxo de comunicações em 
sistemas de informática e telemática ou de outras formas de 
comunicação; 
b) afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados e telefônico; 
c) busca e apreensão domiciliar; 
d) acesso a informações sigilosas; 
e) outros meios de obtenção da prova que restrinjam direitos 
fundamentais do investigado; 
XII - julgar o habeas corpus impetrado antes do oferecimento da 
denúncia; 
XIII - determinar a instauração de incidente de insanidade mental; 
XIV - decidir sobre o recebimento da denúncia ou queixa, nos 
termos do art. 399 deste Código; 
XV - assegurar prontamente, quando se fizer necessário, o direito 
outorgado ao investigado e ao seu defensor de acesso a todos os 
elementos informativos e provas produzidos no âmbito da investigação 
criminal, salvo no que concerne, estritamente, às diligências em 
andamento; 
XVI - deferir pedido de admissão de assistente técnico para 
acompanhar a produção da perícia; 
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15 
XVII - decidir sobre a homologação de acordo de não persecução 
penal ou os de colaboração premiada, quando formalizados durante a 
investigação; 
XVIII - outras matérias inerentes às atribuições definidas 
no caput deste artigo. 
§ 1º (VETADO). 
§ 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, 
mediante representação da autoridade policial e ouvido o Ministério 
Público, prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito por até 15 
(quinze) dias, após o que, se ainda assim a investigação não for 
concluída, a prisão será imediatamente relaxada.’ 
‘Art. 3º-C. A competência do juiz das garantias abrange todas as 
infrações penais, exceto as de menor potencial ofensivo, e cessa com o 
recebimento da denúncia ou queixa na forma do art. 399 deste Código. 
§ 1º Recebida a denúncia ou queixa, as questões pendentes serão 
decididas pelo juiz da instrução e julgamento. 
§ 2º As decisões proferidas pelo juiz das garantias não vinculam o 
juiz da instrução e julgamento, que, após o recebimento da denúncia ou 
queixa, deverá reexaminar a necessidade das medidas cautelares em 
curso, no prazo máximo de 10 (dez) dias. 
§ 3º Os autos que compõem as matérias de competência do juiz 
das garantias ficarão acautelados na secretaria desse juízo, à disposição 
do Ministério Público e da defesa, e não serão apensados aos autos do 
processo enviados ao juiz da instrução e julgamento, ressalvados os 
documentos relativos às provas irrepetíveis, medidas de obtenção de 
provas ou de antecipação de provas, que deverão ser remetidos para 
apensamento em apartado. 
§ 4º Fica assegurado às partes o amplo acesso aos autos 
acautelados na secretaria do juízo das garantias.’ 
‘Art. 3º-D. O juiz que, na fasede investigação, praticar qualquer 
ato incluído nas competências dos arts. 4º e 5º deste Código ficará 
impedido de funcionar no processo. 
Parágrafo único. Nas comarcas em que funcionar apenas um juiz, 
os tribunais criarão um sistema de rodízio de magistrados, a fim de 
atender às disposições deste Capítulo.’ 
‘Art. 3º-E. O juiz das garantias será designado conforme as normas 
de organização judiciária da União, dos Estados e do Distrito Federal, 
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16 
observando critérios objetivos a serem periodicamente divulgados pelo 
respectivo tribunal.’ 
‘Art. 3º-F. O juiz das garantias deverá assegurar o cumprimento 
das regras para o tratamento dos presos, impedindo o acordo ou ajuste 
de qualquer autoridade com órgãos da imprensa para explorar a imagem 
da pessoa submetida à prisão, sob pena de responsabilidade civil, 
administrativa e penal. 
Parágrafo único. Por meio de regulamento, as autoridades 
deverão disciplinar, em 180 (cento e oitenta) dias, o modo pelo qual as 
informações sobre a realização da prisão e a identidade do preso serão, 
de modo padronizado e respeitada a programação normativa aludida 
no caput deste artigo, transmitidas à imprensa, assegurados a 
efetividade da persecução penal, o direito à informação e a dignidade da 
pessoa submetida à prisão.’” 
 
 
Comentários: 
 
O art. 3º - A, caput, introduzido no CPP, é bastante claro no desenho do processo penal que se 
pretende, quando dispõe que o processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa 
do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação. 
Assim, ratifica a opção por um processo penal acusatório, com juiz imparcial e equidistante das 
partes, com acesso apenas aos elementos probatórios que lhes forem ofertados pela acusação 
e pela defesa, sem iniciativa probatória. 
 
Por outro lado, também é função do juiz, no processo penal, preservar as garantias 
constitucionais e os direitos daquele que está sendo investigado ou processado criminalmente, 
assim muitos dos mecanismos de investigação dependem do deferimento judicial. Fazendo com 
que o juiz tenha contato com a investigação policial e com a acusação, antes mesmo do 
oferecimento da denúncia, ainda na fase pré-processual. 
 
Com o objetivo de preservar o juiz que julgará o processo penal, o pacote anticrime introduziu 
a figura do juiz de garantias, que será responsável pelo controle da legalidade da investigação 
criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à 
autorização prévia do Poder Judiciário, conforme dispõe o art. 3º B que fixa as decisões de sua 
competência. A competência do juiz das garantias abrange todas as infrações penais, exceto as 
de menor potencial ofensivo, e cessa com o recebimento da denúncia ou queixa na forma do 
art. 399 deste Código. 
 
Assim, do início das investigações até o recebimento da denúncia o juiz de garantias terá 
competência para julgar tudo o que exigir autorização judicial e depois remeterá os autos a 
distribuição para o juiz que irá julgar o processo, até então preservado do contato com os 
elementos da investigação policial. 
 
O juiz do processo inicia seu contato com os elementos probatórios apenas no momento 
processual, onde já há ampla defesa e contraditório, com a presença da defesa técnica. O que 
torna o sistema acusatório, caracterizado pela divisão das funções: acusar, defender e julgar, 
ainda mais claro e transparente. 
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17 
 
O STF, em liminar concedida pelo Ministro Luiz Fux em ação direta de inconstitucionalidade, 
suspendeu os dispositivos referentes ao juiz de garantias até o julgamento final das ações, o que 
ainda não tem previsão para acontecer. 
 
 
 
 
 
 
2 - defesa técnica nos procedimentos que apuram mortes na atividade policial. 
 
 
Comparação dos Dispositivos: 
 
 
Dispositivo 
atual: 
Novo Dispositivo: 
NÃO HAVIA 
ANTERIOR Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às instituições 
dispostas no art. 144 da Constituição Federal figurarem como investigados 
em inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e demais 
procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de fatos 
relacionados ao uso da força letal praticados no exercício profissional, de 
forma consumada ou tentada, incluindo as situações dispostas no art. 23 
do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o 
indiciado poderá constituir defensor. 
§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado 
deverá ser citado da instauração do procedimento investigatório, 
podendo constituir defensor no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a 
contar do recebimento da citação. 
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência 
de nomeação de defensor pelo investigado, a autoridade responsável pela 
investigação deverá intimar a instituição a que estava vinculado o 
investigado à época da ocorrência dos fatos, para que essa, no prazo de 
48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para a representação do 
investigado. 
§ 3º (VETADO). 
§ 4º (VETADO). 
§ 5º (VETADO). 
§ 6º As disposições constantes deste artigo se aplicam aos 
servidores militares vinculados às instituições dispostas no art. 142 da 
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18 
Constituição Federal, desde que os fatos investigados digam respeito a 
missões para a Garantia da Lei e da Ordem.” 
 
 
Comentários: 
 
O inquérito policial, bem como outros tipos de investigação pré-processual, tem caráter 
inquisitorial, não sendo obrigatória a participação da defesa técnica, que pode ter acesso a todos 
os elementos investigados, após a realização das investigações, mas não tem uma participação 
maior nessa etapa. O pacote anticrime, no art. 14-A, introduzido no CPP, inovou nesse aspecto 
dispondo que nos casos em que servidores vinculados às instituições dispostas no art. 144 da 
Constituição Federal, que são as polícias, figurarem como investigados em inquéritos policiais, 
inquéritos policiais militares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a 
investigação de fatos relacionados ao uso da força letal, ou seja, que tenha causado a morte de 
alguém, praticados no exercício profissional, de forma consumada ou tentada, incluindo as 
situações dispostas no art. 23 do Código Penal, que consistem nas excludentes de ilicitude, entre 
elas a legítima defesa, o indiciado poderá constituir defensor. O §2º do art. 14-A dispõe que 
esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência de nomeação de defensor pelo 
investigado, a autoridade responsável pela investigação deverá intimar a instituição a que 
estava vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos, para que essa, no prazo de 48 
(quarenta e oito) horas, indique defensor para a representação do investigado, deixando claro 
que a presença da defesa técnica é obrigatória e poderá acarretar nulidades, caso não seja 
observada. 
 
 
3 - exclusão do juiz como controle do arquivamento da investigação criminal, passando a ser 
direto no âmbito do MP, mas com a possibilidade de recurso administrativo da vítima. 
 
Comparação dos Dispositivos: 
 
 
Dispositivo atual: Novo Dispositivo: 
 
Art. 28. Se o órgão do 
Ministério Público, ao invés de 
apresentar a denúncia, requerer o 
arquivamento do inquérito 
policial ou de quaisquer peças de 
informação, o juiz, no caso de 
considerar improcedentes as 
razões invocadas, fará remessa doinquérito ou peças de informação 
ao procurador-geral, e este 
oferecerá a denúncia, designará 
outro órgão do Ministério Público 
para oferecê-la, ou insistirá no 
pedido de arquivamento, ao qual 
Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito 
policial ou de quaisquer elementos informativos da 
mesma natureza, o órgão do Ministério Público 
comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade 
policial e encaminhará os autos para a instância de 
revisão ministerial para fins de homologação, na forma 
da lei. 
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não 
concordar com o arquivamento do inquérito policial, 
poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da 
comunicação, submeter a matéria à revisão da instância 
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19 
só então estará o juiz obrigado a 
atender. 
 
 
competente do órgão ministerial, conforme dispuser a 
respectiva lei orgânica. 
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados 
em detrimento da União, Estados e Municípios, a revisão 
do arquivamento do inquérito policial poderá ser 
provocada pela chefia do órgão a quem couber a sua 
representação judicial.” (NR) 
 
Comentários: 
 
 
Comentários: 
 
O art. 28 do CPP, original, previa que se o órgão do Ministério Público, ao invés de 
apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de 
informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do 
inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará 
outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao 
qual só então estará o juiz obrigado a atender. Assim, havia um controle judicial do princípio da 
obrigatoriedade da ação penal pública incondicionada, embora a decisão final permanecesse no 
âmbito do Ministério Público, com a decisão final pelo Procurador Geral de Justiça. 
O Pacote anticrime altera o art. 28 do CPP para retirar esse controle exercido pelo juiz, 
que não atua mais nos casos de arquivamento, o novo dispositivo prevê que ordenado o 
arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da mesma 
natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade 
policial e encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação, 
na forma da lei. 
A decisão de arquivamento passa a ser de natureza administrativa, no âmbito do MP, sem 
a participação do juiz, tornando o procedimento mais lógico, uma vez que a palavra final era 
mesmo do parquet. 
Por outro lado, encerra qualquer possibilidade de que a decisão de arquivamento produza 
coisa julgada material no caso concreto, como acontecia com a homologação judicial de 
arquivamentos baseados, por exemplo, na extinção da punibilidade pela prescrição. 
Tal dispositivo está suspenso pelo STF, em liminar concedida em ações direta de 
inconstitucionalidade, até o julgamento do mérito. 
 
 
4 - criação do acordo de não persecução penal, entre o MP e o autor do fato, para crimes não 
violentos com pena até 4 anos. 
 
Comparação dos Dispositivos: 
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20 
 
 
Dispositivo atual: Novo Dispositivo: 
Não havia na 
legislação 
anterior. 
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado 
confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem 
violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, 
o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, 
desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do 
crime, mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa e 
alternativamente: 
I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na 
impossibilidade de fazê-lo; 
II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo 
Ministério Público como instrumentos, produto ou proveito do crime; 
III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por 
período correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída 
de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, na 
forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 
(Código Penal); 
IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 
45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a 
entidade pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da 
execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens 
jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; 
ou 
V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo 
Ministério Público, desde que proporcional e compatível com a infração 
penal imputada. 
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se 
refere o caput deste artigo, serão consideradas as causas de aumento e 
diminuição aplicáveis ao caso concreto. 
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes 
hipóteses: 
I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados 
Especiais Criminais, nos termos da lei; 
II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos 
probatórios que indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou 
profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas; 
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21 
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao 
cometimento da infração, em acordo de não persecução penal, 
transação penal ou suspensão condicional do processo; e 
IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou 
familiar, ou praticados contra a mulher por razões da condição de sexo 
feminino, em favor do agressor. 
§ 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por 
escrito e será firmado pelo membro do Ministério Público, pelo 
investigado e por seu defensor. 
§ 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será 
realizada audiência na qual o juiz deverá verificar a sua voluntariedade, 
por meio da oitiva do investigado na presença do seu defensor, e sua 
legalidade. 
§ 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as 
condições dispostas no acordo de não persecução penal, devolverá os 
autos ao Ministério Público para que seja reformulada a proposta de 
acordo, com concordância do investigado e seu defensor. 
§ 6º Homologado judicialmente o acordo de não persecução 
penal, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para que inicie sua 
execução perante o juízo de execução penal. 
§ 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não 
atender aos requisitos legais ou quando não for realizada a adequação a 
que se refere o § 5º deste artigo. 
§ 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao 
Ministério Público para a análise da necessidade de complementação 
das investigações ou o oferecimento da denúncia. 
§ 9º A vítima será intimada da homologação do acordo de não 
persecução penal e de seu descumprimento. 
§ 10. Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no 
acordo de não persecução penal, o Ministério Público deverá comunicar 
ao juízo, para fins de sua rescisão e posterior oferecimento de denúncia. 
§ 11. O descumprimento do acordo de não persecução penal pelo 
investigado também poderá ser utilizado pelo Ministério Público como 
justificativa para o eventual não oferecimento de suspensão condicional 
do processo. 
§ 12. A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução 
penal não constarão de certidão deantecedentes criminais, exceto para 
os fins previstos no inciso III do § 2º deste artigo. 
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22 
§ 13. Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, 
o juízo competente decretará a extinção de punibilidade. 
§ 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em 
propor o acordo de não persecução penal, o investigado poderá requerer 
a remessa dos autos a órgão superior, na forma do art. 28 deste Código.” 
 
 
Comentários: 
 
O pacote introduz no sistema processual brasileiro uma espécie de plea bargain possibilitando 
um acordo entre o Ministério Público e o autor do crime, denominado acordo de não persecução 
penal, evitando que o agente seja processado pelo crime e ao final condenado. 
 
O acordo será proposto quando, não sendo caso de arquivamento, o investigado confessou 
formal e circunstancialmente o crime, que não tenha violência ou grave ameaça e com pena 
mínima cominada inferior a 4 (quatro) anos. Cabendo ao MP fazer uma análise quanto ao acordo 
ser necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime. Aqui é necessário notar que 
todos os crimes contra a administração pública se enquadram na hipótese de acordo. 
 
A lei dispõe que a realização do acordo não se aplica nas seguintes hipóteses: 
 
- se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos termos da 
lei, pois nessa hipótese deve ser realizada a transação e não o acordo de não persecução penal. 
 
 - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta 
criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais 
pretéritas, o legislador levou em conta elementos subjetivos para impedir que o acordo 
beneficie criminosos habituais. Mas há uma notável violação do princípio da presunção de 
inocência, fora dos casos de reincidência. 
 
- ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração, em 
acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo; 
 
- e nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a 
mulher por razões da condição de sexo feminino. A lei Maria da Penha impede a transação penal 
e a suspensão condicional do processo, previstas na lei 9099/95, o legislador seguiu o mesmo 
caminho e impediu o acordo de não persecução penal nos casos envolvendo violência doméstica 
ou familiar contra a mulher. 
 
 
 
5 – alienação de coisas apreendidas: 
 
 
Comparação dos Dispositivos: 
 
 
Dispositivo atual: Novo Dispositivo: 
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23 
Art. 122. Sem prejuízo do disposto nos arts. 
120 e 133, decorrido o prazo de 90 dias, após 
transitar em julgado a sentença 
condenatória, o juiz decretará, se for caso, a 
perda, em favor da União, das coisas 
apreendidas (art. 74, II, a e b do Código Penal) 
e ordenará que sejam vendidas em leilão 
público. 
 
“Art. 122. Sem prejuízo do disposto no 
art. 120, as coisas apreendidas serão 
alienadas nos termos do disposto no art. 133 
deste Código. 
Parágrafo único. (Revogado).” (NR) 
 
 
 
Comentário: 
Houve apenas uma adequação da redação do dispositivo que prevê que, sem prejuízo das 
eventuais restituições previstas no art. 120, deve ser realizada a alienação dos bens apreendidos 
na forma do art. 133, ou seja, após o transito me julgado da condenação deverá ser feita a 
avaliação dos bens e o leilão público deles. 
 
 
 
Dispositivo atual: Novo Dispositivo: 
Não havia equivalente anterior 
“Art. 124-A. Na hipótese de decretação 
de perdimento de obras de arte ou de outros 
bens de relevante valor cultural ou artístico, 
se o crime não tiver vítima determinada, 
poderá haver destinação dos bens a museus 
públicos.” 
 
 
 
Comentários: 
 
Dispositivo novo com a finalidade de destinar obras de arte e outros bens de valor cultural ou 
artístico a instituições destinadas a conservação deste tipo de bem, como os museus públicos. 
 
 
Comparação dos Dispositivos: 
 
 
Dispositivo atual: Novo Dispositivo: 
 
Art. 133. Transitada 
em julgado a sentença 
condenatória, o juiz, de 
ofício ou a requerimento do 
interessado, determinará a 
Art. 133. Transitada em julgado a sentença 
condenatória, o juiz, de ofício ou a requerimento do 
interessado ou do Ministério Público, determinará a avaliação 
e a venda dos bens em leilão público cujo perdimento tenha 
sido decretado. 
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24 
avaliação e a venda dos 
bens em leilão público. 
Parágrafo único. Do 
dinheiro apurado, será 
recolhido ao Tesouro 
Nacional o que não couber 
ao lesado ou a terceiro de 
boa-fé. 
 
§ 1º Do dinheiro apurado, será recolhido aos cofres 
públicos o que não couber ao lesado ou a terceiro de boa-fé. 
§ 2º O valor apurado deverá ser recolhido ao Fundo 
Penitenciário Nacional, exceto se houver previsão diversa em 
lei especial.” (NR) 
“Art. 133-A. O juiz poderá autorizar, constatado o 
interesse público, a utilização de bem sequestrado, apreendido 
ou sujeito a qualquer medida assecuratória pelos órgãos de 
segurança pública previstos no art. 144 da Constituição 
Federal, do sistema prisional, do sistema socioeducativo, da 
Força Nacional de Segurança Pública e do Instituto Geral de 
Perícia, para o desempenho de suas atividades. 
§ 1º O órgão de segurança pública participante das ações 
de investigação ou repressão da infração penal que ensejou a 
constrição do bem terá prioridade na sua utilização. 
§ 2º Fora das hipóteses anteriores, demonstrado o 
interesse público, o juiz poderá autorizar o uso do bem pelos 
demais órgãos públicos. 
§ 3º Se o bem a que se refere o caput deste artigo for 
veículo, embarcação ou aeronave, o juiz ordenará à autoridade 
de trânsito ou ao órgão de registro e controle a expedição de 
certificado provisório de registro e licenciamento em favor do 
órgão público beneficiário, o qual estará isento do pagamento 
de multas, encargos e tributos anteriores à disponibilização do 
bem para a sua utilização, que deverão ser cobrados de seu 
responsável. 
§ 4º Transitada em julgado a sentença penal 
condenatória com a decretação de perdimento dos bens, 
ressalvado o direito do lesado ou terceiro de boa-fé, o juiz 
poderá determinar a transferência definitiva da propriedade 
ao órgão público beneficiário ao qual foi custodiado o bem.” 
 
 
Comentários: 
 
As alterações no art. 133 referem-se a inclusão do Ministério Público como parte legitima para 
requerer a alienação dos bens. Enquanto no §2º prevê a destinação dos valores arrecadados 
para o fundo penitenciário nacional, ressalvadas regras legais especificas. 
 
O art. 133-A, sem correlação com dispositivos anteriores, prevê a possibilidade de o juiz 
autorizar, constatado o interesse público, a utilização de bem sequestrado, apreendido ou 
sujeito a qualquer medida assecuratória pelos órgãos de segurança pública previstos no art. 144 
da Constituição Federal, do sistema prisional, do sistema socioeducativo, da Força Nacional de 
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25 
Segurança Pública e do Instituto Geral de Perícia, para o desempenho de suas atividades. 
Utilizando as apreensões como forma de equipar os órgãos envolvidos no combate ao crime e 
na persecução penal.6 – Provas ilícitas: 
 
Comparação dos Dispositivos: 
 
 
Dispositivo atual: Novo 
Dispositivo: 
Art. 157. São inadmissíveis, devendo 
ser desentranhadas do processo, as provas 
ilícitas, assim entendidas as obtidas em 
violação a normas constitucionais ou 
legais. (Redação dada pela Lei nº 
11.690, de 2008) 
§ 1o São também inadmissíveis as 
provas derivadas das ilícitas, salvo quando 
não evidenciado o nexo de causalidade 
entre umas e outras, ou quando as 
derivadas puderem ser obtidas por uma 
fonte independente das 
primeiras. (Incluído pela Lei nº 
11.690, de 2008) 
§ 2o Considera-se fonte 
independente aquela que por si só, 
seguindo os trâmites típicos e de praxe, 
próprios da investigação ou instrução 
criminal, seria capaz de conduzir ao fato 
objeto da prova. (Incluído pela Lei 
nº 11.690, de 2008) 
§ 3o Preclusa a decisão de 
desentranhamento da prova declarada 
inadmissível, esta será inutilizada por 
Art. 157. 
 ....................................................... 
 
...................................................................... 
 
§ 5º O juiz que conhecer do conteúdo da prova 
declarada inadmissível não poderá proferir a 
sentença ou acórdão.” (NR) 
 
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26 
decisão judicial, facultado às partes 
acompanhar o 
incidente. (Incluído pela Lei nº 
11.690, de 2008) 
§ 4o (VETADO) (Incluído 
pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 
Comentários: 
 
A inclusão do §5º no art. 157 do CPP talvez seja uma das mais relevantes alterações introduzidas 
pelo pacote anticrime, o paragrafo dispõe que o juiz que conhecer do conteúdo da prova 
declarada inadmissível não poderá proferir a sentença ou acórdão, ou seja, o magistrado que 
teve contato com uma prova ilícita não poderá julgar o caso concreto. 
 
Tal regra vem preservar a legitimidade da decisão judicial, que deve ser tomada com base 
naquilo que é admitido dentro do processo e não com outros elementos ou informações. Parte 
da ideia de que é arriscado que o juiz que teve contato com a prova ilícita, conheceu seu 
conteúdo, seja influenciado por ela no ato decisório, mesmo havendo descartado sua utilização. 
 
O dispositivo está suspenso por liminar concedida em Ação Direta de Inconstitucionalidade 
junto ao STF. 
 
 
7- criação da cadeia de custódia na prova pericial. 
 
Comparação dos Dispositivos: 
 
 
Dispositiv
o atual: 
Novo Dispositivo: 
Não há 
dispositivo 
anterior. 
CAPÍTULO II 
DO EXAME DE CORPO DE DELITO, DA CADEIA DE 
CUSTÓDIA E DAS PERÍCIAS EM GERAL’ 
.....................................................................................................................
. 
‘Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os 
procedimentos utilizados para manter e documentar a história cronológica do 
vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e 
manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte. 
§ 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local de 
crime ou com procedimentos policiais ou periciais nos quais seja detectada a 
existência de vestígio. 
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27 
§ 2º O agente público que reconhecer um elemento como de potencial 
interesse para a produção da prova pericial fica responsável por sua 
preservação. 
§ 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, 
constatado ou recolhido, que se relaciona à infração penal.’ 
‘Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio 
nas seguintes etapas: 
I - reconhecimento: ato de distinguir um elemento como de potencial 
interesse para a produção da prova pericial; 
II - isolamento: ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo 
isolar e preservar o ambiente imediato, mediato e relacionado aos vestígios e 
local de crime; 
III - fixação: descrição detalhada do vestígio conforme se encontra no 
local de crime ou no corpo de delito, e a sua posição na área de exames, 
podendo ser ilustrada por fotografias, filmagens ou croqui, sendo indispensável 
a sua descrição no laudo pericial produzido pelo perito responsável pelo 
atendimento; 
IV - coleta: ato de recolher o vestígio que será submetido à análise 
pericial, respeitando suas características e natureza; 
V - acondicionamento: procedimento por meio do qual cada vestígio 
coletado é embalado de forma individualizada, de acordo com suas 
características físicas, químicas e biológicas, para posterior análise, com 
anotação da data, hora e nome de quem realizou a coleta e o 
acondicionamento; 
VI - transporte: ato de transferir o vestígio de um local para o outro, 
utilizando as condições adequadas (embalagens, veículos, temperatura, entre 
outras), de modo a garantir a manutenção de suas características originais, bem 
como o controle de sua posse; 
VII - recebimento: ato formal de transferência da posse do vestígio, que 
deve ser documentado com, no mínimo, informações referentes ao número de 
procedimento e unidade de polícia judiciária relacionada, local de origem, nome 
de quem transportou o vestígio, código de rastreamento, natureza do exame, 
tipo do vestígio, protocolo, assinatura e identificação de quem o recebeu; 
VIII - processamento: exame pericial em si, manipulação do vestígio de 
acordo com a metodologia adequada às suas características biológicas, físicas e 
químicas, a fim de se obter o resultado desejado, que deverá ser formalizado 
em laudo produzido por perito; 
IX - armazenamento: procedimento referente à guarda, em condições 
adequadas, do material a ser processado, guardado para realização de 
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28 
contraperícia, descartado ou transportado, com vinculação ao número do laudo 
correspondente; 
X - descarte: procedimento referente à liberação do vestígio, respeitando 
a legislação vigente e, quando pertinente, mediante autorização judicial.’ 
‘Art. 158-C. A coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente 
por perito oficial, que dará o encaminhamento necessário para a central de 
custódia, mesmo quando for necessária a realização de exames 
complementares. 
§ 1º Todos vestígios coletados no decurso do inquérito ou processo 
devem ser tratados como descrito nesta Lei, ficando órgão central de perícia 
oficial de natureza criminal responsável por detalhar a forma do seu 
cumprimento. 
§ 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de 
quaisquer vestígios de locais de crime antes da liberação por parte do perito 
responsável, sendo tipificada como fraude processual a sua realização.’ 
‘Art. 158-D. O recipiente para acondicionamento do vestígio será 
determinado pela natureza do material. 
§ 1º Todos os recipientes deverão ser selados com lacres, com numeração 
individualizada, de forma a garantir a inviolabilidade e a idoneidade do vestígio 
durante o transporte. 
§ 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio, preservar suas 
características, impedir contaminação e vazamento, ter grau de resistência 
adequado e espaço para registro de informações sobre seu conteúdo. 
§ 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai proceder à 
análise e, motivadamente, por pessoa autorizada. 
§ 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer constar na ficha de 
acompanhamento de vestígio o nome e a matrícula do responsável, a data, o 
local, a finalidade, bem como as informações referentes ao novo lacre utilizado. 
§ 5ºO lacre rompido deverá ser acondicionado no interior do novo 
recipiente.’ 
‘Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central 
de custódia destinada à guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve ser 
vinculada diretamente ao órgão central de perícia oficial de natureza criminal. 
§ 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, com 
local para conferência, recepção, devolução de materiais e documentos, 
possibilitando a seleção, a classificação e a distribuição de materiais, devendo 
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29 
ser um espaço seguro e apresentar condições ambientais que não interfiram nas 
características do vestígio. 
§ 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio deverão ser 
protocoladas, consignando-se informações sobre a ocorrência no inquérito que 
a eles se relacionam. 
§ 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado 
deverão ser identificadas e deverão ser registradas a data e a hora do acesso. 
§ 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, todas as ações 
deverão ser registradas, consignando-se a identificação do responsável pela 
tramitação, a destinação, a data e horário da ação.’ 
‘Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material deverá ser devolvido 
à central de custódia, devendo nela permanecer. 
Parágrafo único. Caso a central de custódia não possua espaço ou 
condições de armazenar determinado material, deverá a autoridade policial ou 
judiciária determinar as condições de depósito do referido material em local 
diverso, mediante requerimento do diretor do órgão central de perícia oficial de 
natureza criminal.’ 
 
 
Comentários: 
Não há dúvida de que a prova pericial é a mais forte de todas as provas, pessoas mentem, podem 
se confundir, tem memória limitada e depõem de acordo com suas experienciais. Documentos 
podem ser adulterados, falsificados ou perdidos. Mas a prova pericial, baseada em evidencias 
técnicas e cientificas, muitas vezes é determinante para esclarecer a verdade de determinado 
crime. Exatamente por essa razão, que o art. 158 do CPP exige o exame de corpo de delito nos 
crimes não transeuntes, aqueles que deixam vestígios da prática. 
O pacote anticrime introduziu no Código de Processo Penal uma valiosa inovação no que tange 
a prova pericial, com o intuito de preservá-la da melhor forma, a chamada cadeia de custódia 
da prova, que consiste no conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e 
documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para 
rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte. 
 
8 – medidas cautelares e prisão: 
 
Comparação dos Dispositivos: 
 
 
Dispositivo atual: Novo Dispositivo: 
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Art. 282. As medidas cautelares 
previstas neste Título deverão ser 
aplicadas observando-se 
a: (Redação dada pela Lei nº 
12.403, de 2011). 
I - necessidade para aplicação da 
lei penal, para a investigação ou a 
instrução criminal e, nos casos 
expressamente previstos, para evitar a 
prática de infrações 
penais; (Incluído pela Lei nº 
12.403, de 2011). 
II - adequação da medida à 
gravidade do crime, circunstâncias do 
fato e condições pessoais do indiciado 
ou acusado. (Incluído pela Lei nº 
12.403, de 2011). 
§ 1o As medidas cautelares 
poderão ser aplicadas isolada ou 
cumulativamente. (Incluído pela 
Lei nº 12.403, de 2011). 
§ 2o As medidas cautelares serão 
decretadas pelo juiz, de ofício ou a 
requerimento das partes ou, quando no 
curso da investigação criminal, por 
representação da autoridade policial ou 
mediante requerimento do Ministério 
Público. (Incluído pela Lei nº 
12.403, de 2011). 
§ 3o Ressalvados os casos de 
urgência ou de perigo de ineficácia da 
medida, o juiz, ao receber o pedido de 
medida cautelar, determinará a 
intimação da parte contrária, 
acompanhada de cópia do requerimento 
e das peças necessárias, permanecendo 
os autos em juízo. (Incluído pela 
Lei nº 12.403, de 2011). 
§ 4o No caso de descumprimento 
de qualquer das obrigações impostas, o 
juiz, de ofício ou mediante requerimento 
do Ministério Público, de seu assistente 
ou do querelante, poderá substituir a 
medida, impor outra em cumulação, ou, 
em último caso, decretar a prisão 
Art. 282. 
................................................................................
................. 
.....................................................................
............................................. 
 
 
 
 
 
 
 
 
§ 2º As medidas cautelares serão 
decretadas pelo juiz a requerimento das partes 
ou, quando no curso da investigação criminal, por 
representação da autoridade policial ou mediante 
requerimento do Ministério Público. 
§ 3º Ressalvados os casos de urgência ou de 
perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber 
o pedido de medida cautelar, determinará a 
intimação da parte contrária, para se manifestar 
no prazo de 5 (cinco) dias, acompanhada de cópia 
do requerimento e das peças necessárias, 
permanecendo os autos em juízo, e os casos de 
urgência ou de perigo deverão ser justificados e 
fundamentados em decisão que contenha 
elementos do caso concreto que justifiquem essa 
medida excepcional. 
§ 4º No caso de descumprimento de 
qualquer das obrigações impostas, o juiz, 
mediante requerimento do Ministério Público, de 
seu assistente ou do querelante, poderá substituir 
a medida, impor outra em cumulação, ou, em 
último caso, decretar a prisão preventiva, nos 
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31 
preventiva (art. 312, parágrafo 
único). (Incluído pela Lei nº 12.403, 
de 2011). 
§ 5o O juiz poderá revogar a 
medida cautelar ou substituí-la quando 
verificar a falta de motivo para que 
subsista, bem como voltar a decretá-la, 
se sobrevierem razões que a 
justifiquem. (Incluído pela Lei nº 
12.403, de 2011). 
§ 6o A prisão preventiva será 
determinada quando não for cabível a 
sua substituição por outra medida 
cautelar (art. 319). (Incluído 
pela Lei nº 12.403, de 2011). 
 
termos do parágrafo único do art. 312 deste 
Código. 
§ 5º O juiz poderá, de ofício ou a pedido das 
partes, revogar a medida cautelar ou substituí-la 
quando verificar a falta de motivo para que 
subsista, bem como voltar a decretá-la, se 
sobrevierem razões que a justifiquem. 
§ 6º A prisão preventiva somente será 
determinada quando não for cabível a sua 
substituição por outra medida cautelar, 
observado o art. 319 deste Código, e o não 
cabimento da substituição por outra medida 
cautelar deverá ser justificado de forma 
fundamentada nos elementos presentes do caso 
concreto, de forma individualizada.” (NR) 
 
 
 
Comentários: 
 
As modificações introduzidas no art. 282 são no sentido de afastar qualquer possibilidade do 
juiz decretar medidas cautelares de ofício, sendo sempre necessário o requerimento das partes 
ou da autoridade policial. Isso preserva a imparcialidade do juiz, mantendo inerte e equidistante 
das partes. 
 
Por outro lado, as alterações também vem no sentido de que a decretação de medidas 
cautelares sem ouvir a defesa, bem como a decisão de decretar a prisão cautelar e não substituí-
la por outra medidas cautelares, devem ser sempre fundamentadas nos elementos presentes 
do caso concreto, de forma individualizada, justificando as medidas de caráter excepcional.9 – alterações na prisão cautelar: 
 
 
Comparação dos Dispositivos: 
 
 
Dispositivo atual: Novo Dispositivo: 
Art. 283. Ninguém poderá ser preso 
senão em flagrante delito ou por ordem 
escrita e fundamentada da autoridade 
judiciária competente, em decorrência de 
sentença condenatória transitada em 
julgado ou, no curso da investigação ou do 
processo, em virtude de prisão temporária 
ou prisão preventiva. (Redação dada 
pela Lei nº 12.403, de 2011). (Vide ADC 
“Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em 
flagrante delito ou por ordem escrita e 
fundamentada da autoridade judiciária 
competente, em decorrência de prisão cautelar 
ou em virtude de condenação criminal transitada 
em julgado. 
Pacote Anticrime – Lei 13964/2019 – alterações no Código Penal e no Código de 
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32 
Nº 43) (Vide ADC Nº 44) (Vide ADC 
Nº 54) 
 
§ 1o As medidas cautelares 
previstas neste Título não se aplicam à 
infração a que não for isolada, cumulativa 
ou alternativamente cominada pena 
privativa de liberdade. (Incluído pela 
Lei nº 12.403, de 2011). 
§ 2o A prisão poderá ser efetuada 
em qualquer dia e a qualquer hora, 
respeitadas as restrições relativas à 
inviolabilidade do 
domicílio. (Incluído pela Lei nº 
12.403, de 2011). 
 
 
 
.............................................................................
........................... ”(NR) 
 
 
Comentários: 
 
Alteração no art. 282, caput, mantendo as possiblidades de prisão apenas em flagrante delito, 
nas hipóteses de prisão cautelar e na hipótese de condenação transitada em julgado. A 
modificação também retira a expressão no curso do inquérito ou do processo, no que tange a 
possibilidade de decretação de prisão cautelar. 
 
O mais importante nesse dispositivo foi manter a necessidade de trânsito em julgado da 
condenação para determinar a prisão do condenado. Assunto extremamente debatido nos 
últimos tempos, que culminou com a decisão do STF no sentido de que a execução provisória 
da pena, antes de transitar em julgado a condenação, viola a presunção de inocência contida na 
Constituição. O pacote vem no mesmo sentido e mantem a exigência da sentença definitiva para 
se decretar a prisão, salvo em casos de necessidade de prisão cautelar. 
 
 
Comparação dos Dispositivos: 
 
 
Dispositivo atual: Novo Dispositivo: 
Art. 287. Se a infração for inafiançável, a 
falta de exibição do mandado não obstará à 
prisão, e o preso, em tal caso, será 
imediatamente apresentado ao juiz que tiver 
expedido o mandado. 
 
“Art. 287. Se a infração for inafiançável, a 
falta de exibição do mandado não obstará a 
prisão, e o preso, em tal caso, será 
imediatamente apresentado ao juiz que tiver 
expedido o mandado, para a realização de 
audiência de custódia.” (NR) 
 
 
Comentários: 
 
Pacote Anticrime – Lei 13964/2019 – alterações no Código Penal e no Código de 
Processo Penal comentadas pelo professor Felipe Vieites Novaes. 
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33 
A alteração no art. 287 inclui a necessidade de realização de audiência de custódia no caso de 
prisão cautelar decretada pelo juiz e executada sem a exibição do mandado. Na verdade, 
precisamos entender que a audiência de custódia, diferente do que alguns entendem, não é 
necessária somente na prisão em flagrante, mas em qualquer hipótese de prisão cautelar. 
 
 
Comparação dos Dispositivos: 
 
 
Dispositivo atual: Novo Dispositivo: 
Art. 310. Ao receber o auto de 
prisão em flagrante, o juiz deverá 
fundamentadamente: (Redação 
dada pela Lei nº 12.403, de 2011). 
I - relaxar a prisão ilegal; 
ou (Incluído pela Lei nº 12.403, de 
2011). 
II - converter a prisão em flagrante 
em preventiva, quando presentes os 
requisitos constantes do art. 312 deste 
Código, e se revelarem inadequadas ou 
insuficientes as medidas cautelares 
diversas da prisão; ou (Incluído 
pela Lei nº 12.403, de 2011). 
III - conceder liberdade provisória, 
com ou sem fiança. (Incluído pela 
Lei nº 12.403, de 2011). 
Parágrafo único. Se o juiz verificar, 
pelo auto de prisão em flagrante, que o 
agente praticou o fato nas condições 
constantes dos incisos I a III do caput do 
art. 23 do Decreto-Lei no2.848, de 7 de 
dezembro de 1940 - Código Penal, 
poderá, fundamentadamente, conceder 
ao acusado liberdade provisória, 
mediante termo de comparecimento a 
todos os atos processuais, sob pena de 
revogação. (Redação dada pela 
Lei nº 12.403, de 2011). 
 
 
“Art. 310. Após receber o auto de prisão em 
flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e 
quatro) horas após a realização da prisão, o juiz 
deverá promover audiência de custódia com a 
presença do acusado, seu advogado constituído 
ou membro da Defensoria Pública e o membro do 
Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz 
deverá, fundamentadamente: 
.....................................................................
............................................ 
§ 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão 
em flagrante, que o agente praticou o fato em 
qualquer das condições constantes dos incisos I, II 
ou III do caput do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, 
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), poderá, 
fundamentadamente, conceder ao acusado 
liberdade provisória, mediante termo de 
comparecimento obrigatório a todos os atos 
processuais, sob pena de revogação. 
§ 2º Se o juiz verificar que o agente é 
reincidente ou que integra organização criminosa 
armada ou milícia, ou que porta arma de fogo de 
uso restrito, deverá denegar a liberdade 
provisória, com ou sem medidas cautelares. 
§ 3º A autoridade que deu causa, sem 
motivação idônea, à não realização da audiência 
de custódia no prazo estabelecido no caput deste 
artigo responderá administrativa, civil e 
penalmente pela omissão. 
§ 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas 
após o decurso do prazo estabelecido 
no caput deste artigo, a não realização de 
audiência de custódia sem motivação idônea 
ensejará também a ilegalidade da prisão, a ser 
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34 
relaxada pela autoridade competente, sem 
prejuízo da possibilidade de imediata decretação 
de prisão preventiva.” (NR) 
 
 
 
Comentários: 
 
O caput do art. 310 passa a prever expressamente a necessidade de realização da audiência de 
custódia, no caso de prisão em flagrante, quando da comunicação da prisão no prazo de 24 
horas. Na audiência o juiz decidirá se relaxa a prisão quando for ilegal; se converte a prisão em 
flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e 
se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou se 
concede liberdade provisória, com ou sem fiança. 
 
O §1º mantem a possibilidade de liberdade provisória quando o juiz verificar, pelo auto de prisão 
em flagrante, que o agente praticou o fato em qualquer das condições constantes dos incisos I, 
II ou III do caput do art. 23 do Código Penal, hipóteses de excludentes de ilicitude, mediante 
termo de comparecimento obrigatório a todos os atos processuais, sob pena de revogação. 
 
O novo §2º dispõe que se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra organização 
criminosa armada ou milícia, ou que porta arma de fogo de uso restrito, deverá denegar a 
liberdade provisória, com ou sem medidas cautelares. Acredito que o dispositivo viole o 
princípio da presunção de inocência, obrigando a manter preso o autor de crimes determinados, 
mesmo sem os requisitos da prisão cautelar, devendo ser considerado inconstitucional. 
Semelhante com o que aconteceu na lei de crimes hediondos que vedava a liberdade

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